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2015 Finanças Públicas Profª Carla Moser Copyright © UNIASSELVI 2015 Elaboração: Profª Carla Moser Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 336 M899f Moser, Carla Finanças públicas/ Carla Moser. Indaial : UNIASSELVI, 2015. 236 p. : il. ISBN 978-85-7830-925-1 1. Finanças públicas. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III aPresentação Acadêmico(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Finanças Públicas. Vamos conhecer – um pouco – o direito que regula a captação e a aplicação de recursos financeiros nas entidades do setor público, eis que o controle das receitas e das despesas públicas é uma obrigação legal e moral dos gestores públicos e demais pessoas que trabalham na administração pública. Neste caderno, você, acadêmico(a), encontrará informações para reconhecer os aspectos teóricos que envolvem o cotidiano dos ingressos e saídas dos recursos públicos pelos cofres dos órgãos estatais e as regras que devem ser seguidas para a realização de uma gestão responsável. Na Unidade 1 iniciamos nossos estudos com a abordagem sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, mais conhecida como LRF. Esta é uma importante lei que veio regulamentar os dispositivos gerais sobre finanças públicas da nossa Constituição Federal - CRFB/88. Você terá condições de conhecer a origem, os objetivos, a abrangência, os princípios e a relação da LRF com a Constituição Federal e a Lei nº 4.320/64, que determina normas gerais para o direito financeiro, principalmente elaboração, controle do orçamento e de balanços públicos. Continuamos a Unidade 1 com as sanções ou punições relacionadas às transgressões de dispositivos da LRF e as regras aplicadas ao planejamento orçamentário. Findamos esta unidade com o estudo da transparência, controle e fiscalização da gestão financeira dos órgãos públicos. As questões que envolvem o orçamento público e suas características são objeto da Unidade 2, com destaque aos instrumentos de planejamento orçamentário (Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual), aos principais tipos de orçamento e ao ciclo orçamentário. Caberá à Unidade 3 apresentar as receitas e despesas públicas sob o aspecto orçamentário. A classificação, a codificação e as etapas tanto das receitas como das despesas públicas serão temas abordados nesta unidade. Lembre-se, este caderno é apenas um dos meios de você alcançar o conhecimento. O mais importante é você aguçar seu instinto de pesquisa para complementar sua formação. Outra fonte para atingir seu objetivo; “o conhecimento” é através da leitura de jornais, revistas e livros. Bons estudos, será um prazer estar com você! Profª Carla Moser IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII sumário UNIDADE 1 – A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF ............................................... 1 TÓPICO 1 – A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF ................................................ 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 3 2 A LRF E AS FINANÇAS PÚBLICAS .............................................................................................. 3 2.1 ORIGEM DA LRF ..................................................................................................................... 4 2.2 OBJETIVOS E ABRANGÊNCIA ......................................................................................... 6 2.3 PRINCÍPIOS ............................................................................................................................... 8 2.4 A LRF E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL .......................................................................... 9 2.5 A LRF E A LEI FEDERAL Nº 4.320/64 ................................................................................ 12 3 INFRAÇÕES À LRF E PENALIDADES PARA O GESTOR PÚBLICO .................................. 13 3.1 PENALIDADES PESSOAIS ................................................................................................. 14 3.2 PENALIDADES INSTITUCIONAIS ................................................................................ 15 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 19 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 20 TÓPICO 2 – A LRF E O PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO ................................................ 21 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21 2 PLANEJAMENTO NA LRF ............................................................................................................. 21 2.1 PLANO PLURIANUAL ......................................................................................................... 22 2.2 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS ..................................................................... 23 2.3 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL ......................................................................................... 25 3 REGRAS PARA AS RECEITAS PÚBLICAS ................................................................................. 26 3.1 PREVISÃO E ARRECADAÇÃO DA RECEITA ............................................................. 27 3.2 METAS BIMESTRAIS DE ARRECADAÇÃO ................................................................. 29 3.3 RENÚNCIA DE RECEITA .................................................................................................... 29 4 REGRAS PARA AS DESPESAS PÚBLICAS E O ENDIVIDAMENTO .................................. 30 4.1 CRIAÇÃO, APERFEIÇOAMENTO E EXPANSÃO DA AÇÃO GOVERNAMENTAL ............................................................................................................... 30 4.2 DESPESAS DE PESSOAL E SEGURIDADE SOCIAL ................................................ 31 4.3 TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS ..............................................................................34 4.4 A DÍVIDA PÚBLICA ............................................................................................................... 35 4.5 RESTOS A PAGAR ................................................................................................................... 37 4.6 A GESTÃO DAS DISPONIBILIDADES E O PATRIMÔNIO PÚBLICO ............... 39 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 41 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 42 TÓPICO 3 – TRANSPARÊNCIA, FISCALIZAÇÃO E CONTROLE NA LRF........................... 45 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 45 2 TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO DOS RECURSOS FISCAIS ............................................... 45 3 RELATÓRIOS DA LRF ..................................................................................................................... 48 3.1 RELATÓRIOS DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA..................................................... 49 3.2 RELATÓRIOS DE GESTÃO FISCAL ................................................................................. 53 4 A PRESTAÇÃO DE CONTAS ......................................................................................................... 57 5 A FISCALIZAÇÃO E O CONTROLE DA GESTÃO FISCAL ................................................... 60 VIII 5.1 A FISCALIZAÇÃO SEGUNDO A LRF ............................................................................. 60 5.2 O CONTROLE DA GESTÃO ................................................................................................ 62 5.2.1 Controle Interno ................................................................................................................... 63 5.2.2 Controle Externo .................................................................................................................. 65 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 69 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 74 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 76 UNIDADE 2 – O ORÇAMENTO PÚBLICO E SUAS CARACTERÍSTICAS ............................ 77 TÓPICO 1 – ORÇAMENTO PÚBLICO ............................................................................................ 79 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 79 2 CONCEITO E FINALIDADE DO ORÇAMENTO PÚBLICO .................................................. 79 3 BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................................................................................................. 81 4 ESPÉCIES DE ORÇAMENTO ......................................................................................................... 83 4.1 ORÇAMENTO TRADICIONAL ......................................................................................... 