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Resenha - Coragem

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Universidade do Oeste de Santa Catarina – UNOESC 
Campus Chapecó – SC 
Departamento de Engenharia Civil
Professor: João Alberto Gisi 
Acadêmico: Jean Marcos D. Tonello 
Disciplina: Deontologia
CORAGEM: A VIRTUDE DA BRAVURA
	A palavra Coragem, do francês cor-age, é a capacidade de agir apesar do medo, do temor e da intimidação. Pode-se afirmar que a coragem não é a ausência do medo, e sim, a atitude de agir além do medo. Coragem é a confiança que uma pessoa tem em momentos de temor ou situações difíceis, é o que o faz viver lutando e enfrentando os problemas e as barreiras que colocam medo, é a força positiva para combater momentos tenebrosos da vida.
	Platão, que viveu no século IV a.C, identificou quatro virtudes que acabaram se tornando conceitos profundamente influentes na civilização ocidental. Conhecidos hoje como as quatro virtudes cardeais, elas compreendem a sabedoria, coragem, moderação e justiça. A definição da coragem, segundo Platão, é concebida como a habilidade de enfrentar o medo, a intimidação, o perigo, a dificuldade e a incerteza. É a habilidade de enfrentar um desafio sem covardia. 
	Na Grécia antiga, a coragem era considerada uma virtude militar, um traço de coragem do soldado que atuava em guerras, no campo de batalha. Tanto Platão, quanto Aristóteles, tinham o mais profundo respeito em relação à excelência militar. O soldado era o modelo de coragem e heroísmo. Coragem é ser coerente com seus princípios a despeito do prazer e da dor. Os animais (mesmo os irracionais) demonstram coragem principalmente devido aos seus instintos primitivos e pela necessidade de sobrevivência. Por exemplo, um pássaro que sai de seu ninho sabe que pode morrer, mas a necessidade de sobrevivência fala mais alto nele e assim surge a coragem. 
	Os seres humanos (diferentemente dos animais irracionais) têm seus sentimentos muito mais influentes em suas atitudes, portanto seus medos e coragem variam muito de uns para os outros, dependendo do ambiente na qual vivem (e no qual viveram quando mais jovens), da educação que receberam, de suas crenças, de com quem eles convivem socialmente e etc.
	O contrário da coragem é a covardia e, neste contexto, será abordada a trajetória do personagem O Leão Covarde, da história O Mágico de Oz, ressaltando seus desejos e suas conquistas. O livro, com título original “O Maravilhoso Mágico de Oz”, escrito por L. Frank Baum, foi publicado em 1900 e foi considerado um dos maiores sucessos da literatura infantil. Desde então, a obra tem sido traduzida para diversos idiomas e adaptada para o cinema, teatro e televisão. Em 1939, “O Mágico de Oz” chegou ao cinema, em filme estrelado por Judy Garland e que foi visto por mais de um bilhão de pessoas.
	Os sentimentos de ‘O Mágico de Oz’ são universais. A magia da história de Dorothy, o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde toca não só as crianças de todo o mundo, mas as crianças que todos possuem dentro de si. É um clássico que continua a encantar geração após geração.
	O Leão, foi o último dos companheiros que Dorothy encontra no caminho - “[…] veio da floresta um rugido terrível, e logo em seguida um enorme leão saltou na estrada” (BAUM, 1900). Embora ele apareça como um ser amedrontador, atacando o Espantalho, o Lenhador de Lata e o Totó, ele é controlado por Dorothy, em mais um de seus momentos de decisão e coragem, e então o Leão se autodenomina Covarde. 
	Como todos os animais na floresta esperam que ele seja corajoso, já que o Leão é visto como o Rei dos Animais, isso lhe causa uma incomensurável vergonha, e é por esse motivo que ele se une aos outros três para ir até o Mágico e pedir-lhe que ele lhe dê Coragem.
		
	Ao ser questionado por Dorothy sobre o motivo de ser covarde, o Leão respondeu:
	- É um mistério, imagino que nasci assim. Todos os outros animais da floresta esperavam naturalmente que eu fosse corajoso, porque em toda a parte acreditam que o Leão é o rei dos animais, E então aprendi que, se eu rugisse bem alto, todas as outras criaturas se assustavam e saíam do meu caminho. Toda vez que eu encontrava um homem morria de medo; mas rugia para ele, e ele sempre saía correndo para o mais longe que conseguia. Se um elefante, um tigre ou um urso resolvesse me enfrentar, eu é que sairia correndo, de tão covarde que sou. Mas assim que eles ouvem o meu rugido tentam ficar longe, e é claro que eu prefiro assim (BAUM, 1900). 
