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ECA- AULA 01

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Direito da Criança e do Adolescente 
Aula 1 - Introdução ao Estudo do Direito da Criança e do Adolescente
ABRANGÊNCIA.
É muito comum nos referirmos à disciplina “Direito da Criança e do Adolescente” como ECA. Na verdade, isto é um erro, já que ECA é a abreviatura do Estatuto da Criança e do Adolescente, a base normativa legal mais importante desta disciplina, mas não a única.
	Ao contrário, tratar a disciplina como Direito da Criança e do Adolescente nos permite estudar não só o Estatuto, mas todas as demais legislações que embasaram e embasam este direito, tais como: (estatuto = maior base, mas há outras normas tbm)
A convenção internacional dos direitos da criança (a convenção trata apenas das crianças, diferente do ECA que tbm trata dos adolescentes. Na convenção criança = pessoa menor de 18 anos) / OIT que veda o trabalho infantil...
A constituição federal brasileira de 1988
O código civil brasileiro/ CLT, protege o trabalho infantil.
O código penal brasileiro
Além de legislações extravagantes
Assim podemos estudar um sistema jurídico amplo, de garantia de direitos às crianças e aos adolescentes, baseado nos metaprincípios da prioridade absoluta e da proteção integral. 
O ECA adota vários princípios, mas possui uma tríplice base principiológica fundamental: C prncipios basilares. Sempre cai em prova!)
Doutrina da proteção integral: Art. 1º ECA
É a base do estatuto. Essa doutrina não foi criada pelo ECA, foi adotada por ele substituindo a doutrina da ‘situação irregular’ que era adotada pelo antigo código de menores que foi revogado pelo ECA.
Significa garantia de direitos a toda e qualquer criança e adolescente independentemente da situação em que ela se encontre. Não apenas dos direitos previsto pelo estatuto, mas inclusive de todo o ordenamento jurídico.
Princípio do melhor interesse do menor
Não tem art. Especifico destinado a ele, mas podemos notar indiretamente em alguns artigos. Art. 6º, ECA. Na interpretação do eca notamos que o interprete deve considerar o que é melhor para melhor (ex. o julgado que relativizou uma regra escrita que não permite a adoção de avô e neto, p. ex., e permitiu com base neste principio).
Prioridade absoluta: art 4º, parágrafo único, ECA.
Ex. a garantia de prioridade de atendimento público para crianças e adolescentes.
Outros princípios: da municipalização; da cidadania; do bem comum; do peculiar desenvolvimento.
Além da importância dos diplomas nacionais e internacionais, a jurisprudência, principalmente a dos Tribunais Superiores, também apresenta grande influência em nosso estudo. Destacamos os Enunciados Sumulados do STJ cuja leitura é muito importante também:
S. 108: fala sobre a competência do juiz da infância e da juventude. Ele é quem vai julgar medidas socioeducativa. Art. 148, I, ECA. (Apesar do MP querer aplicar junto com a remissão do ato infracional, não deve!)
S. 265: é possível a regressão da medida para uma mais gravosa, mas para tal é necessário a oitiva do adolescente. 
S. 338: Vai possibilitar a aplicação da prescrição penal nas medidas socioeducativas. Quer dizer que será possível aplicar o artigo 109 (de prazos prescricionais) e o artigo 115 (contagem da prescrição pela metade), ambos do CP. A prescrição sempre será contada pela metade, pois o menor de 18 será sempre menor de 21. EX. internação de 3 anos- art. 109: = prazo de 8 anos – art.115: = reduz pela metade: o prazo prescricional será de 4 anos)
S. 342: Ainda que o adolescente confesse que foi ele quem cometeu o ato infracional, o juiz vai considerar as outras provas que tenham sido produzidas. Por que é NULA a desistência de outras provas em face a confissão do adolescente.
S. 383: Competência em caso de ações conexas de interesse do menor = o foro será do domicilio do detentor de sua guarda. A regra do art. 147, também deverá considerar as ações conexas. Será determinada pela competência territorial fixada em razão do domicilio do detentor da guarda.
S. 492: A medida socioeducativa de internação é excepcional, aplicada apenas em 3 casos descritos no art. 122, ECA. O ato infracional análogo ao tráfico de drogas não está enquadrado no rol taxativo e não necessariamente o autor se enquadra nas hipóteses descritas; por isso a existência desse enunciado, pois apesar de ser um ato grave por si só não pode ser aplicada essa medida.
S. 500: Natureza do crime de corrupção de menores, art 244-B, ECA, é FORMAL, ou seja, a consumação deste crime independe da prova de efetiva corrupção do menor. Ex. adulto pratica estelionato junto com a criança, ele já vai responder pelo estelionato + art. 244-B, ECA, ainda que a criança já esteja corrompida.
