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1 PS 3 – Gerenciamento da vida útil de equipamentos Avaliação de chaves seccionadoras de alta tensão mediante monitoramento online – Estudo de caso em Itaipu Binacional Mario Augusto Caetano dos Santos, Rodrigo Eduardo Chaparro Moraes, Sérgio Henrique Sobreira de Oliveira Itaipu Binacional Brasil / Paraguai RESUMO As concessionárias de geração e transmissão de energia elétrica tem enfrentado grandes desafios de mercado nos últimos anos, dentre os quais destacam-se a pressão pela redução de custos e as exigências regulatórias pela melhoria dos indicadores de disponibilidade dos ativos. Neste sentido as empresas vêm buscando novas abordagens de manutenção para seus equipamentos, visando identificar de forma antecipada possíveis sinais ou indícios que apontem para futuras falhas, de modo que se possa intervir antes que as mesmas ocorram. As chaves seccionadoras são equipamentos indispensáveis para execução de manobras em subestações de alta tensão e, portanto, é fundamental que se apresentem em condições adequadas para desempenhar tal função. No entanto várias concessionárias têm relatado um elevado número de problemas nestes equipamentos, especialmente durante suas operações de abertura e fechamento, acarretando em aumento de indisponibilidade e custos adicionais com manutenções corretivas, muitas destas em caráter emergencial. Tendo em vista tais fatos e que as manutenções preventivas periódicas em seccionadores têm ocorrido em espaços de tempo cada vez maiores, é razoável pensar-se na possibilidade de implantação de sistemas de monitoramento online capazes de obter dados relevantes para uma análise preditiva. Justamente pelos motivos ora expostos, a Itaipu Binacional decidiu há algum tempo investir em sistemas de monitoramento online de ativos de subestações de alta tensão, dentre os quais as chaves seccionadoras. O presente trabalho expõe os resultados obtidos a partir da implantação destes sistemas, com enfoque em uma família específica de seccionadores de 245 kV instalados na Subestação Margem Direita. A partir das análises das diversas grandezas monitoradas, especialmente aquelas associadas ao mecanismo de acionamento e o motor que a compõe (por exemplo, corrente, tensão, consumo e deslocamento), foi possível conhecer comportamentos típicos (ou “assinaturas”) do modelo avaliado, bem como identificar desvios e tendências que apontam para potenciais problemas mecânicos. Tais informações foram confrontadas com o histórico de ocorrências e com investigações in loco destes seccionadores, permitindo um melhor entendimento dos modos de falhas e das medidas preventivas a serem adotadas para evitar as mesmas. Espera-se como resultado uma maior confiabilidade destes equipamentos e a consequente redução das intercorrências durante as manobras executadas pelos operadores da subestação. Trabalhos futuros devem ser conduzidos para estabelecer uma rotina de análises e o refinamento dos alarmes dos sistemas de monitoramento, expandindo inclusive para outros modelos de seccionadores. PALAVRAS CHAVE Seccionadores, alta tensão, monitoramento online, manutenção preditiva, modos de falhas. Mario Augusto Caetano dos Santos – caetano@itaipu.gov.br IX WORKSPOT- International workshop on power transformers, equipment, substations and materials FOZ DO IGUAÇU, PR – 25 a 28 DE NOVEMBRO DE 2018 2 INTRODUÇÃO As chaves seccionadoras (seccionadores) são equipamentos amplamente utilizados em subestações de alta tensão dos sistemas de transmissão de energia elétrica, desempenhando diversas funções tais como a de bypass ou isolação de equipamentos (disjuntores, por exemplo) e transferência de barras. Em geral os seccionadores são construtivamente simples, constituídos de mecanismo de acionamento, base, colunas isoladoras (fixas e móveis) e parte ativa (contatos móvel e fixo e lâmina principal). Apesar desta simplicidade construtiva, os seccionadores representam