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Linguagem Jurídica Processual nos Juizados Especiais Federais

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1 
 
PROJETO ANIMAGU 
 
UNIDADE I: LINGUAGEM JURÍDICA PROCESSUAL NO RITO DOS JUIZADOS ESPECIAIS 
FEDERAIS 
 
Procurador Federal Ismael Rolim Dreger 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO: POR QUE “LINGUAGEM JURÍDICA PROCESSUAL” E “NO RITO DOS JUIZADOS 
ESPECIAIS FEDERAIS” ..................................................................................................................... 2 
Como se organizam as leis? ...................................................................................................... 4 
MÓDULO I) O “QUADRO GERAL”: PARA UMA COMPREENSÃO BÁSICA DO FUNCIONAMENTO DE 
UM PROCESSO NO RITO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS E DA LINGUAGEM RESPECTIVA ... 7 
1. Petição inicial (também chamada de “exordial”) ................................................................ 7 
2. Antecipação de tutela e medida cautelar ............................................................................ 8 
3. Recurso de medida cautelar/antecipação de tutela ......................................................... 10 
4. Citação do réu e intimações ............................................................................................... 11 
5. Instrução do processo (provas) .......................................................................................... 12 
6. Sentença e recursos contra essa ........................................................................................ 13 
7. Recursos contra as decisões das Turmas Recursais .......................................................... 16 
8. Trânsito em julgado ............................................................................................................ 18 
9. Organização do processo - fase de execução .................................................................... 19 
MÓDULO II) APROFUNDAMENTO E EXPOSIÇÃO CONCEITUAL ................................................... 21 
1. Valor da causa e competência dos JEFs ............................................................................. 21 
2. A expressão “liminar” ......................................................................................................... 21 
3. Organização do processo – fase de conhecimento ........................................................... 21 
4. Atos do juiz e recursos cabíveis ......................................................................................... 23 
5. Litispendência x coisa julgada ............................................................................................ 26 
6. Mandado de Segurança contra decisão judicial nos JEFs .................................................. 27 
MÓDULO III) EXPOSIÇÃO DE CONTEÚDO AVANÇADO ................................................................ 34 
1. Competência absoluta das Varas de Juizados Especiais Federais. ................................... 34 
2. Recursos próprios dos JEFs (PRU, PNU e PUIL) e seu cabimento ...................................... 34 
2.1. Descabimento de PRU ou PNU em matéria de fato ................................................... 36 
2.2. Descabimento de PRU ou PNU em matéria processual ............................................. 37 
2.3. Similitude fática do paradigma e cotejo analítico ...................................................... 38 
3. Coisa julgada, litispendência e teoria da identidade de relação jurídica ......................... 40 
ANEXOS – Detalhamento de algumas questões explicadas na parte 1, 2 ou 3. ......................... 44 
2 
 
1. Recurso de medida cautelar e variações regionais ........................................................... 44 
2. Recurso inominado contra sentença terminativa. ............................................................ 45 
3. Impugnação de decisões na execução – divergências locais ............................................ 52 
4. Mandado de segurança na fase de conhecimento ............................................................ 57 
CRÉDITOS DE IMAGENS: .............................................................................................................. 61 
 
 
INTRODUÇÃO: POR QUE “LINGUAGEM JURÍDICA PROCESSUAL” E 
“NO RITO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS” 
 
O presente módulo tem por objetivo familiarizar o aluno à linguagem 
jurídica processual, nos aspectos essenciais para sua melhor compreensão 
sobre o funcionamento dos processos judiciais. Busca-se uma abordagem 
menos teórica, mais pragmática e consentânea com as necessidades do dia a 
dia das atividades da Advocacia Pública Federal. 
Não restam dúvidas de que a melhor forma de se aprender uma língua 
é utilizando-a. Quando se pensa na compreensão de um idioma estrangeiro, 
por exemplo, a experiência demonstra que nada é mais eficaz do que uma 
imersão em um país falante do idioma estudado. Uma abordagem puramente 
conceitual dos termos e expressões, sob essa óptica, não se mostra tão eficaz 
quanto a compreensão do sentido e da extensão das palavras em cada contexto 
de vida em que são realmente utilizadas. 
Como os termos técnicos jurídico-processuais são uma espécie de 
linguagem, com contextos e sentidos próprios e delimitados, que só são 
compreendidos por quem é fluente nessa parte do nosso idioma, entende-se que 
a forma mais eficiente de se transmitir tal conhecimento é abordá-lo, inicialmente, 
dentro do fluxo do que seria um processo real, indicando o momento adequado 
para utilização de cada expressão, para, somente após, partir-se para 
exposições mais conceituais ou aprofundamentos. Por esse motivo, optou-se 
pela exposição dos termos técnicos jurídico-processuais de forma dinâmica, ou 
seja, no contexto dos Juizados Especiais Federais. 
3 
 
A escolha do rito dos Juizados Especiais Federais, que é um 
procedimento regulado por lei especial, em vez do rito ordinário, pode parecer, 
em um primeiro momento, contra intuitiva. Essa opção, não ortodoxa, se deve à 
maior simplicidade do rito dos Juizados Especiais Federais, o que o torna 
mais propício a uma exposição introdutória dos termos básicos e dos 
primeiros passos para a compreensão da linguagem jurídica processual. Essa 
complexidade é incrementada quando se estuda o rito ordinário, possibilitando o 
aproveitamento de vários dos conhecimentos básicos já abordados no estudo do 
rito simplificado dos Juizados Especiais Federais. 
Além disso, sabe-se que o maior volume de demandas ajuizadas na 
Justiça Federal tramita sob o rito dos Juizados Especiais Federais, em 
virtude da obrigatoriedade de sua observância em causas de valor inferior a 60 
(sessenta) salários mínimos. A título exemplificativo, no mês de setembro de 
2018, apurou-se a existência, só no Rio Grande do Sul, de aproximadamente 
70.000 (sessenta mil) demandas ativas em primeira e segunda instâncias 
apenas na matéria de benefícios previdenciários por incapacidade (auxílio-
doença, aposentadoria por invalidez e auxílio-acidente). 
Importante referir, ainda, que a abordagem é feita “em camadas” 
sucessivas de complexidade, de modo a atender às necessidades de vários 
públicos. Nesse sentido, o primeiro material a ser estudado é o vídeo animado 
que demonstra “o quadro geral”, a grande moldura do rito dos Juizados Especiais 
Federais, em linguagem simples e acessível. Após, há vários vídeos curtos 
explicando e aprofundando, de forma mais analítica, cada uma das partes do 
referido “quadro geral”, acrescentando maiores detalhes, “cores” e “tons” à ideia 
básica. 
O presente material escrito é completar e segue a mesma lógica, 
começando a abordagem do mais básico e geral para o mais aprofundado e 
específico. No nível básico, são abordados os termos principais de forma 
dinâmica, refletindo o fluxo real de tramitação de um processo judicial no âmbito 
dosJuizados Especiais Federais (parte 1); no nível intermediário, há a exposição 
dos termos relevantes de forma mais conceitual (parte 2); por fim, no nível 
avançado, há um módulo mais voltado a alunos com formação jurídica, que 
4 
 
aprofunda temas relevantes e utiliza, de forma mais fluente, a linguagem técnica 
apropriada de modo mais próximo daquele em que a mesma é aplicada no dia a 
dia dos tribunais (parte 3). 
Importante referir que os conteúdos expostos no nível avançado, por 
serem mais voltados a quem tem formação jurídica, não são obrigatórios para 
fins de avaliação. Entretanto recomenda-se fortemente a sua leitura, inclusive 
por quem não tem formação em direito, pois isso trará ao aluno, de qualquer 
forma, maior riqueza de entendimento e de fluência na utilização e compreensão 
da linguagem jurídica. 
Antes de iniciar a “parte 1”, entretanto, é necessária uma pequena 
exposição introdutória sobre como se organizam as leis. Assista ao primeiro 
vídeo e leia o texto abaixo sobre o assunto. 
Como se organizam as leis? 
Uma parte importantíssima da linguagem jurídica em geral é aquela que 
especifica as divisões existentes dentro de uma lei. A fim de esclarecermos essa 
nomenclatura, selecionamos divisões da Constituição da República Federativa 
do Brasil (abreviação: CRFB), também conhecida como Constituição Federal de 
1988 (abreviação: CF/1988 ou CF/88 ou simplesmente CF): as grandes divisões 
são os “TÍTULOS”, que se dividem em “CAPÍTULOS”, os quais se dividem em 
“Seções”: 
TÍTULO IV - DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 
CAPÍTULO III - DO PODER JUDICIÁRIO 
Seção IV – Dos Tribunais Regionais Federais e dos Juízes 
Federais 
Seção V – Do Tribunal Superior do Trabalho, dos Tribunais 
Regionais do Trabalho e dos Juízes do Trabalho 
Seção VI – Dos Tribunais e Juízes Eleitorais 
Seção VII – Dos Tribunais e Juízes Militares 
Seção VIII – Dos Tribunais e Juízes dos estados 
Eventualmente as “Seções” ainda podem ser divididas em 
“Subseções”. 
5 
 
É como se a Constituição inteira fosse um armário, dividido em gavetas 
(Títulos), que contém separações (Capítulos), cada uma das quais contém 
várias pastas (Seções). Dentro de cada pasta, há documentos (artigos -
“arts.”), os quais expressam a disposição legal, isso é, a regra ou o princípio 
instituído pela lei. 
 
