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Execução de Título Extrajudicial

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EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA DEVEDOR SOLVENTE FUNDADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL. EMBARGOS. OBJEÇÃO DE NÃO EXECUTIVIDADE.
1. Regras para a execução de título executivo extrajudicial que contenha obrigação de pagar
Desenvolve-se a execução no interesse do exequente – Art. 797, CPC
O CPC regula três diferentes procedimentos para o desenvolvimento da execução por quantia certa:
- O primeiro deles (arts. 824 a 909) é o procedimento padrão, a ser usado sempre que não for caso de utilização de algum procedimento executivo especial. 
- Os outros dois – que são procedimentos executivos especiais – destinam-se à execução (por título extrajudicial) contra a Fazenda Pública (art. 910) e à execução (também por título extrajudicial) de prestação alimentícia (arts. 911 a 913).
A peça inaugural:
Ao propor a demanda executiva fundada em título extrajudicial, incumbe ao exequente instruir sua petição inicial com os documentos elencados no art. 798, do CPC.
- título executivo (art. 798, I, a). 
- demonstrativo do débito atualizado até a data da propositura da execução (art. 798, I, b), caso se trate de execução por quantia certa. Este demonstrativo deverá conter (art. 798, parágrafo único) o índice de correção monetária adotado; a taxa de juros aplicada; os termos inicial e final de incidência dos índices de atualização monetária e da taxa de juros empregada; a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso; e a especificação de descontos obrigatórios que tenham de ser realizados.
- prova de que se verificou a condição ou de que ocorreu o termo, se for o caso (art. 798, I, c); 
- e com a prova, também se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde, ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente (art. 798, I, d), evitando-se, deste modo, a exceptio non adimpleti contractus (“exceção de contrato não cumprido”). 
Cabe ao exequente, ainda, indicar (art. 798, II): 
- a espécie de execução de sua preferência, quando por mais de um modo puder ser realizada (como se dá, por exemplo, no caso da execução de prestação alimentícia, que pode ser realizada pelo procedimento executivo padrão para as execuções de obrigação pecuniária, o qual não admite a prisão civil do devedor de alimentos, ou pela execução especial que permite o emprego da prisão como mecanismo coercitivo); 
- os nomes completos do exequente e do executado, assim como seus números de inscrição nos cadastros de pessoas físicas ou jurídicas (CPF ou CNPJ); 
- e os bens suscetíveis de penhora, sempre que possível.
Possibilidade de emenda da petição inicial – Art. 801, CPC: Verificando o juízo que a petição inicial da execução está incompleta ou desacompanhada de documentos indispensáveis ao ajuizamento da demanda, o juiz determinará sua correção, no prazo de quinze dias, sob pena de indeferimento da inicial. 
O deferimento pelo Magistrado e a sequência do procedimento:
Despacho liminar positivo da petição inicial – Art. 802, CPC - Estando em termos a petição inicial, de outro lado, será proferido despacho liminar positivo, para determinar a citação do executado, despacho este que será o marco da interrupção da prescrição do crédito exequendo (art. 802), observado o disposto no art. 240, § 2o. A interrupção da prescrição, porém, retroagirá à data da instauração do processo executivo (art. 802, parágrafo único). 
Neste pronunciamento serão fixados, desde logo, honorários advocatícios - Art. 827, CPC: os quais serão invariavelmente de dez por cento sobre o valor da execução, a serem pagos pelo executado (art. 827). 
Há previsão legal no sentido de permitir a redução dos honorários fixados (Art. 827, §1º, CPC) ou, ainda, a sua majoração (Art. 827, §2º, CPC).
Proferido este despacho liminar positivo, poderá o exequente obter certidão de que a execução foi admitida pelo juízo para a realização da averbação premonitória - Art. 828, CPC (art. 828, aplicável também ao cumprimento de sentença, como se vê pelo enunciado 529 do FPPC). 
A obtenção desta certidão não depende de decisão judicial, devendo ela ser emitida pelo escrivão ou chefe de secretaria (FPPC, enunciado 130). 
Averbada essa certidão, o exequente deverá comunicar ao juízo, no prazo de dez dias – sob pena de ineficácia da averbação –, que aquela foi efetivada (art. 828, § 1o).
 Após a averbação da certidão de admissão da execução, a alienação ou instituição de gravame sobre o bem à margem de cujo registro a averbação tenha sido feita será tida em fraude à execução (arts. 792, II, e 828, § 4o). 
Quando, posteriormente, vier a ser efetivada penhora sobre bens suficientes para cobrir a integralidade do valor do crédito exequendo, incumbirá ao exequente providenciar, no prazo de dez dias, o cancelamento das averbações relativas aos bens não penhorados (art. 828, § 2o).
Caso o exequente não promova esse cancelamento, será ele determinado pelo juiz da execução, de ofício ou mediante requerimento do interessado (art. 828, § 3o).
Averbações que se revelem manifestamente indevidas, assim como as não canceladas no prazo, gerarão para o exequente o dever de indenizar o executado, processando-se o incidente em autos apartados (art. 828, § 5o).
O executado será citado para, no prazo de três dias (contado da citação), nos termos do art. 829, o que afasta a incidência das regras previstas no art. 231), efetuar o pagamento da dívida exequenda (art. 829). 
A citação será feita, preferencialmente, por oficial de justiça. Isto não é expresso no texto do CPC, que, a rigor, sequer veda a citação postal nos processos executivos (art. 247), mas o art. 830 é expresso em atribuir incumbências ao oficial de justiça que não consegue efetivar desde logo a citação, o que demonstra que é ao oficial de justiça que incumbe a diligência de citação.
