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Atlas de uroanálise 1 Acadêmica Jéssica Dornelles Disciplina de líquidos corporais Índice 2 Introdução Procedimento operacional padrão no EQU Exames químicos na urina Cristais na urina acida cristais de acido úrico cristais de oxalato de cálcio cristais de urato amorfo cristais de acido hipúrico Cristais na urina alcalina cristais de fosfato triplo Cristais de biurato de amônio cristais de fosfato de cálcio Cristais de fosfato amorfo Cristais anormais na urina cristais de leucina Cristais de tirosina cristais de colesterol cristais de cistina cristais de bilirrubina cristais de carbonato de cálcio cristais de sulfa e outros medicamentos Grânulos de hemossiderina Cilindros na urina cilindro hialinos ou translúcidos cilindro granulosos ou granulares cilindro céreo cilindro eritrocitário ou hemático cilindro leucocitário cilindroides cilindro adiposo cilindro misto cilindro epitelial Estruturas diversas células epiteliais escamosas células epiteliais pavimentosas células epiteliais transicionais células epiteliais dos túbulos renais hemácias leucócitos corpos ovais gordurosos candida albicans trichonomas vaginalis filamentos de muco flora bacteriana fibras na urina Gotículas de gordura espermatozoides Bolhas de ar bibliografia 3-4 5-11 12-18 19-21 19 20 21 21 22-26 22 23 24 25 26-30 26 26 27 28 28 29 30 31 32-37 32 33 34 35 36 37 37 38 39 40-47 40 41 41 42 43 44 45 47 48 48 49 50 51 51 52 53 Introdução Urinálise compreende as análises física, química e microscópica da urina, com o objetivo de detectar doença renal, do trato urinário ou sistêmica, que se manifesta através do sistema urinário. É um teste laboratorial amplamente utilizado na prática clínica, constituindo um dos indicadores mais importantes de saúde e doença. Trata-se de um dos exames mais antigos de que se tem conhecimento. Os componentes do exame de urina incluem a avaliação das características macroscópicas (cor e aspecto), físicas (pH e densidade ou gravidade específica), químicas (através de tiras reagentes), bioquímicas e microscópicas, além de testes confirmatórios quando necessário. A urina é formada pelos rins, sendo na verdade um ultrafiltrado do plasma, do qual foram reabsorvidos componentes essenciais ao metabolismo, como água, glicose, aminoácidos, etc. Ela é formada por uréia e algumas outras substâncias dissolvidas em água. As concentrações destas substâncias podem variar de acordo com metabolismo, ingesta alimentar, atividade física, função endócrina e até posição do corpo. 3 Tipos de coleta da urina: • amostra de 24 horas • amostra colhidas por catéter • punção suprapúbica • jato médio de micção espontânea • amostras pediátricas ( uso de coletores de plástico). Cuidados que devem ser observados na coleta do material: • o recipiente para a coleta da amostra deve ser limpo e seco; • a amostra deverá ser entregue imediatamente ao laboratório, e analisada dentro de l hora, caso isto não seja possível, deve-se manter a amostra refrigerada, por no máximo 24 horas; • o recipiente contendo a amostra deverá estar corretamente identificado, contendo: nome, data e horário; • as amostras obtidas por sonda ou punção suprapúbica, podem conter hemáceas devido ao trauma durante a coleta da amostra; • deve-se coletar uma amostra de 20 a 100 ml; • ao coletar a amostra por jato médio, os pacientes devem ser orientados para realizar a assepsia antes de coletar a amostra, e sempre desprezar a 1° porção da urina. A assepsia em mulheres, deve ser realizada através de uma cuidadosa lavagem da vulva e intróito vaginal com água e sabão, enquanto que nos homens, faz-se a assepsia da glande e meato uretral. Para coletar a amostra por jato médio de micção espontânea, deve-se deixar que, uma porção da urina seja expelida no vaso sanitário antes de coletar a amostra, dessa forma, elimina-se a 1° porção da urina, para evitar possíveis contaminações. EXAME FÍSICO: Volume; Cor; Aspecto; Densidade. 4 Procedimento operacional padrão EQU 1. SINÔNIMO: Exame Comum de Urina, EQU, Exame Qualitativo de Urina. 2. OBJETIVO: Este POP estabelece critérios e procedimentos cujo objetivo seja realizar um Exame Qualitativo de Urina. 3. APLICAÇÃO: Essa técnica é empregada para avaliação do funcionamento do sistema urinário, diagnóstico de infecções do trato urinário, detecção de início assintomático de doenças como Diabete mellitus, hepatopatias e outras avaliações metabólicas. 4. INTRODUÇÃO: O EQU é um exame para avaliação das funções renais e do trato urinário. Através dele também se pode diagnosticar doenças do metabolismo, como Diabete mellitus, pois quando a glicose está muito alta ultrapassa o limiar renal e a pessoa excreta glicose pela urina. Este exame se divide em 3 fases: exame físico, químico e microscópico. Exame Físico: através do exame físico de urina, avaliam-se coloração, aspecto e densidade da amostra. - Coloração: As descrições de coloração utilizadas pelo Laboratório Escola de Biomedicina são: amarelo-claro, amarelo, amarelo citrino e amarelo-escuro. - Aspecto: O aspecto da urina se refere à turbidez da amostra e é determinado de maneira visual. Assim, a urina é classificada como límpida (transparente) ou turva. - Densidade: A avaliação da capacidade de reabsorção renal é um componente necessário do exame de urina e é realizada medindo-se a densidade da amostra através de um refratômetro devidamente calibrado. Os limites fisiológicos variam de 1.005 a 1.040. Exame Químico: Preparativos e Cuidados: Num tubo de uroanálise (cônico), colocar 10 mL de urina homogeneizada; • Utilizar tiras/ fitas reativas dentro da validade e corretamente conservadas; • A urina deve estar a temperatura ambiente; • Cuidar a perda de reagente por lavagem; • Cuidar o carreamento de reagente ao retirar a fita. Procedimento: • Mergulhar a tira completamente e de maneira rápida (deixar aprox. 5 segundos); • Retirar lateralmente o excesso de urina em papel absorvente; • Aguardar o tempo especificado (tempo ideal: após 60 seg. e < 120 segundos) e realizar a leitura no frasco das tiras, conforme escala. • Anotar os resultados conforme padronização de cores do Kit, onde avaliam-se: pH, proteínas, glicose, cetonas, sangue, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito e leucócitos. • As tiras reativas são constituídas por quadrados de papel absorvente impregnados com substâncias químicas e presos a uma tira de plástico. • Quando o papel absorvente entra em contato com a urina, ocorre uma reação química que produz uma mudança de coloração. As cores resultantes são interpretadas comparando-se cuidadosamente com as cores da tabela. 