Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Dissertação de Mestrado RESTAURAÇÃO RODOVIÁRIA USANDO ASFALTO MODIFICADO POR POLÍMERO AUTOR: MÁRCIO GUSMÃO ORIENTADOR: Prof. Dr. Gilberto Fernandes (UFOP) MESTRADO PROFISSIONAL EM ENGENHARIA GEOTÉCNICA DA UFOP OURO PRETO - MAIO DE 2009 ii RESTAURAÇÃO RODOVIÁRIA USANDO ASFALTO MODIFICADO POR POLÍMERO Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Engenharia Geotécnica do Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Geotecnia, área de concentração em Geotecnia de Pavimento. Esta dissertação foi apresentada em sessão pública e aprovada em 18 de maio de 2009, pela Banca Examinadora composta pelos membros: Prof. Dr. Gilberto Fernandes (Orientador / UFOP) Prof. Dr. Adílson do Lago Leite (UFOP) Prof. Dr. Geraldo Luciano de Oliveira Marques (UFJF) iii Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br G982r Gusmão, Márcio. Restauração rodoviária usando asfalto modificado por polímero[manuscrito] / Márcio Gusmão - 2009. xxi, 147f. : il., color. graf.; tabs.; mapas. Orientador: Prof. Dr. Gilberto Fernandes. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Minas. Departamento de Engenharia Civil. Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil. Área de concentração: Geotecnia. 1. Asfalto - Teses. 2. Polímeros - Teses. 3. Terpolímeros - Teses. 4. Elastomérico - Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título iv “A descoberta consiste em ver o que todos viram e em pensar no que ninguém pensou.” A. Szent-Gyorgyi (1893 – 1986). v DEDICATÓRIA À minha família que me apoiou e incentivou nesta caminhada. A Deus, origem de tudo. vi AGRADECIMENTOS Ao amigo, professor e orientador Dr. Gilberto Fernandes, pela compreensão, ensinamentos e ajuda na elaboração deste trabalho, sem a qual não teria chegado a um porto seguro. Ao Prof. Geraldo Luciano de Oliveira Marques pela boa vontade e ajuda na elaboração desta dissertação. Ao Dr. José Carlos Maia Ribeiro, pela compreensão das ausências, ensinamentos e amizade nesta longa jornada juntos. Ao meu amigo, eng.º Wantuil Eustáquio Pinto Rosa, pela ajuda e boa vontade nos trabalhos de campo, pelas cobranças e incentivos nos momentos de desânimo, pelo exemplo de perseverança. Ao amigo Rowan de Mello Pereira, pela ajuda recebida. Ao técnico Patrick Rodrigues, pela disposição, dedicação e competência nos levantamentos de campo. Ao laboratorista Pedro Soares e sua equipe, pela competência e dedicação na execução dos ensaios de laboratório e de campo. Ao amigo e companheiro Solony Queiroga Pinho, pelo incentivo e cobrança na conclusão deste trabalho, o qual não viu terminado... Ao amigo e colega Bernardino Praça, pelo inestimável auxílio prestado na digitação e diagramação deste trabalho. Aos alunos-estagiários do laboratório de pavimentação da Faculdade de Engenharia da UFJF, pela execução dos ensaios. vii Aos funcionários do NUGEO Cristina e Rafael, pela amizade e colaboração. viii RESUMO O presente trabalho apresenta um estudo sobre a utilização de asfalto modificado por polímero em serviços de restauração rodoviária. O polímero modificador de asfalto utilizado foi o Terpolímero Elastomérico Reativo (RET), por apresentar facilidade de manuseio na incorporação ao ligante betuminoso. A metodologia utilizada constou de seleção de um trecho experimental na rodovia BR-116/MG, que foi subdividido em cinco segmentos com extensão aproximada de trezentos metros cada um, onde foram aplicadas camadas de reforços em concreto betuminoso usinado a quente utilizando asfalto modificado por polímero. Com intuito de se verificar a efetividade do teor de polímero nos parâmetros avaliados, foram utilizados na confecção do concreto asfáltico, cimento asfáltico de petróleo - CAP 50/70, modificados com teores de polímeros de 0,5%, 1,0%, 1,5% e 2,0% em peso sobre o cimento asfáltico de petróleo, além de um segmento utilizando o cimento asfáltico de petróleo não modificado, para servir de parâmetro de comparação com os recapeados com polímero. Previamente à aplicação da massa asfáltica, foram efetuadas medidas das deflexões utilizando o equipamento Falling Wheight Deflectometer que foram usadas para o dimensionamento do reforço, e confeccionado o projeto do concreto betuminoso usinado a quente definindo as quantidades de cada agregado, o teor de betume e as características Marshall da mistura. A modificação do asfalto com a adição do polímero era realizada em tanques especiais no próprio canteiro de obras. Os controles tecnológicos da massa e do ligante obedeceram às prescrições constantes nas Normas e Especificações do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Após a aplicação da camada de reforço, foram executadas medições de deflexões utilizando a viga Benkelman e retiradas amostras do revestimento asfáltico utilizando a sonda rotativa. Estas amostras foram submetidas aos ensaios de resistência à tração por compressão diametral, fadiga e módulo de resiliência, além obter-se a sua massa especifica. Os dados obtidos foram compilados e analisados, chegando-se à conclusão da sua superioridade em relação ao cimento asfáltico de petróleo puro, principalmente no aumento da vida de fadiga e na redução da deflexão do pavimento. ix ABSTRACT The present document presents a study on use of polymer modified asphalts in highway recovery. Ease of handling to incorporate directly to the asphalt binder justified the application of the RET polymer (Reactive Elastomeric Terpolymer) in the present case. The field test started with the selection of an experimental section on BR-116/MG highway, subdivided into 5 minor segments, with about 300 m each, that were submitted to reinforcement layers’ applications of hot mix asphalt (HMA) using modified CAP 50/70 binder, with 0,5%, 1,0%, 1,5% and 2,0% of RET polymer. To enhance the comparison, it has been analyzed the effects of a layer with a non-modified binder (with 0% of RET) on another 300m segment. Before the application, the HMA reinforcement layers’ thickness and composition were defined and dimensioned, including Marshall characteristics of the mixture, each aggregate and binder. This task was accomplished using the measured deflections to the whole 1.500m section, obtained through a FWD (Falling Weight Deflectometer) measurement campaign. The RET polymer addition was done directly into selected tanks on asphalt plant site, according to rules and specifications used by Transportation Infrastructure National Department (DNIT). There has been made another deflection measurement, using Benkelman beam, and also extracted samples after the reinforcement layer application. These samples were tested to traction through diametric compression, with also fatigue and resilient module analysis and density determination.. The analysis of the obtained data suggest that the use of RET polymer modified asphalt run ahead to non-modified one. x Lista de Figuras Figura 2.1- Esquema simplificado de produção de asfaltoFigura 2.2- Esquema simplificado da produção de asfalto - Dois estágios de destilação Figura 2.3- Destilação em três estágios Figura 2.4- Rotas de produção de CAP Figura 2.5- Esquema de fracionamento por solvente Figura 2.6- Esquema de fracionamento por precipitação química Figura 2.7- Esquema de fracionamento pelo método da Sílica Gel Figura 2.8- Esquema de fracionamento pelo método de Corbert Figura 2.9- Cromatograma Figura 2.10- Quadro comparativo dos procedimentos de fracionamento Figura 2.11- Módulo de rigidez (S) x tempo de carga(t), temperatura (T) Figura 2.12- Esquema de aplicação da tensão na amostra de asfalto Figura 2.13- Defasagem entre tensão e deformação Figura 2.14 – Exemplos de resultados do ângulo de fase de dois asfaltos diferentes Figura 2.15 - Representação esquemática do carregamento e deslocamento medidos Figura 2.16 - Desenho esquemático dos equipamentos Figura 2.17 – Viscosímetro rotacional Figura 3.1- Gráfico log. penetração x temperatura Figura 3.2- Vista do Falling Weight Deflectometer Dynatest 8000E Figura 3.3- Vista do esquema do levantamento com FWD Figura 3.4- Bacia de deflexão medida com FWD Figura 3.5- Bacia de deflexão medida com FWD Figura 3.6- Exemplo de determinação de segmento homogêneo Figura 4.1- Tanque misturador de polímero e CAP Figura 4.2- Penetração x Teor de Polímero Figura 4.3- Ponto de Amolecimento x Teor de Polímero Figura 4.4- Recuperação Elástica x Teor de Polímero Figura 4.5- Viscosidade Brookfield x Temperatura xi Figura 4.6- log. Penetração x Temperatura Figura 4.7- Curvas granulométricas: Mistura, Faixa de Trabalho e Faixa C-DNIT Figura 4.8- Densidade Aparente x Teor de betume Figura 4.9- Vazios x Teor de betume Figura 4.10- Relação Betume Vazios x Teor de Betume Figura 4.11- Estabilidade x Teor de Betume Figura 4.12- Fluência x Teor de Betume Figura 4.13- Localização do Trecho Experimental Figura 4.14- Pavimento original antes