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Anemia Falciforme

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Anemia Falciforme
(Doença da hemoglobina S)
A anemia falciforme é uma patologia genética e hereditária, sendo predominante em pessoas de pele negra mas pode manifestar se em brancos. É caracterizada pela alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem sua forma arredondada e elástica, assim adquirindo o aspecto o formato de uma foice (de onde se origina o nome falciforme) e tornam se mais rígidas, resultando em uma alteração estrutural em que a hemoglobina produzida tem uma forte tendência a se polimerizar ( uma formação de agregados com outras moléculas de hemoglobina) sempre que o sangue é exposto a menores concentrações de oxigênio. , o que acaba dificultando a passagem do sangue em vasos sanguíneos estreitos e consequentemente acaba atrapalhando a oxigenação dos tecidos. Essas hemoglobinas com um formato anormal são chamadas de hemoglobinas S.
Apesar do formato mais comum reconhecido é o da foice, nem todos os glóbulos vermelhos assumem esse formato. As células com essa deformidade de foice se tornam mais numerosas quando as pessoas têm infecções ou baixos níveis de oxigênio no sangue. A hemoglobina S assim acaba se tornando mais frágeis e se fragmentam facilmente, elas têm dificuldade para fluir pelos vasos sanguíneos menores (capilares), isso bloqueia o fluxo sanguíneo e reduz o fornecimento de oxigênio para tecidos nas áreas nas quais os capilares estão bloqueados. O bloqueio do fluxo sanguíneo pode causar dor e, com o tempo, lesões no baço, rins, cérebro, ossos e outros órgãos
Tal condição é formada pela herança homozigótica da hemoglobina S. Os eritrócitos em forma de foice causam oclusão dos vasos e são propensos à hemólise, causando graves crises de dor de alta intensidade, isquemia nos órgãos e outras complicações sistêmicas. A Dor aguda (crise) pode se desenvolver com frequência. Também pode se desenvolver, de forma aguda, infecção, aplasia da medula óssea ou envolvimento do pulmão (síndrome torácica aguda) e ser fatal. Existe anemia, e em geral pode-se ver células falciformes no exame direto do sangue periférico, permitindo assim o reconhecimento da sua anatomia celular singular. 
É valida ressaltar para os pacientes com anemia falciforme e talassemia à diferenciação entre a doença e o traço. O traço falciforme ou talassêmico é a condição em que a mutação está presente em apenas um dos genes que codificam a proteína afetada. Nestes casos, a cópia normal é suficiente para garantir a produção de uma quantidade de proteína normal, assim impedindo a ocorrência da doença. No caso de pacientes com traço falciforme, a presença de uma cópia normal pode eliminar até mesmo a anemia, sendo que estes indivíduos apresentam hemograma normal. No caso do traço talassêmico, podemos observar a presença de uma anemia leve, muitas vezes confundida com anemia por falta de ferro, que não exige qualquer tratamento. Para estes pacientes com traço, o mais importante é o entendimento das implicações genéticas desta condição
Hemoglobinopatias
	Hemoglobinopatias é o nome que se dá a doenças que se constituem de origem genética, pela mutação de seus genes, onde codificam as hemoglobinas e acabam acarretando na alteração de sua produção. Podendo ser estruturais ou de produção.
Moleculas 
As moléculas de hemoglobina são formadas por cadeias de polipeptídeos cuja estrutura química sofre um controle genético. A molécula da hemoglobina em um adulto normal (Hb A) é constituída por 2 pares de cadeias designadas sendo elas alfa e beta. O sangue normal também possui uma concentração de ≤ 2,5% de hemoglobina A2 (formada pelas cadeias alfa e delta). A hemoglobina fetal (Hb F, que tem cadeias gama em vez de cadeias beta) diminui gradualmente, em particular nos primeiros meses de vida, até compor 2% do total de hemoglobina nos adultos. A concentração de Hb F aumenta em certos distúrbios da síntese de Hb e em estados anaplásicos e mieloproliferativos.
Algumas hemoglobinopatias resultam em anemias que são graves em homozigotos, mas leves em heterozigotos. Alguns pacientes são heterozigotos compostos para 2 tipos diferentes de hemoglobinopatia e têm anemia cuja gravidade é variável.
Ao possuir Hb diferentes, sendo distinguidas pela mobilidade eletroforética, são alfabeticamente designadas na ordem de descoberta (ex., A, B, C), embora a primeira Hb seja anormal, a Hb falciforme, é designada Hb S. Estruturalmente, Hb com a mesma mobilidade eletroforética são denominadas conforme a cidade ou a localização onde foram descobertas (p. ex., Hb S Memphis, Hb C Harlem). A descrição padrão da composição de uma Hb de um paciente inicia-se com a Hb da maior concentração primeiro (ex., AS no traço falciforme).