5 - pH: Embora um indivíduo sadio geralmente produza a primeira urina da manhã com pH ligeiramente ácido, entre 5,0 e 6,0, o pH normal das outras amostras do dia pode variar de 4,5 a 8,0. Desta forma, não existem valores normais para o pH urinário, e esse fator deve ser considerado em conjunto com outras informações do paciente, tais como: valor do equilíbrio ácido-básico do sangue, função renal do paciente, presença de infecção no trato urinário, ingestão de alimentos e tempo transcorrido depois da coleta. - Proteínas: Das análises químicas de rotina, a mais indicativa de doença renal é a determinação de proteínas. - Glicose: O teste de glicosúria é uma análise bioquímica bastante freqüente na urina, sendo importante para detecção e controle do Diabete mellitus. - Corpos Cetônicos: O termo cetona engloba três produtos intermediários do metabolismo das gorduras: acetona, ácido acetoacético e ácido beta-hidroxibutírico. Na maioria das vezes não aparecem quantidades mensuráveis de cetonas na urina, pois toda gordura metabolizada é completamente degradada e convertida emdióxido de carbono e água. As provas para detecção de cetonúria são as mais úteis para o acompanhamento e a monitoração do Diabete mellitus. A cetonúria demonstra deficiência de insulina, o que indica a necessidade de regular sua dosagem no tratamento. - Sangue: O sangue pode estar presente na urina na forma de hemácias ou hemoglobina/mieloglobina. - Bilirrubina: Sua presença na urina pode ser a primeira indicação de hepatopatia, e muitas vezes é detectada bem antes do desenvolvimento da icterícia. A bilirrubinúria permite fazer a detecção precoce de hepatite, cirrose, doenças da vesícula biliar e câncer. A hepatite e a cirrose são exemplos comuns de doenças que produzem lesão hepática com resultante bilirrubinúria. -Urobilinogênio: Assim como a bilirrubina, o urobilinogênio é um pigmento biliar resultante da degradação da hemoglobina. Exame microscópico: O exame microscópico é realizado a partir de urina centrifugada, onde observam-se células epiteliais, presença ou ausência de muco, bacteriúria, presença de cilindros e cristais, espermatozóides, protozoários, leveduras, parasitas, realiza-se a contagem de leucócitos e hemácias. Procedimentos e preparativos para a análise: • Calibrar o tubo e centrifugar de 1500 a 2000 RPM por 5 minutos; • Inverter e descartar o sobrenadante até que reste 0,20 mL (200 uL); • Resuspender o precipitado por agitação, pipetar 50 uL entre lâmina e lamínula (22 x 22 mm); • Observar 5 campos em pequeno aumento (100X) para identificar grandes elementos; • Contar os elementos figurados em 10 campos de grande aumento (400X), calcular a média e expressar os resultados conforme relacionado abaixo: 5. AMOSTRA: 5.1 Tipo de Amostra: Primeira urina da manhã ou após retenção da urina por pelo menos 04 horas, com prévia higiene e desprezo do primeiro jato. 6 5.2 Coleta: A amostra deve ser colhida em recipiente limpo e seco. Recomenda-se o uso de recipientes descartáveis por serem econômicos e pôr eliminarem a possibilidade de contaminação decorrente de lavagem incorreta. O recipiente de amostra deve ser devidamente etiquetado, contendo data e nome do paciente. As etiquetas devem ser postas sobre o recipiente e não sobre a tampa. A amostra deve ser entregue imediatamente ao laboratório e analisada dentro de uma hora. A amostra que não puder ser entregue ou analisada dentro desse tempo devera ser refrigerada ou receber conservante químico apropriado. 5.2.1 Preparo do Paciente Recomenda-se que a coleta seja realizada após 8 horas de repouso, antes da realização das atividades físicas habituais do indivíduo e, preferencialmente, em jejum. Alternativamente, a amostra de urina pode ser coletada em qualquer momento do dia, preferencialmente após 4 horas da última micção. O paciente deve ser orientado com relação ao procedimento de coleta de urina de jato médio. 5.2.2 Cuidados para a coleta Utilizar frascos descartáveis, não reutilizados e estéreis. • Não adicionar agentes conservantes a amostra de urina. • Procedimentos para coleta de urina de jato médio: Coleta masculina 1. Expor a glande e lavá-la com água e sabão (não usar antisséptico); 2. Enxugar com toalha de pano limpa ou de papel descartável, ou com uma gaze; 3. Com uma das mãos, expor e manter retraído o prepúcio; 4. Com a outra mão, segurar o frasco de coleta destampado e identificado; 5. Desprezar no vaso sanitário o primeiro jato urinário; 6. Sem interromper a micção, urinar diretamente no frasco de coleta até completar 20 a 50 ml; 7. Desprezar o restante da urina existente na bexiga no vaso sanitário e fechar o frasco de urina. Coleta feminina* 1. Lavar a região vaginal, de frente para trás, com água e sabão (não usar antisséptico); 2. Enxugar com toalha de pano limpa ou de papel descartável, ou com uma gaze; 3. Sentar no vaso sanitário e abrir as pernas; 4. Com uma das mãos, afastar os grandes lábios; 5. Com a outra mão, segurar o frasco de coleta destampado e identificado; 6. Desprezar no vaso sanitário o primeiro jato urinário; 7. Sem interromper a micção, urinar diretamente no frasco de coleta até completar 20 a 50 ml; 8. Desprezar o restante da urina existente na bexiga no vaso sanitário e fechar o frasco de urina. Coleta de urina em crianças/lactentes 1. Em crianças muito jovens e neonatos, o laboratório clínico pode empregar coletor autoaderente hipoalergênico; 2. Fazer a higiene da criança. Não aplicar pós, óleos ou loções sobre a pele das regiões púbica e perineal; 3. Identificar o coletor autoaderente; 4. Separar as pernas da criança; 5. Certificar-se de que a região púbica e perineal estão limpas, secas e isentas de muco. 7 Meninas: retirar o papel protetor do coletor autoaderente. Esticar o períneo para remover as dobras da pele. Colocar o adesivo na pele em volta dos genitais externos, de modo que a vagina e o reto fiquem isolados e evitando a contaminação. Caso não ocorra a emissão de urina até 30 minutos após a colocação do coletor, ele deve ser retirado. Meninos: retirar o papel protetor do coletor autoaderente. Colocar o coletor autoaderente de maneira que o pênis fique no seu interior. Caso não ocorra a emissão de urina até 30 minutos após a colocação do coletor, ele deve ser retirado. 