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CIRURGIA CARDÍACA – Revascularização miocárdica Profa Dra Janaina Paulini Profa Ms Gisele Hirano 2023.1 1 CIRURGIA CARDÍACA - HISTÓRICO As cirurgias cardíacas são acontecimentos recentes; Na Europa e Brasil, até fins do século XIX não eram realizados procedimentos cirúrgicos na cardiologia; Com o avanço tecnológico na área médica, a recuperação do cliente se dá de forma cada vez mais rápida, seqüelas aparecem com menor freqüência e o cliente enfrenta melhor os procedimentos cirúrgicos. Com esse avanço , métodos foram criados para facilitar e explorar melhor o coração e facilitar manuseio e tratamento desse órgão. 2 CIRURGIA CARDÍACA Bom resultado em cirurgia cardíaca é decorrente: - Cuidadosa avaliação perioperatória; - Manutenção da homeostase na sala cirúrgica; - Cuidados pós- operatórios adequados (manejo racional das disfunções orgânicas); 3 CIRURGIA CARDÍACA - TIPOS DE INCISÃO CIRURGIA CARDÍACA- ESTERNOTOMIA CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO 6 É um procedimento cirúrgico no coração que visa restabelecer a oferta de sangue ao coração que apresenta uma ou mais artérias obstruídas. Atualmente, mais de 800 mil cirurgias de revascularização do miocárdio são realizadas em todo o mundo. São utilizados enxertos provenientes do nosso próprio corpo (veia safena, artéria mamária interna, artéria radial etc.) que funcionarão como uma ponte, levando o sangue à parte da artéria coronária depois da obstrução. 7 Qual o melhor enxerto (ponte) para se utilizar? Existem vários tipos de enxerto que o cirurgião pode optar. O enxerto pode ser de veia ou de uma artéria. No caso do enxerto de veia, utiliza-se uma veia da perna, chamada de safena magna. Dos enxertos arteriais, dispomos das seguintes artérias: 8 1 - Artéria torácica interna ou artéria mamária interna: Esta artéria irriga a parede do tórax e é uma ótima opção para a cirurgia, pois além de ter uma durabilidade maior que a safena, por estar perto do coração, não precisa ser retirada por completo, apenas a sua parte final, que será implantada na artéria coronária 9 2- Artéria radial: Esta artéria irriga o antebraço e é uma ótima opção para ser utilizada como enxerto. A outra artéria que se localiza no antebraço é a artéria ulnar que, na ausência da artéria radial, fica responsável por toda a irrigação da mão. 10 3- Artéria gastroepiplóica: Artéria responsável por irrigar parte do estômago e que, por estar abaixo do coração, pode ser utilizada como enxerto. Seu uso é pouco frequente. 11 4-Artéria epigástrica inferior: Artéria responsável por irrigar a parede abdominal. Raramente é utilizada como enxerto. 12 CORAÇÃO QUE RECEBEU TRÊS ENXERTOS 13 PECULIARIDADES DA CIRURGIA CARDÍACA SRIS- Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS- Systemic inflammatory response syndrome) Resposta inflamatória sistêmica a uma variedade de agressões clínicas severas que se manifesta por duas ou mais destas condições: 1. temperatura corporal > 38°C ou < 36°C; 2. freqüência cardíaca >90 batidas por minuto; 3. freqüência respiratória > 20 inspirações por minuto ou PaCO2 <32mmHg; 4. contagem de glóbulos brancos >12000/cumm, < 4000/cumm ou >10% das formas imaturas. PECULIARIDADES DA CIRURGIA CARDÍACA CIRCULAÇÃO EXTRA- CORPÓREA (CEC) o Substituição temporária das atividades cardiopulmonares o Sistema de tubos de plástico, oxigenador artificial e bombas que permite ao sangue circular e ser oxigenado sem passar pelo coração e pulmões, fazendo a função destes órgãos durante o procedimento cirúrgico. CIRCULAÇÃO EXTRA CORPÓREA(CEC) CEC (circuito) 17 CIRCULAÇÃO