Por sua vez, os artigos de lei se subdividem em: 
- caput: que é a cabeça do dispositivo, trazendo a regra principal; 
- incisos: que são utilizados para enumerar hipóteses do caput ou de um 
parágrafo, em forma de lista; 
- alíneas: que também servem para enumerar hipóteses, em forma de lista, 
mas hipóteses de um inciso; 
- parágrafos: que servem para explicar ou excepcionar a disposição contida 
no caput, no inciso, na alínea ou em outro parágrafo. 
6 
 
 
 
7 
 
 
MÓDULO I) O “QUADRO GERAL”: PARA UMA COMPREENSÃO 
BÁSICA DO FUNCIONAMENTO DE UM PROCESSO NO RITO DOS 
JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS E DA LINGUAGEM RESPECTIVA 
1. Petição inicial (também chamada de “exordial”) 
 
O processo se inicia por uma petição inicial, que é ajuizada pelo autor, 
na qual ele pede aquilo a que entende que tem direito. Nessa peça, o autor 
apresenta sua qualificação completa e a do réu (nome completo, 
nacionalidade, estado civil, se vive em união estável, profissão, endereço, CPF 
e RG), que são os dados necessários para identificação das partes e envio de 
comunicações às mesmas; após, o autor expõe a sua versão dos fatos e os 
fundamentos jurídicos daquilo que pretende, isso é, expõe de que forma 
entende que o direito deve se aplicar aos fatos narrados. Por fim, o autor conclui 
o seu raciocínio realizando um ou mais pedidos, que pretende sejam atendidos 
pela Justiça. Esses pedidos devem ser decorrência natural de todo o raciocínio 
exposto nas partes anteriores da petição inicial (fatos e fundamentos jurídicos), 
ou seja, os pedidos devem decorrer da aplicação do direito aos fatos 
narrados, conforme o raciocínio desenvolvido pelo autor. Há, assim, um 
“fechamento” lógico da petição inicial. 
Importante referir que, nesse contexto, autor, demandante ou 
requerente é aquele que pede algo, e réu, demandado ou requerido é aquele 
contra quem esse algo é pedido. Ou seja, em um processo judicial, alguém 
8 
 
(autor, demandante ou requerente) pede algo contra alguém (réu, demandado 
ou requerido). As pessoas envolvidas no conflito (“alguém” x “alguém”) são 
chamadas de partes do processo, e o “algo” é o objeto. 
Exemplos: se João pede a concessão de benefício previdenciário de 
auxílio-doença contra o INSS, João (autor, demandante ou requerente) e o INSS 
(réu, demandado ou requerido) são as partes do processo, e o benefício de 
auxílio-doença é o objeto; se Maria, servidora pública federal, demanda contra a 
União Federal pedindo a concessão de um adicional remuneratório, Maria 
(autora, demandante ou requerente) e a União Federal (ré, demandada ou 
requerida) são as partes do processo, e o pedido de adicional é o objeto. 
É importante referir que, no rito dos Juizados Especiais Federais, as 
partes podem atuar sem a representação de advogado em primeira instância, 
mas, na segunda instância, a representação por advogado é necessária (arts. 1º 
e 10 da Lei nº 10.259/01 c/c art. 41, §2º, da Lei nº 9.099/95). Obs.: “c/c” significa 
“em conjunto com”. 
Querendo ajuizar uma demanda sem advogado, basta que o autor 
compareça à Secretaria Judiciária e peça para o servidor judicial reduzir a termo 
o seu caso, valendo esse termo como petição inicial. 
2. Antecipação de tutela e medida cautelar 
Antecipação de tutela Medida cautelar 
 
Logo após a petição inicial, é comum que o juiz avalie a possibilidade 
de antecipar o direito que seria devido só na sentença, o que se chama de 
9 
 
antecipação de tutela, vulgarmente também chamada de “liminar”, por se 
tratar de uma decisão no início do processo. Na verdade, a expressão “liminar” 
se refere ao momento em que a decisão é tomada (no início do processo), 
podendo ser não apenas uma antecipação de tutela, mas também de uma 
medida cautelar. 
“Tutelar” significa “proteger”, assim o termo “tutela” significa 
proteção. Normalmente, o direito só é protegido ao final do processo, contudo 
isso pode demorar anos. Em razão disso, há hipóteses em que essa proteção 
do direito pode ser antecipada. Daí o termo “antecipação de tutela”, no qual 
se antecipa a proteção que a parte só teria no final do processo para um 
momento anterior. 
“Acautelar” significa “resguardar”, assim o termo “cautela” significa 
uma medida que resguarda o direito, para que ele não pereça (isso é, não se 
perca) até o final do processo, embora não entregue o objeto do direito ao autor 
de forma antecipada. 
Exemplo: imagine que o objeto da demanda seja uma porção de 
espinafre, ou seja, duas pessoas (partes) estão discutindo quem tem direito a 
comer o espinafre (objeto). Nesse caso, se o juiz congelar o alimento, para que 
o mesmo não estrague até o final da discussão, isso será uma medida cautelar; 
se, por outro lado, ele determinar a entrega provisória do espinafre a uma das 
partes, por considerar que é urgente que a mesma coma, por estar fraca e 
desnutrida, isso será uma antecipação de tutela. Nesse caso, se, ao final do 
processo, o juiz considerar que, na verdade, quem tinha direito ao alimento era 
a outra parte, o prejudicado terá direito a ser reparado por aquele que foi 
beneficiado pela antecipação de tutela indevida, preferencialmente in natura 
(compra e entrega de outro ramo de espinafre) ou, caso isso não seja possível, 
in pecunia (pagamento do valor equivalente em dinheiro). 
10 
 
3.Recurso de medida cautelar/antecipação de tutela 
 
No rito dos JEFs, contra a decisão que defere ou indefere a antecipação 
de tutela (ou medida cautelar), cabe recurso de medida cautelar (RMC), que é 
direcionado às Turmas Recursais. 
Quando uma parte interpõe RMC, a outra parte é intimada para 
apresentar contrarrazões (que é a defesa contra o recurso) após o que o 
mesmo é remetido às Turmas Recursais, onde três juízes federais proferem seus 
votos, chegando a um acordo, por unanimidade ou por maioria de votos. A 
decisão final da Turma é o acórdão, justamente em referência à ideia de 
“acordo”. 
Em relação à linguagem, o verbo correto a ser utilizado quando se fala 
em recorrer é “interpor” recurso; em relação ao ato do juiz se manifestar, utiliza-
se o verbo “proferir” (sentença, voto, decisão). 
Importante referir, por fim, que a lei não atribui um nome a esse 
recurso, sendo que “recurso de medida cautelar” é a nomenclatura 
utilizada na 4ª Região, na qual a interposição é facilitada pelo sistema de 
processo eletrônico, bastando a elaboração da petição do recurso e a 
movimentação direcionada à turma recursal. Contudo, como não há previsão 
legal expressa regulando o tema, pode haver variações locais, sendo importante 
que você verifique o procedimento que é adotado pela turma da localidade em 
que você atua. 
11 
 
4. Citação do réu e intimações 
 
O próximo passo é a citação do réu. Citação é o ato pelo qual o réu é 
convocado para integrar a relação processual, ou seja, é o momento no 
qual ele passa a fazer parte do processo, tendo ciência desse e nele 
podendo se defender. Conforme a lei dos Juizados Especiais Federais, a 
citação não é para que o réu se defenda imediatamente, e sim para que 
compareça à audiência de conciliação, onde se busca um acordo entre as 
partes, antes da apresentação de contestação. A citação deve se realizar com 
antecedência mínima de 30 dias da data da audiência (art. 9º da Lei nº 
10.259/01). 
Cabe referir que, na prática, essa audiência muitas vezes não é 
realizada, citando-se o réu para contestar. Isso se dá especialmente nos 
casos em que o réu é um ente público, não tendo autorização legal para conciliar 
antes da produção das provas necessárias no processo. Nesse caso, realizar 
12 
 
uma audiência de conciliação antes de produzir as provas seria perda de tempo, 
razão pela qual se opta pela citação direta para apresentação de contestação. 
É importante diferenciar a citação das intimações. Citação é o ato no 
qual o réu é chamado no processo para se defender; intimações são as demais 
comunicações do processo, isso é, são cientificações das partes ou mesmo 
de terceiros, para que façam ou deixem de fazer alguma coisa, como se 
manifestarem, prestarem uma informação no processo, terem conhecimento de 
uma decisão e dessa recorrerem, se for o caso, etc. 
5. Instrução do processo (provas) 
 
Em seguida, apresentada a contestação, passamos à fase de instrução 
do processo, que é a fase na qual todas as provas necessárias serão 
trazidas aos autos, para que o juiz tenha condições de decidir. A expressão 
“instruir um processo” significa produzir provas no processo. Os principais 
exemplos são a prova pericial, a prova documental e a prova testemunhal. 
13 
 
Na prova pericial, o juiz nomeia um especialista, para realizar uma 
avaliação técnica, como perícias médicas, de engenharia, de ambiente do 
trabalho, etc. 
A prova documental consiste na juntada de documentos no processo. 
Em regra, todos os documentos necessários já devem ser juntados com a 
petição inicial e com a contestação, não se aguardando a fase instrutória. 
Contudo, é comum que se juntem aos autos documentos importantes também 
durante a fase instrutória, seja para contrapor uma prova produzida ou um 
argumento, ou, ainda, para esclarecer alguma situação pertinente no processo. 
A prova testemunhal é a oitiva de testemunhas em audiência, na qual 
o juiz e os advogados das partes fazem-lhe perguntas pertinentes sobre os fatos 
que envolvem a demanda. O termo “oitiva” se refere ao verbo “ouvir”, ou seja, “a 
oitiva de testemunhas” significa que as testemunhas são ouvidas. 
 Encerrada a instrução do processo, passa-se à fase decisória, na qual 
o juiz profere sentença, que é a decisão que põe fim à discussão. 
6. Sentença e recursos contra essa 
 
