Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thiago da Cunha Pantarotto R.A. 002200300807 – 10° Semestre CONCRETO BETUMINOSO USINADO A QUENTE MODIFICADO POR ASFALTO BORRACHA Itatiba 2007 Thiago da Cunha Pantarotto R.A. 002200300807 – 10° Semestre CONCRETO BETUMINOSO USINADO A QUENTE MODIFICADO POR ASFALTO BORRACHA Monografia apresentada junto à Universidade São Francisco – USF, como parte dos requisitos para a aprovação na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso de Engenharia Civil, sob a orientação do Prof. Susumu Morigaki, como exigência parcial para conclusão do curso de graduação. Itatiba 2007 PANTAROTTO, da Cunha Thiago. Concreto Betuminoso Usinado a Quente Modificado por Asfalto Borracha. Monografia defendida e aprovada na Universidade São Francisco em 11 de Dezembro de 2007 pela banca examinadora constituída pelos professores __________________________________ Prof. Susumu Morigaki USF – orientador __________________________________ Prof. Nelson Rossi USF - convidado __________________________________ Prof. André Penteado Tramontin USF - convidado Dedico este trabalho a minha família, amigos e professores que sempre me ajudaram e me apoiaram na realização desse sonho. AGRADECIMENTOS Meus agradecimentos ao final dessa monografia: Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, por me proporcionar sabedoria, oportunidade, inteligência, coragem, dedicação, proteção e me guiar até o fim dessa longa etapa de estudos. A Universidade São Francisco que me proporcionou educação, sabedoria, profissionalismo e respeito. Ao professor Susumu Morigaki pela orientação, dedicação, opinião, conselhos e ajudas na realização desse trabalho: pela sua amizade, compreensão e ajuda em alguns momentos de dificuldades e compartilhamento nos momentos de alegria. Ao professor Adão Marques Batista, pelas dicas e ensinamentos em toda fase de realização do trabalho. A equipe técnica de pavimentação do laboratório de asfalto da empresa (Jofege Pavimentação e Construção LTDA), que me ajudaram e auxiliaram na realização dos ensaios técnicos e conclusões do trabalho. Aos meus pais Diwald e Marilza, meus irmãos Lucas e Larissa e meus avós Nelson e Clarisse pela oportunidade de buscar um sonho, realizar esse sonho e agora agradecer esse sonho. A minha esposa Carolina e minha filha Gabrielle, pela ajuda, compreensão e companheirismo principalmente nos momentos difíceis dessa longa jornada na vida. Aos grandes amigos, familiares e colegas que fiz durante essa etapa de minha vida, pela ajuda, compreensão, amizade e cooperação na realização desse trabalho. A empresa onde trabalho pela chance e por acreditarem na minha capacidade e profissionalismo. Qualquer coisa que a mente do homem pode conceber, também pode alcançar. (W. Clement Stone) PANTAROTTO, Thiago da Cunha. Concreto Betuminoso Usinado a Quente Modificado Por Asfalto Borracha. 2007. Monografia (Graduação em Engenharia Civil) - Curso de Engenharia Civil da Universidade São Francisco, Itatiba. RESUMO Este trabalho apresenta estudo sobre a incorporação de borracha de pneus em ligantes asfálticos utilizados em obras de pavimentação. Trata-se de uma alternativa para solucionar um grave problema ambiental, pois no Brasil, anualmente, são descartados mais de 30 milhões de pneus, dos quais a maior parte é disposta em locais inadequados, servindo para a procriação de vetores de doenças e representando risco de contaminação do meio-ambiente. Os efeitos dos principais fatores que condicionam o comportamento do ligante asfalto- borracha (teor e granulometria, temperatura de mistura, tempo de reação) são avaliados através de ensaios tradicionais de caracterização de ligantes asfálticos, diretamente relacionadas ao desempenho dos pavimentos no campo. Os resultados da análise evidenciam que o ligante asfalto-borracha pode aumentar a resistência ao acúmulo de deformação permanente e ao aparecimento de trincas por fadiga do revestimento. Palavras-chave: asfalto-borracha, borracha de pneus, ligante asfáltico. ABSTRACT This work presents the results of a research on the technical feasibility of the use of asphalt- rubber binder by the asphalt paving industry. In Brazil more than 30 million tires a year are disposed of, mostly in inadequate sites, causing serious health and environmental problems. The effects of the main factors (content, particle size, temperature of mixture, reaction time) on the behavior of asphalt-rubber binders are evaluated by traditional, the latter based on certain fundamental properties directly related to field performance. Result of the analysis show that asphalt-rubber binder may increase the resistance against permanent deformation and fatigue cracking. Key words: asphalt-rubber, tire rubber, asphalt binder. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS-----------------------------------------------------------------------------------11 LISTA DE TABELAS----------------------------------------------------------------------------------13 LISTA DE SIGLAS-------------------------------------------------------------------------------------14 1. INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------------------------16 1.1 Objetivo do Projeto------------------------------------------------------------------------------20 2. ASFALTO---------------------------------------------------------------------------------------------21 2.1 Função do Asfalto na Pavimentação-----------------------------------------------------------21 2.2 História do Asfalto Borracha-------------------------------------------------------------------22 2.3 Tecnologia de Adição de Borracha de Pneus às Misturas Asfálticas---------------------23 3. CONCRETO BETUMINOSO USINADO A QUENTE MODIFICADO COM BORRACHA MOÍDA DE PNEU (CBUQ - BMP)-------------------------------------------------25 3.1 Materiais-------------------------------------------------------------------------------------------25 3.1.2 Cimento Asfáltico de Petróleo--------------------------------------------------------------25 3.2 Agregados-----------------------------------------------------------------------------------------27 3.2.1 Granulometria do Agregado----------------------------------------------------------------27 3.3 Usina para Mistura Asfáltica-------------------------------------------------------------------30 3.3.1 Correias Transportadoras--------------------------------------------------------------------32 3.3.2 Elevador a Frio ou Correia Transportadora Inclinada----------------------------------32 3.3.3 Secador---------------------------------------------------------------------------------------33 3.3.4 Sistema Coletor de Pó---------------------------------------------------------------------34 3.3.5 Elevador Quente---------------------------------------------------------------------------35 3.3.6 Dispositivo de Peneiração---------------------------------------------------------------353.3.7 Silos Quentes-----------------------------------------------------------------------------36 3.3.8 Introdução do Filler---------------------------------------------------------------------37 3.3.9 Balança-----------------------------------------------------------------------------------37 3.3.10 Misturador – Introdução do Ligante-----------------------------------------------38 3.3.11 Depósito para o Ligante Asfalto – Borracha-------------------------------------39 3.3.12 Depósito para Agregados----------------------------------------------------------40 3.3.13 Depósito da Mistura Asfáltica Usinada-----------------------------------------40 3.4 Equipamentos-------------------------------------------------------------------------------------41 3.4.1 Transporte da Mistura------------------------------------------------------------------------41 3.4.2 Equipamento para Espalhamento----------------------------------------------------------42 3.4.3 Equipamentos e Compressão da Mistura Asfáltica-------------------------------------43 4. VANTAGENS TÉCNICAS DO ASFALTO BORRACHA------------------------------------46 5. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO ASFALTO BORRACHA---------------------------50 6. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DE ENVELHECIMENTO DOS LIGANTES ASFÁLTICOS--------------------------------------------------------------------------------------------52 6.1 Ensaio de Envelhecimento dos Ligantes Asfálticos-----------------------------------------52 7. COMPARATIVO ENTRE UM PROJETO DE MISTURA ASFÁLTICA COM ASFALTO BORRACHA E COM ASFALTO TRADICIONAL------------------------------------------------55 8. MÉTODO EXECUTIVO DE PISTA COM ASFALTO-BORRACHA-----------------------57 9. CONCLUSÃO-----------------------------------------------------------------------------------------59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS----------------------------------------------------------------60 ANEXOS--------------------------------------------------------------------------------------------------63 11 Lista de Figuras Figura 1 – Foto de um depósito de pneus inservíveis, localizado no município de Itupeva – SP..................................................................................................................17 Figura 2 – Foto de uma usina de reciclagem e moagem de pneus inservíveis, localizada no município de Itupeva - SP.......................................................................19 Figura 3 – Foto de um reator onde é inserida a borracha moída de pneu ao ligante asfáltico e feita a mistura do ligante com a borracha....................................................24 Figura 4 – Foto de uma usina de asfalto tipo gravimétrica...........................................31 Figura 5 – Foto do detalhe da correia transportadora inclinada de agregados da usina de asfalto.......................................................................................................................32 Figura 6 – Foto do secador de agregados da usina de asfalto para mistura asfáltica....33 Figura 7 – Foto do sistema de filtragem e coletor de pó conhecido na prática como filtro de manga da usina de asfalto................................................................................34 Figura 8 – Foto do elevador quente da usina de asfalto................................................35 Figura 9 – Foto do dispositivo de peneiração da usina de asfalto tipo gravimétrica....36 Figura 10 – Foto do misturador e injetor de ligante asfáltico da usina de asfalto.........38 Figura 11 – Foto do depósito para ligante asfáltico tradicional e ligante asfalto- borracha.........................................................................................................................40 Figura 12 – Foto do caminhão tipo basculante na hora da descarga na pavimentadora ou acabadora asfáltica...................................................................................................41 Figura 13 – Foto da pavimentadora asfáltica aplicando CBUQ com asfalto-borracha.43 Figura 14 – Foto do rolo tandem liso compactando o CBUQ com asfalto-borracha....44 Figura 15 – Foto do rolo pneumático compactando o CBUQ com asfalto-borracha....44 12 Figura 16 – Foto do detalhe do umedecimento dos pneus na hora da compactação do CBUQ com asfalto-borracha.........................................................................................45 Figura 17 - Foto do equipamento para determinação da recuperação elástica do ligante asfalto-borracha.............................................................................................................47 Figura 18 – Foto da amostra de ECOFLEX – B sendo preparada para ensaio de recuperação elástica......................................................................................................48 Figura 19 – Foto do ECOFLEX – B sendo submetida à tração no ensaio de recuperação elástica......................................................................................................48 Figura 20 – Foto da amostra de ECOFLEX – B após ensaio de tração em fase de recuperação elástica......................................................................................................49 Figura 21 – Foto do equipamento RTFOT para simulação de envelhecimento do ligante asfáltico.............................................................................................................52 13 Lista de Tabelas Tabela 1 - Propriedades do Ligante Asfalto-Borracha..................................................26 Tabela 2 - Composição das Misturas Asfálticas...........................................................28 Tabela 3 - Requisitos para o Projeto de Misturas Asfálticas........................................29 Tabela 4 - Requisitos para Vazios do Agregado Mineral – VAM................................29 Tabela 5 - Especificações Técnicas do Asfalto-Borracha.............................................51 Tabela 6 - Ensaio de Envelhecimento de ligante asfáltico – RTFOT...........................53 Tabela 7 - Mistura com Asfalto-Tradicional X Mistura com Asfalto-Borracha...........55 Tabela 8 - Temperatura de trabalho do Asfalto-Borracha Ecoflex – B........................57 14 Lista de Siglas CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo ADP – Asfalto Diluído de Petróleo CR – Asfalto Diluído de Cura Rápida CM – Asfalto Diluído de Cura Média RR – Emulsão Asfáltica Catiônica de Ruptura Rápida RM - Emulsão Asfáltica Catiônica de Ruptura Média RL - Emulsão Asfáltica Catiônica de Ruptura Lenta LA - Emulsão Asfáltica Catiônica para Lama Asfáltica CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente PMF – Pré-Misturado a Frio PMQ – Pré-Misturado a Quente ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo ANP – Agência Nacional de Petróleo USA – United States of America ISTEA - Intermodal Surface Transportation Efficiency Act BMP - Borracha Moída de Pneu CBUQ – BMP - Concreto Betuminoso Usinado a Quente com Borracha Moída de Pneu DER – Departamento de Estradas de Rodagem DER / PR - Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná ES-P – Especificação de Serviço e Página ET – Especificação de Trabalho ASTM – American Society for Testing and Materials ABNT – Associação Brasileira de Norma Técnica NBR – Norma Brasileira Registrada NLT – National Laboratory of Transportation RTFOT – Rolling Thin Oven Test AASHTO – The American Association of State Highway and TransportationOfficials RBV – Relação Betume Vazios VAM – Vazios do Agregado Mineral KN – Quilo Newton 15 mm – milímetro m - metro MPa – Mega-Pascal % - Porcentagem °C – Graus Celsius KGF/CM² - Quilograma força por centímetro quadrado PSI – Pound-Force per Square Inch ou Libra por Polegada Quadrada VPM – Vibração por Minuto RPM – Rotações por Minuto CALTRANS - Departamento de Transportes da Califórnia DER/SP – Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo DEINFRA/SC – Departamento de Infra-Estrutura do Estado de Santa Catarina 16 1. INTRODUÇÃO O asfalto é um betume espesso, de material aglutinante escuro e reluzente, de estrutura sólida, constituído de misturas complexas de hidrocarbonetos não voláteis de elevada massa molecular, além de substâncias minerais, resíduo da destilação de tipos específicos de petróleo, na qual as frações leves (gasolina, diesel e querosene) são retiradas no refino. Não é um material volátil, é solúvel em bissulfeto de carbono, amolece a temperaturas entre 150 °C e 200 °C, com propriedades isolantes e adesivas (http://pt.wikipedia.org/wiki/Asfalto. Acesso em 28/08/2007). Os primeiros registros do asfalto foram feitos em 3000 a.C., no Oriente Médio onde era usado em reservatórios de água com a finalidade de conter vazamentos e passando um pouco depois, a ser usado na pavimentação de estradas. Naquela época, o asfalto era retirado de lagos pastosos sendo usado como piche, diferente dos dias de hoje que é extraído do petróleo. Existem vários tipos de asfalto segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo de 1986: • O CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo (Ex: CAP-30/45, CAP-50/70, CAP-85/100 e CAP-150-200); • O ADP – Asfalto Diluído de Petróleo (Ex: CM-30, CM-70, CM-250, CM-800, CM- 3000, CR-70, CR-250, CR-800 e CR-3000); • A Emulsão Asfáltica (Ex: RR-1C, RR-2C, RM-1C, RM-2C, RL-1C, LA-1C e LA- 2C). Dentre os diferentes tipos de asfalto, cada um se destina a um fim na engenharia rodoviária. O ADP é utilizado na imprimação, (impermeabilização) da base dos pavimentos diferentemente do CAP e das emulsões asfálticas que são constituintes das camadas de rolamento das rodovias. De maneira que as emulsões asfálticas, são constituintes dos revestimentos de médio e baixo padrão como os pré-misturados a frio e a quente (PMF e PMQ), os tratamentos superficiais, as lamas asfálticas e o microasfalto. Já o CAP entra como constituinte dos revestimentos asfálticos de alto padrão como o CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente (http://pt.wikipedia.org/wiki/Asfalto. Acesso em 28/08/2007). 