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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
FACULDADE DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DO PONTAL 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA 
 
 
 
GENIS ALVES PEREIRA DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA ESTADUAL “ANTÔNIO 
SOUZA MARTINS”: O POLIVALENTE DE ITUIUTABA-MG (1974-1985) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ITUIUTABA-MG 
2015 
 
 
 
GENIS ALVES PEREIRA DE LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA ESTADUAL “ANTÔNIO 
SOUZA MARTINS”: O POLIVALENTE DE ITUIUTABA-MG (1974-1985) 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado a Faculdade de Ciências 
Integradas do Pontal da Universidade 
Federal de Uberlândia, como requisito 
para a obtenção do Título de 
Licenciatura em Pedagogia. 
Orientador (a): Profº. Dr. Sauloéber 
Társio de Souza 
 
 
 
 
 
ITUIUTABA-MG 
 2015 
 
 
GENIS ALVES PEREIRA DE LIMA 
 
 
 
O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA ESTADUAL “ANTÔNIO 
SOUZA MARTINS”: O POLIVALENTE DE ITUIUTABA-MG (1974-1985) 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado a Faculdade de Ciências 
Integradas do Pontal da Universidade 
Federal de Uberlândia, como requisito 
para a obtenção do Título de 
Licenciatura em Pedagogia. 
Ituiutaba, 15 de julho de 2015. 
 BANCA EXAMINADORA: 
 
__________________________________________ 
Prof. Dr. Sauloéber Társio de Souza – UFU/FACIP 
 (ORIENTADOR) 
 
_______________________________________________________ 
 Profa. Lúcia Helena Moreira Oliveira 
 
_________________________________________________________ 
 Profa. Simone Cléa dos Santos Miyoshi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Compreendi, então, 
que a vida não é uma sonata que, 
para realizar a sua beleza, 
tem de ser tocada até o fim. 
Dei-me conta, ao contrário, 
de que a vida é um álbum de mini-sonatas. 
Cada momento de beleza vivido e amado, 
por efêmero que seja, 
é uma experiência completa 
que está destinada à eternidade. 
Um único momento de beleza e amor 
justifica a vida inteira. 
 
Rubem Alves. 
Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. 
Apenas dê o primeiro passo. 
Martin Luther King Jr. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Primeiramente agradeço a Deus, por me conceder seu inexprimível amor e por ter me 
acompanhado em todos os momentos desta caminhada. 
Agradeço ao meu esposo Romildo e a meus filhos Samuel Alexandre, Ana Elvira e 
Lucas Ryan pela compreensão dos momentos em que estive ausente e pelo 
companheirismo e paciência disponibilizados durante este tempo. 
Aos meus pais João Pedro e Lázara Antônia, pelo incondicional apoio durante o 
decorrer desta caminhada. A toda a minha família pelo incentivo e ajuda sempre 
concedidos. 
Agradeço em especial ao Professor Dr. Sauloéber, pela dedicação em seu compromisso 
docente em todos os momentos disponibilizados nas orientações, as quais nortearam os 
caminhos para a construção e aquisição de conhecimentos durante meu processo de 
formação e com certeza continuarão me acompanhando. O meu agradecimento sincero 
pelo incentivo, atenção, gentileza e conhecimentos proporcionados no decorrer deste 
período. 
As Professoras Lúcia Helena Moreira Oliveira e Simone Cléa dos Santos Miyoshi por 
terem aceitado o convite em participarem da minha banca, as quais irão contribuir 
relevantemente para o aprimoramento deste trabalho. 
A minha turma por todos os momentos de amizade, harmonia e conhecimentos 
construídos a cada dia em que vivenciamos juntos. 
As minhas amigas e amigos que sempre estiveram presentes do meu lado, com o apoio 
dispensado em todos os momentos deste percurso. 
Ao Diretor da Universidade Federal de Uberlândia – UFU/ Campus Pontal, Professor do 
Curso de Pedagogia Dr. Armindo Quilici Neto, a Coordenadora do Curso e Professora 
Dra. Lúcia Valente e a todos os demais Professores do Curso de Pedagogia pelos 
conhecimentos propiciados neste processo formativo. 
Agradeço a todos que contribuíram para a construção deste trabalho: ao apoio de todos 
os profissionais da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – Polivalente, a qual nos 
acolheu no decorrer deste processo, aos entrevistados – ex- diretor, ex-professores, ex-
alunos e aos que diretamente e indiretamente tiveram participação em vista para que 
este fosse concretizado. 
 O meu sincero agradecimento mediante o respeito, disponibilidade e a atenção 
dispensada por cada um! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A importância em investigar os processos históricos, é compreendida como princípio 
norteador e possibilitador de novos olhares sobre as estruturas da nossa sociedade atual, 
ao observarmos os modelos econômicos, políticos e sociais pautados em relações 
sociais em contextos remotos. Neste sentido, a proposta desse trabalho de pesquisa, é a 
história da Escola Estadual "Antônio Souza Martins" – o Polivalente, na cidade de 
Ituiutaba-MG, no período que abrange os anos de 1974 a 1985, o ponto de partida foi o 
contexto de sua criação legal, no período da Ditadura Civil-Militar, sendo este um dos 
principais fatores para a implantação desse tipo de escola por todo o país. As escolas 
polivalentes surgiram em meio ao momento de difusão da vertente pedagógica 
tecnicista, a qual foi constituída com base nos acordos entre o Brasil e os Estados 
Unidos, por meio das ações entre o MEC e a USAID (Ministério da Educação e 
Cultura/ United States Agency of International Development). Nesta perspectiva 
algumas questões foram surgindo tais como: que modelo de educação foi pensado para 
essas escolas? Quais as condições de criação da Escola Polivalente nesta cidade? Quem 
eram os atores sociais envolvidos nessa instituição e a que classe social se vinculavam? 
O que era prescrito em seus estatutos e o que foi praticado no cotidiano das pessoas 
dessa instituição? Neste intuito, o trabalho visou reflexões dos processos históricos 
advindos do recorte temporal, eventos esses que deixaram marcas profundas em nossa 
sociedade, na vida dos atores que participaram das vivências no espaço escolar 
investigado, na valorização da identidade da instituição, enquanto provedora de 
educação entendida de “qualidade” para a época. Também ressaltamos a importância da 
temática no campo da história da educação de nosso país e da região, uma vez que 
muito pouco se escreveu sobre as escolas polivalentes, e, em especial, no Triângulo 
Mineiro. Metodologicamente pautou-se pela revisão bibliográfica sobre a temática, 
pelas pesquisas documentais e iconográficas e também pelo uso de entrevistas com ex-
diretor, alunos, professores e funcionários que tiveram participação em meio as 
experiências adquiridas no interior da referida instituição de ensino. 
 
 
 
Palavras-Chave: Instituições Escolares; Regime Militar; Ensino Profissionalizante; 
Triângulo Mineiro. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The importance in investigating historical processes, is understood as a guiding 
principle and enabler of new perspectives on the structures of our society today, when 
you look at the economic, political and social models based on social relations in remote 
settings. In this sense, the proposal of this research paper, is the story of the State school 
"Antonio Souza Martins"-Polivalente, in the city of Ituiutaba-MG, in the period 
between 1974 to 1985, the starting point was the context of its creation, legalCivil-
military dictatorship, this being one of the main factors for the implementation of this 
type of school around the country. Multipurpose schools appeared in the moment of 
dissemination of pedagogical technical aspect, which was constituted on the basis of 
agreements between Brazil and the United States, by means of actions between the 
MEC and the USAID (Ministério da Educação e Cultura/ United States Agency of 
International Development). With this in mind some questions arose such as: what 
model of education was thought to these schools? What are the conditions of creation of 
Multipurpose School in this town? Who were the social actors involved in this 
institution and that social class bound? What was prescribed in their statutes and what 
was practiced in the everyday life of the people of this institution? To this end, the work 
aimed to reflections of historical processes arising from the temporal, those events that 
have left deep scars in our society, in the lives of the actors who participated in the 
experiences in the school space investigated, in appreciation of the institution's identity, 
as provider of education understood in "quality" for the season. We also stress the 
importance of the subject in the field of history of education of our country and of the 
region, since very little is written about the multipurpose schools, and, in particular, in 
the Triângulo Mineiro. Methodologically was by literature review on the topic, the 
documentary and iconographic research and also by the use of interviews with former 
directors, students, teachers and staff who had participated in the experience gained in 
the educational institution mentioned. 
 
