Clínica Psicanalítica - Roberto (22-1

06/02/2017 T extos - V olume 12 da Imago O Método Psicanalítico de Freud T exto - Comunicação Preliminar "Os sintomas desaparecem de imediato e sem retorno, quando se conseguia despertar com clareza, a lembrança do acontecimento motivador . Avivando o afeto que o acompanha na descrição da esperança, o paciente colocava o afeto em palavras". Basicamente no início dos estudos na investigação dos sintomas da histeria, Freud percebeu que era possível conseguir isso, resgatar essas lembranças, colocar em palavras e ligar ao afeto, através de uma hipnose leve, ou de uma sugestão do médico. A psicanálise freudiana é fruto do método catártico - apresentado por Freud e Breuer . Ele foi um método utilizado por Breuer e também permitia de algum modo uma compreensão interna da origem dos sintomas externos. Este método originalmente, era utilizado em pacientes que eram acessíveis à hipnose (sugestionáveis). A hipnose produzia uma ampliação do campo da consciência, que consequentemente, possibilitava de algum modo, a remoção dos sintomas. O paciente era levado através da hipnose ao estado psíquico em que ocorreu a formação do sintoma. Isso trazia de vol ta lembranças, afetos, impulsos que levaram a formação do sintoma. Esses eventos que haviam sido excluídos da comunicação associativa e do campo da consciência, retornavam e faziam com que os sintomas desaparecessem. Esse método poderia ser refeito. Um problema é que o sintoma assumia o lugar dessas lembranças suprimidas que não alcançaram a consciência. Um sintoma não tem uma única causa. Não se produz por uma impressão traumática isolada, mas por uma série de impressões, que vão participar na criação desse sintoma. Não tem sentido então um esquema de causa e efeito único. Neste método, então esses sintomas desapareciam, tão logo a energia restabelecesse o curso normal, quando a lembrança voltaria a ser assumida pela consciência. O método catártico se utilizava da sugestão, mas não de uma forma proibitiva. Freud de algum modo renúncia a sugestão, mesmo ela não sendo de uma forma proibitiva. Renuncia também a hipnose. Pedia então a seus pacientes que se deitassem em um diva. Ele se sentava em uma cadeira, \ufb01cando fora do campo visual do paciente. Não tocava os de qualquer modo, nem solicitava que fechassem os olhos. Evitava qualquer atitude que lembrasse a hipnose. Ele precisaria então encontrar um substituto da hipnose. Aí entram as associações de seus pacientes, mas nos pensamentos involuntários, que na maioria das vezes são considerados perturbadores de uma corrente de pensamento, e que na maioria das vezes procuramos deixar de lado. Pensamentos que não dependem da vontade. Da vontade consciente. Freud diz que para que conseguisse esse tipo de ideia solicitava a ele para que se deixasse levar pelo que vai surgindo, sem objetivo \ufb01xo, mas que se estivesse falando ao acaso. Sem ser tomado de críticas ou de censuras. Os pacientes começavam por onde queiram começar . Ele deve falar tudo que lhe ocorre a mente, mesmo que ele ache que o que ele vai falar não tem nenhum sentido. Freud está propondo então, o método da associação livre . No curso dessas associações começam a surgir lacunas, com a ordem cronológica dos fatos confusas ou desconexões. Nenhum relato é livre disso. Essas lacunas, elas são oriundas do que Freud chama de uma resistência . A resistência é proveniente das próprias forças psíquicas que foram responsáveis pela repressão ou recalque. São as forças que se opõem à recuperação dessas lembranças. A resistência também é uma das pedras angulares da teoria psicanalítica. T odas as ideias que são afastadas do paciente então, são ideias que levariam ao material reprimido. São excluídas da comunicação associativa por serem como se derivadas do material reprimido. São então deformadas de algum modo pela resistência. O que temos então, é um método possível de chegar ao material reprimido dos pacientes, sem necessariamente fazer uso da hipnose. Freud também precisaria extrair o "metal puro" do minério dessas ideias não intencionais. E para isso se cria o método da interpretação . Esse método não é aplicado somente às ideias não intencionais, mas também aos sonhos, e