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Governo João Goulart

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História do Brasil 
 
 
 
 
GOVERNO JOÃO GOULART 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
Introdução ........................................................................................................................................2 
 
Objetivo .............................................................................................................................................2 
 
1. O governo de João Goulart (1961-1964) ..................................................................................2 
1.1. Posse e regime parlamentarista (1961-1963)..................................................................2 
 
Exercícios ..........................................................................................................................................6 
 
Gabarito ............................................................................................................................................7 
 
Resumo .............................................................................................................................................8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Introdução 
Na apostila anterior, analisamos o breve governo de Jânio Quadros (1961). Ele 
inaugurou as práticas populistas na República, construindo sua imagem utilizando da 
propaganda política também na televisão. Disseminava sua identidade de homem do 
povo, simples, de classe média que também come sanduiches de mortadela e usa 
ternos mal traçados. A vassoura que se tornou símbolo de seu governo pretendia dar 
força a sua campanha contra a corrupção, afirmando que a varreria do país. 
Entretanto, não apresentava um programa ou medidas efetivas para realizar essa 
transformação. Suas medidas de combate da crise econômica não foram efetivas e se 
dedicava a moralização com questões irrelevantes como a proibição do biquíni nas 
praias. Diante do enfraquecimento das instituições democráticas e de uma política 
externa de aproximação de países comunistas como Cuba e China, Jânio Quadros 
estava cada vez mais isolado e enfraquecido no Congresso e diante das Forças 
Armadas. Em 25 de agosto de 1961, sem explicação, apresenta ao Congresso sua 
súbita renúncia. Entretanto, há versões que afirmam que, na verdade, Jânio tentava 
um golpe de Estado. Sua estratégia não funcionou, ele partiu para o exterior, deixando 
o governo para seu vice, João Goulart, que sofreria oposição para sua posse. 
Nessa apostila, vamos percorrer as circunstâncias da posse de João Goulart, 
inicialmente vetada por ministros militares depois da renúncia de Jânio Quadros em 
1961. Também é importante compreender como as forças políticas se articularam 
nesse momento em disputa pelo poder que apesar de legalmente ser transferido ao 
vice-presidente produziu reações diversas. Por fim, isso motivou a decisão do 
Congresso do estabelecimento no país do regime parlamentarista. 
Objetivos 
• Examinar as circunstâncias que envolveram a posse de João Goulart, 
depois da renúncia de Jânio Quadros em 1961; 
• Identificar a articulação de forças políticas em disputa pelo poder no 
governo João Goulart (1961-1964); 
• Analisar a implementação do regime parlamentarista no Brasil por 
meio de uma emenda constitucional, em setembro de 1961. 
 
1. O Governo de João Goulart (1961-1964) 
 
 
 
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1.1. Posse e regime parlamentarista (1961-1963) 
Você sabia que o Brasil já foi uma república organizada sob o sistema de 
governo do parlamentarismo? 
Assim que a renúncia de Jânio Quadros foi aceita pelo Congresso Nacional, as 
Forças Armadas declararam o veto da posse de seu vice, João Goulart. Justificavam o 
veto por motivo de “segurança nacional”, já que Jango retornava da China, enviado 
em missão oficial. Os ministros militares requisitaram ao Congresso a aprovação da 
manutenção do presidente interino Ranieri Mazzilli para o cargo provisoriamente, até 
que novas eleições fossem realizadas. O Congresso rejeitou desencadeando uma crise 
política. 
Os ministros militares registraram lançando um manifesto à nação, insistindo 
na “inconveniência” da posse de Jango, esclarecendo que ele era um agitador e 
comprometido com os interesses comunistas. Contudo, essa não era uma posição 
unânime nas Forças Armadas, outros legalistas, como o já conhecido general Lott, 
defendiam o respeito da legalidade e, por isso, a posse de João Goulart. 
No Rio Grande do Sul, a situação se agravou. O comandante do Terceiro 
Exército, no Rio Grande do Sul, general Machado Lopes, na época a mais bem armada 
das quatro subdivisões do Exército também declara seu apoio à legalidade da posse 
de Goulart. Leonel Brizola (1922-2004), governador do Rio Grande do Sul, partidário 
do PTB, cunhado e herdeiro político de João Goulart, defende radicalmente a sua 
posse, ameaçando com resistência armada em defesa da Constituição. Ele organiza 
uma rede de rádio, chamada Voz da Legalidade com a finalidade de conquistar apoios 
em âmbito nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SAIBA MAIS! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Congresso resolve o impasse com o estabelecimento do parlamentarismo 
por emenda constitucional, em 02 de setembro de 1961. Desta forma, Jango assumia 
o poder como presidente, mas o poder de fato era do primeiro-ministro (Figura 1). O 
regime parlamentarista, com frágil sustentação política, manteve-se de setembro de 
1961 até janeiro de 1963 com a sucessão de três primeiros-ministros: Tancredo Neves 
(1910-1985), Brochado da Rocha e Hermes Lima. 
FIQUE ATENTO! 
 