EXTRA CORPÓREA(CEC) PECULIARIDADES DA CIRURGIA CARDÍACA PARADA CIRCULATÓRIA TOTAL COM HIPOTERMIA PROFUNDA o Confere neuroproteção, diminuindo o consumo de oxigênio; o Reduz a taxa metabólica cerebral; o Diminui a secreção de neurotransmissores excitatórios; o Diminuição de sangramento; o Proteção miocárdica; PREPARO PARA A CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO Se o procedimento for eletivo, o paciente poderá fazer os exames pré-operatórios sem estar internado e internar na véspera ou no dia da cirurgia. Normalmente, suspendem-se as drogas que possam influenciar a coagulação, como aspirina, clopidogrel e anticoagulantes. Quando se trata de um procedimento de urgência, o paciente é preparado durante a própria internação. 19 PROCEDIMENTOS PRÉ- OPERATÓRIOS jejum de pelo menos 12 horas, inclusive água 20 Visita do anestesista: medicação pré anestésica Tricotomia ampla (raspagem de pelos), momentos antes da cirurgia (toda extensão corporal, face anterior e posterior, menos o couro cabeludo) Antibiótico profilático 21 22 Duração média: entre 4 a 6 horas, dependendo do número de pontes a realizar. Após a chegada do paciente no Centro Cirúrgico, seguem-se os seguintes passos: • Anestesia geral • Intubação traqueal • Passagem de SVD, acesso venoso para a infusão de drogas e fluidos durante a cirurgia; • Assepsia (limpeza) de todo o campo cirúrgico; • Abertura do tórax e preparação dos enxertos; • Início da circulação extracorpórea quando necessária; O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO 23 Realização das pontes (tempo principal); Saída da circulação extracorpórea; Fechamento do tórax e pele; Fim da cirurgia. Encaminhamento para a UTI. 24 25 26 27 COMO É O PÓS-OPERATÓRIO? Na grande parte dos casos, o paciente chega à UTI sedado com o uso do respirador, devendo acordar em torno de duas horas de UTI. 28 ADMISSÃO NA UTI- PASSAGEM DE PLANTÃO Dados do paciente (nome, sexo, idade, antecedentes, peso, altura, registro hospitalar); Tipo de cirurgia; Tempo de CEC; Hemotransfusão; Drogas vasoativas; Intercorrências em S.O.; Alergias; Antibiótico profilático; Drenos e cateteres; Marca-passo; Sondas; Lesões de pele; ADMISSÃO NA UTI Monitorização imediata (ECG, oximetria, PAI, PVC, DC); Acoplamento ao ventilador; Ausculta pulmonar; Avaliar pulsos e perfusão periférica; Avaliar integridade cutânea; Monitorar drenos torácicos; Medir temperatura corpórea; o Dreno mediastinal e torácico o Cateter venoso central Sonda vesical de demora Monitorização multiparamétrica (pressão arterial, FC, P, FR, oximetria, pressão venosa central...) Cateter de pressão arterial invasiva Fios de marcapasso epicárdico 31 PRINCIPAIS DISPOSITIVOS DRENOS TORÁCICOS 33 Fio de marcapasso epicárdico Gerador de marcapasso ESTERNOTOMIA 34 CATÉTERES Catéter de duplo lúmen CATÉTERES Catéter de artéria pulmonar (Swan-Ganz) MONITORES DE DÉBITO CARDÍACO VIGILEO MONITORES DE DÉBITO CARDÍACO Hemosphere e EV1000 ADMISSÃO NA UTI Se paciente estável Medir débito urinário e dos drenos e anotar as características; Aferir SSVV; Obter raio-x de tórax; Obter ECG de 12 derivações; Avaliar estado neurológico; Obter exames laboratoriais gerais ADMISSÃO NA UTI- AVALIAÇÃO GERAL Estado neurológico Capacidade de resposta; Reação pupilar; Movimentação dos membros Estado cardíaco FC e ritmo cardíaco, AC, PA, PVC, PCP, PAE, PAI, DC, SVO2, débito de dreno mediastinal, marcapasso; EXEMPLOS DE RADIOGRAFIA DE TÓRAX EXEMPLOS DE RADIOGRAFIAS DE TÓRAX ADMISSÃO NA UTI- AVALIAÇÃO GERAL Estado respiratório Movimentos torácicos; Ausculta pulmonar; Raio-x de tórax; Parâmetros ventilatórios; Saturação periférica de