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CURSO DE GRADUÇÃO BACHAREL EM DIREITO ALLAN JOHNNY MATOS DE MESQUITA AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE BOA VISTA 2019 ALLAN JOHNNY MATOS DE MESQUITA AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE Trabalho apresentado ao Professor Vilmar Antônio da Silva, da disciplina Direito Civil IV da turma 5B, turno noturno do curso de Bacharel em Direito. Faculdade Cathedral - Roraima Boa Vista - 20 de novembro de 2019 1-INTRODUÇÃO A posse é um direito real regulamentado pelo Código Civil brasileiro, classificando as formas de aquisição, os efeitos, a perda e a proteção. Vale ressaltar que há uma distinção com relação a detenção, pois esta é uma simples relação de fato entre a pessoa e a coisa, e que não deriva consequências de ordem jurídica, a posse é a relação de fato que gera efeito no campo do direito. Assim, os efeitos da posse são as consequências jurídicas que a mesma produzirá, ou seja, todas as consequências que a lei lhe atribuir. A posse foi regulamentada pelo Código Civil brasileiro, classificando as formas de aquisição, os efeitos, a perda e a proteção, e com isso sendo considerada um direito real, direito este que cai diretamente sobre a coisa, além de atribuir prerrogativas. ESPÉCIES DE POSSE a) Posse Direta e Indireta – art. 1.197: Nesta modalidade ocorre o desmembramento da posse plena. Art. 1.197 – A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto; b) Posse Exclusiva, Composse e Paralela – art. 1.199; c) Posse Justa e Injusta – art. 1.200 A regra é que a posse seja mansa e pacífica. Na forma do art. 1.208 os vícios da posse são avaliados no momento da aquisição da coisa; d) Posse de Boa-Fé e Posse de Má-Fé – art. 1.201. - OBS 1: o legislador estabelece a presunção de boa-fé em favor de quem tem justo título, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção (parágrafo único do art. 1.201). - OBS 2: Justo título é aquele hábil para transmitir o domínio e a posse, sem nenhum vício impeditivo dessa transmissão; e) Posse Nova e Posse Velha. Essa classificação se refere à idade da posse; f) Posse Ad Interdecta e Ad Usucapionem. AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE Segundo o Art. 1.204 – Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. Modos de aquisição da posse: Originários - Não há o consentimento do possuidor anterior; Derivados ou bilateral – quando há anuência do possuidor anterior para a aquisição da posse pelo atual. Os meios para aquisição da posse podem ser, conforme o art. 1.208: a) Apreensão da coisa; b) Exercício do direito e disposição da coisa ou do direito; c) Tradição - pode ser: 1. Real; 2. Simbólica; 3. Ficta. d) Sucessão da posse. PERDA DA POSSE Na forma do art. 1223, o possuidor poderá perder a sua posse nos seguintes casos: a) Abandono: significa renúncia voluntária. Ex: deixar a coisa na rua; b) Tradição: intenção definitiva de transferir a posse a outrem; c) Perda da coisa: desaparecimento - impossibilidade de recuperar a coisa; d) Destruição da coisa: quando perece o objeto extingue-se o direito, por acontecimento natural ou fortuito, ou por ato voluntário; e) Colocação da coisa fora do comércio: torna-se inalienável por ordem pública; f) Posse de outrem: quando a posse é tomada com vício e o possuidor primitivo permaneceu inerte. É necessário que a perda da propriedade ou da posse da coisa para terceiro decorra de uma causa jurídica, visto que as turbações de fato podem por ele ser afastadas mediante o recurso aos remédios possessórios. (Carlos Roberto Gonçalves, 2017, p. 182) A posse poderá ser adquirida de acordo com o Art. 1205: “Qualquer pessoa capaz, ou por representante legal (quando o sujeito for incapaz) ou convencional (procurador).” Caso Concreto Manoel casou-se com Joaquina no ano de 2004 e teve com ela dois filhos, Pedro e Luana. O casal adquiriu um pequeno imóvel no bairro de Pitanguinha na cidade de Maceió, com 200 metros de área construída e nele passaram a residir. Além do imóvel, o casal adquiriu dois veículos durante o trâmite da relação conjugal e ambos não possuem outros bens imóveis. Joaquina passou a manter um relacionamento extraconjugal com um companheiro de trabalho e abandonou o marido Manoel no início do ano de 2012, mudando-se para o bairro do Farol, em Maceió. Manoel passou, então, a exercer sem oposição a posse direta com exclusividade sobre o imóvel de propriedade do casal no bairro de Pitanguinha, utilizando-o para sua moradia, bem como de seus filhos Pedro e Luana. Pergunta-se: poderá Manoel adquirir como de seus filhos Pedro e Luana. Poderá Manoel adquirir o direito integral desse imóvel? Em caso afirmativo, por quanto tempo teria que exercer a posse sobre o bem? - Manoel poderá adquirir o domínio integral deste imóvel desde que sua posse seja exercida sem oposição de Joaquina e com exclusividade por um prazo mínimo ininterrupto de 02 anos conforme art. 1240-A-CC. CONCLUSÃO A questão da posse, apesar de ser um tema antigo, ainda hoje é de grande importância, principalmente no Brasil, um dos poucos países que não realizou a reforma agrária. Diariamente, temos notícia de manifestações dos sem-terra e da política agrária do atual governo. Mais recentemente, acompanhamos com especial atenção à marcha dos sem-terra em Brasília, que avivou ainda mais a discussão da posse da terra e trouxe a tona a dificuldade na realização desta reforma devido a leis ainda ineficientes. Torna-se necessário salientar que toda legislação a respeito da posse atende a uma preocupação de interesse social, e não apenas ao intuito de proteger a pessoa do possuidor. É importante destacarmos também que a propriedade, segundo o artigo 5º inciso XXXIII da nossa Constituição Federal, atenderá a sua função social. Aí está a base de toda a reforma agrária, afinal não podemos esquecer dos milhares de hectares de terras improdutivas que existem de norte a sul do país, propriedades rurais que não atendem a sua função social como podemos constatar no artigo 186 desta mesma Constituição, o qual enumera os requisitos para a observância desta função. Portanto, o que se pode constatar é que tanto a sociedade como o Poder Público devem ajudar nesta luta do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra – MST, de forma a tornar as leis eficientes e vigentes. A questão é provar que, em um país que possui a extensão e a vocação agrícola como o Brasil, é, no mínimo, incoerente manter inutilizadas terras que poderiam alimentar milhares de pessoas, evitando assim o êxodo rural para as grandes cidades já tão repletas de problemas e diminuindo consideravelmente o número de desempregados, viabilizando, deste modo, o desenvolvimento nacional.BIBLIOGRAFIA Livros - GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2007. - DINIZ, Maria Helena – Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2008.
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