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Natimorto

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FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA AMAZÔNIA REUNIDA
CURSO BACHARELADO EM DIREITO- TURMA A
“GRUPO 3”
ANA CAROLINA DA SILVA FURTADO
CINTIA ALVES MACEDO
DANIELLI NOLETO DA SILVA
JOÃO PAULO BARBOSA
LEONEL CANTUÁRIO DE BRITO
LORIENE KAIBERS MIOTTO
LUANA EDUARDO MAGALHÃES
NATIMORTO E PUERPERANTE: Direitos concedidos por lei no município de Redenção- PA e Região.
REDENÇÃO – PARÁ
2019
FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR DA AMAZÔNIA REUNIDA
CURSO BACHARELADO EM DIREITO
NATIMORTO E PUERPERANTE: Direitos concedidos por lei no município de Redenção- PA e Região.
 
ANA CAROLINA DA SILVA FURTADO
CINTIA ALVES MACEDO
DANIELLI NOLETO DA SILVA
JOÃO PAULO BARBOSA
LEONEL CANTUÁRIO DE BRITO
LORIENE KAIBERS MIOTTO
LUANA EDUARDO MAGALHÃES
Projeto de pesquisa apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina Projeto Dirigido de Aprendizagem IV, do curso de bacharelado em Direito, sob a orientação da Prof.ª Maria Thereza Minaré.
REDENÇÃO – PARÁ
2019
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO..................................................................................................3
2. JUSTIFICATIVA...............................................................................................4
3. SITUAÇÃO DO PROBLEMA...........................................................................4
4. HIPÓTESE........................................................................................................5
5. OBJETIVOS......................................................................................................5
INTRODUÇÃO
Na última década o tema biodireito, bem como a bioética, vem sendo cada vez mais discutidos, assuntos estes que deixaram o mundo jurídico-cientifico para lançar-se ao universo social, pois anteriormente matérias polêmicas que permeavam este contexto eram restritas a alguns setores e pouco divulgados a sociedade.
A bioética tem a vida como objeto de estudo e consequentemente trata de sua última fase: a morte. Englobando a biopolítica, o biodireito, a justiça restaurativa, com dimensões históricas, estatais, transculturais, jurídicas e religiosas, se expande a ética e as ciências da vida, pela globalização e celeridade dos avanços biotecnológicos. 
O presente estudo tratará do tema: NATIMORTO E PUERPERANTE: Direitos concedidos por lei no município de Redenção- PA e Região, que forma ocorre o tratamento dos casos e, especialmente, o tratamento da mãe e o direito do feto.
O tema será elucidado por meio de discursões sobre os casos ocorridos a nível de região, os instrumentos normativos nacionais que versam sobre os direitos humanos, considerando aspectos, morais, sociológicos, além do conflito entre os argumentos do relativismo pessoal e do universalismo dos direitos humanos. 
Por fim, busca-se o esclarecimento do tema e quais os debates atuais entre as posições conflitantes em âmbito regional, não deixando ao lado os princípios que regem a dignidade da pessoa humana, porém com olhar voltado ao direito individual resguardado na Carta Magna.
METODOLOGIA
A metodologia é, a um só tempo, ciência de caráter acessório, ao fornecer recursos, ao elucidar dúvidas, ao tratar tematicamente da pesquisa, ao explicitar os meandros metodológicos, assim como ciência de caráter normativo, ao estudar a regulamentação, a padronização e ao imprimir rigor técnico às diversas práticas científicas. (BITTAR, 2007, p.21)
As etapas desta pesquisa consistem em um projeto científico, tanto teórico, quanto analítico-expositivo sobre a questão no município de Redenção-PA e regiões adjacentes. Com a pesquisa teórica, pretende-se aprofundar os estudos acerca da problemática em questão, bem como do tratamento dado ao objeto de pesquisa pelo Código Civil, Consolidação das Leis Trabalhistas, Constituição Federal de 1988 e demais normas infraconstitucionais equivalentes.
A pesquisa de campo analisará a realidade social da população da região, onde serão averiguados o nível de instrução, bem como a experiência dos entrevistados com o assunto tratado, objetivando-se determinar o estado com base nos resultados obtidos.
Além disso, pretende-se consultar órgãos governamentais a fim de ser feita uma perquirição dos casos sucedidos levando em conta o meio social equivalente e a forma como tais vêm sendo acolhidos e orientados diante de uma situação de tamanho abalo emocional.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES SOBRE O TEMA
2.1.	DEFINIÇÕES 
2.1.1 Gravidez
Entende-se por gravidez o evento resultante da fecundação do óvulo pelo espermatozoide. Habitualmente, ocorre dentro do útero de uma mulher e é responsável pela geração de um novo ser.
Este é um momento de grandes transformações para a mulher, para seu (sua) parceiro (a), bem como para toda a família. Durante o período da gestação, o corpo sofre diversas modificações, de forma lenta, porém extremas, preparando-se para o parto e para a maternidade. 
A gestação (gravidez), por tratar-se de um fenômeno fisiológico, sua evolução se dá, na maior parte dos casos, sem intercorrências.
Entretanto, é importante salientar que existe uma parcela pequena de mulheres que, por serem portadoras de alguma doença, sofrerem algum agravo ou desenvolverem problemas, apresenta maior probabilidade de evolução desfavorável, tanto para o feto como para a mãe. Estas são classificadas como gestações de alto risco.
2.1.2 Puerpério
Puerpério é o período que ocorre logo após o parto, também denominado de pós-parto, quarentena ou resguardo, dura em torno de cinco a seis semanas. Inicia-se logo após o nascimento do bebê e termina quando a mulher começa a ovular novamente.
Nesta fase, o corpo da mulher está em processo de recuperação da gravidez, sofrendo uma série de modificações físicas e psicológicas. Durante o puerpério, a mulher é clinicamente chamada de puérpera ou puerperante. Este estágio continua existindo independente da sobrevivência da criança desencadeando os mesmos sintomas e características que as mulheres que obtiveram sucesso com a gestação e com isso seus filhos nasceram sem demais complicações.