do reforço Figura 4.15- Medição das deflexões com Viga Benkelman Figura 4.16- Redução da Deflexão x Teor de polímero Figura 4.17- Diferença de Tensões x Número de aplicações Figura 4.18- Aplicação da massa e execução da emenda longitudinal Figura 4.19- Compactação inicial com rolo de pneus Figura 4.20- Compactação da massa com dois rolos de pneus Figura 4.21- Compactação da emenda longitudinal com rolo liso Figura 4.22- Vista geral do trecho experimental após reforço Figura 4.23- Vista do trecho experimental pronto Figura 4.24- Usina gravimétrica Cyber-UA-2 com capacidade de 60 a 80 t/h. Figura 4.25- Tanque de adição e equipamento misturador do polímero Figura 4.26- Embalagem do polímero RET Elvaloy® utilizado. Figura 4.27- Embalagem do ácido polifosfórico, utilizado como catalizador Figura 4.28- Local de extração de alguns corpos-de-prova utilizados xii Lista de Tabelas Tabela 1.1- Quantidade Transportada por Modalidade Tabela 1.2- Matriz do Transporte de Cargas Tabela 1.3- Malha Rodoviária por Jurisdição Tabela 1.4- Estado Geral das Rodovias Tabela 1.5- Estado do Pavimento Tabela 1.6- Investimento Necessário Tabela 1.7- Programa de Aceleração do Crescimento – PAC Tabela 2.1- Parte da Especificação SHRP ou SUPERPAVE de ligantes asfálticos tipo CAP (ASTM 63 + 73/1999) (Bernucci et al, 2008) Tabela 2.2- Especificação dos Cimentos Asfálticos de Petróleo (CAP) – Classificação por penetração (DNIT 095/2006 – EM) Tabela 2.3- Especificação brasileira de asfalto diluído (ANP – 2007) Tabela 2.4- Especificação brasileira de emulsões asfálticas catiônicas (CNP 07/88) Tabela 2.5- Benefícios de diferentes tipos de modificadores de asfalto Tabela 2.6- Especificação de asfalto modificado por polímero SBS (DNER-EM 396/99) Tabela 2.7- Especificação de emulsão asfáltica polimerizada por SBS ou SBR para pintura de ligação (DNER-EM 396/99) Tabela 2.8- Principais tipos de polímeros produzidos no Brasil Tabela 3.1- Especificação dos Cimentos Asfálticos de Petróleo Modificados por Polímero SBS (Resolução ANP 31/2007) Tabela 3.2- Faixas granulométricas (DNIT 031/2006-ES) Tabela 3.3- Características da Mistura Tabela 3.4- Vazios do Agregado Mineral Tabela 3.5- Pesos para o cálculo do IGG Tabela 3.6- Exemplo de determinação de segmento homogêneo Tabela 3.7- Valores de I1 e I2 Tabela 3.8- Grupos de solos Tabela 3.9- Características do Terpolímero Elvaloy® xiii Tabela 3.10- Características físicas e químicas do catalisador Tabela 3.11- Cronologia dos serviços e localização dos segmentos Tabela 4.1 - Granulometria Brita 1 Tabela 4.2 - Granulometria Brita 0 Tabela 4.3 - Granulometria Pó-de-pedra Tabela 4.4- Resumo dos Ensaios em Agregados Tabela 4.5- Viscosidade Brookfield Tabela 4.6- Índice de Susceptibilidade Térmica Tabela 4.7- Coeficiente Angular Tabela 4.8- Granulometria dos Agregados em Separado e da Mistura Tabela 4.9- Quadro Resumo das Características Marshall Tabela 4.10- Contagem de Tráfego Tabela 4.11- Calculo dos Fatores de Veículos (FV) Tabela 4.12- Crescimento da Frota ao Longo do Período de Projeto Tabela 4.13- Cálculo do Número “N” Tabela 4.14- Cálculo do IGG Tabela 4.15- Classificação do pavimento em função do IGG Tabela 4.16- Deflexões do segmento Tabela 4.17- Temperatura do CAP e CBUQ Tabela 4.18- Quadro de Deflexões Tabela 4.19- Granulometria e Teor de Betume Tabela 4.20- Características Marshall Tabela 4.21- Grau de Compactação Tabela 4.22- Resistência à Tração por Compressão Diametral Tabela 4.23- Módulo de Resiliência Tabela 4.24- Vida de Fadiga x Nível de Tensão x Teor de Polímero xiv Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações A – Asfaltenos ASTM – American Society of Testing and Materials a.C – Antes de Cristo A1 – Acidafinas I A2 – Acidafinas II AASHTO – American Association of State Highway and Transportation Officials ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ALP – Afundamento ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres BBR – Bending Beam Rheometer BR-116/MG – Rodovia BR-116, estado de Minas Gerais CAP – Cimento Asfáltico de Petróleo CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente CNP – Conselho Nacional de Petróleo CNT – Confederação Nacional do Transporte CS2 - Bissulfeto de carbono cSt – Centistoke d - Percentagem de veículos por sentido D – Deflexão D – Desgaste D – Percentagem de veículos comerciais na faixa mais solicitada D25 – Deflexão a 25cm do ponto de prova Dadm – Deflexão admissível Dag – Densidade do agregado Dc – Deflexão característica Df1 – Deflexão medida no ponto 1 Df2 – Deflexão medida no ponto 2 DNC – Departamento Nacional de Combustíveis xv DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem DNIT – Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes Do – Deflexão real DSR – Reômetro de Cisalhamento Dinâmico Dt – Densidade teórica da mistura agregado/ligante DTT – Ensaio de tração direta EB – Especificação Brasileira EM – Especificação de Material ES – Especificação de Serviço EVA – Etileno acetato de vinila EX – Exsudação FC – Fator de carga FC-1 – Trinca classe 1 FC-2 – Trinca classe 2 FC-3 – Trinca classe 3 FE – Fator de eixo Fe – Ferro Fr – Fator climático regional FV – Fator de veiculo FWD – Falling Weight Deflectometer G* - Módulo complexo de cisalhamento G.P.C. – Método de Permeação em Gel GLP – Gás Liquefeito de Petróleo H2SO4 – Ácido sulfúrico H3PO4 - Ácido Polifosfórico hef – Espessura efetiva do revestimento HR – Espessura de reforço em CBUQ I1 e I2 - Constante relacionada às características resilientes da camada não granular da estrutura de referência IBP – Instituto Brasileiro de Petróleo IGG – Índice de Gravidade Global IP – Índice de Penetração xvi IPR – Instituto de Pesquisas Rodoviárias IST – Índicede Susceptibilidade Térmica K – Constante da viga kN – quiloNewton Lf – Leitura final Lo – Leitura inicial M – Parâmetro de relaxação mPa- megaPascal mPa.s – miliPascal.segundo N – Moléculas nitrogenadas N – Nitrogênio N – número equivalente de operações do eixo padrão NaOH – Hidróxido de sódio Ni – Níquel O – Ondulação O – Oxigênio P – Hidrocarbonetos saturados ou parafina P – Período de projeto P- Panela P-1 – Pedreira Pescador PA – Ponto de Amolecimento PAC – Programa de Aceleração do Crescimento PAV – Vaso de envelhecimento sob pressão PBT – Peso Bruto Total PEN – Penetração pH – Potencial de hidrogeniônico PNV – Plano Nacional de Viação PRO – Procedimento R – Raio de curvatura R – Remendo RBV – Relação betume vazios REGAP – Refinaria Gabriel Passos xvii RET – Terpolímero elastomérico reativo RL – Ruptura lenta RL-1C – Emulsão catiônica de ruptura lenta com mínimo de 60% de resíduo RM – Ruptura média RM-1C – Emulsão catiônica de ruptura média com mínimo de 62% de resíduo RM-2C – Emulsão catiônica de ruptura média com mínimo de 65% de resíduo RR – Ruptura rápida RR-1C – Emulsão catiônica de ruptura rápida com mínimo de 62% de resíduo RR-2C – Emulsão catiônica de ruptura rápida com mínimo de 67% de resíduo RTFOT – Rolling Thin Film Oven Test RTV – Viscosímetro rotacional S – Enxofre S – Módulo de rigidez SB – Estireno butadieno SBR – Borracha –butadieno-estireno SBR – Copolímeros aleatórios de estireno e butadieno SBS – Estireno Butadieno Estireno SHRP – Superior Highway Research Program SIS – Estireno Isopreno Estireno sSF – segundos Saybolt Furol T – Temperatura TKU – Tonelada x quilômetro TR – Borracha termoplástica UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto USACE – Unites State Army Corps of Engineers V – Volume de vazios VAM – Vazios do agregado mineral VAM – Vazios do Agregado Mineral VCB – Vazios cheios com betume VCB – Vazios Cheios com Betume VMD – Veículos Médio Dia xviii WASHTO – Western Association of State Highway and Transportation Officials γmax – Máxima deformação ∆t - Tempo de defasagem ε – Deformação específica σ – Desvio-padrão σ – Tensão de tração aplicada τmax – Máxima tensão de cisalhamento ω - Freqüência angular xix Lista de Anexos Anexo I – Granulometria e Teor de Betume Anexo II – Características Marshall Anexo III – Levantamento Deflectométrico Anexo IV – Inventário da Superfície do Pavimento Anexo V – Ensaios de Módulo de Resiliência, Vida de Fadiga e Resistência à Tração por Compressão Diametral xx S U M Á R I O CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1.1 – Contextualização do tema ................................................................................1 1.2 – Objetivos ..........................................................................................................7 1.3 – Estrutura do Trabalho ......................................................................................8 CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 – Introdução.........................................................................................................9 2.2 – Asfalto 2.2.1 – Definições .............................................................................................11 