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DIREITO PROCESSUAL PENAL III
Profª Helcínkia Albuquerque
helcinkia@gmail.com
TEORIA DOS RECURSOS
1. MEIOS DE IMPUGNAÇÃO
• RECURSOS: impugnação dentro do mesmo 
processo. Prolongam a mesma relação processual 
(impugnação endógena). Ex: apelação, embargos 
infringentes e de nulidade, embargos de 
declaração, agravo em execução, carta 
testemunhável, correição parcial. 
• AÇÕES IMPUGNATIVAS AUTÔNOMAS:
impugnações autônomas em relação à ação penal 
(impugnação exógena). Ex: Habeas Corpus, 
Mandado de Segurança e Revisão Criminal
2. NOÇÕES DE RECURSO
• É o procedimento através do qual a parte, ou 
quem esteja legitimado a intervir na causa, 
provoca o reexame das decisões judiciais, a 
fim de que elas sejam invalidadas ou 
reformadas, pelo próprio magistrado que as 
proferiu, ou por algum órgão de jurisdição 
superior. 
2.1 ETIMOLOGIA
• De etimologia latina, o verbo recursare
significa “correr para trás ou correr para o 
lugar de onde se veio”, e daí, está a idéia de 
reexame. 
• A palavra recursus remete à noção de 
“retomar o curso”
2.2 FUNDAMENTOS
• Falibilidade humana
• Inconformismo da parte prejudicada
• Ampliação da visibilidade
2.3 CONCEITO DE RECURSO
• É um instrumento processual voluntário de 
impugnação de decisões judiciais previsto em 
lei federal utilizado antes da preclusão e na 
mesma relação jurídica processual, 
objetivando a reforma, a invalidação, a 
integração ou o esclarecimento da decisão 
impugnada. 
(Renato Brasileiro)
OBS: RECURSO ≠ REVISÃO CRIMINAL
• RECURSO - deve ser interposto antes da 
preclusão, na mesma relação jurídica 
processual.
• REVISÃO CRIMINAL – só pode ser ajuizada 
depois do trânsito em julgado e faz surgir uma 
nova relação jurídica processual
2.4 CLASSIFICAÇÃO/ESPÉCIES DE RECURSOS
• Ordinários (via recursal ordinária) – reexame 
de matéria de fato e direito. Ex: apelação
• Extraordinários (via recursal excepcional –
abrangem recurso especial e extraordinário) –
reexame de matéria de direito (questões 
constitucionais ou de legislação federal) 
realizado pelos tribunais superiores
OBS:
• Existem outras classificações:
a) Quanto a extensão: totais e parciais
b) Quanto a fundamentação: livre e vinculada
c) Quanto ao grau hierárquico: horizontais e 
verticais
2.5 PRINCÍPIOS RECURSAIS
• São certos enunciados lógicos admitidos como 
condição ou base de validade das demais 
asserções que compõem dado campo do 
saber (Miguel Reale)
• São vetores interpretativos de regras que 
disciplinam os recursos (Nestor Távora)
A) Princípio do duplo grau de jurisdição
• Consiste na possibilidade de reexame integral da 
matéria de fato e de direito da decisão do juízo 
“a quo”, a ser confiado a órgão jurisdicional 
diverso, em regra, de hierarquia superior
• MATERIALIZAÇÃO: em regra, é materializado por 
apelação, mas também pode ser materializado 
por recurso ordinário constitucional em casos de 
crimes políticos (Lei 7.173 e art. 102 da CF/88)
• PREVISÃO NORMATIVA: previsão implícita na CF 
(devido processo legal, ampla defesa) e expressa
no Pacto de São José da Costa Rica (art. 8°)
OBS:
• A Convenção Interamericana de Direitos Humanos 
(Pacto de São José da Costa Rica) tem status normativo 
supra legal, ou seja, está abaixo da Constituição e 
acima das leis ordinárias (STF, Recurso Extraordinário 
466.343). Desse modo, a legislação ordinária deve ser 
compatível com a Convenção Interamericana sobre 
Direitos Humanos
• Com esse fundamento, a partir do julgamento histórico 
do HC 88.420, em 2007, o STF reconheceu que não é 
possível que alguém seja privado do direito ao duplo 
grau pelo fato de não ter se recolhido à prisão, 
entendendo que as idéias do art. 595 e da Súmula 9 do 
STJ eram incompatíveis com o Pacto de São José da 
Costa Rica. Depois disso, o STJ editou a Súmula 347.