5.3 Estabilidade e Armazenamento: Depois de colhida, a amostra deve ser encaminhada ao laboratório em no máximo 2 horas. Caso contrário a mesma deve ser refrigerada ou deve-se acrescentar algum líquido conservante. 5.4 Materiais inadequados: Amostra colhida aleatoriamente, sem higiene e sem acondicionamento correto. 6. MATERIAIS NECESSÁRIOS: - Frasco seco, estéril e descartável para coleta da amostra; - Tubo cônico; - Refratômetro; - Água destilada; - Solução de NaCl a 5%; - Papel absorvente; - Micropipetas multivolumétricas; - Ponteiras descartáveis; - Centrífuga; - Fitas reagentes de urina; - Lâmina para microscopia; - Lamínula 22mm X 22mm; - Microscópio ótico. 6.1 Estabilidade e Armazenamento: Atentar a validade das fitas e a calibração do refratômetro. 7. METODOLOGIA: 7.1 Exame Físico: A determinação de coloração e aspecto é realizada através de observação macroscópica da amostra. A determinação da densidade é realizada com o uso de refratômetro devidamente calibrado, com ajuste feito com água destilada (registro em planilha específica) e posterior determinação da densidade da amostra pingando-se de 1 a 2 gotas da mesma sobre o prisma e voltando-o para luz. 7.2 Exame químico: As determinações químicas da amostra são realizadas após colocação de alíquota da amostra previamente homogeneizada (10 mL) em tubo cônico seco e limpo. Em seguida se pega uma fita reagente, introduz-se rapidamente no tubo cônico atentando para que todos os quadrados absorventes estejam cobertos com a amostra, retira-se a fita, absorve-se o excesso da amostra em papel absorvente e, dentro de um minuto, compara-se as cores da fita com a tabela do frasco de fitas. A primeira leitura realizada é a leitura do pH. 8 7.3 Exame Microscópico: Esta avaliação é realizada a partir de urina centrifugada em tubo cônico tampado, por 05 minutos em velocidade de 1.500 a 2.000 rpm. Em seguida da centrifugação o sobrenadante da urina é desprezado e o sedimento é ressuspendido e observado ao microscópio entre lâmina e lamínula. Em objetiva de 10x observam-se células e cilindros. As outras observações são feitas em objetiva de 40x. -As células e cilíndros observados são quantificadas e liberadas como: - Raras: até 3 por campo; - Algumas: de 4 a 10 por campo; - Numerosas: > de 10 por campo; - Maciça: quando o campo estiver tomado por células epiteliais. O muco é determinado como presente ou ausente. A bacteriúria é quantificada e liberada como: - Ausente: < 1 elemento por campo; - Rara: de 1 a 10 elementos por campo; - Algumas: de 11 a 99 elementos por campo; - Numerosas: > de 99 elementos por campo (contáveis). - Maciça:quando o campo estiver tomado Os cristais são observados, identificados e quantificados: - Raros: até 3 por campo; - Alguns: de 4 a 10 por campo; - Numerosos: > de 10 por campo; - Maciço: quando o campo estiver tomado por cristais ou cilindros. Espermatozóides, protozoários, leveduras e parasitas apenas são relatados como presentes na amostra quando forem observados. Leucócitos e hemácias são quantificados e uma média de contagem é feita de 10 campos observados. Os resultados encontrados na análise microscópica devem ser correlacionados com os encontrados tanto no exame físico quando no químico. Assim que a amostra de urina chega ao laboratório, a mesma é cadastrada e identificada com nome, data, e número de registro do paciente. Todos os resultados, determinações e observações do Exame Qualitativo de Urina devem ser anotados em respectivo mapa de trabalho conforme cadastro do paciente. 8. Exames adicionais e confirmatórios Testes Bioquímicos 8.1 Proteinúria Macroscópica Adicionar: - 2 mL de Ac. Sulfossalicílico a 3% - 0,5 mL de urina Homogeneizar. Resultado: + Formação de turvação 8.2 Proteína Ortostática ou Postural Ocorre em paciente que permanece, longos períodos sentados ou em pé, onde os rins são comprimidos pelos órgãos superiores - diminuição da reabsorção de proteína - proteinuria. Coleta-se um amostra após o paciente ter permanecido um período sentado (2 hs) - RESULTADO POSITIVO. 9 Para confirmação, coleta-se uma outra amostra, a primeira da manhã - RESULTADO NEGATIVO - Ptn Ortostática ou Postural. 8.3 Proteína de Bence Jones Mieloma múltiplo - Proliferação dos plasmócitos - Liberação de microglobulinas (Bence Jones) de baixo peso molecular - Proteinuria. Levar cerca de 5 mL de urina ao BM 50 - 60ºC e levar ao BM 100º por 5 minutos. Se ficar límpida, confirma-se Proteínas de Bence Jones. Se continuar turvo, pode ser qualquer outro tipo de proteína. Característica: Desnatura aos 50-60º C e torna-se límpida aos 100º C. Se der positivo, confirmar com eletroforese ou contraimunoeletroforese. 8.4 Glicosúria Adicionar: 2 mL de Reativo de Benedict + 4 gotas de urina Homogeneíza. Coloca em banho fervente por 5 minutos. Resultado Positivo quando: Marron Tijolo: ++++ Verde com sedimento amarelo: +++ Verde sem sedimento amarelo: ++ Verde claro: + Resultado Negativo quando: A cor se mantém Azul 8.5 Corpo Cetônicos Adicionar: 1 mL de urina + 6 gotas de Reativo de Imbert. Homogeneizar. Acrescentar 1 mL de hidróxido de Amônia vagarosamente pelas bordas do tubo. Resultado positivo: Formação de halo roxo entre duas fases. 9. Comentários Clínicos As principais causas de erro e de resultados falsos do exame de urina estão relacionadas à fase pré-analítica (preparo do paciente, coleta, transporte e armazenamento da amostra). Em urinas armazenadas entre 4 e 8ºC pode haver a precipitação de solutos como uratos e fosfatos que interferem no exame microscópico. Leucócitos e hemácias podem sofrer lise e os cilindros podem se dissolver, com redução significativa de seu número após 2 a 4 horas. Quanto maior o tempo de armazenamento, maior a decomposição dos elementos, especialmente quando a urina está alcalina (pH > 7,0) e a densidade é baixa (≤ 1.010). - Pro teinúria: é provavelmente o achado isolado mais sugestivo de doença renal, especialmente se associado a outros achados do exame de urina (cilindrúria, lipidúria e hematúria). - Glicosúria: pode ocorrer quando a concentração de glicose no sangue alcança valores entre 160 e 200 mg/dl (limiar renal) ou devido a distúrbios na reabsorção tubular renal da glicose: desordens tubulares renais, síndrome de Cushing, uso de corticoesteróides, infecção grave, hipertireoidismo, feocromocitoma, doenças hepáticas e do sistema nervoso central e gravidez. -Cetonúria: As principais condições associadas são diabetes mellitus e jejum prolongado. - Sangue: a hematúria resulta de sangramento em qualquer ponto do trato urinário desde o glomérulo até a uretra, podendo ser devido a doenças renais, infecção, tumor, trauma, cálculo, distúrbios hemorrágicos ou uso de anticoagulantes. A pesquisa de hemácias dismórficas auxilia na distinção das hemácias glomerulares e não glomerulares. A hemoglobinúria resulta de hemólise intravascular, no trato urinário ou na amostra de urina após a colheita. Os limites de detecção das tiras reagentes são: 5 hemácias por campo de 400X (hematúria) ou 0,015mg de hemoglobina livre por decilitro de urina (hemoglobinúria). 