14 
 
Encerrada a instrução do processo, passa-se à fase decisória, onde o 
juiz profere a sentença, que é a decisão que põe fim à discussão. Contra essa 
decisão, no rito dos JEFs, cabe recurso inominado, que é direcionado às 
Turmas Recursais. 
Contra a sentença, também cabem embargos de declaração (ou 
embargos declaratórios), os quais são direcionados ao próprio juiz que proferiu 
a decisão, tendo por objetivo esclarecê-la, eliminar algum vício que dificulte sua 
compreensão. Embargos de declaração cabem contra qualquer decisão que 
seja omissa, contraditória, obscura ou que contenha um erro material (por 
exemplo, um erro de digitação). Como o próprio nome sugere, trata-se de 
embargar a “declaração”, não a decisão em si, ou seja, o que se discute são 
aspectos que dificultam o entendimento do que foi decidido, não a correção da 
decisão em si. 
Opostos os embargos de declaração contra uma decisão, a outra parte 
é intimada para apresentar contrarrazões (quando houver possibilidade de o juiz 
mudar a decisão) e, em seguida, o próprio juiz decide. A decisão dos 
embargos é como se fosse uma emenda à sentença, ou seja, quando o juiz 
acolhe os embargos, ele corrige a sentença, esclarecendo um ponto obscuro, 
eliminando uma contradição, manifestando-se sobre um ponto antes omitido ou 
retificando um erro material, tornando, assim, a sentença mais coerente, clara e 
compreensível. Dessa forma, a decisão dos embargos passa a integrar a 
sentença, como se fosse parte dela. Por isso, contra a decisão dos 
embargos de declaração, cabe a interposição de recurso inominado 
(mesmo recurso cabível contra a sentença). 
O verbo utilizado para referir-se à apresentação de embargos por uma 
das partes é “opor” (diferentemente dos demais recursos, em que se usa o verbo 
interpor). Ou seja, o autor ou o réu “opõem” embargos de declaração “contra” a 
decisão. O substantivo correspondente é “oposição” de embargos. 
Uma parte interpondo recurso inominado contra a sentença ou a 
decisão dos embargos, a outra parte é intimada para apresentar contrarrazões, 
e esse recurso sobe para as Turmas Recursais, nas quais será proferido um 
15 
 
acórdão, com votos, nos mesmos termos já explicados. Esse acórdão pode 
decidir que o recurso seja conhecido ou não conhecido, o que significa que o 
recurso foi julgado no mérito ou não, e, sendo julgado no mérito (conhecido), ele 
pode ser provido ou desprovido. 
O termo “mérito” refere-se, justamente, à discussão travada entre as 
partes, ou seja, quando o juiz decide o mérito de algo, ele dá razão a uma das 
partes, encerrando o conflito. Isso pode ocorrer tanto em uma decisão final 
(sentença ou acórdão), como em decisões no curso do processo, resolvendo 
questões pontuais que surgiram durante o seu andamento. 
A expressão “conhecer”, não apenas no contexto recursal, mas em geral, 
se refere ao preenchimento ou não dos requisitos para que o juiz entre no mérito 
de uma questão, ou seja, diga quem tem razão naquele ponto. Não preenchidos 
os requisitos necessários, o juiz sequer julga o mérito da questão (ou seja, ele 
“não conhece” da questão). 
No contexto recursal, “prover o recurso” significa acolher o mesmo, 
dando razão, no mérito do recurso, a quem recorreu. Assim, “recurso provido” 
é um recurso que foi conhecido e acolhido no mérito,e “recurso 
desprovido” é um recurso que foi conhecido, mas não foi acolhido no 
mérito. 
É importante referir que, se for identificada alguma nulidade (ou seja, 
algum procedimento contrário à lei, que acarrete prejuízo a uma das partes), o 
recurso será conhecido e provido para anular a sentença (e outros atos 
processuais que sejam nulos). Quando isso acontece, é como se a sentença 
nunca tivesse sido proferida no processo, ou seja, o processo volta para a 
primeira instância, e reinicia no momento anterior ao último ato anulado. Por 
exemplo, se foi indeferida a realização de uma perícia que era necessária no 
caso concreto, a Turma Recursal anula a sentença e determina o retorno dos 
autos, para a realização dessa perícia, após a qual será proferida nova sentença 
(e contra a qual, novamente, caberá recurso inominado ou embargos de 
declaração). 
16 
 
Em relação à linguagem, em geral, as partes em um recurso são o 
“recorrente” (quem recorreu) e o “recorrido” (a outra parte, contra quem o recurso 
foi interposto); nos embargos declaratórios, utilizam-se os termos 
especificamente os termos “embargante” (quem opôs os embargos) e 
“embargado” (a outra parte, contra quem os embargos foram opostos). 
7. Recursos contra as decisões das Turmas Recursais 
 
Contra a decisão da Turma Recursal, é possível a oposição de 
embargos de declaração (pois, como já explicado, esses cabem contra 
qualquer decisão que seja contraditória, obscura, omissa ou contenha erro 
material). 
Também é possível a interposição de PRU (pedido regional de 
uniformização de jurisprudência) ou PNU (pedido nacional de uniformização de 
jurisprudência). Imagine, por exemplo, que a Turma Recursal do Rio Grande do 
Sul (TR/RS) interprete a lei de forma diferente da Turma Recursal de Santa 
Catarina (TR/SC). Como a lei é uma só, é necessário haver algum 
mecanismo de uniformização dessa interpretação. O mesmo vale quando a 
divergência for entre turmas de diferentes regiões do país, como a TR/RS e a 
TR/RJ (Turma Recursal do Rio de Janeiro). Assim, caberá PRU, se houver 
17 
 
divergência jurisprudencial entre turmas da mesma região (como, no 
exemplo, TR/RS x TR/SC), e PNU, se a divergência for entre turmas de 
regiões diferentes (como TR/RS x TR/RJ). 
Outra hipótese de cabimento do PNU é quando a decisão da turma 
recursal contrariar súmula ou jurisprudência dominante do Superior 
Tribunal de Justiça (STJ). Importante referir que, contra a decisão da turma 
recursal (2ª instância), não cabe nenhum recurso diretamente para o STJ (o 
recurso especial, existente no rito ordinário, não é cabível nos Juizados 
Especiais Federais). 
Se, contudo, a discussão envolver matéria de interpretação 
constitucional, o recurso deverá ser direcionado ao Supremo Tribunal Federal 
(STF), que é o guardião da Constituição e, portanto, deverá ter a última palavra 
sobre como interpretá-la. Dessa forma, se a decisão da Turma Recursal 
envolver questão constitucional, caberá a interposição de recurso 
extraordinário (RE) direcionado ao STF. 
É importante referir que há uma grande barreira à subida desses 
recursos (PRU, PNU e RE). Interposto o recurso, a outra parte é intimada para 
apresentar contrarrazões e, encerrado o prazo para tanto, é feito o juízo de 
admissibilidade, pela Presidência ou Vice-presidência da Turma Recursal 
de origem (a que proferiu a decisão recorrida). No juízo de admissibilidade, 
verifica-se se o recurso preenche certos requisitos estritos, hipótese em que 
ele será “admitido”, ou, caso não atenda a esses requisitos, o mesmo será “não 
admitido”. 
O recurso admitido é remetido (enviado) ao órgão competente, para que 
seja julgado (PRU vai para a TRU; PNU vai para a TNU; RE vai para o STF). O 
recurso não admitido fica retido na Turma Recursal de origem, não subindo. 
Quando um recurso é barrado no juízo de admissibilidade, é possível 
fazer com que ele suba através de agravo. Apresentado o agravo, a outra parte 
é intimada para apresentar contrarrazões e, em seguida, o agravo sobe para a 
TRU, TNU ou STF, conforme o recurso que tenha sido antes barrado (PRU, PNU 
18 
 
ou RE, respectivamente). Há certas hipóteses, contudo, em que o agravo contra 
a inadmissão de PRU ou PNU é julgado pela própria turma recursal de origem, 
não subindo1. Contudo, para os fins desse curso, basta lembrar que o 
agravo é o recurso que tem por objetivo a fazer subir o PRU, PNU ou RE 
que não foi admitido pela Presidência ou Vice-presidência da turma 
recursal. 
8. Trânsito em julgado 
 
Após encerradas todas as decisões possíveis, e não cabendo mais 
nenhum recurso, se diz que a decisão transita em julgado, ou seja, o 
processo termina e a decisão se torna definitiva. A partir daí, realmente o 
processo está encerrado e não cabe mais nenhuma discussão sobre quem tem 
direito ou quem tem razão. 
 