STJ
• Súmula 347:
“O conhecimento de recurso de apelação do réu 
independe de sua prisão”.
STF, Súmula 453:
• “NÃO SE APLICAM À SEGUNDA INSTÂNCIA O ART. 
384 E PARÁGRAFO ÚNICO DO CÓDIGO DE 
PROCESSO PENAL, QUE POSSIBILITAM DAR NOVA 
DEFINIÇÃO JURÍDICA AO FATO DELITUOSO, EM 
VIRTUDE DE CIRCUNSTÂNCIA ELEMENTAR NÃO 
CONTIDA, EXPLÍCITA OU IMPLICITAMENTE, NA 
DENÚNCIA OU QUEIXA”.
• A mutatio libelli (emendatio libelli) não pode ocorrer 
na segunda instância, porque conflitaria com o duplo 
grau, já que se fosse permitida, a matéria já seria 
examinada originariamente na segunda instância, 
suprimindo a primeira instância.
B) Princípio da Taxatividade
• O rol dos recursos é taxativo (numerus
clausus), isso porque, se não o fossem, 
sacrificariam o princípio da segurança jurídica. 
Portanto, a lei estabelece qual o recurso 
cabível para as decisões proferidas.
• O recurso deve estar expressamente previsto 
em lei.
OBS:
• O princípio da taxatividade não não é óbice à 
aplicação analógica, nem à interpretação 
extensiva das normas processuais penais. 
• Ex: Interposição de RESE contra decisão que 
rejeita aditamento de denúncia, embora não 
haja inclusão no art. 581, CPP
C) Princípio da Fungibilidade Recursal
• Teoria do Recurso Indiferente ou Princípio 
da Fungibilidade Recursal: a parte 
interpondo o recurso inadequado/errado, 
mas estando o próprio recurso no prazo
daquele que seria o correto, não havendo 
a má-fé e não havendo erro grosseiro, o 
recurso é conhecido.
• Erro grosseiro: é aquele que evidencia 
completa e injustificável ignorância da parte, 
isto é, havendo nítida indicação na lei quanto 
ao recurso cabível e nenhuma divergência 
doutrinária e jurisprudencial, torna-se 
absurdo o equívoco. (NUCCI)
• Presunção de má-fé: I) não observância do 
prazo do recurso adequado e II) erro grosseiro 
(ex: Resp 611.877, STJ)
CPP
Art. 579
“Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será 
prejudicada pela interposição de um recurso 
por outro.
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, 
reconhecer a impropriedade do recurso 
interposto pela parte, mandará processá-lo de 
acordo com o rito do recurso cabível”.
D) Princípio da Unirrecorribilidade das 
Decisões ou Singularidade ou Unicidade
• Para cada decisão só existe um único recurso. 
• Evita a acumulação de impugnações sob o mesmo 
fundamento.
• Exemplo: Art. 593, § 4°, do CPP: “quando cabível a 
apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido 
estrito, ainda que somente de parte da decisão se 
recorra”.
• Exceção: Luiz Flavio Gomes trata nos casos de 
cabimento de dois recursos simultâneos, como ocorre 
nos crimes conexos no Tribunal do Júri, de 
suplementariedade, ou seja, um recurso suplementa 
outro.