10 - Leucocitúria (ou piúria): está associada à presença de processo inflamatório em qualquer ponto do trato urinário, mais comumente infecção urinária (pielonefrite e cistite), sendo, portanto, acompanhada com freqüência de bacteriúria. A tira reagente detecta tanto leucócitos íntegros, como lisados, sendo, portanto, o método mais sensível. - Nitrito: sugere o diagnostico da infecção urinária, especialmente quando associado com leucocitúria. Indica a presença de 105 ou mais bactérias/ml de urina, capazes de converter nitrato em nitrito, principalmente Escherichia coli. - Bilirrubinúria: observada quando há aumento da concentração de bilirrubina conjugada no sangue (>1 a 2 mg/dL) geralmente secundária a obstrução das vias biliares ou lesão de hepatócitos. - Urobilinogênio aumentado: observado nas condições em que há produção elevada de bilirrubina como as anemias hemolíticas e desordens associadas à eritropoiese ineficaz, e nas disfunções ou lesões hepáticas (hepatites, cirrose e insuficiência cardíaca congetiva). Cilindros: importantes marcadores de lesão renal, podem aparecer em grande número e de vários tipos dependendo da gravidade e do número de néfrons acometidos. Cilindros largos, em geral céreos ou finamente granulosos, são característicos da insuficiência renal crônica. Cilindros leucocitários podem ocorrer em condições inflamatórias de origem infecciosa ou não-infecciosa, indicando sempre a localização renal do processo. A presença de cilindros eritrocitários está associada à hematúria glomerular. - Células epiteliais: as escamosas revestem a porção distal da uretra masculina, toda a uretra feminina e também a vagina e são as mais comumente encontradas no exame do sedimento urinário. A presença de número aumentado de células epiteliais escamosas indica contaminação da amostra de urina com material proveniente da vagina, períneo ou do meato uretral. - Flora bacteriana: A presença de bactérias na urina pode estar relacionada à infecção urinária, mas apresenta baixa especificidade para esse diagnóstico. 10. BIOSSEGURANÇA: A amostra de urina é uma amostra biológica que pode ser potencialmente infectante, assim, todos os cuidados de biossegurança devem ser tomados. O uso de EPIs é indispensável. 11. CONTROLE DE QUALIDADE: • As tiras reagentes de urina devem ser protegidas da deteriorização causada por umidade, substâncias químicas voláteis, calor e luz. Os frascos das fitas, quando não estiverem em uso, devem ser guardados bem fechados e em ambiente fresco. Atentar ao prazo de validade. • O Laboratório Escola de Biomedicina está cadastrado no Programa Nacional de Controle Externo de Qualidade – PNCQ. 11 EXAMES QUÍMICOS NA URINA pH; PROTEÍNA; GLICOSE; CETONAS; BILIRRUBINA; SANGUE; UROBILINOGÊNIO; NITRITO; LEUCÓCITOS. Reação de pH : Os pulmões e os rins são os principais reguladores do equilíbrio ácido-básico do organismo. A determinação do pH urinário é importante por ajudar a detectar possíveis distúrbios eletrolíticos sistêmicos de origem metabólica ou respiratória, também pode indicar algum distúrbio resultante da incapacidade renal de produzir ou reabsorver ácidos ou bases. O controle do pH é feito principalmente da dieta, embora possam ser usados alguns medicamentos. O conhecimento do pH urinário, é importante também na identificação dos cristais observados durante o exame microscópico do sedimento urinário, e , no tratamento deproblemas urinários que exija que a urina esteja em um determinado pH. Interferentes: O crescimento bacteriano em uma amostra, pode tornar o pH alcalino, devido ao fato da uréia ser convertida em amônio. Deve-se ter o cuidado de não umedecer excessivamente a fita, para que o tampão ácido da proteína não escorra na placa do pH, tornando esse laranja. CETONÚRIA: Engloba três produtos intermediários do metabolismo das gorduras : acetona (2%) , ácido acetoacético (20%) e ácido beta-hidroxibutírico (78%). A presença de cetonúria indica deficiência no tratamento com insulina no diabete melito, indicando à necessidade de regular a sua dosagem, e, provoca o desequilíbrio eletrolítico, a desidratação e se não corrigida a acidose, que pode levar ao coma. -NTERFERFERENTES : Podem ocorrer reações falso-positivas, após a utilização de ftaleínas, fenilcetonas, conservente 8-hidroxiquinolona, ou com metabólicos de L- dopa. Reações falso-negativos podem ocorrer, devido à drogas anti-hipertensivas. ⇒ A ação das bactérias, degrada o ácido acetoacético in vivo como in vitro. A acetona (volátil) é perdida em temperatura ambiente, mas isso não ocorre se a amostra estiver num recipiente fechado e refrigerado. Portanto, se a amostra não poder ser examinada de imediato, ela deve ser resfriada. 12 PROTEÍNA : A urina normal contém quantidades muito pequena de proteínas, em geral, menos de 10 mg/dl ou 150 mg por 24 horas. Esta excreção consiste principalmente de proteínas séricas de baixo PM (albumina ) e proteínas produzidas no trato urogenital ( Tamm – Horsfall ). O teste com fita reagente é sensível a albumina , e o teste de precipitação ácida é sensível a todas as proteínas indicando a presença tanto de globulinas quanto de albumina, portanto, quando o resultado da fita for positivo, deve ser confirmado com o método ácido sulfossalicílico( método de turvação). INTERFERENTES: Quando a urina é muita alcalina, anula o sistema de tamponamento, produzindo uma elevação do pH e uma mudança da cor, dando um resultado falso positivo. Resultados falso negativo ocorrem com a contaminação do recipiente da amostra com detergente. PROTEINÚRIA: Lesão da membrana glomerular (complexos imunes, agentes tóxicos), distúrbios que afetam a reabsorção tubular das proteínas filtradas, mieloma múltiplo, proteinúria ortostática, hemorragia, febre, fase aguda de várias doenças. ⇒ Pessoas saudáveis podem apresentar proteinúria após exercício extenuante ou em caso de desidratação. Mulheres grávidas, podem apresentar proteinúria, nos últimos meses, podendo indicar uma pré – eclâmpsia. 