isso a partir das associações do paciente. A hipnose não desfaz a resistência, mas se esquiva dela, não permitindo ao paciente a elaboração do con\ufb02ito, possibilitando uma cura transitória. A tarefa consiste em preencher as lacunas da memória, de modo que na medida que forem elucidados os produtos enigmáticos da vida mental, a patologia ou o sintoma desaparecem. Na medida em que todas as pessoas expressões forem dissolvidas, superando todas as resistências e tornando o inconsciente acessível a consciência, os sintomas também desapareceriam. Mas se deve ter em mente que uma condição ideal como essa, não se encontra nem mesmo em pessoas ditas normais. Então, o objetivo de um tratamento , uma análise, não pode ser mais que recuperar a capacidade do paciente de levar uma vida mais ativa e poder dela, desfrutar algum prazer . Freud diz que a psicanálise tem seus limites . Ela não é para todo mundo. T em indicações e contraindicações. De um modo geral, as neuroses é que são acessíveis à psicanálise. Porém, em casos em que o paciente corra risco de vida, devemos \ufb01car mais atentos. É necessário aguardar uma fase mais calma, em casos mais graves. É um tipo de tratamen to que exige um esforço do paciente. Nas psicoses também não é possível. Um psicótico não associa livremente. 13/02/2017 T exto - Sobre a Psicoterapia O método terapêutico que era apresentado aos colegas juntamente com o modo de compreender a histeria não estava tendo uma boa aceitação. T alvez por não ter uma base cientí\ufb01ca, como uma intervenção medicamentosa teria. Nesse sentido Freud vai tomar a defesa da psicoterapia: Não é um método moderno de tratamento. O interesse dos pacientes por esse tipo de tratamento também demonstra que eles não tem interesse em abandonar , justamente porque devem ter algum benefício com isso. As psiconeuroses são muito mais acessíveis por esse tipo de tratamento do que pelos medicamentos. Existem diferentes modos de se praticar a psicoterapia, e todos os que levam à recuperação do paciente são válidos. Até uma palavra de conforto que levamos ao paciente pode ser encarada como uma psicoterapia. Porém não podemos nos limitar em uma palavra de conforto, a partir do momento que temos uma compreensão interna do que acontece com as neuroses. De algum modo ao tomar a psicanálise como uma proposta de tratamento, foram por questões próprias, subjetivas. Em vista do envolvimento na criação da terapia, ele se vê frente a necessidade de nós apresentar um pouco melhor esse tipo de procedimento. Ele acredita que o método analítico, é o que possibilitaria penetrar mais profundamente na formação das neuroses, e o que poderia de algum modo contribuir para que ocorra mudança ou transformações mais permanentes ou mais extensas nos pacientes. E que de algum modo ela permitiria ir mais a fundo no que diz respeito a origem do sintoma. Ele próprio acreditava nos limites da psicanálise e na capacidade de abrir espaço para outras formas de tratamento. Quando ele coloca a questão de confundir a psicanálise com a hipnose, ele observa que alguns colegas que tinham pacientes que não respondiam muito bem ao tratamento, enviavam a Freud pedindo que ele os hipnotizasse, Freud os mandava de volta de dizia que quem acreditasse que praticasse por si mesmo. Freud referencia então a psicanálise com Leonardo da Vinci, onde a pintura se realiza acrescentando partículas de cor a uma tela. Então se aplica uma substância onde não existia nada. A escultura pelo contrário, vai retirando da pedra até algo se revelar . Assim como, quando algo se acrescenta na vida do paciente, ou quando algo se retira que se faz referência ao sintoma. A psicoterapia deve então deixar que algo se a\ufb02ore para que faça referência ao sintoma. A res istência é uma força verdadeira onde o paciente muitas vezes tem um apreço ao seu sofrimento, onde entender essa força é muito importante para que se consiga entender como sujeito lida com seus con\ufb02itos e se porta na vida cotidiana, sinalizando como nós também devemos agir . Com relação a psicanálise ser uma coisa fácil de fazer , poder ser aplicado de qualquer jeito. Ele já sabia que muitos falavam da psicanálise mas jamais haviam perguntado a ele como ela