A recém-mãe sofre alterações do tipo hormonais, físicas e emocionais. Tais mudanças são involuntárias e provocam sérios desequilíbrios em seu estado de humor, deixando-as mais sensíveis e vulneráveis.
2.1.3 Morte fetal/ Natimorto
É a morte do produto da concepção, ocorrida antes da sua completa expulsão ou extração do organismo materno, ou seja, do período ideal para o nascimento, independentemente do tempo de gestação. A morte é evidenciada pelo fato de que, depois da separação, o feto não respira nem demonstra qualquer outro sinal de vida, como batimentos cardíacos, pulsações do cordão umbilical ou movimentos de músculos voluntários. 
A mortalidade fetal se classifica em precoce, intermediária e tardia. A mortalidade fetal precoce refere-se aos abortos e compreende o período entre a concepção e a vigésima semana de gestação, no qual o feto tem um peso aproximado de 500g. 
Por sua vez, a morte fetal intermediária ocorre entre a vigésima e a vigésima oitava semana de gestação (com pesos fetais entre 500 e 1000g) e a fetal tardia entre a 28ª (1000 g) e o parto.
Conceitua-se como natimorto o produto do nascimento de um feto morto. É aquele que nasce pesando mais de 500g e que não tem evidência de vida depois de nascer. Para efeito de cálculos estatísticos de taxa de mortalidade perinatal para comparação internacional, somente se incluirão fetos mortos que pesaram 1000g ou mais ao nascer.
2.1.4 Projeto de lei n.º 978, de 2019
O projeto de lei da Deputada Sra. Flávia Morais altera o Estatuto da Criança e do Adolescente para dispor sobre o luto materno. Devido as maternidades, em sua maioria, não terem espaços especiais e nem profissionais que saibam lidar com sentimentos emocionais provocados pelo luto.
O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Esta Lei altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1993, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, para estabelecer a obrigatoriedade
de hospitais públicos e privados instituírem procedimentos relacionados à humanização do luto materno. Art. 2º O artigo 10 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1993, passa a vigorar acrescido dos seguintes incisos VII e VIII:
Art.10
VII – oferecer leito separado para mulheres que tenham sofrido aborto espontâneo e para as parturientes de natimorto; 
VIII – oferecer acompanhamento psicológico para os pais nos casos de aborto espontâneo ou criança natimorto. 
Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
O INÍCIO DA VIDA: TEORIAS ADOTADAS PELO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO INERENTE À PERSONALIDADE. 
	Segundo o dicionário Aurélio (2019, online), vida é “o que define um organismo do seu nascimento até a morte”. Dessa forma, é possível conceituar vida como todo o indivíduo que é capaz de se desenvolver autonomamente. No entanto, quanto à teoria, há divergências acerca do assunto e a partir de qual momento ela se inicia. 
	Para o Código Civil brasileiro de 2002, a personalidade civil se inicia a partir do nascimento com vida, ou seja, quando o ser respira logo que sai do ventre materno, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Logo, como o assunto é um tanto decorrente e divergente, foram criadas algumas correntes a fim de elucidar o tema. 
 TEORIA NATALISTA 
Ensina-nos que a personalidade jurídica é adquirida apenas com o nascimento com vida. Nesse sentido, o nascituro teria apenas expectativa de direitos (CAMARGO, 2016).
	Esta aborda que a personalidade só será adquirida a partir do nascimento com vida, assim o nascituro não teria direitos, mas mera expectativa destes. De maneira científica, esta teoria afirma que o “nascer com vida” significa operar o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório do recém-nascido. Para Tartuce (2015, p. 77):
O grande problema da teoria Natalista é que ela não consegue responder à seguinte constatação e pergunta: se o nascituro não tem personalidade, não é pessoa; desse modo, o nascituro seria uma coisa? A resposta acaba sendo positiva a partir da primeira constatação de que haveria apenas expectativa de direitos.
	Tal teoria é comumente adotada entre autores modernos ou clássicos, como Sílvio Rodrigues, Caio Mário e San Tiago Dantas.
TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL
	Entende-se, assim como a teoria natalista, que a personalidade civil da pessoa natural se inicia com o nascimento com vida. Divergem, contudo, no ponto em que a supracitada nega quaisquer direitos ao nascituro, ao passo que essa resguarda os direitos do mesmo, desde que ele nasça com vida, ou seja, são direitos eventuais.
Leciona Tartuce (2015 p. 78) que o grande problema da corrente doutrinária é que ela é apegada a questões patrimoniais, não respondendo ao apelo de direitos pessoais ou da personalidade a favor do nascituro.
De tal modo, é importante frisar a semelhança entre esta e aquela (teoria natalista) pelo fato de que ambas definem que o nascituro possui mera expectativa de direitos. Além de que, os direitos da personalidade, assim como afirma Tartuce, não devem estar sujeitos a condição, termo ou encargo, como demanda a corrente. 
TEORIA CONCEPCIONISTA 
	Relata que a personalidade civil já abrange o nascituro, definindo que é adquirida desde a concepção. Esta e a tese adotada pela maioria dos doutrinadores contemporâneos.
	No que tange a esta teoria, tem-se o 1º Enunciado da I Jornada Acadêmica de Direito Civil: A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura.
	De tal modo, dá-se a entender que tal teoria adota o feto também como pessoa humana e provida de direitos, dispensando os patrimoniais, como Maria Helena Diniz bem divide a classificação da personalidade jurídica em formal e material sendo:
Personalidade jurídica formal: aquela relacionada com os direitos da personalidade, o que o nascituro já tem desde a concepção;
Personalidade jurídica material: aquela que se alinha aos direitos patrimoniais e o nascituro só a adquire com o nascimento com vida. 