Como se vê, a disciplina “Direito da Criança e do Adolescente” é bastante ampla. Devido à sua relevância, este direito foi incluído, em caráter obrigatório, no currículo do ensino fundamental, sendo adicionado o parágrafo 5º ao artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
A partir de então, foram firmados vários documentos internacionais de suma importância. Dentre eles, podemos citar:
Na mesma linha de diplomas internacionais, o constituinte adotou a doutrina da proteção integral, no artigo 227, da Constituição, em substituição à antiga doutrina da situação irregular.
Na verdade, a adoção da doutrina da proteção integral representa uma quebra de paradigma. Crianças e adolescentes deixam de ser meros objetos de proteção para se transformarem em sujeitos de direitos.
A doutrina da proteção integral representou um grande avanço se comparada àquelas anteriormente adotadas no Brasil, tais como:
A doutrina do direito penal indiferenciado, que chegou a possibilitar
a responsabilidade penal de menores, o que ocorria na época do Brasil Império.
A doutrina da situação irregular, que era adotada pela legislação anterior ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
O Estatuto da Criança e do Adolescente baseia-se em fontes mediatas e imediatas:
O Direito Internacional Público representa uma fonte imediata do Estatuto da Criança e do Adolescente, que também possui fontes mediatas, tais como o Direito Internacional, Civil, Penal, Administrativo, Tributário, do Trabalho, Processual Civil e Penal, além das ciências humanas: Criminologia geral, Psicologia, Criminologia crítica e Psiquiatria forense.
PRINCÍPIOS
Partindo-se do pressuposto de que os princípios fornecem a segurança necessária para delimitarmos a conduta, a conclusão a que se chega é que o ECA se funda em 6 princípios norteadores:
PRINCÍPIO DA PRIORIDADE ABSOLUTA : Previsto no artigo 227, da Constituição Federal e no artigo 4º, parágrafo único, do ECA.
Esse artigo estabelece que a garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR: Com origem anglo-saxônica, foi adotado na Declaração de direitos da criança, em 1959 e na antiga legislação menorista. Atualmente, é parte integrante da doutrina da proteção integral.
PRINCÍPIO DA MUNICIPALIZAÇÃO: Consagrado no artigo 88 do Estatuto da Criança e do adolescente.
PRINCÍPIO DA CIDADANIA: Sendo sujeitos de direitos, crianças e adolescentes são cidadãos e assim precisam ser orientados e ensinados que cidadania consiste no exercício social de direitos e de deveres.
PRINCÍPIO DO BEM COMUM: O Estatuto representa um conjunto de normas e princípios representando o bem comum, não se podendo prejudicar um para defender o outro. Com base nesse princípio, é possível, em tese, a expulsão de um aluno de uma escola, a punição de um infrator etc.
PRINCÍPIO DO PECULIAR DESENVOLVIMENTO: Crianças e adolescentes são pessoas em um estágio peculiar de desenvolvimento, o que precisa ser considerado em diversos momentos, até mesmo na interpretação do
Estatuto, conforme nos dita o artigo 6º.
ATENÇÃO: Uma vez que o Direito da Criança e do Adolescente possui fontes e princípios próprios, há que se afirmar que ele é autônomo.
CONCEITO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE (art. 2º, ECA)
Criança = até 12 anos incompletos. No dia que faz 12 = adolescente.
Adolescente = 12 e 18 anos incompletos. Fez 18 = jovem, não adolescente. Isso traz muitas consequências. EXCEPCIONALMENTE: teremos a aplicação do ECA para +18 e -21 anos, ex. quem pratica o ato perto de completar a maioridade, aí a pessoa pode ser internada sendo maior de 18 desde que a medida cesse aos 21 anos. (art. 2º, parágrafo único, ECA) Aplicabilidade excepcional principalmente no âmbito da medida socioeducativa de internação. No cível tem como ter a aplicação de trazer determinações que possam impactar na capacidade da pessoa? NÃO, desde o advento do CC/02.
Como podemos observar, o artigo 2º, do ECA, define criança como a pessoa que tem até 12 anos incompletos e adolescente quem tem entre 12 e 18 anos de idade. Esses 18 anos de idade devem ser lidos como incompletos, pois, a partir do momento em que a pessoa completa 18 anos, ela é considerada adulta. Aquele que completa 18 anos passa a ter plena capacidade tanto na esfera cível quanto também na penal, podendo ser considerado imputável.
No entanto, há casos em que o ECA se aplica ao maior de 18 anos. O próprio parágrafo único, do artigo 2º traz tal disposição. À época da entrada em vigor do ECA, poder-se-ia apontar três artigos em que a Lei 8.069/1990 se aplicava até os 21 anos de idade incompletos:
Art. 36 — tutela
Art. 42 — adoção
Art. 121, par. 5º — internação
Com a entrada em vigor do novo Código Civil, a capacidade plena passou a ser adquirida aos 18 anos. Logo, não se poderia falar em tutela para alguém maior de 18 anos. Também não havia razão para impedir a adoção por aqueles que tivessem entre 18 e 21 anos. Ou seja, os limites antes previstos nos artigos 36 e 42 do ECA foram tacitamente alterados pelo Código Civil.
