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Apostila Direito Civil IV - AV1 - COMPLETO

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Apostila Studium Legis por: 
@estudadireitosofia 
2021.1 
 
 
 
1 
Direitos Reais 
 
Direito real é um conjunto de princípios e regras que 
disciplina uma relação jurídica entre pessoas tendo 
em vista bens. Para a complementação desses 
direitos temos o Direito das Coisas. 
 
Direito das Coisas 
É o ramo do Direito Civil que tem como conteúdo 
relações jurídicas estabelecidas entre pessoas e 
coisas determinadas ou determináveis. Como coisas, 
pode-se entender tudo quilo que não é humano. 
No âmbito do Direito das Coisas há uma relação de 
domínio exercida pela pessoa (sujeito ativo) sobre a 
coisa. Não há sujeito passivo determinado, sendo 
essa toda a coletividade. 
 
Segue-se a clássica conceituação de Clóvis Beviláqya 
citada, entre outros, por Carlos Roberto Gonçalves, 
para quem o Direito das Coisas representa um 
complexo de normas que regulamenta as relações 
dominiais existentes entre a pessoa humana e a 
coisas aprováveis. 
 
Coisa é o gênero do qual bem é espécie. É tudo o que 
existe objetivamente, com exclusão do homem. 
Segundo o art. 202 do Código Civil português, “diz-
se coisa tudo aquilo que pode ser objeto de relações 
jurídicas”. Coisas são bens corpóreos: existem no 
mundo físico e hão de ser tangíveis pelo homem (CC 
alemão, § 90; CC grego, art. 999). 
 
***Atenção: A posse é considerada uma situação 
de fato e não um direito. É estudada no âmbito do 
Direito das Coisas, mas não é Direito Real. Logo, 
podemos dizer que: Direitos Reais + Posse = Direito 
das Coisas. 
 
Os Direitos Reais de acordo com Flávio Tartuce se 
conceituam-se como: conjunto de categoriais 
jurídicas relacionadas à propriedade, descritas 
inicialmente do art. 1.225 do CC. Os Direitos Reais 
formam o conteúdo principal do Direito das Coisas, 
mas não exclusivamente, eis que existem institutos 
que compõem a matéria e que não são Direitos Reais. 
Art. 1.225. São direitos reais: 
I. a propriedade; 
II. a superfície; 
III. as servidões; 
IV. o usufruto; 
V. o uso; 
VI. a habitação; 
VII. o direito do promitente comprador do 
imóvel; 
VIII. o penhor; 
IX. a hipoteca; 
X. a anticrese. 
XI. a concessão de uso especial para fins de 
moradia; 
XII. a concessão de direito real de uso; e 
XIII. a laje. 
A respeito dos Direitos Reais Orlando Gomes 
desenvolve duas teorias: 
 
a) Teoria personalista – teoria pela qual os 
direitos reais são relações jurídicas 
estabelecidas entre pessoas, mas 
intermediadas por coisas. Segundo Orlando 
Gomes, “a diferença está no sujeito passivo. 
Enquanto no direito pessoal, esse sujeito 
passivo – o devedor – é pessoa certa e 
determinada, no direito real seria 
indeterminada, havendo nesse caso uma 
obrigação passiva universal, a de respeitar 
o direito – obrigação que se concretiza toda 
vez que alguém o viola”. Essa teoria nega 
realidade metodológica aos Direitos Reais e 
ao Direito das Coisas, entendidas as 
expressões como extensões de um campo 
metodológico. 
 
b) Teoria realista ou clássica – o direito 
real constitui um poder imediato que a 
pessoa exerce sobre a coisa, com eficácia 
contra todos (erga omnes). O direito real 
opõe-se ao direito pessoal, pois o último traz 
 
 
2 
uma relação pessoa à pessoa, exigindo-se 
determinados comportamentos. 
 
Características dos Direitos Reais: 
 Oponibilidade erga omnes, ou seja, contra 
todos os membros da coletividade; 
 
 Existência de um direito de sequela, que 
segue a coisa; 
 
 Previsão de um direito de preferência a 
favor do titular de um direito real; 
 
 Possibilidade de abandono dos direitos reais, 
de renúncia a tais direitos; 
 
 Viabilidade de incorporação da coisa por meio 
da posse; 
 
 Previsão da usucapião como um dos meios 
de sua aquisição; 
 
 Suposta obediência a um rol taxativo 
(numerus clausus) de institutos, previstos 
em lei, o que consagra o princípio da 
tipicidade dos direitos reais; 
 
 Regência pelo princípio da publicidade dos 
atos, o que se dá pela entrega da coisa ou 
tradição (no caso de bens móveis) e pelo 
registro (no caso de bens imóveis). 
 
Princípios dos Direitos Reais: 
 
a) Princípio da aderência, especialização ou 
inerência: estabelece um vínculo, uma relação 
de senhoria entre o sujeito e a coisa, não 
dependendo da colaboração de nenhum sujeito 
passivo para existir. O direito real gera, pois, 
entre a pessoa e a coisa, como foi dito, uma 
relação direta e imediata. Esta característica é 
alheia aos direitos pessoais, nos quais o vínculo 
obrigacional existente entre credor e devedor 
confere ao primeiro somente o direito de exigir 
a prestação prometida. 
 
b) Princípio do absolutismo: os direitos reais se 
exercem erga omnes, ou seja, contra todos, que 
devem abster-se de molestar o titular. Surge, 
daí, o direito de sequela ou jus persequendi, isto 
é, de perseguir a coisa e de reivindicá-la em 
poder de quem quer que esteja (ação real), bem 
como o jus praeferendi ou direito de 
preferência (cf. Título X, n. 3.1 e 3.2, infra). 
 
c) Princípio da publicidade ou da visibilidade.: os 
direitos reais sobre imóveis só se adquirem com 
o registro, no Cartório de Registro de Imóveis, 
do respectivo título (CC, art. 1.227); os sobre 
móveis, só depois da tradição (CC, arts. 1.226 e 
1.267). Sendo oponíveis erga omnes, faz-se 
necessário que todos possam conhecer os seus 
titulares, para não os molestar. 
 
d) Princípio da taxatividade ou numerus 
clausus: os direitos reais são criados pelo direito 
positivo por meio da técnica denominada 
numerus clausus. A lei os enumera de forma 
taxativa, não ensejando, assim, aplicação 
analógica da lei. O número dos direitos reais é, 
pois, limitado, taxativo, sendo assim considerados 
somente os elencados na lei (numerus clausus). 
 
e) Princípio da tipicidade.: os direitos reais 
existem de acordo com os tipos legais. São 
definidos e enumerados determinados tipos pela 
norma, e só a estes correspondem os direitos 
reais, sendo, pois, seus modelos. Somente os 
direitos “constituídos e configurados à luz dos 
tipos rígidos (modelos) consagrados no texto 
positivo é que poderão ser tidos como reais. 
Estes tipos são previstos pela lei de forma 
taxativa”. Nos direitos obrigacionais, ao 
contrário, admitem-se, ao lado dos contratos 
típicos, os atípicos, em número ilimitado. 
 
f) Princípio da perpetuidade: a propriedade é 
um direito perpétuo, pois não se perde pelo não 
uso, mas somente pelos meios e formas legais: 
desapropriação, usucapião, renúncia, abandono 
etc. Já os direitos obrigacionais, pela sua 
natureza, são eminentemente transitórios: 
cumprida a obrigação, extinguem-se. Não exigido 
o seu cumprimento dentro de certo lapso de 
tempo, prescrevem. 
 
 
3 
g) Princípio da exclusividade: não pode haver 
dois direitos reais, de igual conteúdo, sobre a 
mesma coisa. Duas pessoas não ocupam o 
mesmo espaço jurídico, deferido com 
exclusividade a alguém, que é o sujeito do direito 
real. Assim, não é possível instalar-se direito real 
onde outro já exista. No condomínio, cada 
consorte tem direito a porções ideais, distintas 
e exclusivas. 
 
h) Princípio do desmembramento: conquanto 
os direitos reais sobre coisas alheias tenham 
normalmente mais estabilidade do que os 
obrigacionais, são também transitórios, pois, 
como exposto, desmembram-se do direito-
matriz, que é a propriedade. Quando se 
extinguem, como no caso de morte do 
usufrutuário, por exemplo, o poder que existia 
em mão de seus titulares retorna às mãos do 
proprietário, em virtude do princípio da 
consolidação. Este, embora seja o inverso 
daquele, o complementa e com ele convive. 
 
***Principais diferenças entre os Direitos 
Reais e os Direitos Pessoais: 
 
 
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, 
quando constituídos, ou transmitidos por atos entre 
vivos, só se adquirem com a tradição. 
 
 A tradição tratada nesse artigo significa a 
transmissão da coisa. 
 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis 
constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, 
só se adquiremcom o registro no Cartório de 
Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 
a 1.247), salvo os casos expressos neste Código. 
 
 Apenas se adquirem com o registro no 
cartório de registros de imóveis. 
 
 
 
 
 
 
 
Posse (arts. 1.196 a 1.224) 
A conceituação de posse tem por origem o Direito 
Romano e, embora tenha sofrido algumas alterações 
ao passar do tempo, ainda guarda forte similitude 
com sua acepção original. Sua concepção nuclear é 
colocada por Caio Mário da Silva Pereira da seguinte 
forma: 
 
“(...) situação de fato, em que uma pessoa, 
independentemente de ser ou não ser proprietária, 
exerce sobre uma coisa poderes ostensivos, 
conservando-a ou defendendo-a.” 
 
Para Ihering, cuja teoria o nosso direito positivo 
acolheu, posse é conduta de dono. Sempre que haja 
o exercício dos poderes de fato, inerentes à 
Direito das Coisas Direitos Reais 
São categorias 
jurídicas, formando o 
conteúdo do direito 
das coisas. 
É um ramo do direito 
real que trata das 
relações entre coisas 
e pessoas. 
Direitos reais e direito das coisas SE 
COMPLEMENTAM. 
 
 
4 
propriedade, existe a posse, a não ser que alguma 
norma diga que esse exercício configura a detenção 
e não a posse. 
 