realmente era. As pessoas provavelmente tomassem que não havia nada a perguntar . Era só descobrir a origem da doença e os sintomas desapareciam. Como se isso fosse possível de aplicar sem ter um conhecimento. Além do que as vezes as pessoas tem uma expectativa ou uma ideia de que se o paciente confessar o que está por trás do mal que lhe a\ufb02ige está resolvido. A técnica da psicanálise não é confessional. Não adianta querer extrair a causa da neurose de alguém que desconhece. O paciente não sabe. Se ele soubesse ele não precisava procurar ajuda. E detalhe, existe um outro que sabe menos ainda, o analista. O padecimento neurótico do paciente é inconsciente. Não é possível, portanto, extrair um saber como se fosse proposital. A psicanálise não é um modo de terapia ideal. Ela tem algumas exigências: \u2022 T odo trabalho de investigação que ocorre durante o processo, não nos dá resultados rápidos. \u2022 V amos nos deparar com resistências no curso dessas investigações. \u2022 É um tratamento que também exige muito do paciente. Exige sinceridade, honestidade consigo mesmo, o sacrifício, disposição de tempo, além de ser bastante dispendiosa. A psicoterapia foi criada através e para esses pacientes inaptos para a existência. O êxito vem em tornar em um momento signi\ufb01cativo esses pacientes, aptos para a existência. Fazer com que a pessoa usufrua de algum modo o prazer da vida. Uma neurose é tão grave quanto qualquer outra doença. Não dá pra desquali\ufb01car o sofrimento mental. Quando se quer a rápida remoção de um sintoma, não se deve aplicar a psicanálise. Pacientes cm depressão grave, ou pessoas que correm risco de vida por exemplo. O paciente mais adequado é aquele que procura tratamento por si mesmo, pelo seu próprio sofrimento. E não aqueles que a família procura. Freud diz que se uma psicanálise for conduzida de acordo, di\ufb01cilmente provocaria algum dano. No que se fundamenta essa terapêutica. As ideias inconscientes é que são responsáveis pela formação dos sintomas. A inconsciência de processo s mentais. O inconsciente não se refere ao inconsciente da \ufb01loso\ufb01a. A terapêutica consiste em trazer esses processos me ntais inconscientes, acessíveis à consciência e desfazer a compulsão responsável pela neurose, tornando a pessoa mais apta para a realidade. Se isso vai acontecer , ser trazido para a consciência, isso vai ocorrer com uma certa resistência, pois isso vai trazer um desprazer . É uma reeducação no sentido de superar as resistências internas. O praticante da psicanálise também deve ter superado em si algumas resistências, tratando as questões sexuais com uma certa naturalidade. Provavelmente a partir dessa observação de que a sexualidade é responsável para a formação dos sintomas, alguém poderia tomar isso pelo viés que quisesse, pois as pessoas ouvem o que querem ouvir . T exto - Recomendações aos Médicos que Praticam a Psicanálise - V olume 10 ou 12 A - A primeira indagação que ele faz é como reter na memória datas, números, de vários pacientes e não misturar dados de um com o outro. B- Ele diz que o procedimento não é \ufb01car tomando nota durante a sessão mas de não querer notar nada em especial na fala do paciente, é oferecer a tudo o que se ouve a mesma atenção \ufb02utuante. Assim evitamos o cansaço, a fadiga, de escutar várias pessoas por dia. De algum modo, muitas vezes o que ouvimos em uma sessão, só vai ter o seu signi\ufb01cado depois. Mas mais do que isso, o preceito de não botar reparo em nada, e deixar ouvir , é a contrapartida da exigência que fazemos ao paciente da associação livre. Se eu solicito ao paciente que ele associe livremente, eu também tenho que escutar livremente. Posso tomar nota à noite no \ufb01nal das sessões. Geralmente os erros acontecem quando algo do material compreensivo do paciente toca em algo seu, e que você desconhece. C- Não devo anotar nada durante a sessão então, porque senão a minha atenção \ufb02utuante não acontece. Eu passo a selecionar a atenção. D - Uma coisa que a psicanálise tem em comum com a ciência é que ambos são um processo investigativo. Mas, a técnica que serve a uma contradiz a outra. Não posso trabalhar um caso cienti\ufb01camente se o objetivo é o tratamento. V