um desafio quanto a garantia de disponibilidade. Por ser um equipamento de manobra com princípio operativo eminentemente mecânico e cujas operações ocorrem geralmente de forma esporádica, são comuns situações onde as manobras de abertura e fechamento não consigam ser completadas de forma correta, acarretando em indisponibilidade dos equipamentos associados e consequentemente em penalidades por parte do ente regulatório. Estas informações são corroboradas com os resultados apresentados na pesquisa de confiabilidade de seccionadores apresentado pelo CIGRÉ [1], onde vê-se que a taxa de falha geral (aplicação outdoor, classe de tensão ≥ 60 kV) é de 0,29 falhas para cada 100 seccionadores por ano. Além disso, a pesquisa reporta que 70,4% dos modos de falha correspondem a não execução das manobras e que 56,3% das falhas originam-se nas partes mecânicas. Diante do cenário exposto, a busca por técnicas ou métodos de diagnóstico que permitam identificar de forma premente sinais de anormalidades nos seccionadores passa a ter grande relevância para a gestão da manutenção. A Itaipu Binacional, que conhecidamente opera e mantém a Usina Hidrelétrica de Itaipu, também possui dentre seus ativos vários seccionadores outdoor instalados na Subestação Margem Direita (50 Hz) operando em tensões de 66, 220 e 500 kV. O trabalho a seguir apresenta os resultados obtidos a partir da implantação de um sistema de monitoramento online de alguns seccionadores, expondo-se o estudo de caso para um modelo específico com classe de tensão 245 kV onde foi possível identificar-se modificações na assinatura de corrente do motor do mecanismo de acionamento que se relacionam diretamente com problemas mecânicos confirmados pelo histórico de falhas do equipamento e posterior inspeção em campo. BREVE HISTÓRICO A Subestação Margem Direita (SEMD), desde sua criação no início da década de 1980, vem passando por diversas ampliações para atender principalmente a crescente demanda de energia elétrica do Paraguai. Em 2011 e 2012 foram realizadas ampliações importantes relativas a instalação de dois autotransformadores de 500/220 kV, o que demandou a instalação de 6 novos seccionadores de 245 kV (4 em 2011 e 2 em 2012), comando tripolar, tipo abertura vertical, todos de mesmo modelo e fabricante, com função de isolação de disjuntores, conforme a Figura 1. Figura 1 – Seccionador 245 kV, tipo abertura vertical, instalado na SEMD (Fonte: Itaipu) 3 Como parte do fornecimento dos seccionadores também foi instalado um sistema de monitoramento online em cada mecanismo de acionamento dos mesmos. Importante ressaltar que estes foram os primeiros seccionadores a serem monitorados na Itaipu. A conclusão efetiva do comissionamento deste sistema ocorreu no primeiro semestre de 2017. SISTEMA DE MONITORAMENTO DE SECCIONADORES Conforme o propósito a que se destina, o monitoramento online de seccionadores pode ser estruturado de diferentes formas. Souza e Marques [2] apresentam uma iniciativa desenvolvida na Eletrobras Eletrosul para subsidiar as equipes de manutenção com informações sobre o estado de seccionadores a partir da análise da assinatura de corrente do motor do mecanismo de acionamento, citando inclusive tentativas anteriores de monitoramento de posição com vistas ao telecontrole que não foram bem-sucedidas. Neste mesmo sentido, Frontin et al. [3] cita iniciativas de monitoramento de posição de seccionadores e afirma a efetividade do monitoramento da corrente do motor, uma vez que esta possui relação direta com o torque do mesmo e consequentemente permite obter-se uma imagem do conjunto mecânico como um todo. Segundo Qiu, Ruan, Huang e Huang [4], que também apresentam uma proposta de análise da corrente do motor de seccionadores, falhas mecânicas se manifestam diretamente alterando o torque requisitado do motor. A relação entre o torque e a corrente no estator de um motor de indução CA em regime estável é dada pela seguinte equação= 