O conceito de posse, no direito positivo brasileiro, 
indiretamente nos é dado pelo art. 1.196 do Código 
Civil, ao considerar possuidor “todo aquele que tem 
de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos 
poderes inerentes à propriedade”. 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que 
tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos 
poderes inerentes à propriedade. 
Teorias sobre a Posse: 
O estudo da posse é repleto de teorias que 
procuram explicar o seu conceito, entretanto, elas 
podem ser reduzidas em dois grupos: o da teoria 
objetiva e o da teoria subjetiva. Existem ainda 
algumas teorias que são chamadas de intermediárias 
ou ecléticas, bem como as teorias sociológicas que 
surgiram no começo do século passado. 
 
a) Teoria subjetiva de Savaginy: para Savaginy, 
a posse caracteriza-se pela conjugação de 
elementos: o corpus, elemento objetivo que 
consiste na detenção física da coisa, e o animus, 
elemento subjetivo, que se encontra na intenção 
de exercer sobre a coisa um poder no interesse 
próprio e de defende-la contra a intervenção 
de outrem. Não é propriamente a convicção de 
ser dono (opinio seu cogitatio domini), mas a 
vontade de tê-la como sua (animus domini ou 
animus rem sibi habendi), de exercer o direito de 
propriedade como se fosse o seu titular. 
 
Os dois elementos citados são INDISPENSÁVEIS, 
pois, se faltar corpus a posse não existe, e, se 
faltar o animus também não existe a posse, 
apenas a mera detenção. 
 
Para Savaginy adquire-se a posse quando, ao 
elemento material (poder físico sobre a coisa, o 
corpus), vem a juntar-se com o elemento 
espiritual (intenção de tê-la como sua, o animus). 
 
 Savaginy ainda criou uma terceira 
categoria para sua teoria, chamada de 
posse derivada, onde seria admitida a 
posse sem a intenção de ser dono. Assim 
o doutrinador mostrou uma fragilidade em 
sua tese, pois o mesmo afirmava que o 
corpus e o animus não podiam existir 
separados. 
 
 
b) Teoria objetiva de Ihering: também 
conhecida como teoria simplificada da posse, é 
apontada como objetiva porque não empresta à 
intenção ao animus, do contrário da teoria 
subjetiva. Nessa teoria se considera que o 
animus já está incluído no corpus e dá ênfase na 
posse, ao seu caráter de exteriorização da 
propriedade. Para que a posse exista, basta o 
elemento objetivo, pois ela se revela na maneira 
como o proprietário age em relação a coisa. 
 
Para Ihering, portanto, basta o corpus para a 
caracterização da posse. Tal expressão não 
significa contato físico com a coisa, mas sim a 
conduta de dono. A conduta se revela na 
maneira como o proprietário age em face da 
coisa, tendo em vista sua função econômica. 
Tem posse quem se comporta como dono, e 
nesse comportamento já está incluído o animus. 
 
 A posse é a exteriorização da 
propriedade, a visibilidade do domínio, o 
uso econômico da coisa; 
 
 Para se configurar a posse basta, 
portanto, atender no procedimento 
externo, uma vez que o corpus constitui 
o único elemento visível e suscetível de 
comprovação; 
 
adotada no BR 
 
 
5 
 De acordo com Ihering a posse não é o 
poder físico, e sim a exteriorização da 
propriedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Natureza jurídica da posse: 
O estudo da posse é repleto de teorias que 
procuram explicar o seu conceito, entretanto, elas 
podem ser reduzidas em dois grupos: o da teoria 
objetiva e o da teoria subjetiva. Existem ainda 
algumas teorias que são chamadas de intermediárias 
ou ecléticas, bem como as teorias sociológicas que 
surgiram no começo do século passado. 
 
 
a) Corrente eclética de Savaginy: nessa 
corrente é sustentado que a posse é o fato e 
o direito, quando sendo considerada em si 
(observando isoladamente) mesma é um fato e 
considerada nos efeitos que produz (observando 
como um todo/ex.: usucapião e os interditos) é 
um direito. 
 
Nessa linha, o jurista Lafayette afirma: “É, pois, 
força reconhecer que a posse é um fato e um 
direito: um fato pelo que respeita à detenção, 
um direito por seus efeitos”. 
 
Uma interpretação moderna de Cristiano 
Chaves, afirma que: a posse é um fato jurídico, 
mas a existência desse fato vai ter como 
consequência a detenção da posse. 
Direito de posse surge de um fato. 
 
b) Corrente de Ihering e modernamente 
adotada por Teixeira de Freitas: nessa 
teoria se afirma que a posse é um direito 
subjetivo juridicamente protegido. Para Ihering a 
posse vai ser um direito subjetivo que nasce do 
direito de propriedade. Sendo assim a posse 
sendo um direito só poderia se encaixar na 
categoria de direito real que é um direito 
subjetivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A diferença substancial entre as duas escolas, 
de Savaginy e Ihering: “para a teoria subjetiva, 
o corpus aliado à affecio tenendi gera 
detenção, que somente se converte em posse 
quando se lhes adiciona o animus domini. Já para 
a teoria objetiva o corpus mais a affecio 
tenendi geram posse, que se desfigura em 
mera detenção apenas na hipótese de um 
impedimento legal. 
 Affecio tenendi é a vontade de reter 
a coisa. 
adotada no BR 
STJ (Resp. 1.158.992/MG). Posse, na visão 
contemporânea da teoria objetiva, não é, 
necessariamente, apreensão física sobre a 
coisa. 
A posse é um direito real ou 
um direito obrigacional? 
1º corrente: afirma que no entendimento 
de Ihering é um direito real, pois têm-se a 
coisa como objeto e sua subordinação 
(sujeição imediata) ao titular tem eficácia 
erga omnes. *A posse é considerada a 
visibilidade (concretude) da propriedade. 
2º corrente: para Darcy Bessone é um 
direito obrigacional, pois o direito de posse 
não se apresenta no rol (taxativo) do 1.225 
do CC, assim sendo um direito obrigacional. 
*Darcy ainda afirma que os direitos reais 
imobiliários nascem com o registro, assim não 
sendo oponíveis erga omnes. 
3º corrente: para vários doutrinadores a 
teoria de Ihering é antiga e a de Darcy 
incompleta, assim nascendo uma teoria 
conciliadora, também conhecida como 
teoria tripitica das coisas, onde: 
Direito Real + Obrigacional + Situação 
fática = posse 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Considerações teóricas da posse: 
 Renan Falcão de Azevedo: "a posse pode 
existir de várias maneiras. Primeiro 
concomitantemente com o direito de 
propriedade, isto é, o dono é também 
possuidor. Segundo a posse pode existir 
paralelamente com o direito de propriedade, 
como acontece com o usufruto, por 
exemplo. Terceiro, a posse pode até mesmo 
existir antagonicamente ao direito de 
propriedade, como acontece, por exemplo, 
com a posse que gera usucapião". 
(é o conceito mais completo) 
 
 Francesco Messineo: "a posse pode ser 
simples estado de fato, quando seu 
exercício não é precedidode direito 
subjetivo que a tenha gerado, e, 
consequentemente, a legitime. Será estado 
de direito quando ocorrer o contrário, isto 
é, quando seu exercício é precedido de um 
direito subjetivo que a gerou e a legitima". 
Conceitos chaves: 
 Jus Possidendi: consiste no direito à posse 
derivada de um título; 
 
 Jus Possessionis: caracteriza o direito 
resultante do exercício da posse; 
 
 Fâmula da posse (ou gestor da posse ou 
servidor da posse): o mero detentor da 
coisa, aquele que conserva a posse em 
nome de outrem, tem com este, relação de 
dependência ou subordinação (art. 1.198/ex.: 
caseiro, que, nessa relação, seria o 
detentor); 
 
 Cláusula Constituti (constituto 
poessessório): consiste na operação 
jurídica que altera a titularidade da posse 
(ex.: vender o apto que possuía em nome 
próprio e continuar vivendo nele pagando 
uma aluguel ao atual dono); 
 
 Traditio breve manu: inverso de consituti 
possessório, ocorre quando a pessoa que 
possuí em nome alheio passa a possuir em 
nome próprio (ex.: locatário que possui casa 
em nome alheio compra a casa passando a 
possuir em nome próprio); 
 
 Traditio longa manu: Neste tipo de 
tradição, a coisa é considerada como 
entregue quando ocorrer o contrato, antes 
da entrega material se efetivar. Desta 
forma, a aquisição da posse se procede 
mesmo que não haja a apreensão física da 
coisa, não sendo necessário, por tanto, que 
se tome posse materialmente; 
 
 Desforço incontinente: já sofreu a 
agressão à posse, perdeu à posse, foi 
esbulhado. É uma auto defesa. Art. 1.21 §1º. 
 
 Posse precária = favor (não pode gerar usucapião 
– animus domini). 
 Quando o proprietário é possuidor do 
seu próprio bem a posse deve ser 
vista como direito real de acordo com 
o 1.196 do CC. 
 
 Quando se tem um contrato de 
locação, uma promessa de compra e 
venda, onde se detém a posse, mas 
não o direito real, sendo assim um 
direito obrigacional e também real. 
 
Ex.: locatário é possuidor, mas não 
titular do direito real. 
 
 A posse também emana da situação 
fática e existencial (função social da 
posse). 
 
 
7 
Diferenças entre Detenção e Posse 
Esse é um tema bastante relevante a respeito da 
matéria possessória, pois é importante diferenciar 
o detentor do possuidor, esses não podem se 
confundir de acordo com o Art. 1.198 do Código Civil. 
 
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele 
que, achando-se em relação de dependência 
para com outro, conserva a posse em nome 
deste e em cumprimento de ordens ou 
instruções suas. 
 
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-
se do modo como prescreve este artigo, em 
relação ao bem e à outra pessoa, presume-se 
detentor, até que prove o contrário. 
 
Segundo Maria Helena Diniz, o detentor ou fâmulo de 
posse, denominado gestor da posse, detentor 
dependente ou servidor da posse, tem a coisa 
apenas em virtude de uma situação de dependência 
econômica ou de um vínculo de subordinação (ato de 
mera custódia). A lei ressalva não ser possuidor 
aquele que, achando-se em relação de dependência 
para com outro, conserva a posse em nome deste 
e em cumprimento de ordens e instruções suas. 
 