- Citado o executado, caso o pagamento seja inteiramente efetuado dentro desse prazo de três dias, o valor dos honorários ficará automaticamente reduzido à metade (art. 827, § 1o).
- Não efetuado o pagamento no prazo, prosseguirá o procedimento executivo, motivo pelo qual do mandado de citação constarão, também, a ordem de penhora e a avaliação (a serem cumpridas pelo oficial de justiça tão logo verificado o decurso do prazo sem que o pagamento tenha sido realizado), nos termos do art. 829, § 1o.
Pode acontecer de o oficial de justiça não encontrar o executado. Neste caso, deverá proceder ao arresto de tantos bens quantos bastem para garantir a execução (art. 830).
O arresto consiste na apreensão judicial de bens do devedor necessários (arresto) a garantia da divida líquida e certa cuja cobrança se promove.
O arresto é uma medida executiva – e não cautelar, motivo pelo qual deve-se evitar confusões entre esta medida e aquela, de natureza cautelar, mencionada no art. 301 – a ser efetivada pelo oficial de justiça, independentemente de requerimento do exequente ou de determinação judicial.
O arresto é, na verdade, uma antecipação de penhora (ou, se se preferir, uma pré-penhora), e em penhora se converterá se, aperfeiçoada a citação, decorrer o prazo de três dias sem que se efetue o pagamento voluntário (art. 830, § 3o).
Neste caso, a conversão do arresto em penhora se dá de pleno direito, independentemente de lavratura de qualquer termo, e os efeitos da penhora retroagirão à data do arresto. Não tendo sido encontrado o executado para citação, e efetivado pelo oficial de justiça o arresto, faz-se necessária a realização de novas diligências, pelo próprio oficial de justiça, que deverá, nos dez dias seguintes, procurar o executado por mais duas vezes, em dias distintos. Havendo suspeita de ocultação, o oficial de justiça promoverá a citação com hora certa (art. 830, § 1o). 
Não sendo possível a realização da citação pessoal, e não sendo caso de se efetivar a citação com hora certa, deverá o exequente requerer a citação do executado por edital (art.830, § 2o).
Sobre a Penhora e expropriação dos bens – será tratado no próximo plano de
aula.
- Reconhecimento expresso da dívida e possibilidade de parcelamento:
Pode o executado, no prazo para oferecer embargos, em vez de apresentar defesa, optar por reconhecer expressamente o crédito do exequente e, juntamente com tal reconhecimento, comprovar o depósito de trinta por cento do valor integral da execução (acrescido de custas e honorários advocatícios). 
Neste caso, admite-se que o executado requeira o pagamento parcelado do saldo da dívida, em até seis parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de um por cento ao mês (art. 916). É uma espécie de moratória judicial, sendo direito do executado o pagamento parcelado, desde que, evidentemente, preencha os requisitos legais, quais sejam: 
reconhecer expressamente o débito; 
formular o requerimento no prazo dos embargos; 
comprovar, neste mesmo prazo, ter efetuado o depósito de trinta por cento do valor total da dívida). 
Este requerimento, feito no prazo de que o executado dispõe para embargar, acarreta o integral reconhecimento da dívida exequenda, com a consequente renúncia ao direito de opor embargos do executado (art. 916, § 6o). 
Não se admite, então, que o executado requeira o pagamento parcelado e, além disso, oponha embargos, comportamento contraditório que viola o princípio da boa-fé objetiva (art. 5o). 
Neste caso, o exequente será intimado para se manifestar, no prazo de cinco dias, sobre o preenchimento dos pressupostos (art. 916, § 1o). Não tem o exequente o direito de discordar do pagamento parcelado. Só pode ele discutir se os pressupostos legais foram ou não preenchidos. 
Além disso, deve-se admitir que o exequente suscite perante o juízo da execução discussão acerca do número de parcelas em que será dividido o pagamento ainda restante, já que o texto normativo estabelece que tal pagamento se dará em até seis parcelas. 
Caso todos os pressupostos estejam presentes, é direito do executado pagar parceladamente. Deferido o pagamento parcelado, o exequente poderá levantar os valores já depositados, sendo suspensos os atos executivos (art. 916, § 3o). 
Enquanto não apreciado o requerimento do executado, porém (e tal apreciação pode, na prática, demorar algum tempo), incumbirá ao devedor depositar as parcelas que forem se vencendo, ficando desde logo autorizado o levantamento, pelo exequente, das quantias depositadas (art. 916, § 2o). 
Indeferido o pagamento parcelado (por não ter sido preenchido algum requisito legal), a execução retomará seu curso normal, mantido o depósito que o executado tenha efetuado, o qual deverá ser convertido em penhora (art. 916, § 4o).
 Caso o parcelamento tenha sido deferido e, não obstante isto, o executado deixe de depositar tempestivamente qualquer das parcelas, ocorrerá o vencimento antecipado das prestações subsequentes, devendo prosseguir a execução, com o imediato reinício dos atos executivos (art. 916, § 5o, I). 
Além disso, será imposta ao executado, em favor do exequente, multa de dez por cento sobre o valor das prestações não pagas (aí incluídas as que antecipadamente se vencerem), nos termos do art. 916, § 5o, II. 
Este instituto da moratória judicial não se aplica, nem subsidiariamente, ao cumprimento de sentença, por força de expressa previsão legal neste sentido (art. 916, § 7o).

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