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TEMA 4 - PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
A expressão “PODERES ADMINISTRATIVOS” traz implícita a 
ideia de uma faculdade dada ao administrador público. Entretanto, tratam-se de 
poderes-deveres da Administração, visto que, sem eles, esta não conseguiria 
sobrepor a vontade da lei à vontade individual, ou seja, sobrepor o interesse 
público ao privado. 
Os poderes administrativos são ferramentas (prerrogativas) 
concedidas ao administrador público para que seja atingida a finalidade de 
interesse público. Sendo assim, são irrenunciáveis e devem ser exercidos nos 
limites da lei. 
O professor Hely Lopes Meirelles classifica-os em: 
a) Poder Vinculado; 
b) Poder Discricionário; 
c) Poder Hierárquico; 
d) Poder Disciplinar; 
e) Poder Regulamentar; e 
f) Poder de Polícia. 
 
a) Poder Vinculado 
Também chamado de poder regrado. Relaciona-se à prática dos 
atos administrativos chamados VINCULADOS. Nesse tipo de ato administrativo 
é mínima ou inexistente a liberdade de escolha por parte do administrador, ou 
seja, deverão ser executados de acordo com a lei. 
Devemos lembrar que nos atos administrativos vinculados os seus 
elementos ou requisitos de validade (competência, finalidade, forma, motivo 
e objeto) são rigorosamente estabelecidos por lei, não cabendo ao administrador 
público valorar quanto à conveniência/oportunidade de sua prática. 
Na verdade, até nos atos ditos discricionários, a competência, a 
finalidade e a forma são elementos sempre vinculados. 
Poderes da Administração Pública.......................................................Prof. Thomaz Augusto 
 
 
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Os atos vinculados que possuam algum vício em seus elementos 
ou requisitos de validade deverão ser anulados pela própria Administração ou 
pelo Poder Judiciário. São atos irrevogáveis. 
 
b) Poder Discricionário 
Relaciona-se à prática dos atos chamados DISCRICIONÁRIOS. 
Nesse tipo de ato administrativo o administrador público possui certa margem de 
liberdade para atuar, podendo valorar quanto à oportunidade e conveniência de 
sua prática, escolhendo o motivo e o objeto da prática do ato. 
É importante ressaltar que nos atos discricionários, a competência, 
a finalidade e a forma são sempre elementos vinculados. A discricionariedade da 
prática do ato reside na escolha do motivo e do objeto (elementos não-
vinculados ou discricionários em tais atos). 
Devemos relembrar que o ato discricionário ilegal deverá ser 
anulado tanto pela Administração quanto pelo Judiciário. Da mesma forma, nos 
atos discricionários, não cabe ao Poder Judiciário apreciar o mérito do ato 
administrativo, que consiste justamente na escolha da conveniência e 
oportunidade da prática do ato pelo administrador. 
Só há mérito em atos administrativos discricionários, visto que nos 
atos vinculados não há escolha quanto ao motivo e o objeto. 
Já a revogação ocorre quando o ato discricionário se tornou 
inoportuno/inconveniente para a Administração Pública. Somente pode revogar 
um ato administrativo quem o praticou! 
Visando a um maior controle dos atos discricionários, 
justamente para que o Administrador Público não ultrapasse os limites da 
discricionariedade, acarretando, consequentemente, a arbitrariedade, a doutrina 
e a jurisprudência enfatizam diversas limitações ao poder discricionário da 
Administração, além da lei. Destacam-se dentre tais limites os princípios da 
razoabilidade e da proporcionalidade. 
 
c) Poder Hierárquico 
É o poder do qual dispõe a Administração Pública para organizar, 
distribuir e escalonar as funções de seus órgãos e agentes, bem como ordenar 
e rever a atuação destes, estabelecendo a relação de subordinação entre os 
mesmos. 
Para que haja manifestação do poder hierárquico, é fundamental 
que haja uma relação de hierarquia, de subordinação entre as partes. 
Poderes da Administração Pública.......................................................Prof. Thomaz Augusto 
 