84 4.2 ORÇAMENTO ATRAVÉS DE PROGRAMAS OU ORÇAMENTO- PROGRAMA .............................................................................................................................. 85 4.3 ORÇAMENTO DE DESEMPENHO ................................................................................... 87 4.4 ORÇAMENTO DE BASE ZERO .......................................................................................... 87 4.5 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO ....................................................................................... 88 5 PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS ................................................................................................ 89 5.1 UNIDADE OU TOTALIDADE ............................................................................................ 90 5.2 UNIVERSALIDADE ............................................................................................................... 91 5.3 ANUALIDADE OU PERIODICIDADE ........................................................................... 92 5.4 EXCLUSIVIDADE ................................................................................................................... 92 5.5 ORÇAMENTO BRUTO ........................................................................................................... 93 5.6 LEGALIDADE ........................................................................................................................... 94 5.7 PUBLICIDADE ......................................................................................................................... 94 5.8 TRANSPARÊNCIA .................................................................................................................. 95 5.9 NÃO VINCULAÇÃO ............................................................................................................... 95 5.10 EQUILÍBRIO ............................................................................................................................ 96 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 97 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 98 TÓPICO 2 – PLANO PLURIANUAL – PPA .................................................................................... 99 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99 2 CONCEITO E OBJETIVOS DO PPA ............................................................................................. 99 3 A ESTRUTURA DO PPA .................................................................................................................. 101 3.1 DIRETRIZES DE GOVERNO ............................................................................................... 102 3.2 PROGRAMAS ............................................................................................................................ 103 3.3 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 105 3.4 AÇÕES ........................................................................................................................................... 106 3.5 METAS .......................................................................................................................................... 107 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 108 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 109 TÓPICO 3 – LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – LDO ................................................. 111 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 111 2 CONCEITO E FINALIDADE .......................................................................................................... 112 3 COMPETÊNCIAS DA LDO............................................................................................................. 114 4 RISCOS FISCAIS, PRIORIDADES E METAS FISCAIS............................................................ 116 IX 4.1 ANEXO DE RISCOS FISCAIS ............................................................................................. 117 4.2 ANEXODE PRIORIDADES E METAS ............................................................................ 118 4.3 ANEXO DE METAS FISCAIS .............................................................................................. 118 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 123 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 124 TÓPICO 4 – LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL - LOA..................................................................... 125 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 125 2 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL .......................... 125 2.1 NORMAS LEGAIS APLICÁVEIS ....................................................................................... 127 2.2 TIPOS DE ORÇAMENTO QUE COMPÕEM A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL ......................................................................................................................................... 128 2.2.1 Orçamento Fiscal ................................................................................................................. 129 2.2.2 Orçamento de investimentos ............................................................................................. 130 2.2.3 Orçamento da seguridade social ....................................................................................... 131 3 CRÉDITOS DO ORÇAMENTO ..................................................................................................... 132 3.1 CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS ......................................................................................... 132 3.2 CRÉDITOS ADICIONAIS ..................................................................................................... 133 3.2.1 Créditos Suplementares ...................................................................................................... 134 3.2.2 Créditos Especiais ................................................................................................................ 135 3.2.3 Créditos Extraordinários .................................................................................................... 136 3.2.4 Fontes dos Créditos Adicionais ......................................................................................... 136 4 CICLO ORÇAMENTÁRIO E SUAS ETAPAS .............................................................................. 138 4.1 ELABORAÇÃO .......................................................................................................................... 139 4.2 ESTUDO E APROVAÇÃO ..................................................................................................... 140 4.3 EXECUÇÃO ................................................................................................................................ 142 4.4 AVALIAÇÃO E CONTROLE ................................................................................................ 142 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 144 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 147 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 148 UNIDADE 3 – AS RECEITAS E AS DESPESAS PÚBLICAS SOB O ENFOQUE ORÇAMENTÁRIO .................................................................................................... 149 TÓPICO 1 – RECEITAS PÚBLICAS .................................................................................................. 151 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 151 2 RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS E EXTRAORÇAMENTÁRIAS ............................................. 151 2.1 RECEITAS ORÇAMENTÁRIAS .......................................................................................... 153 2.2 RECEITAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS .......................................................................... 154 3 ETAPAS DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA.................................................................................. 157 3.1 PLANEJAMENTO DO ORÇAMENTO ............................................................................ 158 3.1.1 Previsão ................................................................................................................................. 159 3.2 EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO ......................................................................................... 159 3.2.1 Lançamento .......................................................................................................................... 160 3.2.2 Arrecadação .......................................................................................................................... 161 3.2.3 Recolhimento ........................................................................................................................ 