2.2.2 – Obtenção ...............................................................................................12 2.2.3 - Fracionamento Químico do Asfalto .....................................................17 2.2.4 – Reologia ................................................................................................26 2.2.5 – Tipos de Asfaltos ..................................................................................36 2.2.6 – Revestimentos Asfálticos .....................................................................44 2.2.7 – Os defeitos nos pavimentos asfálticos ..................................................47 2.3 – Asfalto Modificado 2.3.1 – Os polímeros modificadores .................................................................51 2.3.2 – Influência da variação da temperatura sobre o asfalto modificado ......56 2.3.3 – Classificação dos polímeros para modificar os asfaltos .......................58 2.3.4 – Vantagens da utilização do asfalto modificado ....................................60 2.3.5 – Principais polímeros utilizados em pavimentação ...............................61 2.3.6 – Polímero RET ......................................................................................62 CAPÍTULO 3 – NORMAS E METODOLOGIAS ........................................................64 3.1 – Agregados 3.1.1 – Características Tecnológicas ................................................................65 3.1.2 - Agregado graúdo ...................................................................................68 3.1.3 - Agregado miúdo ....................................................................................67 3.2 - Ligantes Asfálticos ..........................................................................................70 xxi 3.2.1 – Caracterização dos Ligantes .................................................................68 3.2.2 – Controle de Qualidade ..........................................................................75 3.3 – Misturas Asfálticas ........................................................................................76 3.4 – Estudo de Tráfego ..........................................................................................80 3.4.1 – Contagem volumétrica e Classificatória de Veículos ...........................80 3.4.2 – Projeção de Tráfego ..............................................................................80 3.4.3 – Cálculo do Número “N” .......................................................................80 3.5 - Levantamento Deflectométrico ......................................................................83 3.5.1 - Viga Benkelman ....................................................................................83 3.5.2 - Falling Weight Deflectometer ...............................................................84 3.6 – Avaliação Objetiva do Pavimento .................................................................87 3.7 – Diagnóstico ....................................................................................................89 3.8 – Dimensionamento do reforço pelo Método DNER PRO269/94 – TECNAPAV ..................................................................................................91 3.8.1 – Cálculo da Deflexão Admissível ..........................................................92 3.8.2 – Cálculo da Espessura Efetiva do Revestimento ...................................92 3.8.3 – Cálculo da Espessura de Reforço em CBUQ .......................................94 3.9- Modificação do asfalto, confecção e aplicação do concreto asfáltico . ............95 3.9.1- Modificação do asfalto ..........................................................................95 3.9.2- Confecção e aplicação do concreto afáltico ..........................................97 CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO: TRECHO EXPERIMENTAL.........................100 4.1 – Estudos em Laboratório ...............................................................................100 4.1.1 – Estudo em Agregados .........................................................................100 4.1.2 – Estudos em Ligantes ...........................................................................103 4.1.3 – Projeto do CBUQ ................................................................................1094.2 – Trecho Experimental ...................................................................................115 4.2.1 – Estudo de Tráfego ...............................................................................116 4.2.2 – Dimensionamento do Reforço e Ensaios..............................................116 4.2.3 – Fotografias do trecho experimental .....................................................129 xxii CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ..................................................................................................................136 5.1 – Conclusões ...................................................................................................136 5.1.1 Estudo de ligantes ................................................................................136 5.1.2 Trecho Experimental ............................................................................137 5.2 Sugestões para Pesquisas Futuras .................................................................139 Referências Bibliográficas ..........................................................................................140 1 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.1 - CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA. “Governar é abrir estradas”. O lema da campanha de 1920 à presidência da República de Washington Luis demonstra a importância do segmento rodoviário no desenvolvimento do país. A distribuição demográfica da população brasileira é heterogênea, havendo uma maior concentração nas regiões sul e sudeste e uma dispersão nas demais regiões, com grandes distancias entre os centros urbanos. Devido a estas condições as ligações entre sítios urbanos e entre regiões deveriam ser feitas por um meio que provesse rapidez, custos baixos e facilidade de implantação, condições atendidas pelo transporte rodoviário. Outra característica peculiar ao rodoviarismo brasileiro, foi a interiorização do desenvolvimento do país, como pode ser observado quando da implantação de varias rodovias, como por exemplo, a Rodovia BR-4 (Rio-Bahia), hoje BR-116, pioneira no País, ligando o sul/sudeste ao nordeste, levando o progresso por onde passava, dando origem inclusive a povoados que hoje são cidades e que nasceram de acampamentos de empresas construtoras ou do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER). O transporte rodoviário no Brasil é o principal meio de transporte, quer de pessoas ou de mercadorias. Segundo dados da Agencia Nacional de Transportes Terrestres – ANTT no ano de 2007 (Tabela 1.1) 55,3% da quantidade (tonelada) transportada e 61,1% do total transportado (Tabela 1.2) medidos em tonelada x quilômetro foram feitos por rodovia. Deve-se atentar para o fato de que do volume transportado por ferrovias, a maior parte se refere a um único produto, minério de ferro, em grande parte destinado a exportação que, se excluído do total transportado no país, aumenta ainda mais a participação do transporte rodoviário na vida brasileira. 2 Tabela 1.1 – Quantidade Transportada por Modalidade Quantidade Transportada (toneladas) - 2007 Rodoviário Modal Transportadoras Outras Cargas Ferroviário Aquaviário Aeroviário Total Total 584.111.894 553.071.440 465.465.851 450.860.049 1.318.614 2.054.827.828 % 55,3% 22,7% 21,9% 0,06% 100,0% Fonte: ANTT Tabela 1.2 – Matriz do Transporte de Cargas Matriz do Transporte de Cargas - 2007 Modal Milhões (TKU) Participação (%) Rodoviário 485.625 61,1 Ferroviário 164.809 20,7 Aquaviário 108.000 13,6 Dutoviário 33.300 4,2 Aéreo 3.169 0,4 Total 794.903 100,0 Fonte: CNT A malha rodoviária brasileira apresenta, segundo dados do DNIT referentes ao ano de 2006, uma extensão de 1.603.131 quilômetros, sendo 196.280 quilômetros pavimentados. É uma extensão pequena se comparada a países de dimensões semelhantes, ou até menores, que possuem uma rede implantada maior que a do Brasil. A Tabela 1.3 apresenta os dados referentes à jurisdição e tipo de rodovias do país. 3 Tabela 1.3 – Malha Rodoviária por Jurisdição Malha Rodoviária – Extensão em Km Modal Pavimentada Não Pavimentada Total Federal 58.152 14.857 73.009 Estadual Coincidente 17.016 7.146 24.162 Estadual 98.377 109.942 208.319 Municipal 22.735 1.274.906 1.297.641 Total 196.280 1.406.851 1.603.131 Malha Rodoviária Concessionada – extensão em Km 10.803 Administrada por Iniciativa Privada 9.739 Administrada por Operadoras 1.064 Fonte: PNV 2006 – DNIT A confederação Nacional de