Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CAMPUS DE RIO PARANAÍBA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ANÁLISE DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DE QUEIJOS EM UMA PROPRIEDADE NO MUNICÍPIO DE PATOS DE MINAS: ESTUDO DE CASO DE VIABILIDADE ECONÔMICA NATALIA DE DEUS MATOS Bacharel em Ciências Contábeis Rio Paranaíba, MG 2016 NATALIA DE DEUS MATOS ANÁLISE DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DE QUEIJOS EM UMA PROPRIEDADE NO MUNICÍPIO DE PATOS DE MINAS: ESTUDO DE CASO DE VIABILIDADE ECONÔMICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Viçosa – Campus de Rio Paranaíba, como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Rio Paranaíba, MG 2016 NATALIA DE DEUS MATOS ANÁLISE DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DE QUEIJOS EM UMA PROPRIEDADE NO MUNICÍPIO DE PATOS DE MINAS: ESTUDO DE CASO DE VIABILIDADE ECONÔMICA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Viçosa – Campus de Rio Paranaíba, como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. APROVADA: ___________________________ ________________________________ Prof. Prof. ______________________ Prof. Edson Rodrigo de Almeida (Orientador) Rio Paranaíba, MG 2016 RESUMO Considerando a representatividade do leite na economia brasileira e as dificuldades encontradas no mercado o estudo objetivou fazer um levantamento dos custos na produção do queijo em uma propriedade rural do município de Patos de Minas e análise destes para saber se estava sendo economicamente viável para o proprietário. Para tanto foram feitas visitas a fazenda durante dois meses, apuração e mensuração dos custos por meio de planilhas do Microsoft Excel e também análise de alguns índices. A pesquisa obteve um resultado positivo, apresentando grande margem de lucro nos dois meses analisados, e índices que comprovaram que a produção que queijos na fazenda é economicamente viável. Pode-se ainda concluir que o proprietário consegue ter um gerenciamento da sua propriedade, ainda que não utilize de ferramentas especificas da contabilidade gerencial. Palavras chave: custos; viabilidade econômica; atividade leiteira; produção de queijos. INTRODUÇÃO A atividade leiteira é considera uma das principais atividades do segmento de agronegócio no Brasil. De acordo com o Ministério da Agricultura, pecuária e abastecimento o valor bruto da produção de leite no ano de 2016 até o mês de setembro foi de 26, 35 bilhões de reais, tendo dobrado o valor desde 2000 quando a produção era de 13,14 bilhões. A pecuária de leite é um segmento que vem se modernizando ao longo dos anos e ao mesmo tempo se tornando um mercado competitivo em relação à qualidade e à produtividade. Uma das dificuldades dos produtores de leite está em controlar o preço do produto, tendo que buscar melhores formas de gerir seu negócio dentro do que é possível alcançar. Buscar diminuir os custos na produção e saber aproveitar as oportunidades são fatores cruciais para se manter no mercado. (REIS; MEDEIROS; MONTEIRO, 2001) Considerando que o mercado pode oscilar, é preciso que os produtores estejam atentos as questões internas, principalmente com o planejamento e gerenciamento do seu negócio, conseguindo assim manter a atividade nos períodos de declínio. O mercado de leite é considerado instável e sofre grandes variações em um curto período de tempo, tanto no volume de produção quanto no preço pago, principalmente em período de safra quando a oferta aumenta e consequentemente o preço cai. (CANAL RURAL, 2016). Segala e Silva (2007) justificaram o mau desempenho na atividade leiteira em seu trabalho de apuração de custos devido principalmente a fatores externos como grandes períodos de seca, crescimento dos custos para adquirir equipamentos e insumos agrícolas e também pela redução no preço do leite pago ao produtor. Além de conhecer bem o mercado no qual está inserido, o produtor necessita de ferramentas capazes de auxilia-lo internamente para que ele consiga gerir seu negócio de forma eficaz e rentável, visto que o mercado é uma variável que está fora do seu controle. O entendimento profundo do seu próprio negócio é indispensável na visão de Crepaldi (2012, p.2) para que o produtor possa enfrentar o mercado e a dependência dele. A contabilidade é uma das ferramentas que pode auxiliar desde a identificação e levantamento dos elementos componentes dos custos de um produto até a elaboração de relatórios gerenciais, permitindo ao produtor uma visão mais ampla do seu negócio. As empresas ligadas à atividade rural tendem a encontrar dificuldades em aplicar as técnicas da contabilidade destacadamente pela falta de informação e de profissionais que auxiliem na implantação. (HOFER ET AL., 2011) Neste sentido o presente estudo buscou analisar os custos de produção em uma propriedade leiteira do município de Patos de Minas, respondendo ao seguinte problema: existe eficiência econômica e gerenciamento na produção de queijos em uma pequena propriedade no município de Patos de Minas? O objetivo é averiguar se a atividade da empresa rural está sendo economicamente viável através do levantamento e mensuração dos custos e receitas, verificar se existem sistemas gerenciais dentro da fazenda e se eles são estão sendo eficientes. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1- Contabilidade e custos A contabilidade foi, até o século XVIII, voltada para a parte financeira da empresa. Com a Revolução Industrial, os contadores viram-se na necessidade de encontrar novos critérios para apuração do resultado, considerando os fatores de produção utilizados, e a existência de outras variáveis, além do preço de aquisição. (MARTINS, 2010) A contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões (MARION, 2002, p.27). Segundo Crepaldi (2011) contabilidade é a ciência encarregada de estudar e controlar o patrimônio das entidades mediante registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos nele ocorridos, com o fim de oferecer informações sobre a composição e variação bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. A respeito especificamente da contabilidade de custos, esta foi, em um primeiro momento, uma ferramenta para resolver problemas de mensuração dos estoques e do resultado, e somente há algumas décadas vem sendo utilizada para fins gerenciais nas organizações (MARTINS, 2010). A Contabilidade de Custos, segundo Cardoso Neto (2007), é o sistema contábil geral de uma forma mais discriminada que considera os custos, estoques, precificação e ainda permite aos responsáveis controlar, planejar e tomar decisões. Além disso ela auxilia na solução de problemas referentes ao preço de venda, desperdícios, margem de contribuição, insumos entre outros. Martins (2010, p. 25) define custo como “gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços” Ainda segundo o autor, o gasto só é reconhecido como custo quando ele é utilizado para fazer o produto ou executar o serviço (MARTINS, 2010). Matéria-prima, mão-de-obra, embalagem, energia e aluguel da fábrica são alguns exemplos de custos que são classificados em fixos ou variáveis e diretos ou indiretos. Já para Leone (2008, p. 54) custo é “o consumo de um fator de produção, medido em termos monetários para a obtenção de um produto, de um serviço ou de uma atividade que poderá ou não gerar renda”. Santos; Marion e Segatti (2009) classificam receitas como o valor de venda das mercadorias ou prestação de serviços, que são representadas no Balanço Patrimonial como entrada de dinheiro noCaixa, caso a venda tenha sido a vista, ou caso tenha sido a prazo como Direitos a receber de cliente. Para Dutra (2010), a receita de um bem é seu preço de venda multiplicado pela quantidade vendida, e caso a empresa comercialize diversos tipos de bens, a sua receita total é o somatório das multiplicações dos diferentes preços de venda pelas quantidades vendidas respectivamente. Despesa na visão de Crepaldi (2011) é o gasto utilizado fora do processo produtivo, a fim de se realizarem as receitas e ainda propõe uma regra simples e didática, onde os gastos incorridos até que os produtos estejam concluídos são denominados custos e os custos incorridos a partir daí são denominados despesas. Dutra (2010) define despesa como gasto incorrido após o processo produtivo, durante as operações de comercialização. 2.2- Classificação dos custos Em relação à categorização dos custos, Megliorini (2012) aponta duas classificações básicas, que são quanto aos produtos fabricados (diretos e indiretos) e quanto ao comportamento em diferentes volumes de produção (fixos e variáveis). Os custos diretos são aqueles que, de fato, foram consumidos no produto. Para que seja considerado um custo direto é preciso que tenha uma medida de consumo. Mão de obra, matéria prima e embalagem são exemplos clássicos de custos diretos. Os custos indiretos: são alocados aos produtos por meio de rateio ou outro critério de apropriação, pois não permitem uma medição precisa (MARTINS, 2010). Aluguel da fábrica e salários da supervisão e da chefia são modelos de custos indiretos. Custos variáveis dependem da quantidade produzida, se aumentar a produção, os custos também aumentam, e se a produção cair, os custos diminuem. A matéria prima é um exemplo claro de custo variável, pois quanto mais se produz uma maior quantidade é necessária. Custos fixos: independem da quantidade produzida dentro do limite da capacidade fixada. São os provenientes da manutenção da estrutura produtiva da empresa. Exemplos de custos fixos são o aluguel da fábrica e a depreciação das máquinas (se for pelo método linear) (MEGLIORINI, 2012). É importante ressaltar que “a classificação em Fixos e Variáveis leva em consideração a unidade de tempo, o valor total de custos com um item nessa unidade de tempo e o volume de atividade” (MARTINS, 2010, p.50). Ele ainda ressalta que quando considera a relação entre período e a quantidade de atividade, não se está confrontando um período com outro. 2.3- Contabilidade gerencial A Contabilidade gerencial segundo Atinkson et al(2011, p.36) “é o processo de identificar, mensurar, relatar e analisar as informações sobre os eventos econômicos da organização.” A informação contábil gerencial além de financeira, é fonte importante nas tomadas de decisões e controle nas organizações auxiliando funcionários, gerentes e executivos. As principais funções da informação contábil gerencial são controle operacional, custeio de produto e cliente, controle gerencial e controle estratégico. O controle operacional refere-se a eficiência e qualidade das tarefas, o custeio é medir os custos desde a produção até a entrega ao cliente, o controle gerencial se relaciona as informações do gerente e unidades operacionais e o controle estratégico fornecer informações à empresa sobre o mercado externo como competitividade, clientes e tecnologias. (ATIKINSON ET AL., 2012) O objetivo da contabilidade gerencial na visão de Padoveze (2010, p. 17) é conseguir resolver tudo aquilo que está ligado à gestão das entidades onde se torna indispensável a informação contábil, abrangendo a empresa por completo, desde questões estratégica e de planejamento até execução e controle. Dentro dos sistemas de informação contábil tem-se a área legal/fiscal, área de análise e área gerencial. A área gerencial segundo Padoveze (2010, p.25) compreende os subsistemas de orçamentos e projeções, a contabilidade de custos e formação de preços de venda, contabilidade por responsabilidade, e suas variações nos conceitos de apuração de resultados por centros de lucros e unidades de negócio, e, finalmente, a contabilidade de apoio a estratégia, representada pelos subsistemas de acompanhamento do negócio e gestão de risco 2.4- Contabilidade rural A contabilidade rural é a contabilidade geral empregada à atividade rural. Dentro do ramo rural, Marion (2014) destaca alguns tipos, como contabilidade agrícola, zootécnica, agropecuária, contabilidade da pecuária e da agroindústria. Hofer et al (2011) ressalta que a contabilidade rural tem seus preceitos fundamentados na orientação, controle e registro dos atos e fatos realizados por uma empresa rural que, tem como fim o comércio ou indústria da agricultura e/ou a pecuária. Empresa rural, segundo Marion (2014, p.2), “são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo de terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”. Ainda segundo Marion (2014), podem existir na atividade rural a pessoa física e a pessoa jurídica, sendo a primeira mais comum no Brasil, por ser menos onerosa. Os pequenos e médios produtores rurais têm algumas vantagens em optar pela pessoa física, como desobrigação da escrituração em livros contábeis para fins de Imposto de Renda, podendo valer-se apenas de um livro-caixa e fazer uma escrituração mais fácil. 