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DIABETES MELLITUS MsC Flávia Danielli Martins Lima A prevalência de DM nos países da América Central e do Sul foi estimada em 26,4 milhões de pessoas e projetada para 40 milhões, em 2030 (INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2012). O Diabetes é mais comum em mulheres, em pessoas com baixa escolaridade e aumenta de acordo com a idade da população: 21,6% dos brasileiros com mais de 65 anos referiram a doença, E nas pessoas na faixa etária entre 18 e 24 anos, apenas 0,6% possuem diabetes (BRASIL, 2011). As complicações agudas e crônicas do diabetes causam alta morbimortalidade, acarretando altos custos para os sistemas de saúde. Gastos relacionados ao diabetes mundialmente, em 2010, foram estimados em 11,6% do total dos gastos com atenção em saúde (INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2012). No Brasil, a situação não é diferente. Considerações Iniciais resultantes de defeitos da secreção e/ou da ação da insulina (OMS, 1999). Caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, O termo “diabetes mellitus” (DM) refere-se a um transtorno metabólico de etiologias heterogêneas Geralmente associado Dislipidemia Hipertensão arterial Disfunção endotelial Conceito Clássicos • Poliúria; • Polidipsia; • Perda inexplicada de peso; • Polifagia Menos Específicos • Fadiga, fraqueza e letargia; • Visão turva (ou melhora temporária da visão para perto); • Prurido vulvar ou cutâneo, balanopostite (inflamação glande ou perpúcio) Complicações crônicas • Proteinúria • Neuropatia (cãimbras, dor membros inferiores e/ou parestesias). • Retinopatia diabética • Catarata • Doença arteriosclerótica (infarto agudo do miocárdio, AVE, doença vascular periférica); • Infecções de repetição Sinais e Sintomas • Ocorre em 5 a 10% dos casos. Caracterizado por destruição das células beta pancreáticas que levam a uma deficiência de insulina. Em crianças em jovens sem excesso de peso. Tem início abrupto e rápida evolução para cetoacidose. Diabetes Mellitus Tipo 1 • Verificada em 90 a 95% dos casos e caracteriza-se por defeitos na ação e secreção da insulina e na regulação da produção hepática de glicose. Em adultos com história de sobrepeso e hereditariedade (interação de fatores genéticos e ambientais).Tem início insidioso e sintomas mais brandos. Diabetes Mellitus Tipo 2 • Diabetes Latente Auto-Imune no Adulto. Paciente adulto (entre 25 e 65 anos)produz anticorpos contras as próprias células beta-prancreáticas e progressão rápida para uso de insulina. Diabetes LADA ou 1,5 • Trata-se de qualquer intolerância à glicose, de magnitude variável, com início ou diagnóstico durante a gestação. Menos severo que os tipos 1 e 2. Diabetes Gestacional Classificação Exames Glicemia Casual • Geralmente feita no momento da consulta. • Uso do glicosímetro e tiras reagentes. Glicemia de Jejum • Deve ser realizado após um jejum de 8h, no mínimo. Teste de tolerância à glicose (TTG) • Realizada utilizando uma carga de glicose contendo o equivalente a 75g de glicose anidra dissolvida em água em 2 horas. Hemoglobina Glicada (HbA1C) • Analisa o nível de hemoglobinas que sofreram glicação (juntaram-se à glicose) na corrente sanguínea. Reflete os níveis glicêmicos dos últimos 2/3 meses. Diagnóstico D ia gn o st ic o d e D M t ip o 2 e s e u s e st ág io s p ré - cl ín ic o s Glicemia normal <100 <140 Risco de Diabetes (Pré Diabetes) ≥100 a <126 ≥140 a <200 5,7% a 6,4% Diabetes Mellitus ≥126 ≥200 ≥200 (com sintomas clássicos) >6,5%* Categoria Jejum (8h) 2h após 75g de glicose Glicemia casual (qualquer horário) Hemoglobina Glicada (HbA1C) NOTA: Os sintomas clássicos do DM incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso. *A hemoglobina glicada deve ser confirmada numa segunda coleta. Fonte: Adaptado de American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes - 2017. Diabetes Care. 2017. Valores de Diagnóstico Acontece quando os níveis de glicemia (açúcar no sangue) são mais elevados do que o normal, mas não são altos, suficientemente, para dar o diagnóstico de diabetes. Conduta I • Modificações no estilo de vida hábitos alimentares, perda ponderal (5 a 10% do peso corporal) em casos de sobrepeso e obesidade e atividades físicas. II • Uso de Metformina indicação prioritária, sobretudo nos casos de peso elevado Pré-Diabetes Excesso de peso (IMC >25 kg/m2) e um dos seguintes fatores de risco: História de pai ou mãe com diabetes; Hipertensão arterial (>140/90 mmHg ou uso de anti- hipertensivos em adultos); História de diabetes gestacional ou de recém-nascido com mais de 4 kg; Dislipidemia: hipertrigliceridemia (>250 mg/dL) ou HDL-C baixo (<35mg/dl) Exame prévio de HbA1c ≥5,7%, tolerância diminuída à glicose ou glicemia de jejum alterada; Obesidade severa Síndrome de ovários policísticos; História de doença cardiovascular; Inatividade física; Idade ≥ 45 anos Risco cardiovascular moderado OU OU Critérios de Rastreamento- Adultos Assintomáticos Histórico (Anamnese e Exame Físico) Diagnóstico das necessidades Planejamento da Assistência Implementação da Assistência Avaliação do processo de cuidado Consulta de Enfermagem 1) Anamnese Identificação (dados sociodemográficos) Antecedentes familiares e pessoais Queixas atuais e história sobre o diagnóstico de DM Percepção da pessoas diante da doença, tratamento e autocuidado Medicamentos utilizados para DM e outras comorbidades Hábitos de vida Identificação de fatores de risco Consulta de Enfermagem 2) Exame Físico Altura, peso, circunferência abdominal e IMC Sinais Vitais Exame da cavidade oral, com alteração para candidíase e gengivite Alterações de visão Avaliação da integridade da pele, turgor e coloração MMII: unhas, dor, edema, pulsos pediosos e lesões Foco especial nas condições dos pés (bolhas, sensibilidade, ferimentos, calosidades e corte das unhas) Consulta de Enfermagem 3) Diagnóstico das Necessidade de Cuidados É a interpretação e conclusões quanto às necessidades, aos problemas e às preocupações da pessoa para direcionar o plano assistencial. Estar atento às seguintes situações: Dificuldades e déficit cognitivo Diminuição da acuidade visual e auditiva Problemas emocionais, sintomas depressivos ou outras barreiras psicológicas Sentimento de fracasso associado à doença Medos relacionados à doença (perda de independência, crises de hipoglicemia..) Aos que usam insulina verificar condições gerais Consulta de Enfermagem 4) Planejamento da Assistência: São estratégias para prevenir, minimizar ou corrigir os problemas identificados nas etapas anteriores, sempre estabelecendo metas com a pessoa com DM. 5) Implementação da Assistência: deverá ocorrer de acordo com as necessidades e grau de risco da pessoa e da sua capacidade de adesão e motivação para o autocuidado, a cada consulta 6) Avaliação do Processo de Cuidado: Avaliar com a pessoa e a família se as metas de cuidados foram alcançadas e o seu grau de satisfação em relação ao tratamento. Observar se ocorreu alguma mudança a cada retorno à consulta. Avaliar a necessidade de mudança ou adaptação no processo de cuidado e reestruturar o plano de acordo com essas necessidades. Registrar em prontuário todo o processo de acompanhamento Consulta de Enfermagem Objetivos Prevenir complicações agudas e crônicas Promoverqualidade de vida Manter o paciente assintomático Diminuir a mortalidade Orientar o ajuste