	Ao encontrar com Oz, o leão recebe uma mistura, a qual o Mágico explica que, se estivesse dentro dele, traria coragem. O Leão Covarde muda drasticamente após receber esse símbolo, tornando-se mais confiante em si mesmo, e aceitando a importante posição de novo governante da Terra de Oz, desta vez, cheio de coragem.
Em versões adaptadas, o Mágico de Oz entrega uma medalha de mérito para o leão, o que o deixa confiante e corajoso. 
	Alguns escritores norte-americanos defenderam que Willian J. Bryan foi quem inspirou o personagem Leão Covarde. Supõe-se que o próprio autor da obra, L. Frank Baum, era um adepto do extinto Partido Populista norte-americano. O Leão Covarde da obra de ficção, a figura mais aterrorizadora da floresta, a autoridade, o rei dos animais, escondia que era um medroso. Bryan tinha um pouco disso, pois era a principal figura de renome do Partido Populista. Tinha um grande dom para oratória, era carismático e muito persuasivo. Mas na hora de disputar a eleição para presidente dos EUA, não mostrava a mesma força. 
	Naquele contexto, foram levantadas diversas candidaturas para presidente, sendo que Bryan foi derrotado em todas essas eleições (1896, 1900 e 1908), inclusive na última que disputou pelo Partido Democrata. O Leão de "O Mágico de Oz", seria uma sátira, uma paródia a Bryan, fora o fato de defenderem que o próprio enredo seria uma alegoria do Partido Populista norte-americano, com Frank Baum indiretamente idealizando as doutrinas do Partido. Ele foi um dos primeiros denunciadores da Ku Klux Klan da história dos Estados Unidos e um importante ativista anti-racista.
	No contexto atual, diversos atos de bravura repercutem muito, principalmente nas mídias sociais. Isto porque, diferente dos períodos de conflitos e guerras, os atos de bravura normalmente acontecem em situações cotidianas nas quais utiliza-se da coragem para ajudar alguém. 
	Como exemplo, podemos citar a coragem dos professores atuantes no massacre de Suzano, os quais impediram que a tragédia fosse maior, pois tomaram iniciativas para proteger os alunos. A tragédia ocorreu em 13 de março de 2019, na Escola Estadual Professor Raul Brasil no município de Suzano, no estado de São Paulo, onde uma dupla de atiradores invadiu o ambiente e fez diversas vítimas. 
	Uma das professoras, em um depoimento para o Jornal Nacional, falou: “Pedi para os meus alunos que eles se abaixassem no chão, ficassem tranquilos, apagassem a luz, fechassem as cortinas. E peguei duas carteiras para segurar a porta. E eu falei “quem tem um celular, por favor, ligue para polícia”. E alguém falou “eu não quero morrer”. Eu falei “aqui ninguém vai morrer hoje’”. 
	Retomando a trajetória do Leão Covarde, levando em conta a obra literária em questão e os conceitos apresentados, conclui-se que a coragem é uma virtude relacionada aos sentimentos e comportamentos individuais. Sendo assim, definindo um ato de coragem como um momento de ação apesar do medo, o Leão Covarde mostrou-se corajoso durante alguns desafios encontrados pelo seu percurso até o castelo de Oz.
	A fórmula entregue para o leão não era mágica e não causava transformações em sua personalidade. Contudo, as palavras ditas por Oz e o ato de beber o líquido trouxeram à tona a virtude de coragem do Leão Covarde. Percebe-se que o necessário para que fosse corajoso era confiar em si e estar seguro de suas atitudes. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAUM, L. F; O mágico de Oz. 1900. Disponível em: http://sjose.com.br/download/bruno/O%20Magico%20De%20Oz%20-%20Lyman%20Frank%20Baum.pdf Acesso em: 06 de novembro de 2019. 
JORNAL NACIONAL;
Coragem de professores de Suzano impediu que a tragédia fosse maior. 2019. Disponível em:
https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2019/03/15/coragem-de-professores-de-suzano-impediu-que-a-tragedia-fosse-maior.ghtml Acesso em: 06 de novembro de 2019. 
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