Quando se menciona sobre os direitos da personalidade, o nome entra como parte destes. Sendo que, na grande maioria dos estados brasileiros, simplesmente é dispensado tal direito, sendo sepultado apenas como natimorto.
Para Flávio Tartuce (2011), trata-se da corrente que prevalece na doutrina contemporânea. A jurisprudência do STJ também tem adotado tal corrente, como no julgado que reconheceu danos morais ao nascituro em decorrência da morte do seu pai ocorrida antes do seu nascimento:
DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. I - Nos termos da orientação da Turma, o direito à indenização por dano moral não desaparece com o decurso de tempo (desde que não transcorrido o lapso prescricional), mas é fato a ser considerado na fixação do quantum. II - O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum. III - Recomenda-se que o valor do dano mor al seja fixado desde logo, inclusive nesta instância, buscando dar solução definitiva ao caso e evitando inconvenientes e retardamento da solução jurisdicional” (STJ, REsp 399.028/SP, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 26/02/2002, DJ 15/04/2002, p. 232).
Deste modo, nota-se que, apesar de dado momento, em uma leitura simplista, o Código Civil de 2002 aparenta adotar a teoria Natalista, no que tange ao momento de surgimento da personalidade jurídica da pessoa natural, conclui-se, com fulcro na doutrina majoritária, apoiada pelo entendimento do egrégio STJ, que a teoria adotada pelo Código Civil de 2002 foi a concepcionista.
CONSIDERAÇÕES INERENTES AO NATIMORTO 
NATIMORTO E O CODIGO CIVIL
Como exposto anteriormente, o natimorto é o individuo que não chegou a nascer com vida, portanto não adquiriu a personalidade jurídica. Para aquisição da personalidade o individuo deve nascer vivo.
Orlando Gomes (2002, p. 144), explica que a personalidade civil do homem começa do nascimento, com vida. Não basta o nascimento. É preciso que o concebido nasça vivo. O natimorto não adquire personalidade.
Tal afirmação leva a concluir que se o individuo nasceu morto e não adquiriu personalidade, sua existência não terá nenhum efeito jurídico. Errônea, pois ao natimorto o Estado preocupou-se com seu registro. Assim, verifica-se que a personalidade civil não só termina com a morte real, mas também com a morte presumida.
Todo natimorto foi um nascituro, portanto tinha seus direitos resguardados. Mesmo que seus direitos como pessoa não chegaram a se concretizar, pois o individuo nasceu sem vida. 
Além disso, a existência do natimorto gera diversos direitos a sua genitora, portanto não se pode falar que ele não existiu para o direito. Justifica-se, assim, o registro de natimorto, que será abordado em outro capitulo.
Pode-se concluir que o natimorto é aquele que por algum motivo biológico não nasceu vivo, nem chegou a respirar. Portanto, não adquiriu personalidade, mas, como o nascituro, o natimorto também tem seus direitos protegidos por lei.
CERTIDÕES
As certidões são documentos onde ficam registrados os dados do nascido ou falecido. Para que sejam expedidas as certidões deverão ser feitos os registros no cartório competente. Quando há o inicio da vida civil, ocorre o registro de nascimento, quando ocorre a morte, o atestado de óbito, conforme a Lei de Registros Públicos 6.015/1973.
O Registro de nascimento é obrigatórios a todos aqueles que nasceram em território nacional. Com o registro efetuado, ocorre a expedição da certidão de nascimento. Conforme afirma o artigo 50 da Lei de Registros Públicos: 
Todo nascimento que ocorre no território nacional
deverá ser dado a registro, no lugar em que tiver ocorrido o parto ou no lugar da residência dos pais, dentro do prazo de quinze dias, que será ampliado em ate três meses para os lugares distantes mais de trinta quilômetros da sede do cartório.
O registro de nascimento relata todos os dados pertinentes ao nascimento, como nome, filiação, local de nascimento etc. Pode-se considerar a certidão de nascimento como um registro do inicio da personalidade. Com o registro do nascimento, o individuo passa a “existir” para o direito.
Existindo para o direito, será o individuo sujeito de direitos e obrigações. Ao natimorto também cabe uma certidão. A certidão de natimorto tem seu resguardo na referida Lei n° 6.015 de Registros Públicos, que também assegura o registro de nascimento. Conforme dispõe o seu artigo 53:
No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na ocasião do parto, será, não obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do óbito.
Tal artigo relata a obrigatoriedade do registro para o natimorto. O registro do natimorto é feito em livro especial e não consta o nome do individuo nascido morto. O registro de natimorto será efetuado no cartório local, onde nasceu (SILVA E MIRANDA, 2011).
Com o falecimento do individuo também será expedida uma certidão, neste caso, a chamada certidão de óbito. 
A certidão de óbito é aquela que atesta o falecimento do individuo, ou seja, a extinção da personalidade. Todo óbito devera ser registrado. Consoante o Art. 77 da Lei n° 6.015/73:
Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial de registro do lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do atestado de médico, se houver no lugar, ou em caso contrario, de duas pessoas qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.
O óbito é a extinção da personalidade do individuo. Como sabido, a extinção da personalidade se dá com a morte. Quando isso ocorrer, também será lavrado uma certidão constando o óbito.
A certidão de óbito é um documento onde em um livro será lavrado todas as informações do falecido, este livro fica em poder do Registro Civil competente.
Declaração de óbito 
Trata-se do informativo sobre a morte do indivíduo e que será também utilizada para a emissão da certidão de óbito, que é o documento oficial e feito em cartório. No caso de morte fetal, dispõe a resolução nº 1.779/2005 do Conselho Federal de Medicina: 
1) Morte fetal:
Em caso de morte fetal, os médicos que prestaram assistência à mãe ficam obrigados a fornecer a Declaração de Óbito quando a gestação tiver duração igual ou superior a 20 semanas ou o feto tiver peso corporal igual ou superior a 500 (quinhentos) gramas e/ou estatura igual ou superior a 25 cm. 
