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DESORDENS VASCULARES EDEMA

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DESORDENS VASCULARES
Distribuição de fluido e Homeostasia
- Barreiras físicas que controlam as trocas: principalmente a parede dos vasos sanguíneos
	- trocas de fluidos, nutrientes e produtos do metabolismo
- Membrana plasmática das células
	- barreira seletiva, separando os compartimentos intra e extra celulares
- os vasos sanguíneos funcionam como barreiras seletivas na passagem de nutrientes, fluidos e produtos do metabolismo
- sangue arterial rico em nutrientes, que se move a favor do gradiente de concentração para dentro do interstício
- sangue venoso, rico em CO2 e produtos do metabolismo, estes se acumulam no interstício e se movem a favor do gradiente para dentro do sangue venoso
- a distribuição de água entre o plasma e o interstício é determinada pelas diferenças de pressão osmótica e hidrostática entre os compartimentos
	- pressão hidrostática: que o sangue faz na parede dos vasos sanguíneos, de dentro do vaso sanguíneo para fora, possibilita a saída dos líquidos de dentro do vaso sanguíneo para fora
	- pressão osmótica: atração dos líquidos para dentro dos vasos sanguíneos 
- Na e Cl = 84% da osmolaridade do plasma, substancias que atraem líquidos para dentro do vaso
- proteínas plasmáticas suspensas e impermeáveis = <1% da osmolaridade total do plasma, mas tem maior importância na pressão osmótica
- nos vasos sanguíneos arteriais, que vem do coração, se tem uma pressão maior contra a parede dos vasos (pressão hidrostática), o que faz com que os fluidos de dentro do vaso saiam para o interstício 
- a pressão hidrostática promove a saída dos líquidos de dentro dos vasos para o interstício 
- nos vasos venosos, não há uma alta pressão hidrostática, pois não tem muita pressão contra a parede dos vasos, em contrapartida há uma pressão osmótica maior, as proteínas plasmáticas de dentro dos vasos sanguíneos promovem a atração dos líquidos do interstício para dentro
- geralmente, a maioria dos liquido que sai dos vasos sanguíneos, volta pela circulação venosa, e o que fica no interstício é drenada pelos vasos linfáticos 
- um distúrbio no equilíbrio entre a entrada e a saída dos líquidos dos vasos causa o edema
Edema
- aumento da quantidade de liquido no espaço intersticial e cavidades pré-existentes
- a saída de fluxo, a volta dos fluidos para o sangue venoso e os vasos linfáticos estão desequilibrados 
- em mamíferos, cerca de 70% do corpo é formado por líquidos, 50% no interior das células, 15% são intersticiais e 5% no plasma. Esses líquidos têm concentrações fixas, mas estão sempre em movimento
Transudato: liquido não inflamatório, densidade baixa, pobre em proteínas e geralmente translucido. Basicamente composto por plasma.
Exudato: liquido inflamatório, densidade alta, rico em proteínas, coagula, aspecto turvo. Pus também é um tipo de exsudato
- macroscopidamente: basicamente se vê como transudato, pode ter liquido solto nas cavidades, porém o edema pode ser de tecidos, como por exemplo no mesentério. Aspecto de gelatina sem sabor
- Teste de godet: pressionar o dedo no local, se a marca do dedo ficar impressa no local, é sinal de edema
- microscopicamente: estrutura amorfa corada fracamente pela Eosina. As poucas proteínas presentes coram de rosa no microscópio.