17 A pavimentação de vias desenvolveu-se mundialmente durante o século XX juntamente com a indústria automobilística e para garantir um padrão de pavimentação nas estradas foram desenvolvidas misturas asfálticas para dar recobrimento a essas malhas viárias. Com a constante ampliação das rodovias e o aumento da frota rodoviária, veio o aumento na produção de pneus. Estima-se que são descartados nos Estados Unidos 280 milhões de pneus inservíveis anualmente. No globo, a estimativa de pneus descartados por ano é superior a 2 bilhões de unidades. Deste volume menos de 20% são reciclados e mais de 80% são depositados na maioria das vezes em lugares impróprios, porém algumas vezes são estocados conforme figura 1 em depósitos de reciclagem de pneus e utilizados novamente como é o caso do asfalto-borracha. Figura 1 – Foto de um depósito de pneus inservíveis, localizado no município de Itupeva - SP. 18 Em 1999, segundo a ANIP – Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos, o Brasil produziu 41,3 milhões de pneus no ano. A produção por categorias é assim distribuída: caminhões/ônibus 4,65 milhões, caminhonetas 3,52 milhões, automóveis 26,2 milhões, motos 3,6 milhões e outros 3,33 milhões. Esta previsto um crescimento de 5 a 10% no consumo de pneus por ano. Estima-se que a frota nacional de veículos automotores gere mais de 30 milhões de pneus inservíveis por ano, segundo a ANIP. Quando abandonados em locais inadequados, os pneus servem como local para procriação de mosquitos e outros vetores de doenças e representam um risco constante de incêndio, que contamina o ar com fumaça altamente tóxica e deixa um óleo que se infiltra e contamina o lençol freático. Além disso, a disposição de pneus em aterros sanitários é problemática, pois os pneus dificultam a compactação, reduzindo significantemente a vida útil dos aterros (ODA, 2002). O reaproveitamento de pneus inservíveis se constitui em todo o mundo em um desafio muito difícil, dadas as suas peculiaridades de durabilidade (em torno de 600 anos), quantidade, volume e peso principalmente, grande dificuldade de lhes propiciar uma nova destinação ecológica e economicamente viável. Este trabalho procura tecer algumas considerações relacionadas ao Asfalto Ecológico, asfalto tradicional modificado por borracha granulada obtida de pneus considerados inservíveis ao uso pela frota de veículos e sua aplicação na melhoria da pavimentação asfáltica. A verdadeira reciclagem consiste em reutilizar determinado rejeito conforme ilustrado na figura 2 de forma útil e economicamente viável, e no caso do Asfalto Ecológico, melhorando as características do asfalto tradicional. Nesse caso, a borracha introduzida no asfalto não é apenas um produto a mais, inerte, colocado apenas para rechear, na realidade a borracha é um grande melhorador do asfalto reconhecido mundialmente. 19 Figura 2 – Foto de uma usina de reciclagem e moagem de pneus inservíveis, localizada no município de Itupeva - SP. Ante a constatação da crescente quantidade de pneus descartados, algumas distribuidoras de asfalto no Brasil se interessaram pelo produto descartado (borracha de pneu) e elaboraram estudos que viabilizassem a utilização destes pneus na melhoria dos ligantes asfálticos usados em pavimentação. A pesquisa transformou-se em uma realidade tecnológica de melhoria dos asfaltos, uma realidade ecológica por proporcionar uma destinação adequada aos pneus inservíveis e uma realidade econômica, pois a reciclagem do pneu cria um nicho comercial responsável pela geração de emprego e renda para a sociedade e para o Estado. O Asfalto Ecológico é uma atividade comercial que amplia o horizonte da vida útil de nossas ruas e rodovias, pois contém quantidades de polímeros provenientes da borracha de pneus adquirindo características que alteram significantemente sua resistência, permeabilidade, aderência e durabilidade do asfalto. 20 1.1 OBJETIVO DO PROJETO Este trabalho tem por objetivo apresentar a tecnologia do Asfalto Borracha que vem sendo aplicado no Brasil, procurando esclarecer sua história, seu processo de produção, execução, aceitação e medição dos serviços de concreto asfáltico com asfalto borracha e demais detalhes julgados importantes para se compreender essa nova tecnologia desse importante material reciclado e utilizado na pavimentação asfáltica. Sendo assim, visando proporcionar uma linha lógica de argumentação e um comparativo mediante as diferenças entre o CBUQ (Concreto Betuminoso Usinado a Quente) tradicional e CBUQ Modificado Por Asfalto Borracha. 21 2. ASFALTO 2.1 Função do Asfalto na Pavimentação Duas, dentre outras, são as mais importantes funções exercidas pelo asfalto no pavimento (IBP, 1986), a saber:a) Aglutinadora; b) Impermeabilizadora. Como aglutinante consiste em proporcionar uma intima ligação, capaz de resistir à ação mecânica de desagregação produzida pelas cargas dos veículos. Como impermeabilizante garante ao pavimento vedação eficaz contra a penetração de água proveniente tanto de precipitação como de subleito por ação capilar. Nenhum outro material garante melhor do que o asfalto a realização econômica e simultânea de duas funções, ao mesmo tempo, que proporciona ao pavimento características de flexibilidade que permitam sua acomodação, sem fissuramento, e eventuais recalques das camadas subjacentes. Naturalmente, para que o asfalto desempenhe satisfatoriamente as funções que lhes são inerentes, é necessário que seja de boa qualidade. 22 2.2 História do Asfalto Borracha A necessidade de ligantes para a construção de estradas começou juntamente com a construção da primeira estrada. Em 1823, o Rei George IV (Inglaterra) concedeu uma patente sobre a utilização de borracha natural na construção de estradas para o Sr. Honcock ( ZENKE, 1985). Com a produção dos primeiros polímeros sintéticos por volta de 1930, pensou-se em adicioná-lo à mistura asfáltica. O asfalto borracha começou na década de 40 nos USA, quando a companhia de reciclagem de borracha U.S. Rubber Reclaiming Company começou a vender borracha desvulcanizada reciclada, denominada Ramflex, como partículas para serem adicionadas em misturas asfálticas para pavimentos. Em 1963, Charles Mcdonald que é considerado o pai do asfalto borracha nos USA, desenvolveu um ligante modificado para asfalto usando borracha de pneu triturada, altamente elástico para ser utilizado na manutenção de pavimentos asfálticos. O produto era composto de ligante asfáltico e 25% de borracha moída de pneu (0,6mm a 1,2mm), misturado a 190° C durante vinte minutos para ser utilizado em remendos conhecidos como “ban-aid”. Devido a importância ambiental em se encontrar alternativas para o consumo dos pneus usados, em 1991 o ISTEA (Intermodal Surface Transportation Efficiency Act – USA), determinou a utilização de borracha de pneus em pavimentos asfálticos. A partir daí, muitas tecnologias começaram a ser pesquisadas e desenvolvidas. Os estudos começaram com misturas similares ao processo de Mcdonald e atualmente os processos estão em contínuo aperfeiçoamento. Apesar dos grandes esforços que estão sendo feitos, são poucos os processos que conseguiram viabilidade técnica e econômica. 23 2.3 Tecnologia de Adição de Borracha de Pneus às Misturas Asfálticas O uso de borracha de pneu reciclado não será a solução definitiva para o problema da disposição ambiental deste resíduo, mas vai amenizá-lo ao mesmo tempo, que promete modificar para melhor o concreto asfáltico. A adição da borracha ao concreto asfáltico pode ser feita em misturas asfálticas a quente, de duas maneiras básicas: • Via seca: a borracha é introduzida diretamente no misturador da usina de asfalto, entrando neste caso como um agregado na mistura. Embora seja prejudicada a transferência de propriedades importantes da borracha ao ligante asfáltico é possível agregar melhorias à mistura asfáltica, desde que na sua fabricação seja possível obter uma mistura totalmente homogênea (GRECA ASFALTOS, 2003). • Via úmida: a borracha é previamente misturada ao ligante, modificando-o permanentemente, ocorrendo uma transferência mais efetiva das características de elasticidade e resistência ao envelhecimento para o ligante asfáltico original (GRECA ASFALTOS, 2003). Com a modificação efetiva dos ligantes muitas pesquisas e aplicações práticas vem sendo desenvolvidas aqui no Brasil. Particularmente com mais ênfase no campo dos ligantes modificados por via úmida, onde estudos já realizados afirmam que a garantia da mistura asfáltica é de melhor qualidade em relação à via seca. É importante mencionar o problema de compatibilidade entre o tipo de polímero modificador nesse caso a borracha moída de pneu e o ligante base. No Brasil, normalmente o ligante tradicional precisa ser compatibilizado para receber a BMP (borracha moída de pneu). A característica de compatibilidade ou estabilidade de um ligante modificado requer que o asfalto base utilizado como matéria prima possua uma relação asfaltenos/aromáticos dentro de uma faixa determinada. Caso o ligante tradicional não possuir esta compatibilidade com a BMP, ele deve ser preparado por meio de adição de insumos especiais, para somente depois receber a BMP (MORILHA, et al; 2002). A adição da borracha moída de pneu ao ligante base deve ser executada em reator especial conforme ilustra figura 3 e através de um processo físico químico adequado, é possível obter uma mistura estável de asfalto-borracha. 24 Figura 3 – Foto de um reator onde é inserida a borracha moída de pneu ao ligante asfáltico e feita a mistura do ligante com a borracha. Na fabricação de um ligante modificado, deve-se analisar profundamente o ligante base que irá sofrer modificação. A borracha de pneus é incorporada ao ligante por via úmida, neste caso a borracha é previamente adicionada ao ligante, modificando-o permanentemente, ocorrendo a transferência mais efetiva dos polímeros e da química fina dos pneus que se traduzem em maior elasticidade e resistência ao envelhecimento (MORILHA, 2003). Aqui no Brasil, a tecnologia desenvolvida foi norteada pela adaptação à realidade brasileira, utilizando o que existe de melhor em outros países que já utilizam o asfalto borracha e desenvolvendo características necessárias para o seu melhor uso, levando-se em conta principalmente as diferenças dos asfaltos brasileiros, as peculiaridades construtivas das nossas rodovias, os métodos de controle de qualidade utilizados, os tipos de usinas, a armazenagem dos ligantes, cronogramas de execução das obras e outras características específicas das obras rodoviárias nacionais. 