161 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 163 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 164 TÓPICO 2 – CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DAS RECEITAS PÚBLICAS ................ 167 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 167 2 CLASSIFICAÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS ......................................................................... 168 X 3 CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA PELA NATUREZA DAS RECEITAS ....................... 169 3.1 CATEGORIA ECONÔMICA DAS RECEITAS .............................................................. 170 3.2 ORIGEM DAS RECEITAS ..................................................................................................... 172 3.3 ESPÉCIE DAS RECEITAS ..................................................................................................... 173 3.4 RUBRICA DAS RECEITAS ................................................................................................... 173 3.5 ALÍNEA DAS RECEITAS ...................................................................................................... 174 3.6 SUBALÍNEA DAS RECEITAS ............................................................................................. 174 4 FONTES OU DESTINAÇÃO DE RECURSOS ............................................................................ 175 5 CLASSIFICAÇÃO PARA APURAÇÃO DO RESULTADO PRIMÁRIO ................................ 176 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 179 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 180 TÓPICO 3 – DESPESAS PÚBLICAS ................................................................................................. 183 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 183 2 DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS E EXTRAORÇAMENTÁRIAS ............................................ 183 2.1 DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS ......................................................................................... 185 2.2 DESPESAS EXTRAORÇAMENTÁRIAS .......................................................................... 186 3 ETAPAS DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA .................................................................................187 3.1 FIXAÇÃO DA DESPESA ........................................................................................................ 188 3.2 DESCENTRALIZAÇÕES DE CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS .............................. 189 3.3 PROGRAMAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA ........................................... 190 3.4 PROCESSO DE LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO ........................................................ 191 3.5 EMPENHO .................................................................................................................................. 192 3.5.1 Empenho estimativo ............................................................................................................ 194 3.5.2 Empenho global ................................................................................................................... 194 3.5.3 Empenho ordinário ............................................................................................................. 195 3.6 LIQUIDAÇÃO DA DESPESA PÚBLICA ......................................................................... 195 3.7 PAGAMENTO ........................................................................................................................... 196 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 199 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 200 TÓPICO 4 – CLASSIFICAÇÃO ORÇAMENTÁRIA DAS DESPESAS PÚBLICAS................ 201 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 201 2 CLASSIFICAÇÃO DA DESPESA................................................................................................... 201 2.1 CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL ........................................................................................ 203 2.2 CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL ....................................................................................... 204 2.2.1 Função ................................................................................................................................... 208 2.2.2 Subfunção ............................................................................................................................. 208 2.3 CLASSIFICAÇÃO POR ESTRUTURA PROGRAMÁTICA....................................... 209 2.3.1 Programa ............................................................................................................................... 210 2.3.2 Ação ....................................................................................................................................... 210 2.4 CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA ............................................................................... 212 2.4.1 Categoria econômica ........................................................................................................... 213 2.4.2 Grupo de natureza da despesa .......................................................................................... 214 2.4.3 Modalidade de aplicação .................................................................................................... 215 2.4.4 Elemento de despesa ........................................................................................................... 217 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 222 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 226 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 227 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 229 1 UNIDADE 1 A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você estará apto(a) a: • conhecer a origem, abrangência, objetivos e princípios da LRF; compreender o papel da LRF na gestão das finanças públicas; • identificar as penalidades aplicadas ao gestor que desrespeitar a LRF; • conhecer e distinguir os instrumentos de planejamento orçamentário re- gulamentados pela LRF; • identificar pontos relevantes do controle das contas públicas para atingir o equilíbrio fiscal; • reconhecer a importância da transparência das contas públicas para forta- lecer o controle fiscal; • entender e distinguir os tipos de controles, tais como: controle interno e controle externo. Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles você encontrará atividades que o(a) auxiliarão a fixar os conhecimentos desenvolvidos. TÓPICO 1 – A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF TÓPICO 2 – A LRF E O PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO TÓPICO 3 – TRANSPARÊNCIA, FISCALIZAÇÃO E CONTROLE NA LRF 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF 1 INTRODUÇÃO A trajetória da administração pública no Brasil obedeceu a uma série de desordens, desvios, crises e irresponsabilidades no que diz respeito à gestão dos gastos públicos. Em um ambiente de dívidas e baixa nos investimentos das diversas políticas públicas, surgiu a necessidade de criar regras para gerir o controle de gastos e determinar a responsabilidade por parte de quem utiliza o dinheiro público. A previsão legal, que rege normas de finanças públicas, determinada na Constituição Federal de 1988, necessitava de regulamentação. Foi apenas em 2000 que a consolidação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ocorreu, com o propósito de regulamentar, normatizar e estabelecer uma utilização responsável e coerente do dinheiro público. Esse novo código de conduta passa a ser, então, uma diretriz para a eficiência na prestação de serviços pelos administradores públicos. Neste tópico vamos compreender o papel da LRF na gestão das finanças públicas. Para atingirmos nosso objetivo é necessário conhecermos os motivos que deram origem à Lei de Responsabilidade Fiscal, bem como, identificar a abrangência (quem deve respeitar a nova legislação), seus objetivos e princípios. Para a conclusão do Tópico 1, vamos iniciar os estudos do princípio da responsabilização, do qual é necessário identificar as penalidades aplicadas aos gestores e às instituições que desrespeitarem as normas da LRF. 2 A LRF E AS FINANÇAS PÚBLICAS A Lei de Responsabilidade Fiscal veio estabelecer normas relacionadas às finanças públicas com o intuito de impor responsabilidade na gestão fiscal e preencher a lacuna existente entre a Constituição Federal e a Lei nº 4.320/64 (CRUZ et al., 2012). A finalidade desta lei em relação às finanças públicas pode ser percebida já em seu Art. 1º, observe: “Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição”. UNIDADE 