farmacológico Controle Glicêmico Não-Medicamentoso Atividade Física Regular Alimentação adequada Evitar fumar Evitar o excesso de álcool Estabelecer metas de controle do peso Tratamento Medicamentoso Tratamento de 3ª Linha Uso de Insulina. Casos de difícil manejo da glicemia (>300mg/dl) Tratamento de 2ª Linha Associação de biguanidas + sulfonilureias estimulam a secreção de insulina. Pode causar hipoglicemia e ganho de peso Tratamento de 1ª Linha Captação muscular de glicose. Produção hepática de glicose. Triglicerídeos. HDL LDL Tratamento Quadro- Medicamentos de uso oral disponíveis na RENAME, 2017. Classe Farmacológica Nome Genérico Concentração Apresentação Dose Mínima (inicial) Dose máxima (dia) Tomadas ao dia Biguanidas Cloridrato de Merformina 500mg Comprimido 500mg 2550mg 3 Cloridrato de Merformina 850mg Comprimido 500mg 2550mg 3 Derivados da ureia, sulfonamidas Glibenclamida 5mg Comprimido 2,5mg 20mg 2-3 Gliclazida 30mg Comprimido de liberação prolongada 30mg - 1 Gliclazida 60mg Comprimido de liberação prolongada 30mg - 1 Gliclazida 80mg Comprimido 80mg 320mg 1-2 Tratamento Tratamento de 1ª Linha Uso de Metformina se a pessoa não alcançar a meta glicêmica em 3 meses após tratamento não-medicamentoso. A droga tem um perfil de segurança em longo prazo, efeito neutro e redução do peso, ausência de hipoglicemias e reduz eventos macrovasculares A metformina pode reduzir a incidência de infarto agudo do miocárdio em 36% e mortalidade em 32% Reduz o nível da glicemia (redução média de 1,5% em média na Hb1Ac), também diminui os triglicerídeos, provoca pequena diminuição do LDL e aumento muito modesto no HDL NOTA: No processo de acompanhamento, solicita-se glicemia de jejum e Hb1AC após 3 meses de tratamento Tratamento Tratamento de 2ª Linha A associação de um segundo fármaco ocorre com a maioria das pessoas com DM tipo 2, em virtude do caráter progressivo da doença. Se as metas de controle não forem alcançadas após três a seis meses de uso de metformina, pode-se associar uma sulfonilureia. O acréscimo do segundo fármaco também pode ser feito precocemente, de 4 a 8 semanas após o primeiro ter sido iniciado (metformina) e não se ter obtido uma resposta satisfatória. Em nove anos, cerca de 75% dos pacientes necessitam utilizar mais de uma medicação para o controle glicêmico. Tratamento Tratamento de 3ª Linha Quadro- Insulinas disponíveis no SUS NOTAS: 1) As insulinas reduzem a HbA1c em até 3,0% (GROSS et al., 2010), sendo as hipoglicemias o principal limitante. 2) Via de Administração Subcutânea. A insulina regular também pode ser aplicar EV e IM, em situações que requerem um efeito clínico imediato. Tratamento Tratamento de 3ª Linha- Aplicação de Insulina TRATAMENTO NOTA: A velocidade de absorção varia conforme o local de aplicação, sendo mais rápida no abdômen, intermediária nos braços e mais lenta nas coxas e nádegas (MS,2013). Acompanhamento ideal da pessoa com DM deve incluir, quando a avaliação individual prévia é sem alterações/complicações: • Com, no mínimo, creatinina sérica e cálculo da taxa de filtração glomerular, para rastreamento da nefropatia diabética. Avaliação anual da função renal • Para rastreamento da retinopatia diabética. Avaliação anual do fundo de olho • Com hemoglobina glicada. Avaliação semestral do controle glicêmico Acompanhamento Pós-definição de Tratamento Complicações Agudas Hipoglicemia Cetoacidose Síndrome Hiperosmolar Hiperglicêmica Não Cetótica Crônicas Microvasculares Macrovasculares Complicações Crônicas Microvasculares Retinopatia Nefropatia Neuropatia Macrovasculares Doença Coronariana Doença Cerebrovascular Doença Vascular Periférica Complicações Agudas Cetoacidose Diabética Deficiência