Fisiopatologia
Na hemoglobina S, valina é substituída pelo ácido glutâmico no 6º aminoácido da cadeia beta. A Hb S oxigenada é muito menos solúvel que a Hb A oxigenada; ela forma um gel semi sólido que faz os eritrócitos se deformarem de modo falciforme nos locais com baixo PO2. Eritrócitos distorcidos e inflexíveis aderem ao endotélio vascular e entopem arteríolas e pequenos capilares, acarretando, assim, infarto. A oclusão dos vasos também causa lesão endotelial, que resulta em inflamação e pode levar à trombose. Como os eritrócitos falciformes são frágeis, o trauma mecânico da circulação produz a hemólise. A hiperatividade crônica compensatória da medula deforma os ossos.
Dado o processo dessa patologia, é comum o casos de crises agudas que ocorrem de forma intermitente, sendo muitas vezes com as suas causas desconhecidas. Sendo acarretadas por essas crises : Febre, Infecção viral (devida a baixa eficiência de proteção do organismo), traumas locais. 
Sintomas
A maioria dos sintomas dessa condição apenas ocorrem em pacientes homozigotos, que acaba resultando em anemia e na oclusão dos vasos, que pode levar a isquemia e ao infarto tecidual. A anemia costuma ser grave, mas varia entre os pacientes estando em geral compensada; é comum haver discreta icterícia e palidez.
Hepatosplenomegalia é mais comum nas crianças, mas, em decorrência dos reiterados infartos e da fibrose subsequente (autoesplenectomia). 
 Alteração Anatomicas.
A alteração das hemoglobinas acabam muitas vezes gerando uma deformação na anatomia dos pacientes , sendo que pode ocorrer nos órgãos internos ou na estrutura óssea, isso acaba levando uma série de complicações para a vida do paciente sendo que muitas vezes essas alterações acabam atingindo de forma direta ou indireta órgãos vitais .O baço dos adultos quase sempre é atrofiado, sendo esse acontecimento causado pelo aprisionamento das células falciformes durante a infância, o'que acaba gerando um aumento no tamanho do órgão, assim por estar sendo lesionado com tanta frequência ocorre um encolhimento e disfunção do órgão. Como o baço é um dos órgãos responsáveis pelo combate de infecções, as pessoas com anemia falciforme são mais propensas a desenvolver pneumonia pneumocócica e outras infecções. Sendo especialmente as Infecções virais, assim podendo reduzir a produção de glóbulos vermelhos, de maneira que a anemia se torna mais grave. Também é notável o aumento no tamanho do coração e do fígado em pacientes, sendo um aumento progressivo ao longo da vida ocasionando em sérios problemas pela alteração estrutural desses órgãos. 
Em pacientes crianças é comum a cm ter um tronco relativamente curto, mas braços, pernas, dedos das mãos e dos pés compridos. As alterações dos ossos e da medula óssea podem provocar dores nos ossos, especialmente nas mãos e nos pés. Podem ocorrer episódios de dor nas articulações acompanhados por febre e a articulação do quadril pode ser danificada a ponto de precisar ser substituída.
A má circulação sanguínea na pele dos paciente pode causar úlceras nas pernas, sobretudo nos tornozelos. 
Jovens do sexo masculino podem desenvolvem ereções persistentes e com frequência dolorosas (priapismo). Episódios de priapismo podem danificar permanentemente o pênis, de modo que o homem pode ficar incapaz de ter ereções. O bloqueio dos vasos sanguíneos pode provocaracidentes vasculares cerebrais que lesionam o sistema nervoso. Nos idosos, a função pulmonar e a renal podem se deteriorar.
Crises
Devida a condição e a alteração do metabolismo, é comum em quem possui essa patologia a sucessão crises, sendo as muitas vezes intermitentes e de causas desconhecidas, são elas : 
A crise vaso-oclusiva: (crise álgica) é o tipo mais comum; causada por isquemia, hipóxia e infarto tecidual, tipicamente nos ossos, mas também em baço, pulmão ou rim.
As crises aplásticas: ocorrem quando a eritropoiese da medula diminui durante a infecção aguda pelo parvovírus humano, quando pode haver eritroblastopenia aguda.
A síndrome torácica aguda: resulta de oclusão microvascular pulmonar e é causa comum de morte, com taxas de mortalidade de até 10%. Ela ocorre em todos os grupos de idade, porém é mais comum na infância. Episódios repetitivos predispõe à hipertensão pulmonar crônica.
Quadro Geral dos Sintomas
	Em resumo dos sintomas citados acima o quadro dos sintomas mais comuns em pessoas que possuem a anemia falciforme são:
• Dor forte provocada pelo bloqueio do fluxo sanguíneo e pela falta de oxigenação nos tecidos;
•Dores articulares;
•Fadiga intensa;
•Palidez e icterícia;
•Atraso no crescimento;
•Feridas nas pernas;
•Tendência a infecções;
•Cálculos biliares;
•Problemas neurológicos, cardiovasculares, pulmonares e renais;
•Priapismo.