Transportes – CNT realiza todos os anos uma pesquisa para avaliar as condições da malha rodoviária nacional. No ano de 2007 foram vistoriados 87.592 km dos quais 58.812 são federais e 28.780 estaduais. Do total inspecionado, 76.756 km estão sob gestão pública e 10.836 km são administradas sob regime de concessões. Das rodovias pesquisadas, (Tabela 1.4) 26,1% estão em estado bom/ótimo e 73,9% inserem-se no estado regular/ruim ou péssimo. Tabela 1.4 – Estado Geral das Rodovias Fonte: Pesquisa Rodoviária CNT - 2007 Estado Geral das Rodovias Estado Geral Km Percentual Ótimo 9.211 10,5 Bom 13.682 15,6 Regular 35.710 40,8 Ruim 19.397 22,1 Péssimo 9.592 11,0 Total 87.592 100,00 4 O estado do pavimento observado (Tabela 1.5) demonstra que das rodovias inspecionadas, 45,5% estão em estado ótimo/bom e 54,5% apresentam estado regular/ruim ou péssimo. Tabela 1.5 – Estado do Pavimento Fonte: Pesquisa Rodoviária CNT - 2007 A pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes estimou também o montante de recursos necessários (Tabela 1.6) para se recuperar as rodovias vistoriadas, de acordo com os serviços a serem efetuados nas seguintes modalidades: • Reconstrução (Trechos totalmente destruídos): Operações que necessitem de trabalhos que englobem base, leito e subleito. • Restauração (Trechos com buracos, ondulações e afundamentos, pavimentos ruim e regular): Adição ou substituição total ou parcial de camadas estruturais em pontos localizados, de forma que a estrutura resultante restabeleça as condições originais da rodovia em termos de segurança e conforto • Manutenção (Trechos desgastados, pavimento bom): Operações destinadas a manter as rodovias em condições técnicas e operacionais favoráveis. Estado do Pavimento Estado Geral Km Percentual Ótimo 34.132 39,0 Bom 5.683 6,5 Regular 31.384 35,8 Ruim 9.442 10,8 Péssimo 6.951 7,9 Total 87.592 100,00 5 Tabela 1.6 – Investimento Necessário Fonte: Pesquisa Rodoviária CNT - 2007 No ano de 2007 o Governo Federal lançou o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC, com “objetivo de superar limites estruturais e ampliar a cobertura geográfica da infra-estrutura de transportes”. Conforme consta no site do Ministério dos Transportes, o PAC prevê para aplicação no período 2007-2010 um aporte de recursos de R$ 16,736 bilhões na área rodoviária como apresentado na Tabela 1.7. Tabela 1.7 – Programa de Aceleração do Crescimento Fonte: Ministério dos Transportes Investimentos Necessários para Recuperação do Pavimento Tipo de Serviço km Custo/km Total (R$) ( x 109 ) Reconstrução (trechos totalmente destruídos – pavimento péssimo) 6.951 R$ 750.000,00 5,20 Restauração (trechos buracos, ondulações e afundamentos – pav. ruim e regular) 40.826 R$ 420.000,00 17,10 Manutenção (trechos desgastados – pavimento bom) 5.683 R$ 190.000,00 1,02 Total 53.460 - 23,4 Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – 2007/2010 Discriminação Valor R$ ( x 109 ) Conservação de 52.000 km de Rodovias 1,7 Manutenção e Recuperaçãode Rodovias 8,0 Estudos e Projetos para 14.500 km de Rodovias 1,0 Controle de Peso – Implantação e Operação de 206 postos 0,666 Sistema de Segurança em Rodovias 1,1 Sinalização de 72.000 km de Rodovias 0,47 Concessões 3,8 Total 16,736 6 Como se observa haverá um grande investimento do poder público no setor rodoviário, e este investimento obrigatoriamente ocasionará um salto na qualidade dos serviços, principalmente no uso de tecnologias modernas, que já são utilizadas nos países desenvolvidos, mas ainda não se tornaram rotina no Brasil em virtude dos baixos investimentos no setor em épocas recentes. Dentre essas tecnologias, destacamos o uso de asfalto modificado por polímeros. Com o crescimento do país nos últimos anos, houve um incremento significativo do volume de tráfego nas rodovias brasileiras e do peso por eixo, que aliado ao excesso de peso devido à falta de controle, exige o uso de agentes que promovam a mudança de propriedades dos asfaltos, de modo a se garantir a durabilidade dos serviços efetuados. Conforme Negrão et al (2007), os polímeros mais utilizados no Brasil para modificação de ligantes asfálticos voltados à pavimentação são: SBS (copolímero de estireno butadieno), SBR (borracha de butadieno estireno), EVA (copolímero de etileno acetato de vinila) e o RET (coluna de etileno com dois copolímeros acoplados). O polímero RET que significa Terpolimero Elastomérico Reativo, é um modificador de asfalto em uso há pouco tempo no Brasil, foi desenvolvido exclusivamente para ser utilizado na melhoria de asfaltos e apresenta as seguintes características (Negrão et al, 2007): • A adição ao asfalto é de fácil execução, não necessitando de equipamentos sofisticados e nem de técnicos altamente especializados. • Incorporação ao ligante é efetuada em tanques com pouca modificação em relação aos tanques de armazenagem de asfalto e é executada na própria obra; • O asfalto modificado por este polímero apresenta estabilidade, não exigindo agitação constante durante o armazenamento; • Propriedades viscoelásticas semelhantes aos dos outros polímeros utilizados na modificação de asfaltos. 7 1.2 OBJETIVOS Este trabalho tem como objetivos estudar o desempenho e a influência do teor de polímero no concreto betuminoso usinado a quente confeccionado com cimento asfáltico de petróleo modificado por polímero RET (Reactive Elastomeric Terpolymer). Na realização do trabalho, foi efetuada a modificação do cimento asfáltico de petróleo (CAP) usando teores de polímeros RET com os seguintes percentuais: 0,5%; 1,0%; 1,5% e 2,0%. Para efeito de comparação foi também usado um cimento asfáltico de petróleo puro (sem polímero). A seguir confeccionou-se um projeto de concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ) utilizando a faixa C do DNIT. Com o teor ótimo de asfalto, e utilizando os asfaltos modificados com as taxas acima descritas, procedeu- se a aplicação das misturas betuminosas em trecho experimental da rodovia BR- 116/MG. As propriedades da mistura foram avaliadas através de ensaios de Granulometria, Teor de Betume, Características Marshall, Resistência a Tração por Compressão Diametral, Módulo de Resiliência e Fadiga. Um parâmetro fundamental na modificação de asfaltos consiste na determinação da quantidade do agente modificador a ser adicionado ao mesmo. Na adição de polímero RET, há teores diversos sendo utilizados, não tendo sido ainda objeto de estudos a determinação do melhor teor a ser usado em serviços de restauração de rodovias, e, principalmente com dados colhidos em produção industrial . Um dos objetivos desta pesquisa será verificar a influência do teor de polímero nos valores de Resistência a Tração, Módulo de Resiliência, Fadiga e na redução da deflexão do pavimento, parâmetros fundamentais na durabilidade de um segmento restaurado. 8 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO O trabalho foi dividido em cinco capítulos que são apresentados resumidamente a seguir: Capítulo 1 - Insere o tema da dissertação na atualidade, apresenta os objetivos e a estrutura do trabalho. Capítulo 2 - Contém a revisão bibliográfica referente ao asfalto, sua química, características e comportamento quando modificado por polímeros. Capítulo 3 - Apresenta os materiais utilizados na execução do trabalho, assim como as metodologias usadas nos ensaios de campo e laboratório. Capítulo 4 - Estudo de Caso referente ao trecho experimental executado na rodovia BR- 116/MG (Rodovia Rio - Bahia) e estudos em laboratório. Capítulo 5 - Conclusões do Trabalho, extraídas de análise dos resultados obtidos em laboratório e campo, e feitas sugestões para futuras pesquisas versando sobre o assunto. 