2.5- Atividade leiteira Na contabilidade rural, uma das atividades que se destaca é a produção leiteira. Nepomuceno (2004) evidencia que a atividade leiteira pode ser caracterizada pelas propriedades que se ocupam à produção de leite destinada à venda ou à transformação em produtos laticínios, como por exemplo o queijo branco. Os estabelecimentos que se destinam a produção de leite contam com um plantel de vacas específicas, de acordo com a raça, para essa produção. O gado leiteiro tem um valor mais alto do que o gado de corte, porém sofre depreciação ao longo de sua vida útil na função de produzir leite, após a qual, destina-se ao corte. Quase sempre o plantel de vacas leiteiras é renovado com os produtos de sua reprodução, ou seja, as crias que nascem, continuam na fazenda (NEPOMUCENO, 2004). O cálculo dos custos das atividades agrícolas é complexo e incerto, devido principalmente à falta de conhecimento dos critérios a serem adotados e de quais são os itens considerados de fato como custos. Conforme a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA, 2011) “no caso do leite esta constatação é ainda mais relevante, pela complexidade das atividades que envolvem a produção na fazenda”. Os produtores rurais, tanto os pequenos como os grandes, as indústrias e agentes privados estão mostrando maior interesse em calcular o custo do leite, fazendo com que haja uma economia nos custos e consequentemente aumento na competitividade nos mercados finais. Em relação aos procedimentos práticos para calcular os custos na produção de leite, os principais são: - Calcular o custo total da atividade leiteira. Ou seja, considerando a produção de leite, a produção de alimentos e a criação de animais como um único centro de custos. Ao fim dos cálculos, devem-se usar critérios adequados para se chegar ao custo do leite -Usar o período mínimo de um ano para se obter melhores e mais consistentes informações. - Efetuar o cálculo do custo depois de realizada a atividade produtiva, ou seja, de um período passado. - No caso dos insumos para produção de alimentos, deve-se trabalhar apenas com os totais efetivamente consumidos pelas atividades produtivas. Não devem ser considerados, para efeito de cálculo, eventuais estoques de insumos e/ou alimentos (esta observação é válida, embora o pressuposto inicial de cálculo anual dos custos diminua a importância dos estoques na atividade leiteira). - Efetuar os cálculos com valores deflacionados explicitando na metodologia os índices de preços e o mês base de cálculos. - Considerar nos cálculos o preço bruto pago pelos insumos e pelo leite. (EMBRAPA, 2011) De acordo com a EMBRAPA (2011), os principaiscomponentes de custos da atividade leiteira são: alimentos concentrados, alimentos volumosos, leite para bezerros, suplemento mineral, medicamentos e vacinas, energia, inseminação artificial, manutenção e reparos, materiais de ordenha, impostos e taxas, mão de obra permanente, mão de obra familiar, transporte do leite, materiais de consumo, depreciação, entre outros. Como receitas, podem ser considerados: volume de leite destinado à venda, leite para consumo das bezerras, variação do inventário em rebanho (animais produzidos na fazenda e incorporados ao rebanho), venda de animais e outras receitas como venda de esterco e silo (EMBRAPA, 2011). PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente estudo caracterizou-se como exploratório em relação aos seus objetivos, pois buscou na propriedade dados primários poucos conhecidos que foram analisados e explorados visando responder ao problema. Conforme Mattar (2014), a pesquisa exploratória busca trazer ao pesquisador maior conhecimento da área em estudo, permitindo uma investigação desde os primeiros estágios e ainda estabelecer o problema da pesquisa de forma mais adequada, através da criação de questões e do melhoramento de fatos e hipóteses a serem estudados. Quanto a abordagem pode ser definida como qualitativa e quantitativa, pois além de descrever os processos e custos a pesquisa também quantificou e mensurou esses custos. A pesquisa qualitativa se preocupa no aprofundamento da compreensão de um determinado processo, organização, isto é descrever, compreender e explicar com precisão. Na abordagem quantitativa são utilizados procedimentos mais estruturados e instrumentos formais para coleta de dados e enfatiza a objetividade na análise numérica dos dados. (GERHARDT E SILVEIRA, 2009) Por analisar somente uma propriedade rural e se limitar ao estudo desta a pesquisa pode ainda ser classificada como um estudo de caso. Na visão de Gil (2007, p.72-73) “o estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível mediante os outros tipos de delineamentos considerados. ” Foram feitas visitas à propriedade a fim de observar todo o processo em torno da produção do queijo e quais os custos foram incorridos durante o período caracterizando assim como uma observação simples. Na observação simples, a coleta de dados é seguida de um processo de análise e interpretação fazendo com que assim seja reconhecido como procedimentos científicos. Ela permite obter elementos para a definição do problema, ajuda na criação de hipóteses e facilita a obtenção de dados (GIL, 2007). A propriedade em estudo está localizada na zona rural do município de Patos de Minas foi escolhida pela facilidade de acesso aos dados