Diagnostico
O diagnostico pode ser dar por diversas formas sendo elas :exames de sangue, Eletroforese de hemoglobina,Teste de DNA (diagnóstico pré-natal), Teste de solubilidade, Esfregaço periférico
Quando os médicos suspeitam que o paciente apresenta a condição de anemia falciforme, fazem exames de sangue buscando encontrar glóbulos vermelhos com forma de foice e fragmentos de glóbulos vermelhos destruídos podem ser vistos em amostras de sangue examinadas ao microscópio. Na eletroforese, é usada uma corrente elétrica para separar os diferentes tipos de hemoglobina e detectar, assim, hemoglobina anormal. Podem ser necessários testes adicionais dependendo dos sintomas específicos que a pessoa sofra durante a crise. Caso a pessoa tenha dificuldade para respirar, por exemplo, ou febre, pode ser feita uma radiografia torácica.
O tipo de teste feito depende da idade do paciente. O teste de DNA pode ser usado para diagnóstico pré-natal ou confirmar diagnóstico de genótipo da doença falciforme. A partir da detecção do traço falciforme é importante a triagem em parentes de pessoas com o distúrbio porque eles também podem ter anemia ou traço falciforme. É importante descobrir se existem traços dessa condição na família para que ocorra um planejamento familiar, para determinar o risco de se ter um filho com essa condição. Nos Estados Unidos, os recém-nascidos são rotineiramente examinados mediante exames de sangue. Podem ser feitos exames durante o início da gravidez para analisar o feto e permitir o aconselhamento pré-natal para casais com risco de ter filhos com anemia falciforme. São testadas células fetais obtidas através de amniocentese ou amostras de vilosidades coriônicas em busca da presença do gene falciforme.
Como a anemia falciforme afeta um grande parte pessoas negras, assim que médicos reconhecem a anemia, a dor de estômago e nos ossos, e as náuseas em jovens negros eles já preveem como possíveis sinais de crise falciforme. Isso deriva pelo fato dessa população em grande parte possuir uma cópia do gene da anemia falciforme (Cerca de 10% dos negros nos Estados Unidos).
Tratamento
Por se tratar de condição genética o tratamento se torna algo mais complexo, não possui uma cura derivada por um medicamento, a forma de tratamento são as condutas regulares de manutenção da saúde, bem como fazer o tratamento específico das complicações, caso apareçam, sendo o tratamento das complicações de fins para suporte. Não há fármaco anti falciforme efetivo in vivo disponível. O mais comum é o tratamento das crises sendo amenizadas pelo uso de Antibióticos de largo espectro (para infecção), Analgésicos e hidratação IV (para crise de dor vaso-oclusiva), Transfusão quando necessário, Imunização, suplementação de folato e hidroxiureia (para manutenção da saúde).
Nos dias atuais a cura para os pacientes podem ocorrer por tratamentos mais modernos sendo eles a transfusão de medula e a terapia genética. No transplante de células-tronco, células da medula óssea ou células-tronco de um parente ou outro doador que não tem o gene da anemia falciforme podem ser transplantadas para uma pessoa com a doença. Ainda que tal transplante possa ser uma cura, ele é arriscado e não é feito com frequência. Os receptores precisam tomar medicamentos que suprimem o sistema imunológico pelo resto da vida.
Quanto a terapia genética, uma técnica através da qual são implantados genes normais em células precursoras (células que produzem células sanguíneas), está em fase de estudos atualmente, o paciente recebe parte de um gene que impede a destruição das suas células vermelhas. O gene modificado é introduzido em um vírus não doente e usado como vetor para transportar até o código genético das células da medula óssea do paciente. Após este procedimento, que é realizado em laboratório, as células modificadas ficam infundidas através do transplante autólogo da medula óssea. Este tratamento tem demonstrado resultados muito positivos a quem recebe.
Prevenção de crises
As pessoas que são diagnosticada com anemia falciforme devem tentar evitar atividades intensas e que reduzam a quantidade de oxigênio no sangue. Devem procurar ajuda médica imediata mesmo quando apresentarem doenças de menor relevância como, por exemplo, infecções virais. Uma vez que as pessoas correm mais risco de infecções, elas devem receber vacinas contra infecções pneumocócicas, meningocócicas, gripais e por Haemophilus influenza tipo b. As crianças normalmente tomam penicilina por via oral a partir de 4 meses até os 6 anos de idade.
Alguns medicamentos podem ajudar a controlar a anemia falciforme. Hidroxiureia aumenta a produção de uma forma de hemoglobina encontrada principalmente em fetos e que diminui a quantidade de glóbulos vermelhos que adquirem forma de foice. Dessa forma, ela reduz a frequência das crises falciformes e da síndrome torácica aguda.
Controle da Anemia
As pessoas recebem folato, uma vitamina que ajuda o corpo com a produção de novos glóbulos vermelhos. Além disso pode-se administrar a transfusões de sangue para corrigir a anemia.
LINKS
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/anemias-causadas-por-hem%C3%B3lise/anemia-falciforme
https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-sangue/anemia/anemia-falciforme
https://www.hospitalmoinhos.org.br/saude-e-voce/terapia-genetica-anemia-falciforme/
https://www.hemocentro.unicamp.br/doencas-de-sangue/hemoglobinopatias/
https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/anemia-falciforme/https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/anemia-falciforme/

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