9 CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 INTRODUÇÃO Os materiais betuminosos são, por definição, misturas complexas de hidrocarbonetos não voláteis, solúveis em bissulfeto de carbono (CS2), de elevada massa molecular com propriedades aglutinantes. São o resíduo da destilação a vácuo do petróleo. Segundo Pinto (2003), a palavra asfalto se originou do termo Acádio “Asphaltu” ou “Sphallo” que significa esparramar. Posteriormente, devido à sua utilização como material aglutinante, passou a significar firme, estável, seguro. Registros arqueológicos demonstram que os asfaltos são um dos materiais mais antigos utilizados em obras de engenharia. Suas propriedades adesivas e impermeabilizantes são conhecidas desde os tempos antigos. De acordo com Senço, (1997), o betume, em sua forma natural, era usado na construção de navios na Suméria 6.000 a.C.; na Índia, os reservatórios de água e as salas de banhos públicas eram impermeabilizados com asfalto. No ano 3.000 a.C. (camada de 2 cm de cimento asfáltico entre camadas de tijolos queimados); no Egito em 2.600 a.C. na mumificação e como impermeabilizante na construção de edificações. Senço (1997), apresenta o histórico do uso de asfaltos naturais provenientes de jazidas como material de pavimentação. Segundo o autor, os primeiros registros datam de 1802, pelos franceses. Posteriormente os americanos, em 1838, e os ingleses, em 1869, executaram pavimentações de ruas e pátios. Os americanos começaram a utilizar o asfalto como material de pavimentação rodoviária em 1870, utilizando uma mistura fina, o “sheet asphalt”, também com asfalto natural. Segundo o mesmo autor, a produção de asfalto no Brasil teve início em 1944, na refinaria Ipiranga (Rio Grande, RS) , tendo sido utilizado petróleo geralmente vindo da 10 Venezuela. O asfalto utilizado nas obras de pavimentação até esta data, era importado de Trinidad, e transportado em tambores de cerca de 200 litros. A partir daí, o uso de asfalto na construção de estradas é crescente e está presente em mais de 97% das rodovias pavimentadas no Brasil. Leite (1999), relata que a produção anual de asfaltos pela Petrobrás era, à época, de cerca de 2 milhões de toneladas, sendo 60% a partir de petróleos nacionais, 20% de petróleos venezuelanos e os 20% restantes de petróleos argentinos e árabes. Dados divulgados pela Petrobrás informam que foram comercializadas 2.168.922 toneladas de asfalto em 2008, superando em 27,25% a produção de 2007. 11 2.2 ASFALTO 2.2.1 Definições Conforme Paranhos (1982), os asfaltos de petróleo são em sua maioria, suspensões coloidais em que a fase dispersa se compõe de hidrocarbonetos de alto peso molecular, denominados de asfaltenos contendo em sua superfície resinas aromáticas que apresentam polaridade, que as mantém em suspensão em uma fase de hidrocarbonetos de menor peso molecular, que formam um meio oleoso, denominado malteno. Os hidrocarbonetos constituem cerca de 90 a 95% dos cimentos asfálticos de petróleo. Os outros 5 a 10% de sua composição química são formados por heteroátomos- oxigênio, enxofre, nitrogênio e metais, como vanádio, níquel e ferro, combinados através de ligações covalentes (Leite, 1999). Os asfaltos podem ser obtidos de duas maneiras: Retirados diretamente da natureza (asfalto natural) ou extraídos de petróleo através de processos físicos ou químicos (asfalto de petróleo) (Pinto, 2003). No asfalto natural o mesmo se apresenta na forma de lagos de asfalto, onde o petróleo surge à superfície da terra e a natureza através do vento e raios solares, se encarrega de destilá-lo naturalmente, evaporando os gases e óleos leves, ficando um resíduo duro, que é o asfalto. As maiores jazidas estão na ilha de Trinidad e na Venezuela. Além de lagos, o asfalto natural pode ser encontrado em rochas tais como arenitos, xistos e calcáreos asfálticos, que são rochas de grande porosidade que são preenchidas naturalmente por asfalto. A outra maneira de se obter o asfalto é através da destilação do petróleo crú, que será apresentada em maiores detalhes no item 2.2.2. Bernucci et al (2008), conceituam o betume, asfalto e alcatrão da seguinte maneira: 12 Betume: É uma mistura de hidrocarbonetos pesados, completamente solúveis no bissulfeto de carbono (CS2); Asfalto: Mistura de hidrocarbonetos derivados do petróleo de forma natural ou por destilação, que tem como componente principal o betume, podendo conter pequenas frações de outros materiais, como oxigênio, nitrogênio e enxofre. Alcatrão: Designação genérica de um produto que contém hidrocarbonetos, obtidos através da queima ou destilação destrutiva do carvão, madeira, etc. Leite (1999), ressalta que, em função das altas concentrações de compostos aromáticos polinucleares emitidos durante a aplicação do alcatrão, houve restrição ao seu uso na Europa e nos EUA, por causa do poder cancerígeno destas substâncias. No Brasil, o alcatrão praticamente não é mais utilizado como material de pavimentação. 2.2.2 Obtenção O petróleo é composto por uma mistura complexa de hidrocarbonetos que se vaporizam em diferentes temperaturas, apresentando ainda, pequenas quantidades de compostos orgânicos oxigenados, nitrogenados, sulfurados organo metálicos, água, sais, minerais e areia, que são tidos como elementos estranhos. O rendimento do petróleo em termos de asfalto é condicionado ao tipo de petróleo cru a ser refinado. Segundo Guarçoni (1996), os processos de refinamento do petróleo, para obtenção de cimento asfáltico de petróleo (CAP), também dependem do tipo de cru e do seu rendimento em asfalto. Assim teremos: • Petróleos com alto rendimento em asfalto (cru de base naftênica), basta o estágio de destilação a vácuo no processo de refinamento (Figura 2.1). • Petróleos com rendimento médio em asfaltos (cru de base intermediário) é necessário a destilação em dois estágios, um à pressão atmosférica e o outro a 13 vácuo (Figura 2.2). Este processo produz resíduos asfálticos mais duros, tendo necessidade de se proceder a uma correção nas características dos CAP, que é feito com a adição de diluentes ao resíduo. Este ajuste pode ser feito na própria torre de vácuo. • Petróleo com baixo rendimento em asfalto (petróleos leves), além da destilação à pressão atmosférica e a vácuo, deverá ser executada a desasfaltação a propano (extração com propano/butano), conforme Figura 2.3. O objetivo deste processo é eliminar a necessidade de se trabalhar a temperaturas elevadas. Figura 2.1 – Esquema simplificado de produção de asfalto (Guarçoni, 1996) 14 REFINAÇÃO DE PETRÓLEOS MÉDIOS • Médio Rendimento de asfalto • Destilação atmosférica e a vácuo Figura 2.2 – Esquema simplificado da produção de asfalto. Dois estágios de destilação (Guarçoni, 1996) 15 REFINAÇÃO DE PETRÓLEOS LEVES • Baixo Rendimento de asfalto • Destilação em três estágios: atmosférica, a vácuo e desasfaltação a propano. Figura 2.3 - Destilação em três estágios 16 Na Figura 2.4 é mostrado um esquema simplificado da produção de asfalto. Figura 2.4 – Rotas de produção de CAP (Guarçoni, 1996) 17 2.2.3 Fracionamento Químico Do Asfalto Como vimos anteriormente, o asfalto apresenta composição química complexa, pois depende da natureza do petróleo e do processo de refino utilizado na sua produção. Segundo Souza et al., apud Magalhães (2004), a composição do petróleo apresenta as seguintes frações C1 e C2 – gás natural; C3 e C4 – gás liquefeito de petróleo (GLP); C4 a C10 – nafta (solventes e gasolina); C11 a C12 – querosene; C13 a C18 – óleo diesel; C18 a C25 – gasóleo e óleo combustível; C25 a C38 – óleos lubrificantes > C38 – asfalto. Onde C representa o elemento Carbono e o índice n representa o número de carbonos presentes na cadeia carbônica. Devido ao grande número de componentes químicos presentes no asfalto, uma metodologia capaz de promover a separação individual de cada um destes compostos parece inviável. Várias pesquisas foram desenvolvidas a fim de se obter metodologias de fracionamento químico baseados no princípio da solubilidade, relatividade química e adsorção, com o intuito de separar conjuntos de substâncias com características semelhantes. Os métodos de fracionamento do asfalto utilizam uma propriedade fundamental dos colóides, que é a sua desestabilização através da destruição da camada de proteção das micelas, fazendo-as se associarem e precipitarem pela ação da gravidade. Uma vez com a fase micelar, que são os asfaltenos separada, a fase intermicelar que são os maltenos se solubiliza no solvente usado, e é fracionada em subgrupos por diferença de reatividade química ou por cromatografia (Leite, 1990). 18 Pelo exposto, o princípio da solubilidade em naftas (heptana ou pentana) divide o asfalto em duas frações: as insolúveis – que são os asfaltenos, e as solúveis – os maltenos. Os asfaltenos são hidrocarbonetos de peso molecular elevado, contendo maior teor de heteroátomos (N, S, O, Ni, Fe) e quando isolado, tem a forma sólida quebradiça, preto, de alta viscosidade e quimicamente semelhante às resinas. São tidos como os componentes que mais influem no comportamento reológico dos CAP. Por serem insolúveis em naftas, separam-se primeiro, por precipitação, com a adição de solventes desta natureza, como o n-heptano. Os maltenos ou petrolenos, são hidrocarbonetos de menor peso molecular, possuem aspecto oleoso, e podem ser separados em outras frações, como as resinas, óleos saturados e óleos aromáticos. Tem viscosidade menor que os asfaltenos e são sujeitos à oxidação (Leite, 1990). O asfalto tem peso molecular entre 300 e 2000, e suas moléculas contêm de 38 a 150 átomos de carbono. São usados quatro métodos de análise por separação em frações do asfalto, que se diferenciam em função do procedimento usado (Guarçoni, 1996): • Fracionamento por solvente; • Precipitação Química; • Técnicas Cromatográficas; • Procedimento com Sílica Gel e Arrapulgus; • Procedimento com Alumina; • Cromatografia por Exclusão de Tamanho. A seguir, são apresentados os métodos acima descritos. 