absoluta ou relativa de insulina Ocorre principalmente no DM tipo 1 e LADA Sintomas: Polidpsia, Poliúria, Enurese, halito cetônico, fadiga, visão turva, vômitos, dor abdominal, hiperventilação e alteração do estado mental. Síndrome Hiperosmolar Hiperglicêmica não Cetótica Hiperglicemia grave (>600 a 800mg/dl) acompanhada de desidratação e alteração do estado mental, na ausência de cetose. Ocorre APENAS no DM tipo 2 Mortalidade mais elevada que a Cetoacidose Diabética Hipoglicemia Diminuição dos níveis glicêmicos (<70mg/dl) com ou sem sintomas Ocorre mais em pacientes em uso de insulina Sintomas: Fome, tontura, fraqueza, dor de cabeça, confusão, coma, convulsão, taquicardia, tremores. Complicações I • Risco para lesões relacionadas com as complicações II • Adaptação prejudicada, relacionada com a cronicidade da doença e com a complexidade do tratamento. III • Déficit potencial de autocuidado relacionado com o comprometimento físico ou fatores sociais. IV • Conforto alterado relacionado com às injeções de insulina e aos testes capilares V • Nutrição alterada relacionada ao desequilíbrio de insulina, alimento e atividade física Diagnósticos de Enfermagem • Administração de líquidos e eletrólitos conforme prescrição médica; Monitorização e encorajamento da ingesta oral líquida; Monitorização de SSVV (verificar sinais de desidratação) Manutenção do Equilíbrio Hidroeletrolítico • Dieta planejada com controle da glicemia e ingesta calórica adequada Melhorar ingesta nutricional • Apoio emocional; Incentiva e encorajar aprendizado dos comportamentos de autocuidado Redução da Ansiedade • Hipoglicemia; Sobrecarga hídrica (evitar administração de grandes volumes de líquidos); Hiperglicemia e Cetoacidade; Hipocalemia (diminuição do Potássio). Monitorizar e Tratar complicações potenciais PRESCRIÇÕES DE ENFERMAGEM AVALIAÇÃO E CUIDADOS COM OS PÉS DE PESSOAS DIABÉTICAS MsC Flávia Danielli Martins Lima CONSIDERAÇÕES INICIAIS Entre as complicações crônicas do diabetes mellitus (DM), as úlceras de pés (também conhecido como pé diabético) e a amputação de extremidades são as mais graves e de maior impacto socioeconômico (BOULTON, 2008).. As úlceras nos pés apresentam uma incidência anual de 2%, tendo a pessoa com diabetes um risco de 25% em desenvolver úlceras nos pés ao longo da vida (BOULTON, 2008). Essa complicação é responsável por 40% a 70% das amputações não traumáticas de membros inferiores. Aproximadamente 20% das internações de indivíduos com diabetes ocorrem por lesões nos membros inferiores. CONCEITO Denomina-se Pé Diabético a presença de infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos profundos associados a anormalidades neurológicas e a vários graus de doença vascular periférica em pessoas com Diabetes Mellitus (MS, 2016). As alterações de ordem neurológica e vascular em extremidades, provocadas pelo quadro de DM, produzem distorções na anatomia e fisiologia normais dos pés. CONCEITO Alterações/Distorções na anatomia e fisiologia normais dos pés. Áreas com maior risco de ulceração Pé Plano Pé Cavo Pressão Interdigital HáluxValgo Dedo em garra FATORES DE RISCO I • Duração do DM (superior a dez anos) II • Úlceras nos pés no passado e/ou amputação prévia III • Neuropatia periférica IV • Deformidade nos pés V • Doença vascular periférica VI • Nefropatia diabética (especialmente em diálise) VII • Mau controle glicêmico VIII • Tabagismo TRÍADE DO PÉ DIABÉTICO I • Neuropatia II • Ulceração III • Vasculopatia periférica Sem Infecção Com InfecçãoTipos de Ulceração CICATRIZAÇÃO NO PÉ DIABÉTICO I • Prejudica a síntese do colágeno II • Diminui a capacidade de fagocitose pelos leucócitos III • Aumenta o risco de infecção IV • Afeta