1 Vide Resolução CJF nº 393/2016 (art. 3º, §§7º e 8º): agravo contra decisão da turma recursal 
que não admite PRU ou PNU, com fundamento em súmula da TRU ou da TNU, respectivamente, 
ou que não admite PRU ou PNU com base em julgamento do Supremo Tribunal Federal em 
repercussão geral. Nesses casos, o agravo é julgado pela própria turma de origem, em decisão 
irrecorrível. 
19 
 
Também não é possível o ajuizamento de outra ação idêntica, pois há a 
barreira da coisa julgada, que impede a rediscussão daquilo o que já foi 
decidido, ainda que com novos argumentos ou fundamentos. 
Também é possível que o processo transite em julgado na primeira 
instância, se ninguém recorrer contra a sentença no prazo legal. 
9. Organização do processo - fase de execução 
 
Tendo a decisão do processo transitado em julgado e havendo 
condenação, se inicia a fase de execução da sentença, que tem por objetivo, 
justamente, executar aquilo que foi decidido, cobrando da parte perdedora 
o cumprimento das obrigações reconhecidas. 
Nessa fase de execução, eventualmente ocorre de ser proferida uma 
decisão judicial que não tenha fundamento jurídico, que seja teratológica. 
“Teratológica” significa uma decisão absurda, monstruosa, uma decisão sem 
fundamento nenhum. Sendo uma decisão completamente sem fundamento, 
absurda, teratológica, é cabível a impetração de mandado de segurança, que 
não é um recurso, mas sim uma ação. Como o mandado de segurança não é 
um recurso, a outra parte será citada para contestar, pois se trata de uma 
ação própria. Esse mandado de segurança irá para as Turmas Recursais, que 
proferirão acórdão. 
Cabe referir que, eventualmente, antes da sentença também pode haver 
uma decisão teratológica, e, se isso ocorrer, também caberá mandado de 
20 
 
segurança contra essa decisão (embora seja mais comum o cabimento do 
mandado de segurança na fase de execução). 
Por fim, são realizados os cálculos do valor devido, os quais devem ser 
realizados pela Contadoria Judicial, conforme previsto no art. 52, II, da Lei nº 
9.099/95, aplicável subsidiariamente por força do art. 1º, caput, da Lei nº 
10.259/01: 
Art. 52. A execução da sentença processar-se-á no próprio 
Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Código de 
Processo Civil, com as seguintes alterações: 
(...) 
II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, de juros 
e de outras parcelas serão efetuados por servidor judicial; 
As partes, então, são intimadas dos cálculos, podendo impugná-los. Se 
não houver impugnação, ou após o juiz decidir sobre a impugnação, o valor 
considerado devido será pago pela Fazenda Pública por RPV (requisição de 
pequeno valor) ou precatório: RPV se o valor for menor de 60 salários-
mínimos; precatório, se for maiordo que 60 salários-mínimos. 
 
21 
 
MÓDULO II) APROFUNDAMENTO E EXPOSIÇÃO CONCEITUAL 
1. Valor da causa e competência dos JEFs 
Ao final de qualquer petição inicial, é necessário indicar o valor da 
causa, que tem regras próprias para sua fixação, mas que, como regra geral, 
corresponde ao proveito econômico pretendido pelo autor. Ou seja, o valor 
da causa, em geral, corresponde ao quanto vale o direito que está sendo 
postulado pelo autor, sendo importantíssimo, pois é ele que define se o 
procedimento aplicável é o dos Juizados Especiais Federais ou o 
procedimento ordinário (do Código de Processo Civil). 
As causas de valor inferior a 60 (sessenta) salários mínimos, são 
julgadas por Varas de Juizados Especiais Federais; as de valor superior, por 
Varas Federais comuns (utilizando o procedimento ordinário, do Código de 
Processo Civil). O rito dos Juizados Especiais Federais é obrigatório nas 
causas de valor até 60 salários-mínimos. 
2. A expressão “liminar” 
A expressão “liminar” é derivada do latim in limine litis, que significa no 
começo da lide. Ou seja, liminar é qualquer decisão que seja proferida no início 
do processo. 
3. Organização do processo – fase de conhecimento 
 
22 
 
É possível dividir o processo em várias fases, isso é, vários momentos 
distintos, com objetivos parciais diferentes. A função dessas divisões é perceber 
como o processo se encadeia, passando por vários momentos, em direção a 
uma decisão final de mérito, ou seja ao momento em que o juiz dá razão a 
uma das partes. Essa atividade, como um todo é denominada fase de 
conhecimento, que é a fase que tem por objetivo, justamente, realizar todas as 
atividades necessárias para que o juiz possa julgar o processo ao final, atribuindo 
razão a uma das partes. 
A fase de conhecimento se subdivide em várias fases (isso é, em vários 
momentos, com finalidades distintas): 
- Fase postulatória: o processo se inicia com a petição inicial e, após, 
havendo ou não liminar, o réu é citado no processo, tendo a oportunidade de se 
defender. Nesse momento, já está definida a lide, isso é, o conflito existente 
entre as partes e os principais argumentos de cada uma delas. É sobre os 
pontos controvertidos (os fatos sobre os quais há controvérsia, ou seja, sobre os 
quais as partes discordam) é que serão, posteriormente, produzidas as provas 
na fase instrutória. O Objetivo da fase postulatória, portanto, é definirem-se 
os contornos da lide, com a versão dos fatos sustentada por cada uma das 
partes e os argumentos jurídicos que entendem serem aplicáveis no caso. 
- Fase de saneamento: a fase de saneamento é aquela em que o juiz 
coloca em ordem o processo, verificando se o mesmo atende aos 
requisitos necessários para sua continuidade, delimitando as questões de 
fato sobre as quais há divergência entre as partes (que serão objeto da fase 
instrutória) e estabelecendo as questões de direito relevantes para a 
posterior decisão de mérito. Não se trata de uma fase bem definida no tempo, 
sendo que a mesma deveria se encerrar por uma decisão saneadora do juiz, 
abrangendo os seguintes pontos (art. 357 do Código de Processo Civil – CPC): 
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, 
em decisão de saneamento e de organização do processo: I - resolver as 
questões processuais pendentes, se houver; II - delimitar as questões de fato 
sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova 
admitidos; III - definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; IV - 
23 
 
delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; V - designar, 
se necessário, audiência de instrução e julgamento. 
Em suma, o juiz deveria verificar a regularidade do processo e definir os 
pontos controvertidos estabelecendo, assim, o foco sobre o qual estarão 
centradas as fases subsequentes (a fase instrutória e a fase decisória). Nos 
JEFs, contudo, raramente se vê esse tipo de decisão, devido aos princípios da 
celeridade, informalidade e simplicidade, que permeiam esse procedimento. 
- Fase instrutória: “instruir o processo” significa produzir no processo 
as provas necessárias à demonstração dos fatos alegados, seja juntando 
documentos, pedindo a oitiva de testemunhas, a realização de perícia, etc. Fase 
instrutória, portanto, é a fase de produção de provas no processo. Essa 
fase nem sempre é necessária, sendo possível que o juiz pule diretamente da 
fase postulatória ou de saneamento para a fase decisória, quando, por exemplo, 
a discussão for só de direito (não envolver a prova de fatos) ou quando os fatos 
já estiverem suficientemente comprovados. 
- Fase decisória: é o momento de decisão, em que o juiz profere a 
sentença. 
4. Atos do juiz e recursos cabíveis 
É importante diferenciar entre os vários tipos de atos do juiz, que 
podemos encontrar no curso de um processo. São eles: a) sentença; b) decisão 
interlocutória; c) despacho; d) ato ordinatório. 
a) O mais importante dos atos do juiz é a sentença, que é a decisão final 
do processo. A sentença é o ato do juiz que põe fim à fase de conhecimento 
do processo, diferenciando-se, assim, das demais decisões, que são proferidas 
no curso da fase de conhecimento e de execução. Essa decisão pode ser de 
mérito (aquela que atribui razão a uma das partes, acolhendo ou rejeitando o 
pedido da petição inicial) ou sem resolução de mérito (chamada de “sentença 
terminativa”, a qual não soluciona a lide, ou seja, não chega a entrar no mérito 
de quem tem ou não razão no conflito existente entre as partes). No rito dos 
JEFs, o recurso contra a sentença é o recurso inominado. Curiosamente, o 
24 
 
nome “recurso inominado” significa “recurso sem nome”, o que decorre do fato 
de a lei ter previsto o cabimento desse recurso, sem lhe dar expressamente um 
nome (art. 41, caput da Lei nº 9.099/95). Assim, acabou-se apelidando esse 
recurso de “recurso inominado”. 
Entretanto, quando se trata de sentença terminativa (isso é, aquela 
que extingue o processo sem resolver o mérito), não é pacífico o cabimento 
do recurso inominado, havendo variações no entendimento conforme a 
localidade em que se está atuando. Na 4ª Região, o recurso inominado contra 
sentença terminativa é aceito, reconhecendo-se em regra seu cabimento, de 
forma expressa ou tácita. Contudo em outras localidades se entende que 
não cabe recurso inominado contra sentença terminativa. Assim, é 
importante você verificar qual é o entendimento local e atuar conforme o mesmo. 
A execução também pode ser encerrada por uma sentença, a qual 
reconhece que a obrigação foi totalmente satisfeita, declarando extintas a 
execução e a obrigação reconhecida na fase de conhecimento. Mas isso é 
bastante raro no rito dos JEFs, no qual, normalmente o juiz simplesmente manda 
arquivar o processo após cumprida a obrigação. 
b) As questões que surgem durante o processo, que precisam ser 
decididas, seja na fase de conhecimento, seja na de execução, são resolvidas 
pelo juiz por meio de decisão interlocutória, na qual o juiz defere ou indefere 
algum pedido ou providência. Por exemplo, se a parte requer a produção de 
uma prova testemunhal, o juiz apreciará se essa é cabível ou não por meio de 
decisão interlocutória, deferindo ou indeferido esse requerimento. Ou, então, se 
a parte pede a concessão de antecipação de tutela ou de uma medida cautelar, 
o juiz deferirá ou indeferirá esse pedido por meio de decisão interlocutória. 
A diferença central entre a decisão interlocutória e a sentença é que 
esta põe fim à fase de conhecimento ou de execução do processo, ao 
passo que aquela apenas decide uma questão no curso do seu andamento.No rito dos JEFs, as decisões interlocutórias são, em regra, 
irrecorríveis. A única hipótese de recurso contra decisão interlocutória nos JEFs 
25 
 