Exceções à unirrecorribilidade:
• Protesto por novo júri (dizia respeito à condenação
superior a 20 anos e deixou de existir em 2008)
• Recursos extraordinário e especial – pode ser que contra um
único acórdão caiba tanto recurso especial quanto recurso
extraordinário (mas o julgamento de um ou de outro pode ser
sobrestado até que o tribunal decida algum deles – art. 27, §
5° e 6°, da Lei 8.038/90)
• Embargos infringentes e de nulidade – para parte da
doutrina, pode se julgar o RE ou o Resp nas decisões não
unânimes e, paralelamente, julgar os embargos em decisão
não unânime; fazendo interpretação analógica do NCPC, com
fundamento no art. 3° do CPP, o agravo poderá ser julgado,
conforme o caso, conjuntamente com o recurso especial ou
extraordinário (art. 1.042, § 5º, Lei 13.105/2015).
Variabilidade:
• A interposição de um recurso não liga o 
recorrente à impugnação, permitindo-se a 
interposição de outros recursos, desde que no 
prazo.
E) Princípio da voluntariedade (art. 574, CPP)
• O recurso é um ato processual decorrente da 
manifestação de vontade da parte que queira ver 
reformada ou anulada uma decisão. É um ato volitivo. 
• Éum ônus do recorrente. A parte recorre se quiser. 
Ninguém é obrigado a recorrer.
• Em regra, o Ministério Público e a Defensoria Pública 
não são obrigados a recorrer. Embora alguns 
doutrinadores digam que os defensores são obrigados 
a recorrer, o STF possui vários julgados dizendo que 
não há cerceamento de defesa quando o defensor não 
interpõe recurso. Ex: HC 105845
OBS:
• O CPP enumera algumas hipóteses em que o 
reexame da decisão é necessário, ou seja, 
ocorre a remessa necessária à instância 
superior, como condição de eficácia objetiva 
da decisão. Sem esse reexame a decisão não 
poderia surtir seus efeitos. (Alguns autores 
chamam de “recurso de ofício”, mas a 
terminologia é criticada por falta da 
voluntariedade).
Reexame necessário:
• da sentença que conceder habeas corpus, ou seja, da 
decisão do juiz singular que acatar a ordem (art. 574, I, CPP)
• da decisão absolutória ou de arquivamento de inquérito nos 
crimes contra a economia popular e saúde pública (art. 7°, 
Lei 1.521/51)
• da decisão que conceder reabilitação criminal (art. 746,CPP), 
ou seja, da declaração judicial de que estão extintas ou 
cumpridas as penas impostas ao condenado, assegurando o 
sigilo dos registros sobre o processo e os efeitos da 
condenação, restabelecendo o prestígio social do condenado
• do indeferimento liminar da ação de revisão criminal, pelo 
relator, no tribunal, quando o pedido não estiver 
suficientemente instruído (art. 625,§ 3°)
• da decisão que conceder mandado de segurança (art. 14, 
§1°. Lei 12.016/09)
OBS:
• O inciso II do art. 574 inclui o reexame necessário 
da decisão que absolver desde logo o réu com 
fundamento na existência de circunstância que 
exclua o crime ou isente o réu de pena, no rito 
do Tribunal do Júri (absolvição sumária foi 
alterada pela Lei 11.689). 
• A maioria dos doutrinadores entende que o 
dispositivo está revogado tacitamente por 
ausência de previsão no art. 415, que estabelece 
as hipóteses de absolvição sumária.
STF:
• Súmula 160: “É NULA A DECISÃO DO TRIBUNAL 
QUE ACOLHE, CONTRA O RÉU, NULIDADE NÃO 
ARGÜIDA NO RECURSO DA ACUSAÇÃO, 
RESSALVADOS OS CASOS DE RECURSO DE 
OFÍCIO”.
• Súmula 423: “NÃO TRANSITA EM JULGADO A 
SENTENÇA POR HAVER OMITIDO O RECURSO "EX 
OFFICIO", QUE SE CONSIDERA INTERPOSTO "EX 
LEGE“.