Keywords: Educational Institutions; The Military Regime; Vocational Education; 
Triângulo Mineiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
FIGURA 01 – Reportagem sobre a inauguração da Escola Polivalente..................34 
FIGURA 02 – Foto Desenho da planta da Escola Polivalente................................35 
FIGURA 03 – Foto Currículo das disciplinas que compunham o 1º Grau..............38 
FIGURA 04– Foto Currículo das disciplinas que compunham o 2º Grau...............40 
 
FIGURA 05 – Foto Banco com entalhe em madeira............................................... 51 
FIGURA 06 – Foto Suporte para vaso em sisau.......................................................51 
FIGURA 07– Foto Alunos participando de Festa Junina no Polivalente................55 
FIGURA 08– Foto Alunos na aula da Escola Polivalente.......................................60 
FIGURA 09 - Foto Alunos na aula de Práticas Agrícolas...................................... 62 
FIGURA 10 - Foto Alunos na Pista de Atletismo.................................................. 63 
FIGURA 11 – Foto Alunos nas atividades de Educação Física............................. 69 
FIGURA 12 – Reportagem sobre as inscrições para a Escola Polivalente.............. 76 
FIGURA 13 – Foto Atividades desenvolvidas na Escola Polivalente.................... 78 
FIGURA 14 – Foto Alunos em fanfarra da Escola Polivalente.............................. 79 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
TABELA 01 – Relação geral do número de Posse dos profissionais da Escola 
Polivalente de acordo com o livro de Posse e Exercício verificado por gênero 
(1976-1985).............................................................................................................42 
 
TABELA 02 - Relação específica anual do número de posses dos profissionais da 
Escola Polivalente de acordo com o livro de Posse e Exercício (1976-1985).........43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 11 
 
1. AS IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS ORIUNDAS DO CONTEXTO 
POLÍTICO BRASILEIRO DURANTE O PERÍODO DA DITADURA 
CIVIL-MILITAR...................................................................................... 17 
 
2. A EDUCAÇÃO EM MEIO ÀS PROPOSTAS DO ENSINO 
PROFISSIONALIZANTE: a Pedagogia Tecnicista no 
Brasil......................................................................................................... 22 
 
3. PRIMÓRDIOS DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE NO 
CONTEXTO EDUCACIONAL E SOCIAL DE ITUIUTABA............... 28 
 
4. A ESCOLA POLIVALENTE DE ITUIUTABA: ORIGEM DO SEU 
PROCESSO CONSTITUTIVO................................................................ 32 
 
4.1 A criação............................................................................................. 32 
4.2 O prédio e espaço físico..................................................................... 34 
4.3 O Currículo........................................................................................ 37 
4.4 Quadro Relativo ao Percentual Docente (1974-1985)....................... 41 
4.5 Memórias dos Sujeitos Históricos...................................................... 45 
4.5.1 Docentes.................................................................................. ........ 45 
4.5.2 Discentes.......................................................................................... 59 
 4.5.3 Funcionários..................................................................................... 73 
4.5.4 Diretor.............................................................................................. 75 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 81 
 
 REFERÊNCIAS............................................................................................ 83 
 
FONTES........................................................................................................ 84
11 
 
INTRODUÇÃO 
 
Este trabalho decorre dos estudos advindos do período de formação no Curso de 
Pedagogia-UFU/FACIP integrado a pesquisa de Iniciação Científica que foi 
desenvolvida com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico – CNPq, na Universidade Federal de Uberlândia (Campus do Pontal). 
A pesquisa consiste no estudo sobre o processo de implantação das escolas 
Polivalentes, e especificamente o da Escola Estadual “Antônio de Souza Martins ”- o 
Polivalente, na cidade de Ituiutaba-MG, bem como da reflexão sobre a história dessa 
instituição e dos atores que ali estiveram em parte de sua vivência. 
Neste sentido, a proposta em buscar pesquisar essa escola Polivalente decorre da 
compreensão do contexto que abrange sua criação (1974); o período do Regime Militar, 
sendo este o marco da implantação das referentes escolas no país, e isso implica 
compreender: Que educação a ser implantada nelas? A partir de que ou/de quem seriam 
os interesses desse modelo de educação? Quais seriam os grupos sociais atendidos por 
essas escolas? Quem eram as pessoas que compuseram parte dessa história? Estas são 
algumas das indagações a serem investigadas nesta proposta de trabalho. 
Deste modo, o interesse no trabalho de investigação histórica referente à Escola 
Estadual “Antônio Souza Martins”, no período compreendido desde sua criação até o 
ano de 1985, surgiu diante do próprio interesse pelo campo da História, e 
posteriormente dos estudos realizados na Graduação no curso de Pedagogia- 
UFU/Campus Pontal, através das abordagens estudadas na disciplina de História da 
Educação. Investigar a referida instituição implicou, portanto, abusca pela reflexão dos 
processos históricos que deixaram marcos em nossa sociedade, na vida dos gestores, 
professores, alunos, além da própria valorização da identidade da instituição enquanto 
provedora da educação, e assim das pessoas que por ali construíram um pouco da sua 
história de vida naquele determinado período. 
Assim, o presente trabalho se apoiou em leituras bibliográficas referentes à 
temática, pesquisas realizadas a partir de documentos do acervo da referida instituição, 
fontes jornalísticas do Acervo Cultural do município, bem como de entrevistas com ex- 
atores do âmbito acadêmico que fizeram parte dessa história na instituição. 
Reconhecer a importância do conhecimento histórico, e assim das origens e dos 
processos de criação e implantação das instituições escolares, é essencial para 
compreendermos como foram se originando e se desenvolvendo os modelos educativos 
12 
 
no Brasil, o que contribui para a ampliação de novos olhares sobre a educação de nossa 
atual realidade. 
A proposta metodológica do trabalho aqui delineado se pautou ao início à 
revisão bibliográfica, pela qual o pesquisador tem a possibilidade de expandir os 
conhecimentos metodológicos, essenciais na investigação histórica, uma vez que as 
mudanças ocorridas nas teorias metodológicas produziram embasamentos favoráveis ao 
desenvolvimento das pesquisas históricas. Neste sentido, apontam Souza e Castanho 
(2009, p.3): 
As mudanças de ordem teórico-metodológica na investigação histórica 
produziram efeitos positivos em diferentes aspectos da produção do 
conhecimento, o que refletiu também na maneira de se fazer a história 
da educação no Brasil, contribuindo para que este campo da ciência se 
constituísse em espaço autônomo, com objeto próprio, mesmo que se 
apoiando em outras disciplinas. 
 
O procedimento metodológico para a investigação se compôs também em visitas 
a Escola Polivalente e ao Acervo Cultural do Município, para o levantamento de 
informações a partir dos documentos encontrados, além da análise das fontes, 
compostas por documentos como o Regimento de implantação, caderno de Posse e 
Exercício de professores, algumas matérias jornalísticas, publicações oficiais e 
iconografia, bem como se apoiou em fontes orais em entrevistas com seis ex-alunos, 
quatro ex-professores, uma ex-funcionária e um ex-diretor da escola, os quais 
contribuíram relevantemente com as informações sobre o período em que ativamente 
estiveram em meio ao interior da instituição.
1
 
Alberti (2008, p.166) ao se referir sobre a relevância da História Oral no trabalho 
de pesquisa: 
 
Essa riqueza da História oral está evidentemente relacionada ao fato 
de ela permitir o conhecimento de experiências e modos de vida de 
diferentes grupos sociais. Nesse sentido, o pesquisador tem acesso a 
uma multiplicidade de "histórias dentro da história", que, dependendo 
de seu alcance e dimensão, permitem alterar a "hierarquia de 
significações historiográficas", no dizer da historiadora italiana Silvia 
Salvatici. Outros campos nos quais a História oral pode ser útil são a 
História do cotidiano (a entrevista de história de vida pode conter 
descrições bastante fidedignas das ações cotidianas); [...] Histórias de 
comunidades, como as de bairro, as de imigrantes, as camponesas etc, 
podendo inclusive auxiliar na investigação de genealogias; História de 
instituições, tanto públicas como privadas; registro de tradições 
 
1
 Todas as entrevistas foram previamente marcadas com data e horários específicos com os participantes. 
Foram usados pseudônimos para os nomes dos entrevistados. 
13 
 
culturais, aí incluídas as tradições orais, e História da memória. 
(ALBERTI, 2008, p. 166) 
 
A referida autora ressalta que outra especificidade da História Oral é o fato desta 
ter como um dos principais alicerces a narrativa, já que “um acontecimento vivido pelo 
entrevistado não pode ser transmitido a outrem sem que seja narrado”. (ALBERTI, 
2008, p. 170-171). 
Assim, o entrevistado ao relatar sobre suas experiências e significados tem a 
possibilidade de transformar sua vivência em linguagem escrita, mediante a organização 
dos acontecimentos que dão amplos sentidos a elas. A memória segundo a autora tem 
um papel muito importante neste processo, já que as entrevistas podem ser comparadas 
com outros documentos de arquivos, possibilitando ao pesquisador analisar 
deslocamentos e sentidos entre ambos. 
 Já para Xavier (2005, p.2), a História Oral “é considerada como fonte identitária 
de um povo, capaz de retratar as realidades, as vivências e os modos de vida de uma 
comunidade em cada tempo e nas suas mais variadas sociabilidades” No entanto, 
segundo este autor, é preciso que, ao trabalhar com as fontes orais, tenha-se a precaução 
quanto a não priorizar somente estas, mas buscar redimensioná-las com fontes escritas, 
visando chegar a uma investigação mais aprofundada no objeto de pesquisa. 
A memória pode ser vista como uma busca de representações constitutivas de 
culturas entre os povos. Neste sentido esse autor ressalta a importância da memória ao 
se trabalhar com a História Oral: 
 
 Não se pode negar que, ultimamente, vários estudos são direcionados 
para o estudo da memória. Já se disse que "um povo sem memória é 
um povo sem história". Entende-se por esta expressão que não há 
história sem memória. O discurso, hoje, sobre memória, enfoca que 
ela é o encontro do passado no presente e que significa a identidade 
cultural, a construção e a história de um povo. A memória representa a 
forma de organização de uma nação, sociedade, comunidade, cidade 
ou grupo social. É necessário ressaltar que a memória em debate é a 
memória coletiva, pois, os indivíduos, não podem ser analisados 
separadamente. Eles não vivem isoladamente e a memória, ao ser 
retratada, será sempre de um grupo ou classe social. Deste modo, 
entende-se que a memória individual é parte constitutiva e inseparável 
da memória coletiva (HALBWACHS, 1990: 36). (XAVIER, 2005, p. 
8). 
 