e pelo fato da atividade leiteira ter grande representatividade na região. Em um primeiro momento foi feita uma visita para explicar aos envolvidos os objetivos do trabalho, quais seriam os benefícios e também pedir a colaboração deles com anotação de alguns dados e informações. Foi analisado um bimestre, setembro e outubro, período esse determinado de acordo com o tempo disponível para coleta, mensuração e análise dos dados. Alguns dados foram sendo anotados pelos próprios proprietários, pois o acompanhamento diário seria impraticável, para isso foram deixadas tabelas estruturadas de forma que facilitassem o preenchimento. Durante esse período, foram feitas um total de quatro visitas, onde eram recolhidos os dados e outras informações que foram muito relevantes para o trabalho e além disso o proprietário fez questão de apresentar toda a estrutura, processo e práticas da fazenda. A tabulação e organização dos dados foram feitas no Microsoft Excel, facilitando a mensuração e análise. Foram utilizados os índices de margem de contribuição, ponto de equilíbrio e margem de segurança para uma melhor analise dos resultados. APURAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A propriedade rural estudada é considerada pequena e de cunho familiar, com uma área total de 59 hectares sendo 30 delas destinadas à lavoura, 26 para pastagens e piquetes e a restante reserva nativa. Por não ser caracterizada como empresa e não estar registrada na Junta Comercial está dispensada da elaboração de Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício de acordo com que é estabelecido pelo artigo 1.179 do Novo Código Civil (NCC). A fazenda pertence à família desde 1996 e começou com apenas 10 vacas, sendo que desde o princípio o casal são os responsáveis pelos serviços de cuidar dos animais, ordenhar as vacas e produzir os queijos, que é o produto final da fazenda. Nos últimos 5 anos os proprietários investiram na infraestrutura e melhoramento das instalações, visando diminuir mão-de-obra e tempo de serviço. O gado é criado no sistema semi-intensivo, onde durante quase todo tempo permanecem no pasto, mas também recebem alimentação extra, silo e ração. O fazendeiro optou pelo método de rotação de piquetes, onde o rebanho é separado em lotes e o pasto é dividido em pequenas áreas, tornando possível um melhor aproveitamento da área. 4.1- Plantel Plantel é o lote de animais de determinada raça, principalmente animais de boa qualidade. O plantel da fazenda atualmente é composto por um total de 109 animais da raça Girolando, conforme exposto no Quadro 1. De acordo com a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando a raça é considerada a mais versátil do mundo tropical, pois suas características permitem com que os animais se adaptem muito fácil a qualquer tipo de manejo e clima, permitindo ao produtor fazer mudanças imprevistas no manejo, alimentação e outros cuidados no caso de aumento de custos, mudanças climáticas inesperadas ou ainda queda no preço. As fêmeas são excelentes produtoras de leite, representando 80% da produção de leite no Brasil. Na fazenda a inseminação é natural, ou seja, o custo é apenas com os dois touros reprodutores. As fêmeas que nascem são mantidas e criadas até se tornarem vacas leiteiras, já os machos a maioria são entregues para abate quando ainda bem pequenos, pois segundo o proprietário não é compensativo cria-los. As novilhas têm sua primeira cria por volta dos 24 meses, tornando-se vacas e então a cada ano elas reproduzem, ficando um período de 02 meses sem produzir leite, chamado de vaca-seca. Setembro Outubro Vacas em lactação 35 32 Vacas secas 05 08 Novilhas de 12 a 24 meses 45 45 Bezerras de 03 a 12 meses 16 19 Bezerras de 0 a 03 meses 06 03 Touros reprodutores 02 02 Total de animais 109 109 Quadro 1- Constituição do Plantel Fonte: Dados da pesquisa O proprietário ressaltou que a cada ano ele vende pelo menos uma remessa de matrizes, e é dessa venda que obtém um lucro maior. Segundo ele no mês de agosto vendeu 20 vacas em lactação pelo preço de R$ 3500,00 gerando uma receita de R$ 70000,00. “Devemos ressaltar que muitas vezes a comercialização dos bovinos que "sobram" no processo produtivo é mais significativa do que a venda da produção leiteira propriamente dita.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE GIROLANDO) 4.2- Exaustão dos animais Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando a vida útil de uma vaca dessa raça chega aos 15 anos, ou seja, ela produz leite até os 15 anos de idade, tendo seu pico nos 10 anos. Na fazenda o proprietário considera que não há exaustão dos animas e sim valorização, pois quando estão no seu auge de produção ele vende as vacas para outros produtores que interessados na qualidade do plantel e quantidade de leite que estão produzindo pagam preços compensativos. De acordo com o proprietário isso se torna lucrativo pelo fato de que as matrizes leiteiras são vendidas na idade que ainda não perderam valor, e a reposição dessas é feita com novilhas que já são produzidas na própria fazenda. 4.3- Alimentação dos animais A alimentação do rebanho é basicamente pastagem, silo e ração. Na fazenda o gadoé alimentado o ano todo com silo e ração exigindo portanto uma área de pastagem bem pequena. Para complementar ainda é oferecido suplemento mineral para todo o gado, de acordo com a idade e a necessidade. Silo é o milho verde moído e depois armazenado em lonas onde ocorre a fermentação. O silo é produzido na própria propriedade, geralmente nos primeiros meses do ano e utilizado durante todo os outros meses, e seu custo é calculado pelo proprietário na época em que é fabricado. O custo apurado por ele foi de R$0,08 para cada quilo de silo consumido e os custos mensais estão relatados nos quadros 2 e 3. Nº bovinos Quantidade/bov (kg) Valor/kg Custo diário Custo mensal Vacas em lactação 35 20 R$ 0,08 R$ 56,00 R$ 1.680,00 Vacas secas 5 10 R$ 0,08 R$ 4,00 R$ 120,00 Novilhas de 12 a 24 m 45 10 R$ 0,08 R$ 36,00 R$ 1.080,00 Bezerras de 03 a 12 m 16 4 R$ 0,08 R$ 5,12 R$ 153,60 