F) Princípio da disponibilidade
• Durante o andamento processual do recurso, 
o recorrente pode desistir do recurso 
interposto
• Restrição: Art. 576, CPP – “O Ministério 
Público não poderá desistir de recurso que 
haja interposto”.
Exemplo:
• Um promotor pode apresentar o recurso e 
outro ser nomeado para arrazoar. Se o último 
não concordar com o recurso, não poderá 
desistir, mas poderá fazer as razões com 
posicionamento diferente do que seria 
compatível com o desejo de recorrer. Isso é 
possível por causa da independência funcional 
dos membros do MP
G) Princípio da convolação
• Consiste na possibilidade de um recurso manejado 
corretamente ser convolado em outro, que se revelar 
mais útil/benéfico/vantajoso ao recorrente, com 
viabilidade de maiores vantagens. Ou seja, uma 
impugnação adequada pode ser recebida e conhecida 
como outra, para melhorar a situação do réu
• Ex 1: Revisão Criminal interposta corretamente contra 
decisão condenatória transitada em julgado é recebida 
como Habeas Corpus, por ser mais célere e dispensar 
as formalidades da primeira (Norberto Avena) 
• Ex 2: RHC 26070, STJ
H) Princípio da vedação da reformatio in pejus
• É vedada a mudança para pior da situação do 
recorrente, em virtude de decisão 
superveniente que reforme o julgado. 
• Em recurso exclusivo da defesa, o acusado 
jamais poderá ser prejudicado qualitativa e 
quantitativamente, mesmo em caso de 
correção de erro material que incremente a 
pena (STJ, HC 103.460)
• Previsão legal:
1ª corrente – decorre da ampla defesa constitucional (art. 
5°, LV, da CF)
2ª corrente – decorre da legislação ordinária (arts. 617 e 
626, CPP)
• Espécies:
Direta- no caso de recurso exclusivo da defesa, o juízo “ad 
quem” não poderá proferir nova decisão prejudicial ao acusado
Indireta (Efeito prodrômico) - no caso de recurso exclusivo 
da defesa, se a sentença impugnada for anulada, o juiz que 
proferir a nova decisão em substituição a anulada não poderá 
agravar a situação do acusado.
CPP
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas 
suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, 
no que for aplicável, não podendo, porém, ser 
agravada a pena, quando somente o réu houver 
apelado da sentença.
Art. 626. Julgando procedente a revisão, o tribunal 
poderá alterar a classificação da infração, absolver o 
réu, modificar a pena ou anular o processo.
Parágrafo único. De qualquer maneira, não poderá ser 
agravada a pena imposta pela decisão revista.
STF
• Súmula 160: “É NULA A DECISÃO DO 
TRIBUNAL QUE ACOLHE, CONTRA O RÉU, 
NULIDADE NÃO ARGÜIDA NO RECURSO 
DA ACUSAÇÃO, RESSALVADOS OS CASOS 
DE RECURSO DE OFÍCIO”.
OBS 1:
• No caso de anulação de sentença, por qualquer vício,
a nova decisão não poderá superar a condenação
imposta anteriormente. Mas, no caso de
incompetência absoluta, há duas correntes:
–1ª corrente (PACELLI) – o juiz natural não está 
preso aos limites da pena imposta pelo juízo 
incompetente
–2ª corrente (STJ) – o novo juízo é obrigado a 
respeitar a non reformatio in pejus (Ex: HC 
105.384 e HC114.729)
OBS 2:
• No Tribunal do Júri, havendo recurso exclusivo 
da defesa que anule o primeiro julgamento, 
ainda que no segundo júri os jurados 
reconheçam qualificadora que não havia sido 
reconhecida, em que pese a soberania dos 
vereditos (art. 5◦, XXXVIII, c, CF); o STF e o STJ
decidiram que a pena aplicada não poderá ser 
superior àquela do primeiro julgamento 
anulado (STF –HC 89.544 e STJ – 178.850)
OBS 3:
• Se o tribunal está apreciando recurso
exclusivo da acusação, poderá melhorar a
situação do réu, mesmo que tenha que julgar
extra petita, admitindo-se a reformatio in
melius, mesmo em pedido específico da
acusação pedindo justamente o oposto.