 
Nesta perspectiva, a História Oral se apresenta como fonte enriquecedora para o 
trabalho do pesquisador, uma vez que remete para a busca de interpretações e 
14 
 
significados que trazem importantes representações no decorrer do trabalho de pesquisa: 
“A utilização da História Oral como fonte de pesquisa, no complemento, justificação e como 
recurso alternativo não só enriquece o trabalho de pesquisa, como também valoriza os 'atores 
sociais' como indivíduos sujeitos agentes de sua própria história”. (XAVIER, 2005, p. 4) 
A utilização da História Oral foi um dos reflexos percebidos na metodologia de 
pesquisa histórica a partir da década de 1990, presentes também no novo fazer histórico 
da pesquisa educacional, na perspectiva dos princípios investigativos com ênfase na 
cultura escolar, que passaram a ser articuladas de acordo com Souza e Castanho (2009) 
em quatro grandes blocos, sendo estes os atores, os discursos e as linguagens, as 
instituições e os sistemas educativos e as práticas educativas. 
 
Não havia a preocupação com as práticas escolares, isto é, com o que 
se vivia no cotidiano da escola, a realidade escolar, o ser da escola, os 
saberes que nela se produziam ou se reproduziam, o currículo escolar, 
o saber social que os alunos traziam à escola e suas relações com o 
saber instituído pela escola, a simbologia escolar, as festividades, a 
disciplina como forma de controle, as disciplinas como organização 
dos saberes e das carreiras dos professores, a profissionalização 
docente e seus ritos, a arquitetura escolar como linguagem 
significativa...[...] Masfoi nos anos de 1990 [...] tendia a analisar de 
dentro aqueles aspectos - ainda sociais - gerados por essa realidade 
escolar, entendida agora como uma cultura com seus traços e 
exigências, com sua própria lógica interna. (CASTANHO, 2006, 
p.156 apud SOUZA; CASTANHO, 2009, p. 30). 
 
 
Diante desse novo fazer metodológico sobre as instituições escolares, os estudos 
temáticos referentes à estas tem se mostrado relevantes fontes de pesquisas, uma vez 
que propicia o conhecimento relativo à própria identidade da instituição pesquisada, 
bem como a valorização desta na sociedade, e sobretudo às vivências passadas pelos 
atores que foram participantes em meio ao processo de construção da sua respectiva 
historicidade. 
 Pode-se refletir sobre as inúmeras possibilidades de se buscar fazer a 
História de Instituições Escolares, no entanto é pertinente nos indagarmos o porquê de 
se fazer a história de uma determinada instituição. Sanfelice (2006) aponta alguns 
pontos a serem considerados para a resposta, a qual segundo ele não é muito simples; 
dentre os pontos destacam-se: 
 
[...] As instituições escolares têm também uma origem quase sempre 
muito peculiar. Os motivos pelos quais uma unidade escolar passa a 
15 
 
existir são os mais diferenciados. Às vezes a unidade surge como uma 
decorrência da política educacional em prática. Mas nem sempre. Em 
outras situações a unidade escolar somente se viabiliza pela conquista 
de movimentos sociais mobilizados, ou pela iniciativa de grupos 
confessionais ou de empresários. A origem de cada instituição escolar, 
quando decifrada, costuma nos oferecer várias surpresas. 
(SANFELICE, 2006, p, 23). 
 
Segundo este autor, são inúmeros os exemplos para se poder dizer que uma 
determinada instituição escolar, desde seu espaço geográfico até a arquitetura do seu 
prédio têm sua identidade própria, a tornando singular, ou seja, cada instituição é única 
em suas características e especificidades. E, nesta perspectiva, Sanfelice (2006) coloca 
que a singularidade das instituições educativas pode mostrar e como também esconder 
como ocorreu ou ocorre o fenômeno educacional de uma determinada sociedade: 
 
Mergulhar no interior de uma Instituição Escolar, com o olhar do 
historiador, é ir em busca das suas origens, do seu desenvolvimento no 
tempo, das alterações arquitetônicas pelas quais passou, e que não são 
gratuitas: é ir em busca da identidade dos sujeitos (professores, 
gestores, alunos, técnicos e outros) que a habitaram, das práticas 
pedagógicas que ali se realizaram, do mobiliário escolar que se 
transformou e de muitas outras coisas. Mas o essencial é tentar 
responder à questão de fundo: o que esta instituição singular instituiu? 
O que ela instituiu para si, para seus sujeitos e para a sociedade na 
qual está inserida? Mais radicalmente ainda: qual é o sentido do que 
foi instituído? (SANFELICE, 2006, p. 24). 
 
O trabalho de pesquisa historiográfica assim é produzido a partir da 
interpretação que se faz do sentido que tais instituições escolares propiciaram aos 
sujeitos enquanto nas formas que educaram, instruíram e contribuíram para a formação 
ofertada, e que de algum modo estão preservadas na memória dos que vivenciaram 
práticas no interior dessas instituições. 
Neste sentido, afirma Rodríguez (2008, p.23): 
 
O estudo histórico das instituições educacionais deve considerar os 
diversos aspectos envolvidos para podermos compreendê-los nos 
âmbitos social e institucional. Focalizar as instituições escolares nos 
estudos da História da Educação, implica também detectar as 
possíveis vinculações e articulações com a história da política 
educacional, considerando os aspectos escolares internos e seus 
condicionantes do contexto histórico, visando a compreensão dos 
“modelos” sociais, culturais e religiosos presentes nesses contextos. 
 
16 
 
Nesse processo de pesquisa, as fontes jornalísticas foram utilizadas de forma 
complementar as outras fontes na interpretação dos fatos integrantes do período descrito 
já que não foi possível localizar nessas fontes muitas informações sobre a escola, 
mesmo assim, aquelas encontradas possibilitaram uma reflexão decorrente do 
cruzamento entre os relatos orais e os documentos levantados na instituição. 
A pesquisa dessa forma buscou a coerente compreensão do trabalho 
historiográfico, valorizando às temáticas conceituais e metodológicas necessárias ao seu 
desenvolvimento. Buffa e Nosella (2005) ao abordarem sobre a pesquisa em instituições 
escolares e os aspectos metodológicos importantes, afirmam: 
 
Quanto às principais fontes utilizadas, podemos citar: legislação, 
documentos oficiais da criação da instalação da escola, recuperação da 
memória dos dirigentes, professores, ex-alunos, entrevistas e 
questionários, livros didáticos, diários de classe, currículo e programa 
das disciplinas, cadernos dos alunos, materiais didáticos, jornais da 
época, fotografias, etc. (BUFFA e NOSELLA, 2005 apud SOUZA; 
CASTANHO, 2009, p. 12,). 
 
O pesquisador, assim ao adentrar o trabalho de pesquisa, deve se atentar para 
uma profunda investigação, que compreende uma vasta dedicação entre o objeto e as 
partes envolvidas; nesta análise metodológica proposta “é essencial indagar a origem 
social e o destino profissional dos atores de uma instituição escolar para se definir o 
sentido social da mesma; assim como é essencial analisar os currículos aí utilizados para 
se compreender seus objetivos sociais”. (BUFFA e NOSELLA 2005, p.5083). 
Diante desta perspectiva, se torna necessário, que o trabalho de investigação às 
instituições escolares, abranja uma contextualização ampla de compreensão histórica. 
Assim, nas duas primeiras seções do texto, abordamos o contexto histórico brasileiro, 
bem como a pedagogia proposta pelo Estado naquele momento.
2
 O Brasil traz em seu 
contexto histórico, e principalmente, no período da Ditadura Civil-Militar, grandes 
características de movimentos políticos geradores de mudanças que provocaram 
transformações no modo de organização da educação brasileira; e as Escolas 
Polivalentes surgem em meio a essas vertentes, tendo como principal característica 
 
2
 Referente a isso Sanfelice (2008) aponta: “A dimensão da identidade de uma instituição somente estará 
mais bem delineada quando o pesquisador transitar de um profundo mergulho no micro e, com a mesma 
intensidade, no macro. As instituições não são recortes autônomos de uma realidade social, política, 
cultural, econômica e educacional. Por mais que se estude o interior de uma instituição, a explicação 
daquilo que se constata não está dada de forma imediata em si mesma. Mesmo admitindo que as 
instituições adquirem uma identidade, esta é fruto dos laços de determinações externas a elas e, como já 
dito, “acomodadas” dialeticamente no seu interior”. (SANFELICE, 2007, p. 14-15). 
17 
 
serem as percussoras de implantação desse modelo educativo, inspirada pelas relações 
econômicas entre o Brasil e Estados Unidos, por meio de acordos entre USAID/MEC
3
, 
a fim de disponibilização financeira por parte dos Estados Unidos; através das quais 
seria propiciada uma educação que além das disciplinas regulares, abrangia também as 
disciplinas de Práticas Agrícola, Industrial, Comercial e Educação Para o Lar, com o 
intuito de uma formação profissional, voltada a suprir as demandas do desenvolvimento 
industrial necessário à sociedade. 
Nas seções finais, adentramos diretamente ao cenário dos fatos estudados. 
Assim, neste exercício sobre a história da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” - o 
Polivalente, em Ituiutaba-MG, buscou-sea construção de um discurso propiciador de 
conhecimentos constituintes de parte de nossa história local e também brasileira no 
período empreendido em que o país se encontrava sob o regime da Ditadura Civil-
Militar; o qual se respaldou em um processo de leituras e metodologias indicadas pelo 
orientador da presente pesquisa, com o intuito de que esta poderá servir de apoio à 
maiores explanações posteriores na área da historiografia referente às Instituições 
Escolares. 
 