Neste caso, a família, que é responsável pela destinação fetal, poderá fazer a doação para estudo através do Termo de Intenção de Doação de Corpo de Natimorto pela Família para Fins de Estudo e Pesquisa, ou fazerem o sepultamento normalmente.
Quando a gestação tiver duração menor que 20 semanas ou o feto tiver peso corporal menor que 500 (quinhentos) gramas e/ou estatura menor que 25cm, caracteriza-se um abortamento e não há necessidade de emissão de Declaração de Óbito. Nesta situação, a responsabilidade da destinação da perda fetal é do serviço de saúde assistente, que, nos casos possíveis, poderá fazer a doação para fins de estudo, visto que a família legalmente não tem como realizar estes procedimentos (sepultamento ou cremação).
INCLUSÃO DO NOME 
Há muitas divergências doutrinárias no que tange a este assunto, assim tem-se o 1º Enunciado da I Jornada Acadêmica de Direito Civil: 
A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura.
No entanto, depende bastante da Corregedoria do Estado, como por exemplo, neste sentido, atua a revisão normativa da Corregedoria Geral de São Paulo (estado que registra cinco mil natimortos por ano), empreendida ao seu Código de Normas de Serviço (Cap. XVII, Tomo II, item 32), que cuidou de facultar o direito de atribuição de nome ao natimorto, sem necessidade de duplo registro (nascimento e óbito). Entretanto, há estados que se limitam à letra fria da lei, levando em consideração o art.53 da Lei de Registros Públicos: 
Art. 53. No caso de ter a criança nascido morta ou no de ter morrido na ocasião do parto, será, não obstante, feito o assento com os elementos que couberem e com remissão ao do óbito. (Renumerado do art. 54, com nova redação, pela Lei nº 6.216, de 1975).
§ 1º No caso de ter a criança nascido morta, será o registro feito no livro "C Auxiliar", com os elementos que couberem. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).
§ 2º No caso de a criança morrer na ocasião do parto, tendo, entretanto, respirado, serão feitos os dois assentos, o de nascimento e o de óbito, com os elementos cabíveis e com remissões recíprocas. (Incluído pela Lei nº 6.216, de 1975).
Contudo, a grande maioria dos doutrinadores adota a teoria concepcionista, a qual alega que o feto também é pessoa humana e provida de direitos formais, dispensando os patrimoniais. 
Destarte, não se pode simplesmente ignorar o fato de que os pais do natimorto se encontram em uma devida fragilidade emocional, vulneráveis com a perda do filho. Inegavelmente, há um luto social diante desta situação, uma vez que seria um futuro cidadão que a sociedade não recebeu, e deve, portanto, ter relevância jurídica, não atrelada tão unicamente ao fato registral e estatístico.
VISÃO ESTATÍSTICA NACIONAL SOBRE A NATIMORCIDADE.
Essa espécie de mortalidade tem se constituído em evento jurídico a exigir novas atuações da doutrina, dos tribunais, da legislação e de políticas públicas de saúde, quando cerca de 3,3 milhões de crianças, a cada ano no mundo, são natimortos, com morte intrauterina nos três últimos meses de gestação (ALVES, 2013).
O Brasil é o maior país da América do Sul, o quinto mais populoso do mundo e altamente heterogêneo no que tange a densidade e pobreza. O país se divide em cinco regiões geográficas - Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Em um passado bastante recente, tem ocorrido uma grande melhoria nos indicadores de saúde e na cobertura de serviços de saúde no Brasil. Por exemplo, 98% dos nascimentos foram feitos por profissionais qualificados em 2011, em comparação com 70% em 1991, e a cobertura de cuidado pré-natal (CPN) foi de 98% em 2012. Todavia, as desigualdades estruturais e sociais continuam a ser um grande problema dentro do país e ainda há muitas diferenças nos resultados de saúde entre as cinco regiões. 
Novos dados colhidos de 2016, da série "Pelo Fim da Natimortalidade Evitável" da revista The Lancet, demonstraram que a natimortalidade ainda é um problema concreto em todo o mundo. Ao comparar dados dos anos 2000 a 2015, observou-se que houve significante progresso, porém a redução foi mais lenta do que a observada em óbitos maternos, neonatais e pós-natais. A grande maioria de natimortos aconteceu em países de baixa renda, nos locais com mais indivíduos socioeconomicamente desfavorecidos. Na maioria desses países, os dados sobre natimortos são difíceis de serem mensurados ou até mesmo inexistentes. Infelizmente, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - a agenda das Nações Unidas para tratar com a pobreza extrema e suas dimensões - não implementaram um objetivo com relação à natimortalidade. Assim, a natimortalidade continua a ser um tópico relevante para pesquisa e discussão. 
Apesar de estudos recentes investigarem os acontecimentos determinantes da natimortalidade no Brasil, a maioria não utilizou dados que representam o país como um todo ou não focou especificamente nas diferenças regionais. 
Dados relevantes foram colhidos em uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, com o título - Prevalência de natimortos no Brasil: investigação de diferenças regionais, esta obteve o seguinte resultado:
A prevalência de natimortos no Brasil foi de 14,82 a cada 1.000 nascimentos, com grande variação de acordo com a região do país e uma prevalência mais alta entre as mais precárias. As regiões Norte e Nordeste tiveram as taxas de natimortalidade mais altas em comparação com a região Centro-Oeste, que perdurou após o ajuste das diversas variáveis de confusão - inclusive nível de pobreza e etnia. A baixa idade e a obesidade maternas também estavam relacionadas a taxas de natimortalidade mais elevadas.
A base de dados inicial incluiu 6.833 gravidezes, relatadas por 5.025 mulheres. Após excluir abortos, gravidezes ectópicas, gêmeos e ausência de resposta quanto ao desfecho e tipo de gravidez, 6.134 gravidezes relatadas por 4.751 mulheres foram incluídas na análise final. Dessas, 6.060 foram nascidos vivos e 74 foram natimortos. A prevalência de natimortos variou muito entre as regiões do país (fig. 1). A Região Norte apresentou uma prevalência de 21,44/1.000, a Nordeste de 25,85/1.000, a Centro-Oeste de 5,19/1.000, a Sudeste de 8,24/1.000 e a Sul de 9,27/1.000.