- Hidrotorax: edema na cavidade torácica 
- Hidroperitôneo ou ascite = edema na cavidade abdominal
- Hidropericárdio: edema no saco pericárdio
- Anasarca: edema generalizado 
Importância – depende da extensão e da localização
- Subcutâneo: impacto pra vida do animal é mínima. Massa flutuante mínimo impacto
- Ascite: mínimo impacto
- Edema em espaço confinado pressão. Maior impacto
	- cavidade craniana
	- tórax: precisa de espaço para inflar no momento da respiração, o edema dificulta
	- saco pericárdio: precisa de movimentação para a contração, o edema impede, causando uma IC
Equilíbrio de Starling: “a quantidade de fluido filtrado para fora dos capilares arteriais é aproximadamente igual a quantidade de fluido que retorna aos capilares venosos”
- interação entre a pressão hidrostática, pressão osmótica e o sistema linfático
- pressão hidrostática: consequente ao fluxo, corresponde a pressão exercida pela força do liquido contra o vaso
- pressão osmótica: proteínas plasmáticas principalmente a albumina
Mecanismos (causas)
Aumento da pressão hidrostática intravascular
Diminuição da pressão osmótica intravascular
Aumento da permeabilidade vascular
Diminuição da drenagem linfática
1 Aumento da pressão hidrostática intravascular
- maior a pressão hidrostática maior a quantidade de líquidos irá sair para o interstício
- aumento do volume de sangue na microvasculatura. Mais sangue no vaso, aumento da pressão hidrostática
- Ativo (hiperemia/inflamação)
	- maior necessidade de sangue em determinado local. Em ocorrência de alguma lesão ou inflamação, vai mais quantidade de sangue para o local, com a finalidade de levar as células de defesa. Acumulo de sangue no local aumento da pressão hidrostática edema
- Passivo (congestão)
	- Compressão venosa ou obstrução: dilatação gástrica e torção, torção intestinal, torção uterina. A parede das artérias é mais espessa que das veias. Uma torção faz com que as artérias diminuam o fluxo e as veias colabam. O sangue ainda entra de forma normal, pois as artérias diminuíram o fluxo mas não colabaram. E não há saída do sangue pois as veias estão colabadas. Acumula então grande quantidade de sangue no órgão. O acumulo de sangue nesses vasos aumenta a pressão hidrostática, há extravasamento de liquido para fora do vaso, causando o edema.
	- Insuficiência cardíaca direita: hipertensão porta. O sangue se acumula “atrás”, antes de chegar ao coração, e se acumula principalmente no fígado (congestão hepática), aumento da pressão hidrostática, ocorrendo edema, principalmente na cavidade abdominal (ascite)
	- Insuficiência cardíaca esquerda: hipertensão pulmonar. Lesão no ventrículo esquerdo, ccumulo de sangue no pulmão (congestão pulmonar), aumento da pressão hidrostática, formação de edema pulmonar. Um dos sintomas é espuma na traqueia, pois o excesso de liquido misturado com o ar, forma espuma. Pode haver o extravasamento de hemácias dentro do alvéolo, que são fagocitadas por macrófagos, formando as células da falha cardíaca.
	- Sobrecarga iatrogênica de fluido: aplicação excessiva de soro no animal, excesso de liquido na circulação sanguínea, aumenta a pressão hidrostática, causando edema.
	- Intoxicação por monensina: antibiótico. Em algumas espécies utilizada como promotor de crescimento, outras espécies como anti-timpanicos (ruminantes). Ração feita de maneira inadequada, dose elevada do antibiótico, ou quando acaba a ração de uma espécie e o proprietário dá outra ração. Causam lesão de células musculares, tanto cardíacas quanto esqueléticas, ocorre degeneração e necrose dessas células. O coração não funciona de maneira adequada, tanto do lado direito, quanto do lado esquerdo, o animal apresenta então o quadro de insuficiência cardíaca. Principalmente, o animal vai ter manchas esbranquiçadas no coração (necrose).