19 a) Fracionamento por solvente Utiliza duas etapas de solvente, conforme a Figura 2.5. Na 1ª etapa, o asfalteno é separado por adição de n-butanol. Na 2ª etapa, elimina-se o n-butanol por evaporação e o óleo é fracionado por acetona, que após dissolver o malteno, é resfriada, promovendoassim a precipitação dos saturados (parafinas), separando-os da fração solúvel composta por cíclicos (aromáticos e resinas). Este método fraciona o CAP em: • Asfaltenos • Cíclicos (resinas e aromáticos) • Saturados (Parafinas) Figura 2.5 – Esquema de fracionamento por solvente (Guarçoni, 1996) 20 b) Precipitação Química Método Rostler Stenberg (ASTM D-2006) Baseia-se na separação dos asfaltenos através de sua insolubilização em n-pentano, e posterior separação seletiva das frações maltênicas com ácido sulfúrico de densidades crescentes. A 1ª etapa separa a fase micelar de um colóide liófilo (cujas micelas formam ligações com as moléculas da fase dispersora), pela solubilização da fase dispersante e dos peptizantes ou solventes em solvente que não dissolva as micelas. A 2ª etapa separa as frações maltênicas por diferença de reatividade química com determinado reagente em função da sua concentração. Nessa metodologia o asfalto é separado em cinco frações: • Insolúveis em n-pentano - “A” - Asfaltenos N – Moléculas nitrogenadas • Solúveis em n-pentano A1 – Acidafinas I (maltenos) A2 – Acidafinas II P – Hidrocarbonetos saturados ou parafinas Com a obtenção dos parâmetros A, N, AI, A2 e P, Rostler definiu correlações que apontam para um perfeito equilíbrio das frações asfaltênica e maltênica. P N Equação 2.1 avalia o parâmetro de qualidade do asfalto. PA AN + + 2 1 Equação 2.2 avalia o parâmetro de durabilidade do asfalto Para que determinado tipo de asfalto possa ser utilizado para fins rodoviário, devem ser satisfeitas as seguintes condições: P N › 0,5 Equação 2.3 e 21 PA AN + + 2 1 = 0,6 a 1,4 Equação 2.4 Segundo Paranhos (1982), foi introduzido mais um parâmetro de durabilidade para avaliar os asfaltos de uso rodoviário. 8,121 = + ++ PA AAN a 2,5 Equação 2.5 Na Figura 2.6 está apresentado esquematicamente o método acima descrito. Figura 2.6 – Esquema de fracionamento por precipitação química (Guarçoni, 1996). 22 c) Técnicas Cromatográficas Estas técnicas baseiam-se nos fenômenos de adsorção e dessorção combinados com a separação da fase micelar (asfaltenos) por destruição da estabilidade do sistema, através de extração com solvente. c.1) Método da Sílica e Gel (ASTM D-2007) Utiliza a insolubilização dos asfaltenos em n-pentano, e depois, pela separação dos maltenos pela coluna cromatográfica. Usa-se a sílica gel e a argila Attapulgus como fase estacionária adsorvente e solvente de polaridade crescente, como fase móvel. Nesta metodologia, o asfalto é separado em quatro frações: Insolúveis em n-pentano – Asfaltenos Resinas ou compostos polares Solúveis em n-pentano Compostos aromáticos (maltenos) Saturados Este método é apresentado esquematicamente na Figura 2.7. Figura 2.7 – Esquema de fracionamento pelo Método da Sílica Gel (Guarçoni, 1996) 23 c.2) Método de Corbert (ASTM D-4124) Também conhecido por fracionamento SARA (Fracionamento químico em saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos). De acordo com Leite, (1999), a separação de asfaltenos por n-heptano é seguida de adsorção dos maltenos em alumina e subseqüente dessorção com solventes de polaridade crescente, separando em saturados, nafteno-aromáticos e polar-aromáticos. Nesta metodologia o asfalto é separado em quatro frações: Insolúvel em n-heptano – Asfaltenos Saturados Solúveis em n-heptano Aromáticos naftênicos (maltenos) Aromáticos polares A Figura 2.8 apresenta o esquema de fracionamento utilizado neste método Figura 2.8 – Esquema de fracionamento pelo método de Corbert (Guarçoni, 1996). 24 c) Cromatografia por Exclusão de Tamanho Método da Permeação em Gel (G.P.C) ASTM D 3953 O método fundamenta-se na separação dos constituintes dos CAP diluídos em solvente, por tamanho – pequenas moléculas movem-se lentamente, entrando no meio poroso da coluna, ao passo que estruturas maiores não conseguem penetrar, passando rapidamente pela coluna (Leite, 1999). A distribuição de tamanho dos constituintes pode ser avaliada através do cromatograma resultante, começando pelos maiores e finalizando pelos menores. Efetua-se a comparação dos CAP pelos perfis cromatográficos, ou pela divisão da área dos cromatogramas em três partes (Figura 2.9), denominadas alto, médio e baixo tamanhos moleculares. TEMPO DE RETENÇÃO VOLUME DE ELUIÇÃO Figura 2.9 – Cromatograma (Guarçoni, 1996). É um método que utiliza equipamento sofisticado e importado; que exige pessoal qualificado em cromatografia e fornece resultados confiáveis. Dos métodos apresentados, é o que produz resultados mais rápidos, em apenas um dia de trabalho. 25 É utilizado na forma comparativa, pois não se tem padrões de CAP. O método pode avaliar também evolução do envelhecimento do asfalto, pois comparativamente acompanha o crescimento das moléculas. O rejuvenescimento do CAP na reciclagem, também pode ser verificado, através da comparação de gráficos de CAP novos. • Conclusão Todos os procedimentos aqui descritos são baseados na solubilidade em n-alcanos (separação química com ácido sulfúrico), adsorção cromatográfica (polaridade) e peso molecular. Existe uma grande importância na polaridade do asfalto, relacionada diretamente com a presença de heteroátomos (nitrogênio, enxofre e oxigênio e anéis aromáticos condensados). Como os solventes utilizados são n-pentano e n-heptano, para a insolubilização dos asfaltenos, verificam-se que análises que utilizam diferentes solventes podem conduzir a resultados diferentes, visto que o maior número de átomos de carbono do n-heptano solubiliza maior número de componentes do asfalto e apresenta menor teor de asfaltenos. Logo, pode-se concluir que é difícil uma comparação das frações obtidas através de diferentes métodos. A Figura 2.10 apresenta um quadro comparativo dos resultados utilizando as diversas metodologias. Figura 2.10 – Quadro Comparativo dos Procedimentos de Fracionamento Asfáltico (Guarçoni, 1996) 26 2.2.4 Reologia Pinto (1991), definiu a reologia dos materiais, genericamente, como o estudo da deformabilidade dos materiais quando submetido àação de um carregamento qualquer, levando em consideração o tempo de aplicação do carregamento. No caso específico dos materiais asfálticos, o efeito da temperatura tem grande relevância, pois trata-se de materiais termo-sensíveis, ou seja, sua consistência varia com a mudança de temperatura. Pode-se concluir que o comportamento elástico, viscoelástico e viscoso do betume é função direta da temperatura e do tempo de aplicação do carregamento. O cimento asfáltico, somente sob condições extremas, se comporta como um sólido elástico (baixa temperatura e grande tempo de carregamento) ou como líquido viscoso (alta temperatura e grande tempo de carregamento). A suscetibilidade à temperatura e ao tempo de carregamento de um CAP é uma variável importante no desempenho de pavimentos, devendo assim ser quantificada por ensaios reológicos (Oda, 2000). Para caracterizar a dependência da sua deformabilidade da temperatura e do tempo de aplicação de carga, foi introduzido o conceito do módulo de rigidez, conforme demonstrado na Equação 2.6: (S)t,T = (σ / Є)t,T Equação 2.6 Onde: S = módulo de rigidez σ = tensão de tração aplicada num tempo t Є = deformação específica verificada a uma temperatura T Segundo Pinto (1991), o módulo de rigidez é uma extensão do conceito do módulo de Young adaptada para o estudo dos materiais viscoelásticos. O módulo de Young é uma propriedade intrínseca dos materiais de comportamento elástico-linear. Já o módulo de rigidez foi definido para caracterizar o comportamento reológico dos asfaltos, que possuem elevada dependência da temperatura e do tempo de aplicação do carregamento. 27 O comportamento reológico pode ser resumido esquematicamente pela Figura 2.11, segundo Van Der Poel et al., apud Pinto ( 1991): Figura 2.11 – Módulo de rigidez ( S ) x Tempo de Carga ( t ), Temperatura ( T ) (Pinto, 1991) Onde n = coeficiente de viscosidade. E= Módulo de elasticidade Segundo Pinto (1991), mantendo-se constante uma certa temperatura T, pode-se considerar: • Se o tempo de aplicação da carga é muito pequeno, comportamento é elástico. • Para tempo de aplicação da carga maior, o comportamento é dito viscoso. • Para tempo de aplicação intermediário, o comportamento é viscoelástico. Na prática da engenharia rodoviária interessa a zona de transição entre o comportamento elástico e o viscoso, pois é o tempo de aplicação de carga que melhor se assemelha àqueles encontrados nas rodovias pavimentadas (Pinto, 1991). 