ocê pode trabalhá-lo, depois que concluir o tratamento, mas antes, se torna prejudicial ao tratamento. E - Recomenda aos colegas praticantes que tome como modelo do exercício da psicanálise o cirurgião. T enha frieza, abandone seus afetos e concentre sua energia em um único objetivo. Realize o trabalho da maneira mais competente possível, mas não se envolva afetivamente. F - T ambém é recomendado ao médico, a necessidade da terapia, a\ufb01m de que o médico possa trabalhar suas intolerâncias e não caia na tentação de projetar sobre o outro essa percepção que ele tem de si próprio. G - T ambém é recomendado não colocar a sua individualidade a\ufb01m de sugestionar o seu paciente que tem uma personalidade limitada. Não sugestionar o seu paciente. Não se deve ajudar o paciente a chegar no insight mais rápido. Do contrário, isso torna o paciente incapaz de superar as suas resistências mais profundas. H - Existem duas coisas que são graves para a psicanálise. A missão terapêutica e a atividade pedagógica. Durante o início do tratamento eu percebo que o paciente pode ir mais além e apresento algumas metas. Isto não cabe ao analista. A gente deve se por no ritmo que o paciente pode. Se eu forço o paciente a não fazer algo, eu estou limitando ele a não receber uma grati\ufb01cação pulsional que antes o fazia bem. I - Não se deve racionalizar sobre os enigmas da neurose, deve-se que deixar que o paciente chegue aos seus conhecimentos por si só. 20/02/2017 SOBRE O INÍCIO DO TRA T AMENTO (NOV AS RECOMENDAÇÕES SOBRE A TÉCNICA DA PSICANÁLISE I) De algum modo o início e o \ufb01nal do jogo são mais fáceis, mas o meio é impossível de se descrever minuciosamente. Assim também acontece com a psicanálise. Algumas recomendações sobre o início do tratamento: \u2022 O tratamento de Ensaio - A escolha dos pacientes que eram analisados - indicações e contraindicações. Ao tomar um paciente ele tomava por um período de entrevistas preliminares. Um período de uma ou duas semanas, para depois decidir se esses pacientes eram apropriados para análise. Se houvesse uma interrupção nesse período, você pouparia ao paciente a sensação de uma cura fracassada. Permite-se que o paciente fale, pontua-se algumas coisas, com a \ufb01nalidade que o paciente continue a falar . Com isso eu estou veri\ufb01cando a possibilidade que o paciente associe. Outro ponto importante nesse período, a motivação, tem relação com o diagnóstico, pois nem todos os casos, cabem à psicoterapia. O diagnóstico tem a função de orientação ao tratamento, e não de dar um rótulo ao paciente. Longas entrevistas antes do início do tratamento ou mesmo uma terapia alternativa, ou até mesmo um conhecimento sobre o futuro do paciente, podem trazer consequências desfavoráveis. \u2022 Deve se descon\ufb01ar de pessoas que procuram adiar o início do tratamento. Por mais que se encontrem justi\ufb01cativas, é a resistência se servindo delas para adiar . \u2022 Mesmo as pessoas que trabalham com a psicanálise, apresentam as mais altas resistências, durante o tratamento. \u2022 O tempo e o dinheiro - Freud de\ufb01nia um horário com o paciente e tornava esse paciente responsável por esse horário, mesmo quando ele não viesse. Doenças podem ocorrer mas, isso não deve ser motivo de concessões. Os sintomas se colocam as vezes para impedir o avanço do tratamento. "Justo hoje, bati meu carro". A não ser que a pessoa tenha uma doença muito grave, Freud interrompe o tratamento, cede esse horário a outro paciente e posteriormente quando o paciente volta, arruma um outro horário, se tiver . Mas não segura aquele horário antigo. \u2022 Casos mais leves ou tratamentos que tenham avançado por um certo tempo, se propõem 3x por semana. \u2022 Quando o paciente pergunta quanto tempo vai durar o tratamento, o analista não tem essa resposta. Pode se responder que se deve conhecer primeiramente o tamanho do passo, mas para depois calcular o tamanho da caminhada. Ao psicanálise requer longos períodos de tempo. Não há tratamentos curtos em psicanálise. T emos que avisar o paciente de que o tratamento não é rápido. \u2022 A neurose é uma só. Não existem várias neuroses. Portanto, não existe a possibilidade de "me cure dessa neurose maior que eu