Vejamos a figura 1, que demostra a prevalência geral de natimortos na população e que esta ressalta a prevalência de 14,82 natimortos a cada 1.000 nascimentos.
Figura 1: Prevalência de natimortos no Brasil: investigação de diferenças regionais.
Fonte: CARVALLHO E PELLANDA, 2018.
Segundo as autoras supracitadas, futuras pesquisas sobre a associação entre região e natimortalidade no Brasil devem explorar o uso e a qualidade do cuidado pré-natal e intraparto, bem como outros possíveis fatores explicativos.
A (IN) EXISTÊNCIA DE DIREITOS DO NATIMORTO A LUZ DO CÓDIGO CIVIL.
Entre as teorias que buscam esclarecer o início da personalidade, as que possuem maior acedência doutrinária e jurisprudencial são as denominadas teoria natalista, teoria da personalidade condicionada e a teoria concepcionista (MARÇAL E AMARAL, 2018).
Apesar de não ser considerado pessoa, a doutrina reconhece ao natimorto tutela jurídica, em face ao respeito ao princípio da dignidade da pessoa humana. Presume-se a proteção ao nome, à imagem e a memória daquele que nasceu morto, é o que prescreve o Enunciado n°. 1 da I Jornada de Direito Civil que dispõe: “a proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”. 
Em regra, o Código Civil (artigo 6º) estatui que o fim da existência e personalidade jurídica ocorre com a morte. Portanto, é evidente que a atribuição de direitos ao natimorto encontra densa resistência, seja pelos adeptos da teoria da personalidade condicional, naturalista ou mesmo aqueles filiados da teoria concepcionista, mas que não vislumbram o exercício dos direitos da personalidade post-mortem.
De acordo com Marçal e Amaral (2018, p. 29):
Nenhuma das teorias poderia, por si só, ser utilizada para fundamentar a afirmação de que o natimorto possui direitos da personalidade, pois a dificuldade em lhe atribuir direitos não está na discussão de sua existência, mas de seu fim, na morte do produto da concepção antes da expulsão intrauterina. Dessa feita, inexistindo a possibilidade de, conforme defendido, conceder direitos próprios post-mortem, inviabiliza-se qualquer discussão quanto a atribuir lhe direitos. 
O pensamento explanado na citação de Marçal e Amaral (2018) é lógico, haja vista que o Código Civil se confronta com a Lei dos Registros Públicos. Se o Estado não se preocupa com o fato de atribuir ao natimorto personalidade, quando foi obrigatoriamente um nascituro, então como pode o Estado registrar quem juridicamente “nunca existiu”? Vale ainda ressaltar que, se o indivíduo não adquire personalidade jurídica, tais ensinamentos levam a fácil constatação que sua existência não gera quaisquer efeitos jurídicos. 
Nesse sentido, afirma Vasconcellos (2006), pela dialética jurídica, registrar é ato de assentar, em livro próprio, ato jurídico praticado ou títulos e documentos. Se o natimorto não adquire personalidade jurídica, como poderá ter sua existência constatada para o Direito a ser escrito em livro próprio? Ademais, se ao adquirir personalidade obtém-se capacidade e com esta a aptidão genérica para ter direitos e contrair obrigações, entende-se que o natimorto, não tendo personalidade não teria tal capacidade de possuir direitos, nem de contrair obrigações, sendo, portanto seu registro juridicamente injustificado.
Vasconcellos (2016), ainda afirma:
Se de um lado é verdade que o natimorto não adquire personalidade jurídica e logo não tem capacidade (no sentido de possuir aptidão para ter direitos e contrair obrigações), sua existência, por outro lado, traz efeitos jurídicos, pois para a mãe gerará uma série de direitos relacionados à gravidez. E se é verdade que tais direitos não são próprios do natimorto, é inegável que sua “existência” é que impulsionou o surgimento destes direitos. Ou seja, um indivíduo sem personalidade jurídica consegue gerar efeito jurídico.
Dentre as vastas doutrinas que mencionam sobre os direitos ao natimorto e sua possível personalidade, o fato de surtir efeitos somente posteriores se explica por serem direitos próprios, inerentes à sua condição. Assim, de acordo com Marçal e Amaral (2018), para juridicamente afirmar que o natimorto exerce direito próprio, deve-se, primeiro, adotar a teoria concepcionista e, em seguida, buscar defender, de maneira racional e jurídica, a possibilidade do exercício dos direitos da personalidade post-mortem, quando lógica a impossibilidade de exercê-los ainda em vida, mesmo que intrauterina.
Inquestionavelmente, observa-se, que inexiste qualquer dispositivo legal que atribua titularidade aos direitos da personalidade refletidos ao natimorto, com exceção ao Enunciado da I Jornada de Direito Civil, que, por sua vez, apenas perpetram referências a julgados posteriores, mas que não alcançam relevantes considerações.
O direito ao nome, à imagem, à sepultura, etc., serão direitos da personalidade dos genitores do natimorto. Situação que inverte a titularidade, e, por conseguinte, o modo de avistar a sua atribuição (MARÇAL E AMARAL, 2018).
Neste interim, apesar de não apresentar vida, o natimorto “existe” para o Direito, desafiando toda a teoria natalista. Admitindo-se um paradoxo, pois, como negar capacidade de gerar direitos e obrigações e em outro momento dar esta capacidade? De certo modo, aceitar a tese de que o natimorto gera tais efeitos jurídicos, estar-se-ia por consequência relativizando a importância da personalidade jurídica, vez que o natimorto consegue gerar efeitos jurídicos sem possuí-las. Por outro lado, denegar tais efeitos jurídicos ao natimorto, apenas pela inexistência da personalidade enseja uma visão muito estreita do Direito. 