Com o advento da Lei 12.010/2009, estes artigos foram expressamente alterados, passando a neles constar a idade de 18 anos.
SAIBA MAIS: Quanto ao limite máximo de idade para perdurar a internação, esse permanece sendo o de 21 anos. Como já vimos, tal limitação em nada se relaciona à antiga maioridade civil, mas sim ao limite máximo que um adolescente poderia permanecer internado: três anos.
	Dessa forma, se pensarmos em um adolescente que deixa para praticar o ato infracional no último momento de sua menoridade, calculando que seja possível uma internação por um prazo máximo de três anos, poderia ele ficar internado até praticamente os 21 anos, quando sua desinternação é compulsória.
ESTUDO DE CASO
Carlos cometeu um ato infracional próximo de completar 18 anos de idade. Foi julgado e recebeu uma medida socioeducativa de internação.
Caso Carlos impetrasse um habeas corpus alegando que não mais poderia cumprir a medida ao atingir 18 anos, ele estaria correto?
R: Ele não estaria correto. Trata-se de hipótese de aplicação excepcional do ECA para pessoas entre 18 e 21 anos, consoante artigo 2º e artigo 121, parágrafo 5º, do ECA.
INTERPRETAÇÃO DO ECA
Dessa forma, o legislador deixou claro, no artigo 6º, que a interpretação do ECA deve levar em conta os fins sociais aos quais ela se dirige, às exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos e à condição peculiar do menor de 18 anos de pessoa em desenvolvimento.
Trata-se de interpretação dirigida aos objetivos traçados pelo legislador, que demonstram o compromisso firmado pelo Brasil de garantir a efetivação de todos os direitos previstos na Convenção Internacional dos Direitos da Criança.
 ALGUMAS DAS ALTERAÇÕES MAIS IMPORTANTES QUE O ESTATUTO SOFREU NOS ÚLTIMOS ANOS:
A Lei 12.955/14 incluiu o parágrafo 9º, no artigo 47, passando a prever que: (dispôs sobre a prioridade de tramitação de alguns processos de adoção, ex. crianças com doença)
Dentre outras alterações, a Lei 12.962/14 incluiu o parágrafo 2º, no artigo 23, do ECA, estabelecendo que: (dispõe sobre o d. de crianças e adolescentes que tenham pais presos. O d. de visitação independe de autorização do juiz. Mas, o STJ já se posicionou dizendo que não é um d. absoluto, deve-se analisar o caso concreto, o estabelecimento, etc./ Bom senso)
Já a Lei 13.010/14 alterou o artigo 18 do ECA, vedando a utilização de castigo físico e de tratamento cruel ou degradante. Ao incluir os artigos 18 A e 18 B, a lei conceituou esses tipos de tratamentos e elencou medidas que podem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar para aqueles que desrespeitarem tais previsões (ART.18B). (Conhecida com a Lei Menino Bernardo, proibiu a utilização de castigo físico, tratamento cruel ou degradante. Não apenas em relação ao pai e a mãe, mas também, o tutor, o educador, agente executor da medida socioeducativa [cai na OAB].
A referida lei também incluiu, no ECA, o artigo 70-A, e alterou o artigo 13. Ainda em 2014, tivemos a Lei 13.046, que promoveu a inclusão do artigo art. 70-B, estabelecendo que: (trouxe uma nova atribuição para o conselho tutelar: promover capacitação para que as pessoas sejam aptas a identificar com mais clareza os casos de maus-tratos)
E inclui ainda o art. 94-A:
SAIBA MAIS
Na parte concernente aos crimes, veremos ainda que, em 2015, a Lei 13.106 alterou o artigo 243, tornando crime o fornecimento de bebida alcoólica a menor de 18 anos. Essa é uma lei penal, então deve-se ter atenção a data de vigência dela que foi no dia 18/03/2015. Antes, servir bebida alcoolica era mera contravenção penal, agora com esta lei passou a ser crime. Então, a lei se tornou mais gravosa não retroagindo. Por isso atenção a data do crime pois se foi praticado antes de 18/03/2015 ela não será aplicada.
A Lei 13.257/16 surge na tutela da primeira infância, entrando em vigor no dia 09 de março de 2016 e realizando diversas alterações no ECA. Essa lei é também responsável por conceituar a primeira infância, como os 6 primeiros anos de vida da criança ou os 72 primeiros meses de vida. (Chamada de lei/estatuto da primeira infância, ela fez 19 alterações no ECA). No Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei 13.257/16 realizou as seguintes alterações: (ver no material)
Lei 13.306: alterou o art. 54 ECA e 208 da CF, diz respeito a educação.
	E ainda as alterações em 2017.

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