consigo levar a vida com a neurose menor". T odas os sintomas fazem parte de uma única neurose. \u2022 Os pacientes mais bem vindos são aqueles que pedem uma saúde plena, e colocam à disposição seu tempo. \u2022 Quando se estabelece a forma de pagamento, Freud recomenda que não se deixe acumular grandes quantias para se receber depois. Freud falava mensalmente. Há quem pre\ufb01ra em dinheiro, por sessão. \u2022 A questão do Divã - um vestígio do tratamento hipnótico. Deve ser mantido por razões diversas. Um motivo pessoal. Ele não conseguia ser olhado \ufb01xamente o dia todo. Às vezes fazemos expressões que o paciente possa interpretar e \ufb01car imaginando. Isso pode ser encarado como resistência na associação livre. \u2022 Às vezes o paciente pode se revoltar por não ter o controle visual. \u2022 Se tem dúvidas diagnósticas, se acha que a pessoa não entrou em análise ainda, não convide para o divã. Por onde se começa a análise? Começa por onde o paciente quiser . A única advertência é com relação à regra fundamental. No início ele deve ser informado. Deve se informar que essa conversa é diferente de uma conversa normal. Pensamentos secundários podem ocorrer e em uma conversa normal você gostaria de rejeitar . Na análise você não vai omiti-los. Mesmo que um paciente ache totalmente incoerente, ele não deve ceder à essas críticas, mas seguir a regra e comunicar ao paciente. Deve se comportar como um viajante sentado na janela do trem. Deve-se ser honesto consigo mesmo. Jamais devemos esperar um relato sistemático das coisas. Os pacientes calculam ter adoecido em um momento de sua vida. Desconhecem os laços entre a neurose e a infância, mas às vezes começam a trazer relatos daquela época. Devemos entender que cada pedacinho da história do paciente deverá ser contado novamente depois. E só por essa repetição, vão aparecer os laços que vão fazer os nexos em uma história aparentemente sem sentido. T em aqueles pacientes que preparam cuidadosamente o que vão falar na sessão. Isso é um zelo da resistência, a \ufb01m de se evitar os pensamentos involuntários. O paciente não deve se preparar . Deve se informar o mínimo de pessoas possível, a \ufb01m de evitar que in\ufb02uências possam te desviar do tratamento. Mais tarde, quando a pessoa já está aderida ao tratamento, isso tem mais importância. Se precisar de algum outro tipo de tratamento, encaminhem para um colega. Às vezes a questão orgânica é fruto da neurose e pode ser indicado adiar o tratamento orgânico, desde que não coloque em risco a vida da pessoa, pois essa adjacência orgânica pode desaparecer com o tratamento. Às vezes existem pacientes que dizem que nada lhe ocorre. Pode se entender aí uma resistência muito grande. Não existe uma ausência total de pensamentos. Às vezes o paciente se ocupa dos objetos, dos móveis, para não falar de si. É importante ajudar a abrir o discurso do paciente. Só tocamos na transferência quando ela é transformada em resistência. Quando os pensamentos espontâneos estão sendo comunicados, não se deve interromper . Quando devemos comunicar aos pacientes seus pensamentos ocultos? Apenas depois de estabelecida uma transferência produtiva. 13/03/2017 O saber na análise não é um saber que o analista detém sobre o outro, mas um saber que é construído no processo de análise. Durante o tratamento, as mesmas forças responsáveis pela criação da neurose, reaparecem. O primeiro movimento que se pode esperar que leva o paciente para análise, é que ele sofre de alguma coisa, e que ele deseja se curar daquilo que sofre. 20/03/2017 T exto - A DINÂMICA DA TRANSFERÊNCIA Se temos uma porção da libido consciente e outra inconsciente, ambas as partes participam das atitudes das expectativas libidinais antecipadas. Não é só o consciente portanto, que faz parte da relação do sujeito com o outro. T oda relação nossa obedece essa lógica da transferência. É perfeitamente normal que este investimento libidinal, marcado por insatisfação sempre em prontidão de encontrar a satisfação desses anseios, é natural que isto se coloque na relação com o analista. O sujeito ao procurar uma análise, por estar insatisfeito, vai incluir o analista em uma de suas séries psíquicas (marcas do sujeito), ou mesmo, o