a sensibilidade dos membros inferiores Por que é difícil a cicatrização no Pé Diabético? R: Porque a Hiperglicemia: CLASSIFICAÇÃO T ip o s d e u lc e ra s d e P é D ia b é ti co Vascular/ Isquêmico Claudicação intermitente (cãibra/dor durante o exercício) Pé frio com ausência de pulsos Pé pálido com elevação do membro Neuropático Perda progressiva de sensibilidade Sensação de queimação e formigamento (melhora com exercício) Lesões traumáticas indolores Misto CLASSIFICAÇÃO Quadro- Classificação fisiopatológica do Pé Diabético, segundo sinais e sintomas. CLASSIFICAÇÃO Pé Neuropático Pé Isquêmico AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 1)Anamnese Avaliar os seguintes fatores de risco Tempo de doença do DM e controle glicêmico História de complicações micro e macrovasculares História de Tabagismo História de úlceras, amputações e by- pass em membros Dor ou desconforto em membros inferiores Cuidados de higiene e proteção dos pés AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 2) Exame Físico • Aumento das proeminências dos metatarsos, dedos em garra, dedos em martelo, joanetes e perda do arco plantar (Artropatia de Charcot) Anatomia do Pé • Verificar presença de xerodermia (pele ressecada), o que predispõe às fissuras e às ulcerações Hidratação • Pele pálida, avermelhada, azulada ou arroxeada, pele fria e rarefação de pelos são sinais de insuficiência arterial e devem ser complementados com o exame da palpação dos pulsos. Coloração, Temperatura e distribuição dos pêlos AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 2) Exame Físico • Verificar unhas quebradiças, atrofia de pele, lesões esfoliativas, calosidades, umidades entre dedos e tipo de corte da unha. Integridade de unhas e pele • Compreende a avalição da sensibilidade (tátil, dolorosa-térmica e vibratória), a avaliação de reflexos tendíneos e a avaliação da função motora. Avaliação Neurológica • Deve contemplar, no mínimo, a palpação dos pulsos pediosos e tibiais posteriores Avaliação Vascular • Verifica se as feridas/úlceras são agudas ou crônicas, localização, tamanho, tipo, edema, coloração, aspecto da borda, presença de exsudato e/ou infecção. Avaliação de Feridas AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 2) Exame Físico- Classificação da úlcera do Pé Diabético Classificação de Wagner AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 2) Exame Físico- Classificação da úlcera do Pé Diabético Classificação da Universidade do Texas GRAU DESCRIÇÃO ESTÁGIO 0 Lesão epitelizada, pré ou pós ulcerativa A 1 Lesão superficial, sem comprometer tendão, cápsula ou osso A-D 2 Lesão atinge o tendão ou a cápsula A-D 3 Lesão atinge o osso A-D Estágios: A=sem infecção ou isquemia; B= infecção; C= isquemia; D= infecção+isquemia Palpação Falanges AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 2) Exame Físico do Pé Diabético • Pele e UnhasInspeção • Falanges; Região dos Metatarsos; Calcâneo e Pulsos PeriféricosPalpação Palpação Região Metatarso Palpação Tendão do Calcâneo Palpação Osso Global do Calcâneo AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 2.1) Avaliação Neurológica Sensibilidade tátil com monofilamento de Semmes-Weinstem Realizado com monofilamento de 10 gramas (laranja). É o método de escolha. Aplicar 2 vezes no mesmo local, alternando com pelo menos 1 vez simulada (não tocar), contabilizando no mínimo 3 perguntas por aplicação. A percepção da sensibilidade protetora está presente se 2 respostas forem corretas das 3 aplicações. A percepção da sensibilidade protetora está ausente se 2 respostas forem incorretas das 3 aplicações. AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 2.1) Avaliação Neurológica