O detentor exerce sobre o bem não uma posse 
própria, mas uma posse em nome de outrem. Como 
não tem posse, não lhe assiste o direito de invocar, 
em nome próprio, as ações possessórias. Porém, é 
possível que o detentor defenda a posse alheia por 
meio da autotutela, tratada pelo art. 1.210, §1º, do 
CC, conforme reconhece o seguinte enunciado 
doutrinário, da V Jornada de Direito Civil: “o detentor 
(art. 1.198 do CC) pode, no interesse do possuidor, 
exercer a autodefesa do bem sob seu poder” 
(Enunciado n. 493). O art. 1.208, primeira parte, do 
CC acrescenta que não induzem posse os atos de 
mera permissão ou tolerância. 
 
 
 
Classificação de Posse 
I. Quanto à relação pessoa-coisa ou quanto ao 
desdobramento da posse, levando-se em conta 
o seu paralelismo (art. 1.197 do CC): 
 
a) Posse direta ou imediata – aquela que é 
exercida por quem tem a coisa 
materialmente, havendo um poder físico 
imediato. Como possuidores diretos podem 
ser citados o locatário, o depositário, o 
comodatário e o usufrutuário; 
 
b) Posse indireta ou mediata – exercida por 
meio de outra pessoa, havendo exercício de 
direito, geralmente decorrente da 
propriedade. Ex.: locador, depositante, 
comodante e nu-proprietário. 
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a 
coisa em seu poder, temporariamente, em virtude 
de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de 
quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto 
defender a sua posse contra o indireto. 
II. Quanto à presença de vícios objetivos (art. 
1.200 do CC): 
a) Posse justa – é a que não apresenta os 
vícios da violência, da clandestinidade ou da 
precariedade, sendo uma posse limpa; 
 
b) Posse injusta – apresenta os referidos 
vícios, pois foi adquirida por meio de ato de 
violência, ato clandestino ou de 
precariedade, nos seguintes termos: 
 
 Posse violenta – é a obtida por 
meio de esbulho, for força física 
ou violência moral (vis). A doutrina 
tem o costume de associá-la ao 
crime de roubo. 
Ex.: movimento popular invade 
violentamente, removendo e 
destruindo obstáculos, uma 
Ex.: alguém que para seu carro em um estacionamento, 
entregando-o a um manobrista. A empresa de 
estacionamento é possuidora, diante d existência de um 
contrato atípico, com elementos do depósito; já o 
manobrista é detentor, pois tem o veículo em nome da 
empresa, com quem tem relação de subordinação. 
 
 
8 
propriedade rural produtiva, que 
está sendo utilizada pelo 
proprietário, cumprindo a sua 
função social. 
 
 Posse clandestina – é a obtida às 
escondidas, de forma oculta, à 
surdina, na calada da noite (clam). É 
assemelhada ao crime de furto. 
Ex.: movimento popular invade, à 
noite e sem violência, uma 
propriedade rural que está sendo 
utilizada pelo proprietário, 
cumprindo a sua função social. 
 
 Posse precária – é a obtida com 
abuso de confiança ou de direito 
(precario). Tem forma as-
semelhada ao crime de estelionato 
ou à apropriação indébita, sendo 
também denominada esbulho 
pacífico. Ex.: locatário de um bem 
móvel que não devolve o veículo ao 
final do contrato. 
 
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, 
clandestina ou precária. 
 
Posse precária: A posse é injusta por vício de 
precariedade quando o possuidor não devolve a 
coisa no tempo aprazado. É a apropriação indébita. 
 
III. Quanto ao elemento psicológico (arts. 1.201 a 
1.203): 
a) Posse de boa-fé – presente quando o 
possuidor ignora os vícios ou os obstáculos 
que lhe impedem a aquisição da coisa ou 
quando tem um justo título que fundamente 
a sua posse. Orlando Gomes a divide em 
posse de boa-fé real quando “a convicção 
do possuidor se apoia em elementos 
objetivos tão evidentes que nenhuma 
dúvida pode ser suscitada quanto à 
legitimidade de sua aquisição” e posse de 
boa-fé presumida “quando o possuidor tem 
o justo título”. 
 
b) Posse de má-fé – situação em que 
alguém sabe do vício que acomete a coisa, 
mas mesmo assim pretende exercer o 
domínio fático sobre esta. Neste caso, o 
possuidor nunca possui um justo título. De 
qualquer modo, ainda que de má-fé, esse 
possuidor não perde o direito de ajuizar a 
ação possessória competente para 
proteger-se de um ataque de 
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor 
ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição 
da coisa. 
 
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem 
por si a presunção de boa-fé, salvo prova em 
contrário, ou quando a lei expressamente não admite 
esta presunção. 
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este 
caráter no caso e desde o momento em que as 
circunstâncias façam presumir que o possuidor não 
ignora que possui indevidamente. 
Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se 
manter a posse o mesmo caráter com que foi 
adquirida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
É possível que uma posse injusta seja de boa-fé, 
porexemplo, herança (quando se tem um herdeiro 
e não se sabia). Ex.: um jovem descobre 
tardiamente ser filho de alguém famoso, quando 
tal pessoa morrer o filho poderá entrar com ação 
para requerer sua parte da herança. 
Também é possível que uma posse justa seja de 
má-fé, por exemplo, alguém aluga uma casa, realiza 
o pagamento do primeiro mês e depois se recusa 
a pagar pelos meses subsequentes. 
 
 
9 
IV. Quanto à presença de título: 
a) Posse própria ou com título – situação 
em que há uma causa representativa da 
transmissão da posse, caso de um 
documento escrito, como ocorre na vigência 
de um contrato de locação ou de comodato, 
por exemplo. 
 
b) Posse imprópria ou sem título – situação 
em que não há uma causa representativa, 
pelo menos aparente, da transmissão do 
domínio fático. 
Ex.: alguém acha um tesouro, depósito de 
coisas preciosas, sem a intenção de fazê-lo. 
Nesse caso, a posse é qualificada como um 
ato-fato jurídico, pois não há uma vontade 
juridicamente relevante para que exista um 
ato jurídico. 
 
 Posse própria (tem animus domini); 
 
 Posse imprópria (subordinada a posse de 
outra pessoa); 
 
 Ex.: dono e inquilino. 
V. Da aquisição da posse: 
a) Posse originária – estado de fato da 
pessoa em relação à coisa, oriundo de 
assenhoreamento autônomo, sem a 
participação de um ato de vontade de outro 
possuidor antecedente. Se dá sem qualquer 
interferência do anterior titular. Não há 
transmissão de um direito. Não se exige que 
o bem jurídico seja “virgem” de sujeição do 
homem. Ex.: avulsão (art. 1.2512). 
 
b) Posse derivada – forma de aquisição da 
coisa que pressupõe a existência de uma 
posse anterior e, consequentemente, a 
transmissão desta posse ao adquirente É 
derivada porque tem um vínculo com o 
antigo titular. Ex.: comprar apto de alguém. 
 
VI. Quanto aos efeitos: 
a) Posse ad interdicta – constituindo regra 
geral, é a posse que pode ser defendida 
pelas ações possessórias diretas ou 
interditos possessórios. 
Exemplificando, tanto o locador quanto o 
locatário podem defender a posse de uma 
turbação ou esbulho praticado por um 
terceiro. Essa posse não conduz àusucapião. 
 
b) Posse ad usucapionem – exceção à 
regra, é a que se prolonga por determinado 
lapso de tempo previsto na lei, admitindo-se 
a aquisição da propriedade pela usucapião, 
desde que obedecidos os parâmetros legais. 
Em outras palavras, é aquela posse com 
olhos à usucapião (posse usucapível), pela 
presença dos seus elementos. A posse ad 
usucapionem deve ser mansa, pacífica, 
duradoura por lapso temporal previsto em 
lei, ininterrupta e com intenção de dono 
(animus domini – conceito de Savigny). Além 
disso, em regra, deve ter os requisitos do 
justo título e da boa-fé. 
 
VII. Quanto ao tempo: 
 
a) Posse nova – é a que conta com menos 
de um ano e um dia, ou seja, é aquela com 
até um ano; 
 
b) Posse velha – é a conta com pelo menos 
um ano e um dia, ou seja, com um ano e um 
dia ou mais. Segue-se, nessa classificação, a 
doutrina de Maria Helena Diniz e Carlos 
Roberto Gonçalves, que entendem que a 
posse que tem um ano e um dia é velha. 
 
VIII. Posse comum e posse trabalho: 
 
a) Posse comum – posse comum, aquela 
adotada pelo Código Civil Brasileiro, Teoria 
Objetiva de Ihering. É aquela posse de boa-
fé, onde não existe a presunção de um 
futuro usucapião. 
 
 
10 
b) Posse trabalho – a posse trabalho, ou 
posse pro labore, ou ainda USUCAPIÃO 
ESPECIAL COLETIVO, é uma espécie de 
aquisição de propriedade, seja urbana ou 
rural, de uma área extensa, sendo a posse 
ininterrupta, pacífica e boa-fé, pelo decurso 
do prazo de mais de 5 (cinco) anos. 
 
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem 
interrupção, nem oposição, possuir como seu um 
imóvel, adquire-lhe a propriedade, inde-
pendentemente de título e boa-fé; podendo 
requerer ao juiz que assim o declare por sentença, 
a qual servirá de título para o registro no Cartório 
de Registro de Imóveis. 
 
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo 
reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver 
estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele 
realizado obras ou serviços de caráter produtivo. 
 
Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja 
declarada adquirida, mediante usucapião, a 
propriedade imóvel. 
 
Parágrafo único. A declaração obtida na forma 
deste artigo constituirá título hábil para o registro 
no Cartório de Registro de Imóveis. 
 
Composse ou Compossessão 
 
Denomina-se composse, nos termos do art. 1.199, a 
situação em que duas ou mais pessoas exercem, 
simultaneamente, posse sobre coisa indivisível. 
 
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem 
coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela 
atos possessórios, contanto que não excluam os dos 
outros compossuidores. 
 
 Em suma, desde que não haja exclusão do direito 
alheio, qualquer um dos possuidores poderá 
fazer uso das ações possessórias, no caso de 
atentado praticado por terceiro. 
***Não se confunde com as chamadas posses 
paralelas (ou múltiplas), onde ocorre a existência de 
posses de naturezas diversas (direta e indireta) 
sobre a mesma coisa. 
 