é o RMC (recurso de medida cautelar) contra a decisão que defere ou 
indefere medida cautelar ou antecipação de tutela (arts. 4º e 5º da Lei nº 
10.259/01), já abordado acima. 
c) Entretanto, nem todos os pronunciamentos do juiz são decisões, 
havendo também os simples despachos. Os despachos são meras 
determinações de andamento do processo, impulsionando-o para frente, 
sem, contudo, deferir ou indeferir alguma providência. Por exemplo, após o 
autor ajuizar a petição inicial, o juiz profere o despacho citatório (“cite-se”), 
determinando a citação do réu para se defender. Ou o despacho para produção 
de outras provas (“Intimem-se as partes para que manifestem se têm interesse 
na produção de outras provas. Nada sendo requerido, voltem conclusos para 
sentença”). 
Como os despachos não têm “carga decisória” (isso é, não deferem nem 
indeferem coisa alguma, tampouco prejudicam as partes), os mesmos são 
irrecorríveis. 
d) Como referido, os despachos não têm carga decisória (não deferem 
ou indeferem coisa alguma, tampouco prejudicam qualquer das partes, apenas 
impulsionam o processo para frente). Por isso, é possível a delegação desses 
atos, pelo juiz aos servidores da Secretaria Judiciária/Cartório, o que 
normalmente é feito por meio de Portaria, prevendo os casos em que o próprio 
servidor impulsionará o processo, independentemente de despacho assinado 
pelo juiz. Esse impulso realizado pelos servidores da Secretaria 
Judiciária/Cartório se chama ato ordinatório. Da mesma forma que não cabe 
recurso contra despacho, também não cabe contra ato ordinatório. 
OBS.: a expressão “fazer o processo concluso” significa remetê-lo ao 
juiz, para análise. Na época dos processos físicos, o processo estava concluso 
quando estava no Gabinete do juiz, esperando que o mesmo o analisasse (o 
que, hoje, é feito de maneira eletrônica). 
26 
 
5. Litispendência x coisa julgada 
Como já referido, quando contra a decisão final de mérito da causa 
não cabe mais nenhum recurso, seja porque todos foram esgotados, seja 
porque transcorreu o prazo legal sem a sua interposição, se diz que a decisão 
transitou em julgado. O termo “preclusão” significa a perda da faculdade de 
praticar um ato processual; se ninguém interpuser recurso no prazo legal, 
ocorrerá “preclusão temporal”, isso é, o decurso do prazo legal acarretará a 
perda da possibilidade de apresentação de recurso, transitando em julgado a 
decisão. Se diz que trânsito em julgado é a preclusão máxima, pois, a partir 
de sua ocorrência, a decisão se torna definitiva, não cabendo mais nenhuma 
discussão sobre o mérito da demanda. 
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Lei nº 4.657/42) 
define “coisa julgada” da seguinte forma: 
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o 
ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
(...) 
§3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão 
judicial de que já não caiba recurso. 
A coisa julgada impede o ajuizamento de causa idêntica. Mas o que 
ocorre se é ajuizada uma demanda idêntica a outra que ainda está em 
andamento, que não foi encerrada e que, por consequência, ainda não teve 
decisão ou na qual a decisão ainda não transitou em julgado? 
Nesse caso está-se diante do fenômeno da litispendência, a qual se 
verifica quando há o ajuizamento de demanda idêntica a outra que ainda está 
tramitando (isso é, ainda está em andamento). Sobre o tema, dispõe o Código 
de Processo Civil (CPC): 
Art. 337. (...) 
§ 1o Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada quando se 
reproduz ação anteriormente ajuizada. 
§ 2o Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas 
partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido. 
27 
 
§ 3o Há litispendência quando se repete ação que está em 
curso. 
§ 4o Há coisa julgada quando se repete ação que já foi 
decidida por decisão transitada em julgado. 
Importante esclarecer, nesse contexto, o que significa ação idêntica. 
Conforme o §2º do art. 337 transcrito acima, para uma ação ser considerada 
idêntica é necessário verificar-se a tríplice identidade: o autor e o réu são os 
mesmos (mesmas partes), os fatos narrados e os fundamentos jurídicos 
são os mesmos (causa de pedir) e o objeto é o mesmo (pedido). Essa é a 
compreensão clássica, contudo, há uma teoria moderna que diz que essa 
correspondência não precisa ser absoluta, bastando que o conflito social seja o 
mesmo, para que haja identidade de ações. Essa teoria será abordada na parte 
3 desse material. 
6. Mandado de Segurança contra decisão judicial nos JEFs 
Mandado de segurança é um remédio constitucional, isso é, uma ação 
prevista na Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB ou, 
simplesmente, CF), destinada a proteger os direitos fundamentais do cidadão 
contra atos arbitrários do Estado. O art. 5º, LXIX, da CRFB e o art. 1º da Lei nº 
12.016/09 (Lei do Mandado de Segurança – LMS): 
“art. 5º, LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para 
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas 
corpus ou habeas data, quando o responsável pela 
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou 
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do 
Poder Público”; 
Lei 12.016/09, Art. 1º Conceder-se-á mandado de segurança 
para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas 
corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com 
abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer 
violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de 
autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as 
funções que exerça. 
28 
 
“Impetrar” é o verbo que se utiliza ao se referir ao ajuizamento de um 
mandado de segurança. Dessa forma, “impetrar mandado de segurança” 
significa ajuizá-lo, protocolando a sua petição inicial. 
Tem-se direito líquido e certo quando os fatos da causa não 
dependem de produção de provas no processo, ou seja, é aquele direito que 
se ampara em fatos já comprovados por prova documental pré-constituída, 
ou seja, prova documental constituída antes do processo. Isso porque, no 
mandado de segurança, não se admite instrução (produção de provas, como a 
oitiva de testemunhas, realização de perícias, etc.). Em suma, para caber 
mandado de segurança, os fatos já devem estar comprovados de antemão (a 
expressão “direito líquido e certo”, portanto, se refere aos fatos da causa, não 
propriamente ao direito; a interpretação do direito pode ser discutível e sujeita a 
interpretações diversas e, ainda assim, caberá mandado de segurança). 
Além disso, trata-se de ação contra o ato de autoridade pública (ou de 
quem esteja exercendo atribuição pública), o que, de forma mais usual, se 
verifica em relação a atos de autoridade do Poder Executivo. 
Muito se discutiu, por isso, sobre a possibilidade de impetração de 
mandado de segurança contra atos judiciais, uma vez que esses podem ser 
impugnados pelos recursos cabíveis, aptos a suspenderem a decisão, no curso 
do processo judicial e, após o esgotamento dos recursos, se tornam definitivos, 
ficando protegidos pela coisa julgada. Além disso, é da natureza da atividade 
jurisdicional a existência de interpretações diferentes sobre a aplicação da lei, 
não sendo possível, pela simples divergência de interpretações, se concluir que 
uma decisão judicial seja ilegal. A ilegalidade ou abuso de poder somente 
estarão configurados se a decisão for teratológica, isso é, completamente 
absurda, frontalmente ilegal. Nesse sentido, diz-se que o mandadode 
segurança não é substitutivo de recurso, pois cabe apenas em hipóteses 
excepcionais. 
29 
 
 
A expressão “teratológica” vem de “Teratologia”, que é a parte da 
medicina que se ocupa do estudo das malformações e das monstruosidades. 
“Terato” significa “monstro” e “logia” significa estudo. 
Nessa linha, a conclusão é, justamente, de que cabe mandado de 
segurança contra decisão teratológica do Poder Judiciário, quando a 
legislação processual não previr nenhum recurso cabível que possa 
suspender a decisão, e essa não estiver transitada em julgado. Veja-se o 
que dispõe a LMS (Lei nº 12.016/09): 
Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se 
tratar: 
I – (...) 
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito 
suspensivo; 
III - de decisão judicial transitada em julgado. 
Como visto, no procedimento dos Juizados Especiais Federais, a única 
decisão interlocutória contra a qual cabe recurso é a que defere ou indefere a 
antecipação de tutela ou a medida cautelar, contra a qual cabe RMC (recurso de 
medida cautelar). 
30 
 
 
Todas as demais decisões interlocutórias são irrecorríveis, razão 
pela qual, se forem teratológicas, contra elas caberá mandado de 
segurança, conforme ilustrado acima. 
Contudo, o entendimento sobre o que é teratológico ou não é mais 
flexível no caso de impetração de mandado de segurança na fase de 
execução. 
 
Isso porque todas as decisões proferidas na fase de conhecimento 
podem ser atacadas no momento do recurso contra a sentença, por 
exemplo: se o juiz indeferiu a realização de uma prova indispensável, quando, 
em momento posterior, ele proferir sentença, será possível a interposição de 
recurso inominado alegando a nulidade do processo por cerceamento de defesa, 
31 
 
em virtude de o juiz haver, na fase instrutória, indeferido a produção de uma 
prova considerada essencial. Isso se denomina preclusão elástica, que é a 
característica de essas decisões somente precluírem junto com a sentença e 
não de forma imediata. 
 