1. AS IMPLICAÇÕES EDUCACIONAIS ORIUNDAS DO CONTEXTO 
POLÍTICO BRASILEIRO DURANTE O PERÍODO DA DITADURA 
CIVIL-MILITAR 
 
Ao procurar o entendimento e a compreensão sobre a criação de uma instituição 
escolar, é imprescindível buscar o aprofundamento dos processos históricos que 
abrangem o contexto político, econômico, cultural e social de um determinado período 
da história, dessa forma, torna-se favorável uma breve abordagem do contexto histórico, 
ao qual há uma estreita relação entre acontecimentos marcantes da história e às políticas 
internacionais que adentraram nosso país, contribuindo para modos de organização no 
âmbito educacional brasileiro, especificamente se tratando do período ao qual objetiva o 
presente trabalho: a Ditadura Civil-Militar, ocorrida entre os anos de 1964 a 1985. 
Podemos destacar as interferências oriundas do contexto da Segunda Guerra 
mundial entre os anos de 1939 a 1945, como marcantes às determinações econômicas, 
políticas, sociais e consequentemente educacionais; uma vez que a partir de então, os 
 
3
 USAID – Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional/ MEC – Ministério da 
Educação e Cultura. 
18 
 
países considerados economicamente prejudicados passaram a ter a “ajuda” de 
financiamentos dos Estados Unidos, bem como passaram também ao endividamento e 
controle político até mesmo na educação, estando o Brasil à mercê dessas questões. 
 A Segunda Guerra Mundial, como sabemos, objetivou a busca por conquista de 
espaços territoriais e superação de poder econômico; desse modo a formação e divisão 
entre os países que a constituíram deram origem a dois blocos; de um lado estava o 
“Eixo”, englobando a Alemanha e países seguidores, e do outro o bloco “Aliado”, 
referente à Grã-Bretanha, e posteriormente outros países aderentes, entre eles a União 
Soviética, os Estados Unidos e o Brasil. 
Com a derrota da Alemanha, a União Soviética e Estados Unidos passaram a ser 
considerados as superpotências mundiais, porém a partir de então vivendo em clima de 
adversidade; o que caracterizou a chamada “Guerra Fria” entre os dois países no 
período de 1945 a 1989, no qual viveram em clima eminente de guerra por 40 anos, o 
que não veio a acontecer efetivamente de modo radical como era previsto, uma guerra 
nuclear. 
Este breve contexto, remete às influências capitalistas exercidas pelos Estados 
Unidos, que a partir de então cada vez se tornaram mais visíveis as relações de linhagem 
capitalista, e consequentemente de empréstimos e dívidas aos quais o Brasil foi se 
submetendo ao mesmo, referente às negociações que se intensificavam no mercado 
internacional. 
Tais contextos deixaram marcos na história brasileira, bem como na Educação, a 
qual foi também submetida a financiamentos e modelos de ensino a serem seguidos; 
sendo assim considerada como meio de poder ideológico e possível mantenedora da 
esfera social; no que diz respeito aos reflexos deixados pelo período compreendido pela 
Ditadura Civil-Militar
4
, no qual o autoritarismo e controle estiveram presentes. 
Deste modo, como já mencionado, a partir das relações políticas entre os 
Estados Unidos e Brasil, houve também na área educacional, formas de organização 
visando estruturas de ensino através dos acordos políticos entre instituições 
internacionais e nacionais. 
 
4
 O início do Regime Militar teve como principal característica a inconformidade por parte dos 
opositores, as propostas de governo de João Goulart, o então presidente com planos democráticos de 
reformas, que favorecia as massas de trabalhadores; seus adversários assim em 31 de março de 1964 o 
destituíram do poder com o Golpe Militar, resultando na permanência de governos militares no poder até 
o ano de 1985. Neste período, fortes repreensões davam sustentação ao regime, e a oposição ao mesmo 
era visto como ameaça nacional (ARAÚJO, 2010). 
19 
 
Em frente às propostas de implantação de um modelo educativo, destaca-se a 
USAID; de acordo com Araújo (2007, p. 52), esta instituição estava ligada à esfera da 
educação brasileira, com o intuito de legitimar um projeto de transformação e 
modernização da educação brasileira, na qual a finalidade era o direcionamento a uma 
racionalidade de modo de produção capitalista e que partiria do contexto da sociedade 
brasileira, dividida em classes. 
Desta forma, o modelo de educação desenvolvido, ganha um projeto a ser 
implantado no Brasil através também da criação das Escolas Polivalentes; houve assim 
transformações nas etapas do ensino, unificando-se o primário com o ginásio, e 
profissionalizando-se o colegial, o que resultou na mudança da Lei básica de 
normalização do ensino; a Lei 5.692/71, a qual norteou toda a educação básica neste 
período. 
Foi realizada deste modo, a união entre a USAID e MEC, a fim de nortearem os 
rumos da educação brasileira a serem definidos e implantados nas Secretarias Estaduais 
de Educação; a USAID no âmbito universitário, promoveu a orientação dos 
profissionais especialistas para os planejamentos do ensino secundário, o que veio a ser 
a EPEM- Equipe de Planejamento do Ensino Médio e a partir de planos racionais sobre 
o ensino médio para os Estados, resultou na organização do PREMEM- Programa de 
Expansão e Melhoria do Ensino Médio
5
; o que veio a constituir a completa 
transformação do Ensino Médio, bem como na implantação da Lei 5.692/71; o que, 
segundo Araújo (2007, p. 53), tais medidas são vistas como principais pontos do 
processo de modernização brasileira educacional. 
Surge a partir dessas decisões, a implantação das Escolas Polivalentes no Brasil, 
seguida da legalização da Lei 5.692/71 e mediante as decisões advindas de reuniões 
específicas realizadas, ficam claras as posições ideológicas de educação a serem 
promovidas; Uruguai e Chile apoiaram as metas voltadas para o desenvolvimento 
educativo visando atender a profissionalização capitalista, enquanto a Colômbia ao 
 
5
 A Universidade norte-americana “San Diego State College Foundation”- Califórnia foi responsável por 
nortear os planejamentos da área educacional do ensino secundário, no âmbito federal e estadual. Assim, 
o governo brasileiro ficou responsável por promover a reprodução em meio à sociedade, sobre a 
importância deste projeto educativo, e ao mesmo tempo a união com a Aliança para o Progresso, a qual 
diz respeito ao projeto de educação, desenvolvido a partir de três reuniões realizadas respectivamente no 
Uruguai, Chile e Colômbia, que objetivaram definir o tipo de educação a ser implantada no Brasil; a fim 
de estabelecerem metas a serem alcançadas em dez anos seguintes (ARAÚJO, 2010, p. 7). 
20 
 
avaliar o Plano de metas da Aliança para o Progresso
6
, evidenciou a crítica quanto à este 
modelo, apontando propostas para um novo projeto, no qual o Homem deveria ser o 
ponto principal e não o trabalho, como era evidente nas metas dos outros países 
descritos; porém a crítica não surgiu efeito e o plano a ser seguido seria o então de 
cunho político internacional, o qual buscava aliar ao Regime Militar, com o intuitode 
garantir a força das elites dominantes. 
Nesta vertente, as Escolas Polivalentes se apresentaram como uma proposta de 
ensino, com ênfase a promover a qualidade de uma educação pautada no ensino 
profissionalizante, no qual se encontrava elevado grau de prestígio educacional, uma 
vez que o aparato metodológico e prático contava com um significativo diferencial, 
diante dos demais modelos em vigor. 
De acordo com Fonseca (2013), o período ditatorial, como já apontado, iniciou-
se assim com o Golpe Militar, advindo da união civil-militar ao tirar o então presidente 
João Goulart do poder, passando a assumir a Presidência da República o Marechal 
Humberto Castello Branco, o qual contava com o total apoio dos EUA e das 
multinacionais. 
 É fato que as repressões causaram grande temor e espanto no decorrer deste 
período, já que o povo não tinha direito a manifestar nenhuma opinião contrária ao 
determinado pela ditadura. A este respeito Cunha e Góes (1985) apontam: 
 
A repressão foi a primeira medida tomada pelo governo imposto pelo 
golpe de 1964. Repressão a tudo e a todos considerados suspeitos de 
práticas ou mesmo ideias subversivas. A mera acusação de que uma 
pessoa, um programa educativo ou um livro tivesse inspiração 
"comunista" era suficiente para demissão, suspensão ou apreensão. 
(CUNHA; GOÉS, 1985, p. 36). 
 