A composse ainda admite as classificações a 
seguir: 
 
a) Composse pro indiviso ou indivisível: onde os 
compossuidores têm fração ideal da posse, 
pois não é possível determinar, no plano 
fático e corpóreo, qual a parte de cada um. 
 
Ex.: dois irmãos têm a posse de uma 
fazenda e ambos a exercem sobre todo o 
imóvel, retirando dele produção de 
hortaliças. 
 
b) Composse pro diviso ou divisível: onde casa 
compossuidor sabe qual a sua parte, que é 
determinável no plano fático e corpóreo, 
havendo uma fração real da posse. 
 
Ex.: dois irmãos têm a composse de uma 
fazenda, que é dividida ao meio por uma 
cerca. Em metade dela um irmão tem uma 
plantação de milho e na outra metade, o 
outro irmão cultiva uvas. 
 
Da aquisição, transmissão e perda 
da posse 
 
Inicialmente é válido ressaltar que o Código Civil de 
1916 elencava, em seu artigo 493, os modos de 
aquisição da posse, esses eram: pela apreensão da 
coisa ou pelo exercício do direito, pelo fato de ser 
dispor da coisa ou do direito e por qualquer dos 
modos de aquisição em geral. 
 
Esses modos de aquisição da posse, tratados em 
nosso antigo código, à primeira vista são 
incoerentes, pois o nosso ordenamento adota a 
teoria de Ihering, enquanto o legislador admitie a 
aquisição da posse pela apreensão da coisa, bem 
como a sua perda pelo abandono e pela tradição, 
 
 
11 
modos estes que se encaixam melhor na teoria de 
Savignu. 
 
Aquisição da posse: 
 
Com a mudança do Código Civil a teoria da aquisição 
da posse passa a ser mais coerente, como relata 
Roberto Gonçalves: 
 
“O CC/2002, coerente com a teoria de 
Ihering, adotada no art. 1.196, não fez 
discriminação dos modos de aquisição da 
posse, limitando-se a proclamar, no art. 
1.204: “Adquire-se a posse desde o 
momento em que se torna possível o 
exercício, em nome próprio, de qualquer dos 
poderes inerentes à propriedade”. 
 
**As formas de aquisição da posse que constavam 
da lei anterior ainda servem somente como exemplo. 
 
Sobre o modo de aquisição, deve-se lembrar que há 
duas formas para aquisição da posse, sendo elas: 
 
a) Forma de aquisição originária: quando não há 
consentimento do possuidor precedente. 
 
Ex.: a posse sendo adquirida de modo 
originário ela vai se escoimar dos vícios 
(livrar-se de defeitos) que anteriormente a 
contaminavam. Assim, se o antigo possuidor 
era titular de uma posse de má-fé, por 
adquiri-la clandestinamente ou a non domino, 
esses vícios desapa-receriam quando ele se 
esbulhar. 
 
Ainda dentro da forma originária de aquisição da 
posse: 
 
1. Apreensão da coisa: é a apropriação da 
coisa mediante ato unilateral do 
adquirente, desde que subordinado aos 
requisitos da teoria possessória. Sendo 
assim a apreensão consiste na 
apropriação unilateral de coisa “sem 
dono”. 
 
2. Exercício do direito:adquire-se pelo 
exercício do direito a posse dos jus in re 
aliena, ou seja, dos direitos reais sobre 
coisas alheias. O exemplo clássico é o da 
servidão. 
 
3. Disposição da coisa ou do direito: o fato 
de dispor da coisa caracteriza conduta 
normal do titular da posse ou domínio, 
constituindo um desdobramento da ideia 
de exercício do direito. 
 
b) Forma de aquisição derivadas: quando há 
anuência do possuidor anterior, como na 
tradição precedida de negócio jurídico. 
 
Ex.: o adquirente a recebe com todos os 
vícios que a inquinavam nas mãos do 
alienante. Assim, se este desfrutava de uma 
posse violenta, clandestina ou precária, 
aquele que a adquirir vai ser acompanhado 
pelos mesmos defeitos. 
 
Ainda dentro da forma derivada de aquisição da 
posse: 
 
Pressupõe um acordo de vontades, um negócio 
jurídico de alienação, quer a título gratuito, como na 
doação, quer a título oneroso, como na compra e 
venda. A partir das construções de Washington de 
Barros Monteiro, classifica-se a tradição de 
seguinte forma: 
 
1. Tradição real: dá-se pela entrega efetiva 
ou material da coisa, como ocorre na 
entrega do veículo pela concessionária em 
uma compra e venda; 
 
2. Tradição simbólica: há um ato 
representativo da transferência da coisa 
como, por exemplo, a entrega das chaves 
de um apartamento. É o que ocorre na 
 
 
12 
traditio longa manu, em que a coisa a ser 
entregue é colocada à disposição da outra 
parte. Ilustrando, o CC/2002 passou a 
disciplinar, como cláusula especial da 
compra e venda, a venda sobre 
documentos, em que a entrega efetiva do 
bem móvel é substituída pela entrega de 
documento correspondente à propriedade 
(arts. 529 a 532 do CC); 
 
3. Tradição ficta: é aquela que se dá por 
presunção, como ocorre na traditio brevi 
manu, em que o possuidor possuía em nome 
alheio e agora passa a possuir em nome 
próprio (o exemplo típico é o do locatário 
que compra o imóvel, passando a ser o 
proprietário). Também há tradição ficta no 
constituto possessório ou cláusula 
constituti, em que o possuidor possuía em 
nome próprio e passa a possuir em nome 
alheio (o caso do proprietário que vende o 
imóvel e nele permanece como locatário). 
 
Voltando nosso foco ao CC/2002 e encerrando o 
tópico de aquisição da posse, o art. 1.205 preconiza 
que a posse pode ser adquirida de duas formas, 
vejamos: 
 
Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: 
 
I. pela própria pessoa que a pretende ou por 
seu representante; 
 
II. por terceiro sem mandato, dependendo de 
ratificação. 
 
Assim entende-se que a posse pode ser adquirida 
pelo próprio sujeito que a apreende, desde que este 
seja capaz ou tenha liberação do seu representante 
legal e, até mesmo, por terceiro que não tenha 
mandato, desde que seja feita a confirmação 
posterior, com efeitos ex tunc ou retroativos. 
 
 
 
Transmissão da posse: 
 
A transmissão da posse tem sua previsão legal no 
art. 1.206 e 1.207 do CC/2002, vejamos: 
 
Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou 
legatários do possuidor com os mesmos caracteres. 
 
A posse também pode ser adquirida em 
virtude de uma sucessão inter vivos ou 
mortis causa. Trata-se de expressão do 
princípio da continuidade do caráter da 
posse que, em regra, mantém os mesmos 
atributos da sua aquisição. 
 
Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito 
a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é 
facultado unir sua posse à do antecessor, para os 
efeitos legais. 
 
Determina que o sucessor universal 
continua de direito a posse do seu 
antecessor e o sucessor singular é 
facultado unir sua posse à do antecessor, 
para os efeitos legais. 
Nesse caso a transmissão por sucessão se 
diferencia em dois tipos de acordo com a 
legislação, vejamos: 
 
1. Sucessão universal: dá-se em casos 
de herança legitima. A lei prevê a 
continuidade. 
 
2. Sucessão singular: dá-se emcasos 
de compra e venda, doação ou 
legado. Nesse caso a lei prevê a 
união de posses. 
 
Orlando Gomes esclarece: “o que distingue a 
sucessão da união é o modo de transmissão da 
posse, sendo a título universal, há sucessão; sendo a 
título singular, há união. Não importa que a sucessão 
seja inter vivos ou mortis causa. Na sucessão mortis 
causa a título singular, a acessão se objetiva pela 
forma da união. A sucessão de posses é imperativa; 
a união, facultativa, enquanto na singular é facultado 
 
 
13 
unir sua posse à precedente. Sendo, nesta última 
hipótese, uma faculdade, o possuidor atual só usará 
se lhe convier, limitando-se à sua posse quando do 
seu interesse”. 
 
Sintetizando, quanto à defesa possessória, tanto o 
sucessor universal quanto o singular poderão 
defendê-la, em continuidade ou acessão à posse 
anterior. 
 
 Os atos que não induzem a posse: 
 
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera 
permissão ou tolerância assim como não 
autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou 
clandestinos, senão depois de cessar a violência 
ou a clandestinidade. 
 
 Descrevem-se como atos de permissão 
aqueles em que o possuidor consentiu 
expressamente para que terceiros viessem 
a praticar determinador atos ou utilizar o 
bem, sem que extraia qualquer benefício, 
para si, desta situação; 
 
 Os atos de mera tolerância são aqueles que 
importam em uma autorização tácita por 
parte do possuidor, sem qualquer 
manifestação por escrito, como os mesmos 
objetivos e finalidades já referidas, como 
admitir que alguém possa retirar água de 
seu poço, ou cortar caminho por área de 
seu domínio; 
 
 Tanto na permissão como na tolerância o 
que se verifica é a deflagração de uma 
política de convivência social entre as 
partes, típico de uma saudável conduta de 
boa vizinhança, com relações de amizade, 
caracterizados pela transitoriedade e 
passividade; 
 
 No que tange às consequências destes atos, 
é forçoso dizer que eles não constituem 
atos possessórios, não gerando, pois, os 
resultados jurídicos que estão presentes no 
exercício da posse. Com efeito, aquele que 
exerce atos originados por permissão ou 
tolerância não é considerado possuidor, dado 
o caráter da temporariedade; 
 
 Não se verifica, nestes casos, qualquer 
direito potestativo. Assim, a sujeição da 
outra parte – a qual deverá suportar o 
exercício de um direito alheio, exercido pelo 
outro titular (direito potestativo) – não se 
verifica nos atos de permissão ou tolerância. 
Ainda no que tange à transmissão da posse: 
 
Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até 
prova contrária, a das coisas móveis que nele 
estiverem. 
 
Em regra, havendo transmissão da posse de um 
imóvel (bem principal), também haverá a 
transmissão dos móveis que o guarnecem (bem 
acessório). 
 
Perda da posse: 
 
Em suma, com a leitura do art. 1.223 do CC, é 
possível chegar a conclusão de que cessando os 
atributos relativos à propriedade, cessa a posse, que 
é perdida, extinta. 
 
Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, 
embora contra a vontade do possuidor, o poder 
sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. 
 
O Código Civil de 1916 em seu art. 520 previa 
expressamente os casos de perda da posse, mas 
como nosso atual diploma acolhe a teoria de Ihering, 
esses conceitos servem apenas como exemplo, 
vejamos: 
 
a) Pelo abandono da coisa: que se dá quando o 
possuidor renuncia à posse, manifestando, 
voluntariamente, a intenção de largar o que lhe 
pertence, como quando joga na rua um objeto 
seu. Já a perda definitiva dependerá da posse 
 
 
14 
de outrem que tenha apreendido a coisa 
abandonada; 
 
b) Pela tradição: quando envolve a intenção 
definitiva de transferi-la a outra pessoa, como 
acontece na venda do objeto, com 
transmissão da posse plena ao adquirente. Não 
há perda da posse na entrega da coisa a um 
representante para que a administre. 
 
c) Pela perda propriamente dita: acentua Orlando 
Gomes, recaindo a posse “em bem 
determinado, se este desaparece, torna-se 
impossível exercer o poder físico em que se 
concretiza. O caso típicode perda da posse 
por impossibilidade de detenção é o do pássaro 
que foge da gaiola. Com a perda da coisa, o 
possuidor vê-se privado da posse sem querer”. 
Na hipótese de abandono, ao contrário, a 
privação se dá por ato intencional, deliberado. 
 
d) Pela destruição da coisa: uma vez que, 
perecendo o objeto, extingue-se o direito. Pode 
resultar de acontecimentos naturais ou 
fortuitos, como a morte de um animal em 
consequência de idade avançada ou de um raio; 
de fato do próprio possuidor, ao provocar, por 
exemplo, a perda total do veículo por direção 
perigosa ou imprudente; ou ainda de fato de 
terceiro, em ato atentatório à propriedade. 
 
e) Pela colocação da coisa fora do comércio: isto 
é, se for tratada como bem inalienável ou 
inaproveitável. Pode alguém possuir bem que, 
por razões de ordem pública, de moralidade, 
de higiene e de segurança coletiva, passe à 
categoria de coisa extra commercium, 
verificando-se, então, a perda da posse pela 
impossibilidade, daí por diante, de ter o 
possuidor poder físico sobre o objeto da posse. 
Tal consequência, todavia, é limitada às coisas 
tornadas insuscetíveis de apropriação, uma 
vez que a só inalienabilidade é frequentemente 
compatível com a cessão de uso ou posse 
alheia. 
 
f) Pela posse de outrem: ainda que a nova posse 
se tenha firmado contra a vontade do 
primitivo possuidor, se este não foi mantido ou 
reintegrado em tempo oportuno. O dessa-
possamento violento ou clandestino por ato de 
terceiro dá origem à detenção, viciada pela 
violência e clandestinidade exercidas. 
 
g) Pelo constituto possessório ou cláusula 
constituti: hipótese em que a pessoa possuía o 
bem em nome próprio e passa a possuir em 
nome alheio (forma de aquisição e perda da 
posse, ao mesmo tempo). 
 
Para encerrar o tópico sobre perda da posse temos 
o artigo 1.224 do CC: 
 
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para 
quem não presenciou o esbulho, quando, tendo 
notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, 
tentando recuperá-la, é violentamente repelido. 
 
Se o possuidor não presenciou o momento em que 
foi esbulhado, somente haverá a perda da posse se, 
informado do atentado à posse, não toma as devidas 
medidas necessárias ou se sofrer violência ao tentar 
fazê-lo, não procurando outros caminhos após essa 
violência. 
 
Efeitos da Posse 
É possível conceituar os efeitos da posse como as 
consequências jurídicas que são produzidas pela 
própria posse, por exemplo, os efeitos sobre os 
frutos gerados por uma posse. Estão expostas nos 
artigos 1.210 ao 1.222 do Código Civil 
 
 Da legítima defesa da posse e do desforço 
imediato: 
 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido 
na posse em caso de turbação, restituído no de 
 
 
15 
esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver 
justo receio de ser molestado. 
 
§1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá 
manter-se ou restituir-se por sua própria força, 
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de 
desforço, não podem ir além do indispensável à 
manutenção, ou restituição da posse. 
 
§2o Não obsta à manutenção ou reintegração na 
posse a alegação de propriedade, ou de outro direito 
sobre a coisa. 
 
 De acordo com a doutrina: a legítima defesa 
da posse ou o desforço imediato constitui 
formas de autotutela (autodefesa), essa 
defesa é direta, são cabíveis ao possuidor 
direto ou indireto contra agressões de 
terceiros. Essas agressões de subdividem 
em dois grupos, sendo o primeiro em casos 
de ameaça e turbação, onde o atentado da 
posse ainda não foi definido é cabível a 
legítima defesa. Já nos casos de esbulho, a 
medida cabível é o desforço imediato, para 
a retomada do bem esbulhado. 
 
 A autodefesa apresenta alguns requisitos, 
que devem ser seguidos, para que a atuação 
seja cabível: 
 
 A defesa deve ser IMEDIATA, ou 
seja, se uma autodefesa for 
praticada, por exemplo, a um ano e 
um dia, ela não será imediata, sendo 
assim, inválida; 
 
 O possuidor que toma as medidas 
de autotutela NÃO pode ir além do 
limite indispensável para a 
recuperação de sua posse; 
 
 A lei está a autorizar que o 
possuidor que faz uso da autotutela 
utilize o apoio de empregados ou 
prepostos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A escolha de invocar interditos 
possessórios: 
 
 
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser 
possuidora, manter-se-á provisoriamente a que 
tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve 
de alguma das outras por modo vicioso. 
 
 
 
 
 
 
 
 No art. 1.211 do CC/02 é tratado sobre o 
possuidor aparente, que vai manter a posse 
da coisa enquanto se discute a ação 
possessória de quem realmente é o 
possuidor ou proprietário daquele direito. 
Mas como exposto no mesmo dispositivo se 
o possuidor aparente demonstrar que 
possui a coisa com algum vício poderá ser 
afastado da posse. 
 
Em suma: 
Ameaça à posse – é o risco de atentado à posse, 
onde caberá ação de interdito proibitório. 
Turbação – é considerado um esbulho parcial, ou seja, 
é a perda parcial da posse. A ação cabível nesse caso 
é a manutenção da posse. 
Esbulho – será a perda total da posse. Aqui a ação 
cabível é a reintegração da posse. 
 As três medidas cabíveis são autorizadas pelo 
art. 1.210. 
Interditos possessórios são as ações judiciais 
que o possuidor deve utilizar quando se sentir 
ameaçado ou ofendido no exercício de seu 
direito. É forma de defesa indireta da posse. 
São três os interditos possessórios: Ação de 
Manutenção de Posse; Ação de Reintegração de 
Posse e Interdito Proibitório. 
Se a coisa foi obtida de modo 
clandestino ou precário. 
 
 
16 
 Ou seja, se mais de uma pessoa 
expõe que possui a coisa, quem 
estiver no pleno direito sobre tal 
coisa será mantida provi-
soriamente, a menos que tenha 
obtida de forma viciosa. 
 
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de 
esbulho, ou a de indenização, contra o terceiro, que 
recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
 
 Já sobre art. 1.212 do CC/02 é importante 
ressaltar que apesar do caput afirmar que 
o possuidor pode intentar ação de esbulho 
contra o terceiro que recebeu coisa 
esbulhada conscientemente disso, a norma 
civil abre a possibilidade do possuidor, que 
sofreu o atentado à posse, ingressar com 
ação de reintegração da posse ou com uma 
ação de reparação de danos contra o 
terceiro que estiver com a coisa: 
 
 Na I Jornada de Direito Civil, o 
enunciado n. 80 do CJF/STJ é 
pontuado que é inadmissível 
demandar ação possessória ou 
ressarcitória contra terceiro de 
boa-fé. 
 
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não 
se aplica às servidões não aparentes, salvo quando 
os respectivos títulos provierem do possuidor do 
prédio serviente, ou daqueles de quem este o houve. 
 
 Percepção dos frutos e produtos: 
 
 
Os frutos e produtos são espécies de bens 
acessórios, que vem do bem principal sem diminuir 
sua quantidade original. Por exemplo: soja, maçã, os 
juros, aluguéis, etc. 
Os frutos são aqueles que vai ter utilidade renovável, 
onde o recebimento (percepção) do fruto não 
esgota a coisa principal, por exemplo, o aluguel de 
um imóvel. Já os produtos são aqueles que o 
recebimento não se renova, a exploração do fruto 
leva ao esgotamento, por exemplo, carvão ou 
petróleo. 
 Se a percepção da utilidade dos frutos 
causar destruição total ou parcial da coisa 
principal, não há como se falar realmente 
em frutos. 
 
 
Relembrando Direito Civil I 
 
Da natureza dos frutos: 
 
a) Naturais: geradas pelo bem principal sem 
necessidade de intervenção humana direta. 
Por exemplo o desenvolvimento vegetal 
(laranja, milho, soja) ou animal (crias de um 
rebanho); 
 
b) Industriais: que são decorrentes da atividade 
industrial humana (bens manufaturados); 
 
c) Civis: são utilidades que a coisa frugífera 
produz periodicamente, visando ter uma renda 
(juros, aluguel). 
 
Quanto à ligação com a coisa principal: 
 
a) Colhidos ou percebidos: são os frutos jádestacados da coisa principal, mas ainda 
existentes; 
 
b) Pendentes: aqueles que ainda se encontram 
ligados à coisa principal, não tendo sido, 
destacados; 
 
c) Percipiendos: deveriam ter sido colhidos, 
mas não foram; 
 
d) Estantes: são frutos já destacados, que se 
encontram estocados e armazenados para 
venda; 
 
e) Consumidos: os que não mais existem. 
 
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, 
enquanto ela durar, aos frutos percebidos. 
 
 
 
 
 
17 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em 
que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois 
de deduzidas as despesas da produção e custeio; 
devem ser também restituídos os frutos colhidos 
com antecipação. 
 
 Enquanto estiver de boa-fé os frutos que 
já existiam continuam sendo do possuidor, já 
os frutos que ainda vai colher ou aluguel que 
ainda vencerá deverão ser devolvidos assim 
que cessar a boa-fé. 
 