Bezerras de 0 a 03 m 6 - R$ - R$ - R$ - Touros reprodutores 2 20 R$ 0,08 R$ 3,20 R$ 96,00 Equinos 1 10 R$ 0,08 R$ 0,80 R$ 24,00 Gasto total com silo em setembro R$ 3.153,60 Quadro 2- Consumo silo – Setembro Fonte: Dados da pesquisa Nº bovinos Quantidade/bov (kg) Valor/kg Custo diário Custo mensal Vacas em lactação 32 20 R$ 0,08 R$ 51,21 R$ 1.536,00 Vacas secas 8 10 R$ 0,08 R$ 6,40 R$ 192,00 Novilhas de 12 a 24 m 45 10 R$ 0,08 R$ 36,00 R$ 1.080,00 Bezerras de 03 a 12 m 19 4 R$ 0,08 R$ 6,08 R$ 182,40 Bezerras de 0 a 03 m 3 - R$ - R$ - R$ - Touros reprodutores 2 20 R$ 0,08 R$ 3,20 R$ 96,00 Equinos 1 10 R$ 0,08 R$ 0,80 R$ 24,00 Gasto total com silo em setembro R$ 3.110,40 Quadro 3- Consumo Silo – Outubro Fonte: Dados da pesquisa A ração é composta de milho moído, sorgo, farelo de soja e sais minerais e também é fabricada na fazenda. Como o produtor adquire matéria-prima a um custo bem menor, é mais vantajoso para ele fabricar a ração ao invés de adquirir de terceiros. O custo da ração segundo ele considera apenas os custos com matéria prima, pois não há custo com mão de obra, e os custos com energia foram considerados na energia total. Nº bovinos Quantidade/bov (kg) Valor/kg Custo diário Custo mensal Vacas em lactação 35 6,85 R$ 1,04 R$ 249,34 R$ 7.480,20 Vacas secas 5 2 R$ 1,04 R$ 10,40 R$ 312,00 Novilhas de 12 a 24 m 45 1,3 R$ 1,04 R$ 60,84 R$ 1.825,20 Bezerras de 03 a 12 m 16 1,2 R$ 1,04 R$ 19,97 R$ 599,04 Bezerras de 0 a 03 m 6 0,5 R$ 1,04 R$ 3,12 R$ 93,60 Touros reprodutores 2 2 R$ 1,04 R$ 4,16 R$ 124,80 Equinos 1 1,5 R$ 1,04 R$ 1,56 R$ 46,80 Gasto total com ração em setembro R$ 10.481,64 Quadro 4- Consumo de ração – Setembro Fonte: Dados da pesquisa Nº bovinos Quantidade/bov (kg) Valor/kg Custo diário Custo mensal Vacas em lactação 32 6,85 R$ 1,04 R$ 227,97 R$ 6.839,04 Vacas secas 8 2 R$ 1,04 R$ 16,64 R$ 499,20 Novilhas de 12 a 24 m 45 1,3 R$ 1,04 R$ 60,84 R$ 1.825,20 Bezerras de 03 a 12 m 19 1,2 R$ 1,04 R$ 23,71 R$ 711,36 Bezerras de 0 a 03 m 3 0,5 R$ 1,04 R$ 1,56 R$ 46,80 Touros reprodutores 2 2 R$ 1,04 R$ 4,16 R$ 124,80 Equinos 1 1,5 R$ 1,04 R$ 1,56 R$ 46,80 Gasto total com ração em outubro R$ 10.093,20 Quadro 5- Consumo de ração – Outubro Fonte: Dados da pesquisa 4.4- Manutenção, conservação e limpeza Os custos com manutenção, conservação e limpeza estão relacionados à limpeza da ordenha, higienização das tatas antes e depois de retirar o leite e o filtro utilizado na ordenha, que deve ser trocado a cada sessão, custos estes que tem um valor baixo, e segundo o produtor quase não variam. Ele calcula que no mês esses custos ficam em torno de cem reais, sendo $50,00 para os produtos de limpeza, $32,00 os gastos com higienização das vacas e os outros $18,00 com os filtros. 4.5- Energia e água O consumo de energia e água destinados diretamente para a atividade leiteira não é passível de mensuração exata, pois não há um medidor especifico para isso. A água é um recurso natural da fazenda suficiente para consumo das pessoas, dos animais e para as outras atividades relacionadas a produção do queijo. Como há um poço artesiano na fazenda, o custo é apenas com a energia gasta pela bomba d’ água. Esse custo foi apropriado no gasto com energia. Como na fazenda existe apenas um padrão de energia, os gastos com energia foram rateados de acordo com o consumo médio de cada equipamento utilizado de forma direta ou indireta na produção do leite, conforme Quadro 6. Nos meses de setembro e outubro a fazenda teve coincidentemente o mesmo consumo de Kwh, sendo um total de 695, o que corresponde que pouco mais de 65% da energia é utilizada para a atividade leiteira, portanto considerou-se o mesmo valor utilizado na atividade para os dois meses, mas esse custo pode variar de um mês para outro. O valor de cada kwh consta na conta de energia da propriedade. Para calcular o consumo médio de energia (kWh) de cada equipamento utilizou-se da seguinte fórmula: Potência do equipamento (W) x Nº de horas utilizadas x Nº de dias de uso ao mês 1.000 Potência (Watts) Uso/mês (dias) Utilização/dia (h) Consumo (Kwh) Preço/Kwh Valor (R$) Ordenha 2600 30 3 234 R$ 0,48 R$ 112,32 Bomba d´água 2500 30 1,5 112,5 R$ 0,48 R$ 54,00 Motor de moer grãos 5500 20 0,75 82,5 R$ 0,48 R$ 39,60 Misturador de ração 2400 20 0,5 24 R$ 0,48 R$ 11,52 Total 453 R$ 0,48 R$ 217,44 Quadro 6- Consumo médio de energia dos equipamentos Fonte: Dados da pesquisa 4.6- Medicamentos e vacinas O controle de vacinas é feito de acordo com o calendário que já existe previamente fixado, mas outras podem ser feitas de acordo com a necessidade do rebanho. Nos meses de setembro e outubro não teve nenhuma campanha de vacinação. O controle de parasitas externos é feito por meio de pulverização a cada 10 dias. O custo de cada pulverização foi de $98,00, tendo sido feita 3 pulverizações em cada mês. No mês de setembro foi aplicado um medicamento para controle de parasitas internos, tratamento este feito apenas duas vezes ao ano em todo o plantel, desde bezerras com 3 meses até as vacas em lactação e teve um custo de $360,00. Esse valor é apropriado por mês, sendo então trinta reais por mês. Outros medicamentos foram gastos no período para controle de mastite por exemplo e outros agentes que viessem a causar prejuízos ao rebanho afetando sua saúde e também a produtividade. A mastite segundo o proprietário é um grave problema na fazenda, pois além de ser caro o tratamento, ela pode infectar outras vacas e além disso o leite daquela que está infectada tem que ser descartado. Estes custos podem ser observados no Quadro 7. SETEMBRO OUTUBRO Controle de parasitas externos R$ 294,00 R$ 294,00 Controle de parasitas internos R$ 30,00 R$ 30,00 Outros medicamentos e vacinas R$ 270,00 R$ 218,00 Total R$ 594,00 R$ 542,00 Quadro 7- Gastos com medicamentos e vacinas Fonte: Dados da pesquisa 4.7- Mão-de-obra A mão-de-obra era até o ano de 2015 totalmente familiar, apenas o dono, sua esposa e os filhos faziamtodo o serviço. Com o crescimento do rebanho, foi contratado um funcionário para cuidar da alimentação dos animais e limpeza dos