mesmo objeto de demanda dirigido a esses objetos parentais, vai se por nesta relação transferencial. Se a condição para que ocorra uma psicanálise, é que o paciente se submeta a associação livre, quando elas se interrompem, falham. Essa interrupção pode ser eliminada quando o paciente se acha ligado a algum pensamento ligado ao analista. Atualiza a \ufb01gura do analista, justamente para interromper a associação livre. Tão logo isto é esclarecido, as associações voltam. Y ung usa o termo introversão da libido para explicar uma neurose. O sujeito rejeita parte da realidade é essa parte rejeitada acaba voltando para o inconsciente. Ao \ufb01car mais voltada para o inconsciente ela vai alimentar as fantasias inconscientes. A libido em todo ou em parte, reanima essas imagens ou imagens infantis. Se essa é a condição do padecer neurótico, qual a função da terapia? O que ela propõe? Seria procurar essa libido que se extraviou da consciência buscando torná-la acessível a realidade novamente. Esse processo de investigação ao seguir o seu curso vai se deparar com a libido recolhida. No momento em que chega ali é necessário estabelecer uma defesa. As forças que foram responsáveis por essa regressão, vão se voltar como resistência. Mesmo essas libidos que estão conscientes elas sofrem uma atração pela parte i nconsciente. Elas as vezes caem na regressão porque a atração do inconsciente foi mais forte que acareação da realidade. É importante entender então que a resistência de que estamos falando acontece durante todo o tratamento. Se por um acaso o sujeito está associando livremente, pode ser que ele pare. Isso pode ser sinal deque surgiu alguma ideia com relação ao analista, como que se colocasse aí, justamente para favorecer a resistência. Uma ideia substituta da que teria que vir , justamente para favorecer a resistência. Há uma interrupção da associação livre. É a partir daí que percebemos que a ideia transferencial se antecipa, vem no lugar , das ideias que viriam, para favorecer a resistência. Aí está a transferência. Ela surge através de uma resistência. Sendo assim, a transferência também vai acontecer durante todo o processo de análise, assim como a resistência. T ransferência positiva - T ransferência com sentimentos externos T ransferência.negativa - com sentimentos de hostilidade. A transferência segue como resistência para o analista quando ela é uma transferência negativa, ou quando é uma transferência positiva com impulsos eróticos. Na medida em que o analista reconhece o que está acontecendo, ele se serve da transferência para que ela seja veículo de cura, induzindo o paciente a realizar o trabalho psíquico. Aí entra a sugestão no campo da psicanálise. Com relação às transferências institucionais, não há como pensar em um manejo de uma transferência institucional, pois ela geralmente acontece com relação à instituição e não ao terapeuta. T exto - Recordar , Repetir e Elaborar Quando Freud abandona a hipnose, ele usava da associação livre para...a resistência se fazia presente, o terapeuta ajudava o paciente a supera-la levando o paciente a situação que originou o sintoma e a descarga afetiva (ab-reação) caia para segundo plano. Ela era substituída pelo dispêndio de trabalho. Ele tinha um trabalho contínuo no sentido de afastar as críticas e objeções aos pensamentos espontâneos, mantendo se ali obedecendo a regra da psicanálise que é a associação livre. O objetivo do tratamento tem como objetivo preencher as lacunas da recordação, superando as resistências do recalque. A questão do esquecimento de impressões, cenas, vivências. Às vezes eu me lembro de alguma coisa mas, o importante não é aquilo que eu me lembro. O que eu me lembro encobre outra coisa. Ex das amnésias infantis. É preciso saber extrair dessas lembranças encobridoras, algo pela análise. T em também o exemplo daquilo que a gente soube mas, nunca pensou. . A gente tem vivências extremamente importantes nos primórdios da infância e que foram vividas sem ser compreendidas, e que deixaram marcas, mas que foram compreendidas depois. Não é possível despertar isso como uma lembrança. Podemos chegar próximos dela através dos sonhos e a própria estrutura das neuroses nos obriga a pensar que