Podemos refletir, a partir desse contexto, o quanto a Educação pode ser vista 
como um forte mecanismo de poder; neste momento ela era considerada como uma das 
maiores armas a favor dessa forma de governo, já que se uma parcela maior do povo 
 
6
 Um importante Projeto neste contexto político foi a Aliança Para o Progresso; de acordo com Araújo 
(2010), este projeto foi o resultado de três reuniões com o objetivo de decidir a educação que seria 
colocada no Brasil, o que resultou na implantação das Escolas Polivalentes, bem como na criação da Lei 
5.692/71, a qual legalizou e oficializou a Educação Básica no Brasil durante o período. Destaca-se 
primeiramente a "Reunião Extraordinária do Conselho Interamericano Econômico e Social em Nível 
Ministerial”, a qual foi realizada em Punta del Este - Uruguai. Após destaca-se a "Segunda Conferência 
sobre Educação e Desenvolvimento Econômico e Social na América Latina", sendo esta realizada em 
Santiago do Chile, em 1962. A terceira conferência foi considerada como a "Reunião Interamericana de 
Ministros da Educação", sendo a mesma realizada em Bogotá - Colômbia em 1963. 
21 
 
tivesse acesso a maiores conhecimentos, isso poderia trazer ameaças a estabilidade das 
formas mantidas pelo regime militar. 
Nesta perspectiva, a sociedade foi se estabelecendo em uma visão global do 
mundo do trabalho enquanto a educação compulsoriamente ia se tornando fundamental 
para a promoção das atividades capitalistas, uma vez que a instrução se torna essencial 
para as práticas profissionais. 
O período do Regime Militar tornou mais visível as influências dos Estados 
Unidos no que diz respeito às formas de controle dos meios de produção capitalistas; 
era preciso que o mercado se preparasse para receber trabalhadores técnicos capacitados 
para a produção industrial que a demanda exigiria dos mesmos na execução das 
diferentes tarefas presentes no setor industrial. 
 É importante também destacar que as políticas internacionais da USAID, já se 
faziam presentes no Brasil antes ao período do Regime Militar, uma vez que esta atuava 
na formação de professores do ensino primário por meio da Universidade de Minas 
Gerais. 
De acordo com Araújo (2010) , a partir de tais medidas, a Escola Polivalente foi 
criada, e com a ajuda financeira, política e ideológica dos EUA, o modelo internacional 
foi oficialmente estabelecido por meio das Escolas Polivalentes que seriam implantadas 
no Brasil; e frente à decisão de que a ajuda internacional seria importante para a solução 
dos problemas educacionais do país, os órgãos CFE (Conselho Federal de Educação), 
MEC (parte da instituição educacional brasileira) e DES (Diretoria do Ensino 
Secundário), a USAID foi então convidada a se incumbir de dar o suporte necessário ao 
processo educativo no que diz respeito ao controle técnico e financeiro, bem como em 
outras funções como em treinar a equipe técnica brasileira nos planejamentos de ensino, 
dar assistências às secretarias e conselhos de educação, dentre outros. Araújo (2010) 
traz: 
Neste momento, a USAID contrata os serviços do sistema 
universitário do Estado da Califórnia (EUA), que, por meio da San 
Diego State College Foundation, ofereceu os serviços de seus 
especialistas para atuarem como consultores durante dois anos, tendo 
eles a obrigação de orientar a área de planejamento de ensino no nível 
secundário em âmbito federal e estadual. (ARAÚJO, 2010, p. 3). 
 
Nesta perspectiva, tais instituições americanas se responsabilizaram em propiciar 
cursos de formação aos profissionais escolhidos pela USAID na San Diego State 
University, a fim de posteriormente colocá-los em prática no Brasil. 
22 
 
O PREMEM, de acordo com Araújo (2010) foi o resultado do novo acordo em 
1970, entre a USAID/MEC, sendo que a partir de 1972, a EPEM foi incorporada à 
estrutura do planejamento do MEC, perdendo deste modo sua autonomia e 
administrativamente implementada à este; a partir de então o PREMEM passou a ser o 
responsável pelo plano da reforma educacional e pela implementação e organização das 
Escolas Polivalentes, escolas estas que marcaram o contexto histórico brasileiro junto 
ao acordo realizado com a política internacional da Aliança para o Progresso no 
momento em que se encontrava o país sob a Ditadura Militar. 
 
2. A EDUCAÇÃO EM MEIO ÀS PROPOSTAS DO ENSINO 
PROFISSIONALIZANTE: a Pedagogia Tecnicista no Brasil 
 
Podemos ver que a Escola foi constituindo-se e modificando-se ao longo dos 
tempos, porém sempre identificada pelos grupos sociais que a compõem. Neste sentido 
é visto que a Escola surge no primeiro momento voltada para uma minoria da classe 
dominante. A partir da Idade Média, na Europa, é que a Educação veio a se tornar um 
Produto da Escola, sendo que um conjunto de pessoas, em sua maioria religiosa, se 
especializou na transmissão do saber, e desde então a atividade de ensinar foi se 
desenvolvendo em lugares específicos; nesta perspectiva a escola durante um bom 
tempo esteve reservada às elites, e, aos ditos “pobres”, a aprendizagem acontecia na 
prática cotidiana: 
Durante séculos, este tipo de escola ficou reservado às elites. 
Serviu em primeiro lugar aos nobres, passando depois a atender 
à burguesia que, na medida de sua ascensão, exigia os mesmos 
privilégios que detinham os aristocratas. O “resto”- lavradores, 
operários, a gente pobre- aprendia na prática do dia-a-dia. 
(HARPER, Babette et al, 2000, p. 27). 
 
A escola assim voltada para esta minoria dominante só veio a sofrer mudanças 
com o início da Revolução Tecnológica, pela qual houve a necessidade de se pensar em 
modificações nos conteúdos disciplinares que exigiam maior cientificidade para o 
desenvolvimento técnico que emergia frente às sociedades. 
Assim sendo, na medida em que as produções econômicas geradas pelas 
indústrias cresciam, foi surgindo também a necessidade desta população da classe 
operária ter o mínimo de instrução para saber lidar com as técnicas exigidas ao 
23 
 
desenvolvimento do trabalho nas indústrias. O que, deste modo, levou-se a pensar em 
uma escola que preparasse, para o trabalho, a classe social oposta à elite dominante, a 
classe dos menos favorecidos, os quais, para tal, precisariam saber o mínimo necessário. 
 Nesta lógica, a escola desde seuprincípio é marcada por diferenças sociais que 
interferem diretamente na Qualidade do Ensino ofertado às distintas classes sociais. 
Referente a isso: 
 
Foi assim que, paralelamente à escola dos ricos, foi surgindo uma 
outra escola, a escola dos pobres. Sua função era dar aos futuros 
operários o mínimo de cultura necessário à sua integração por baixo 
na sociedade industrial. A coexistência desses dois tipos de escola cria 
uma situação de verdadeira segregação social. As crianças do “povo” 
freqüentavam a “escola primária”, que não é concebida para dar 
acesso a estudos mais aprofundados. As crianças da elite seguiam um 
caminho à parte, com acesso garantido ao ensino de nível superior, 
monopólio da burguesia. (HARPER, Babette et al, 2000, p.29). 
 
 
Esta distinção foi se alterando a partir das reivindicações feitas pela classe 
trabalhadora quanto aos direitos de igualdade do ensino para todos; o que repercutiu no 
ensino público, gratuito e obrigatórios à todos. A escola passou assim a ser considerada 
como um meio essencial para as chances de emancipação social pelas classes menos 
favorecidas. 
No entanto, essa expectativa teve suas limitações ao passo que o ensino ofertado 
a todos os alunos das distintas classes possuíam diferentes condições de sobressaírem-se 
ou não nos estudos; a própria escola não dava condições para os alunos que não 
conseguiam prosseguir seus estudos. Na maioria das vezes, pela precária condição 
social que não lhes permitiam a permanência na escola, e ainda considerando que em 
determinado período dos estudos era realizado exames de “seleção”, nos quais 
obviamente os mais favorecidos eram aprovados para seguirem em frente, ou seja, os 
alunos mais favorecidos continuavam os estudos até chegarem à universidade, enquanto 
os da classe inferior dificilmente chegavam a esta, mas ao contrário, em poucos anos de 
escolaridade seguiam a profissão desvinculados da escola, aumentando o número da 
evasão escolar e uma maior massa da classe operária. Neste sentido: 
 
Gradualmente vai sendo abolido o sistema de duas escolas separadas, 
uma reservada aos ricos e outra destinada aos pobres. A partir de 
agora, todos os alunos começam seus estudos num mesmo tipo de 
escola e é apenas ao término de um tronco comum que vai se dar a 
SELEÇÃO, isto é, a repartição dos alunos em dois grupos: de um 
24 
 
lado, uma minoria que vai continuar os estudos até alcançar a 
universidade e, de outro lado, uma maioria que vai seguir cursos mais 
curtos e menos valorizados, que conduzem apenas às escolas técnicas 
e profissionais. (HARPER, Babette et al, 2000, p. 32). 
 
 Mello (1986) ao se referir sobre a questão do papel formativo da Escola, coloca 
que “foi proclamando a educação pública, gratuita e obrigatória, como forma de 
promoção da igualdade e, portanto direito de todos, que a burguesia conseguiu ser 
hegemônica e garantiu o apoio de amplos setores da sociedade para sua proposta 
político-educacional” (MELLO, 1986, p. 11). 
 Assim, os cidadãos passaram a ter os mesmos direitos de igualdade formais para 
adentrar a escola, no entanto prevaleciam as dificuldades para que de fato estes tivessem 
reais condições de prosseguir os estudos, bem como viesse a refletir em uma sociedade 
mais igualitária por meio das possibilidades colocadas através do direito do ensino 
público. 
 Nesta vertente, compreende-se que as mudanças ocorridas na Educação vêm 
sendo ao longo do tempo advindas de relações em meio ao processo da economia 
capitalista. 
Todavia, a década de 1970 nos revela um período em que a Pedagogia 
Tecnicista esteve à frente de um modelo implantando com maior intensidade na 
Educação brasileira, uma vez que esta se encontrou diretamente vinculada ao trabalho 
pedagógico escolar. 
Tal modelo se caracterizou em vista da organização da necessidade da mão de 
obra para o trabalho frente à sociedade que se encontrava nesse exato momento, em 
meio ao crescimento capitalista industrial e consequentemente, aflorando o aumento das 
produções que emergiam sob os interesses de um país economicamente mais 
desenvolvido para o progresso. 
Nesta perspectiva, ao analisar se realmente ocorreu uma Revolução em 1964, ou 
seja, uma ruptura ao que diz respeito aos aspectos políticos e socioeconômicos no 
Brasil, Saviani (2007, p. 362) coloca que a partir do Golpe Militar, desencadeado em 
março de 1964, de fato a ruptura deu-se no nível político e não no socioeconômico, uma 
vez que esta ruptura política buscou “preservar a ordem socioeconômica, pois se temia 
que a persistência dos grupos que então controlavam o poder político formal viesse a 
provocar uma ruptura no plano socioeconômico”. (SAVIANI, 2007, p. 362). 
Desse modo, segundo o referido autor, não ocorrendo ruptura no plano 
socioeconômico, houve continuidade também na Educação, o que pode ser refletido na 
25 
 