oxigênio; Saturação arterial de oxigênio; Débitos de drenos pleurais; Gasometria arterial Cuidados com drenos torácicos: Finalidade : Tirar o líquido , ar e sangue acumulado durante a cirurgia pois ele prejudica a expansão pulmonar adequada. Montagem do sistema Selo d’água:a ponta do dreno deverá ficar submerso em água destilada em torno de 2cm) Não deixar entrar ar , nem deixar o dreno acima do nível da cama, ou acima do tórax. Deixar pinças próximo para que a medição seja segura. Deverá ter no local um medidor de volume (cálices)44 45 46 ADMISSÃO NA UTI- AVALIAÇÃO GERAL Estado vascular periférico Pulsos periféricos; Coloração dos leitos ungueais; Edema; Curativos; Linhas invasivas Estado renal Débito urinário (desejável >1ml/kg/h) ADMISSÃO NA UTI- AVALIAÇÃO GERAL Dor Natureza; Tipo; Localização; Duração; Resposta ao analgésico; EXAMES LABORATORIAIS Exames POI 1 PO 2 PO Na/K A cada 6 h A cada 12 h 1 vez/dia Hb/Ht A cada 6 h 2 vezes/dia 1 vez/dia Dextro A cada 2 h A cada 2 h A cada 2 h Cálcio iônico 2 vezes/dia 1 vez/dia 1 vez/dia Mg 1 vez/dia ACM ACM Ur/Cr 1 vez/dia 1 vez/dia 1 vez/dia Gasometria arterial A cada 6 h A cada 12 h ACM Gasometria venosa A cada 6 h A cada 12 h 1 vez/dia Lactato A cada 6 h 1 vez/dia ACM Contagem de plaquetas 1 vez/dia 1 vez/dia ACM Coagulograma 1 vez/dia ACM ACM Radiografia de tórax 1 vez/dia 1 vez/dia 1 vez/dia Eletrocardiograma 2 vezes/dia 2 vezes/dia 1 vez/dia PRESCRIÇÃO MÉDICA 50 Antibiótico profilático (cefuroxima); Profilaxia para úlceras de estresse (omeprazol); Profilaxia de trombose venosa profunda (TVP): em geral, não é utilizada nas primeiras 48 horas. Analgesia; SEDAÇÃO E ANALGESIA bom acoplamento paciente/ventilador redução da ansiedade até que o paciente esteja estável o suficiente para progredir o desmame ventilatório e posterior extubação; A dor estimula o sistema nervoso simpático, aumentando a FC e a PA; Pode causar diminuição da expansão torácica; Diferenciar dor decorrente da esternotomia mediana da dor anginosa; Analgesia adequada: analgésicos de horário (dipirona, paracetamol, morfina, tramadol, bombas de analgesia). Anti-inflamatórios não-hormonais possuem indicação restrita no pós-operatório de cirurgia cardíaca. PARÂMETROS DESEJADOS NO PÓS OPERATÓRIO FC: 80 – 100bpm Diurese :>1ml/kg/h Extremidades aquecidas e bem perfundidas Nas primeiras horas de PO ocorre depressão miocárdica e é comum ser necessário a administração de inotrópicos e vasopressores (tende a se normalizar entre 24- 48hs) 52 53 OUTROS CUIDADOS Prevenção de hipotermia: Quando o paciente está sangrando depois da cirurgia, a correção da temperatura é imperativa para ajudar no retorno da função normal das enzimas da coagulação e da capacidade de coagulação Reposição volêmica: a manter adequada a oferta de oxigênio e a perfusão tecidual; cristalóides são os fluidos de primeira escolha para reposição volêmica; 54 POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES O estresse da cirurgia cardíaca iminente pode precipitar complicações que precisam do tratamento em colaboração com o médico. Angina ou equivalente à dor da angina; Ansiedade grave que requer um medicamento ansiolítico; Parada cardíaca; Hipertensão. Baixo débito cardíaco Rotura das anastomoses Arritmias Isquemia miocárdica Sangramento 55 Alta da UTI no primeiro ou segundo dia de pós operatório alta hospitalar entre o quinto e sexto dias de pós- operatório, caso não haja complicações ou intercorrências A dieta pode ser liberada logo nas primeiras horas, após a retirada do tubo endotraqueal Desde a chegada à UTI até à alta hospitalar, são realizadas sessões de fisioterapia