1 | A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF 4 A LRF veio responsabilizar os gestores que não forem responsáveis com as finanças públicas. Para o pesquisador Gattringer (2006), os administradores públicos necessitam ter atenção às receitas públicas decorrentes da arrecadação dos tributos, à utilização de bens e à remuneração de serviços públicos, caso contrário poderão acarretar em responsabilidade pessoal ao agente causador de prejuízos aos cofres públicos. O enfrentamento de todos esses pontos relevantes para gerir e controlar um Estado necessita de condições harmônicas, meios e esforços que ajudem a calcular os riscos, atingir metas e obter resultados positivos. “A novidade da Lei de ResponsabilidadeFiscal reside no fato de responsabilizar especificamente a parte da gestão financeira, a partir de um acompanhamento sistemático do desempenho mensal, trimestral, anual e plurianual” (CRUZ et al., 2012, p. 2). Na visão do TCE/SC (2002, p. 10), a LRF vem introduzir regras de equilíbrio financeiro nas finanças públicas, bem como responsabilizar os governantes que desrespeitam, sem motivos, a regra de gastar apenas o que se dispõe: Se fosse possível resumir a lei em apenas uma frase, poderíamos fazê- lo afirmando que o poder público somente pode assumir obrigações até o limite de que já dispõe (pay as you go), em outras palavras: os responsáveis pela observância das normas da Lei de Responsabilidade Fiscal devem manter o equilíbrio nas contas públicas. (grifo nosso) A Lei de Responsabilidade Fiscal veio introduzir a gestão gerencial e responsável nas administrações públicas. Para atingir sua finalidade, determina regras de planejamento, transparência, controle e responsabilização direcionadas à gestão dos recursos financeiros, disponibilidades, endividamento, entre outros. 2.1 ORIGEM DA LRF A gestão pública mundial segue um processo que visa substituir a administração burocrática e ultrapassada pela gerencial com foco na prestação de serviços públicos eficientes e com maior abrangência (TCE/SC, 2002). Apesar da Lei de Responsabilidade Fiscal ser inovadora, em termos de prática concreta, diante do cenário de oscilações das finanças públicas no Brasil, suas raízes provêm de inspirações em outros países, tomando como ponto de partida a experiência internacional. (TCE/SC, 2002). Dentre os vários modelos já utilizados de regras para implantar a gestão fiscal responsável, segundo os autores Nascimento e Debus (2002, p. 6), foram escolhidos, como exemplos para a nossa LRF, os seguintes modelos: TÓPICO 1 | A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF 5 2.1 ORIGEM DA LRF Os modelos que foram tomados como referencial para a elaboração da Lei de Responsabilidade Fiscal são: • o Fundo Monetário Internacional, organismo do qual o Brasil é Estado-membro, e que tem editado e difundido algumas normas de gestão pública em diversos países; • a Nova Zelândia, através do Fiscal Responsibility Act, de 1994; • a Comunidade Econômica Europeia, a partir do Tratado de Maastricht; e, • os Estados Unidos, cujas normas de disciplina e controle de gastos do governo central levaram à edição do Budget Enforcement Act, aliado ao princípio de “accountability”. (grifo nosso) O Fiscal Transparency do Fundo Monetário Internacional (FMI) é um modelo que vários países utilizaram e obtiveram iniciativas bem-sucedidas, no sentido de evitar o surgimento de grandes déficits públicos e, como consequência, a elevação dos níveis da dívida. Este modelo tem como objetivo evidenciar informações orçamentárias de modo fácil e compreensivo pelo controle social. Os artigos 54 e 55, da LRF, são exemplos da utilização deste princípio do FMI na lei brasileira (TOLEDO JR; ROSSI, 2005). O modelo da Nova Zelândia tomado como inspiração para o caso brasileiro, de acordo com Soares (2012), difere dos outros modelos, pois não prevê metas fiscais; admite afastamentos temporários; considera perigosa a perda de credibilidade pelo não cumprimento de metas; teme pela manipulação de informação para ajustá-la às metas fixadas, entre outros. Já para Toledo Jr. e Rossi (2005), a política fiscal da Nova Zelândia tem os objetivos de reduzir a dívida pública a níveis prudentes e manter certo nível de reservas patrimoniais para enfrentar fatores imprevisíveis, que são os chamados riscos fiscais. O Tratado de Maastricht, assinado na cidade holandesa de mesmo nome, na visão de Nascimento e Debus (2002), representou um marco na União Europeia, o novo bloco que se formara no continente. O tratado estabeleceu várias metas para facilitar a circulação das pessoas, produtos e serviços, com a finalidade de estabilizar a política do continente. Sobre o Tratado de Maastricht, ressaltam Toledo Jr. e Rossi (2005, p. 9) que: “[...] Vêm daí nossas metas de resultado, avençadas na lei de diretrizes orçamentárias [...]”. Ainda neste cenário internacional, sobre o Budget Enforcement Act, Toledo Jr. e Rossi (2005, p. 10) mostram a importância do movimento para a inspiração da LRF: Tal plano contempla apenas o Governo Federal [...] esse programa americano inspirou o hoje obrigatório instituto da limitação de despesa (empenho), prescrito no art. 9 da Lei Complementar n. 101, de 2000. Demais disso, ao instituir o pay as you go (pague para prosseguir), o Budget Enforcement Act sugeriu-nos a compensação financeira de novas despesas obrigatórias de caráter continuado, quer mediante o aumento permanente das receitas, quer por meio do corte permanente de outras despesas (art. 17). (grifo nosso) UNIDADE 1 | A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF 6 Para os estudiosos Monteiro e Pivatto (2014, p. 136), a concepção do surgimento da LRF vem através do seguinte contexto: Diante de um cenário nacional marcado pelo elevado nível de tributação e a pouca efetividade dos gastos públicos, notadamente em relação à baixa qualidade da educação, saúde e segurança pública, bem como a limitada capacidade de investimento em melhorias estruturais que possibilitem avanços mais significativos para a economia e para a sociedade, a LRF surgiu e ainda mantém o importante papel de disciplinar a gestão dos recursos públicos, atribuindo aos gestores obrigações e monitoramento permanente, objetivando a manutenção do equilíbrio entre receitas e despesas. São diversas as influências internacionais para nosso modelo de Lei de Responsabilidade Fiscal. Assim, vemos as principais características desses movimentos ressurgirem, objetivando o controle adequado e a transparência às ações do governo. 2.2 OBJETIVOS E ABRANGÊNCIA Sobre o objetivo da LRF, Machado Jr. e Reis (2011) afirmam que, pelo seu teor, a lei procura fazer com que o gestor público se conscientize da necessidade da adoção de uma gestão responsável com vistas ao equilíbrio das contas governamentais. Os autores defendem que, nesses termos, fica muito difícil aceitar um déficit sem uma justificativa plausível. O principal objetivo da LRF é ressaltar o princípio da responsabilidade, do planejamento com um foco na execução gerencial das contas públicas. O autor Soares (2012) corrobora no mesmo sentido, quando comenta que esta lei surgiu num momento difícil da história das finanças públicas do país, quando se fez necessário limitar os gastos públicos e impor metas numéricas aos administradores públicos, em todas as esferas governamentais. Os gestores entenderam que a LRF conduz ao equilíbrio fiscal e, para evitar problemas com as sanções e a responsabilização, investirão em controle de receitas e despesas. É a explicação do professor Wisintainer (2006, p. 159): “[...] após a entrada em vigor da Lei Complementar nº 101/2000, de 4 de maio de 2000 [...] tornou-se obrigatória a busca incessante pelo equilíbrio das contas públicas, principalmente no que se refere à arrecadação de receita e desembolsos de despesas”. A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. É um código de conduta para os administradores públicos, que passaram a respeitar normas e limites para administrar as finanças, prestando contas de quanto e como gastam os recursos da sociedade (TCE/SC, 2002). TÓPICO 1 | A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF 7 2.2 OBJETIVOS E ABRANGÊNCIA A Lei de Responsabilidade Fiscal abrange os três poderes da administração pública. Estão sujeitos à Lei de Responsabilidade Fiscal os Poderes Executivo, Legislativo, inclusive Tribunais de Contas e Judiciário, bem como o Ministério Público e os órgãos da administração direta,fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes (KHAIR, 2001, p. 13). No Art. 1º, § 2º e § 3º, da LRF, encontramos delineada a abrangência deste código de conduta fiscal. Observe quem se obriga a seguir as normas vigentes: Art. 1º [...] § 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. § 3º Nas referências: I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos: a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes; II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município. É