 Por exemplo, se alguém possui uma 
fazenda, durante todo o tempo 
que esse for tido com legítimo 
possuidor, ignorando qualquer 
defeito, ele terá direito a todos os 
frutos que colheu; 
 
 Exemplo da doutrina de Flávio 
Tartuce: Um locatário está em um 
imóvel urbano e, no fundo deste, 
há uma mangueira. Enquanto 
vigente o contrato, o locatário, 
possuidor de boa-fé amparado 
pelo justo título, terá direito às 
mangas colhidas, ou seja, 
percebidas. Se o contrato for 
extinto quando as mangas ainda 
estiverem verdes (frutos 
pendentes), não poderão ser 
colhidas, pois são do locador 
proprietário. Se colhidas ainda 
verdes, devem ser devolvidas ao 
último, sem prejuízo de eventuais 
perdas e danos que couberem; 
 
 Os frutos percebidos já foram 
colhidos e separados, os frutos 
pendentes ainda estão ligados a 
coisa. 
 
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais 
reputam-se colhidos e percebidos, logo que são 
separados; os civis reputam-se percebidos dia por 
dia. 
 
 O dispositivo afirma que os frutos assim que 
colhidos e percebidos são separados da 
coisa; 
 
 Por exemplo, a manga da casa 
ilustrada acima, é tida como colhida 
assim que separada da mangueira; 
em relação aos juros são 
percebidos no vencimento dos 
rendimentos, como na poupança. 
 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por 
todos os frutos colhidos e percebidos, bem como 
pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde 
o momento em que se constituiu de má-fé; tem 
direito às despesas da produção e custeio. 
 
 Quando agir de má-fé responde por todos 
os frutos colhidos e percebidos, só há 
abatimento no que gastou para custear. 
 
 Por exemplo, alguém invade o 
imóvel urbano e colhe as mangas 
do terreno, assim deverá pagar 
indenização, mas será ressarcido 
pelas despesas obtidas na colheita. 
 
 Responsabilidade pela perda ou 
deterioração da coisa: 
 
 
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde 
pela perda ou deterioração da coisa, a que não der 
causa. 
 
 A perda da coisa consiste no perecimento 
total, já a deterioração fala sobre o estrago 
ou dano parcial; 
 
 Responsabilidade civil subjetiva. 
 
 Por exemplo, o Danilo, ignorando o 
vício da coisa, coloca fogo em um 
pasto para retirar as ervas 
 
 
18 
daninhas, descobrindo poste-
riormente que o pasto não era 
seu, pertencia a um vizinho. 
 
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela 
perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, 
salvo se provar que de igual modo se teriam dado, 
estando ela na posse do reivindicante. 
 
 O possuidor de má-fé responderá pela 
perda da coisa, já quem provocou o dano de 
forma acidental, responde pela medida do 
que causou; 
 
 Responsabilidade civil objetiva. 
 
 A exemplo de Pablo Stolze temos 
um sujeito que possui uma 
televisão, estando ciente da 
ilegitimidade de seu direito, pois 
deveria tê-la devolvido a quem lhe 
emprestou e não o fez. Caso o 
aparelho sofra um curto-circuito, 
o possuidor responderá pelo dano 
(ainda que acidental), salvo se 
provar que a pane acorreria 
mesmo que o bem já estivesse em 
poder do reivindicante. 
 
 Indenização pelas benfeitorias realizadas: 
 
 
Benfeitorias podem ser definidas como uma ou mais 
obras realizadas pelo home, na estrutura da coisa 
principal, com o propósito de conservá-la, melhorá-
la ou embelezá-la. Essas são bens acessórios. 
Enquanto os frutos e produtos decorrem do bem 
principal, as benfeitorias são nele introduzidas. 
 
 
Modalidades de benfeitorias: 
 
a) Uteis: são aquelas obras que aumentam ou 
facilitam o uso do imóvel. Ex.: a construção 
de uma garagem ou o fechamento de uma 
varanda. 
 
b) Necessárias: todas aquelas destinadas a 
conservação do imóvel evitando que este se 
deteriore ou se desgaste. Ex.: fazer reparo 
estrutural, trocar o óleo de um automóvel. 
 
c) Voluptuária: aquelas de medo deleite, de 
puro luxo, não aumentam o valor da coisa. É 
feita por estética, não são úteis. Ex.: colocar 
uma maçaneta de ouro em uma porta. 
 
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à 
indenização das benfeitorias necessárias e úteis, 
bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem 
pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento 
da coisa, e poderá exercer o direito de retenção 
pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. 
 
 A jornada de direito civil fala sobre tal 
artigo: 
 
 Sobre as ações do possuidor: 
 
 O de boa-fé tem direito a 
indenização; 
 
 O de boa-fé que não recebe 
indenização tem direito de reter a 
coisa, o jus retentions, que não 
tem natureza real. Esse atua como 
meio coercitivo para forçar o 
cumprimento da obrigação; 
 
JDC 81 – Art. 1.219: O direito de retenção previsto 
no art. 1.219 do CC, decorrente da realização de 
benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica 
às acessões (construções e plantações) nas 
mesmas circunstâncias. 
 
 As benfeitorias voluptuárias 
podem ser removidas ou 
levantadas, caso o reivindicante 
não queira pagar por essas. É o jus 
tollendi (direito de o possuidor de 
boa-fé levantar as benfeitorias 
voluptuárias não indenizadas). 
 
 
 
 
 
19 
Art. 1.2.20 Ao possuidor de má-fé serão 
ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; 
não lhe assiste o direito de retenção pela 
importância destas, nem o de levantar as 
voluptuárias. 
 
 Tento má-fé não receberá nada além das 
benfeitorias necessárias, SEM direito a 
retenção 
 
Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os 
danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo 
da evicção ainda existirem. 
 
 Ex.: obtém o direito por conta das 
benfeitorias, apesar de precisar pagar uma 
indenização, o valor poderá ser compensado 
aos donos. 
 
Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as 
benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de 
optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao 
possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. 
 
 Sobre a atualização do valor fala 
Carlos Roberto Gonçalves: 
 
“A justificativa assenta-se na máxima 
equidade que não permite que se enriqueça 
alguém à custa alheia. Só faria sentido, 
porém, se os níveis de custo fossem 
estáveis, dado que o valor atual e o do custo 
geralmente se equivaleriam, mas não em 
períodos de inflação elevada e crônica pelos 
quais passou o país. Daí ter o Supremo 
Tribunal Federal, na vigência do Código Civil 
de 1916, mandado aplicar a correção 
monetária ao preço de custo das 
benfeitorias, reconhecendo, no caso, a 
existência de uma dívida de valor”. 
 
 
Propriedade 
(arts. 1.228 a 1.237) 
 
Propriedade é um tópico considerado complexo para 
ter uma definição exata, existem conceituações de 
vários doutrinadores, vejamos algumas: 
 
 Clóvis Beviláqua conceitua a propriedade como 
sendo o poder assegurado pelo grupo social à 
utilização dos bens da vida física e moral; 
 
 Já Maria Helena Diniz define como sendo o 
direito que a pessoa física ou jurídica tem, 
dentro dos limites normativos, de usar, gozar, 
dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem 
como de reivindicá-lo de quem injustamente o 
detenha; 
 
 SegundoCristiano Chaves de Farias e Nelson 
Rosenvald a propriedade é um direito complexo, 
que se instrumentaliza pelo domínio, 
possibilitando ao seu titular o exercício de um 
feixe de atributos consubstanciais nas 
faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar a 
coisa que lhe serve de objeto (art. 1.228 do CC). 
 
Em suma, a partir de todas essas construções, é 
possível definir a propriedade como o direito que 
alguém possui em relação a um determinado bem. É 
um direito fundamental, previsto no art. 5º, inc. XXII 
da CF, mas é SEMPRE necessário que atenda uma 
função social, em prol de toda a coletividade. 
 
É imprescindível diferenciar propriedade de domínio, 
onde a propriedade é a relação jurídica complexa 
formada entre o titular do bem e a coletividade de 
pessoas. Já o domínio é a relação material de 
submissão direta e imediata da coisa ao poder do seu 
titular, através do exercício das faculdades de uso, 
gozo e disposição. 
 
 
 
 
20 
A conceituação de propriedade, com todos os seus 
atributos, está prevista no art. 1.228, onde lê-se: 
 
Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, 
gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do 
poder de quem quer que injustamente a possua ou 
detenha. 
 
 Quando temos todas as faculdades de 
direitos inerentes a coisa é chamado de 
propriedade plena (aloidial). 
 A propriedade plena é a 
concentração dos atributos de 
usar, gozar (sinônimo de fruir), 
dispor e reaver (sinônimo de 
reivindicar) como proprietário da 
coisa. 
 
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em 
consonância com as suas finalidades econômicas e 
sociais e de modo que sejam preservados, de 
conformidade com o estabelecido em lei especial, a 
flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio 
ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem 
como evitada a poluição do ar e das águas. 
 
 Função social da propriedade é o vetor 
limitador da propriedade, dever do 
proprietário. 
 A função social e socioambiental da 
propriedade: a norma civil codificada passou 
a consagrar expressamente a função 
social, em um sentido de finalidade, como 
princípio orientador da propriedade; além de 
representar a PRINCIPAL limitação a esse 
direito. 
 
§ 2o São defesos os atos que não trazem ao 
proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e 
sejam animados pela intenção de prejudicar outrem. 
 
 Traz o abuso do direito de propriedade. 
 
§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos 
casos de desapropriação, por necessidade ou 
utilidade pública ou interesse social, bem como no de 
requisição, em caso de perigo público iminente. 
 
§ 4o O proprietário também pode ser privado da 
coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa 
área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais 
de cinco anos, de considerável número de pessoas, 
e estas nela houverem realizado, em conjunto ou 
separadamente, obras e serviços considerados pelo 
juiz de interesse social e econômico relevante. 
 
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz 
fixará a justa indenização devida ao proprietário; 
pago o preço, valerá a sentença como título para o 
registro do imóvel em nome dos possuidores. 
 
 A tratada no artigo 1.228, parágrafos 4º e 
5º do Código Civil a desapropriação judicial 
privada por posse-trabalho: constitui outra 
importante restrição ao direito de 
propriedade, trazendo como conteúdo a 
função social da posse e o domínio. 
 