 
 
 
 
 
Leonel Brizola (1922-2004), nascido no interior do Rio Grande do 
Sul, formou-se em Engenharia Civil na Universidade Federal do 
Rio Grande do Sul. Foi um dos fundadores do Partido Trabalhista 
Brasileiro (PTB) no Rio Grande do Sul e teve uma longa carreira 
política sendo deputado estadual e federal com muitos eleitores. 
Conhecido pela defesa da Campanha da Legalidade em apoio à 
posse de Jango depois da renúncia de Jânio Quadros, era visto 
pelas elites tradicionais como um defensor do socialismo. Depois 
do golpe militar de 1964, perdeu direitos políticos e se exilou no 
Uruguai. Em 1978, foi deportado para os Estados Unidos em 
razão do pedido da ditadura brasileira. Em 1978, com a Lei de 
Anistia retornou ao Brasil e foi um dos fundadores do Partido 
Democrático Trabalhista (PDT). Eleito em 1982 governador do 
Rio de Janeiro, em 1989, com o fim da ditadura se candidatou a 
presidente, mas ficou atrás de Collor e Lula. Em 1944, seu 
prestigio político já não era o mesmo, tendo uma votação muito 
pequena em sua candidatura para presidente, seguida de 
derrotas até a sua morte em 2004. 
O parlamentarismo é um sistema de governo que pode 
organizar o poder tanto em uma monarquia como em 
repúblicas. O chefe de Estado, rei ou presidente, não tem 
responsabilidades políticas que são atribuídas ao 
primeiro ministro, indicado pelo Parlamento. 
Atualmente, por exemplo, esse sistema ainda vigora na 
Inglaterra, França e Alemanha. O Poder Executivo é 
exercido por um Gabinete dos Ministros, indicado pelo 
primeiro ministro e aprovado pelo parlamento. 
 
 
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Presidente Jango e o primeiro Ministro Tancredo Neves desfilando em Porto Alegre, em 1961. 
 
O regime foi marcado pela falta de continuidade política e administrativa, 
agravando a crise econômica do Brasil. De acordo com a emenda constitucional, o 
regimeparlamentarista foi introduzido em caráter experimental e em 1965, 
justamente no fim do mandato de Jango, deveria acontecer um plebiscito para decidir 
sobre a sua adoção ou não. Com o seu fracasso, o plebiscito foi adiantado em dois 
anos e após intensa campanha, a maioria dos eleitores decidiu pelo retorno do 
presidencialismo, com mais de 9 milhões de votos contra os 2 milhões de favoráveis à 
adoção definitiva do parlamentarismo. 
Esse número pode ser explicado a partir da adesão dos membros do Comando 
Geral dos Trabalhadores (CGT) criado em 1962 durante o IV Congresso Sindical 
Nacional dos Trabalhadores realizado em São Paulo, com o intuito de organizar os 
movimentos sindicais brasileiros. Essa organização não era reconhecida pelo 
Ministério do Trabalho, apoiou a campanha pelo presidencialismo após Goulart se 
comprometeu a considerar algumas de suas reivindicações básicas, como a 
revogação da Lei de Segurança Nacional, a extensão do direito de voto a todos os 
adultos, inclusive analfabetos e soldados, o aumento de 100% no salário mínimo, a 
reforma agrária, a reforma bancária, a promulgação do direito de greve e a limitação 
do direito à remessa de lucros para o exterior. 
 
 
 
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Exercícios 
1. (ENEM, 2011)”A consolidação do regime democrático no Brasil contra os 
extremismos da esquerda e da direita exige ação enérgica e permanente no sentido 
do aprimoramento das instituições políticas e da realização de reformas corajosas no 
terreno econômico, financeiro e social.” (Mensagem programática da União 
Democrática Nacional (UDN) – 1957). 
“Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um governo nacionalista e 
democrático, com participação dos trabalhadores para a realização das seguintes 
medidas: a) Reforma bancária progressista; b) Reforma agrária que extinga o 
latifúndio; c) Regulamentação da Lei de Remessas de Lucros. Manifesto do Comando 
Geral dos Trabalhadores (CGT) – 1962”. 
(BONAVIDES, P; AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil. Brasília: Senado Federal, 
2002). 
Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo significado de termos usados no 
debate político, como democracia e reforma. Se, para os setores aglutinados em torno 
da UDN, as reformas deveriam assegurar o livre mercado, para aqueles organizados 
no CGT, elas deveriam resultar em: 
a) fim da intervenção estatal na economia. 
b) crescimento do setor de bens de consumo. 
c) controle do desenvolvimento industrial. 
d) atração de investimentos estrangeiros. 
e) limitação da propriedade privada. 
 
2. (ENEM, 2010) “Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos anos 
imediatamente anteriores ao golpe militar de 1964. A diminuição da oferta de 
empregos e a desvalorização dos salários, provocadas pela inflação, levaram a uma 
intensa mobilização política popular, marcada por sucessivas ondas grevistas de 
várias categorias profissionais, o que aprofundou as tensões sociais. “Dessa vez, as 
classes trabalhadoras se recusaram a pagar o pato pelas sobras” do modelo 
econômico juscelinista”. 
(MENDONÇA, S. R. A industrialização Brasileira. São Paulo: Moderna, 2002 (adaptado)). 
Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início dos anos 1960 
decorreram principalmente: 
a) da manipulação política empreendida pelo governo João Goulart. 
b) das contradições econômicas do modelo desenvolvimentista. 
 