barracões e galpões, portanto existem despesas com salários apenas de um funcionário. A silagem é colocada em cochos de acordo com a quantidade definida para cada lote e logo em seguida a ração. Os gastos com mão-de-obra estão expostos no Quadro A etapa de ordenhar a vacas é feita pelo próprio proprietário duas vezes ao dia, de manhã e à tarde, sendo que envolve desde o processo de reunir as vacas na sala de espera até a limpeza da ordenha depois que termina de tirar o leite. A ordenha de fosso é um sistema que oferece mais comodidade, segurança e redução na mão-de-obra, além de permitir ordenhar um número maior de vacas ao mesmo tempo. Fabricar o queijo é um dos processos que demanda mais tempo e mão-de-obra, pois é todo manual e artesanal. Depois que o leite coalha, a massa é cortada, separa o soro que depois é utilizado para alimentar os suínos que existem na fazenda, a massa é dividida em panos e depois enformada. Este serviço é feito pela esposa do fazendeiro, que produz queijo há mais ou menos 30 anos. 4.8- Equipamentos e instalações Os equipamentos e instalações que existem são todos utilizados 100% na produção do leite, pois é a principal e única atividade da fazenda. Algumas destas instalações já existiam na fazenda antes mesmo de ser do atual proprietário, portanto ele não sabe o valor do investimento e nem quando ele foi feito. A depreciação foi calculada baseando na Tabela de Taxas de depreciação de bens do Ativo Imobilizado. Segue na Tabela 8 e 9 a relação dos equipamentos e instalações e as respectivas depreciações. De acordo com a tabela a vida útil de todo eles são 10 anos. Equipamentos Ano aquisição Valor aquisição % depreciação Valor deprec. / mês Ordenha 2011 R$ 18.000,00 10 R$ 150,00 Motor de moer grãos 1999 R$ 3.500,00 10 - Misturador de ração 2009 R$ 1.500,00 10 R$ 12,50 Carroça 2001 R$ 800,00 10 - Bomba d' agua 2014 R$ 4.800,00 10 R$ 40,00 Balança 2000 R$ 1.000,00 10 - Valor mensal de depreciação dos equipamentos R$ 202,50 Quadro 8- Depreciação de equipamentos Fonte: Dados da pesquisa Instalações Valor do investimento Ano aquisição % depreciação Valor deprec. /mês Galpão de ordenha (Estrutura metálica com ordenha de fosso) R$ 35.000,00 2015 10 R$ 291,67 Cocheira coberta (vacas em lactação) R$ 15.000,00 2014 10 R$ 125,00 Galpão para guardar ração e grãos (Estrutura metálica) R$ 38.000,00 2012 10 R$ 316,67 Galpão de alvenaria para guardar equipamentos - - 10 R$ - Sala de produção de queijos R$ 5.000,00 2006 10 R$ 41,67 Cocheiras não cobertas R$ 5.000,00 2014 10 R$ 41,67 Cercas R$ 9.000,00 2006 10 R$ 75,00 Rede de água/encanamento R$ 7.000,00 2014 10 R$ 58,33 Valor mensal de depreciação das instalações R$ 950,00 Quadro 9- Depreciação das instalações Fonte: Dados da pesquisa 4.9- Produção de queijos Depois que o leite é tirado existem duas opções para o fazendeiro, vender o leite resfriado para os laticínios ou produzir o queijo e vender para os queijeiros que depois revendem para terceiros em cidades maiores. O proprietário nos relatou que desde que entrou nesse ramo optou por produzir o queijo, pois ele acredita que apesar de ser mais trabalhoso e demandar mais tempo oferece um lucro maior. Outra vantagem que ele cita é sobre o pagamento, que no caso de quem entrega o leite para laticínios recebem apenas uma vez no mês, e quem faz queijo recebe semanalmente, permitindo girar mais o dinheiro. Para produção dos queijos são necessários pouco produtos, leite, coalho, pingo e sal. Para produzir um queijo de mais ou menos um quilo e trezentos gramas são necessários dez litros de leite. O coalho é uma solução que dissolvida no pingo (liquido que escorre dos queijos prontos) e misturada ao leite faz com que o ele coalhe, sendo necessário apenas 50 ml para cada 100 litros de leite. Assim que o queijo fica pronto tem a etapa da salga por dois dias. Existem alguns outros gastos como panos próprios para fazer os queijos, formas de plástico, tela e produtos de limpeza, que são comprados a medida que vão desgastando ou acabando. As formas são de plástico e duram em média dois anos e seu custo de aquisição atualmente é de R$2,00 cada unidade, sendo que contam com um total de 100 formas. Os panos são próprios para espremer os queijos, custam R$1,50 cada e são necessários 30 panos pela quantidade de queijos que está sendo produzida, considerando que é necessário troca-los a cada três meses. A tela colocada para dar uniformidade aos queijos tem um custo de 30 reais e é trocada a cada semestre. Os produtos de limpeza são ácidos, detergentes e desinfetantes e por mês ficam em treze reais. O produtor não incorre eu custos para entregar o produto, pois são os queijeiros que vão até a fazenda. No quadro 10 estão os produtos e materiais usados na fabricação do queijo. Setembro Outubro Coalho R$ 50,70 R$ 47,26 Sal grosso R$ 33,96 R$ 30,00 Forma R$ 8,33 R$ 8,33 Pano R$ 15,00 R$ 15,00 Produtos limpeza R$ 13,00 R$ 13,00 Total R$ 120,99 R$ 113,59 Quadro10- Produtos e materiais da fabricação do queijo Fonte: Dados da pesquisa Os queijos são vendidos no peso (quilo) e o preço do quilo pode variar semanalmente. Conforme o proprietário explicou os preços são mais altos no período da seca nos meses de abril até outubro, quando já começa a cair novamente. Um fato curioso é que diferente da maioria dos negócios, quem determina o preço é o comprador e não quem está vendendo o queijo. Foram levantados os dados diários durante dois meses referente a quantidade de leite (litros), queijos (unidades), queijos (quilo), preço e a receita diária. Segue produção dos meses de setembro e outubro nos quadros 11 e 12 respectivamente. Dia Leite (litros) Queijos (unidades) Queijos (quilos) Preço (R$/kg) Receita (R$/dia) 1 505 50 67,165 R$ 14,00 R$ 940,31 2 496 50 65,968 R$ 14,00 R$ 923,55 3 510 51 67,83 R$ 14,00 R$ 949,62 4 503 50 66,899 R$ 14,00 R$ 936,59 5 494 49 65,702 R$ 14,00 R$ 919,83 6 490 48 65,17 R$ 14,00 R$ 912,38 7 503 50 66,899 R$ 14,00 R$ 936,59 8 500 50 66,5 R$ 14,00 R$ 931,00 9 504 50 67,032 R$ 14,00 R$ 938,45 10 510 51 67,83 R$ 14,00 R$ 949,62 11 498 50 