25 3. CONCRETO BETUMINOSO USINADO A QUENTE MODIFICADO COM BORRACHA MOÍDA DE PNEU (CBUQ - BMP) 3.1 Materiais O CBUQ – BMP é constituído de agregado graúdo, agregado miúdo, material de enchimento ou filler, ligante asfáltico modificado por borracha moída de pneu e melhorador de adesividade se necessário na mistura asfáltica. 3.1.2 Cimento Asfáltico de Petróleo Os cimentos asfálticos de petróleo modificados por adição de borracha moída de pneus devem possuir as seguintes características segundo a norma do DER / PR ES-P 28/05, 2005. a) o teor mínimo de borracha incorporada no ligante asfáltico deve ser de 15% em massa, sendo proibida sua industrialização na própria obra sem acompanhamento laboratorial, equipamentos adequados, condição técnica e principalmente sem os requisitos básicos para garantir a segurança ao meio ambiente; b) o ligante asfáltico deve atender aos requisitos apresentados na Tabela 1; c) o tempo máximo e as condições de armazenamento e estocagem do asfalto-borracha para diferentes situações, devem ser definidos pelo seu fabricante; d) a garantia do produto asfáltico por carga deve ser atestada pelo fabricante através de certificado com as características do produto. Segundo recomendação do DER / PR ES-P 28/05, 2005, todo carregamento de asfalto- borracha que chegar a obra deve apresentar por parte do fabricante ou distribuidor o certificado de resultados de análise dos ensaios de caracterização exigidos pela especificação, correspondentes a data de carregamento para transporte com destino ao canteiro de serviço. Deve indicar também sua procedência,tipo e quantidade do seu conteúdo e distância de transporte entre fábrica e o canteiro de obra. 26 Tabela 1 – Propriedades do Ligante Asfalto-Borracha Características Exigência Método ABNT Mínima Máxima Viscosidade Brookfield a 175 °C, cP 800 2000 ASTM D 2196 Penetração, 100 g, 5 s, 25 °C, 0,1 mm 25 75 NBR 6576 Ponto de amolecimento, °C 55 - NBR 6560 Recuperação elástica por torção, % 50 - NLT 329 Ponto de fulgor, °C 235 - NBR 11341 Densidade relativa, 25 °C 1,00 1,05 NBR 6296 Ensaio de resíduo do RTFOT Variação em massa, % - 1,0 NBR 15235 Percentagem de penetração original 50 - Fonte: DER/SP ET-DE-P00/030, 2007. 27 3.2 Agregados 3.2.1 Granulometria do Agregado É o mais nobre dos revestimentos flexíveis, sendo definido como resultante da mistura a quente, em usina apropriada, de agregado mineral graduado, material de enchimento (filler) e material betuminoso, espalhado e comprimido a quente. A diferença do pré-misturado a quente é somente na qualidade. No concreto betuminoso, as especificações quanto à granulometria do agregado e quanto às condições de resistência da mistura – estas sendo referidas, por exemplo, aos índices do ensaio Marshall que incluem uma faixa de vazios não preenchidos, que na maioria das vezes exige a adição de um filler, como cimento, pó calcário, cal e similares. No pré-misturado, os vazios podem atingir valores fora dessa faixa, não necessitando também de controles rigorosos. Segundo a norma americana AASHTO T-27, a classificação da granulometria do agregado é dividida em três frações: agregado graúdo, agregado fino e filler. O agregado graúdo é constituído de pedra britada ou seixo rolado com pelo menos uma face britada, devendo obedecer às condições mencionadas: - Fragmentos duráveis, de superfície rugosa e forma angular (AASHTO T-104); - Inexistência de torrões de argila e matéria orgânica (NBR 12052); - Não ter em excesso, pedras lamelares alongadas, a fim de não prejudicar a trabalhabilidade da mistura e a inalterabilidade da granulometria (NBR 6954); - Abrasão Los Angeles inferior a 50% (NBR NM 51); - Ter boa adesividade com o asfalto utilizado (NBR 12583 e NBR 12584); O agregado miúdo pode ser constituído de areia, pó de pedra ou mistura de ambos, devendo apresentar no método do Equivalente de Areia (NBR-12052), valor igual ou inferior a 55. 28 A granulometria da mistura dos agregados deve satisfazer a uma das graduações constantes da tabela específica da norma do DER/SP ET-DE-P00/030, 2007 que usaremos nesse trabalho e demonstraremos a seguir conforme tabela 2. Tabela 2 – Composição das Misturas Asfálticas Peneira de Malha Quadrada Faixa - I Faixa - II Faixa - III Faixa - IV Faixa de Trabalho % em Massa Passando ASTM MM Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo Mínimo Máximo + ou - 2” 50,00 100 100 - - - - - - - 1 ½” 37,50 90 100 100 100 - - - - + 7% # 1” 25,00 75 100 90 100 - - - - + 7% # 3/4” 19,00 60 90 80 100 100 100 - - + 7% # 1/2" 12,70 - - - - 90 100 - - + 7% # 3/8” 9,50 35 65 45 80 70 90 100 100 + 7% N°4 4,75 25 50 28 60 44 72 80 100 + 5% N°10 2,00 20 40 20 45 22 50 50 90 + 5% N°40 0,42 10 30 10 32 8 26 20 50 + 5% N°80 0,18 5 20 8 20 4 16 7 28 + 3% N°200 0,075 1 8 3 8 2 10 3 10 + 2% Camadas Ligação (Binder) Ligação ou Rolamento Rolamento Reperfilagem Espessura Máxima (cm) 6,0 cm 6,0 cm 6,0 cm 3,0 cm Fonte: DER/SP ET-DE-P00/030, 2007. Faixa de trabalho é a variação máxima permitida para o traço em uma dada peneira. 29 A dosagem adequada da mistura nesse caso com as faixas granulométricas do DER/SP ET-DE-P00/030, 2007, devem atender aos seguintes parâmetros em função do método Marshall (NBR-12891), conforme tabela 3 abaixo. Tabela 3 – Requisitos para o Projeto de Misturas Asfálticas Características Método de Ensaio Faixas II, III e IV Faixa - I Mínimo Máximo Mínimo Máximo Estabilidade mínima, KN (75 golpes no ensaio Marshall) NBR 12891 8 - 8 - Fluência (mm) Fluência (0,01”) NBR 12891 2,0 8 4,0 16 2,0 8 4,0 16 % de Vazios Totais 3 5 4 6 Relação Betume / Vazios - (RBV) % 65 80 65 75 Vazios do Agregado Mineral - (VAM) % Ver tabela 4 - - Resistência à tração por Compressão Diametral Estática a 25 °C, mínima MPa NBR 15087 0,8 - 0,65 - Fonte: DER/SP ET-DE-P00/030, 2007. Tabela 4 – Requisitos para Vazios do Agregado Mineral – VAM Tamanho Nominal Máximo do Agregado* VAM Mínimo (%) ASTM mm Teor de Vazios = 4,0% 1 ½” 37,5 11 1” 25,0 12 ¾” 19,0 13 ½” 12,5 14 3/8” 9,5 15 * tamanho nominal máximo do agregado é definido como o diâmetro da peneira imediatamente superior àquela que retém mais que 10% dos agregados. Fonte: DER/SP ET-DE-P00/030, 2007. 30 3.3 Usina para Mistura Asfáltica As misturas betuminosas podem ser produzidas de várias maneiras: - Mistura na pista; - Mistura em usina móvel; - Mistura em usina. As usinas propriamente ditas, destinadas à produção de concreto betuminoso usinado a quente e pré-misturados, podem ser classificadas em: - Usinas a quente. Produzem concreto asfáltico, pré-misturados a quente, areia asfalto, binder e rolled; - Usinas a frio. Produzem pré-misturado a frio, areia-asfalto, solo-asfalto, binder a frio. O concreto betuminoso usinado a quente, assim como as demais misturas betuminosas para as quais se exige um controle de dosagem e misturação bastante efetivo, são produzidos em usinas próprias, cujo desenvolvimento tecnológico vem apresentando melhorias substanciais a cada ano que passa. As usinas são classificadas em dois tipos de usinas: - Usinas gravimétricas ou descontínuas e - Usinas volumétricas ou contínuas. As usinas gravimétricas são de funcionamento por traços misturados em porções previamente dosadas, tipo betoneiras como ilustra figura 4, enquanto as usinas volumétricas apresentam funcionamento contínuo. 31 Figura 4 – Foto de uma usina de asfalto tipo gravimétrica. As usinas de modo geral, misturam de dois a três agregados, o que implica terem de montar dois ou três silos frios. O uso de dois silos frios apenas pode apresentar problema de segregação do material mais fino, no que acarretaria a alteração da granulometria do agregado. Os agregados são inseridos nos silos frios geralmente por uma pá-carregadora ou tratores de lâminas, sendo mantidos os níveis de agregados nos silos sempre que possível constante, a fim de que as condições de densidade no fundo não estejam sujeitas à variações. 32 3.3.1 Correias Transportadoras A função da correia transportadora conforme figura 5 é conduzir os agregados provenientes dos alimentadores para o pé do elevador a frio ou para a correia transportadora inclinada de agregados a frio. Figura 5 – Foto do detalhe da correia transportadora inclinada de agregados da usina de asfalto. 3.3.2 Elevador a Frio ou Correia Transportadora Inclinada Ambos têm a finalidade de recolher a mistura de agregados transportados pela correia e introduzi-los no secador. 