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c) do poder político adquirido pelos sindicatos populistas. 
d) da desmobilização das classes dominantes frente ao avanço das greves. 
e) da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na legislação trabalhista. 
 
3. (UFRGS, 2011) A denominada “Campanha da Legalidade”, ocorrida no Rio 
Grande do Sul no final de agosto de 1961, foi uma consequência da: 
a) renúncia do presidente Jânio Quadros, que provocou a mobilização política 
para garantir a posse do vice-presidente João Goulart. 
b) vitória eleitoral do PTB, que supostamente ameaçava os setores 
conservadores da sociedade brasileira. 
c) renúncia do presidente Juscelino Kubitschek, fato que provocou uma extensa 
mobilização militar visando garantir a posse de João Goulart. 
d) vitória eleitoral do PSD, partido que tinha em seus quadros diversos elementos 
supostamente golpistas. 
e) política promovida por Leonel Brizola, que queria impedir a tomada do poder 
pelos grupos ligados à luta armada. 
 
Gabarito 
1. [e]. A CGT foi a reunião dos principais sindicatos do Brasil. Ela congregava 
setores do trabalhismo tradicional, de origem varguista e grupos de esquerda e 
obteve influência significativa sobre os trabalhadores. A CGT propunha uma limitação 
da propriedade privada, o fim dos latifúndios e a fiscalização dos lucros obtido por 
empresas estrangeiras instaladas no Brasil. 
 
2. [b]. Essa alternativa se refere à problemas econômicos herdados do Plano 
de Metas. Como consequência das políticas adotadas do governo de Juscelino 
Kubitschek, apesar do grande desenvolvimento industrial e urbano, houve grande 
inflação e corrosão dos salários. 
 
3. [a]. A campanha da legalidade expressava a disputa nos meios militares e 
políticos sobre a posse de João Goulart na sucessão presidencial após a renúncia de 
Jânio Quadros. Os grupos mais conservadores do Exército afirmavam que não 
aceitariam a posse de Jango, considerado um comunista, outros militares reagiram 
em defesa do então vice-presidente e foram chamados de legalistas. Para evitar uma 
 
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iminente guerra civil, a solução do Congresso foi João Goulart assumir a presidência, 
mas com poderes limitados por causa da implantação do parlamentarismo. 
Resumo 
Nessa apostila examinamos as movimentações em torno da posse de João 
Goulart, Jango, depois da súbita renúncia de Jânio Quadros (1961). Ministros militares 
vetaram a mesma, alegando a associação de Jango com interesses comunistas e, por 
isso, uma ameaça à segurança nacional. Enquanto a ala legalista das Forças Armadas, 
lideradas pelo general Lott e no Rio Grande do Sul, pelo general Machado Lopes 
reagiram em defesa da legalidade da sua posse. Despontava nesse momento a figura 
de Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, cunhado e herdeiro político 
de Goulart. Ele liderou a Campanha da Legalidade em apoio à posse de Jango. 
A solução do Congresso foi estabelecer um regime parlamentarista por meio 
de uma emenda constitucional em setembro de 1961. Dessa forma, implementava-se 
a experiência do regime parlamentarista no Brasil que seria depois adotado ou não 
definitivamente de acordo com o resultado de um plesbicito em 1965. Assim, Jango 
assumiu a presidência, mas as atribuições políticas eram todas reservadas ao 
primeiro ministro. A fragilidade política do regime parlamentar fez com que à consulta 
aos eleitores fosse adiantada em dois anos, retomando o regime presidencialista em 
1963, preferido do eleitorado brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Referências bibliográficas 
ARRUDA, José Jobson de A.; PILETTI, Nelson. Toda História – História Geral e História do Brasil. São Paulo: Ática, 
1996. 
COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. São Paulo: Saraiva, 1997. 
FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. São Paulo: Edusp, 2015. 
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ARAÚJO, Ana Paula. Formas de Governo – Parlamentarismo. Infoescola. Disponível em: 
<https://www.infoescola.com/formas-de-governo/parlamentarismo/>. Acesso em: 06/04/2019 às 17h02min. 
JUNIOR, Antônio Gasparetto. Leonel Brizola: Infoescola. Disponível em: 
<https://www.infoescola.com/biografias/leonel-brizola/>. Acesso em: 06/04/2019 às 17h33 min. 
Comando Geraldos Trabalhadres. Disponivel em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-
tematico/comando-geral-dos-trabalhadores-cgt. Acesso em 10/11/2019 às 22:32. 
Referências imagéticas 
Figura 01: FLICKR. Disponível em: https://www.flickr.com/photos/fotosantigasrs/15129025330. Acessdo em: 
06/04/2019 às 17h47min.

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