13 BILIRRUBINA: A bilirrubina, é um produto da decomposição da hemoglobina , formado nas células retículo-endoteliais do baço, fígado, medula óssea e transportado ao sangue por proteínas. A bilirrubina não conjugada no sangue, não é capaz de atravessar a barreira glomerular nos rins. Quando a bilirrubina é conjugada no fígado, com o ácido glicurônico, formando o glicuronídeo de bilirrubina, ela se torna hidrossolúvel e é capaz de atravessar os glomérulos renais, na urina. A urina do adulto contém, cerca de 0,02mg de bilirrubina por decilitro, que não é detectada pelos testes usuais. A presença de bilirrubina conjugada na urina sugere obstrução do fluxo biliar; a urina é escura e pode apresentar uma espuma amarela. A bilirrubinúria está associada com um nível sérico de bilirrubina(conjugada) elevado, icterícia, e fezes acólicas(descoradas, pela ausência de pigmentos derivados da bilirrubina). ⇒ A urina deve ser fresca , pois a bilirrubina é um composto instável à luz, que provoca sua oxidação e conversão em biliverdina, apresentando resultado falso- positivo. O glicuronídeo de bilirrubina, também hidrolisa rapidamente em contato com a luz, produzindo bilirrubina livre, que é menos reativa nos testes de diazotização. INTERFERENTES : destruição da bilirrubina por exposição da amostra à luz, presença de pigmentos urinários. GLICOSE: Em circunstâncias normais, quase toda a glicose filtrada pelos glomérulos é reabsorvida pelo túbulo proximal, através de transporte ativo, e por isso a urina contém quantidades mínimas de glicose. O limiar renal é de 160 a 180 mg/dl. Um paciente com diabetes mellitus apresenta uma hiperglicemia, que pode acarretar uma glicosúria quando o limiar renal para a glicose é excedido. INTERFERENTES: ácido ascórbico, aspirina, levodopa, e agentes de limpeza fortemente oxidantes utilizados nos frascos de urina, causam leitura falso positivo, porque interferem nas reações enzimáticas. A alta densidade específica, diminui o desenvolvimento da cor na fita. 14 UROBILINOGÊNIO: Pigmento biliar resultante da degradação da hemoglobina. É produzido no intestino a partir da redução da bilirrubina pela ação das bactérias intestinais. A bilirrubina livre no intestino, é reduzida em urobilinogênio e estercobilinogênio, e a maioria do pigmento é excretado nas fezes como estercobilinas. Uma pequena quantidade de urobilinogênio, é absorvida pela circulação portal do cólon e é dirigida ao fígado onde é excretado novamente, não conjugado, na bile. Normalmente, uma pequena quantidade chega aos rins, porque enquanto o urobilinogênio circula no sangue, passa pelos rins, e é filtrado pelos glomérulos. A excreção normal de urobilinogênio é de 0,5 a 2,5 mg ou unidades/24 horas. INTERFERENTES: grande quantidade de nitrito, urina muito pigmentada, degradação do urobilinogênio por exposição à luz. ⇒ Devido a sensibilidade da luz, as amostras devem ser analisadas imediatamente, ou, guardadas em ambiente escuro. O testes com fitas, não conseguem determinar a ausência de urobilinogênio, que é importante na obstrução biliar. NITRITO: Útil na detecção da infecção inicial da bexiga ( cistite ), pois muitas vezes os pacientes são assintomáticos, ou tem sintomas vagos, e quando a cistite não for tratada, pode evoluir para pielonefrite, que é uma complicação frequente da cistite, que acarreta lesão dos tecidos renais, hipertensão e até mesmo septicemia. Pode ser usado para avaliar, o sucesso da antibioticoterapia, para acompanhar periodicamente as pessoas que tem infecção recorrentes, diabéticos, e mulheres grávidas que são considerados de alto risco para infecção urinária. INTERFERENTES: leveduras e bactérias gram-positivas que não reduzem o nitrato, tempo de contato entre o nitrato e as bactérias, presença de ácido ascórbico, uso de antibióticos, amostras não recentes (bactérias contaminantes produzirão nitrito). PRESENÇA DE NITRITO : cistite, pielonefrite, avaliação da terapia com antibióticos, seleção da amostras para culturas. 15 SANGUE: O sangue pode estar na urina na forma de hemáceas íntegras (hematúria) ou de hemoglobina livre produzida por distúrbios hemolíticos ou por lise de hemáceas no trato urinário (hemoglobinúria). O exame microscópico do sedimento urinário, mostrará a presença de hemáceas íntregas, mas não de hemoglobina, portanto, a análise química é o método mais preciso para determinar a presença de sangue na urina. INTERFERENTES: falso negativo: ácido ascórbico, nitrito(infecção urinária), densidade específica alta, pH ácido; falso positivo: contaminação menstrual, mioglobinúria, peroxidase de vegetais e por enzimas bacterianas. HEMATÚRIA: cálculos renais, glomerulonefrite, tumores, traumatismos, pielonefrite, exposição a drogas. HEMOGLOBINÚRIA: lise das hemácias no trato urinário, hemólise intravascular (transfusões, anemia hemolítica, queimaduras graves, infecções). LEUCÓCITOS: Indica uma possível infeção do trato urinário. INTERFERENCIAS: amostras com densidade específica alta, onde a crenação dos leucócitos pode impedir a liberação de suas esterases. PIÚRIA: Todas as doenças renais e do trato urinário. Também podem estar aumentados transitoriamente durante estados febris, e exercícios severos.VALORES NORMAIS: 0 a 2 hemáceas por campo 0 a 5 leucócitos por campo 0 a 5 células epiteliais por campo relata o número de cilindros observado por campo LEUCÓCITOS: Indica uma possível infeção do trato urinário. INTERFERENCIAS: amostras com densidade específica alta, onde a crenação dos leucócitos pode impedir a liberação de suas esterases. PIÚRIA: Todas as doenças renais e do trato urinário. Também podem estar aumentados transitoriamente durante estados febris, e exercícios severos. VALORES NORMAIS: 0 a 2 hemáceas por campo 0 a 5 leucócitos por campo 0 a 5 células epiteliais por campo relata o número de cilindros observado por campo 16 HEMÁCEAS: Aparecem como discos incolores tendo cerca de 7um de diâmetro. Na urina concentrada, as células encolhem e aparecem como discos