I) Princípio da Complementariedade 
dos Recursos
• O recorrente poderá complementar a sua 
fundamentação no recurso sempre que 
houver integração ou complementação da 
decisão, ou seja, quando a decisão recorrida 
for modificada supervenientemente
• Ex: retratação do juiz, correção de erro 
material, provimento de outro recurso, 
acolhimento dos embargos de declaração.
OBS:
• A matéria sobre a qual não se estender a 
alteração do julgado não poderá ser objeto de 
nova impugnação.
• A nova impugnação é autorizada se a matéria 
recorrida tiver sido objeto de alteração do 
julgado.
J) Princípio da suplementariedade ou 
da suplementação dos recursos
• Existe a possibilidade de ser renovada a 
iniciativa recursal já manifestada, quando 
contra a decisão for cabível mais de um 
recurso.
OBS:
• A aplicação do princípio da suplementaridade
é uma exceção, seja diante do princípio da 
unirrecorribilidade, seja diante do fenômeno 
preclusivo que se opera. Por essa razão, 
alguns autores entendem que não se trata de 
um princípio propriamente dito, mas de uma 
regra do direito processual penal.
L) Princípio da Dialeticidade dos Recursos
• O recorrente deverá, em regra, declinar os 
fundamentos/motivos pelos quais pede reexame da 
decisão, para que a outra parte possa apresentar 
suas contra-razões.
• OBS: A motivação nem sempre é obrigatória. 
Portanto, este princípio não se mostra em todos os 
recursos. Ex: no Protesto por Novo Júri não precisava 
declinar os motivos (deixou de existir). Os arts. 589 
(p. único) e 601 permitem que o recurso em sentido 
estrito e a apelação subam sem as razões.
CPP
RESE:
Art. 589. Com a respostado recorrido ou sem 
ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro 
de dois dias, reformará ou sustentará o seu 
despacho, mandando instruir o recurso com os 
traslados que Ihe parecerem necessários.
CPP
Apelação:
Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos 
serão remetidos à instância superior, com as 
razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, 
salvo no caso do art. 603 (DF e Comarcas com Tribunais 
de Apelação), segunda parte, em que o prazo será 
de trinta dias.
M) Princípio da conversão
• Se o recurso for interposto perante órgão 
jurisdicional incompetente, este deverá 
remeter o processo ao que detenha 
competência recursal (Paulo Rangel)
• O recorrente não será prejudicado pelo 
endereçamento errado, cabendo ao tribunal 
incompetente remeter os autos ao órgão 
competente para julgar (Nestor Távora)
N) Princípio da intranscendência
• Exclusiva aplicação ao recurso manejado pela 
acusação
• Tratando-se de mais de um acusado, o recurso 
deve identificar cada um deles e em relação a 
quem deseja a reforma da decisão
• Se o pedido se restringir a um único agente, ainda 
que haja coautoria, o tribunal não pode ampliar 
seu objeto para alcançar o réu contra quem o 
recurso não se insurgiu expressamente
2.4 FASES RECURSAIS
I) JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE (OU DE PRELIBAÇÃO)-
consiste na aferição, pelo juízo competente, das 
condições de admissibilidade da espécie de impugnação 
recursal apresentada pela parte (recorrente) contra a 
decisão a ela desfavorável. É a observância do 
preenchimento dos requisitos legais para o exame do 
recurso pela instância recursal. Funciona como um filtro 
quanto à pertinência e o cabimento do recurso.