33 3.3.3 Secador Sua função na usinagem, é de remover ao máximo possível à umidade da mistura de agregados, bem como aquecê-los a temperatura especificada para a mistura. O secador se consiste de um longo cilindro animadode movimento rotativo como ilustra figura 6. Internamente é composto de um conjunto de canaletas dispostas paralelamente ao eixo do secador, fazendo com que a mistura de agregados passe obrigatoriamente por um dos fluxos de gases quentes provenientes da chama do maçarico. Figura 6 – Foto do secador de agregados da usina de asfalto para mistura asfáltica. O secador é inclinado em relação à horizontal, para que se possa determinar o tempo requerido pelas partículas para atravessá-lo. Os agregados são inseridos pela sua extremidade mais elevada, saindo dele pela extremidade oposta, onde se acha localizado o maçarico no caso de usinas contra fluxo. 34 O secador, praticamente determina a produção da usina. Alguns fatores afetam a velocidade dos agregados, mas o mais importante fator é o teor de umidade do agregado. Existe grande vantagem em se introduzir nos silos frios agregados com baixos teores de umidade, sendo necessário em regiões sujeitas as grandes precipitações pluviométricas, a construção de coberturas para os agregados no pátio da usina, principalmente os agregados finos da mistura. A mistura de agregados deve deixar o secador encerrando um teor de umidade inferior a 1,0%. 3.3.4 Sistema Coletor de Pó Nas usinas existem coletores de pó, a fim de reduzir os inconvenientes que resultariam do lançamento de pó na atmosfera, e para possibilitar a recuperação de uma parcela de finos que são retirados dos agregados no secador. O sistema é constituído por uma ventoinha e um ciclone conforme figura 7. A mistura de gases mais pó é chupada no interior do secador por intermédio da ventoinha, sendo encaminhada para o ciclone, no qual os finos são separados dos gases pela força centrífuga. Em certos tipos de usina, a fração de pó recuperada no ciclone retorna ao fluxo de agregado, geralmente na base do elevador. Figura 7 – Foto do sistema de filtragem e coletor de pó conhecido na prática como filtro de manga da usina de asfalto. 35 3.3.5 Elevador Quente O elevador quente tem constituição análoga à do elevador frio, sendo recoberto para evitar perdas de temperatura por parte do agregado aquecido conforme figura 8 abaixo. Figura 8 – Foto do elevador quente da usina de asfalto. 3.3.6 Dispositivo de Peneiração Os agregados aquecidos provenientes do secador e transportados pelo elevador quente são introduzidos num dispositivo de peneiração, onde são separados em duas ou mais frações granulométricas. Na parte que se refere aos requisitos que devem ser preenchidos pelas usinas (tanto intermitentes como ilustra figura 9 ou como contínuas), exigem que a mistura de agregado proveniente do secador seja dividida em pelo menos três frações, uma das quais constituída pela parcela que passa na peneira n°10. 36 Os dispositivos de peneiração empregados na atualidade são do tipo vibratório. A seleção das malhas dos passos que constituirão as peneiras deverá ser feita em função da análise conjunta de vários fatores, tais como: granulometria da mistura de agregados, número de silos quentes disponíveis, capacidade de peneiração dos dispositivos etc. Figura 9 – Foto do dispositivo de peneiração da usina de asfalto tipo gravimétrica. 3.3.7 Silos Quentes São destinados a receber os agregados aquecidos provenientes do secador. Ao número de silos quentes de que a usina dispõe está condicionado o número de frações em que será dividida a mistura de agregados. Os silos quentes devem ser equipados na parte inferior com dispositivos destinados a medida da temperatura dos agregados armazenados (termômetros ou picnômetros constituídos por pares termoelétricos), possuindo na parte inferior “ladrões”, que servem para evitar que o transbordamento de material quando, por qualquer razão anômala de operação, houver excessivo acúmulo. 37 Os silos quentes de usinas intermitentes dispõem em suas bases de comportas acionadas por alavancas, localizadas diretamente sobre o receptáculo da balança. Já os silos quentes das usinas contínuas, são equipados com portões semelhantes aos alimentadores a frio. Através desses portões, flui o agregado quente, que é levado por uma esteira metálica ao segundo elevador quente ou diretamente ao misturador em outros tipos. 3.3.8 Introdução do Filler Em algumas usinas intermitentes, o filler é armazenado em um silo a parte, sendo pesado diretamente na balança da usina como as demais frações de mistura de agregado. Em outras usinas intermitentes, o filler é estocado e pesado a parte, sendo transportado por um elevador e descarregado diretamente no misturador por intermédio de uma rosca sem-fim. Em certos tipos de usinas contínuas, o filler é armazenado em um pequeno silo e a quantidade do produto a ser incorporada ao fluxo de agregado é regulada por intermédio da abertura do portão existente na parte inferior do silo referido. O material que sai do portão citado é levado por uma rosca sem-fim e introduzido no pé do elevador quente. Em outros tipos de usinas contínuas, o silo de filler é colocado diretamente sobre o misturador e a quantidade de material é regulada de maneira análoga, por intermédio da abertura de um portão. 3.3.9 Balança O estágio final da dosagem dos agregados nas usinas intermitentes é efetuado sob a forma de pesadas cumulativas em uma balança. Na maioria das usinas intermitentes, a quantidade de ligante correspondente a cada “traço” é determinada em bases volumétricas, porém em outras o ligante é dosado da mesma forma que os agregados, em uma balança. 38 3.3.10 Misturador – Introdução do Ligante Depois de aquecidos e pesados (no caso das usinas intermitentes conforme figura 10) ou provenientes dos portões dos silos quentes (no caso de usinas contínuas), os agregados são introduzidos no misturador da usina. O misturador consiste de dois eixos paralelos, providos de palhetas e animados de movimento de rotação. Estes movimentos têm sentidos opostos, de forma a promover ascensão do material localizado entre eles, e em seguida lançá-lo de encontro as paredes dos misturadores. Figura 10 – Foto do misturador e injetor de ligante asfáltico da usina de asfalto. 39 Os agregados e o filler são inicialmente misturados sem ligante nas usinas intermitentes, sendo chamado de “mistura seca”, devendo ser suficiente para processar uma homogeneização perfeita entre os agregados e o filler. A “mistura úmida” deve ser feita de forma que ao cabo do mesmo, todas as partículas da mistura de agregado mais filler estejam recobertas uniformemente pelo ligante. Nas usinas contínuas, a incorporação do ligante aos agregados tem lugar de forma contínua pouco antes de eles penetrarem no misturador. Nos misturadores das usinas contínuas, a disposição das palhetas, além de facultar a operação da mistura, possibilita o deslocamento de massa em direção à saída do misturador. A descarga de ligante é assegurada por uma bomba, geralmente do tipo excêntrico. Ao eixo excêntrico está solidária uma engrenagem acoplada por uma transmissão de corrente, que se liga a outra engrenagem fixa a um eixo motriz. O eixo motriz geralmente comanda o movimento da esteira do alimentador do silo quente. Como número de revoluções deste último eixo é constante, a descarga de ligante poderá ser variada, desde que sejam possibilitadas combinações diversas entre as suas engrenagens referidas. 3.3.11 Depósito para o Ligante Asfalto – Borracha Os depósitos para o cimento asfáltico devem possuir capacidade adequada, possuir dispositivos capazesde aquecer o ligante nas temperaturas entre 165 °C a 180 °C fixadas de acordo com a norma especificada do asfalto-borracha (DER / PR ES-P 28/05, 2005). Estes dispositivos devem também evitar qualquer superaquecimento localizado. É necessário que sejam instalados agitadores mecânicos nos tanques e um sistema de circulação para o ligante asfáltico, de modo a garantir a circulação contínua do depósito ao misturador durante todo o período de operação conforme figura 11. 40 Figura 11 – Foto do depósito para ligante asfáltico tradicional e ligante asfalto-borracha. 3.3.12 Depósito para Agregados Os depósitos dos agregados devem ser em locais drenados, dispostos de maneira que não haja mistura de agregados, preservando a sua homogeneidade e granulometria e não permitindo contaminações de agentes externos. 3.3.13 Depósito da Mistura Asfáltica Usinada Servem para armazenar por pouco tempo a mistura antes da descarga nos veículos transportadores. Essa descarga torna-se independente dos trabalhos de mistura, sendo providos de alçapão para a descarga. 41 3.4 Equipamentos 3.4.1 Transporte da Mistura Os caminhões conforme figura 12, do tipo basculante para o transporte do concreto betuminoso usinado a quente, devem ter caçambas metálicas robustas, limpas e lisas, ligeiramente lubrificadas com nata de Cal hidratada (3 x 1) ou água e sabão ou óleo de soja diluído em água, de modo a evitar a aderência da mistura ao fundo ou parede do mesmo. Não é permitido a utilização de produtos susceptíveis para dissolver o ligante asfáltico (óleo diesel, gasolina, etc). Após o carregamento do CBUQ, o caminhão deve estar coberto com lona ou outro material aceitável, com tamanho suficiente para proteger a mistura, sobre passando a caçamba nas laterais e na traseira. Deve estar bem fixada na dianteira para não permitir a entrada de ar entre a cobertura e a mistura asfáltica. Figura 12 – Foto do caminhão tipo basculante na hora da descarga na pavimentadora ou acabadora asfáltica. 