legislação instituída pelas reformas de ensino pautadas na LDB (Lei n. 4024, de 20 de 
dezembro de 1961) baixadas pela ditadura, as quais não foram revogadas em seus 
primeiros títulos que enunciavam as diretrizes traçadas, mas “foram alteradas as bases 
organizacionais, tendo em vista ajustar a educação aos reclamos postos pelo modelo 
econômico do capitalismo de mercado associado dependente, articulado com a doutrina 
da interdependência”. (SAVIANI, 2007, p. 362). 
Neste sentido, a Educação sofreu ajustes específicos a partir da concepção do 
ensino proposto junto à formação técnica profissionalizante. De acordo com Saviani 
(2007, p. 363), a concepção produtivista de Educação, teve como marco de abertura o 
ano de 1969; a partir deste ano ocorreram reformas implementadas na área educacional 
em virtude de aprovações que regulamentavam a incorporação destas reformas na 
legislação. 
Mira apud Romanowski (2009, p. 10210), colocam que “as reformas de Ensino 
Superior (Lei 5540/68) e do Ensino Primário e Médio (Lei 5692/71 – que instituiu o 
Ensino de 1º e 2º graus), decorrentes dos acordos MEC-USAID (1966) foram 
representativas da influência da concepção tecnicista no contexto escolar”. 
Especificadamente em relação aos objetivos da reforma do 1º e 2º graus as autoras 
apontam: 
 
A reforma do Ensino de 1º e 2º Graus teve por objetivo geral 
“proporcionar ao educando a formação necessária ao desenvolvimento 
de suas potencialidades como elemento de auto-realização, 
qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da 
cidadania” (Brasil, 2009). Para tanto, ampliou a obrigatoriedade para 8 
(oito) anos, aglutinando o curso primário e o ginasial e extinguiu a 
separação entre escola secundária e escola técnica, criando o ensino 
profissionalizante. (MIRA apud ROMANOWSKI, 2009, p. 10211). 
 
 
A Pedagogia Tecnicista é compreendida assim, tendo sua origem no Brasil a 
partir da tendência produtivista, sob a aprovação da Lei n. 5692, de 11 de agosto de 
1971, a qual buscou sua extensão a todas as escolas do país. 
Nessa perspectiva, Kuenzer apud Machado (1986, p. 29), ao abordarem sobre 
esta Pedagogia, nos traz que a partir da década de 1960 diante do discurso 
desenvolvimentista presenciado, a baixa produtividade do sistema escolar teve um papel 
fundamental, ou seja, naquele momento em que o país se encontrava em um 
significativo desenvolvimento econômico, os baixos índices da demanda escolar 
relativos ao número da população e suas consequências como os altos níveis de evasão e 
26 
 
repetência, eram fatores vistos como entrave ao alcance dos objetivos do 
desenvolvimento esperado na sociedade. 
Neste sentido, o sistema escolar era tido como o responsável por esta 
inadequadação no resultado de seu produto, uma vez que havia por um lado a baixaqualificação da mão de obra advinda pela desigualdade de distribuição de renda, e por 
outro lado, pela falta de preparo das massas para o processo político. 
A referida autora aponta que frente a tais soluções para o impasse, o Estado e 
considerável número de intelectuais, privilegiaram a tecnologia educacional: 
 
A demanda de mão-de-obra representada pelas multinacionais trazia 
em decorrência da transposição do modelo de produção, a importação 
do modelo de formação utilizado na pátria-mãe. A reprodução das 
relações de produção na divisão internacional do trabalho na etapa 
monopolista exige a reprodução das ideias que a suportam. 
(KUENZER apud MACHADO, 1986, p. 30). 
 
 
Nesse momento então, em que a demanda pela mão de obra do trabalho 
profissional surge como base do processo econômico, surge também a necessidade de 
pensar em medidas para a preparação adequada dos trabalhadores no desenvolvimento 
das técnicas exigidas nos setores industriais; vemos assim a Educação como meio para a 
busca do alcance de alternativas condizentes com a demanda do trabalho advinda pelo 
crescimento industrial: 
 
[...] a opção pela tecnologia educacional configurou-se, então, como a 
possibilidade de transpor, para o sistema de ensino, o modelo 
organizacional característico do sistema empresarial, visando à 
reordenação do sistema educacional com base nos princípios da 
racionalidade, eficiência e produtividade. (MIRA apud 
ROMANOWSKI, 2009, p. 10209). 
 
A tecnologia educacional é apontada por Kuenzer apud Machado (1986, p. 30), 
como “a absorção, pela educação, da ideologia empresarial”, podendo ser entendida no 
contexto do processo produtivo sistematizado a partir da Teoria Geral da 
Administração, tendo como primeiro teórico Frederick W. Taylor: 
 
Esta teoria surge tendo como preocupação central o controle do 
processo produtivo, necessidade gerada pelo desenvolvimento 
capitalista, que, introduzindo novas relações de produção a partir da 
compra e venda de força de trabalho, transfere o controle realizado 
internamente pelo produtor, a uma instância superior a ele: a da 
gerência. (KUENZER apud MACHADO, 1986, p. 31). 
 
27 
 
Diante desta concepção, os cidadãos passaram a executar o trabalho de acordo 
com a organização estabelecida pela divisão setorial de controle do processo produtivo 
industrial, bem como passa também a ser transposta essa ideologia para a educação: 
 
A educação passa ser vista como investimento individual e social, em 
decorrência do que deve vincular-se aos planos globais de 
desenvolvimento. A expectativa de que a educação atenda às 
necessidades econômicas, políticas e sociais, conduz, inicialmente à 
avaliação dessas mesmas necessidades, o controle da execução dos 
projetos e a posterior verificação do grau de atingimento dos objetivos 
propostos. É a tecnologia educacional, suportada pela Teoria Geral 
dos Sistemas, que oferece a resposta para os problemas assim 
colocados; ela já havia comprovado sua eficácia nos meios 
empresariais e na pátria-mãe; bastava portanto, transpô-la para a 
educação no Brasil. (KUENZER apud MACHADO, 1986, p. 34). 
 
A busca pelo aperfeiçoamento da organização necessária ao processo de 
qualificação profissional decorrente em virtude da demanda da mão de obra que cada 
vez fluía frente à estrutura econômica de produção mostrava-se necessária diante das 
relações capitalistas no âmbito da sociedade em expansão, expressa pelas crescentes 
indústrias que iam surgindo consideravelmente nesse período. 
Tal processo, como antes mencionado, neste período se mostra com maior 
concretude, trazendo para a Educação essa concepção advinda do objetivo de estreitar a 
formação dos sujeitos integrada ao ensino profissionalizante, a fim do alcance de uma 
maior qualificação para o trabalho a ser desenvolvido nas diferentes áreas específicas 
em meio às indústrias que estavam sendo consideravelmente implantadas no Brasil em 
prol do crescimento econômico. Neste sentido Saviani (2007) ao se referir a essa 
temática traz apontamentos que melhor salientam para essa questão: 
 
A adoção do modelo econômico associado-dependente, a um tempo 
consequência e reforço da presença das empresas internacionais, 
estreitou os laços do Brasil com os Estados Unidos. Com a entrada 
dessas empresas, importava-se também o modelo organizacional que 
as presidia. E a demanda de preparação de mão-de-obra para essas 
mesmas empresas associada à meta de elevação geral da 
produtividade do sistema escolar levou à adoção daquele modelo 
organizacional no campo da educação. Difundiram-se, então, ideias 
relacionadas à organização racional do trabalho (taylorismo, 
fordismo), ao enfoque sistêmico e ao controle do comportamento 
(behaviorismo) que, no campo educacional, configuraram uma 
orientação pedagógica que podemos sintetizar na expressão 
“pedagogia tecnicista”. (SAVIANI, 2007, p. 365-367). 
 
28 
 
Mediante ao exposto, fica claro que o ensino passa a sofrer influências do 
modelo econômico capitalista, uma vez que a escola é considerada uma instituição 
capaz de contribuir com as metas esperadas para o alcance da melhoria do processo de 
crescimento econômico, ao ofertar o ensino preparatório para as classes trabalhadoras 
que seriam inseridas no mercado de trabalho. 
No entanto, torna-se pertinente a reflexão sobre a prática pedagógica no âmbito 
dessa Pedagogia Tecnicista, uma vez que, se importava primordialmente a essa 
concepção o alcance de sujeitos preparados profissionalmente para atender as demandas 
de mão de obra para as indústrias, como daria a formação integral destes mediante a 
necessária aprendizagem dos conteúdos curriculares junto ao ensino regular? Havia uma 
adequação metodológica condizente com a grade curricular proposta, entre teoria e 
prática? Como era a relação entre professor e aluno mediante essa educação 
profissional? Como se dava esse processo de ensino? Essas são algumas das questões 
cabíveis de estudos posteriores em buscas relativas ao processo da história da educação 
brasileira, uma vez que remete-nos para a possibilidade de novos olhares sobre as 
práticas e saberes constituídos no Brasil sob a orientação dessa tendência pedagógica. 
Dentre as indagações, o presente trabalho buscou uma reflexão sobre a possível 
identificação desta tendência Pedagógica aplicada no âmbito da referida instituição 
pesquisada, a fim de estabelecer uma relação entre o trabalho desenvolvido mediante o 
ensino ali ofertado e aprendizagem apreendida pelos ex-alunos que ali perpassaram 
parte do processo de formação, na qual se pautou a voz ativa dos sujeitos que fizeram 
parte dessa história, pela pesquisa aqui delineada. 
 