O termo “preclusão” da decisão significa que a decisão não é mais 
atacável, ou seja, se tornou definitiva dentro do processo. A coisa julgada é a 
preclusão máxima. 
Dessa forma, a impetração de mandado de segurança contra decisão 
na fase de conhecimento é raríssima, somente cabível quando a decisão for 
absolutamente ilegal e não houver possibilidade de se aguardar momento 
posterior para atacá-la. Caso contrário, a decisão interlocutória na fase de 
conhecimento será recorrível apenas junto com a sentença. Nesse sentido: 
“Trata-se de mandado de segurança proposto pela parte 
autora contra despacho que julgou improcedente o pedido 
de complementação de perícia judicial. 
A parte autora pleiteia a CONCESSÃO DA SEGURANÇA para 
que o Perito Judicial nos autos do processo de nº 5010390-
90.2018.4.04.7201 seja intimado a responder os quesitos da 
Impetrante que consta da exordial que instaurou o feito em 
questão, de maneira a corrigir grave cerceamento de defesa, em 
respeito ao devido processo legal e a ampla defesa. 
32 
 
Não foi veiculado pedido de medida liminar. 
Prossigo para decidir. 
O ato ora impetrado (despacho judicial) foi exarado nos 
seguintes termos (DESPADEC1, evento 38, autos originários): 
Indefiro o pedido formulado pela parte autora para que o 
médico perito responda os quesitos apresentados por 
petição, uma vez que as considerações do médico perito 
são conclusivas e suficientes para a análise do mérito 
desta ação. 
Ademais, o médico perito utilizou o laudo eletrônico 
recomendado pelo TRF da 4ª Região e somente deverá 
responder os quesitos nele cadastrados, conforme 
determinação do despacho do evento nº 03 (...apresentar 
quesitos, os quais somente serão aceitos se incluídos 
diretamente no laudo eletrônico, mediante acesso ao 
processo eletrônico respectivo (“Ações” > “Quesitos do 
Juízo” > "Selecionar a Parte")).. 
Ciência à parte autora. 
Após, registrem-se os autos para sentença. 
Não merece trânsito o presenta Mandado de Segurança, 
uma vez que manejado em face 
de decisão interlocutória que, no microssistema dos 
Juizados Especiais Federais, é irrecorrível. 
Nessa senda, para que não se utilize 
o Mandado de Segurança como sucedâneo recursal, 
apenas se admite o seu conhecimento na hipótese de ficar 
demonstrado que o ato, além de trazer prejuízo manifesto à 
parte, se revista de flagrante ilegalidade, teratologia ou 
abuso de poder. 
Não é o caso da decisão ora guerreada, que é claramente 
dotada de razoabilidade, tendo sido explicitamente apontados à 
parte autora os parâmetros do rito processual acerca 
da apresentação e posterior exame de quesitos 
complementares (item 4, 'c', DESPADEC1, evento 3), 
circunstância que restou inobservada pela ora Impetrante. 
Ademais, através de um exame preliminar, observo que o laudo 
judicial ora questionado encontra-se regularmente 
fundamentado, inexistindo qualquer mácula que justifique a 
ingerência na fase instrutória ora pleiteada. 
33 
 
Portanto, não há como imputar ao despacho ora 
questionado, a característica de absurdo ou teratológico, 
hipótese em que se poderia conhecer 
do mandado de segurança contra ato judicial irrecorrível. 
Caso contrário, esta ação, na prática, equivaleria ao recurso 
que o legislador não quis criar (art. 5º da Lei nº 10.259/2001). 
Neste sentido, extraio o seguinte excerto do voto proferido pelo 
Juiz Edvaldo Mendes da Silva, proferido na sessão de 06-03-
2013 da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina, no 
mandado de segurança TR nº 5019583-45.2012.404.7200/SC: 
O ato impugnado é de natureza judicial, isto é, emanado 
de poder especialmente designado para interpretar e 
aplicar a lei. Portanto, a noção de "ilegalidade" ou de 
"abuso de poder" não se confunde com a simples 
discordância. Fosse assim, 
o mandado de segurança estaria reduzido a mero recurso. 
No âmbito dos Juizados Especiais, o uso 
do mandado de segurança como sucedâneo de recurso 
afronta o artigo 5º da Lei n. 10.259/2001 e contraria a 
própria finalidade desta jurisdição especial. Por fim, o 
próprio direito líquido e certo se apresenta controvertido, 
uma vez que desafia decisão judicial que nada tem de 
teratológica nem de absurda mas, ao contrário, resulta de 
interpretação aceitável da lei e decorre do livre 
convencimento do magistrado. Em suma: não há direito 
líquido e certo a uma decisão judicial favorável e, o fato de 
ser a decisão irrecorrível, não enseja, por si só, 
o mandado de segurança. 
Por fim, registro que, a possibilidade de rediscutir a 
matéria em sede de recurso inominado afasta 
qualquer alegação de manifesto prejuízo à parte. 
Dessa feita, diante da ausência dos pressupostos legais, 
não é de ser conhecido o 
presente Mandado de Segurança. 
Sem honorários advocatícios, nos termos do artigo 25 da 
Lei 12.016/09, bem como com fundamento na Súmula 
105/STJ: "Na ação de mandado de segurança não se 
admite condenação em honorários advocatícios". 
Ante o exposto voto por NÃO CONHECER 
DO MANDADO DE SEGURANÇA.”. (MANDADO DE 
SEGURANÇA nº 5021808-28.2018.4.04.7200, SEGUNDA 
34 
 
TURMA RECURSAL DE SC, Relator HENRIQUE LUIZ 
HARTMANN, julgado em 20/03/2019) 
 
MÓDULO III) EXPOSIÇÃO DE CONTEÚDO AVANÇADO 
1. Competência absoluta das Varas de Juizados Especiais Federais. 
A competência dos Juizados Especiais Federais, nas causas de valor 
inferior a 60 (sessenta) salários mínimos, é absoluta (não é relativa), o que 
significa que é obrigatório o ajuizamento no Juizado Especial Federal, não sendo 
possível ajuizar a demanda em uma Vara Federal comum. 
Lei10.259/01, art. 3º. (...). 
§ 3º No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a 
sua competência é absoluta. 
Dessa forma, uma demanda ajuizada na Justiça Federal, de valor inferior 
a 60 (sessenta) salários mínimos obrigatoriamente tramitará pelo procedimento 
dos Juizados Especiais Federais. 
2. Recursos próprios dos JEFs (PRU, PNU e PUIL) e seu cabimento 
 
 
35 
 
 
O Pedido Regional de Uniformização de Jurisprudência (PRU) e o 
Pedido Nacional de Uniformização de Jurisprudência (PNU) são recursos 
próprios do procedimento dos Juizados Especiais Federais, tendo previsão na 
lei 10.259/09: 
“Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei 
federal quando houver divergência entre decisões sobre 
questões de direito material proferidas por Turmas Recursais na 
interpretação da lei.” 
“§1º O pedido fundado em divergência entre Turmas da 
mesma Região será julgado em reunião conjunta das Turmas 
em conflito, sob a presidência do Juiz Coordenador.” (PRU) 
“§2º O pedido fundado em divergência entre decisões de 
turmas de diferentes regiões ou da proferida em 
contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante do 
STJ será julgado por Turma de Uniformização, integrada por 
juízes de Turmas Recursais, sob a presidência do Coordenador 
da Justiça Federal.” (PNU) 
Como se observa a partir do texto legal, o objetivo desses recursos é 
exclusivamente solucionar divergência jurisprudencial, razão pela qual é 
necessário sempre que haja um paradigma, ou seja, uma decisão de outra 
Turma Recursal, que tenha atribuído interpretação diferente a caso 
36 
 
semelhante ao que está sendo julgado. Nisso, há uma diferença substancial 
em relação ao rito ordinário (procedimento do Código de Processo Civil, para 
causas de valor superior a 60 salários mínimos), no qual cabe recurso especial 
para o STJ com fundamento exclusivamente na má interpretação da lei, 
independentemente de paradigma (art. 105, III, “a”, da CRFB), situação que não 
existe nos Juizados Especiais Federais. 
Dessa forma, tratando-se de interpretação de lei, somente é possível 
fazer o caso “subir” para além da Turma Recursal (isso é, para a TRU ou 
TNU) se houver paradigma de outra Turma Recursal, dando interpretação 
diferente à lei, ou seja, se houver divergência jurisprudencial. Se esse paradigma 
for de Turma Recursal mesma Região (por exemplo, RS x SC), caberá PRU 
(que será julgado pela Turma Regional de Uniformização – TRU); se, por outro 
lado, a divergência for entre turmas de diferentes Regiões (por exemplo, PR x 
SP), caberá PNU (que será julgado pela Turma Nacional de Uniformização de 
Jurisprudência – TNU). 
Existe, ainda, o Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei 
para o STJ (PUIL) contra decisões da TNU que contrariem súmula ou 
jurisprudência dominante do STJ. Veja-se: 
§4º Quando a orientação acolhida pela Turma de 
Uniformização, em questões de direito material, contrariar 
súmula ou jurisprudência dominante no Superior Tribunal de 
Justiça -STJ, a parte interessada poderá provocar a 
manifestação deste, que dirimirá a divergência. (PUIL – pedido 
de Uniformização para o STJ) 
2.1. Descabimento de PRU ou PNU em matéria de fato 
O PNU e o PRU são recursos que têm por objetivo sanar divergência 
jurisprudencial sobre a aplicação da lei em casos semelhantes, ou seja, pacificar 
a correta interpretação da lei, evitando que essa seja interpretada de forma 
diversa em casos idênticos. Por isso se diz que são recursos que tratam de 
matéria de direito, ou seja, matéria de interpretação das normas jurídicas 
aplicáveis a certo tipo de caso. 
37 
 