crenados( células pequenas com bordas onduladas), enquanto na urina alcalina, elas incham e se lisam rapidamente, liberando sua hemoglobina, permanecendo só a membrana, essas células são denominadas células fantasmas. Em certas ocasiões, as hemáceas, podem ser confundidas com gotículas de óleo ou células leveduriformes, entretanto, as gotículas de óleo apresentam grande variação de tamanho e são altamente refringentes, e as células de leveduras apresentam brotamento. Significado clínico:. Seu aparecimento tem relação com lesões na membrana glomerular, ou nos vasos do sistema urogenital. Uma grande quantidade de hemáceas costuma decorrer de glomerulonefrite, mas também é observada em casos de infecção aguda, reações tóxicas e imunológicas, neoplasias e distúrbios circulatórios que rompem a integridade dos capilares renais . Hemáceas de tamanho variáveis, com protusões celulares fragmentadas, são chamadas dismórficas, e estão associadas principalmente à hemorragia glomerular, cálculos renais, infecções e exercícios físico intenso. CILINDROS: Os cilindros são formados no interior da luz do túbulo contornado distal e ducto coletor, suas formas são representativas da luz do túbulo, consistindo de lados paralelos e extremidades arredondadas, o tamanho, depende da área de sua formação. O principal componente é a proteína de Tamm-Horsfall, uma glicoproteína excretada pela porção grossa ascendente da alça de Henle e pelo túbulo distal. Nas doenças renais, eles estão presentes em grande quantidade e sob várias formas, a quantidade aumentada de cilindros, indica que a doença renal é disseminada e que vários néfrons encontram-se envolvidos. Também podem estar presente em indivíduos normais, após um exercício físico severo. 17 CRISTAIS: É comum encontrar cristais na urina. Deve-se proceder à identificação para ter certeza de que não representam anormalidades. São formados pela precipitação dos sais de urina submetidos a alterações de pH, temperatura, ou concentração que afeta a solubilidade. Um pré-requisito para a identificação de cristais, é o conhecimento do pH urinário. Teste da tira reagente 18 Cristais na urina acida Os cristais na urina são geralmente formadas devido à ingestão insuficiente de água, uma dieta rica em proteínas ou alterações no pH da urina. Cristais na urina indica que algo está errado com o sistema urinário. 19 Cristais de acido úrico Os estados patológicos em que se encontram aumentados no sangue são: Gota, metabolismo das purinas aumentado, pode ocorrer em enfermidades febris agudas e nefrites crônicas. (a) (a) Cristais de acido úrico com suas extremidades agudas. (b) (b) Imagem apresentando 2 cristais de acido úrico, em zoom maior. (c) (c) Imagem com muitos cristas de acido úrico, suas extremidades afiladas são capazes de mostrar o grau de lesão. Cristais de oxalato de cálcio Se grande quantidade de cristais de oxalato de cálcio estiver presente em urina recém-emitida, deve-se suspeitar de processo patológico como intoxicação pelo etilenoglicol, diabetes mellitus, doença hepática ou enfermidade renal crônica grave. A ingestão de grande quantidade de vitamina C pode promover o aparecimento desses cristais na urina, pois o ácido oxálico é um derivado da degradação do ácido ascórbico e produz a precipitação de íons de cálcio. Essa precipitação pode dar lugar também a uma diminuição no nível de cálcio sério. 20 (a) (a) Cristais de oxalato de cálcio na urina e sua forma característica. (b) (b) Cristais de oxalato de cálcio em amostra de urina, bem característico. Cristais de urato amorfo Numerosos na urina fortemente ácida. Como o ácido úrico, só se apresentam como componentes normais nos carnívoros. Aparecem como sais de urato ( sódio, potássio, magnésio e cálcio). Não apresentam significado clínico. 21 (a) (a) Cristais de urato amorfo na urina. (b) (b) Cristais de urato amorfo na amostra de urina. Os cristais de ácido hipúrico aparecem geralmente na urina após ingestão de alimentos com alto teor de ácido benzóico (vegetais e frutas). Ao microscópio óptico são visíveis sob a forma de agulhas ou estrelas incolores ou amarelo pálido. Cristais de ácido hipúrico (b)(a) (a) Cristais de acido hipúrico na urina. (b) Cristais de acido hipúrico na urina. Cristais de Urina Alcalina Cristais de fosfato triplo (fosfato amoníaco-magnesiano) Podem ocorrer nos seguintes estados patológicos: pielite crônica, cistite crônica, hipertrofia de próstata e retenção vesical. Aparecem também em urinas normais. 22 (a) (a) Cristais de trifosfato ou fosfato triplo. (b) (b) Cristais de trifosfato em um aumento maior. Cristais de biurato de amônio Urato ou biurato de amônio pode aparecer em urinas alcalinas, ácidas ou neutras. São corpos esféricos castanhos amarelados, com espículas longas e irregulares. São patogênicos se aparecem em urina recém-emitida, como ocorre em doenças hepáticas. Podem ocorrer em doenças hepáticas são solúveis aquecendo a urina ou acrescentando o ácido acético e, se ficar em repouso, formam cristais de ácido úrico.A precipitação de solutos depende do pH urinário e da solubilidade e concentração do cristaloide. 23 (a) (a) Cristais de biurato de amônio. (b) (b) Cristais de biurato de amônio. (c) (c) Cristais de biurato de amônio, característico. Cristais de fosfato de cálcio 24 Não são frequentes, são incolores, tem forma de prismas finos, placas ou agulhas. São solúveis em acido acético diluído. (a) (a) Cristais de fosfato de cálcio. (b) (b) Cristais de fosfato de cálcio. (c) (c) Cristal de fosfato de cálcio. 25 Cristais de fosfato amorfo Aparência granular incolor amorfa, fornece coloração branca (turvação) a urina quando em grande concentração. (a) (a) Cristais de fosfato amorfo. (b) (b) Nas duas imagens cristais de fosfato amorfo. Cristais de leucina Tem significado patológico importante como em enfermidades hepáticas em fase terminal, como a cirrose, hepatite viral, atrofia amarela aguda do fígado e em severas lesões hepáticas provocadas por envenenamento porfósforo, tetracloreto de carbono ou clorofórmio. Nas doenças hepáticas, estão normalmente associados a cristais de tirosina. 