66,234R$ 14,00 R$ 927,28 12 493 49 65,569 R$ 14,00 R$ 917,97 13 498 50 66,234 R$ 14,00 R$ 927,28 14 502 50 66,766 R$ 14,00 R$ 934,72 15 500 50 66,5 R$ 14,00 R$ 931,00 16 507 51 67,431 R$ 14,00 R$ 944,03 17 501 50 66,633 R$ 14,00 R$ 932,86 18 496 49 65,968 R$ 14,00 R$ 923,55 19 490 49 65,17 R$ 14,00 R$ 912,38 20 497 50 66,101 R$ 14,00 R$ 925,41 21 503 50 66,899 R$ 14,00 R$ 936,59 22 500 50 66,5 R$ 14,00 R$ 931,00 23 500 50 66,5 R$ 14,00 R$ 931,00 24 506 51 67,298 R$ 14,00 R$ 942,17 25 498 50 66,234 R$ 14,00 R$ 927,28 26 497 49 66,101 R$ 14,00 R$ 925,41 27 490 48 65,17 R$ 14,00 R$ 912,38 28 493 49 65,569 R$ 14,00 R$ 917,97 29 496 49 65,968 R$ 14,00 R$ 923,55 30 496 49 65,968 R$ 14,00 R$ 923,55 TOTAL 6504 648 1991,808 R$ 27.885,31 Quadro 11: Produção de setembro Fonte: Dados da pesquisa Dia Leite (litros) Queijos (unidades) Queijos (quilos) Preço (R$/kg) Receita (R$/dia) 2 465 46 60,915 R$ 14,00 R$ 852,81 3 466 47 61,046 R$ 14,00 R$ 854,64 4 471 48 61,701 R$ 14,00 R$ 863,81 5 468 47 61,308 R$ 14,00 R$ 858,31 6 463 46 60,653 R$ 14,00 R$ 849,14 7 465 47 60,915 R$ 13,50 R$ 822,35 8 460 45 60,26 R$ 13,50 R$ 813,51 9 460 46 60,26 R$ 13,50 R$ 813,51 10 466 47 61,046 R$ 13,50 R$ 824,12 11 470 47 61,57 R$ 13,50 R$ 831,20 12 472 48 61,832 R$ 13,50 R$ 834,73 13 468 47 61,308 R$ 13,50 R$ 827,66 14 469 48 61,439 R$ 13,50 R$ 829,43 15 465 47 60,915 R$ 13,50 R$ 822,35 16 462 46 60,522 R$ 13,50 R$ 817,05 17 459 45 60,129 R$ 13,50 R$ 811,74 18 461 46 60,391 R$ 13,50 R$ 815,28 19 461 46 60,391 R$ 13,50 R$ 815,28 20 464 47 60,784 R$ 13,50 R$ 820,58 21 470 47 61,57 R$ 13,50 R$ 831,20 22 471 47 61,701 R$ 13,50 R$ 832,96 23 469 47 61,439 R$ 13,00 R$ 798,71 24 466 46 61,046 R$ 13,00 R$ 793,60 25 463 46 60,653 R$ 13,00 R$ 788,49 26 464 46 60,784 R$ 13,00 R$ 790,19 27 460 45 60,26 R$ 13,00 R$ 783,38 28 463 46 60,653 R$ 13,00 R$ 788,49 29 462 45 60,522 R$ 13,00 R$ 786,79 30 460 45 60,26 R$ 13,00 R$ 783,38 31 460 45 60,26 R$ 13,00 R$ 783,38 TOTAL 6064 608 1888,103 R$ 25.400,05 Quadro 12- Produção de outubro Fonte: Dados da pesquisa De acordo com o quadro de produção, observa-se que a produção total teve um decréscimo de quase 500 litros de leite, que pode ser explicada pela redução do número de vacas em lactação. Como consequência disso a produção de queijos também diminui, mas a receita total que teve uma queda de 9% foi afetada principalmente pelo preço do quilo de queijo que no mês de setembro caiu um real. De acordo com o proprietário essa queda no preço deve continuar até o mês de abril, chamado por eles de “período das águas”, em que as produções em algumas fazendas aumentam com a abundância de pastagens, a oferta no mercado cresce e consequentemente os preços diminuem. Custos Variáveis Setembro Outubro Alimentação/ração R$ 10.481,64 R$ 10.093,20 Alimentação/silo R$ 3.153,60 R$ 3.110,40 Energia elétrica R$ 217,44 R$ 217,44 Medicamentos e vacinas R$ 594,00 R$ 542,00 Fabricação do queijo R$ 129,66 R$ 117,26 Total dos custos variáveis R$ 14.576,34 R$ 14.080,30 Quadro 13- Custos variáveis atribuídos à produção de queijos Fonte: Dados da pesquisa Custos Fixos Setembro Outubro Salários R$ 880,00 R$ 880,00 Depreciação equipamentos R$ 202,50 R$ 202,50 Depreciações imóveis e instalações R$ 950,00 R$ 950,00 Manutenção, conservação e limpeza R$ 100,00 R$ 100,00 Total dos custos fixos R$ 2.132,50 R$ 2.132,50 Quadro 14- Custos fixos atribuídos a produção de queijos Fonte: Dados da pesquisa Nos quadros 13 e 14 está a separação dos custos em fixos e variáveis. Os custos variáveis representam cerca de 87% dos custos totais, principalmente os custos com alimentação que são quase 81% desse total. Segundo o proprietário da fazenda mesmo com esse custo alto, ele ainda prefere manter o gado nesse regime durante todo o ano, ao invés de cria-lo solto, e ressalta que esse valor seria ainda mais alto se ele adquirisse esses produtos de terceiros. Para a análise deste trabalho foram considerados apenas os custos, desconsiderando quaisquer despesas, conforme mostra o quadro 15. Despesas com aluguel por exemplo não existem pois a fazenda é deles, mão-de-obra é apenas do funcionário ligado a produção do leite, combustível é apenas para lazer da família, entre outras. Como citado, não incorre também em despesas com vendas, pois o queijeiro busca os queijos na fazenda, e também como não emitem nota fiscal não pagam nenhum imposto. Setembro Outubro Receita de vendas R$ 27.885,31 R$ 25.400,05 (-) Custos variáveis (R$ 14.576,34) (R$ 14.080,30) Margem de contribuição R$ 13.308,97 R$ 11.319,75 (-) Custos fixos (R$ 2.132,50) (R$ 2.132,50) Lucro bruto R$ 11.176,47 R$ 9.187,25 Quadro 15- Apuração do lucro bruto Fonte: Dados da pesquisa A Margem de Contribuição é a diferença entre o preço de venda e o Custo Variável do produto, ou seja, o valor que a produção traz à empresa de sobra entre sua receita e o custo que de fato provocou e que é menos passível de erro. Para a margem de contribuição unitária no caso em estudo foi feito pela média de preços, pois durante o período analisado o produto teve três preços de venda diferentes, e o custo unitário também foi somado dos dois meses e dividido pela quantidade total de quilos de queijos produzidos. A MCU considerando essas condições foi de R$7,38, representando um bom resultado para a empresa. Considerando a margem de contribuição é possível definir também o ponto de equilíbrio, onde os custos se igualem a receita. O ponto de equilíbrio é definido Custos e despesas fixos/margem de contribuição, nesse caso PE: 2132,50/ 7,38 =288,95 unidades. Portanto para que a empresa rural estudada não tivesse nem lucro e nem prejuízo precisaria produzir 289 quilos de queijos em um mês, desconsiderando as despesas. Com esse valor é possível observar que a empresa trabalhou bem acima do seu ponto de equilíbrio, quase sete vezes mais. Outro índiceque mostra o bom resultado nesse período na propriedade é a Margem de Segurança, que determina qual o nível de folga da empresa, e é dada pela fórmula: MS: Receitas reais-Receitas no ponto de equilíbrio Receitas reais Considerando a