Quando se diz que não cabe PRU ou PNU em matéria de fato, o que 
se está afirmando é que não cabe a interposição desses recursos para 
simples reexame de prova, ou seja, para revisar a conclusão da Turma 
Recursal sobre como os fatos ocorreram. Na interposição do PRU ou PNU, a 
matéria fática (isso é, a versão dos fatos acolhida) já está definida e o que se 
discute é como aplicar corretamente a lei a esses fatos. 
Esse mesmo entendimento, aliás, se aplica também ao recurso 
extraordinário (RE), que é direcionado ao Supremo Tribunal Federal quando há 
alegação de interpretação ou aplicação equivocada da Constituição (e, no RE, 
não há exigência de paradigma, basta alegação de má interpretação do texto da 
Constituição – art. 102, III, “a”, da CRFB). É também inadmissível o RE para 
reanálise de matéria fática. 
Veja-se o que dizem as Súmulas da TNU e do STF sobre o assunto: 
TNU, Súmula nº 42. Não se conhece de incidente de 
uniformização que implique reexame de matéria de fato. 
STF, Súmula nº 279. Para simples reexame de prova não cabe 
recurso extraordinário. 
O termo “súmula” se refere a enunciados que são elaborados pelos 
tribunais e turmas recursais, os quais resumem um entendimento pacífico (isto 
é, sobre o qual não há divergência) naquele órgão jurisdicional. 
 2.2. Descabimento de PRU ou PNU em matéria processual 
Matéria processual é aquela ligada ao andamento do processo, não ao 
direito material (que é o objeto da demanda, o direito da parte discutido cuja 
proteção se busca através do processo). Ao tratar sobre o pedido de 
uniformização (seja o PRU ou o PNU), o caput do art. 14 da Lei nº 
10.259/01, restringiu as discussões possíveis, referindo apenas caber esses 
recursos para discutir questões de direito material (excluindo, assim, as 
discussões processuais): 
Art. 14. Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei 
federal quando houver divergência entre decisões sobre 
38 
 
questões de direito material proferidas por Turmas Recursais 
na interpretação da lei. 
Nesse sentido é o entendimento sumulado da TNU e da TRU da 4ª 
Região, in verbis: 
TNU, Súmula nº 43. "Não cabe incidente de uniformização que 
verse sobre matéria processual". 
TRU-4ª Região, Súmula nº 01. "Não caberá pedido de 
uniformização de interpretação de lei federal quando a 
divergência versar sobre questões de direito processual". 
Um dos exemplos mais drásticos da importância e da gravidade dessa 
restrição é a impossibilidade de se discutir, em nível regional ou nacional, a 
interpretação sobre o que caracteriza ou não coisa julgada, ou seja, sobre a 
interpretação acerca a incidência da coisa julgada a certa situação fática, como 
nos precedentes abaixo: 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM INCIDENTE NACIONAL 
DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. COISA 
JULGADA. DIMENSIONAMENTO DOS EFEITOS. MATÉRIA 
PROCESSUAL. INCIDENTE NÃO CONHECIDO POR 
INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 43. OPOSIÇÃO DE EMBARGOS 
QUE EM VERDADE PRETENDEM NOVO JULGAMENTO DA 
MATÉRIA. REJEIÇÃO. (Pedido de Uniformização de 
Interpretação de Lei (Turma) 5002476-87.2014.4.04.7112, 
JOSÉ FRANCISCO ANDREOTTI SPIZZIRRI - TURMA 
NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO.) 
PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO SUSCITADO PELA UNIÃO. 
DISCUSSÃO A RESPEITO DA COISA JULGADA. MATÉRIA 
DE ÍNDOLE PROCESSUAL. SÚMULA 43/TNU. INCIDENTE 
NÃO CONHECIDO. (Pedido de Uniformização de Interpretação 
de Lei (Turma) 0500006-13.2017.4.05.9850, SERGIO DE 
ABREU BRITO - TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO.) 
 2.3. Similitude fática do paradigma e cotejo analítico 
Como referido, a interposição de PRU ou PNU depende de paradigma. 
Esse paradigma deve trazer caso semelhante, tanto nos aspectos fáticos, 
quanto jurídicos, ao caso em discussão, sob pena de não ser possível a 
39 
 
comparação entre ambos e a identificação da forma como divergiram na 
aplicação do direito a situações muito semelhantes. Daí se diz que o acórdão 
recorrido deve ter similitude fática e jurídica com o acórdão utilizado como 
paradigma. 
TNU, QUESTÃO DE ORDEM Nº 22. É possívelo não-
conhecimento do pedido de uniformização por decisão 
monocrática quando o acórdão recorrido não guarda 
similitude fática e jurídica com o acórdão paradigma. 
(Aprovada na 8ª Sessão Ordinária da Turma Nacional de 
Uniformização, do dia 16.10.2006). 
A fim de demonstrar essa similitude fática e jurídica, permitindo a sua 
fácil constatação, no PRU ou PNU, deve-se, necessariamente fazer o cotejo 
analítico, que é o batimento das questões fáticas e jurídicas tratadas em 
um e outro, comparando-os. Somente mencionar os precedentes e colar as 
ementas (ementa = resumo do julgamento) não é suficiente, sendo necessária a 
realização de uma comparação analítica entre o caso recorrido e o acórdão 
paradigma (isso é, o cotejo analítico). Veja-se como a questão é abordada pela 
TNU: 
(...) 4.1. A petição do incidente de uniformização deve conter 
obrigatoriamente a demonstração do dissídio, com a 
realização de cotejo analítico em duas etapas: primeiro, pela 
comparação entre as questões de fato tratadas no acórdão 
impugnado e no paradigma, com reprodução dos 
fundamentos de ambos; depois, pelo confronto das teses 
jurídicas em conflito, evidenciando a diversidade de 
interpretações para a mesma questão de direito. 4.2. No caso 
dos autos, a recorrente limitou-se a transcrever ementas de 
diversos julgados, oriundos da Turma Regional e Turma 
Recursal de Mato Grosso e do Superior Tribunal de Justiça, não 
demonstrando a similitude fático-jurídica entre os julgados 
paradigmas e o acórdão recorrido. (...). (...). (PEDILEF 
200638007233053, JUÍZA FEDERAL ANA BEATRIZ VIEIRA DA 
LUZ PALUMBO, TNU, DOU 24/10/2014 PÁGINAS 126/240.). 
Por fim, há situações em que, além de demonstrar a similitude fática 
através do cotejo analítico, é necessário juntar cópia do acórdão paradigma 
40 
 
para conferência, o que ocorre quando se tratar de divergência entre turmas 
de diferentes regiões: 
TNU, QUESTÃO DE ORDEM Nº 03. A cópia do acórdão 
paradigma somente é obrigatória quando se tratar de 
divergência entre turmas recursais de diferentes regiões, 
sendo exigida, no caso de julgado obtido por meio da internet, a 
indicação da fonte que permita a aferição de sua autenticidade. 
3. Coisa julgada, litispendência e teoria da identidade de relação jurídica 
Insta frisar, conforme leciona Alexandre Freitas Câmara, que a teoria 
das três identidades não é capaz de explicar todas as hipóteses, servindo, tão 
somente, como regra geral. Há casos em que se deve aplicar a 'teoria da 
identidade da relação jurídica', segundo a qual o novo processo deve ser 
extinto quando a res in iudicium deducta for idêntica à que se deduziu no 
processo primitivo, ainda que haja diferença entre alguns dos elementos 
identificadores da demanda (Lições de Direito Processual Civil, Rio de Janeiro, 
Lumen Juris, 2005, p. 474). (grifei). 
Nesse sentido, há precedente da PRIMEIRA SEÇÃO do Colendo 
Superior Tribunal de Justiça, no qual foi consignado que o “(...) fenômeno da 
litispendência se caracteriza quando há identidade jurídica, ou seja, quando as 
ações intentadas objetivam, ao final, o mesmo resultado, ainda que o polo 
passivo seja constituído de pessoas distintas (...)”(AgRg no MS 20.548/DF, Rel. 
Ministro Og Fernandes, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe 
18/06/2015). 
 Resta clara, assim, a necessidade de diferenciar-se entre duas teorias, 
ambas acolhidas pelo Código de Processo Civil: 1) a teoria da tríplice 
identidade (art. 337, §2º, do CPC/2015, que funciona como regra geral; 2) a 
teoria da identidade da relação jurídica, segundo a qual há repetição de ações 
quando a res in iudicium deducta (isto é, a coisa deduzida em juízo) é a mesma, 
ainda que haja diferença entre algum dos elementos identificadores da demanda 
(partes, causa de pedir e pedido) – art. 505, caput e art. 508 do CPC, in verbis: 
41 
 
Art. 505. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já 
decididas relativas à mesma lide, salvo: 
I - se, tratando-se de relação jurídica de trato continuado, 
sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso 
em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na 
sentença; 
II - nos demais casos prescritos em lei. 
Art. 508. Transitada em julgado a decisão de mérito, 
considerar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações 
e as defesas que a parte poderia opor tanto ao acolhimento 
quanto à rejeição do pedido. (grifei). 
Importante destacar que essa interpretação do ordenamento jurídico é a 
que melhor se coaduna com a função de pacificação social da Jurisdição, 
impedindo a eternização de conflitos sociais e fortalecendo a segurança 
jurídica (art. 5º, XXXVI, da CRFB e art. 5º da LINDB). Também adotando esse 
entendimento: 
PROCESSUAL CIVIL E CONSTITUCIONAL. SERVIDOR 
PÚBLICO. INATIVO SOB A ÉGIDE DA CLT. 
RESTABELECIMENTO DE COMPLEMENTAÇÃO SUPRIMIDA. 
OFENSA À COISA JULGADA. TEORIA DA IDENTIDADE DA 
RELAÇÃO JURÍDICA. 1. O autor ajuizou perante a Justiça 
Federal, Seção Judiciária de Mato Grosso, mandado de 
segurança pleiteando anulação de ato que suprimiu 
complementação de remuneração que vinha sendo paga em sua 
inatividade. A segurança foi denegada com exame de mérito, 
considerando-se o ato legal, estabelecendo também o 
contraditório e a ampla defesa, de forma que produziu coisa 
julgada material sobre o tema. 2. Em conformidade com o 
sistema processual civil brasileiro, duas teorias informam a 
coisa julgada: a teoria da tríplice identidade (artigo 301, 
parágrafo segundo do CPC) e a teoria da relação jurídica 
(artigo 471, caput e 474 do CPC). Pela primeira, a coisa 
julgada, como regra geral, só promove a idêntica à que 
levou à instauração do primeiro processo (mesmas partes, 
mesma causa de pedir e mesmo pedido). Pela segunda, "o 
novo processo deve ser extinto quando a res in iudicium 
deducta for idêntica à que se deduziu no processo primitivo, 
ainda que haja diferença entre alguns dos elementos 
identificadores da demanda" - causa de pedir e pedido. 
42 
 