Sensibilidade vibratória com diapasão de 128 Hz O local de escolha para o teste é a parte óssea no lado dorsal da falange distal do hálux, em ambos os pés, mas alternativamente o maléolo lateral pode ser utilizado O teste é positivo (alterado) se o paciente responde de forma incorreta (pessoa perde a sensação da vibração enquanto o examinador ainda percebe o diapasão vibrando), em pelo menos 2 de 3 aplicações, e negativo (normal) com 2 das 3 respostas corretas. AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 2.1) Avaliação Neurológica Avaliação reflexo aquileu É obtido por meio da percussão com o martelo de reflexos ou com a digitopercussão do tendão de Aquiles. O teste é considerado alterado quando a flexão plantar reflexa do pé está ausente ou diminuída. AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 2.2) Avaliação Vascular O exame deve contemplar, no mínimo, a palpação dos pulsos pediosos e tibiais posteriores Caso o exame clínico levante a suspeita de vasculopatia (por exemplo, pulsos diminuídos ou não palpáveis) e não consiga se palpar os pulsos, deve-se encaminhar o paciente para avaliação vascular complementar. AVALIAÇÃO CLÍNICA DO PÉ DIABÉTICO 2.3) Avaliação de Feridas Localização anatômica. Bordas/margens: aderida, perfundida, macerada, descolada, fibrótica, hiperqueratótica, outros. Tipo/quantidade de tecido: granulação, epitelização, desvitalizado ou inviável (esfacelo e necrose). Pele perilesional: edema, coloração, temperatura, endurecimento, flutuação, crepitação, descamação, outros. Exsudato: quantidade, aspecto, odor. Infecção: presença de sinais sugestivos Tamanho: área (cm²)/diâmetro (cm)/profundidade (cm), observando se há exposição de estruturas profundas, como estruturas ósseas e tendões. CLASSIFICAÇÃO DE RISCO DO PÉ DIABÉTICO Categoria de Risco Situação Clínica Periodicidade de Acompanhamento 0 Neuropatia Ausente Anual, preferencialmente com médico ou enfermeiro da AB. 1 Neuropatia presente com ou sem deformidades (dedos em garra, dedos em martelo, proeminências em antepé, Charcot). A cada 3 a 6 meses, com médico ou enfermeiro da AB. 2 Doença arterial periférica com ou sem neuropatia presente. A cada 2 a 3 meses, com médico e/ou enfermeiro da AB. Avaliar necessidade de encaminhamento para outro ponto de atenção. 3 História de úlcera e/ou amputação A cada 1 a 2 meses, com médico e/ou enfermeiro da AB, ou equipe especializada. NOTAS: 1) Pessoas com úlceras instaladas podem precisar de acompanhamento semanal ou até mesmo diário. 2) Essa classificação deve ser usada para nortear a conduta de cuidado e de acompanhamento do profissional após a avaliação inicial. ORIENTAÇÕES PARA PREVENÇÃO DE ÚLCERAS NOS PÉS EM DIABÉTICOS AUTOEXAME DOS PÉS Examinar os pés diariamente Procurar por micoses, rachaduras, calos, bolhas, feridas, mudança de cor e temperatura ou diminuição da sensibilidade. Em caso de dificuldade no autoexame, utilizar espelho no chão ou solicitar ajuda HIGIENE E HIDRATAÇÃO DOS PÉS Lavar diariamente os pés Utilizar sabão neutro e água morna Evitar deixar os pés de molho na água Secar cuidadosamente os pés Aplicar hidratante diariamente nos pés e pernas, exceto entre os dedos e sobre feridas Preferir hidratantes à base de ureia a 10%, lanolina ou vaselina ORIENTAÇÕES PARA PREVENÇÃO DE ÚLCERAS NOS PÉS EM DIABÉTICOS CUIDADOS COM UNHAS E CALOS Cortar as unhas de forma reta, sem aprofundar os cantos Não retirar cutículas Não utilizar agentes químicos ou emplastros para remover calos Calos devem ser removidos apenaspor profissional de saúde treinado CALÇADOS E MEIAS Evitar andar descalço dentro de casa Não usar sapatos sem meias Usar meias de algodão, sem costuras internas e externas Trocar