RELEVANCIA DO TEMA A NIVEL MUNICIPAL.
Perante a sociedade, o assunto natimorto ainda não é um assunto abordado como deveria ser, apenas pela morte ter acontecido ainda dentro da barriga. A família que se preparou meses para receber um novo membro, além da mãe que teve uma ligação com o filho, na maioria das vezes, não recebem o apoio necessário para superar a perda sem ao menos ter conhecido o bebê. Define-se natimorto como, à designação dada ao feto que morre ainda dentro do ventre da mãe ou durante o parto. Não deixando o mesmo sem o direito de assento, de acordo com o art. 54 da Lei nº 6.015/73. 
Art. 54. O assento do nascimento deverá conter:
1° o dia, mês, ano e lugar do nascimento e a hora certa, sendo possível determiná-la, ou aproximada;
2º o sexo e a cor do registrando;
3º o fato de ser gêmeo, quando assim tiver acontecido;
4º o nome e o prenome, que forem postos à criança;
5º a declaração de que nasceu morta, ou morreu no ato ou logo depois do parto;
6º a ordem de filiação de outros irmãos do mesmo prenome que existirem ou tiverem existido;
7º. Os nomes e prenomes, a naturalidade, a profissão dos pais, o lugar e cartório onde se casaram a idade da genitora, do registrando em anos completos, na ocasião do parto, e o domicílio
ou a residência do casal. (Redação dada pela Lei nº 6.140, de 1974).
8º os nomes e prenomes dos avós paternos e maternos;
9º os nomes e prenomes, a profissão e a residência das duas testemunhas do assento. (Brasil, 1973)
Baseado em relatos verídico, na maioria dos casos, a mãe que não teve seu filho nascido com vida não tem o devido apoio necessário ou acompanhamento psicológicos em um momento delicado na vida de uma mulher. E que até mesmo os profissionais da saúde não sabem lidar com o fato. Faltando ética, preparação e, talvez, até mesmo á falta de atenção aos laudos. Em um depoimento, é percebível à falta de humanismo de não haver uma ala hospitalar para as mães em luto, causando um desconforto ainda maior destas, diante as mães que tiverem sucesso no recebimento do filho, tanto em hospitais privados ou públicos, este último acaba sendo um pouco mais agravante. Ainda mais por não ser novidade os hospitais sustentados pelo governo não terem recursos cabíveis aos necessitados. Há casos de família que não tiveram nem contato com o natimorto, tratando com mero descaso o assunto. Porém, segundo pesquisas, cabe à família do natimorto decidir se libera o feto para estudos, doação para instituições com finalidade de pesquisas ou opte para o velório. Uma realidade não vivenciada por muitas famílias locais. 
Vale ressaltar que, ainda se depara com barreiras quanto a informações sobre dados de natimorcidade na região. Haja vista que são dados sigilosos e não se tem um meio de acesso intangível.
Apenas sabe-se que, perante o Regulamento Municipal de Redenção do Pará, a prefeitura municipal tem contrato de licitação com funerárias, solicitam anualmente 35 vestes para natimorto, e 75 urnas de tamanhos 0,60 x 0,40 destinadas a óbito fetal.
DIREITOS TRABALHISTAS INERENTES A PARTURIENTE
A mãe do natimorto tem seus direitos assegurados pela Consolidação das leis trabalhista (CLT). As seguradas do INSS têm direito à licença-maternidade integral se a gestação chegou a 23 semanas. Para garantir o benefício é necessária a apresentação de um atestado médico comprovando a situação, além da certidão do natimorto. O benefício tem duração de 120 dias. 
Para funcionárias públicas o afastamento é menor, dependendo do Estado. Mesmo com o afastamento do emprego, a família do natimorto precisa de apoio, até mesmo para entender o que aconteceu e tomar as providencias cabíveis de uma próxima gravidez, mas com o desamparo, diante do fato já mencionado, ficam traumatizadas devido à falta de informações e apoio emocional. 
Não obstante as diversas conquistas das mulheres ao longo dos anos, como a licença-maternidade ou mesmo a estabilidade provisória, mesmo assim, é perceptível muitas violações e discriminações em casos concretos nesses mesmos direitos conquistados. Quanto a isso, objetivando a proteção à mulher gestante frente às segregações relativas ao seu estado gravídico, uma vez que seria dificultoso encontrar outro emprego durante o estado de gravidez, o legislador procurou conceder garantias necessárias ao sustento da gestante como uma forma de efetivação à proteção do princípio da dignidade da pessoa humana através do artigo 10, inciso II, alínea b, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (artigo 10, II, b, do ADCT), proibindo a dispensa desmedida ou sem justa causa da gestante, sendo que tal proteção abrange o período que se estende desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto.
Dessa forma, ao tratar da mulher no ambiente de trabalho, é notável que esta carece de condições singulares para fazer a conciliação da gestação com as suas atividades laborativas usuais e, para que isso ocorra, cabe ao Estado intervir para prover-lhe tais condições, pois a proteção à maternidade é uma medida em defesa da mulher que será mãe e é, ao mesmo tempo, uma figura no mercado de trabalho.
Levando-se em conta a igualdade material adotada pelo sistema jurídico brasileiro, o qual dispõe que devem ser tratados igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de sua desigualdade, os legisladores estipularam leis especiais à mulher trabalhadora para que houvesse um justo enquadramento desta no meio social, em situação de equidade com os demais entes, tanto por ser o trabalhador considerado como a parte hipossuficiente na relação de emprego, como para realçar a sua importância no meio de uma sociedade ainda discriminadora (PINHO, 2007).