42 O tempo máximo admissível entre a carga do caminhão na usina e a descarga na pista é dado pelo limite de temperatura estabelecido para aplicação da massa na pista segundo norma do DER/SP ET-DE-P00/030, 2007. A troca de caminhões na hora da descarga deve ser rápida, de maneira a evitar a paralisação da acabadora. 3.4.2 Equipamento para Espalhamento O equipamento para espalhamento e acabamento deve ser constituído de pavimentadora conforme ilustra figura 13 ou mais conhecida como acabadora automotriz, capaz de espalhar e conformar a mistura no alinhamento, nas cotas e abaulamentos requeridos. Deve ser equipada com rosca sem fim, para espalhar a mistura sem que ocorra segregação da mistura, possuir dispositivo rápido e eficiente de direção, além de marcha para frente e para trás. Deve ser equipada com sistema de vibração que permita uma pré-compactação na mistura espalhada e com dispositivo de aquecimento da mesa para evitar que a mistura agarre na mesma e prejudique o acabamento. Deve estar equipada com sistema de controle de nível (espessura) eletrônico nos dois lados da mesa, com esqui de comprimento mínimo de 6 m. A mesa não deve deixar marcas longitudinais na massa espalhada, devendo estar bem ajustadas às emendas das extensões. No início da jornada de trabalho, a mesa deve estar aquecida no mínimo na temperatura definida pela especificação para temperatura de descarga. Caso no espalhamento se constate pontos segregados, tanto finos, como grossos, ondulações transversais e ou riscos longitudinais, resultados de má operação da pavimentadora, o serviço deve ser paralisado até a sua correção. 43 A velocidade da acabadora deve ser definida em função da capacidade de produção da usina, de maneira que a mesma esteja continuamente em movimento, sem paralisações para esperar caminhões. A velocidade da acabadora deve estar entre 2,5 e 10 m/minuto. Se a acabadora ficar parada por mais de quinze minutos, deve ser removida da pista e dar um novo início na chegada do caminhão. Figura 13 – Foto da pavimentadora asfáltica aplicando CBUQ com asfalto-borracha. 3.4.3 Equipamentos e Compressão da Mistura Asfáltica Para a execução da compressão da mistura, os equipamentos devem ser constituídos de rolo pneumático e tandem liso vibratório. No caso dos rolos pneumáticos, autopropulsados, devem ser dotados de dispositivos que permitam a calibragem da pressão dos pneus de 2,5 kgf/cm² a 8,4 kgf/cm² (35 a 120 psi), e os pneus devem estar em perfeito estado, ter a mesma altura e estar alinhados, para não deixarem marcas indesejáveis na pista. Os rolos tandem liso vibratório devem vibrar no mínimo 2400 VPM. Para a garantia de uma boa execução, todos os rolos devem estar lastrados para atender as especificações de peso recomendadas pelo fabricante do mesmo. 44 A compressão da mistura deve ser iniciada imediatamente após o espalhamento, sendo a rolagem iniciada com uma passada de rolo tandem liso sem vibrar (Breakdown) logo após o espalhamento, conforme figura 14. Em seguida, utiliza-se o rolo pneumático conforme figura 15, que dará o número de passadas necessárias a garantir a compactação da mistura, podendo também ser auxiliado por um rolo vibratório. Figura 14 – Foto do rolo tandem liso compactando o CBUQ com asfalto-borracha. Figura 15 – Foto do rolo pneumático compactando o CBUQ com asfalto-borracha. 45 A compressão deve ser iniciada pelos bordos, longitudinalmente, continuando em direção ao eixo da pista. Nas curvas, de acordo com a superelevação, a compressão deve começar sempre do ponto mais baixo para o mais alto. Para evitar a aderência da mistura com o pneu do rolo, utiliza-se uma solução de óleo vegetal (50%) e álcool hidratado (50%) para umedecer ligeiramente os pneus conforme figura 16 abaixo. No rolo tandem liso vibratório quando utilizada água, a mesma deve ser pulverizada para que não ocorra escorrimento e o empoçamento na superfície da camada. Figura 16 – Foto do detalhe do umedecimento dos pneus na hora da compactação do CBUQ com asfalto-borracha. 46 4. VANTAGENS TÉCNICAS DO ASFALTO BORRACHA Segundo ZANZOTTO e SVEC (1996) e a Asphalt Rubber Pavement Association, o ligante modificado por borracha moída de pneus ou simplesmente asfalto borracha, apresenta as seguintes características: - Redução da suscetibilidade térmica: misturas com ligante asfalto borracha são mais resistentes às variações de temperatura, o seu desempenho tanto a altas como a baixas temperaturas é melhor quando comparado com pavimentos construídos com ligante convencional; - aumento da flexibilidade do pavimento devido a maior concentração de elastômeros na borracha de pneus; - melhor adesividade aos agregados; - aumento da vida útil do pavimento; - maior resistência ao envelhecimento: a presença de anti-oxidantes e carbono na borracha de pneus auxilia na redução do envelhecimento por oxidação; - maior resistência a propagação de trincas e a formação de trilhas de roda; - permite redução de espessura do pavimento; - proporciona melhor aderência pneu-pavimento; - redução do ruído provocado pelo tráfego entre 65 e 85%. O Departamento de Transportes da Califórnia (CALTRANS), esta utilizando de forma sistemática o asfalto borracha por via úmida e desde 1987 as espessuras das camadas asfálticas com borracha, tem sido reduzidas em relação às necessidades para pavimentos convencionais. O CALTRANS também reporta que em termos geraisos pavimentos com asfalto borracha possuem um desempenho muito bom, requerendo menos manutenção e tolerando deflexões superiores àquelas suportadas pelos pavimentos com asfalto convencional. Em relação ao envelhecimento do ligante asfáltico durante a usinagem e a sua vida útil, podemos relatar que este é minimizado com a utilização de asfalto borracha, tendo em vista dois fatores: 47 - a espessura de película sobre o agregado é superior àquela encontrada com CAPs convencionais (devido a maior viscosidade do ligante), tal fato garante um menor envelhecimento do ligante durante a usinagem; - a recuperação elástica do ligante após a simulação de envelhecimento no ensaio RTFOT, aponta ganho desta característica ao invés de perda que ocorre com os demais ligantes convencionais e modificados por outros polímeros (MORILHA e TRICHÊS, 2003). Este ganho de recuperação elástica como mostra as figuras 17, 18, 19 e 20 após a simulação de usinagem é muito importante e muito provavelmente, este fenômeno também ocorre durante a usinagem no campo, proporcionando uma mistura asfáltica mais flexível mesmo após a oxidação que ocorre em todo o processo de fabricação e aplicação da massa asfáltica. Portanto este é mais um fator que contribui para o aumento da durabilidade da mistura asfáltica e consequentemente do revestimento. Figura 17 – Foto do equipamento para determinação da recuperação elástica do ligante asfalto-borracha. 48 Figura 18 – Foto da amostra de ECOFLEX – B sendo preparada para ensaio de recuperação elástica. Figura 19 – Foto do ECOFLEX – B sendo submetida à tração no ensaio de recuperação elástica. 49 Figura 20 – Foto da amostra de ECOFLEX – B após ensaio de tração em fase de recuperação elástica. 50 5. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DO ASFALTO BORRACHA O asfalto modificado por borracha de pneus consiste na incorporação da borracha granulada de pneus ao asfalto convencional, em equipamento apropriado por via úmida. A modificação reológica, física e química do asfalto convencional, só é possível graças a um adequado processo de fusão por meio de agitação mecânica e digestão térmica devidamente controlada, visando produzir um produto final com características uniforme e estável. De acordo com a especificação do asfalto borracha, aprovada na Comissão de Asfalto do IBP - Instituto Brasileiro de Petróleo e encontra-se em fase de encaminhamento a ANP – Agência Nacional de Petróleo, devem possuir as seguintes características de acordo com a tabela 5. Após a modificação do ligante com borracha moída de pneu em função das suas características poderá ser aplicado em diferentes tipos de revestimento, seja em misturas asfálticas ou revestimentos por penetração. As misturas asfálticas podem ser classificadas como: descontínuas abertas (open- graded), descontínuas densas (gap-graded) e contínuas densas, além de tratamentos superficiais simples ou duplos podendo funcionar como revestimento e como membrana intermediária de absorção de trincas. Segundo catálogo de produtos da GRECA ASFALTOS, uma das distribuidoras e produtoras brasileira do asfalto modificado por borracha moída de pneu, recomenda-se a aplicação do ECOFLEX – A na elaboração de misturas asfálticas descontínuas com qualquer teor de vazios (drenante ou densa) e também na execução de tratamentos superficiais. O ECOFLEX – B é indicado para a fabricação de misturas asfálticas densas descontínuas. 