 
3. PRIMÓRDIOS DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE NO CONTEXTO 
EDUCACIONAL E SOCIAL DE ITUIUTABA 
 
A história da cidade de Ituiutaba remete ao contexto relativo à área territorial 
antes habitada por índios Caiapós, que viviam nos arredores deste município. No 
primeiro momento, de acordo com o historiador Zoccoli (2013), Ituiutaba foi 
desbravada pelos fazendeiros Joaquim Antônio de Morais e José da Silva Ramos, 
ambos vindos do Sul de Minas Gerais no ano de 1820. Nessa perspectiva, a ocupação 
constituiu a origem histórica da construção da cidade, como aponta Silva (2012): 
 
29 
 
Com o decorrer dos anos, a fama do lugar extraordinário atravessou 
suas fronteiras e com isso a localidade começou a ganhar forasteiros, 
trabalhadores, comerciantes, professores, padres, intelectuais que 
vinham de perto ver São José do Tijuco. O arraial foi progredindo e 
adquirindo novo aspecto, de Vila. [...] Em 1910, Vila Platina recebeu 
sua primeira escola, o Grupo EscolarJoão Pinheiro, existente até os 
dias de hoje. Em 1915, Vila Platina foi elevada à categoria de cidade, 
recebendo o nome de Ituiutaba, oriundo da língua tupi-guarani, cujo 
significado é “I” (rio), TUIU (Tijuco), “TABA” (povoação, aldeia, 
cidade), portando – cidade do rio tijuco. O nome, um neologismo 
ameríndio, foi escolha do então líder político da região, senador e 
intelectual Camilo Rodrigues Chaves, um dos envolvidos na 
emancipação político-administrativa da terra tijucana. (SILVA, 2012, 
p. 59-60). 
 
Até os anos de 1950, havia predomínio da educação privada no município de 
Ituiutaba. A partir de então houve um considerável avanço no sistema de educação 
pública, ao passo que partir da década de 50 a cidade recebeu a criação de escolas que 
viriam a promover maiores oportunidades de escolarização para a população que até 
então anterior há essa década, fora mantida uma restrita oferta de ensino público, e 
como visto a Escola Polivalente surge em meio a esse processo de instalação de escolas 
públicas que vinham sendo sucessivamente implantadas na cidade de Ituiutaba. 
Entretanto, no que se refere à Educação Profissionalizante no contexto histórico 
de Ituiutaba, Silva (2012) aponta que nos anos de 1930 foram fundadas duas escolas 
privadas, as quais ao início não tinham a finalidade de ofertar cursos profissionalizantes, 
porém no decorrer dos anos vieram a ser instaladas. 
Segundo o referido autor, tais escolas visavam atender os anseios da elite urbana 
e rural a fim de oferecer a educação para os seus filhos no próprio município, já que o 
ensino ginasial era inexistente na cidade. A primeira escola a oferecer o ensino 
profissional, de acordo com Silva (2012), foi o Instituto “Marden”, fundado em 1933, 
iniciando em 1934 o seu funcionamento com o Curso Primário; em 1935 veio a ter 
início o Curso Normal e em 1942 o Curso Ginasial. 
Assim, em busca de atender aos interesses dos jovens que trabalhavam durante o 
dia, foi instalado no referido Instituto, o Colégio Comercial “Barão de Mauá”, o qual 
ofereceu os cursos Ginásio Comercial (1º Ciclo) e Técnico de Contabilidade (2º Ciclo). 
Silva (2012) destaca que “apesar de ser privado e destinado à elite urbana e rural da 
cidade, o Marden criou e manteve os cursos comerciais para aqueles que não podiam 
estudar de dia por conta de não terem outro recurso ou forma de se manter, inclusive na 
30 
 
escola, senão pelo trabalho”. (SILVA, 2012, p. 62). Este Instituto exerceu suas 
atividades educacionais até o ano de 1979, quando então veio a ser extinto. 
A segunda escola a ofertar esse tipo de ensino em Ituiutaba na década de 1930, 
de acordo com este autor, foi o Colégio Santa Teresa, instituição Confessional, a qual 
atendia moças em regime de internato e externato, formando-as em Economia 
Doméstica e Artes, nos Cursos Primário, Ginasial e Normal. 
 Silva (2012) traz que outra escola confessional instalada em 1948, o Ginásio 
São José, fundado e dirigido pelos padres Estigmatinos, ofertava os Cursos Ginasial e 
Colegial, bem como os Cursos Profissionais Ginasial de Comércio e Técnico de 
Contabilidade; este Colégio teve assim seu funcionamento até o ano de 1980. 
Outra instituição criada no ano de 1956 em Ituiutaba, conforme aponta Silva 
(2012), foi o Educandário Espírita Ituiutabano, o qual era particular e mantido pela 
União das Mocidades Espíritas de Ituiutaba (UMEI), bem como mantenedor de cursos 
primários e ginasiais gratuitos. Assim sendo, após requerimento do Diretor em prol do 
Colegial de Comércio, em 1963 a instituição foi denominada de “Colégio Comercial de 
Ituiutaba”, passando a ofertar o Curso Técnico em Contabilidade, de modo que em 1967 
foi oficialmente autorizado pelo Diretor de Ensino Comercial, o funcionamento do 
Curso de Técnico em Contabilidade na referida instituição. 
Contudo, como já mencionado, a Escola Polivalente, com seu diferencial 
pedagógico, veio acompanhada também por um modelo arquitetônico advindo para a 
construção de seu prédio, com todo um planejamento setorial para o desenvolvimento 
das práticas educativas a serem realizadas no seu interior. É visto que um amplo espaço 
geográfico foi destinado para a instalação desta escola em Ituiutaba. 
Podemos refletir a partir dessa perspectiva, que o Colégio Polivalente, antes de 
tudo se mostrava com o intuito de se apresentar como um diferencial, não apenas ao 
setor educacional como também ao desenvolvimento cultural e econômico da cidade, 
uma vez que, os processos advindos das relações econômicas estavam em alta por meio 
das indústrias que cada vez mais se instalavam no cenário ituiutabano. Tais 
características influenciaram grandemente as relações econômicas entre as indústrias e a 
demanda por trabalhadores nos diversos setores técnicos, necessários para a mão de 
obra especializada. 
É compreendido neste contexto, que este período do recorte temático aqui 
delineado, destaca-se como um dos mais fluentes no que diz respeito ao 
31 
 
desenvolvimento industrial que a cidade vivia até então, ou seja, as grandes indústrias 
vieram a se instalar em Ituiutaba, consideravelmente no decorrer da década de 1970: 
 
A capital econômica e cultural de uma das mais ricas, prósperas e 
futurosas áreas do opulento Estado de Minas – Ituiutaba -, está 
completando 74 anos nesta data. Essa idade pode ser provecta para um 
homem, que ao atingi-la sente o peso de tantos “janeiros” e traz no 
rosto a marca de tantos anos vividos. Para Ituiutaba, contudo, ocorre 
um fenômeno interessante. Quanto mais velha, mais jovem, vaidosa e 
cativante se mostra. Sempre remoçada, com roupagens novas e se 
enfeitando como fazem as moças catitas e de requintado bom-gosto. 
Ituiutaba é assim. Uma jóia de cidade, que sedia o progresso em ritmo 
galopante. Cidade que cresce rapidamente nos sentidos horizontal e 
vertical, com u’a média de construção de três e meia casas por dia. 
No meio do casario, que se estende por todos os lados, cobrindo uma 
área superior a 20 quilômetros quadrados, destacam-se edifícios de 
dois, três, quatro pavimentos e se erguem os oito primeiros “arranha-
céus”. Novos blocos, de muitos andares, surgirão brevemente, 
atestando a pujança desta terra e o quanto pode sua gente arrojada e de 
incomparável espírito empreendedor. (Jornal Cidade de Ituiutaba, 16 
de setembro de 1975). 
Segundo constatações através de documentos locais investigados, nesta década a 
cidade vivenciou uma grande expansão de progresso, uma vez que recebeu a criação de 
importantes obras públicas, como o terminal rodoviário, implementação de rodovias e 
aeroporto, o parque de exposições, bem como de indústrias de porte agrícola, pecuária, 
pneus, adubos, cerâmicas, dentre outras, destacando-se dentre elas a Nestlé, sendo sua 
instalação prevista na cidade, já no ano de 1974, a qual se mantém ativamente no 
mercado de produção da cidade. Em destaque editorial de jornal da cidade referente à 
tal crescimento industrial: "Já contamos com mais de 200 unidades industriais, 
incluindo-se é claro, as máquinas de beneficiar arroz". (Jornal Cidade de Ituiutaba, 16-
17/07/1974). 
Nesta perspectiva, a Escola Polivalente vem a ser implantada em meio a este 
próspero crescimento industrial em Ituiutaba, a qual perpassava por grandes 
investimentos que foram efetivados em prol do desenvolvimento econômico, sendo um 
fator primordial para novas possibilidades do crescimento do mercado de trabalho, ao 
passo que as atividades industriais buscavam se expandir neste município: 
 
Novas indústrias estão se implantando, entre elas a maior fábrica de 
leite em pó da América Latina e 15a da Cia. Nestlé, a ELDORADO –
Indústria de Plásticos Ltda., a Cerâmica Tamoio, todas no setor 
industrial-nortede nossa cidade. Estas se somam às numerosas 
indústrias em funcionamento, dando-nos a certeza de que a 
industrialização em marcha não sofrerá solução de continuidade. 
32 
 
Todos os setores de nossa comuna estão em pleno desenvolvimento. 
Indústria, Comércio, Educação, Ensino Superior, Saúde, 
Comunicação, Transportes, Assistência, Artes, Esportes, Diversões, 
Turismo, etc., em notável expansão e melhoria. (Jornal Cidade de 
Ituiutaba, 16 de setembro de 1975). 
 