30.. ( . − . ) onde: T – torqueentregue no eixo do motor (N.m); m – número de fases do estator do motor; n – velocidade síncrona (rpm); U – tensão de alimentação do motor (V); I – corrente no estator do motor (A); R – resistência do enrolamento estatórico (Ω). Essa relação direta entre torque e corrente do motor, e consequentemente a possibilidade de diagnóstico a partir da mesma, motivou a Itaipu a implantar um sistema de monitoramento para alguns seccionadores. A Figura 2 apresenta a arquitetura de sistema de monitoramento adotado, conforme ofertado pelo fornecedor deste. Basicamente o sistema é composto por um hardware chamado de monitor especialista para seccionadores (SDS) ao qual são conectados os seguintes sensores: encoder rotativo digital, transformadores de corrente tipo clip-on e sensor de temperatura tipo Pt-100 [5]. O encoder é acoplado junto a chave de contatos auxiliares para captar o movimento rotativo do mecanismo de acionamento (ver Figura 3), o qual reflete de forma indireta o deslocamento da lâmina principal do seccionador. Os transformadores de corrente são utilizados para medir a corrente do motor em apenas uma fase e a corrente do resistor de aquecimento interno do mecanismo de acionamento. Já o Pt-100 presta-se para obtenção da temperatura ambiente no local de instalação do seccionador. Além dos sinais citados acima, o SDS monitora e utiliza para diagnóstico outras variáveis tais como tensão do motor, tensão do circuito de comando e contatos secos para reporte do status do seccionador (aberto ou fechado). O SDS recebe todos estes sinais e os processa, enviando as informações para um servidor remoto onde as mesmas são armazenadas e podem ser visualizadas a qualquer tempo. O SDS também possui outras funcionalidades, tais como a aprendizagem da curva característica de corrente/potência do motor (“assinatura” do seccionador) e a configuração de diversos alarmes. Para fins deste trabalho, serão utilizadas apenas as informações armazenadas no servidor remoto referentes a corrente do motor e o deslocamento do seccionador (obtido via encoder). 4 Figura 2 – Arquitetura do sistema de monitoramento de seccionadores em Itaipu (Fonte: fabricante [5]) Figura 3 – Posição do encoder dentro do mecanismo de acionamento do seccionador (Fonte: Itaipu) ANÁLISE DAS FALHAS NOS SECCIONADORES Logo após a instalação dos seis seccionadores citados no início deste trabalho, verificou-se a ocorrência de falhas durante manobras das mesmas. Estas falhas consistiram principalmente na interrupção da manobra de abertura ou fechamento sem a mesma ser concluída com êxito, inclusive com atuação da proteção térmica do motor. A Figura 4 apresenta um resumo das falhas identificadas. Inicialmente as falhas mostravam-se esporádicas, mas a partir de 2014 houve um aumento substancial das mesmas. Em grande parte dos casos a equipe de manutenção atuou corretivamente realizando limpeza e lubrificação dos contatos principais, os quais são do tipo acoplamento direto, obtendo resultados satisfatórios. Porém, novas falhas voltaram a ocorrer nos anos subsequentes, o que suscitou dúvidas sobre a real causa dos travamentos que interrompiam as manobras. 5 Figura 4 – Histórico de falhas dos seccionadores sob análise (Fonte: Itaipu) Com a conclusão do comissionamento do sistema de monitoramento em 2017, foi possível iniciar uma investigação dos seccionadores a partir dos registros de corrente do motor e do deslocamento coletados nas manobras. Tendo em vista que a maioria das falhas ocorreu durante manobras de abertura, decidiu-se conduzir a investigação a partir dos dados advindos deste tipo de manobra. A Figura 5 apresenta o perfil de corrente do motor (valor rms) para as últimas manobras de abertura registradas no sistema de monitoramento dos seccionadores. Figura 5 – Perfil de corrente do motor em manobra de abertura dos seccionadores sob análise (Fonte: Itaipu) Na Figura 6, por sua vez, pode-se visualizar os registros de deslocamento obtidos concomitantemente aos registros de corrente apresentados na Figura 5. 