51 Tabela 5 – Especificações Técnicas do Asfalto-Borracha Ensaio Norma Asfalto Borracha da GRECA ASFALTOS ECOFLEX A ECOFLEX B Penetração (25°C, 100g, 5s), 0,1mm NBR-6576 30 - 70 30 – 70 Ponto de Amolecimento, mín. °C NBR-6560 57 55 Viscosidade Brookfield (175°C, 20rpm, splindle 3), cP ASTM - 2196 2200 - 4000 800 - 2000 Ponto de Fulgor, mín. °C NBR - 11341 235 235 Recuperação Elástica Ductilômetro (25°C, 10 cm), mín. % NBR - 15086 55 50 Recuperação Elástica Torciômetro (25°C, 30 min), mín. % (*) NLT - 329 55 50 Estabilidade a Estocagem, máx. °C NBR - 15166 9 9 Ensaio do Resíduo do RTFOT Variação de Massa do RTFOT, máx. % NBR - 15235 1,0 1,0 Variação do Ponto de Amolecimento, máx. °C NBR - 6560 10 10 Porcentagem da Penetração Original, mín. % NBR - 6576 55 55 Porcentagem da Recuperação Elástica Original, (25°C, 10 cm) mín. % NBR - 15086 100 100 (*) O ensaio de recuperação elástica pelo torciômetro também é indicado para atender as especificações do DER/PR, Deinfra/SC e DER/SP Fonte: IBP, 2007. 52 6. ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO DE ENVELHECIMENTO DOS LIGANTES ASFÁLTICOS 6.1 Ensaio de Envelhecimento dos Ligantes Asfálticos Segundo o estudo de MORILHA e TRICHÊS (2003), o envelhecimento do ligante asfáltico traduzido pelo aumento de sua consistência, ocorre principalmente durante a usinagem da mistura asfáltica e é um dos desafios de maior atenção por parte dos pesquisadores. Procurando obter ligantes menos suscetíveis a oxidação, o Grupo GRECA ASFALTOS realizou uma pesquisa relacionada ao efeito do envelhecimento proporcionado pelo ensaio RTFOT (Rolling Thin Oven Test – NBR 15235) conforme detalhe do equipamento na figura 21, no ligante convencional (CAP – 50/70) e no ligante modificado por borracha de pneu moída (ECOFLEX – B). O estudo foi realizado por MORILHA e TRICHÊS (2003) e apresentado nesta pesquisa como forma de comparação entre o envelhecimento dos ligantes na tabela 6. Figura 21 – Foto do equipamento RTFOT para simulação de envelhecimento do ligante asfáltico. 53 Tabela 6 – Ensaio de Envelhecimento de ligante asfáltico - RTFOT Item Analisado CAP – 50 / 70 ECOFLEX – B Penetração do ligante original, 0,1 mm 57 40 Penetração após RTFOT 24 23 % de penetração original após RTFOT 42,10 57,50 Ponto de Amolecimento, °C 50 53 Ponto de Amolecimento após RTFOT, °C 57 58 Recuperação Elástica, % 6 35 Recuperação Elástica após RTFOT 0 73 Variação Percentual - + 208 Fonte: ASTM D 2872. Observando-se a tabela anterior em relação ao estudo de MORILHA e TRICHÊS (2003), podemos concluir que: - a penetração retida, ou seja, a porcentagem da penetração a 25° C após a RTFOT, traduz efetivamente um aumento de consistência do ligante após a simulação do envelhecimento ocorrido após a usinagem. Quanto maior a penetração retida, menor o aumento da consistência, sendo o ECOFLEX – B o ligante que apresenta o menor aumento desta consistência comparado ao CAP – 50 / 70; - a recuperação elástica apresentou um resultado muito interessante: o ligante CAP – 50 / 70 convencional apresenta normalmente um baixo valor desta propriedade e após a simulação de envelhecimento no RTFOT esta propriedade praticamente não existe mais; no ligante ECOFLEX – B, apresenta uma recuperação elástica módica que após a simulação no RTFOT apresentou um aumento muito significativo desta característica (Morilha e Trichês, 2003). 54 Segundo o engenheiro Armando Morilha Junior (2003), o aumento da recuperação elástica do ECOFLEX – B após a simulação de usinagem proporcionada pelo ensaio RTFOT, demonstra que, apesar do aumento da consistência inerente a qualquer forma de envelhecimento, ocorre no Asfalto Borracha um ganho na recuperação elástica. A causa para esse efeito pode estar na severidade do ensaio RTFOT que expõe o ligante pormeio da formação de uma fina película, a um aquecimento maior localizado, colaborando para ocorrer uma maior interação entre as moléculas de borracha e de asfalto que podem proporcionar uma continuação do processo de fusão, melhorando consequentemente a recuperação elástica. Este fenômeno observado, deve também ocorrer durante a usinagem no campo, proporcionando uma mistura mais flexível mesmo após sua oxidação que ocorre em todo o processo de fabricação e aplicação da massa asfáltica. 55 7. COMPARATIVO ENTRE UM PROJETO DE MISTURA ASFÁLTICA COM ASFALTO BORRACHA E COM ASFALTO TRADICIONAL Após relatar neste trabalho os principais aspectos técnicos e vantagens do asfalto borracha em relação ao asfalto tradicional, foi projetado e executado no laboratório de pavimentação asfáltica da Jofege Pavimentação e Construção LTDA, localizada no município de Itatiba-SP, dois projetos asfalticos conforme anexo 1 (projeto asfáltico com ligante tradicional) e anexo 2 (projeto asfáltico com ligante modificado por borracha moída de pneu) para melhor visualização e compreensão do mesmo. As misturas asfálticas obedeceram às características granulométricas da Faixa – III do DER/SP ET-DE-P00/030, 2007, com o mesmo percentual de agregados na composição granulométrica, sendo apenas diferentes em relação ao ligante asfáltico e foi realizado com agregado granítico oriundo da Pedreira Basalto – 6, localizada no município de Campinas-SP. Após ensaios característicos da norma do DER/SP ET-DE-P00/030, 2007, segue abaixo resumo dos resultados das principais características das misturas asfálticas conforme tabela 7: Tabela 7 - Mistura com Asfalto-Tradicional X Mistura com Asfalto-Borracha Propriedades Mistura com Asfalto Tradicional Mistura com Asfalto Borracha Teor de ligante asfáltico, (%) 4,6 5,4 Densidade aparente, (g/cm³) 2,384 2,387 Volume de Vazios, (%) 4,1 4,0 Relação Betume / Vazios, (%) 72,4 75,7 Vazios do Agregado Mineral, (%) 15,0 16,5 Estabilidade, (Kgf) 1398 1678 Fluência, (0,01”) 11,9 13,0 Resistência à tração por compressão diametral, (MPa) 0,91 0,82 Fonte: Resultados e comparativo entre os projetos executados segundo anexos 1 e 2. 56 Todos os resultados estão dentro das especificações segundo norma do DER/SP ET-DE- P00/030, 2007. Podemos observar que a mistura com asfalto borracha teve um acréscimo de 0,8% no teor de ligante asfáltico em relação à mistura com asfalto tradicional, podendo ser explicada e compreendida facilmente se pensarmos em pintarmos uma pedra do tipo brita-1 com água e a mesma pedra com azeite. A quantidade de azeite gasto para pintar a pedra do tipo brita-1 é maior, pois o azeite é muito mais viscoso que a água, mas ao mesmo tempo recobre muito melhor a pedra, protegendo-a e agregando-a melhor se pensarmos em misturas asfálticas. No caso da densidade aparente, não tivemos variações relevantes, podendo ser explicada pelo fato de a composição granulométrica dos agregados serem as mesmas, só diferenciando o ligante asfáltico. O volume de vazios, a relação betume/vazios e o volume de agregado mineral não apresentaram grandes variações, sendo explicado pelo fato de que a composição granulométrica dos agregados são as mesmas nos dois projetos. Na estabilidade e na fluência, podemos observar a ação do polímero que existe na borracha de pneu moída, aumentando sua resistência ás cargas axiais e sua flexibilidade. Na resistência à tração por compressão diametral, podemos observar que o resultado da mistura com asfalto tradicional foi maior, sendo feita então uma pesquisa com os maiores estudiosos na área de modificação de ligantes e misturas asfálticas, sendo-me informado que essa é uma pergunta que todos querem uma resposta e ainda não conseguem responder. O engenheiro Armando Morilha Júnior da Greca Asfaltos, relatou na última palestra que realizou sobre asfalto-borracha no mês de outubro em São Paulo, que esteve em uma convenção na Califórnia nos Estados Unidos no último mês de agosto e que nem os americanos que são os mais desenvolvidos tecnicamente no mundo em relação ao asfalto- borracha sabiam essa resposta e também não entendiam porque a estabilidade aumentava e à tração por compressão diametral diminuía. Morilha também relatou que seu laboratório técnico de desenvolvimento e estudo de ligantes modificados está trabalhando em conjunto com Universidade Federal do Rio Grande do Sul para chegar a uma explicação sensata, verdadeira e provadora, mas que isso requer muitos ensaios e testes e isso demora. 