 
 
Atributos da Propriedade: 
 
Usar: o direito de uso pode ser direto ou indireto 
(pelo fâmulo da posse), concedendo ao titular acesso 
aos frutos naturais; 
 
Gozar (ou fruir): está ligado não ao uso efetivo da 
coisa, mas sim a exploração econômica da coisa. Ou 
seja, trata-se da faculdade de retirar os frutos da 
coisa, que podem naturais, industriais ou civis. Ex.: o 
proprietário de um imóvel urbano poderá locá-lo a 
quem bem entender; 
 
Dispor: tem duas possibilidades, a primeira ligada a 
disposição material, que é a destruição ou abandono 
da coisa. A segunda possibilidade é a disposição 
jurídica, que pode ser total ou parcial. Ex.: compra e 
venda, a doação e o testamento; 
 
Reaver: exercício do direito subjetivo que permite 
o proprietário manter a sua dominação sobre o bem 
ou que ele venha a reaver a dominação. 
 
 
 
21 
 Se liga no bizu 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Se determinada pessoa tiver todos os 
atributos relativos à propriedade, terá 
a propriedade plena (GRUD). 
 
 Se tiver pelo menos um dos atributos 
acima, terá apenas posse. 
 
Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Características do Direito de 
Propriedade 
 
a) Direito Complexo: é um direito complexo 
pela sua relação com os atributos do caput 
do art. 1.228 do CC, onde é exposto que a 
propriedade reúne os poderes de usar, 
gozar, dispor e reaver; 
 
b) Direito Absoluto: a propriedade é o mais 
completo dos direitos reais, sendo esse 
absoluto em regra, tendo caráter erga 
omnes (contra todos). Também em seu 
absolutismo é certo dizer que o proprietário 
pode desfrutar da coisa como bem 
entender. Porém, existem claras limitações 
dispostas no interesse do coletivo, caso da função 
social e socioambiental da propriedade (art. 1.228, 
§1º, do Código Civil); 
 
c) Direito Perpetuo: o direito de propriedade 
permanece independentemente do seu 
exercício, enquanto não houver causa 
modificativa ou extintiva, sejam elas de 
origem legal ou convencional. Ou seja, o não 
uso não vai extinguir o direito de 
propriedade, logo não se extingue pelo lapso 
temporal, pelo não uso e pode ser passada 
de geração em geração. Esse direito está 
ligado aos arts. 184 da CF/88 e ao 1.276 do 
Código Civil; 
 
d) Direito Exclusivo: esse direito é inerente 
ao domínio, onde em regra a propriedade é 
considerado um direito exclusivo, 
determinada coisa não pode pertencer a 
mais de uma pessoa (só uma pessoa teria o 
direito de GRUD), salvo os casos de condomínio 
ou copropriedade, que ainda assim não 
excluem a exclusividade da propriedade; 
 
e) Direito Elástico: está ligado ao domínio, 
trata-se da possibilidade de se estender 
poderes da propriedade, por exemplo, o uso 
fruto. Na propriedade plena, o direito se 
encontra no seu máximo grau de 
elasticidade. Ex.: emprestar a casa para 
outrem, cedendo seu direito de usar e 
gozar. Ler arts. 1.229 e 1.230 do CC; 
 
f) Direito Fundamental: não podemos 
esquecer que a propriedade é um direito 
fundamental, estando presente no art. 5º, 
incs. XXII e XXIII da Constituição Federal. 
G 
R 
U 
D 
ozar 
eaver 
sar 
ispor 
Falou de atributos da propriedade??? 
Lembre-se que eles grudam!!! 
Propriedade Plena ou Alodial: o proprietário 
tem consigo os atributos de GRUD. 
Propriedade Limitada ou Restrita: recai 
sobre a propriedade de algum ônus, como o 
caso da hipoteca, da servidão ou usufruto. 
 
 
22 
 
Aquisição da Propriedade 
 
Existem 16 formas de aquisição da propriedade, 
essas se subdividem em: 
 
Aquisição da Propriedade IMÓVEL – nessa contendo 
7 possibilidades; 
E a Aquisição da Propriedade MÓVEL – essa com 9 
possibilidades. 
 
Diferente da posse, que basta exercer para seu possuidor, 
a propriedade é um poder conferido pela lei. 
 
Existem dois diferentes modos de aquisição, sendo 
esses: 
 
 Aquisição derivada: existe uma ligação, uma 
relação jurídica, uma negociação ou uma 
causa de lei entre o antigo dono e o novo 
dono, seja intervivos ou seja causa mortis. 
Então, sempre que existe uma doação, uma 
compra e venda, desde que exista uma 
transmissão entre partes, isso se chama de 
aquisição derivada. Dizer que houve uma 
aquisição derivada significa que do jeito que 
estava a propriedade, do mesmo jeito ela 
fica. Ex.: se o imóvel tinha hipoteca, continua 
hipoteca. 
 
 Aquisição originária: pode significar duas 
coisas, essas sendo, ou não tem ninguém do 
lado de lá, é a natureza que está fazendo a 
entrega, ou ainda se existia dono anterior 
não há nenhuma ligação da propriedade com 
ele. Por exemplo o usucapiendo, a ocupação.Aquisição onde não tem ninguém 
transmitindo ou não tem ligação, foi pego a 
força (mas dentro da lei). 
 
Aquisição da Propriedade IMÓVEL 
 
Como visto na conceituação acima sobre a aquisição 
da propriedade nas formas originárias, há um 
contato direto da pessoa com a coisa, sem qualquer 
intermediação pessoal. Já nas formas derivadas, há 
intermediação subjetiva. Tendo esse ponto 
esclarecido, vejamos as modalidades de aquisição da 
propriedade IMÓVEL: 
 
Da aquisição por registro do 
título: 
 
Essa é a principal modalidade derivada de aquisição 
da propriedade imóvel, é regulamentada pelos arts. 
1.245 a 1.247 do CC. 
 
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a 
propriedade mediante o registro do título translativo 
no Registro de Imóveis. 
 
§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o 
alienante continua a ser havido como dono do imóvel. 
 
§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação 
própria, a decretação de invalidade do registro, e o 
respectivo cancelamento, o adquirente continua a 
ser havido como dono do imóvel. 
 
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento 
em que se apresentar o título ao oficial do registro, 
e este o prenotar no protocolo. 
 
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a 
verdade, poderá o interessado reclamar que se 
retifique ou anule. 
 
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o 
proprietário reivindicar o imóvel, independentemente 
da boa-fé ou do título do terceiro adquirente. 
 
Além dos artigos citados acima ainda podemos 
encontrar a regulamentação sobre essa espécie de 
aquisição no art. 108 do CC e na Lei 6.015/1973. 
 
A aquisição de imóveis precede de um negócio 
jurídico, de um contrato, etc. Nesse caso são dois 
atos necessários para afirmar que alguém se tornou 
proprietário de um bem imóvel: 
 
1. Escritura pública; 
2. Registro da escritura, registro do título. 
 
** Esses atos são cumulativos, logo só se terá 
direito inerente a propriedade quando efetivar OS 
DOIS. 
 
 
 
23 
Em suma, a aquisição do imóvel se dá através de seu 
registro público, por isso, não basta que o imóvel seja 
escriturado, mas sim, que ele seja registrado no 
cartório de imóveis. O Registro Geral é composto 
pelas matrículas dos imóveis pertencentes a 
circunscrição imobiliária do respectivo registro. 
Contudo, é correto se afirmar que odos os imóveis 
que se encontrem na circunscrição do Registro 
estarão matriculados neste. 
 
Sendo essa hipótese uma forma derivada o 
adquirente, novo proprietário do bem, será 
responsável pelas dívidas que recaem sobre a coisa, 
caso dos tributos. 
 
Do aquisição por acessão: 
 
Pelos termos do artigo 1.248 do CC/2002, as 
acessões são um modo originário de adquirir a 
propriedade imóvel, assim passa a pertencer ao 
proprietário TUDO aquilo que foi incorporado ao bem 
de forma natural ou artificial. 
 
Art. 1.248. A acessão pode dar-se: 
 
I. por formação de ilhas; 
 
II. por aluvião; 
 
III. por avulsão; 
 
IV. por abandono de álveo; 
 
V. por plantações ou construções. 
 
Sobre as modalidades de acessão temos: 
 
a) a acessão natural se dá quando a união ou 
incorporação de coisa acessória à principal 
advém de acontecimentos natural 
(formação de ilhas, aluvião, avulsão e o 
abandono de álveo); 
 
b) a acessão industrial ou artificial, quando 
resulta do trabalho do homem (plantações e 
as construções de obras). 
 
Agora vejamos as espécies de aquisição da 
propriedade imóvel por acessão natural e artificial 
uma a uma: 
 
a) Das ilhas: de acordo com Maria Helena 
Diniz a ilha é um acúmulo paulatino de areia, 
cascalho e materiais levados pela 
correnteza, ou de rebaixamento de águas, 
deixando a descoberto e a seco uma parte 
no fundo ou no leito. Para o Direito Civil só 
interessam aquelas ilhas formadas em rios 
não navegáveis ou particulares. 
 
Art. 1.249. As ilhas que se formarem em 
correntes comuns ou particulares pertencem aos 
proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as 
regras seguintes: 
 
I. as que se formarem no meio do rio consideram-
se acréscimos sobrevindos aos terrenos 
ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na 
proporção de suas testadas, até a linha que 
dividir o álveo em duas partes iguais; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acessão natural 
Acessão artificial 
X 
Y 
 
 
24 
 As ilhas que se formarem no meio do rio 
consideram-se acréscimos sobrevindos aos 
terrenos ribeirinhos que fazem fronteira com 
ambas as margens.. **testadas é o limite da 
área. 
 
 X obteria 50% e Y os outros 50%. 
 
II. as que se formarem entre a referida linha e 
uma das margens consideram-se acréscimos 
aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse 
mesmo lado; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Se formam sobre da linha mediada, logo 
pertencem exclusivamente ao 
proprietário de onde ficou localizada; 
 Se a olha surgir do lado direito do 
meridiano ela será de Y. 
 