as meias diariamente Não usar meias apertadas ou na altura do joelho Sapato não deve ser apertado nem muito folgado ORIENTAÇÕES PARA PREVENÇÃO DE ÚLCERAS NOS PÉS EM DIABÉTICOS PALMILHAS E ÓRTESES PLANTARES Protetor de joanetes; Palmilhas; Abordagem da Artropatia de Charcot TERAPIA TÓPICA Limpeza Debridamento Escolha da cobertura ideal Roboffot Gesso de contato total ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA TERAPIA TÓPICA A abordagem da úlcera neuropática segue cinco pilares principais, para que haja cicatrização primária sem evoluir para amputação: I • Limpeza regular da lesão associada à proteção local, com curativo oclusivo simples e calçado adequado; II • Remoção de calosidades na região ulcerada; III • Proteção do leito de cicatrização de trauma, durante a marcha, com retirada da carga nesse local IV • Acompanhamento rigoroso do seguimento clínico da úlcera (detectar sinal de piora e retardo da cicatrização) V • Tratamento de qualquer infecção presente ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA TERAPIA TÓPICA Notas Importantes A escolha de qualquer terapia tópica deve ser precedida de uma avaliação criteriosa da lesão, do grau de comprometimento neuropático e/ou isquêmico, da presença de infecção e da profundidade da lesão; Devem ser considerados os princípios mais importantes para o cuidado da úlcera e do leito da lesão: inspeção regular; limpeza; remoção de debris (esfacelos) e proteção do tecido em regeneração; As coberturas devem ser escolhidas mediante o predomínio do tipo de tecido e a prioridade que o tratamento exija no momento da avaliação da ferida. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA TERAPIA TÓPICA Resumo das Recomendações para a utilização de terapia tópica conforme a aparência da lesão Aparência da Lesão Alternativas Terapêuticas Lesão superficial ou abrasão dérmica, queimadura superficial ou no local de enxertia da pele Hidrocolóide Hidrogel Filme Cobertura hidrocelular ou espumosa Lesão em processo de granulação Tecido produzido por bioengenharia Hidrocolóide Alginato Cobertura hidrocelular ou espumosa ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA TERAPIA TÓPICA Aparência da Lesão Alternativas Terapêuticas Lesão com odor desagradável e exsudato moderado a alto Curativos de carvão ativado Lesão com presença de fibrina ou tecido necrótico úmido Hidrocolóide, na presença de exsudação leve a moderada Hidrogel, na presença de exsudação leve Alginato, na presença de exsudato intenso Resumo das Recomendações para a utilização de terapia tópica conforme a aparência da lesão ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA TERAPIA TÓPICA Resumo das Recomendações para a utilização de terapia tópica conforme a aparência da lesão Aparência da Lesão Alternativas Terapêuticas Lesão com presença de tecido necrótico escurecido e seco Hidrogel* Desbridamento** *: No caso de pessoas com doença arterial periférica e para as quais é indicada a amputação, recomenda-se não desbridar e o uso de hidrogel está contraindicado quando o pulso não é palpável, pois pode aumentar o tamanho da ferida e macerar a área em volta da úlcera, caso haja suprimento inadequado de sangue para acompanhar a cicatrização. ** O tecido necrótico provocado pela insuficiência arterial não deve ser desbridado. Nessas feridas, a falta de fluxo sanguíneo não só retarda a cura, como também impede que o sistema imunológico manuseie as bactérias que penetram na ferida ATIVIDADE DISCENTE Hirota, CMO; Haddad, MCL; Guariente, MHDM. Pé diabético: o Papel do Enfermeiro no contexto das inovações terapêuticas. Cienc Cuid Saude, 2008 Jan/Mar; 7(1):114-120
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