importante destacar, de acordo com Toledo Jr. e Rossi (2005), que a LRF é bastante abrangente e inclui a administração direta e indireta, excetua apenas as empresas estatais que não dependem da arrecadação governamental. A responsabilidade não fica restrita ao chefe do Poder Executivo (Presidente da República, governadores e prefeitos), vem responsabilizar os demais Poderes e suas estruturas governamentais. IMPORTANT E Empresa estatal dependente é a empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária. (TCE/SC 2002, p. 17). UNIDADE 1 | A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF 8 2.3 PRINCÍPIOS Os princípios são elementos que fundamentam o ordenamento jurídico, representam os valores a serem perseguidos. As regras trazidas pela lei devem estar em consonância com estes valores. No caso da LRF seu objetivo é o equilíbrio financeiro, fundamentando-se nos princípios de: planejamento, transparência, controle e responsabilidade (TCE/SC, 2002). A LRF é toda construída nos princípios constitucionais expressos no Art. 37, que representam os pilares para o funcionamento da administração pública: “Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...].” (grifo nosso). Entendemos que este código de conduta busca o equilíbrio fiscal e a responsabilidade na gestão pública através do planejamento, transparência e controle de gastos por parte das administrações públicas federais, estaduais e municipais, além de outros objetivos claramente identificados. A ideia principal da Lei Complementar 101/2000 – LRF está resumida neste artigo primeiro, o qual ressalta como princípio da responsabilidade fiscal a existência de planejamento, transparência, definição e cumprimento de limites e metas de receita e despesa, operações de crédito, bem como qualquer fator ou procedimento que possa comprometer o equilíbrio das contas públicas. (GOMES, 2006, p. 116/117). Resumindo o § 1º, do Art. 1º da LRF, verificamos que através da responsabilização, do planejamento, da transparência e do controle procura-se prevenir, corrigir e alcançar o equilíbrio das contas públicas, no que tange: • Ao cumprimento de metas e resultados entre receitas e despesas. • A limites, visando ao equilíbrio das contas públicas. • A condições para a renúncia de receitas. • A condições para a geração de despesas com pessoal. • A geração de despesas com a seguridade social e outras. • A geração de despesas com as dívidas consolidada e mobiliária. • As operações de crédito, inclusive por antecipação da receita. • A concessão de garantias. • A inscrição em restos a pagar. A STN (2013, p. 17) esclarece quais atitudes um gestor público responsável deve ter: TÓPICO 1 | A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF 9 2.3 PRINCÍPIOS O administrador público que atua de acordo com o modelo de responsabilidade na gestão fiscal é aquele que se empenha na preservação do equilíbrio das contas públicas por meio da observação das normas e limites de gastos previstos em lei, e principalmente na prestação de contas sobre o quanto e como se gastam os recursos colocados à disposição da administração pela sociedade. (grifo nosso) Observe, a partir da exposição dos autores acima, que os princípios nem sempre são expressos na legislação, muitas vezes estão descritos de forma subliminar, mas aparecem para nos nortear em relação aos objetivos e regras da lei. DICAS As informações contidas neste caderno de estudos devem ser complementadas com pesquisas em jornais, livros, revistas, reportagens, entre outros meios de informação. Você, como contribuinte, deve se atualizar e saber o que está acontecendo com o seu dinheiro que vai para os cofres públicos. 2.4 A LRF E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL Buscamos nos ensinamentos do doutrinador Alkmim (2009, p. 741) a interpretação do significado de finanças públicas, inserido no texto constitucional brasileiro: As finanças públicas representam o conjunto de recursos públicos arrecadados pelo Estado, através da cobrança de tributos junto à sociedade, e a gestão de tais recursos pelo ente estatal, visando o custeio de sua atividade e a realização dos investimentos necessários ao desenvolvimento do país. O tema finanças públicas compreende várias matérias, como: o orçamento, a dívida pública interna e externa, as políticas cambiais, monetárias e fiscais, dentre outras. (grifo nosso) A Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF passou a existir mediante a entrada em vigor da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Esta lei foi criada visando atender, de maneira especial, aos artigos 163 até 169 da Constituição Federal de 1988, que esclarecem a obrigatoriedade de criação de uma lei complementar para instituir normas de finanças públicas, bem como o estabelecimento de outras particularidades concernentes ao planejamento orçamentário. De 1988 até a aprovação da LRF existiam lacunas no que tange à regulamentação das normas de gestão financeira e patrimonial dos entes federativos, é o que orientam os pesquisadores Cruz et al. (2012, p. 3): UNIDADE 1 | A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF 10 A retaguarda constitucional mencionada para a Lei de Responsabilidade Fiscal é o Capítulo II do Título VI da Constituição Federal, de 5-10-1988, que trata das normas gerais de finanças públicas e dos orçamentos. Especificamente, os art. 163, 164, 165, 166, 167, 168 e 169 são os que integram o referido título. No art. 165 da Constituição Federal de 1988, há o § 9º, que remete para uma futura lei complementar a incumbência de: estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial e da administração direta e indireta, bem como para instituição e funcionamento de fundos. Portanto, o assunto da cobertura legal para a normatização pretendida na Lei de Responsabilidade Fiscal é uma decorrência da aplicação do texto constitucional que somente agora passa a contar com essa lei complementar. Complementam os autores Nascimento e Dubes (2002, p. 5) que a LRF substitui outras legislações que regulamentavam parte das finanças públicas, a exemplo da chamada Lei Camata II: A LRF atende também ao artigo 169 da Carta Magna, que determina o estabelecimento de limites para as despesas com pessoal ativo e inativo da União a partir de Lei Complementar. Neste sentido, ela revoga a Lei Complementar nº 96, de 31 de maio de 1999, a chamada Lei Camata II (artigo 75 da LRF). Em seguida, apresentamos um quadro com o resumo das matérias contidas no Art. 163 ao Art. 169, da Constituição Federal, para que você, acadêmico(a), possa entender adimensão dos conteúdos que compreendem as finanças públicas. QUADRO 1 – RESUMO DAS MATÉRIAS DE FINANÇAS PÚBLICAS CONTIDAS NO ART. 163 AO ART. 169 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL ARTIGOS MATÉRIAS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL Artigo 163 Finanças públicas, dívida pública externa e interna, incluída a das autarquias, fundações e demais entidades controladas pelo poder público, concessão de garantias pelas entidades públicas, emissão e resgate de títulos da dívida pública, fiscalização financeira da administração pública direta e indireta, operações de câmbio realizadas por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compatibilização das funções das instituições oficiais de crédito da União, resguardadas as características e condições operacionais plenas das voltadas ao desenvolvimento regional. Artigo 164 A competência da União para emitir moeda através do Banco Central. Vedações ao Banco Central na concessão de empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira. A comercialização, através do Banco Central, sobre títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros. Destino das disponibilidades de caixa da União que deverão ser depositadas no Banco Central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do poder público e das empresas por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei. Artigo 165 Instrumentos de planejamento orçamentário: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual. TÓPICO 1 | A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF 11 Artigo 166 O processo de tramitação e aprovação, incluindo prazos do Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual. Artigo 167 Vedações para o processo orçamentário, como: • o início de programas ou projetos não incluídos na LOA; • a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais; • a realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta; • a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, com exceções; • a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino, para realização de atividades da administração tributária; • a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes; • a transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa; • a concessão ou utilização de créditos ilimitados, a utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa; • a transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; • a utilização dos recursos provenientes das contribuições sociais para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdência social. Artigo 168 Prazos para repasses financeiros e orçamentários destinados aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, ao Ministério Público e à Defensoria Pública. Artigo 169 Limites das despesas com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. FONTE: A autora O universo que a Lei de Responsabilidade Fiscal regulamenta para impor a gestão responsável e o equilíbrio nas contas públicas é bastante amplo. Esta Lei Complementar procura dar o norte, nos seus 75 artigos, aos entes federativos brasileiros. UNIDADE 1 | A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF 12 2.5 A LRF E A LEI FEDERAL Nº 4.320/64 A aplicabilidade da LRF teve início no ano 2000, contudo, a busca pelo equilíbrio financeiro na administração pública já existe há mais tempo. Antes mesmo da criação da Constituição Federal de 1988, já se falava em controle de orçamentos regulamentados por meio da Lei n° 4.320, de 17 de março de 1964 (Lei nº 4.320/64). No Art. 1º, da Lei Federal 4.320, aprovada em 17 de março de 1964, encontramos expresso seu objetivo, que é: “Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal [...]”. (grifo nosso) Nascimento e Dubes (2002, p. 5) orientam que a LRF não revoga a Lei nº 4.320/64, que determina normas gerais de direito financeiro por mais de 40 anos, mesmo antes da atual Constituição Federal: A LRF não substitui nem revoga a Lei nº 4.320/64, que normatiza as finanças públicas no país há quase 40 anos. Embora a Constituição Federal tenha determinado a edição de uma nova lei complementar em substituição à Lei 4.320, não é possível prever até quando o Congresso Nacional concluirá os seus trabalhos em relação ao projeto já existente. A respeito da relação entre a LRF e a Lei nº 4.320/64, Machado Jr. e Reis (2011, p. 1) ensinam que: A Lei 4.320, [...], conjugou duas técnicas utilizadas em dois sistemas de informações para o controle: o orçamento e a contabilidade. O orçamento, entretanto, evoluiu para aliar-se ao planejamento, surgindo o orçamento-programa como especialização, devendo, na prática, operar como ele entre os sistemas de planejamento e de finanças. Com isso torna-se possível a operacionalização dos planos, porque monetariza, isto é, coloca-os em função dos recursos financeiros disponíveis, permitindo que o planejador tenha os pés no chão, em face das disponibilidades dos recursos financeiros. Está é, sem dúvidas, a ideia central da Lei de Responsabilidade Fiscal. Continuando com as orientações de Machado Jr. e Reis (2011), a LRF abrange mais conteúdos que a Lei nº 4.320/64, porque vai além da regulamentação do orçamento público, criando regras de endividamento, índices de despesas e introduzindo a transparência para as finanças públicas. As duas leis versam sobre finanças públicas, a mais antiga de forma geral e a mais recente com temas específicos, porém, caso haja conflito entre elas, prevalecerá o prescrito na mais recente. São orientações dos pesquisadores Nascimento e Debus (2002, p. 12): TÓPICO 1 | A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF 13 2.5 A LRF E A LEI FEDERAL Nº 4.320/64 [...] a Lei Complementar n° 101, de 2000 - LRF, não revoga a Lei nº 4.320/64. Os objetivos das duas normas são distintos: enquanto a Lei nº 4.320/64 estabelece as normas gerais para a elaboração e o controle dos orçamentos e balanços, a LRF estabelece normas de finanças públicas voltadas para a gestão fiscal. Por outro lado, a Constituição Federal deu à Lei nº 4.320/64 o status de Lei Complementar. Mas, existindo algum dispositivo conflitante entre as duas normas jurídicas, prevalece a vontade da lei mais recente. (grifo nosso) Os estudiosos Cruz et al. (2012) afirmam que a novidade da LRF, em relação às outras normas financeiras, é a introdução da responsabilização do gestor e o efetivo acompanhamento do desempenho financeiro do ente federativo através de demonstrativos mensais, trimestrais, anuais e plurianuais. Já paraNascimento e Debus (2002), a LRF alterou os conceitos de dívida fundada, empresa estatal dependente, operações de crédito, alterou o tratamento dos restos a pagar e atribuiu à contabilidade pública funções novas no controle orçamentário e financeiro, garantindo-lhe um caráter mais gerencial. Os autores Toledo Jr. e Rossi (2005) lembram que tramita no Congresso Nacional projeto de lei complementar para a alteração e substituição da Lei nº 4.320/64. Os mesmos estudiosos afirmam que o objetivo é criar normas que enfocarão os aspectos mais corriqueiros (do dia a dia) da execução dos instrumentos de planejamento orçamentário PPA, LDO e LOA. IMPORTANT E Acadêmico(a), você sabe onde e quem pode denunciar infrações à LRF? Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumprimento das prescrições estabelecidas nesta Lei Complementar. FONTE: Art. 73-A, da Lei de Responsabilidade Fiscal. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm> 3 INFRAÇÕES À LRF E PENALIDADES PARA O GESTOR PÚBLICO Toda a legislação punitiva que se relacione aos crimes de responsabilidade na gestão fiscal pode ser utilizada na defesa do direito a uma conduta adequada. Entenda que é possível utilizar a legislação anterior à LRF, como o Código Penal, crimes de responsabilidade de membros dos poderes da União e dos estados, crimes de responsabilidade dos prefeitos e vereadores, lei de improbidade administrativa, entre outras. Encontramos no Art. 73, da LRF, a possibilidade de punir as infrações cometidas contra dispositivos do nosso código de conduta fiscal: UNIDADE 1 | A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF 14 3.1 PENALIDADES PESSOAIS Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar serão punidas segundo o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950; o Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992; e demais normas da legislação pertinente. Também é permitida a utilização da legislação posterior à edição da LRF, como a Lei de Crimes Fiscais – LCF, Lei nº 10.028, de 19 de outubro de 2000, que veio criminalizar as condutas fiscais indevidas dos gestores e altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal; a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, e o Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967. A legislação punitiva relacionada aos crimes de responsabilidade na gestão fiscal pode ser aplicada tanto aos gestores (penalidades pessoais) e, também, aos entes federativos (penalidades institucionais). Para os gestores que infringirem dispositivos da LRF, segundo Aguiar (2004), existem sanções pessoais na área penal e administrativa que poderão ser aplicadas após o devido processo legal. “Paralelamente às sanções institucionais, descritas no próprio texto da LRF, o descumprimento da LRF poderá representar para o administrador público a aplicação de penalidades penais e administrativas [...]” (NASCIMENTO; DEBUS, 2002, p. 102). Corrobora com os mesmos ensinamentos o autor Soares (2012, p. 72) sobre as penalidades pessoais dos gestores públicos: “[...] as penalidades pessoais são impostas apenas ao gestor público que descumprir as regras da Lei de Responsabilidade Fiscal, sem penalizar o órgão que representa. A penalidade pessoal é dividida entre sanções de ordem administrativa e de ordem penal”. Para o pesquisador Khair (2001), existem 11 situações de desrespeito à LRF que podem ser classificadas como transgressões fiscais, e 64 situações que podem ser consideradas punições penais, entre ações e omissões. Isto porque, deixar de divulgar o Relatório de Gestão Fiscal, por exemplo, constitui infração administrativa, a ser processada e julgada pelos Tribunais de Contas. TÓPICO 1 | A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF 15 3.1 PENALIDADES PESSOAIS DICAS Para saber mais sobre infrações à LRF e penalidades para o gestor público, sugerimos a leitura complementar do livro: Crimes de responsabilidade fiscal. FONTE: PAZZAGLINI FILHO, Marino. Crimes de responsabilidade fiscal. São Paulo: Atlas, 2006. 