57 8. MÉTODO EXECUTIVO DE PISTA COM ASFALTO-BORRACHA A usinagem, bem como a aplicação e compactação da massa asfáltica na pista, não sofre modificação em relação ao convencional executado com ligante tradicional, a não ser pelos detalhes de temperatura, este sim com significativas alterações, nesse caso o Ecoflex – B. Na tabela abaixo, segue temperatura ideal recomendada pelo produtor e fornecedor de ligante modificado com borracha de pneu moída Greca Asfaltos. Tabela 8 – Temperatura de trabalho do Asfalto-Borracha Ecoflex – B Temperatura (°C) Mínima Máxima Ligante, pré usinagem 165 177 Agregado, pré usinagem 170 177 Massa (CBUQ), após usinagem 165 175 Compactação, mínima 155 A máxima que a massa possa suportar É recomendado que a massa ao ser descarregada do silo para o caminhão de transporte apresente uma temperatura máxima de 177° C. A temperatura de compactação da massa deve estar entre 155° a 160° C, se atentando quando muito quente para evitar o trincamento da massa e a formação de ondas à frente do rolo, de acordo com a norma de execução do DER/SP ET-DE-P00/030, 2007. Como norma geral de execução de rolagem do CBUQ tradicional, a temperatura de rolagem do CBUQ com asfalto borracha é a mais elevada que a mistura possa suportar, sendo a rolagem similar ao de outras massas usinadas a quente. Segundo a norma do DER/SP ET-DE-P00/030, 2007, independentemente da espessura de aplicação da massa compactada, deve-se otimizar o transporte e a compactação para se atingir um grau de compactação mínimo de 97 % da densidade de projeto. 58 A aplicação da camada de misturas asfálticas com asfalto modificado por borracha moída de pneu deve ser precedida de uma consistente pintura de ligação (taxa de teor residual de ligante de 0,3 a 0,4 l/m²) de acordo com a norma do DER/SP ET-DE-P00/030, 2007. A liberação do transito pode ser feita imediatamente após o resfriamento da camada, de acordo com a boa técnica e experiência. 59 9. CONCLUSÃO A utilização de um ligante com mais qualidade e melhores características fabricado com o resíduo reciclado dos pneus, pode melhorar a durabilidade de nossas estradas e ruas e trazer benefícios ecológicos e sociais para toda população. Para a obtenção da compatibilidade do asfalto tradicional na hora de receber a modificação por meio de determinados aditivos e o custo industrial da modificação podem onerar o custo em relação ao preço do asfalto tradicional, sendo plenamente justificado perante seus benefícios já mencionados neste trabalho. Além do inegável benefício ecológico, o ligante modificado por borracha de pneu moída apresenta excelente custo benefício tendo em vista suas qualidades de ligante superior aos ligantes tradicionais o que assegurauma durabilidade superior aos revestimentos asfálticos. Conclui-se que o emprego de ligante asfáltico modificado por borracha de pneu moída em misturas asfálticas vem se mostrando a cada dia que passa uma técnica muito promissora para construção e manutenção de nossas ruas e estradas. 60 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN ASSOCIATION OF STATE HIGHWAY AND TRANSPORTATION OFFICIALS. AASHTO T-27. Agregados – Análise Granulométrica de Agregados Finos e Graúdos. ____. AASHTO T-104. Agregados – Avaliação da Durabilidade pelo Emprego de Soluções de Sulfato de Sódio e Magnésio. AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D 2196. Standard Test Method for Rheological Properties of Non-Newtonian Materials by Rotational (Brookfield Type) Viscometer. Philadelphia, 1999. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12052. Solo ou agregado miúdo – Determinação do equivalente de areia – Método de ensaio. Rio de Janeiro, 1992. ____. NBR 6576. Materiais betuminosos – Determinação da penetração. Rio de Janeiro,1998. ____. NBR 6560. Materiais betuminosos – Determinação do ponto de amolecimento – Método do anel bola. Rio de Janeiro, 2000. ____. NBR 11341. Derivados de petróleo – Determinação dos pontos de fulgor e de combustão em vaso aberto Cleveland. Rio de Janeiro, 2004. ____. NBR 6296. Produtos betuminosos semi-sólidos – Determinação da massa específica e densidade relativa. Rio de Janeiro, 2004. ____. NBR 15235. Materiais asfálticos – Determinação do efeito do calor e do ar em uma película delgada rotacional. Rio de Janeiro, 2005. ____. NBR 6954. Lastro-Padrão – Determinação da forma do material. Rio de Janeiro, 1989. 61 ____. NBR NM 51. Agregado graúdo – Ensaio de Abrasão Los Angeles. Rio de Janeiro, 2001. ____. NBR 12583. Agregado graúdo – Verificação da adesividade a ligante betuminoso. Rio de Janeiro, 1992. ____. NBR 12584. Agregado miúdo – Verificação da adesividade a ligante betuminoso. Rio de Janeiro, 1992. ____. NBR 12891. Dosagem de misturas betuminosas pelo método Marshall. Rio de Janeiro, 1993. ____. NBR 15086. Materiais betuminosos - Determinação da recuperação elástica pelo ductilômetro. Rio de janeiro, 2006. ____. NBR 15087. Misturas asfálticas – Determinação da resistência à tração por compressão diametral. Rio de Janeiro, 2004. ____. NBR 15166. Asfalto modificado - Ensaio de separação de fase. Rio de Janeiro,2004. CERATTI, J. A. P., NÚÑEZ, W. P., CRUZ, L. L., WICKBOLT, V. S. Estudo comparativo do desempenho de um recapeamento utilizando asfalto borracha. Porto Alegre, 2006. DEPARTAMENTO DE ESTRADAS E RODAGEM DO ESTADO DO PARANÁ. DER/PR ES-P 28/05. Pavimentação: Concreto Asfáltico Usinado a Quente com Asfalto Borracha. Curitiba, Paraná, 2005. DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM. DER/SP ET-DE-P00/030. Pavimentação: Concreto Asfáltico com Asfalto Borracha (Processo Úmido). São Paulo, 2007. DEPARTAMENTO ESTADUAL DE INFRA-ESTRUTURA. DEINFRA/SC ES-P 05B/05. Camadas de Misturas Asfálticas Usinadas a Quente com Asfalto Borracha. Santa Catarina, 2005. 62 INSTITUTO BRASILEIRO DE PETRÓLEO. IBP/ABNT-EB-78. Cimentos asfálticos preparados de petróleo. Rio de Janeiro, 1970. ____. IBP/ABNT-P-EB-472. Emulsões asfálticas catiônicas. Rio de Janeiro, 1972. ____. IBP/ABNT-P-EB-651. Asfaltos diluídos tipo cura média. Rio de Janeiro, 1973. ____. IBP/ABNT-P-EB-652. Asfaltos diluídos tipo cura rápida. Rio de Janeiro, 1973. NATIONAL LABORATORY OF TRANSPORTATION. NLT 329. Recuperaciónlastica por torsion de betunes asfálticos modificados. Madri, 1991. SENÇO, W. Manual de Técnicas de Pavimentação. São Paulo: Pini, 1997, v. I. P. 318-354. SENÇO, W. Manual de Técnicas de Pavimentação. São Paulo: Pini, 2001, v. II. P. 201-222. WIKIPÉDIA. Enciclopédia livre. Asfalto. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Asfalto. Acesso: 02 de Outubro de 2007. 63 ANEXO 1 – PROJETO ASFÁLTICO COM LIGANTE TRADICIONAL 64 ANEXO 2 – PROJETO ASFÁLTICO COM LIGANTE MODIFICADO POR BORRACHA MOÍDA DE PNEU Interessado : Fornecedor : Greca Asfaltos CERTIFICADO : Origem do Cap : São José dos Campos - SP Horário da Coleta : 10:40 MATERIAL : Tanque : Data : 02/10/07 QUANTIDADE : Nº da Nota Fiscal : 11787 Placa do Caminhão : BIP - 6939 EMPRESA : ENSAIOS MÉTODO ESPECIFICAÇÃO MÉDIA 1º Penetração ( 100g. 5 segundos, 25ºC ), 0,1 mm NBR 6576 50 a 70 55 55 Ponto de Amolecimento, ºC NBR 6560 46 min. 48.8 49 Viscosidade Brookfield à 177 ºC ASTM D 2196 - 99 57 a 285 61 61 Ponto de Fulgor, ºC NBR 11341 235 min. 272 272 Densidade Relativa à 20 / 4 ºC NBR 6296 Anotar 1.011 1.011 Temperatura do Produto ( Carregamento ) - - 168 ºC 168 ºC Nota : 2788-07 G CAP - 50 / 70 CONTROLE TECNOLÓGICO SEÇÃO PAVIMENTAÇÃO CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO CIMENTO ASFÁLTICO DE PETRÓLEO CAP - 50 / 70 Greca Asfaltos RESULTADOS 23,580 Reg.: Pág.: Data : Dosagem de Concreto Betuminoso Usinado Quente Número % 1 15.0 2 42.0 3 43.0 Total 100.0 # mm 1 2 3 Total 3/4" 19.1 100.0 100.0 100.0 + 7 100.0 100 100 100 100 1/2" 12.7 47.9 100.0 100.0 + 7 92.2 90 100 90 99 3/8" 9.52 18.9 99.4 100.0 + 7 87.6 70 90 83 90 N°4 4.75 1.8 15.3 95.9 + 5 47.9 44 72 44 53 N°10 2.00 1.1 2.9 61.4 + 5 27.8 22 50 24 33 N°40 0.42 0.8 1.1 30.4 + 5 13.7 8 26 10 19 N°80 0.18 0.7 0.8 19.1 + 3 8.7 4 16 6 12 N°200 0.175 0.5 0.5 12.0 + 2 5.4 2 10 3 7 5 - Obs.: Visto : 2.733 Laboratorista : Guarulhos - SP Pedreira Basalto - 6 Campinas - SP Pó de Pedra Pedreira Basalto - 6 2.734 Especificação : 10/1/2007 Obra : 1 Pedrisco Campinas - SP FAIXA GRANULOMÉTRICA 3 - Composição Granulométrica : PORCENTAGEM PASSANDO PENEIRA 1 g/cm³ 2.732 TIPO ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DOS AGREGADOS MÉTODO MARSHALL - (NBR - 12891) Limites 4 - Análise Granulométrica : TrabalhoEspecificação CBUQ - Faixa - III - DER 1.030 CAP - 50 / 70 Dist. Greca Asfaltos 2.735 2 - Materiais Empregados : 1 - DADOS INICIAIS : ET - DE - P00/030 Faixa : Estudo : TRAÇO DENS. REAL Campinas - SPPedreira Basalto - 6Brita - 1 FORNECEDOR PROCEDÊNCIA 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 3/4"1/2"3/8"N°4N°10N°40N°80N°200 --- Faixa Especificada --- Faixa Trabalho --- Mistura Total SERVIÇO 1.011 g/cm³ 2.734 g/cm³ 75 19,1 mm PESO EM GRAMAS V.A.M. R.B.V. VOLUME NO AR NA ÁGUA VAZ. AGR. REL. BET. LEITURA CALCULADA CORRIGIDA g g cm³ MINERAL (%) VAZIOS (%) kgf/cm² mm (0,01") 1 4.00 1197.5 689.7 507.8 2.358 2.513 15.5 6.2 9.4 9.3 15.5 60.2 507.8 1.00 550 1,277 1,283 2.40 9.45 2 4.00 1195.6 689.1 506.5 2.361 2.513 15.2 6.1 9.4 9.3 15.4 60.6 506.5 1.05 550 1,277 1,337 2.38 9.37 3 4.00 1193.8 688.3 505.5 2.362 2.513 15.1 6.0 9.4 9.3 15.4 60.8 505.5 1.01 530 1,231 1,244 3.20 12.60 MÉDIA 4.00 2.360 2.513 6.1 15.4 60.6 1,288 10.47 4 4.50 1194.6 692.5 502.1 2.379 2.490 11.1 4.4 10.7 10.6 15.0 70.4 502.1 1.04 560 1,300 1,357 3.02 11.89 5 4.50 1191.8 691.5 500.3 2.382 2.490 10.8 4.3 10.7 10.6 14.9 71.0 500.3 1.05 560 1,300 1,371 2.98 11.73 6 4.50 1195.9 693.5 502.4 2.380 2.490 11.0 4.4 10.7 10.6 15.0 70.6 502.4 1.04 590 1,370 1,430 3.04 11.97 MÉDIA 4.50 2.381 2.490 4.4 15.0 70.7 1,386 11.86 7 5.00 1193.3 695.4 497.9 2.397 2.469 7.2
Compartilhar