existiram. A pessoa não tem consciência da repetição, ela faz. 27/03/2017 Qual a relação da repetição com a transferência? A transferência é uma parcela da repetição. A repetição é a transferência de um passado esquecido. É importante entender que a repetição não está só no âmbito da análise, mas está na vida. A compulsão a repetição impede o recordar . Quanto maior a resistência, mais o recordar vai ser substituído pelo repetir . Se uma transferência ocorre positivamente, ela permite chegar a algumas lembranças no início do tratamento, fazendo com que alguns sintomas sejam apaziguados. No início do tratamento sob uma transferência positiva é natural que um sintoma desapareça. Mas no decorrer de uma análise não ocorre apenas as positivas. Existem as transferências hostis, ou muito intensa, que faça a necessidade do uso do recalque, mesmo que no início do tratamento ocorra uma cessação até que imediata dos sintomas. Quando a transferência de põe como resistência, tanto no excesso da positiva quanto na negativa, o recalque \ufb01ca poderoso, e o recordar é substituído pelo repetir , pela atuação. A resistência vai determinar a sequência do que vai ser repetido. Que material é esse que ela vai trazer? O paciente retira do arsenal do passado as armas com que se defende do prosseguimento da terapia. As mesmas defesas empreendidas para criar sua neurose, vão ser as que ele vai usar para impedir a terapia. É nesse percurso do tratamento que deve-se arrancar peça por peça. O analisando então repete, ao invés de lembrar , sob as condições da resistência. Esse padecimento neurótico, vem pouco a pouco no raio da ação terapêutica. Não basta o preenchimento das lacunas, para que haja a cura. É necessário também um processo de elaboração por parte do paciente, através do trabalho. E é na maneira que isso se atualiza que a pessoa vai ser curada. A transferência atualiza a neurose, e é quando a transferência acaba que você pode se considerar curado. Não dá pra se fazer uma análise, sem no seu curso não mexer em coisas, que faça com que o paciente piore. O início do tratamento faz com que o paciente mude a sua atenção consciente com relação à doença. Ele também deve conquistar a coragem de dirigir atenção para os fenômenos da sua doença. Deve se tomar o seu sintoma como ferramenta de trabalho para que se possa adquirir algo de positivo para sua vida. O sintoma não deve ser algo desprezível. Ele tem sua dignidade. Deve-se extrair dele, algo que seja válido para vida. O analista deve trazer para o âmbito psíquico aquilo que iria para repetição, de uma forma que isso possa ser trabalhado. Para que consigamos fazer isso devemos contar com uma boa transferência. A ligação transferencial é que torna possível impedir que o paciente leve algo para a repetição e sim traga para o trabalho terapêutico. Isso se dá pelo manejo da transferência. Não podemos impedir que a pessoa continue vivendo mas, devemos impedir que a pessoa tome decisões que causem algum dano. 10/04/2017 Observações Sobre o Amor de T ransferência As di\ufb01culdades mais preocupantes na psicanálise, estão no manejo e na utilização da transferência. Como se servir dela também para que ocorra uma análise. Estamos estar advertidos no que ocorre em uma situação de análise para evitar erros. No início, em um caso atendido por breuer , ele abandonou o tratamento por algo que havia acontecido e ele não sabia o que era. E isso era a transferência. Qual seria o procedimento quando se pensamos assuntos do amor? Se o paciente está apaixonado por seu analista, o leigo vai achar que existe duas leis: \u2022 A primeira seria se casarem \u2022 A segunda seria se separam Uma terceira possível \u2022 Uma relação amorosa é legítima que não pretenderia durar para sempre. O caminho que o praticante da psicanálise deve tomar é: Se seguir o segundo desfecho, Médico e paciente se separam e o tratamento é abandonado. Ao se buscar novamente outro tratamento, novamente ela vai se apaixonar . E assim vai a ba n do n a do e re t om a nd o s uc e ss i vo s t ra t am e nt o s . U m a r e pe t i çã o de u m m o d el o de funcionamento. Para o analista, isso pode servir de aviso quanto a uma possível contra-transferência que nele se prepara