6 Figura 6 – Deslocamento em manobra de abertura dos seccionadores sob análise (Fonte: Itaipu) A partir dos gráficos da Figura 5 verifica-se que os seccionadores apresentam um perfil de corrente típico, caracterizado por um pico de corrente de partida e por outro instante de elevação de corrente associado ao esforço do motor para desacoplamento do contato móvel em relação ao contato fixo. Notoriamente, o seccionador 13T0X destaca-se pelo elevado valor de corrente durante o desacoplamento dos contatos e pelo maior tempo para conclusão da manobra. Os gráficos da Figura 6 igualmente mostram o seccionador 13T0X com o maior tempo de abertura dentre todos os analisados. Um dado relevante é explícito no deslocamento do seccionador 13T0X, onde no intervalo aproximado entre 4 e 5 segundos de operação vê-se a curva descrever uma trajetória paralela ao eixo das abcissas, denotando um evidente travamento mecânico que coincide com o intervalo de elevação de corrente apresentado na Figura 5. Diante destas observações, decidiu-se programar uma intervenção investigativa no seccionador 13T0X. Para fins de comparação também se programou uma intervenção no seccionador 73TX5, uma vez que o mesmo não apresenta histórico de falhas e o perfil de corrente não mostra anormalidades. INVESTIGAÇÃO E RESULTADOS A fim de averiguar-se a confiabilidade dos dados coletados pelo sistema de monitoramento, no início de cada intervenção os valores instantâneos de corrente do motor durante manobra de abertura foram aquisitados por meio de um oscilógrafo, com intervalo de amostragem de 10 µs. O resultado obtido para o seccionador 13T0X é apresentado na Figura 7, onde se verifica similaridade com o perfil de corrente mostrado na Figura 5, tendo o agravante que nesta ocasião houve a atuação do relé térmico do motor, com consequente interrupção da manobra de abertura. A oscilografia obtida no seccionador 73TX5 (ver Figura 8) também guardou similaridade com o perfil de corrente outrora registrado pelo monitoramento. Na sequência, em ambas as intervenções, foram realizadas diversas medidas dimensionais visando a comparação entre os seccionadores e com os dados fornecidos pelo fabricante através do manual de instruções [6], bem como medições de resistência de contato. Os principais resultados são apresentados na Tabela 1, onde constam referências a parte ou componente do seccionador ao qual correspondem a medições. Essas referências podem ser vistas na Figura 9, com destaque me vermelho. Após a conclusão de todas as medidas, em função do prazo exíguo de intervenção liberado pelo operador do sistema, pôde-se apenas realizar limpeza e lubrificação dos contatos no seccionador 13T0X, sem tempo hábil para tentativas de ajustes mecânicos, sendo que na Figura 10 tem-se o perfil 7 de corrente do motor e do deslocamento em manobra de abertura ao final dos trabalhos, obtidos dos registros do sistema de monitoramento. Figura 7 – Oscilografia de corrente do motor durante abertura do seccionador 13T0X antes da intervenção (Fonte: Itaipu) Figura 8 – Oscilografia de corrente do motor durante abertura do seccionador 73TX5 antes da intervenção (Fonte: Itaipu) Tabela 1 – Resultados das medições realizadas nos seccionadores 13T0X e 73TX5 (Fonte: Itaipu) TIPO MEDIDA FASE REFERÊNCIA FABRIC. SECC 13T0X SECC 73TX5 R 22,5° 31° 26° S 22,5° 30° 24° T 22,5° 28° 24° R sem referência 76,0 mm 78,5 mm S sem referência 71,5 mm 78,0 mm T sem referência 75,5 mm 77,8 mm R sem referência 45,8 mm 54,0 mm S sem referência 46,0 mm 49,0 mm T sem referência 45,0 mm 48,0 mm R 100 µΩ ±20% @20°C 102 µΩ 100 µΩ S 100 µΩ ±20% @20°C 112 µΩ 103 µΩ T 100 µΩ ±20% @20°C 103 µΩ 101 µΩ Resistência de contato total Ângulo da alavanca de transmissão (5.9) na base de cada pólo na posição "aberto" Distância média (D) entre as lâminas do contato fixo Ajuste da molade balanceamento (2.20) 8 Figura 9 – Partes e componentes do modelo de seccionador sob investigação (Fonte: Adaptado do fabricante [6]) Figura 10 – Registros de corrente do motor e de deslocamento durante abertura do seccionador 13T0X após a intervenção (Fonte: Itaipu) Confrontando-se os resultados obtidos na investigação com os registros de corrente e deslocamento do sistema de monitoramento antes das intervenções, pode-se tecer os seguintes comentários: 1. O travamento mecânico verificado na curva de deslocamento do seccionador 13T0X na Figura 6 foi comprovado pela interrupção da manobra de abertura quando do início da intervenção (ver Figura 7). 2. O ângulo da alavanca de transmissão (5.9) em todas as fases do seccionador 13T0X é maior do que os verificados no seccionador 73TX5 e bem superior a referência do fabricante. Isso pode acarretar em maior avanço e penetração do contato móvel no contato fixo no seccionador 13T0X, muito embora se observe na Figura 6 que o deslocamento total de ambos os seccionadores é semelhante e próximo de 140°, o que excede o valor nominal do fabricante de 135°. 3. A distância média D entre as lâminas do contato fixo são menores no seccionador 13T0X, especialmente na fase S. Essa distância não pode ser regulada por parafusos e quaisquer 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00 0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 140,00 160,00 0,0 0 0,3 0 0,6 0 0,9 0 1,2 0 1,5 0 1,8 0 2,1 0 2,4 0 2,7 0 3,0 0 3,3 0 3,6 0 3,9 0 4,2 0 4,5 0 4,8 0 5,1 0 5,4 0 5,7 0 6,0 0 6,3 0 6,6 0 6,9 0 7,2 0 7,5 0 7,8 0 8,1 0 8,4 0 8,7 0 9,0 0 9,3 0 9,6 0 9,9 0 10, 20 10, 50 10, 80 11, 10 11, 40 11, 70 12, 00 12, 30 12, 60 Co rre nte do mo tor (A ) De slo cam ent o ( gra us) Tempo (s) D - 13T0X - antes intervenção D - 13T0X - após intervenção D - 73TX5 - na intervenção I - 13T0X - antes intervenção I - 13T0X - após intervenção I - 73TX5 - na intervenção 9 outros meios de regulagem (mediante deformação, por exemplo) não são citados ou autorizados pelo fabricante em seu manual. 4. A mola de balanceamento, segundo descrito pelo fabricante, tem a função de compensar o peso da lâmina principal durante a manobra de fechamento e auxiliar o motor no desacoplamento dos contatos durante a manobra de abertura, ou seja, a mola sofre retração no fechamento e expansão na abertura. Constatou-se nas intervenções que as molas do seccionador 73TX5 estão mais retraídas que as molas do seccionador 13T0X, o que pode acarretar para este último maior esforço do motor para execução da manobra de abertura. Um fato interessante é que no histórico de falhas dos seccionadores existem duas ocorrências de desprendimento da mola de balanceamento, sendo uma delas na fase S do seccionador 13T0X em 2017, conforme pode ser visto na Figura 11. 5. As resistências de contato de ambos os seccionadores atendem a referência do fabricante e apresentam-se bastante semelhantes entre si. 6. Conforme pode-se ver na Figura 10, os perfis de corrente e de deslocamento do seccionador 13T0X, após seus contatos passarem por limpeza e lubrificação durante a intervenção, assemelham-se aos do seccionador 73TX5 no início da intervenção. Ainda na Figura 10 decidiu-se inserir as mesmas curvas de corrente e deslocamento do seccionador 13T0X antes da intervenção, apresentadas nas Figuras 5 e 6, a fim de evidenciar a sensível mudança da amplitude de corrente e do tempo total de abertura. Figura11 – Ocorrência de desprendimento da mola de balanceamento no seccionador 13T0X (Fonte: Itaipu) CONCLUSÕES Em consonância com os resultados obtidos durante a investigação das falhas nos seccionadores, pode-se concluir que o sistema de monitoramento implantado através do dispositivo SDS ofereceu dados substanciais para identificação do equipamento mais crítico, contribuindo para a priorização da intervenção. A análise das curvas de corrente do motor e de deslocamento permitiram a caracterização das “assinaturas” típicas do modelo de