A partir de uma análise jurisprudencial, observa-se que, quando o parto é de feto natimorto, a maioria das mulheres recebe somente duas semanas de estabilidade empregatícia, entendimento feito através de uma analogia ao que preconiza o artigo 395 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o qual dispõe que em casos de aborto não criminoso, a funcionária tem direito a um repouso remunerado de duas semanas. Os argumentos apresentados são os de que a estabilidade tem como função a proteção da gestante, bem como a proteção do nascituro, sendo que, quando se trata de um feto natimorto, não estaria mais justificada a estabilidade, contudo tais fundamentos mostram-se descabidos, posto que a estabilidade sirva, do mesmo modo, para proteger a mulher frente ao seu direito de labor, surgindo, assim, mais uma problemática: a proteção ao trabalho feminino em um mercado de trabalho discriminatório (LEME, 2012).
Em uma recente decisão, a Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho julgou matéria semelhante e decidiu que a empresa JBS. Aves LTDA terá que reconhecer a estabilidade empregatícia provisória de uma ajudante de produção que teve que remover o seu bebê que já se encontrava sem vida em consequência de uma má formação congênita. A empresa se negava a reconhecer a garantia sob o argumento que a estabilidade só era devida em caso de nascimento com vida, sustentando ainda a tese de violamento ao artigo 395 da Consolidação das Leis Trabalhistas que dispõe que em casos de aborto não criminoso, sendo este atestado por médico competente, a mulher terá direito a um repouso remunerado de duas semanas, sendo assim, por se tratar de uma interrupção da gestação ocasionada por um aborto espontâneo, a ajudante de produção não estaria amparada por este direito. 
Contudo, o TST desproveu o recurso impetrado por entender que não há restrição em nenhum dispositivo da Constituição Federal que obsta a concessão desse direito em casos de um bebê natimorto. A relatora, desembargadora Cilene Ferreira Amaro Santos, entendeu valer o disposto no art. 10, inciso II, alínea 'b" do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), o qual veda a dispensa arbitrária ou sem justa da trabalhadora gestante, sendo o período abrangido desde a confirmação da gestação até cinco meses após o parto. Por fim, concluiu que o núcleo central do dispositivo é que a concepção ocorra durante o curso contratual de emprego para se adquirir a estabilidade provisória. Caso não haja posterior recurso em que seja decidido em sentido contrário, a empresa terá que reconhecer a estabilidade empregatícia e pagar todas as remunerações devidas desde a rescisão contratual até cinco meses após o parto, como disposto na decisão do TST.
Ademais, a Instrução Normativa nº 77 de  21 de Janeiro de 2015, em seu art. 343, parágrafo 3º, em consonância com o art. 340 do mesmo instrumento, estabelece que, para a concessão do salário maternidade, será considerado o parto o evento que gerou a certidão de nascimento ou a de óbito do bebê. Assim sendo, o acontecimento que gera o salário-maternidade é o parto, mesmo que seja de um bebê natimorto, também constante no referido artigo, em seu parágrafo 1º. 
Também estabelece o art. 5º do mesmo artigo que mesmo que ocorra parto de natimorto, sendo este atestado por uma certidão de óbito, será assegurada a garantia ao salário maternidade de cento e vinte dias.
DIREITO A DIGINIDADE DA PESSOA HUMANA ACERCA DA SAÚDE NO ÂMBITO HOSPITALAR ABARCANDO OS PACIENTES
Precipuamente, cumpre discernir que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana se inicia ao passo que a pessoa nasce com
vida adquirindo, assim, personalidade civil. Outrora, cabe ressaltar as exigências básicas do ser humano para que, concretamente, lhe sejam oferecidos os recursos necessários para assegurar uma existência digna se dar por caracterizar a dignidade humana, uma vez que o próprio valor da pessoa humana, a sua dignidade pessoal que impõe o respeito incondicional à sua dignidade, conforme expresso pela extraordinária Carta Magna de 1988, artigo 1°, inciso III. Outrossim, dar-se como característica primordial para assegurar o respeito da pessoa humana, ao passo que todos por natureza são dotados de dignidade, sem distinção, pois, de modo geral, o direito de levar uma vida digna de seres humanos é concebido a todos.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu art. 196, a “Saúde é direito de todos e dever do Estado”. Dessa forma, foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), que é um dos maiores sistemas público de saúde do mundo, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. A criação do SUS proporcionou o acesso universal ao sistema público de saúde, sem discriminação, visando a atenção integral à saúde, e não somente os cuidados assistenciais, passando, assim, a ser um direito de todos os brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde como requisito de qualidade de vida.
Ademais, faz-se notório a importância que se deu início na universalização da saúde para todos, pelo fato de que as pessoas ditas “minorias” tenham acesso à mesma e desfrutem de uma vida digna. No entanto, dar-se vultoso compreender que no portal do Ministério da saúde, ad princípios doutrinários dos sus referem-se aos ideais do Sistema Único de Saúde e é a partir deles que as estratégias de ações são pensadas. Outrora cumpre salientar estes, sendo: 
Universalidade: o Estado deve garantir que todos os cidadãos tenham acesso aos serviços de saúde oferecidos, independente de quaisquer características sociais ou pessoais – gênero, raça, profissão, entre outras.
Equidade: busca diminuir as desigualdades no atendimento e, ao contrário do que parece, significa o respeito às diferenças e às distintas necessidades dos pacientes. Seria “tratar desigualmente os desiguais”, focando esforços especiais onde há maior carência;
Sendo assim, é de suma importância a criação do SUS, para garantir o direito de todos os pacientes que buscam uma saúde digna, e, assim, possam desfrutar de maneira respeitosa e igualitária, tanto no tratamento, quanto na forma humanizada dos profissionais que exercem os tramites da saúde, onde de forma não generalizada alguns profissionais realizam suas atividades com negligencia e imperícia. Haja vista que, em muitos casos, são perceptíveis tratamentos desiguais e, por via de dúvidas, se dá por vigente o impedimento de algumas classes a usufruírem de um direito constitucional dado pelo artigo. 6º onde em sua redação consta: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”.