(TRF-1, AMS 00050195220014013600, 2ª Turma Suplementar, 
Rel. Juíza Federal Rosimayre Gonçalves de Carvalho, d.j. 
14/12/2011). (grifei). 
“PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO. IMPOSTO 
DE RENDA. PESSOA FÍSICA. ELEMENTOS 
IDENTIFICADORES DA AÇÃO. TEORIA DA IDENTIDADE DA 
RELAÇÃO JURÍDICA. MANDADO DE SEGURANÇA. 
LITISPENDÊNCIA. OCORRÊNCIA. 1. A existência de coisa 
julgada constituída em um processo judicial implica a extinção 
de outro processo quando se tratar de demanda idêntica àquela 
julgada primeiramente. E conforme preceitua o artigo 301, § 2º, 
do CPC, as demandas judiciais são consideradas idênticas 
quando possuem as mesmas partes, causa de pedir e pedido. 2. 
A litispendência caracteriza-se na hipótese de repetição de ação 
anteriormente ajuizada e que ainda esteja em curso. Está 
presente a congruência exata dos elementos identificadores da 
ação, já que estão litigando no presente feito e integram a 
relação jurídica processual da ação ajuizada anteriormente, em 
curso, as mesmas partes, sendo idênticos os pedidos mediato e 
imediato, tendo por suporte a mesma causa de pedir. Com 
efeito, está consubstanciada a litispendência. 3. Embora as 
demandas não tenham exatamente as mesmas pessoas 
figurando no polo passivo, não se pode afastar, no caso em tela, 
a coisa julgada apenas em razão da diversidade do polo passivo. 
Isso porque a teoria da tríplice identidade (mesmas partes, 
mesma causa de pedir e mesmo pedido) atua apenas como 
regra geral, não sendo suficiente para explicar todas as 
situações. Em algumas hipóteses, para a caracterização da 
coisa julgada, deve-se analisar se a questão debatida em umprocesso é a mesma, ainda que alguns elementos 
identificadores da ação sejam distintos. Trata-se de 
aplicação da "teoria da identidade da relação jurídica". 4. 
Sentença reformada para extinguir o feito, sem julgamento do 
mérito.” (TRF-2, AC 201351011345619, Quarta Turma 
Especializada, Rel. Des. Federal Luiz Antônio Soares, d.j. 
29/10/2014). 
Por fim, vale referir que a eficácia preclusiva da coisa julgada veda a 
revisão, reinterpretação e/ou nova valoração do que foi decidido na anterior 
demanda: 
43 
 
“(...). Denota-se da petição inicial e da sentença proferida no 
processo n.º 0002811-85.2008.4.03.6319 (cópias anexadas em 
20.01.2015, arquivos Inicial proc. 2008.2811-0.pdf e Sentença 
proc 2008.2811-0.doc), que o pedido de cômputo dos períodos 
rurais de 1966 a 1971 e 1972 a 1975, compôs o objeto daquela 
demanda, e, ao contrário do que sustenta a parte autora, teve 
seu mérito devidamente apreciado pelo Juízo competente, que 
decidiu por não reconhecê-los para fins previdenciários. 
Qualquer inconformismo contra o teor da sentença proferida no 
processo n.º 0002811-85.2008.4.03.6319 deveria ser 
manifestado naqueles autos, pelas vias recursais próprias, nos 
prazos previstos na lei processual. No entanto, nenhum recurso 
foi interposto contra aquele Julgado, cujo trânsito em julgado foi 
certificado em 17.12.2008, conforme constatado em consulta 
efetuada no Sistema Processual dos Juizados Especiais 
Federais. É evidente que a parte autora, ao propor a presente 
ação (ajuizada pouco mais de dois meses após o trânsito em 
julgado do primeiro processo), pretende obter a reforma de 
provimento judicial que já transitou em julgado, o que é vedado 
pela lei processual civil. Na lição de Luiz Guilherme Marinoni 
e Daniel Mitidiero A coisa julgada tem eficácia positiva, 
negativa e preclusiva. A coisa julgada pode servir como 
ponto de apoio para que a parte interessada deduza outra 
pretensão em juízo, sendo essa sua eficácia positiva. Nesse 
caso, o segundo juízo não poderá dissentir daquilo sobre o 
qual se formou a coisa julgada. A eficácia negativa da coisa 
julgada consiste no veto a que outros juízos examinem 
aquilo que já foi decidido com força de coisa julgada. A 
alegação de existência de coisa julgada leva à extinção do 
processo sem resolução do mérito (art. 267, V, CPC). A 
eficácia preclusiva da coisa julgada consiste em tornar 
irrelevante, para efeitos de controverter as questões 
decididas com força de coisa julgada, eventuais alegações 
e defesas que poderiam ter sido formuladas em juízo, mas 
não o foram (art. 474, CPC). (Código de Processo Civil 
Comentado, 2ª ed., RT, pág. 446/447). Aplicando-se a teoria ao 
caso concreto, a eficácia preclusiva da coisa julgada veda a 
revisão, reinterpretação e/ou valoração do dispositivo da 
sentença proferida nos autos na ação 0002811-
85.2008.4.03.6319. Assim, constato a existência de coisa 
julgada material, a ensejar a aplicação do artigo 267, inciso 
V, do Código de Processo Civil. (...) (8ª TR/SP, Recurso 
44 
 
inominado 00022919120094036319, Rel. Juiz Federal Márcio 
Rached Millani, d.j., 23/02/2015). 
 
ANEXOS – Detalhamento de algumas questões explicadas na parte 
1, 2 ou 3. 
1. Recurso de medida cautelar e variações regionais 
Já referimos que a lei não atribui um nome ao recurso contra a 
concessão de medida cautelar ou antecipação de tutela, sendo que 
“recurso de medida cautelar” é a nomenclatura utilizada na 4ª Região, na 
qual a interposição é facilitada pelo sistema de processo eletrônico, bastando a 
elaboração da petição do recurso e a movimentação direcionada à turma 
recursal. Como o processo é eletrônico na 4ª Região, a própria turma analisa os 
autos e toda a documentação, não havendo necessidade de juntar nenhum 
documento com esse recurso. 
Contudo, como não há previsão legal expressa regulando o tema, pode 
haver variações locais, sendo importante verificar o procedimento que é 
adotado pela turma da localidade em que se está atuando. Por exemplo, o 
Regimento Interno das Turmas Recursais de Pernambuco prevê o 
cabimento do recurso de agravo de instrumento no prazo de 15 (quinze) dias 
contra a decisão que defere ou indefere medidas cautelares ou antecipação de 
tutela: 
Art. 34. Das decisões que deferirem ou indeferirem medidas 
cautelares ou antecipatórias de tutela, caberá agravo de 
instrumento no prazo de 15 (quinze) dias, não sendo cabível tal 
recurso para outras hipóteses não previstas neste dispositivo. 
Parágrafo único. A parte contrária será intimada para 
contrarrazoar em igual prazo. 
Agravo de instrumento é recurso previsto no Código de Processo 
Civil, que é interposto diretamente na segunda instância (no caso, na turma 
recursal) e deve vir acompanhado dos seguintes documentos (art. 1.017 do 
CPC): 
45 
 
I - obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da 
contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da 
própria decisão agravada, da certidão da respectiva 
intimação ou outro documento oficial que comprove a 
tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados 
do agravante e do agravado; 
II - com declaração de inexistência de qualquer dos documentos 
referidos no inciso I, feita pelo advogado do agravante, sob pena 
de sua responsabilidade pessoal; 
III - facultativamente, com outras peças que o agravante 
reputar úteis. 
Se os autos forem físicos, aquele que interpôs o agravo deve comunicar 
o juízo de primeira instância, no prazo de 3 (três) dias a contar da interposição, 
juntando cópia da petição do agravo de instrumento, comprovante de sua 
interposição e relação dos documentos que instruíram o recurso (art. 1.018 
do CPC). Se não o fizer e a outra parte arguir isso, o agravo não será conhecido. 
Isso se dá porque o juiz pode, ao saber da interposição, reconsiderar sua 
decisão. Contudo essa providência é facultativa se o processo for eletrônico 
(porque os documentos estão disponíveis facilmente para consulta). 
2. Recurso inominado contra sentença terminativa. 
Na 4ª Região, tem-se aceitado a interposição de recurso inominado 
contra sentença terminativa, o que acarreta o não cabimento de mandado de 
segurança. Cita-se, exemplificativamente: 
Trata-se de mandado de segurança impetrado pela parte 
autora contra decisão terminativa que, reconhecendo a 
incompetência federal para a demanda, extinguiu o processo e 
determinou sua redistribuição à Justiça Estadual, sem apreciar 
o mérito da causa. 
Em última análise, o impetrante pretende ver reconhecido como 
direito líquido e certo o processamento de sua demanda na 
Justiça Federal e, para isso, argumenta que a situação de fato 
narrada nos autos não se enquadra na que está descrita na 
decisão terminativa ora impugnada. Mais especificamente, 
sustenta que o titular da conta de FGTS cujo saldo pretende 
46 
 
levantar está vivo, de modo que não seria aplicável ao caso a 
súmula 161 do STJ, como entendeu o Juízo de primeiro grau. 
Liminarmente, pugna que o processo subjacente seja suspenso 
até o julgamento final deste mandamus. 
A decisão que extingue o processo federal em relação a todas 
as partes e, sem resolução do mérito, declina da competência 
em favor da Justiça Estadual tem natureza terminativa e pode 
ser atacada pelo recurso previsto no art. 41 da Lei 9.099/1995, 
ao qual é possível, inclusive, atribuir-se efeito suspensivo (art. 
43). Confira-se: 
PROCESSUAL - MANDADO DE SEGURANÇA - DECISÃO 
QUE DECLARA EXTINTO O PROCESSO - NATUREZA 
JURÍDICA - RECURSO ESPECIAL - RETENÇÃO (CPC - ART. 
542) - INOCORRÊNCIA. 
A decisão que extingue o processo, por ser terminativa do 
processo não é interlocutória,

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