2 Diminuição da pressão osmótica intravascular
- capacidade da proteína em atrair líquidos
- principal proteína plasmática é a albumina
- Causas:
	- Produção diminuída da albumina: má nutrição, sem proteínas na alimentação, sem proteínas plasmáticas e insuficiência hepática (no fígado ocorre produção de albumina), se o fígado estiver lesado, a proteína não será produzida de maneira adequada
	- Perda excessiva de albumina: produção de maneira adequada, mas há perda aacentuada. Doenças gastrointestinais (diarreia, lesões graves no intestino), parasitismo (se nutrem do sangue, que contem albumina), glomerulonefrites e nefrose (lesão renal, proteína não é reabsorvida)
	
- Senecio (maria-mole, flor das almas)
Flor presente em alguns pastos, causa lesão hepática em animais que ingerem. Leva ao fígado cirrótico, o fígado não funciona adequadamente, ocasionando em edemas de maneira geral, icterícia,fotos sensibilização.
Os carneiros são resistentes ao senecio.
Os animais apresentam emagrecimento crônico, tenesmo (forçando defecação), diarreia, sintomatologia nervosa (acumulo de amônia na circulação sanguínea, o que lesa o encefalo)
- Haemoncus contortus
Verme presente principalmente no omaso dos bovinos, se nutre de sangue, o animal fica anêmico, hipoproteinemia e edemas de maneira geral. Os animais apresentam emagrecimento, má desenvolvimento, animais apáticos, abdome distendido, edema de barbela, palidez de mucosas (anemia)
- Barrigudinho de verme: A grande quantidade de parasitos leva a hipoproteinemia, baixa quantidade de albuina, ocasionando ascite.
- Parvovirose: Perda de nutrientes e fluidos, além de não absorver. Animal anêmico e com hipoalbuminemia 
- Fome: falta de nutrientes, falta de albumina, diminuição da pressão osmótica, edema.
 
3 Aumento da permeabilidade vascular
- estímulos inflamatórios ou imunológicos. O vaso se torna mais permeável, permite a passagem de liquido para o interstício. 
- lesão a vasos e membranas basais, associados a mediadores da vasodilatação (histamina, bradicinina)
- contração das células endoteliais, o que aumenta os espaços interendoteliais.
- edema localizado, com função de diluir o agente.
- proteínas plasmáticas e leucócitos vão do plasma para os espaços teciduais, havendo formação do exsudato inflamatório agudo
- Ex: conjuntivite, pneumonia, reações alérgicas
4 Diminuição na drenagem linfática
Reduz a habilidade de remover o pequeno excesso de fluido. A saída de liquido é normal, mas a pequena quantidade de liquido, que deveria ser drenada pelos vasos linfáticos não é.
- lesão impede a drenagem normal (pressão, obstrução)
- Ex: tumores, inflamação grave com obstrução dos linfáticos, constrição dos vasos linfáticos
- viagens longas causa inchaço nas pernas. O sistema linfático funciona através da contração da musculatura, ou seja, a movimentação estimula a drenagem linfática.
- tumores impedem a drenagem dos vasos linfáticos
Edema
- Localizado: processos inflamatórios, obstrutivos (tumores), queimaduras. Aumento da permeabilidade vascular e diminuição da drenagem linfática.
- Generalizado: distúrbios globais a nível de metabolismo hidroeletrolítico. Aumento da pressão hidrostática, diminuição da pressão osmótica.
- Agudos: lesões agudas, traumatismo, processos inflamatórios agudos levam a edema agudo
- Crônico: insuficiência cardíaca e renal.
	- Reticulopericardite traumática: ocorre principalmente em bovinos, por não serem seletivos. A ingestão de algum corpo perfurante, ao chegar ao reticulo, pode perfurar o coração, pois o reticulo está próximo, só há o diafragma e o saco pericárdico afastando. Há contaminação por bactérias no saco pericárdio, formando lesão com grande acumulo de pus.
Normalmente acomete animais que tem mais contato com o produtor, gado de leite.
Causa insuficiência cardíaca, edema (principalmente submandibular), aumento da pressão hidrostática.
	- Retículoperitonite: atinge apenas o peritônio, não chega a atingir o pericárdio.

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