A MISTANÁSIA, O SUS E A DESIGUALDADE SOCIAL.
A origem da palavra mistanásia pode ser retirada do grego, mis que significa infeliz, e thanatos que quer dizer morte, podendo ser compreendido como “uma morte infeliz”. Esse termo é utilizado quando referido à morte de pessoas que quando excluídas socialmente, morrem em razão da falta de tratamento de saúde adequado.
Mistanásia é o termo que denomina a morte de milhares de pessoas “sem nenhuma assistência, deixadas à própria sorte, em lixões, embaixo de viadutos, pontes, ruas e, principalmente, nos hospitais com corredores lotados, com pacientes moribundos e abandonados pelo Estado e por todos” (ARTIN apud NÒBREGA FILHO, 2016).
Diariamente, é comum vislumbrar-se os noticiários divulgando casos em que o cidadão, ao procurar os serviços básicos de saúde, em postos ou hospitais, depara-se com negativas ou mesmo omissão em seu atendimento. Tal conduta quando não gera a morte, provoca danos muitas vezes irreversíveis àqueles que buscaram o serviço. Diante desse descaso ao direito digno da pessoa, se faz perceptível no dispositivo art. 196, caput, da Constituição Federal que “a saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos”. Dessa maneira, estabelece, sobretudo que o acesso à saúde deve ser universal e igualitário. Contrariando, no âmbito social atual o desrespeito ao direito competente ao cidadão brasileiro apresentado na Carta Magna, de maneira incondicional muitas vezes são deturpados pelo fato de que aqueles entendidos como leigos não possuírem acesso aos direitos adquiridos desde nascimento com vida, uma vez que estes direitos se perfazem de forma obscura no que concerne as pessoas ditas “minorias” por meio das classes sociais economicamente forte.
Quanto aos profissionais da área da saúde diante do quadro de caos de muitos hospitais e postos de saúde do Brasil, chegam ao ponto de se tornarem verdadeiros “juízes” do destino da vida de pessoas, tendo que optar qual vida salvar, infelizmente atribuindo à prevalência de uma vida sobre a outra, situação em que se verifica a mistanásia.
Segundo LAVOR (2018), a mistanásia alcança sobremaneira aqueles que, em virtude de carência de recursos, sequer têm acesso aos serviços médicos básicos, restando sua prática em evidente violação a um dos fundamentos da República, previsto no art. 1º, III, da Constituição Federal, qual seja, a dignidade da pessoa humana por parte do Estado. A morte prematura de pessoas por ausência de um tratamento digno, lamentavelmente, acaba sendo banalizada.
Não obstante, faz-se extremante vultoso a participação estatal quanto aos recursos públicos inerente ao gerenciamento e funcionamento de uma saúde digna e igualitária a todos que buscam pelo viés do Sistema Único de Saúde (SUS), ao passo que seja solucionado os eventuais problemas advindos de possíveis condutas do exercício profissional que venha a gerar a mistanásia. Logo, o intuito relevante se baseia na proteção e aplicação dos direitos dignos dos pacientes quando os mesmos tiverem a real necessidade de atendimento hospitalar. 
De acordo com o Doutor Rogério Amoretti, graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e presidente do Comitê de Bioética do Grupo Hospitalar Conceição – RS. A bioética e a perspectiva dos direitos humanos tornam mais horizontais e colaborativas as relações entre médicos, equipes multiprofissionais, pacientes e familiares, em uma época em que nenhum profissional detém todas as respostas e os pacientes assumem com convicção a sua vontade de participar de decisões sobre a sua saúde. 
Tendo em vista quanto aos direitos a dignidade da pessoa humana acerca da saúde no âmbito hospitalar abarcando os pacientes, o Código de Ética Medica no título IV – DIREITOS HUMANOS e titulo V – RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES veda determinadas condutas ao exercício de sua profissão que por ventura venham a denegrir a dignidade da pessoa e principalmente dos pacientes e familiares destes. Muito embora o Código de Ética Médica assegura aqueles que sofreram quaisquer atos lesivos à personalidade e à saúde física ou mental dos pacientes confiados ao médico, este estará obrigado a denunciar o fato à autoridade competente e ao Conselho Regional de Medicina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Com base no tema apresentado, tivemos conhecimento de perto do luto materno, relatos das famílias que não tiveram acompanhamentos e nem poderão exigir que tivessem um apoio, devido à falta de amparo jurídico. Este que ainda não tem um decreto específico dando direito a esses envolvidos. Esclarecemos o significado de natimorto que é aquele que por algum motivo biológico não nasceu vivo, nem chegou a respirar gerando efeitos jurídicos, sem as possuir, por falta da personalidade. Tendo apenas o direito de nome
no livro de registro. 
Nosso ordenamento jurídico traz, na Consolidação das Leis Trabalhistas, o direito de licença maternidade, incluindo as mães de nascituro, direito este que por muitas vezes não são exercidos devido à falta de informação e exigido com maior rigor. 
Apresentamos em gráficos que as regiões Norte e Nordeste tiveram as taxas de natimortalidade mais altas em comparação com as demais regiões. Maiorias destas gravidas não tiveram acompanhamento digno de pessoa humana, por falta de medicamento, profissionais em unidades básicas de saúde, dificultando um acompanhamento gestacional adequado. A falta de informação sobre quais são os procedimentos cabíveis dificulta até mesmo o desenvolver do nosso trabalho, alegando sempre se tratar de um assunto sigiloso. Sigilo este que prejudica o desenvolver de buscar direitos aqueles mais prejudicados, cabendo projetos de leis visando amparo às parturientes que tiverem natimorto e a seus familiares. Alguns estados, como o Alagoas, tiveram aprovação de um projeto de lei para aquelas mães terem áreas separadas. Já no Município de Redenção-PA, apenas há regulamentação quanto às vestes fúnebres para os natimortos, quanto às mãezinhas em luto, nenhum apoio.
REFERENCIAS
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SITES VISITADOS: 
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