II) JUÍZO DE MÉRITO (OU DE DELIBAÇÃO) – é o 
fundamento que se alega para fins de reforma ou 
anulação da decisão e que quase sempre (embora nem 
sempre) coincide com o mérito da ação penal.
2.5 PRESSUPOSTOS DE 
ADMISSIBILIDADE RECURSAL
(condições ou requisitos)
• São requisitos mínimos para o conhecimento do recurso pelo 
tribunal com competência revisional da matéria impugnada.
I) PRESSUPOSTOS OBJETIVOS: a) Previsão legal (cabimento)
b) Forma prescrita em lei 
c) Tempestividade
d) Adequação
e) Inexistência de fatos impeditivos
f) Motivação
• PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS: a) Interesse e sucumbência
b) Legitimidade
2.5.1 PRESSUPOSTOS OBJETIVOS
a) Previsão legal (cabimento) – está atrelado à 
taxatividade. É necessária a autorização da lei
para se ter algum recurso como cabível. É 
necessária a previsão da existência do recurso.
OBS 1: Para E. PACELLI o cabimento também inclui 
definição das condições de exercício de 
determinado recurso.
OBS 2: As possibilidades de interposição de 
recursos são informadas pelo princípio da 
unirrecorribilidade.
b) Forma prescrita em lei 
(observância das formalidades legais)
• Deve ser compreendida através da regularidade 
formal da interposição (sem rigor excessivo em 
consonância com a instrumentalidade das formas) 
e pela correta formulação do pedido recursal.
• O recurso que não obedece a forma de interposição 
exigida legalmente está sujeito a não ser recebido
(juiz), a ter seu seguimento negado (decisão 
monocrática de tribunal) ou não ser conhecido
(órgão colegiado).
OBS:
• Alguns recursos devem ser interpostos 
exclusivamente por petição, seguida de 
razões. Outros podem ser apresentados não 
só por petição, mas também por termo nos 
autos (art. 578, CPP): recurso em sentido 
estrito (art. 587, CPP) e apelação (art. 600, 
CPP).
Formas de interposição válida de recurso:
I) Perante o juízo singular (em processo de 
conhecimento ou execução): petição ou 
termo nos autos
II) Perante órgãos colegiados: petição
c) Tempestividade
• É estabelecida com base no prazo para 
apresentação do recurso a partir da intimação 
da parte.
• O prazo recursal é contado a partir da data em 
que se considera intimada a parte interessada 
da decisão.
• O recurso deve ser interposto após a 
publicação da decisão.
Atenção!
• STJ, Súmula 418:
“É inadmissível o recurso especial interposto 
antes da publicação do acórdão dos embargos 
de declaração, sem posterior ratificação”.
*A Corte Especial, na sessão de 1º de julho de 
2016, determinou o CANCELAMENTO da 
Súmula 418-STJ.
NCPC:
Art. 1.024, § 5º: Se os embargos de declaração 
forem rejeitados ou não alterarem a conclusão 
do julgamento anterior, o recurso interposto 
pela outra parte antes da publicação do 
julgamento dos embargos de declaração será 
processado e julgado independentemente de 
ratificação.
Art. 218, § 4º: Será considerado tempestivo o 
ato praticado antes do termo inicial do prazo.
Contagem de prazo:
• É realizada com a exclusão do dia do início (dies
a quo) e inclusão do dia final (dies ad quem), por 
se tratar de prazo de natureza processual
• STF, Súmula 310: Quando a intimação tiver lugar 
na sexta-feira, ou a publicação com efeito de 
intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá 
início na segunda-feira imediata, salvo se não 
houver expediente, caso em que começará no 
primeiro dia útil que se seguir.
OBS:
• Para o direito processual penal, 
diferentemente do cível, vigoram as regras do 
art. 798, CPP, que estatui que todos os prazos 
correrão em cartório e serão contínuos e 
peremptórios, não se interrompendo por 
férias, domingo ou dia feriado.
CPP
Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e 
peremptórios, não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado.
§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do 
vencimento.