26 Cristais de tirosina Aparecem em enfermidades hepáticas graves ou em tirosinose. (a) (a) Cristais de leucina, tanto na imagem a esquerda quanto a direita. (a) (a) Cristal de tirosina em sua forma característica. (b) (b) Cristal de tirosina, associado a doença hepática. Cristais anormais Cristais de colesterol Seu aparecimento indica uma excessiva destruição tissular e em quadros nefróticos, como também na quilúria, está em consequência da obstrução a nível torácico ou abdominal da drenagem linfática, ou por ruptura de vasos linfáticos no interior da pélvis renal ou no trato urinário. 27 (c) Cristal de tirosina. (c) (a) (a) Cristal de colesterol na urina. (b) (b)Cristal de colesterol. (c) (c) Cristais de colesterol, característicos. Cristais de cistina A presença desses cristais tem sempre significado clínico, como na cistinose, cistinúria congênita, insuficiente reabsorção renal ou em hepatopatias tóxicas. 28 (a) (a) Blocos de cristais de cistina com sua forma hexagonal característica. (b) (b) Cristais de cistina, característicos. (c) (c) Cristais de cistina. Cristais de bilirrubina Carbonato de cálcio São pequenos e incolores , com formas de halteres ou de esferas . 29 Presentes nas hepatopatias, aparecem com grumos de agulhas ou grânulos com cor amarela característica. (a) (a) Cristal de bilirrubina. (b) (b) Cristal de bilirrubina com cor caracteristica. (a) (a) Vários cristais de carbonato de cálcio, com sua forma de esferas. (b) (b) Cristais de carbonato de cálcio em forma de halteres. Cristais de sulfa ou outros medicamentos As novas sulfas são muito solúveis em meio ácido; por isso, atualmente não se observam mais estes cristais na urina. A maioria, quando ocorre tem aparência de agulhas em grupos, unida de forma concêntrica, de cor clara ou castanha. 30 (a) Cristais de sulfatiazol, com sua forma característica. (a) (b) (b) Cristais de tiabendazol. Urina turva, escura e fétida. Luz natural. 450X. (c) (c) Cristais de ampicilina na urina. Grânulos de hemossiderina Resulta da reabsorção de hemoglobina filtrada, podendo ser sinal de hemólise. 31 (a) (a) Grânulos de hemossiderina, a fresco. (b) (b) Grande quantidade de grânulos de hemossiderina no sedimento de urina, luz comum. Cilindros na urina São estruturas semelhantes ao contorno dos túbulos contornado distal e coletor, cuja matriz primariamente é composta de proteínas de Tamm-Horsfall, que são secretas no local pelas células epiteliais que forram as alças de Henle, os túbulos distais e os ductos coletores, preferencialmente se houver urina ácida concentrada e estes cilindros tomam a aparência morfológica do local onde houve deposição das proteínas. O pH alcalino, facilita a dissolução dos cilindros. Os diferentes tipos de cilindros conferem diferentes significados clínicos, associados à proteinúria e a densidade urinária. 32 Cilindro Hialino ou Translúcido A presença de cilindros hialinos em pequena quantidade na urina é normal, principalmente após exercícios físicos, desidratação, calor e estresse. Porém pode aparecer de forma patológica quando o individuo apresentar glomerulonefrite, pielonefrite, doença renal crônica e insuficiência cardíaca congestiva. (a) (a) Cilindro hialino, nota-se a transparência. (b) (b) Cilindro hialino, é translucido. Cilindro Granuloso ou Granulares Estes cilindros são oriundos da desintegração de cilindros celulares que permanecem nos túbulos devido à estase urinária, ou podendo ser resultantes de restos de leucócitos e bactérias. Normalmente aparecem 1 ou 2 por campo, são finos e grosseiros. 33 (c) Cilindro hialino. (a) (b) (c) (a) Cilindro granuloso grosso. (b) Cilindro granulos grosso, resultante de desintegração celular. (c) Cilindro granuloso fino. (c) (d) (d) Cilindro granuloso fino. Cilindro Céreos A presença desses cilindros representa um estágio avançado da evolução natural dos cilindros hialinos patológicos, sendo indicativo de lesão tubular crônica. Possui como característica uma "dobradinha" na cauda. 34 (a) (a) Cilindro céreo, com característica dobra na cauda. (b) (b) Cilindro céreo, menor do que o anterior, característico com a cauda dobrada. (c) (c) Cilindro céreo. Cilindros Eritrocitários ou hemáticos São cilindros hialinos que contém aglomerados de hemácias ou hemoglobina ao seu redor e em seu interior. Em muitos casos está associado a glomerulonefrite, lesões glomerulares, tubulares e capilares renais, sendo formados devido ao sangramento no interior dos nefros. Por isso são muito importantes para definir se a lesão é glomerular, ureteral, da bexiga, da próstata ou da uretra. 35 (a) (b) (c) (a) Cilindro hemático. (b) Cilindro hemático. (c) Cilindro hemático, com varias hemácias espalhadas ao redor. Cilindros Leucocitários São cilindros hialinos que contém leucócitos ao seu redor e em seu interior. São indicativos de infecção ou inflamação no interior do néfron tais como: Pielonefrite e Glomerulonefrite. Geralmente ocorre concomitante c/ leucocitúria e mostra a necessidade de se realizar uma cultura de urina. 36 Cilindróide São cilindros formados na junção da alça de Henle e do Túbulo contornado distal, são afilados e possui como característica uma "caudinha" no seu final. (a) (a) Cilindro leucocitário. (b) (b) Cilindro leucocitário, presente em infecções. 37 (a) Cilindroide nota-se a caudinha característica no final. Cilindro adiposo São encontrados juntamente com corpos adiposos ovais, em distúrbios que provocam lipinuria como a síndrome nefrotica. São formados pela agregação, a matriz de gotículas lipídicas livres, são ligeiramente refringentes e contem gotículas gordurosas de cor marrom-amarelada. (a) (a) Cilindro adiposo. (a) (b) (b) Cilindroide com a característica caudinha no final. (b) (b) Cilindro adiposo. Cilindro misto Quando dois tipos celulares distintos estão representados na matriz proteica do cilindro, o hibrido resultante é o cilindro misto. 38 (a) (a) Cilindro misto. (b) (b) Cilindro misto. Cilindro epitelial Quando ocorre lesão tubular, as células são facilmente removidas do túbulo durante a dissolução do cilindro, pois as células estão intimamente ligadas a proteína de tamm-horsfall, aparecendo em casos de lesão tubular, doenças virais, exposição a varias drogas, intoxicação por metal pesado, e rejeição aguda a aloenxerto. 39 (a) (a) Cilindro epitelial, pode-se distinguir do leucocitário pela presença de um núcleo central. (b) Cilindro epitelial. (b) (c) (c) Cilindro epitelial com células do túbulo renal. Estruturas diversas Células epiteliais escamosas 40 Não é incomum encontrar a menos que estejam presente em grande quantidade e com formas anormais. Em geral são registradas como raras , poucas, muitas e agrupadas.. Geralmente quando não é feita a coleta correta do jato médio aparecem em maior numero. (a) (a) Células epiteliais na urina em grande numero. (b) (b) Células epiteliais. (c) (c) Células epiteliais escamosas cobertas com Gardnerella vaginalis. Células epiteliais pavimentosas Provem do revestimento da vagina e das porções inferiores da uretra feminina e masculina. 