 
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Assim, concluímos que não há hierarquia nos Poderes Judiciário e 
Legislativo, quando estiverem no desempenho de suas funções típicas, ou seja, 
só haverá hierarquia em tais Poderes quando no desempenho de suas funções 
administrativas. 
Da relação de subordinação, existente na estrutura hierárquica da 
Administração, podemos destacar como objetivos e consequências do poder 
hierárquico: 
• ordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas; 
• delegar e avocar atribuições; 
• obedecer às determinações superiores, salvo se 
manifestamente ilegais; 
• fiscalizar os atos praticados pelos subordinados; 
• rever os atos de inferiores hierárquicos. 
 
Ressaltamos que segundo a legislação vigente, poderá haver 
delegação de competências entre órgãos ou autoridades, sem que haja uma 
relação de hierarquia, ao passo que na avocação de competências é sempre 
essencial que haja hierarquia entre os órgãos ou autoridades envolvidas (art. 11 
a 17 da Lei nº 9.784/99). 
O Poder Hierárquico permite que o superior aprecie os aspectos de 
legalidade e mérito dos atos praticados por seus subordinados. 
Por fim, é importante não confundirmos subordinação com 
vinculação. A relação de subordinação está associada à ideia de hierarquia 
administrativa, enquanto que a vinculação é decorrência do poder de supervisão 
ministerial sobre a entidade vinculada, fruto da relação existente entre a 
Administração Direta e Indireta (Princípio da Tutela). 
 
d) Poder Disciplinar 
O poder disciplinar é o que cabe à Administração Pública para 
apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores públicos e demais pessoas 
sujeitas à disciplina administrativa; é o caso dos que com ela contratam, como 
as concessionárias, alunos de escola pública. 
Percebemos, assim, que o poder disciplinar, normalmente, é uma 
decorrência do poder hierárquico, ou seja, deriva da estrutura hierarquizada da 
Administração Pública, da relação de subordinação existente na estrutura 
administrativa. 
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e) Poder Regulamentar 
Também chamado por alguns autores de poder normativo. Pode 
ser definido como a prerrogativa concedida à Administração Pública de editar atos 
gerais para complementar as leis e permitir sua efetiva aplicação. O Poder 
Regulamentar, em sentido estrito, consubstancia-se na autorização, ao Chefe do 
Poder Executivo, para a edição de decretos e regulamentos para dar fiel 
cumprimento às leis. 
Já o poder normativo, segundo a doutrina moderna, seria o 
fundamento para que as demais autoridades públicas também emitissem atos de 
caráter normativo. Assim, quando um Ministro de Estado expede uma Instrução 
Normativa ou quando o Presidente de uma Agência Reguladora expede uma 
Resolução, teremos o exercício do poder normativo. 
O poder regulamentar é uma das formas pelas quais o Poder 
Executivo exerce a sua função normativa, sendo certo que o exercício do poder 
regulamentar é fruto do poder normativo (conceito mais amplo e genérico). 
 
f) Poder de Polícia 
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública 
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática 
de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à 
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do 
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou 
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade 
e aos direitos individuais ou coletivos. 
A doutrina majoritária aponta como princípio fundamental
do 
exercício do poder de polícia o da supremacia do interesse público sobre o 
particular, tendo por finalidade a tutela (proteção) do interesse público. 
Dentre as sanções derivadas do exercício do poder de polícia, 
temos: interdição de atividade, fechamento de estabelecimento, demolição de 
construção irregular, apreensão de mercadorias irregulares, inutilização de 
gêneros, destruição de objetos, embargo de obras, etc. 
Segundo Maria Sylvia Di Pietro, temos que “pelo conceito moderno, 
adotado no direito brasileiro, o poder de polícia é a atividade do Estado 
consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do 
interesse público. ” 
Segundo o STF o poder de polícia só pode ser exercido por pessoa 
jurídica de direito público (pessoas políticas, ou seja, U, E, DF e M, bem 
como Autarquias e Fundações Públicas de direito público), dada a natureza 
da atividade envolvida. 
Poderes da Administração Pública.......................................................Prof. Thomaz Augusto 
 
 
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O Poder de Polícia também é divido em: POLÍCIA 
ADMINISTRATIVA E POLÍCIA JUDICIÁRIA. 
 