 
III. as que se formarem pelo desdobramento de um 
novo braço do rio continuam a pertencer aos 
proprietários dos terrenos à custa dos quais se 
constituíram. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Pertencendo ao mesmo proprietário da 
terra onde se deu novo desdobramento 
do rio; 
 Nesse caso pertenceria a X. 
 
b) Da Aluvião:. é o aumento da propriedade 
ribeirinha que ocorre naturalmente pelo 
acréscimo de terra que acontece de forma 
muito vagarosa, contínua e ao longo de anos 
 
Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e 
imperceptivelmente, por depósitos e aterros 
naturais ao longo das margens das correntes, ou 
pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos 
dos terrenos marginais, sem indenização. 
 
X 
Y 
X 
Y 
 
 
25 
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar 
em frente de prédios de proprietários diferentes, 
dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de 
cada um sobre a antiga margem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O proprietário do imóvel deve fazer uma 
retificação da área para que conste esse 
aumento, mas a propriedade será dele. 
 
c) Da Avulsão: também é um acréscimo da 
extensão da propriedade, mas de forma 
abrupta, imediata, mais intensa do que a 
hipótese anterior. Ex.: uma faixa de terra de 
desprende de um lado e se desloca para o outro 
lado, aderindo-se ali. Só há de se falar em 
avulsão quando há a ADERÊNCIA. 
 
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma 
porção de terra se destacar de um prédio e se 
juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade 
do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, 
sem indenização, se, em um ano, ninguém houver 
reclamado. 
 
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de 
indenização, o dono do prédio a que se juntou a 
porção de terra deverá aquiescer a que se remova 
a parte acrescida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Quando há o desprendimento e a aderência 
em um outro ponto, a propriedade passa a 
ser de onde a terra se aderiu; 
 Sempre que possível é preciso haver 
indenização; 
 A propriedade agora seria de Y. 
Y 
x 
 
 
26 
d) Do Álveo Abandonado: nada mais é do 
que o leito do rio esvaziado, que foi 
abandonado pelas águas, por exemplo, um 
rio que secou. 
 
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente 
pertence aos proprietários ribeirinhos das duas 
margens, sem que tenham indenização os donos dos 
terrenos por onde as águas abrirem novo curso, 
entendendo-se que os prédios marginais se 
estendem até o meio do álveo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Vai até a linha mediana, no caso da imagem 
acima, seria 50% para cada propriedade; 
 Existem ainda hipóteses de álveo artificial e 
nesse caso cabe indenização. 
 
e) Das Construções e Plantações: são 
decorrentes da conduta humana. 
 
 
Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente 
em um terreno presume-se feita pelo proprietário 
e à sua custa, até que se prove o contrário. 
 
 
As construções e plantações são consideradas 
acessórios do solo.Não se leva em conta o conceito 
de valor. A presunção é que pertencem ao 
proprietário do solo, embora não seja essa 
presunção absoluta. Como é possível semear, plantar 
e construir com sementes e materiais não 
pertencentes ao proprietário do solo, distinguem-se 
as hipóteses nas quais isso pode ocorrer: 
 
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em 
terreno próprio com sementes, plantas ou materiais 
alheios, adquire a propriedade destes; mas fica 
obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder 
por perdas e danos, se agiu de má-fé. 
 Por exemplo, Julio estava guardando 
material de construção para o seu amigo 
Gustavo, mas acaba utilizando em sua 
propriedade, ele segue sendo o proprietário, 
mas cabe pagar indenização a Gustavo., pois 
utilizou coisa alheia. 
 
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em 
terreno alheio perde, em proveito do proprietário, 
as sementes, plantas e construções; se procedeu 
de boa-fé, terá direito a indenização. 
 
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação 
exceder consideravelmente o valor do terreno, 
aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá 
a propriedade do solo, mediante pagamento da 
indenização fixada judicialmente, se não houver 
acordo. 
 Gustavo, amigo de Julio, estava morando em 
terreno emprestado pelo amigo, assim 
constrói com o SEU material uma pequena 
casa no terreno de Julio. EM REGRA Julio 
seria o dono da casa construída, mas se 
Gustavo agiu de BOA-FÉ cabe indenização 
em seu favor. 
 
 
 
27 
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, 
adquirirá o proprietário as sementes, plantas e 
construções, devendo ressarcir o valor das 
acessões. 
 
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, 
quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez 
em sua presença e sem impugnação sua. 
 
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-
se ao caso de não pertencerem as sementes, 
plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou 
em solo alheio. 
 
Parágrafo único. O proprietário das sementes, 
plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário 
do solo a indenização devida, quando não puder havê-
la do plantador ou construtor. 
 Aqui entra uma terceira figura. Fabio, 
pedreiro, utilizando o terreno de Julio e os 
materiais de construção de Gustavo, realiza 
o levantamento de uma casa em terreno 
ALHEIO, neste caso seria o DONO DO 
TERRENO e caberia indenização ao dono do 
terreno, paga por Gustavo, que obtinha os 
materiais de construção. 
 
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em 
solo próprio, invade solo alheio em proporção não 
superior à vigésima parte deste, adquire o 
construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo 
invadido, se o valor da construção exceder o dessa 
parte, e responde por indenização que represente, 
também, o valor da área perdida e a desvalorização 
da área remanescente. 
 
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e 
danos previstos neste artigo, o construtor de má-
fé adquire a propriedade da parte do solo que 
invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e 
o valor da construção exceder consideravelmente o 
dessa parte e não se puder demolir a porção 
invasora sem grave prejuízo para a construção. 
 
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a 
invasão do solo alheio exceder a vigésima parte 
deste, adquire a propriedade da parte do solo 
invadido, e responde por perdas e danos que 
abranjam o valor que a invasão acrescer à 
construção, mais o da área perdida e o da 
desvalorização da área remanescente; se de má-fé, 
é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando 
as perdas e danos apurados, que serão devidos em 
dobro. 
 
Da aquisição por usucapião: 
 
Usucapião é o direito que o indivíduo adquire em 
relação à posse de um bem móvel ou imóvel em 
decorrência da utilização do bem por determinado 
tempo, contínuo e incontestadamente. Em caso de 
imóvel, qualquer bem que não seja público pode ser 
adquirido através do usucapião. 
 
 Permite a lei que uma determinada situação 
de fato alongada por certo intervalo de 
tempo se transforme em uma situação 
jurídica (a aquisição originária da 
propriedade); 
 
 A usucapião garante a estabilidade da 
propriedade, fixado um prazo, além do qual 
não se podem mais levantar dúvidas a 
respeito de ausência ou vícios do título da 
posse. De certo modo, a função social da 
propriedade acaba sendo atendida por meio 
da usucapião. 
 
Objetivo: legitimar uma situação fática que se 
prorrogou no tempo, sendo uma forma de 
prescrição que cria direitos (prescrição aquisitiva). 
Essa será uma forma originária de aquisição da 
propriedade que acontecerá com a posse continua, 
mas com alguns requisitos necessários. 
 
Pré-requisitos: pra que o direito de usucapião 
seja legalmente reconhecido é necessário que sejam 
atendidos certos requisitos especificados no Código 
Civil e na Constituição Federal Brasileira, vejamos: 
 
1. Posse com intenção de dono (animus domini): 
conceito de Savaginy que tem como 
 
 
28 
conteúdo o corpus (domínio fático) e o 
animus domini (intenção de dono); 
 
2. Posse mansa e pacífica: ou seja, exercida 
sem qualquer manifestação em contrário de 
quem tenha legítimo interesse, assim sendo 
sem oposição do proprietário do bem; 
 
3. Posse continua e duradoura: é aquela posse 
sem intervalos, sem interrupções. Com 
exceção do art. 1.243 do CC que ainda será 
estudado; 
 
4. Posse justa: a posse do bem usucapível 
deve se apresentar sem os vícios objetivos, 
ou seja, sem que seja violenta, clandestina 
ou precária; 
 
5. Posse de boa-fé e com justo título: a 
usucapião ordinária requer que seja de boa-
fé e justo título (arts. 1.242 e 1.260). Para 
outras modalidades de usucapião tais 
requisitos são até dispensáveis. 
 
6. Coisa suscetível de ser usucapida, que o 
possuidor que quer pedir o usucapião, esteja 
realmente no imóvel com intenção de posse 
e explorando o bem sem subordinação a 
outrem, como se realmente fosse o 
proprietário; 
 
Quando NÃO pode ser alegada usucapião 
a) durante a vigência da condição suspensiva, 
pois ela, como modalidade do ato ou do 
negócio jurídico, impede a aquisição de 
direitos enquanto não se verificar o evento 
futuro e incerto; 
 
b) durante ação de evicção; 
 
c) com a citação pessoal do devedor; 
 
d) com o ato judicial que constitui o devedor em 
mora; 
 
e) com o protesto; 
 
f) com a apresentação do título de crédito no 
juízo do inventário ou em concurso de 
credores. 
Elementos: basicamente qualquer bem imóvel que 
possa ser vendido poderá ser usucapido, apenas 
com as seguintes exceções: 
Imóveis que NÃO podem ser usucapidos 
a) Bens públicos; 
 
b) Terras devolutas; 
 
c) Área comum de condomínio (em REGRA 
GERAL, pois a jurisprudência já se debruçou 
sobre o assunto e existem exceções); 
 
d) Bem de família; 
 
e) Vaga de garagem (súmula 449). 
 
Espécies de Usucapião 
a) Da usucapião extraordinário 
(art.1.238/CC): 
 
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem 
interrupção, nem oposição, possuir como seu um 
imóvel, adquire-lhe a propriedade, independente-
mente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz 
que assim o declare por sentença, a qual servirá de 
título para o registro no Cartório de Registro de 
Imóveis. 
 
 É necessária a posse mansa e continua, 
contudo, não se exige boa-fé ou justo título; 
 
 O prazo de posse contínua é de 15 anos 
para bem imóvel. 
 
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo 
reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver 
estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou 
nele realizado obras ou serviços de caráter 
produtivo. 
 
 É necessária a posse mansa e continua de 
imóvel urbano para fins de moradia, 
contudo, não se exige boa-fé ou justo título; 
 
 O prazo de posse contínua é de10 anos. 
 
Obs.: não existe qualquer tipo de especificação sobre 
limite de área. 
 
Modalidade nomeada como usucapião 
extraordinária habitacional 
 
 
29 
b) Da usucapião ordinária (art.1.242/CC): 
Art.

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