41 Células epiteliais transicionais Originam-se do revestimento da pelve renal , da bexiga e da porção superior da uretra. São menores que as pavimentosas, esféricas, caudadas ou poliédricas com núcleo central. (b) Bloco de células epiteliais recobertas por germes. (b) (a) (a) Célula epitelial na urina. (a) (a) Célula epitelial transicional, percebe-se a cauda e seu tamanho menor. (b) (b) Células epiteliais de transição, não caudadas. Células epiteliais dos túbulos renais Quando sua quantidade é grande há indicio de necrose tubular, rejeição de transplante e efeitos secundários da glomerulonefrite. Estas células são redondas e ligeiramente maiores que os leucócitos possuem um núcleo redondo e excêntrico. 42 (a) (a) Células do túbulo renal, característica redonda. (b) (c) (c) Células epiteliais do túbulo renal (setas azuis). Hemácias na urina 43 A existência de hemácias na urina tem relação com lesões na membrana glomerular ou nos vasos do sistema urogenital, uma grande quantidade costuma decorrer de uma glomerulonefrite, mas também é vista em infecçõesagudas. A observação de hematúria microscópica pode ser essencial para o diagnostico de cálculos renais. Considera-se normal achar pouco mais que 1 hemácia . os valores normais são descritos de duas maneiras: – Menos que 3 a 5 hemácias por campo ou menos que 10.000 células por mL (c) No caso de uma hematúria glomerular ( a esquerda) as hemácias terão formas dismórficas, enquanto na hematúria não glomerular as hemácias serão isomórficas. (c) (a) (a) Hematúria microscópica, mostrando hemácias integras, sinalizando hematúria não glomerular. (b) (b) Hemácias na urina, com forma isomórficas, indicando lesão não glomerular. 44 Leucócitos na urina Indica uma possível infecção no trato urinário, hoje em dia se utiliza a analise bioquímica para a detecção de leucócitos , mas a quantia ainda é avaliada microscopicamente. geralmente são encontrados menos de 5 por campo de grande aumento em urina normal, mas na urina feminina esse numero pode ser maior. Agrupamentos de leucócitos e grande numero de bactérias em geral são vistos em amostrar que produzem culturas bacterianas positivas. Valores normais estão abaixo dos 10.000 células por mL ou 5 células por camp (a) (a) Grande quantidade de Leucócitos em amostra de urina. (b) (b) Urina apresentando leucócitos e hemácias, o leucócito pode ser visto a direita. Corpos ovais gordurosos Células dos túbulos renais com lipídios, esta associada com lesão no glomérulo, lipidúria (síndrome nefrótica, nefropatia do diabetes mellitus e lupóide, envenenamento por mercúrio ou etilenoglicol) 45 (a) (a) Corpo gorduroso oval. (b) (b) Corpo oval gorduroso. (c) (c) Vários corpos ovais gordurosos. 46 Candida albicans Pode ser observada na urina de pacientes com diabetes melitos e de mulheres com candidiase vaginal. Deve-se observar atentamente os brotamentos. 47 (a) (a) Amostra de urina com candida sp, nota-se os brotamentos. (b) (b) Candida sp na urina em imagem com zoom maior. (c) (c) Leveduras de candida na urina. Trichonomas vaginalis Encontrado na urina devido a contaminação por secreções vaginais, este organismo é flagelado. 48 Filamentos de muco O muco é um material protéico ( mucina ou fibrina), produzido por glândulas e células epiteliais do trato urogenital. Na microscopia, aparecem estruturas filamentosas com baixo índice de refração, exigindo observação em luz de baixa intensidade. Não é considerado clinicamente significativo. Resultado: a quantificação de muco, é dada em cruzes. (a) (a) Trichonomas vaginalis, em 450X. (b) (b) Trichonomas vaginalis na urina, pode-se notar o flagelo. (a) (a) Amostra com presença de muco, abundante. Flora bacteriana A presença de bactérias pode ou não ser significativa, dependendo do método de coleta urinaria e quanto tempo se passou entre a coleta e a realização do exame. Se a infecção estiver presente, muitos leucócitos serão visualizados no sedimento. Deve ser confirmado pela coloração de gram. 49 (a) (a) Flora bacteriana na urina, presença de bacilos. (b) (b) Presença de bactérias na urina, bacilos. Fibras na urina Presentes devido a pedaços de gaze, ou tecidos. 50 (a) (a) Fibra de gaze na urina. (b) Fibra de gaze na urina. (b) Gotículas de gordura 51 Espermatozoides na urina Por vezes são encontrados na urina devido a relações sexuais ou a ejaculação noturna. (a) (a) Gotícula de gordura em lamina de urina. (a) (a) Espermatozoides na urina. (b) (b) Espermatozoides na urina. Bolha de ar 52 (a) (a) Bolha de ar em lamina. (b) Bolha de ar em lamina. (b) REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS Imagens retiradas de fontes do google imagens. STRASINGER, S. K; Uroanálise e fluidos biológicos. 2ª ed. São Paulo: Panamericana, 1991. VALLADA, E.P. Manual de exames de urina. 4º ed. Atheneu: Rio de Janeiro, 1988. HENRY, B. J.; Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos Laboratoriais. 19º ed. Manole, 1999. 53 Atlas de uroanálise Índice Introdução Número do slide 4 Número do slide 5 Número do slide 6 Número do slide 7 Número do slide 8 Número do slide 9 Número do slide 10 Número do slide 11 Número do slide 12 Número do slide 13 Número do slide 14 Número do slide 15 Número do slide 16 Número do slide 17 Número do slide 18 Cristais na urina acida Número do slide 20 Número do slide 21 Número do slide 22 Número do slide 23 Número do slide 24 Número do slide 25 Número do slide 26 Número do slide 27 Número do slide 28 Cristais de bilirrubina Número do slide 30 Grânulos de hemossiderina Cilindros na urina Número do slide 33 Número do slide 34 Número do slide 35 Número do slide 36 Cilindro adiposo Cilindro misto Cilindro epitelial Número do slide 40 Número do slide 41 Número do slide 42 Hemácias na urina� Número do slide 44 Corpos ovais gordurosos Número do slide 46 Número do slide 47 Filamentos de muco Flora bacteriana Número do slide 50 Número do slide 51 Número do slide 52 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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