3.2 PENALIDADES INSTITUCIONAIS As penalidades institucionais são compreendidas como vedações, restrições, impedimentos, proibições e punições aplicadas aos órgãos públicos que representam os Poderes e os entes federativos. As punições institucionais são aquelas sanções dirigidas aos poderes constituídos aos entes da Federação, ou aos órgãos sujeitos ao cumprimento da LRF. No texto da Lei de Responsabilidade Fiscal estas sanções estão contidas em vários dispositivos da lei e aparecem sob a forma das palavras: ‘vedações’ (art. 11), ‘restrições’ (art.23 § 4°), ‘impedimentos’ (art. 31 § 2°) e ‘proibições’ (art. 31 §1°). Perceba que o legislador não se preocupou com a utilização da mesma palavra para estabelecer a ‘punição’ ao agente político, o que não significa que o agente público não esteja sujeito ao cumprimento das penalidades estabelecidas na LRF. (grifo nosso). (SOARES, 2012, p. 57). Apresentam exemplos das sanções institucionais aplicadas para as infrações à LRF os doutrinadores Nascimento e Debus (2002, p. 100): As sanções institucionais correspondem à interrupção de transferências voluntárias (e a sua contratação) realizadas pelo Governo Federal, ao impedimento de contratação de operações de crédito e à impossibilidade para a obtenção de garantias da União para a contratação de operações de crédito externo. (grifo nosso) Para facilitar a compreensão do tema relacionamos, no quadro a seguir, alguns exemplos de transgressões à Lei de Responsabilidade Fiscal, e também apresentamos as correspondentes sanções penais, tanto pessoais como institucionais. UNIDADE 1 | A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF 16 QUADRO 2 – ALGUNS EXEMPLOS DE TRANSGRESSÕES À LRF E SUAS SANÇÕES PENAIS Infração Sanção/Penalidade Deixar de apresentar e publicar o Relatório de Gestão Fiscal, no prazo e com o detalhamento previsto na lei (LRF, artigos 54 e 55; Lei nº 10.028/2000, art. 5º, inciso I). Multa de 30% dos vencimentos anuais (Lei nº 10.028/2000, art. 5º, inciso I e § 1º). Proibição de receber transferências voluntárias e contratar operações de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária (LRF, art. 51, § 2º). Ultrapassar o limite de Despesa Total com Pessoal em cada período de apuração (LRF, art. 19 e 20). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Expedir ato que provoque aumento da Despesa com Pessoal em desacordo com a lei (LRF, art. 21). Nulidade do ato (LRF, art. 21). Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º). Expedir ato que provoque aumento da Despesa com Pessoal nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão (LRF, art. 21). Nulidade do ato (LRF, art. 21, § único). Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º). Deixar de adotar as medidas previstas na LRF, quando a Despesa Total com Pessoal do respectivo Poder ou órgão exceder a 95% do limite (LRF, art. 22). Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º). Proibições previstas em lei (LRF, art. 22, § único). Deixar de adotar as medidas previstas na lei, quando a Despesa Total com Pessoal ultrapassar o limite máximo do respectivo Poder ou órgão (LRF, art. 23). Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º). Manter gastos com inativos e pensionistas acima do limite definido em lei (LRF, artigos 18 a 20, art. 24 § 2º, art. 59, § 1º, inciso IV). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Não cumprir limite de DespesaTotal com Pessoal em até dois anos, caso o Poder ou órgão tenha estado acima desse limite em 1999 (LRF, art. 70). Proibição de receber transferências voluntárias, contratar operações de crédito e de obter garantias (LRF, art. 23, § 3º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Deixar de reduzir o montante da Dívida Consolidada que exceda o respectivo limite, no prazo previsto em lei (LRF, art. 31, §1º). Detenção de três meses a três anos, perda do cargo e inabilitação para a função por cinco anos (Lei nº 10.028/2000, art. 4º, inciso XVI). Proibição de realizar operação de crédito, enquanto perdurar o excesso. Obrigatoriedade de obtenção de resultado primário, com limitação de empenho (LRF, art. 31, § 1º). Exceder o refinanciamento do principal da dívida mobiliária do exercício anterior (LRF, art. 29, § 4º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). TÓPICO 1 | A GESTÃO DAS FINANÇAS PÚBLICAS E A LRF 17 Não obter o resultado primário necessário para recondução da dívida aos limites (LRF, art. 31, §1º, inciso II). Multa de 30% dos vencimentos anuais (Lei nº 10.028/2000, art. 5º, inciso III e § 1º). Ultrapassar o prazo para o retorno da Dívida Mobiliária e das Operações de Crédito aos limites (LRF, art. 31, §§ 2º e 3º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Proibição de receber transferências voluntárias. Conceder Garantia em desacordo com a lei (LRF, art. 40). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Conceder Garantia sem o oferecimento de Contragarantia determinada pela lei (LRF, art. 40, § 1º). Detenção de três meses a um ano (Lei nº 10.028/2000, art. 2º). Conceder Garantia acima dos limites fixados pelo Senado Federal (LRF, art. 40 § 5º). Nulidade do ato (LRF, art. 40 § 5º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). As entidades da administração indireta, inclusive suas empresas controladas e subsidiárias concederem Garantia, ainda que com recursos de fundos (LRF, art. 40, § 6º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Não ressarcir pagamento de dívida honrada pela União ou Estados, em decorrência de Garantia prestada em Operação de Crédito (LRF, art. 40, § 9º). Condic ionamento de t ransferênc ias constitucionais para o ressarcimento. Não ressarcir pagamento de dívida honrada pela União ou Estados (LRF, art. 40, § 9º). Não liquidar a dívida total que tiver sido honrada pela União ou por Estado, em decorrência de Garantia prestada em Operação de Crédito (LRF, art. 40, § 10º). Suspensão de acesso a novos financiamentos (LRF, art. 40, § 10º). Contratar Operação de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária, em desacordo com a lei (LRF, art. 38). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Realizar Operação de Crédito fora dos limites estabelecidos pelo Senado Federal (LRF, art. 32, § 1º, inciso III). Detenção de três meses a três anos, perda do cargo e inabilitação para a função por cinco anos (Lei nº 10.028/2000, art. 4º, inciso XVI). Realizar Operação de Crédito com outro ente da Federação, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente (LRF, art. 35). Detenção de três meses a três anos, perda do cargo e inabilitação para a função por cinco anos (Lei nº 10.028/2000, art. 4º, inciso XVI). N ã o l i q u i d a r i n t e g r a l m e n t e a s Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária, inclusive os respectivos juros e demais encargos, até o encerramento do exercício financeiro, especificamente até o dia 10 de dezembro de cada ano. Detenção de três meses a três anos, perda do cargo e inabilitação para a função por cinco anos (Lei nº 10.028/2000, art. 4º, inciso XVI). UNIDADE 1 | A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF 18 Receita de Operações de Crédito em montante superior ao das despesas de capital, no projeto da lei orçamentária (LRF, art. 12, § 2º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Aplicar Disponibilidade de Caixa em desacordo com a lei. Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Não depositar, em conta separada das demais disponibilidades de cada ente, as Disponibilidades de Caixa dos regimes de previdência social e não aplicá-las nas condições de mercado, com observância dos limites e condições de proteção e prudência financeira (LRF, art. 43, § 1º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Aplicar Disponibilidade de Caixa dos regimes de previdência social em títulos estaduais ou municipais, ações e outros papéis de empresas controladas e conceder empréstimos aos segurados e ao poder público (LRF, art. 43, § 2º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). Inscrever, em Restos a Pagar, despesa que não tenha sido previamente empenhada ou que exceda o limite estabelecido na lei (LRF, art. 42 e art. 55, inciso III, alínea “b”). Detenção de seis meses a dois anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º, inciso XVI). Não cumprir, até 2002, o limite de Despesa com Serviços de Terceiros do exercício em referência que não poderá ser superior, em percentual da Receita Corrente Líquida, a despesa verificada no exercício de 1999 (LRF, art. 72). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII). FONTE: Adaptado de Nascimento e Debus (2002, p. 103-104) 19 Neste tópico você viu que: • A finalidade da LRF é estabelecer normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e o equilíbrio fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição. • O nosso modelo de Lei foi inspirado na experiência internacional, em especial ao modelo apresentado pelo Fundo Monetário Internacional, ao modelo da Nova Zelândia, através do Fiscal Responsibility Act, ao modelo da Comunidade Econômica Europeia, através do Tratado de Maastricht e, também, ao modelo dos Estados Unidos, cujas normas de disciplina e controle de gastos do governo central levaram à edição do Budget Enforcement Act. • A LRF busca uma gestão financeira responsável, com equilíbrio fiscal, através dos princípios do planejamento, transparência, controle e responsabilização. • Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumprimento das prescrições estabelecidas na LRF. • As sanções ou punições em relação às infrações cometidas contra a LRF podem ser institucionais e pessoais. RESUMO DO TÓPICO 1 20 Prezado(a) acadêmico(a), para que possamos avaliar a compreensão dos conceitos aos quais tivemos acesso até o momento, os convido a responder aos questionamentos a seguir. 