QUADRO COMPARATIVO: 
PODER DE POLÍCIA POLÍCIA 
ADMINISTRATIVA 
POLÍCIA 
JUDICIÁRIA 
ATUAÇÃO Em regra, preventiva Em regra, repressiva 
TIPO DE ILÍCITO Administrativo Penal 
NORMAS REGULAMENTARES 
Direito 
Administrativo 
Direito Processual 
Penal 
INCIDÊNCIA 
Bens, Direitos e 
Atividades 
Pessoas 
COMPETÊNCIA 
Diversos Órgãos da 
Administração 
Pública 
Corporações 
Especializadas 
 
São ATRIBUTOS do poder de polícia a discricionariedade, a 
autoexecutoriedade e a coercibilidade. 
 
a) Discricionariedade 
Reside na livre escolha, pela Administração Pública, da 
oportunidade e conveniência de exercer o poder de polícia, assim como de aplicar 
sanções e empregar os meios tendentes a atingir o fim pretendido, que é a 
proteção do interesse público. 
Muito embora a discricionariedade seja apontada como regra, não 
podemos esquecer que, em alguns casos, haverá total vinculação do 
administrador à lei, no exercício do poder de polícia, como, por exemplo, na 
concessão de uma licença para o exercício de uma profissão ou para construir. 
 
b) Autoexecutoriedade 
Consiste na possibilidade que tem a Administração Pública de, com 
seus próprios meios, pôr em execução as suas decisões, sem precisar recorrer 
previamente ao Poder Judiciário. 
Segundo a definição de Hely Lopes Meirelles: “a 
autoexecutoriedade consiste na possibilidade que certos atos administrativos 
ensejam de imediata e direta execução pela própria Administração, 
independentemente de ordem judicial”. 
 
Poderes da Administração Pública.......................................................Prof. Thomaz Augusto 
 
 
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c) Coercibilidade 
É a imposição coativa das medidas adotadas pela Administração, 
ou seja, deve ser obrigatoriamente observada pelo particular, 
independentemente de sua concordância. 
A imposição coercitiva também prescinde de prévia autorização 
judicial, mas não impede uma posterior avaliação por tal poder, com vistas a 
apurar o chamado abuso de poder, em suas modalidades: excesso de poder 
e desvio de poder. 
 
O abuso de poder é gênero do qual são espécies: o excesso de 
poder e o desvio de poder. 
 
Estará configurado o excesso de poder, quando a autoridade 
competente extrapola os limites de sua competência, ou seja, decorre da atuação 
do agente fora dos limites legais de sua competência. 
Assim, por exemplo, quando a autoridade, competente para aplicar 
a pena de suspensão, impõe penalidade mais grave, que não se encontra na 
esfera de suas atribuições, está caracterizado o excesso de poder. 
 
Já o desvio de poder ocorre quando o administrador atinge 
finalidade diversa do interesse público, ou seja, decorre da atuação do agente 
apartada do interesse público, ainda que dentro da sua competência ou, embora 
atinja o interesse público, utiliza-se de ato com finalidade diversa daquela 
prevista em lei. 
Como exemplo de desvio de poder podemos citar a remoção de 
ofício como forma de punição de um servidor. 
 
Em tal situação, muito embora tenha atingido o interesse público, 
o administrador utilizou o ato de remoção com finalidade de punição, que não é 
a prevista em lei, para tal ato, visto que o ato de remoção não tem caráter 
punitivo.

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