respiratória, visando expandir os pulmões que tendem a se colabar após a cirurgia. Alta da UTI 56 PREPARANDO PARA ALTA HOSPITALAR Orientações para atender as necessidades individuais, incentivando ao autocuidado. Orientar o cliente e seus familiares a respeito da higiene corporal; dos curativos, da importância da continuidade do uso de medicamentos após alta; 57 Fazer aprazamento da medicação prescrita pelo médico; Orientar o cliente para retorno para consulta médica/revisão; Ensinar e mostrar a importância do controle da temperatura corporal; 58 Prestar orientações sobre a dieta; Orientar o cliente a respeito de atividade física (evitar fazer esforços físicos e carregar peso e exercícios que movimentem os braços em excesso); Orientações sobre retorno da atividade sexual( após 6 a 8 semanas aprox.); Recomendar repouso e tranqüilidade; 59 Recomendar que evite aborrecimentos e situações de estresse, locais de aglomeração e sono no mínimo 8 h por noite; Explicar que é proibido fumar, pois o cigarro danifica irreversivelmente o tecido pulmonar, causando aumento da PA, além de constrição vascular das artérias; Orientar a evitar auto-medicação. 60 REFERÊNCIAS MELO, D. T. P.. Pós-operatório de Cirurgia Cardíaca. Disponível em: Http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/34 17/pos_operatorio_de_cirurgia_cardiaca.htm MORTON, PG et al. Cuidados críticos de enfermagem: uma abordagem holística. Rio de Janeiro:Guanabara e Koogan, 2007. BONOW, RO. Braunwald Tratado de Doenças Cardiovasculares. 9 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013 Smeltzer, SC. Brunner & Suddarth. Tratado de Enfemagem médico-cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara e Koogan, 2005 PARA PESQUISAR E ESTUDAR EM CASA: SÍNDROME VASOPLÉGICA NO PÓS- OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA 62 Slide 1 Slide 2: Cirurgia cardíaca - histórico Slide 3: CIRURGIA CARDÍACA Slide 4: CIRURGIA CARDÍACA - TIPOS DE INCISÃO Slide 5: CIRURGIA CARDÍACA- ESTERNOTOMIA Slide 6: Cirurgia de Revascularização do Miocárdio Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13: Coração QUE recebeu três enxertos Slide 14: PECULIARIDADES DA CIRURGIA CARDÍACA Slide 15: PECULIARIDADES DA CIRURGIA CARDÍACA Slide 16: CIRCULAÇÃO EXTRA CORPÓREA(CEC) Slide 17: CIRCULAÇÃO EXTRA CORPÓREA(CEC) Slide 18: PECULIARIDADES DA CIRURGIA CARDÍACA Slide 19: PREPARO PARA A CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO Slide 20: PROCEDIMENTOS PRÉ-OPERATÓRIOS Slide 21 Slide 22: o procedimento cirúrgico Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28: Como é o pós-operatório? Slide 29: Admissão na UTI- Passagem de plantão Slide 30: Admissão na UTI Slide 31: PRINCIPAIS DISPOSITIVOS Slide 32: DRENOS TORÁCICOS Slide 33 Slide 34: ESTERNOTOMIA Slide 35: CATÉTERES Slide 36: CATÉTERES Slide 37: MONITORES DE DÉBITO CARDÍACO Slide 38: MONITORES DE DÉBITO CARDÍACO Slide 39: Admissão na UTI Slide 40: Admissão na UTI- avaliação geral Slide 41: EXEMPLOS DE RADIOGRAFIA DE TÓRAX Slide 42: EXEMPLOS DE RADIOGRAFIAS DE TÓRAX Slide 43: Admissão na UTI- avaliação geral Slide 44: Cuidados com drenos torácicos: Slide 45 Slide 46 Slide 47: Admissão na UTI- avaliação geral Slide 48: Admissão na UTI- avaliação geral Slide 49: Exames laboratoriais Slide 50: PRESCRIÇÃO MÉDICA Slide 51: SEDAÇÃO E ANALGESIA Slide 52: PARÂMETROS DESEJADOS NO PÓS OPERATÓRIO Slide 53 Slide 54: OUTROS CUIDADOS Slide 55: POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES Slide 56 Slide 57: Preparando para alta hospitalar Slide 58 Slide 59 Slide 60 Slide 61: REFERÊNCIAS Slide 62
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