1 Expedir ato que provoque aumento da Despesa com Pessoal nos 180 dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão poderá causar a nulidade do ato. Assinale a alternativa CORRETA que corresponde ao conceito descrito. ( ) Verdadeiro. ( ) Falso. 2 A Lei de Responsabilidade Fiscal veio estabelecer normas relacionadas às finanças públicas com o intuito de impor responsabilidade na gestão fiscal e preencher a lacuna existente entre a Constituição Federal e a Lei nº 4.320/64. Assinale a alternativa CORRETA que corresponde à data em que a LRF entrou em vigor: a) ( ) Dia 05/05/2000. b) ( ) Dia 04/05/2000. c) ( ) Dia 01/01/2001. d) ( ) Dia 01/05/2001. 3 Os princípios servem como bases-mestras para a interpretação das leis. Assinale as alternativas CORRETAS que identificam princípios relacionados à LRF: a) ( ) Transparência. b) ( ) Impunidade. c) ( )Controle. d) ( ) Planejamento. 4 A Lei de Responsabilidade Fiscal apresenta regras gerais de finanças públicas. Assinale as alternativas CORRETAS que identificam os entes federativos, órgãos e entidades que fazem parte da abrangência da LRF: a) ( ) A União. b) ( ) Os Estados. c) ( ) Os Municípios. d) ( ) Empresa estatal independente. AUTOATIVIDADE 21 TÓPICO 2 A LRF E O PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Pelo voto, o cidadão brasileiro elege seus representantes para administrarem os entes públicos em suas diversas esferas: federal, estadual e municipal. Estes são remunerados, pela sociedade, para gerirem os recursos públicos e desenvolverem políticas públicas com serviços de qualidade. Para haver continuidade nos serviços públicos, com eficiência, é fundamental que fornecedores e servidores públicos tenham certeza de que serão remunerados adequadamente e sem atrasos. Apresentar equilíbrio nas contas gera credibilidade, em qualquer área, inspira segurança para com seus contratantes, e como retorno pode-se desenvolver atividades sem contratempos. A Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF foi instituída para estabelecer a gestão responsável e garantir o equilíbrio contínuo das contas públicas. O planejamento, juntamente com o controle, transparência e responsabilidade são considerados nesta lei como essenciais para a eficiência na gestão fiscal do governo. Desde o ano de 2000 existe um código de conduta financeira para os entes públicos. Surge a necessidade de apresentarmos as regras introduzidas por este instrumento, para influenciar as ações planejadas na conquista do equilíbrio fiscal. Para tanto é indispensável discorrermos sobre os principais instrumentos de planejamento orçamentário, a compatibilidade entre eles, as principais mudanças em relação às receitas e as despesas públicas. Este tópico traz, para você, informações que vão lhe permitir conhecer e distinguir os instrumentos de planejamento orçamentário regulamentados pela LRF. 2 PLANEJAMENTO NA LRF Para que a administração pública possa desenvolver suas atividades desempenhando serviços à população são necessários diversos tipos de planejamento, como: planejamento territorial, assistencial, educacional, entre outros. O planejamento orçamentário é necessário para que os outros planejamentos se tornem realidade. (ANDRADE et al., 2008). UNIDADE 1 | A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF 22 A Constituição Federal aprimorou o planejamento do setor público, o que era necessário. Veja os ensinamentos dos pesquisadores Nascimento e Debus (2002, p. 16): “A Constituição de 1988, no tocante ao planejamento na administração pública, teve a clara preocupação de institucionalizar a integração entre os processos de planejamento e orçamento, ao tornar compulsória a elaboração dos três instrumentos básicos para esse fim”. No que diz respeito ao planejamento orçamentário, segundo Albuquerque (2008), a LRF regulamentou e tornou obrigatória a adoção de três instrumentos oficiais, que são: Plano Plurianual - PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária Anual - LOA. A LRF aperfeiçoou a sistemática determinada pela Norma Constitucional, dando novas atribuições ao Orçamento e à LDO. Entenda a ordem de elaboração e aprovação dos instrumentos de planejamento, conforme a orientação dos autores Nascimento e Debus (2002, p. 16): O primeiro deles, o Plano Plurianual - PPA, destinado às ações de médio prazo, coincidindo com a duração de um mandato do chefe do Executivo; o Orçamento Anual, para discriminar os gastos de um exercício financeiro; e a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO, para servir de elo de ligação entre aqueles dois instrumentos. De maneira geral, a LRF implica no planejamento e cumprimento de metas de receitas e despesas (reduzindo o grau de endividamento e o déficit público), observância dos limites de gastos, inclusive de pessoal, e obediência às demais condições estabelecidas, tais como as relacionadas à renúncia de receita e à obrigatoriedade de ações de planejamento orçamentário e governamental. Seguindo as orientações dos doutrinadores Andrade et al. (2008), observamos que antes das alterações oriundas da nossa Constituição Federal e regulamentadas pela LRF, o planejamento orçamentário brasileiro era incipiente, necessitava de técnicas que pudessem auxiliar o equilíbrio fiscal. Agora, com a regulamentação apresentada pela LRF, os diversos entes governamentais começam a apresentar resultados de equilíbrio nas contas públicas. 2.1 PLANO PLURIANUAL No projeto de lei complementar, que resultou na LRF, o Art. 3º, da Seção I, do Capítulo II, tratava especificamente da regulamentação do Plano Plurianual – PPA. Este artigo foi vetado e impossibilitou que a LRF regulamentasse o PPA. Vejamos o conteúdo que foi vetado pelo Poder Executivo, conforme a visão dos doutrinadores Cruz et al. (2012, p. 14) em relação a este instrumento de planejamento governamental: TÓPICO 2 | A LRF E O PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO 23 2.1 PLANO PLURIANUAL 2.2 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS Art. 3º (VETADO) O projeto de lei do plano plurianual de cada ente abrangerá os respectivos Poderes e será devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa. § 1º (VETADO) Integrará o projeto Anexo de Política Fiscal, em que serão estabelecidos os objetivos e metas plurianuais de política fiscal a serem alcançados durante o período de vigência do plano, demonstrando a compatibilidade deles com as premissas e objetivos da política econômica nacional e de desenvolvimento social. § 2º (VETADO) O projeto de que trata o caput será encaminhado ao Poder Legislativo até dia trinta de abril do primeiro ano do mandato do chefe do Poder Executivo. (grifos do autor) Em se tratando das justificativas aos vetos do Poder Executivo, encontramos o seguinte resumo: prazo muito reduzido para a sua elaboração (já que a equipe de governo inicia seus trabalhos no ano de elaboração do PPA) e as metas fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias podem substituir as previstas no anexo de política fiscal. (CRUZ et al., 2012). É importante ressaltar que, apesar dos vetos ao Plano Plurianual, na LRF, este instrumento de planejamento orçamentário governamental continua em vigor seguindo as orientações descritas no texto constitucional, as quais serão tema de destaque na Unidade 2. O principal objetivo da LDO é o de atuar como norteadora da Lei Orçamentária Anual - LOA, o orçamento do exercício subsequente. Conforme o autor Rezende (2005, p. 18): “A LDO estabelece um conjunto de instruções em termos de normas de forma e conteúdo com que a lei orçamentária de cada exercício deve ser apresentada [...]”. Formulada anualmente, a LDO tem como alicerce o Plano Plurianual e busca identificar as prioridades de investimentos contidas neste instrumento. Apesar de ser uma ferramenta de planejamento, elaborada todos os anos, existe ainda uma série de contestações no que diz respeito ao prazo da LDO. Seu tempo não pode ser estimado em apenas um ano, pois sua vigência supera esse período. É o que explica o autor Carvalho (apud VIANA, 2009, p. 38): Uma LDO foi sancionada e publicada em 30/06/2005. Esta norma orientará a elaboração da LOA cuja vigência será em 2006 e ainda estabelece regras orçamentárias a serem executadas ao longo de todo o exercício financeiro de 2006. Assim, sua vigência não coincide com o exercício financeiro, e a aplicabilidade de suas regras extrapola um ano. Segundo determina a Constituição Federal de 1988, no Artigo 166, § 4º, a elaboração e possíveis emendas da LDO deverão ser planejadas e executadas de modo a não conflitar com o que foi descrito no PPA. UNIDADE 1 | A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL - LRF 24 Em maio de 2000, o Artigo 4º, Inciso
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