28 De acordo com Lu et al, apud Negrão (2006), para baixas temperaturas e/ou em altas freqüências de carregamento, o asfalto apresenta um comportamento de um sólido elástico. Com a elevação da temperatura e/ou quando a freqüência de carregamento é reduzida, o comportamento viscoso do asfalto prevalece. Para condições de temperaturas suficientemente altas e/ou em longo tempo de aplicação de cargas, o asfalto apresenta as características de um líquido Newtoniano e pode ser relatado por um valor de viscosidade, qualquer que seja a freqüência de carregamento. Ainda segundo os autores, as propriedades reológicas dos asfaltos exercem grande influência no desempenho das misturas asfálticas tanto na fase de sua preparação (mistura e compactação) quanto na fase de serviço. Estas propriedades são regidas pelas interações moleculares (forças moleculares), as quais são função da composição química. Em principio, as propriedades reológicas podem ser alteradas a fim de se obter um comportamento desejado para o asfalto, seja através de mudanças na sua composição química por meio de reações químicas ou através da incorporação de aditivos, tais como os polímeros. O Programa Estratégico de Pesquisa Rodoviária - SHRP (“Strategic Highway Research Program”) foi estabelecido em 1987, nos Estados Unidos, com o foco principal na proposição de uma nova sistemática de especificações de materiais asfálticos. O Superpave “Superior Performance Asphalt Pavements” (Pavimentos Asfálticos de Desempenho Superior) foi um dos produtos finais do programa SHRP e concebido para auxiliar na seleção de materiais e projeto de misturas (Marques, 2004). De acordo com Bernucci et al (2008), as especificações do Superpave para ligantes asfálticos (Tabela 2.1) são calcadas em ensaios reológicos e seus parâmetros estabelecem a relação entre as propriedades do ligante e o desempenho das misturas asfálticas em serviço. São utilizados para esse fim os seguintes equipamentos: • reômetro de cisalhamento dinâmico – DSR (ASTM D 7175/2004) • viscosímetro rotacional – RV (ASTM D 4402/2002) 29 • reômetro de fluência em viga – BBR (ASTM D 6648/2001) • prensa de tração direta – DDT (ASTM D 6723/2002) • estufa de película delgada rotacional – RTFOT (ASTM 2872/1997) • vaso de pressão de envelhecimento – PAV (ASTM 6521/2000) Tabela 2.1 – Parte da especificação SHRP ou SUPERPAVE de ligantes asfálticos tipo CAP (ASTM 63 + 73/1999) (Bernucci et al, 2008). Grau de desempenho PG 64 -10 -16 -22 PG 70 -10 -16 -22 PG 76 -10 -16 -22 PG 82 -10 -16 -22 Ensaio Ligante original Viscosidade Brookfield (Max. 3.000cP), ºC 135 Ponto de fulgor, ºC 230 Cisalhamento dinâmico: 10 rad/s, G*sem δ (mín. 1,0 kPa), ºC 64 70 76 82 Após o RTFOT Variação em massa, % < 1 < 1 < 1 < 1 Cisalhamento dinâmico: 10 rad/s, G*sem δ (mín. 2,2 kPa), ºC 64 70 76 82 Após o RTFOT/PAV Cisalhamento dinâmico: 10 rad/s, G*sem δ (mín. 5,0 kPa), ºC 31 28 25 34 31 28 37 34 31 40 37 34 Fluência (BBR) @ 60 s, º C Coef. Angular, m (mín 0,3) Módulo rigidez, S (máx. 300 MPa) 0 -6 -12 0 -6 -12 0 -6 -12 0 -6 -12 Alongamento na ruptura, ºC mín. 1,0% @ 1,0 mm/min. 0 -6 -12 0 -6 -12 0 -6 -12 0 -6 -12 • Reômetro de cisalhamento dinâmico - DSR (Dynamical Shear Rheometer) O reômetro de cisalhamento dinâmico é utilizado para caracterizar as propriedades viscoelásticas de ligantes asfálticos virgens ou envelhecidos, através da medida do módulo de cisalhamento complexo (G*) e de ângulo de fase (δ). O G* indica a 30 resistência do ligante asfáltico ao acúmulo de deformação permanente sob as cargas do tráfego (tensões repetidas de cisalhamento). O δ, definido como o intervalo de tempo entre a aplicação da tensão cisalhante e a deformação cisalhante resultante, é um indicador das parcelas de deformações recuperáveis e não recuperáveis ou permanentes (Patriota, 2004). O modulo complexo e o ângulo de fase podem ser definidos como: G* = τ máx / γ máx Equação 2.7 δ = ω. (∆t) Equação 2.8 Onde: G* = modulo complexo de cisalhamento, Pa; τ máx = máxima tensão de cisalhamento aplicada, Pa; γ máx = máxima deformação devido à tensão de cisalhamento aplicada; δ = ângulo de fase; ω = freqüência angular, Hz; ∆t = tempo de defasagem, s. A Figura 2.13 mostra de forma esquemática os valores de G* e δ medidos no ensaio DSR, como resposta a uma deformação cisalhante da amostra em torque constante. O modo de aplicação das tensões ou deformações cisalhantes está representada esquematicamente na Figura 2.12 A resposta à deformação cisalhante da amostra de ligante está defasada em relação à tensão aplicada por certo intervalo de tempo ∆t. Esta defasagem representa o atraso na deformação obtida. A fase em atraso é expressa em medida angular. Multiplicando-se o tempo de atraso (∆t) pela freqüência angular (ω), obtém-se o ângulo de fase (δ). A Figura 2.14 apresenta um exemplo de ângulo de fase. Para materiais completamente elásticosδ é igual a 0º, isto é, não há atraso entre a tensão cisalhante aplicada e a deformação cisalhante obtida. Ressalta-se que os materiais perfeitamente elásticos não apresentam deformações residuais (permanentes). Logo, é coerente a obtenção de δ igual a 0° para materiais desta natureza. Para materiais 31 totalmente viscosos, a deformação obtida está completamente defasada e δ vale 90º. Materiais viscoelásticos, tais como ligantes asfálticos, possuem ângulo de fase variando entre 0º e 90º (função direta da temperatura), caracterizando um comportamento intermediário entre o material perfeitamente elástico e o puramente viscoso. A especificação de ligante SHRP usa o parâmetro G*/sen δ para controle da rigidez a temperaturas altas (›46ºC) e G*sen δ para o controle em temperaturas intermediárias (entre 7ºC e 34ºC) . Controlando a rigidez a altas temperaturas, a especificação assegura que o asfalto forneça resistência ao cisalhamento global em termos de elasticidade da mistura a altas temperaturas. De forma análoga, ao controlar a rigidez a temperaturas intermediárias a especificação assegura que o ligante não contribuirá para o trincamento por fadiga (Bernucci et al, 2008). Figura 2.12 - Esquema de aplicação da tensão na amostra de asfalto (Bernucci et al, 2008) τmáx Tensão de Tempo Módulo complexo cisalhamento de cisalhamento aplicada G* = Tmáx ∆t δ = ω (∆t) Y máx Deformação Freqüência angular cisalhante Tempo Ângulo de fase resultante Figura 2.13 – Defasagem entre tensão e deformação (Bernucci et al, 2008). 32 Parte Viscosa δ1 δ2 Parte Elástica Figura 2.14 – Exemplos de resultados do ângulo de fase de dois asfaltos diferentes (Bernucci, 2008) • Reômetro de fluência em viga – BBR (Bending Beam Rheometer) Segundo Leite (1999), o reômetro de fluência em viga é usado na determinação e caracterização da rigidez do ligante quando submetidos a baixas temperaturas. Os parâmetros do ensaio são a rigidez estática (S) e o logaritmo do módulo de relaxação (m). Estas propriedades são definidas a partir da resposta ao carregamento estático (creep) sobre uma vigota de ligante a baixas temperaturas (-36°C < T < 0°). Sabendo-se do valor da carga aplicada sobre a vigota e medindo-se a deflexão correspondente, a rigidez estática pode ser determinada através dos conceitos da mecânica. A especificação de ligante limita os valores de “S” e “m” em função do clima do local onde o ligante será aplicado. Ligantes com altos valores de m, são mais eficientes no que se refere à dissipação das tensões formadas durante a contração do ligante, provocada por quedas abruptas da temperatura, minimizando a formação de trincas e fissuras. O módulo de rigidez (S) e o parâmetro de relaxação (m), a baixa temperatura, são obtidos através das seguintes expressões (Bernucci et al, 2008): S = σ/ Є Equação 2.9 m = coeficiente angular a 60s (S x t) Onde: S = modulo de rigidez (MPa) σ = tensão aplicada (mN); Є = deformação resultante; 33 m = parâmetro de relaxação (MPa); t = 60s. Quanto menor o valor da rigidez S, maior será a resistência ao trincamento, por isso se limita o valor máximo para S. Conforme m diminui, há um alívio das tensões térmicas na mistura asfáltica, sendo esse o motivo de se ter um valor mínimo requerido para m (Bernucci et al, 2008). A Figura 2.15 apresenta esquematicamente o carregamento e os deslocamentos medidos. Segundo Vanelstraete e Teugels (2003), apud Magalhães (2004), o ensaio com o reômetro de fluência em viga (BBR) é apropriado para a previsão do comportamento a baixas temperaturas tanto para ligantes puros quanto para modificados por polímeros. A máxima temperatura resultante de S(60s)=300MPa ou m(60s)=0,3 pode ser usado como um indicador de desempenho adequado para este defeito. Devido ao conceito de superposição tempo-temperatura, o teste é feito em 60 segundos, em vez de duas horas, à temperatura 10ºC inferior à reportada. O parâmetro S é função da carga, distância entre suportes, dimensões da viga, e deflexão no tempo 60 segundos, m = log S (t)/log t Equação 2.10. Reômetro de viga BBR e esquema de ensaio Carregamento constante (creep) Deflexão Carga Deflexão Tempo Tempo Figura 2.15 - Representação esquemática do carregamento e deslocamento medidos (Bernucci et al, 2008) 34 • Vaso de envelhecimento sob pressão - PAV “Pressure Aging Vessel” Consiste em um equipamento que simula o endurecimento oxidativo que ocorre no ligante ao longo da vida útil do pavimento em serviço (cerca de 10 anos). . Em uma etapa anterior, as amostras são submetidas ao envelhecimento RTFOT que simula o envelhecimento do ligante que ocorre durante a usinagem e compactação da mistura, para depois serem ensaiadas no vaso de envelhecimento sob pressão (pressure aging vessel – PAV). As amostras são dispostas em placas rasas de aço inox e envelhecidas num vaso por 20 horas a 2,1 MPa de pressão de ar. A temperatura de envelhecimento é selecionada de acordo com o tipo de CAP. Após a simulação do envelhecimento, a amostra é colocada numa estufa à vácuo para desaerar (Bernucci et al, 2008). O CAP envelhecido por esse método é a seguir testado no DSR, BBR e DTT para estudo do efeito do envelhecimento de longo prazo nos ligantes asfálticos. A Figura 2.16 mostra o desenho dos equipamentos utilizados no ensaio. Figura 2.16 - Desenho esquemático dos equipamentos • Ensaio de tração direta (DTT) ”Direction Tension Test” Segundos Marques (2004), este teste é utilizado em ligantes (principalmente os modificados pela adição de polímeros) que apresentam valores de rigidezacima do desejado (medida pelo BBR), mas que poderão ser utilizados desde que possuam ductilidade a baixas temperaturas. 35 Uma amostra de ligante é moldada à baixa temperatura (+6ºC a -36ºC) no formato de gravata esticada, medindo-se a tensão de deformação na ruptura (fratura), objetivo deste ensaio. De modo semelhante ao BBR, o atendimento aos critérios do ensaio DTT assegura que a ruptura do ligante, à baixa temperatura, seja minimizada (Bernucci et al, 2008). • Viscosímetro rotacional – RTV (Rotacional Viscometer) Caracteriza a rigidez do asfalto a 135ºC, temperatura onde se espera que o ligante tenha o comportamento de um fluido viscoso. É um viscosímetro rotacional de cilindros coaxiais, que mede a viscosidade através do torque necessário para rodar um spindle imerso na amostra de asfalto quente à velocidade constante (Figura 2.17). Em geral, espera-se que o ligante tenha uma viscosidade inferior a 3,5 Pa.s (3500 cP) a 135ºC, garantindo que o ligante possa ser bombeado e produza bom envolvimento nos agregados (Leite, 1999 apud Negrão, 2006). Figura 2.17 – Viscosímetro rotacional (Leite, 1999) 36 Conforme Desmazes et al (2006), apud Negrão (2006), existem estudos que realacionam o parâmetro G*/sen δ à resistência à deformação permanente de misturas asfalticas a altas temperaturas. Estes estudos não se aplicam aos ligantes modificados por SBS, que podem ter seu desempenho ao afundamento subestimados por este parâmetro. Ressalta-se que a resistência à deformação permanente de uma determinada mistura é função também da composição da mesma, e não só do tipo e do volume de ligante utilizado. O esqueleto granular e a interação ligante/agregado têm papel fundamental na determinação da resistência à deformação permanente da mistura (Vanelstraete & Teugels, 2003 apud Negrão, 2006). Ainda segundo Negrão (2006), há diversas pesquisas em andamento que estão analisando outros critérios para especificar a resistência à deformação permanente e cita como exemplo, a deformação acumulada e a viscosidade de cisalhamento zero, obtidas a partir de ensaios de creep estático ou ensaios de compressão axial de carga repetida. 2.2.5 Tipos de asfaltos Segundo DNER (1996), os materiais betuminosos que são comumente empregados em serviços de pavimentação são os seguintes: a) Cimentos asfálticos de petróleo (CAP); b) Asfaltos diluídos; c) Asfaltos emulsionados; d) Asfaltos oxidados ou soprados; e) Agentes rejuvenescedores; f) Asfaltos modificados. 37 a) Cimentos asfálticos de petróleo (CAP) O CAP (Cimento Asfáltico de Petróleo) pode ser definido como asfalto que possui propriedades (principalmente viscosidade, rigidez, consistência) adequadas para o uso na construção de pavimento, tendo uma penetração a 25°C entre 5 e 300 décimos de milímetro sob uma carga de 100 gramas, aplicada durante 5 segundos. De acordo com Castro (2003), o CAP é um material complexo e que apresenta um comportamento viscoso, caracterizado pela redução da rigidez para longos períodos de aplicação de carga, e susceptibilidade térmica, caracterizada pela alteração de propriedades em função da temperatura. O cimento asfáltico pode ser considerado um material viscoelastoplástico. Em altas temperaturas (acima de 100ºC) o material, ao ser carregado se deforma e não retorna ao estado original quando cessada a solicitação, caracterizando um comportamento plástico. Para baixas temperaturas (abaixo de 0ºC) comporta-se como um fluído viscoso, assumindo comportamento elástico, deformando-se com a ação de uma carga, mas voltando às suas dimensões originais cessado o carregamento (Specht, 2004). Até julho /2005, os cimentos asfálticos de petróleos eram classificados da seguinte maneira: • por viscosidade absoluta: CAP-7, CAP-20 e CAP-40, sendo o número referente ao início da faixa de viscosidade da classe. • por penetração: CAP 30-45, CAP 50-60, CAP 85-100 e CAP 150-200, sendo os números a faixa de penetração obtida no ensaio. Em agosto de 2005, a classificação passou a ser por penetração e outros ensaios, conforme consta na Tabela 2.2. 38 Tabela 2.2– Especificações dos Cimentos Asfálticos de Petróleo (CAP) – Classificação por penetração (DNIT 095/2006 – EM) Limites Métodos Característica Unidade CAP´30-45 CAP 50-70 CAP 85-100 CAP 150-200 ABNT ASTM Penetração (100 g., 5s, 25ºC) 0,1mm 30 a 45 50 a 70 85 a 100 150 a 20 NBR 6576 D 5 Ponto de amolecimento, min. ºC 52 46 43 37 NBR 6560 D 36 Viscosidade Saybolt-Furol A 135ºC, min. 192 141 110 80 A 150ºc, min. 90 50 43 36 A 177º C S 40 a 150 30 a 150 15 a 60 15 a 60 NBR 14950 E 102 Viscosidade Brookfield A 135ºC, min. SP 21, 20 rpm, min. 374 274 214 155 a 150ºC, min. 203 112 97 81 A 177ºC, SP 21 cP 76 a 285 57 a 285 28 a 114 28 a 114 NBR 15184 D 4402 Índice de Sucetibilidade Térmica (-1,5) a (+0,7) (-1,5) a (+0,7) (-1,5) a (+0,7) (-1,5) a (+0,7) - - Ponto de fulgor, min ºC 235 235 235 235 NBR 11341 D 92 Solubilidade em tricloroetileno, min. % massa 99,5 99,5 99,5 99,5 NBR 14855 D 2042 Dutilidade a 25ºC, min. cm 60 60 100 100 NBR 6293 D 113 Efeito do calor e do ar a 163ºC por 85 minutos Variação em massa, max. % massa 0,5 0,5 0,5 0,5 D 2872 Dutilidade a 25ºC, min. cm 10 20 50 50 NBR 6293 D 113 Aumento do ponto de amolecimento, máx. ºC 8 8 8 8 NBR 6560 D 36 Penetração retida, mín. (*) % 60 55 55 50 NBR 6576 D 5 39 O transporte, acondicionamento e manuseio do CAP exigem dos produtores, importadores e distribuidores cuidados no sentido de assegurar que a temperatura do produto não ultrapasse 177ºC e que não seja inferior a 40ºC. Além disso, o produto não deve espumar quando aquecido até 177ºC, denotando presença de água. b) Asfaltos diluídos Os asfaltos diluídos ou “cut-backs” são diluições de cimentos asfálticos em solventes derivados do petróleo de volatilidade adequada. São utilizados quando deseja-se eliminar o aquecimento do ligante ou utilizá-lo moderadamente, reduzindo a sua viscosidade, permitindo assim que a sua aplicação seja feita em temperatura ambiente. Os diluentes proporcionam produtos menos viscosos e devem evaporar completamente deixando como resíduo o CAP, que então desenvolverá as propriedades cimentícias. Ao fenômeno de evaporação do diluente chama-se cura. De acordo com o tempo de cura, os asfaltos diluídos são classificados em três categorias: Cura Rápida (CR): Asfalto diluído composto de cimento asfáltico e um solvente de alta volatilidade do tipo nafta ou gasolina. São utilizados principalmente nos serviços de pintura de ligação, tratamentos superficiais de penetração invertida, pré-misturados a frio e areias-asfalto a frio (CR-250 e CR-800). Cura Média (CM): Asfalto diluído composto de cimento asfáltico e um solvente de média volatilidade, como o querosene. Os asfaltos diluídos de cura média são utilizados nos serviços de imprimação, areias-asfalto a frio e nos “road-mix” (misturas em estrada, CM-250 e CM-800). Cura Lenta (CL): Asfalto diluído composto de cimento asfáltico e óleos de baixa volatilidade. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) classifica os asfaltos diluídos em quatro classes distintas: CR-70, CR-250, CM-30 e CM-70. A especificação para os referidos produtos é apresentada na Tabela 2.3. 40 Tabela 2.3 – Especificação brasileira de asfalto diluído (ANP-2007) Métodos Tipos Características ABNT/NBR ASTM CR-70 CR-250 CM-30 CM-70 No Asfalto Diluído Viscosidade cinemática, cSt, 60ºC 14756 D 2170 70-140 250-500 30-60 70-140 Viscosidade Saybolt,-Furol, s 25ºC 75-150 - 50ºC 14950 D 88 60-120 - - 60-120 60ºC - 125-250 - 38 Ponto de fulgor (V.A. Tag) ºC, min. 5765 D 3143 - 27 38 38 Destilação até
Compartilhar