é reconhecer que a paixão desencadeada no paciente é produzida pelos próprios efeitos da análise e não pelos encantos do analista. E nesse sentido não haveria porque o analista se gabar . Para o paciente há uma alternativa: ou renúncia ao tratamento, ou faz uso dessa transferência. Em um tratamento analítico a paixão deve ser esclarecida, na medida que se trata de uma transferência pois, só assim vai se extrair algum saber que possa ajudar . Alguns praticantes da psicanálise costumam a incentivar os pacientes a desenvolver esse afeto por eles. Freud diz que isso é muito tolo, que você não precisa forçar pois essas condições acontecerão espontaneamente. V ocê não precisa forçar , senão corre o risco de criar situações difíceis de lidar . Os pacientes mais dóceis geralmente perdem o interesse pelo tratamento e não querem falar de outra coisa. Às vezes os sintomas desaparecem é isso são efeitos dos sintomas transferenciais e não sintomas de cura. T udo que atrapalha a continuação da terapia pode ser resistência. E ela tem participação também no surgimento de uma transferência afetuosa. Quando o paciente cria toda essa dependência amorosa, onde ele só quer ser amado, e não dar prosseguimento no tratamento. Os pacientes muitas vezes chegam a declarar-se amor , com a \ufb01nalidade de tirar o analista na posição de autoridade. Como deve se comportar o analista? Pensando na moral, o analista nunca deve corresponder . Devo tomar a posição de julgador e fazer com que ela consiga abrir mão desse desejo e continue no rumo do tratamento. Deve agir de maneira analítica, a \ufb01m de conseguir elaborar , e não "invocar os demônios e depois manda-los de volta sem indagá-los". Regra da abstinência - devemos manter uma abstinência, mas devemos acolher a demanda do paciente transformando essa demanda em uma força motora no tratamento. Até porque esse tipo de demanda é por natureza insatisfeita. Devemos transformar essa demanda de amor em uma demanda de trabalho. Não devemos satisfazer as demandas mas, se servir delas para manter o desejo do paciente em se curar . Não devemos portanto nem grati\ufb01car e nem frustrar . Devemos ajudar o paciente a extrair o conteúdo analítico da situação atual, para que ele traga a luz as suas fantasias para que isso abra caminho para trazer à tona as raízes desse amor . A gente não pode deixar de observar que há uma participação muito grande da resistência nesse tipo de amor . Esse amor não é verdadeiro porque não se constitui de nenhuma situação nova, mas sim de repetições e recalques de situações anteriores, inclusive infantis. É o trabalho de análise é entender esse modo de funcionamento infantil. O analista vai ter três obstáculos: \u2022 Com ele mesmo - aqueles poderes que podem tirá-lo do nível analítico \u2022 Contra os próprios adversários da psicanálise -que contestam as forças motrizes \u2022 Na própria análise - onde os pacientes que no início agem como adversários mas que depois... 08/05/2017 Psicanálise Selvagem Os objetivos da sociedade internacional da psicanálise foi protegê-la dos abusos que ela poderia sofre ao se tornar popular . Uma paciente de 40 anos se queixa de crieis de angústia e relata a Freud que está mulher procurou um médico que lhe deu três alternativas. \u2022 V oltar para o marido \u2022 Arrumar uma amante \u2022 Se masturbar O médico ainda cita Freud como o autor . Freud não conhecia o médico mas talvez isso pudesse ser um relato tendencioso, mas toma como exemplo esse caso. V amos supor que o médico tenha realmente dito isto. Existem determinadas questões técnicas da psicanálise e um não entendimento das teorias cientí\ufb01cas construídas pela psicanálise e que a fundamentam. Nesse exemplo a gente entende que o médico ignorou os aspectos técnicos da psicanálise e os aspectos cientí\ufb01cos. Ele não compreendeu a natureza da psicanálise e a que ela se propõe. Nesse sentido, esses erros cientí\ufb01cos mostram de algum modo o que o médico entende como vida sexual. Vida sexual para ele tem relação com coito e orgasmo, mas a psicanálise entende em um sentido muito mais amplo, e não apenas somático. V ai muito mais longe do que o sentido popular .

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