§ 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, 
porém, considerado findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se 
feita a prova do dia em que começou a correr.
§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á 
prorrogado até o dia útil imediato.
§ 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou 
obstáculo judicial oposto pela parte contrária.
§ 5o Salvo os casos expressos, os prazos correrão:
a) da intimação;
b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver 
presente a parte;
c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença 
ou despacho.
d) Adequação
• É aferida pelo acerto da via recursal escolhida
e repercute no requisito subjetivo 
denominado interesse processual.
• A parte deve manejar o recurso apropriado, o
recurso exato previsto pela lei para o caso
• OBS: A adequação não é um requisito 
inafastável, haja vista o princípio da 
fungibilidade recursal ( art. 579, CPP)
e) Inexistência de fatos impeditivos
• São fatos obstativos
• Renúncia manifestada antes da interposição do 
recurso
• Desistência (que tem que ser expressa) 
manifestada após a apresentação do recurso
OBS: Art. 576, CPP – “O Ministério Público não poderá 
desistir de recurso que haja interposto”.
• Deserção: quando deixa de pagar as custas 
f) Motivação
• No processo em geral, a regra é que os recursos 
delimitem a matéria impugnada e fundamentem
a inconformidade, até mesmo para melhor 
atender ao princípio do contraditório.
• OBS: Há casos em que a motivação é dispensada: 
interposição de recurso pelo réu pessoalmente 
(art. 577, CPP), interposição de recurso por termo 
nos autos (art. 578, CPP), apelação (art. 601, CPP)
2.5.2 PRESSUPOSTOS SUBJETIVOS
a) Interesse recursal – necessidade que a parte 
tem de querer modificar a decisão que lhe foi 
desfavorável (interesse/utilidade), para obter 
situação mais vantajosa
• Em regra, falta interesse/utilidade quando o 
recurso é movido contra a motivação da 
sentença, haja vista que não se admite requerer 
tutela jurisdicional para obtenção de declaração 
doutrinária.Exceção: é aceito recurso contra 
motivação de sentença que absolve por 
insuficiência de provas (sem impedir ajuizamento 
de ação civil indenizatória).
STF:
• Súmula 283:
“É INADMISSÍVEL O RECURSO EXTRAORDINÁRIO, 
QUANDO A DECISÃO RECORRIDA ASSENTA EM 
MAIS DE UM FUNDAMENTO SUFICIENTE E O 
RECURSO NÃO ABRANGE TODOS ELES”.
OBS:
• O Ministério Público pode recorrer, na 
condição de fiscal da lei (art. 127, CF), em 
favor do acusado, sem ser sucumbente.
• Caso o MP recorra a favor do acusado e este 
também recorra contra a mesma porção da 
decisão (identidade de objeto recursal), deve 
o recurso ministerial ser julgado prejudicado.
b) Legitimidade para recorrer
• É a pertinência subjetiva que exige a 
sucumbência e a qualidade de ser parte da 
relação processual ou autorizado legal (para 
sujeito que não integre a relação jurídica 
recorrer) 
• Ex: assistente do MP
OBS:
Também possuem capacidade de ser parte:
I. Pessoa jurídica (ex: entidades de defesa do 
consumidor propondo ação penal subsidiária da 
pública – art. 80, CDC)
II. Entidades e órgãos da administração pública 
direta e indireta (art. 82, III, CDC)
III. Massa falida
IV. Herança vacante ou jacente e espólio (pessoas 
formais)
V. Família (como assistente do MP, art. 268, CPP)
AVALIAÇÃO
• PROVA (7,0 pontos)
Questões dissertativas: 4,0 pontos
Questões objetivas: 3,0 pontos
• TRABALHOS (3,0 pontos)
18/9/2018 – Entrega das atas ou certidões
* Vara Criminal (audiência de instrução): 1,0
* Turma Recursal: 1,0
* Câmara Criminal: 1,0

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