média dos dois meses a empresa está trabalhando com uma margem de segurança de 1650 quilos, e em termos percentuais ela opera com 85% de segurança, mostrando que está longe de ter prejuízos. CONSIDERAÇÕES E CONCLUSÕES Através do levantamento, mensuração e análise dos custos na propriedade rural pode-se concluir que apesar de ser uma propriedade pequena e familiar existe um gerenciamento por parte do próprio dono que consegue controlar muito bem os custos a fim de obter um maior retorno. Conforme as expectativas do proprietário, no período analisado a propriedade obteve um lucro considerado ótimo, mas que de acordo com suas informações ele considera que os meses de julho e outubro são os mais rentáveis e nos meses restantes os lucros são inferiores. É importante ressaltar que o pesquisador realizou a coleta de dados apenas entre os meses de setembro e outubro, não incluindo o mês de julho e agosto para validar tal informação. Os principais custos na produção do queijo é o leite, matéria-prima do produto. Mas para a produção do leite o custo que tem um valor mais representativo é a alimentação das vacas, custo este que segundo o proprietário sofre alterações de preços constantemente e que por isso sempre fica atento as oportunidades de melhor preço que o mercado oferece, diferencial este que ele considera imprescindível para conseguir obter lucro. A propriedade apresentou índices muito satisfatórios no período. A margem de segurança mostrou que a empresa operou com 85% acima do ponto de equilíbrio, o que deixa evidente sua situação favorável no mercado. Vale ressaltar que o custo com mão-de-obra dos proprietários não foi considerado, pois de fato não há desembolso para pagamento, e caso os proprietários não arcassem com as tarefas o valor de mão de obra aumentaria significativamente visto que na região os trabalhadores que fazem esse tipo de serviço cobram valores muito altos. Para próximos estudos nota-se a importância da análise de um período maior de tempo, pelo menos um ano, para que sejam analisadas as fases em que o preço do queijo esteja alto e também quando estiver baixo, para analisar se a atividade é compensativa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE GIROLANDO. Performance. 2016. Disponível em: <http://www.girolando.com.br/index.php?paginasSite/girolando,3,pt> Acesso em: 16 out. 2016 ATKINSON, Anthony A.; et al. Contabilidade Gerencial. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. BRASIL. Novo Código Civil. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. CANAL RURAL. Preços do leite tem queda no spot. Disponível em: <http://www.canalrural.com.br/noticias/leite/precos-leite-tem-queda-spot-64510> Acesso em: 03 nov. 2016 CARDOSO NETO, F. Contabilidade de custos. Clube dos autores, 2007. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?id=3WBMBQAAQBAJ&dq=+CONTABILIDADE+DE+CUSTOS&lr=&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s > Acesso em: 10 abr. 2016 CREPALDI, S. A. Contabilidade Rural: uma abordagem decisorial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011. CREPALDI, S. A. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012. DUTRA, R.G. Custos: Uma Abordagem Prática. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. EMBRAPA. Gado de leite. Duarte Vilella. Sistemas de produção de leite para diferentes regiões do Brasil. 2011. Disponível em: <http://www.cnpgl.embrapa.br/sistemaproducao/> Acesso em: 10 abr. 2016. GERHARDT, Tatiana Engel; SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. PLAGEDER, 2009. Disponível em: < https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&q=metodos+de+pesquisa+gerhardth&btnG=&lr= > Acesso em: 15 nov.v2016. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. HOFER, Elza et al. A relevância do controle contábil para o desenvolvimento do agronegócio em pequenas e médias propriedades rurais. Revista Contabilidade e Controladoria, v. 3, n. 1, 2011. Disponível em: < http://revistas.ufpr.br/rcc/article/view/21490 > Acesso em: 18 set.2016. LEONE, G. S.G. Custos: Planejamento, Implantação e Controle. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MARION, J. C. Contabilidade da pecuária. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004. MARION, J. C. Contabilidade rural: contabilidade agrícola, contabilidade da pecuária. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014. MARTIS, E. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MATTAR, F. N. Pesquisa de marketing: metodologia, planejamento, execução e análise. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=h5KoBQAAQBAJ&dq=pesquisa+exploratoria&lr=&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s> Acesso em: 18 maio 2016. MEGLIORINI, E. Custos: análise e gestão. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO SECRETARIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA. Estatísticas e Dados Básicos de Economia Agrícola. 2016. Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/Pasta%20de%20Setembro%20-%202016.pdf > Acesso em: 18 out. 2016 NEPOMUCENO, F. Contabilidade Rural e seus custos de produção. São Paulo: IOB-Thomson, 2004. PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. REIS, Ricardo Pereira; MEDEIROS, André Luiz; MONTEIRO, Lucas Andrade. Custos de produção da atividade leiteira na região sul de Minas Gerais. Organizações Rurais & Agroindustriais, v. 3, n. 2, 2001. Disponível em: <http://revista.dae.ufla.br/index.php/ora/article/viewArticle/272> Acesso em: 30 jul. 2016 SANTOS, Gilberto José dos; MARION, José Carlos; SEGATTI, Sonia. Administração de Custos na Agropecuária. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 154 p. SEGALA, Cristiane ZS; SILVA, IT da. Apuração dos custos na produção de leite em uma propriedade rural do municipio de Irani-SC. Custos e@ gronegócio on line, v. 3, n. 1, 2007. Disponível em: < https://scholar.google.com.br/scholar?q=Apura%C3%A7%C3%A3o+dos+custos+na+produ%C3%A7%C3%A3o+de+leite+em+uma+propriedade+rural+do+municipio+de+Irani-SC.&btnG=&hl=pt-BR&as_sdt=0%2C5>. Acesso em: 01 abr. 2016
Compartilhar