seccionador abordado, cuja associação com o projeto mecânico potencializou a compreensão dos modos de falhas. No caso específico do seccionador 13T0X, a limpeza e lubrificação dos contatos permitiu o retorno temporal do perfil de corrente aos mesmos moldes do seccionador 73TX5, que apresenta histórico de falhas nulo. Embora este fato nos induza a concluir que o problema do seccionador 13T0X era a falta de lubrificação, há que se considerar que este mesmo seccionador passou por manutenção corretiva em 2016, cuja ação adotada foi a lubrificação dos contatos com a graxa recomendada pelo fabricante. Além disso, o manual do fabricante também recomenda a verificação dos contatos a cada 5 anos ou 500 manobras, sendo que a Itaipu adota uma política de manutenção preventiva quadrienal (com equipamento desenergizado) e que o número total de manobras registradas 10 para o seccionador em questão era de 248 até a data da intervenção. Portanto, é pouco provável que a lubrificação dos contatos seja a real causa das falhas e que o efeito resolutivo obtido a partir desta ação é de caráter temporário e paliativo. A despeito da ausência de tempo hábil para testar-se novos ajustes mecânicos no seccionador 13T0X, é razoável conjecturar-se que as diferenças identificadas na mola de balanceamento e especialmente na distância média entre as lâminas do contato fixo tenham relação com o travamento mecânico durante o desacoplamento dos contatos. Há ainda uma informação relevante a respeito do ano de instalação dos seccionadores, pois justamente os dois últimos que foram instalados em 2012 (73TX5 e b3T05) apresentam um histórico de apenas uma falha, em contraposição aos demais 4 seccionadores que foram instalados em 2011 (pertencentes a outro contrato de fornecimento) e que tiveram 19 falhas. Desta forma, é possível que pequenas diferenças construtivas ou de montagem tenham ocorrido, impactando na confiabilidade do equipamento. As duas ocorrências de desprendimento da mola de balanceamento reforçam essa hipótese. Por fim, cabe ressaltar que o monitoramento online de seccionadores se constitui numa ferramenta de manutenção preditiva, com capacidade de auxiliar no diagnóstico e prognóstico dos equipamentos. A determinação exata das causas das falhas necessita inexoravelmente do valioso conhecimento dos profissionais de manutenção, que por vezes encontram-se sediados em locais remotos em relação às subestações, advindo daí mais uma vantagem dos sistemas de monitoramento online, qual seja a possibilidade de visualização dos dados coletados através de um servidor web, sem necessidade de visitas in loco. A partir deste trabalho pretende-se avançar na utilização dos demais recursos do sistema de monitoramento, especialmente na parametrização adequada de alarmes que permitam ações proativas para maximizar a disponibilidade dos seccionadores. BIBLIOGRAFIA [1] Working Group A3.06 CIGRÉ. “Final Report of the 2004 – 2007 International Enquiry on Reliability of High Voltage Equipment: Part 3 – Disconnectors and Earthing Switches” (CIGRÉ. Paris, October 2012). [2] A. F. de Souza; J. L. B. Marques. “Sistema para monitoração da operação de chaves seccionadoras de alta tensão baseado na análise das correntes do motor de acionamento” (CIGRÉ – Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica. Curitiba, 2005). [3] S. O. Frontin et al. “Equipamentos de Alta Tensão – Prospecção e Hierarquização de Inovações Tecnológicas” (Finatec/UnB. Ed. 1ª. Brasília, 2013). [4] Z. Qiu; J. Ruan; D. Huang; Y. Huang. “Mechanical Faults Diagnosis of High Voltage Outdoor Disconnector Based on Motor Current Signal Analysis” (International Conference on PowerSystem Technology. Chengdu, 2014). [5] “Manual Técnico – Monitor Especilista de Seccionadores SDS” (Treetech Sistemas Digitais Ltda. Revisão 2.01. Atibaia, 2014). [6] “Manual de Instruções Nº D-590-P – Seccionador de abertura vertical S3CV / S3CVT 245 kV – 1250 – 2000 A” (Alstom. Ed. 3ª, 2008).