Deste modo, é visto que a escola se colocava como um avanço a ser conquistado 
no setor educacional, como também na contribuição a ser alcançada no 
desenvolvimento sócio cultural e econômico; tais objetivos, nesta perspectiva por certo, 
traziam muitas expectativas aos moradores de Ituiutaba, uma vez que a escola se 
mostrava com um diferencial desde sua arquitetura, comparando-a com as demais 
escolas da rede pública da cidade daquele momento. 
 
4. A ESCOLA POLIVALENTE DE ITUIUTABA: ORIGEM DO SEU 
PROCESSO CONSTITUTIVO 
4.1 A criação 
A história de uma instituição escolar não se restringe apenas ao seu fazer 
burocrático, pedagógico e prático, mas vai muito além disso, uma vez que todas as 
relações que a envolvem são advindas de processos interativos entre os atores que a 
compuseram em determinado período. 
Com o intuito de descrever o processo constituinte da Escola Polivalente de 
Ituiutaba, esta segmentação busca apresentar alguns dos importantes aspectos advindos 
do seu desenvolvimento, respaldando-se em análises de fontes composta por Histórico e 
Regimento Escolar, Livro de Exercício e Posse de professores e funcionários e jornais 
do contexto pesquisado, bem como de entrevistas com ex-diretor, professores, alunos e 
funcionários, através das quais foi possível obter consideráveis informações sobre as 
práticas cotidianas que permearam o interior desta instituição. 
Em meio a este contexto histórico, a cidade de Ituiutaba recebe assim, através do 
PREMEM (Programa de Expansão e Melhoria do Ensino Médio) em convênio com o 
Estado, a implantação da Escola Estadual Polivalente “Antônio Souza Martins”, situada 
em área central desta cidade. No entanto, esta Escola trazia um diferencial que a 
distinguia das demais escolas também implantadas neste período: a proposta de ensino 
curricular, bem como as metodologias aplicadas no processo de ensino e de 
aprendizagem aos alunos. 
33 
 
Mediante pesquisa documental da referida instituição, pôde-se constatar através 
do seu Histórico, que esta teve sua instalação no ano de 1971, por meio do disposto na 
Lei nº 5.760/71, sob o Artigo 76, inciso X da Constituição do Estado, o qual dispõe da 
criação das 26 (vinte e seis) Escolas Polivalentes implantadas no país, em decorrência 
do convênio celebrado em 1970, entre a União, representada pelo Ministério da 
Educação e Cultura – MEC- através do PREMEM, e o Estado de Minas Gerais. 
As Escolas Polivalentes como consta no referido documento foram pensadas 
minuciosamente através de estudos que foram realizados pela EPEM - Equipe de 
Planejamento do Ensino Médio, ao se buscar partir para uma concepção de escola 
polivalente e totalmente sintonizada com a realidade brasileira; sendo também 
ressaltado neste documento (1987) que as Escolas foram ao início definidas como 
Ginásios, estando naquele momento denominada "Escola Polivalente". 
Este marco constituinte ficou estabelecido por meio do Decreto Nº 16. 654, de 
Outubro de 1974, de Criação das Escolas Polivalentes de 1º Grau, como demonstra a 
parte descrita do referido documento abaixo: 
 
DECRETO N 16.654, DE OUTUBRO DE 1974 
Cria Escolas Estaduais de 1 Grau. 
O governador do Estado de Minas Gerais, no uso da atribuição que lhe 
confere o artigo 76, inciso X, da Constituição do Estado, e tendo em 
vista o que dispõe o artigo 3º da Lei nº 5.760, de 14 de setembro de 
1971, decreta: 
Art. 1º - Ficam criadas 26 (vinte e seis) Escolas Estaduais de 1º Grau – 
5ª. a 8ª série – construídas, na terceira etapa, em decorrência do 
convênio celebrado, aos 19 de fevereiro de 1970, entre a União, 
representada pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC – através 
do Programa de Expansão e Melhoria do Ensino – PREMEM – e o 
Estado de Minas Gerais, aprovado pela Resolução nº 925 de 27 de 
maio de 1970, da Assembléia Legislativa, nas cidades de Araxá, 
Campo Belo, Caxambu, Corinto, Conselheiro Pena, Curvelo, 
Diamantina, Frutal, Guaxupé, Juiz de Fora, Itabira, Itajubá, Itaúna, 
Ituiutaba, Mantena, Monte Carmelo, Nova Lima, Muriaé, Oliveira, 
Paracatu, Poços de Caldas, Sabará, Santos Dumont, S. João del-Rei, S. 
João Nepomuceno e Três Corações. 
[...] 
Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, aos 15 de outubro de 1974. 
Rondon Pacheco 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
4.2 O prédio (espaço físico) 
Neste sentido, essa Escola se mostrou à população tijucana como uma nova 
expectativa de instituição pública que viria ser instalada na cidade, sendo já considerada 
uma Escola Modelo, a qual viria possibilitar um ensino de qualidade aos alunos que ali 
a adentrasse para os estudos. 
 A futura implantação desta instituição, como constatado em acervo histórico, foi 
consideravelmente anunciada em jornal da cidade quando ainda se encontrava em 
processo de construção: "O Ginásio Polivalente será sem sombra de dúvidas, uma nova 
arrencada de Ituiutaba no setor educacional e haverá de contribuir muito para com o 
nosso desenvolvimento sociocultural e econômico. (sic)" (Jornal de Ituiutaba, 4 de 
novembro de 1973). 
 
 Figura 1: Notícia sobre a inauguração do Polivalente 
 
 Fonte: Acervo Cultural do Município 
 
 Em outra matéria jornalística, revela-se que a instituição escolar era 
ansiosamente aguardada pela comunidade local, carente de oportunidades educativas: 
 
A instalação do Polivalente é de grande significação para nossa 
comuna. É a concretização de um ideal, para a qual contribuíram a 
administração anterior e a atual e os homens do governo ligados ao 
35 
 
setor da instrução pública. Ela virá a ajudar a resolver um dos grandes 
problemas de nossa terra, qual seja o da falta de vagas para todos os 
que desejam estudar. (Jornal de Ituiutaba, 21 de agosto de 1974). 
 
A Escola Polivalente foi deste modo instalada na Rua 18 entre Avenidas 31 e 33, 
atendendo inicialmente aos alunos da 5ª a 8ª séries do 1º Grau. 
É possível identificar a partir de sua arquitetura a ampla construção destinada a 
suas atividades, bem como ao espaço de sua área física. Neste sentido, a construção 
dessa Escola se constitui em um avanço de modernidade educacional da época, uma vez 
que esta apesar de contar com todas essas especificidades era pública e visava atender 
aos anseios da comunidade tijucana por mais oportunidades de escolarização, 
especialmente na esfera pública. 
Mediante documentos consultados, é possível observar o registro da planta da 
área compreendida pela Escola Polivalente, pela qual se pode notar os espaços interno e 
externo da mesma. 
 
 Figura 2: Desenho da planta da Escola Polivalente 
 
 Fonte: Acervo da Escola “Antônio Souza Martins” – Polivalente 
 
É visível a identificação das partes constituintes do espaço da Escola Polivalente, bem 
como de suas respectivas áreas externas, compostas por jardins frontais e laterais, 
estacionamento, campo de futebol, duas quadras pararelas, pista de atletismo e o espaço 
reservado às atividades de Práticas Agrícolas. 
36 
 
Para a construção do Colégio Polivalente, o estilo empregado foi alvenaria 
(tijolo laminado), de acordo com o constatado, este foi inaugurado com todas as 
dependências citadas acima, ou seja, com todosos setores já finalizados e em condições 
de funcionamento. 
 
Inauguração da Escola Polivalente 
Deverá ser inaugurada no próximo dia 02 de setembro, a Escola 
Estadual Polivalente de Ituiutaba. Os pavilhões e praça de esporte já 
estão concluídos. O mobiliário, material didático, etc. deverão chegar 
a qualquer momento. (Jornal Cidade de Ituiutaba, Agosto de 1974) 
 
 
Em relação ao mobiliário, a partir do “Manual de Equipamento” contido no 
acervo da escola foi possível ter o conhecimento das áreas sob as quais esses materiais 
eram planejados e organizados a fim de serem equipados nas Escolas Polivalentes. 
Segundo consta neste documento, este tinha por finalidade apresentar a distribuição do 
“Mobiliário e Equipamento Escolar” pelos Ambientes e Unidades Espaciais que 
compunham uma Escola Polivalente, os quais se caracterizavam pela oferta do ensino 
de 1º Grau de 4 séries (5ª a 8ª) e o ensino de 1º Grau de 8 séries (1ª a 8ª). Desse modo, o 
livro apresenta detalhadamente as partes acima mencionadas. 
Como visto pela referência destacada sobre as possíveis diferenças dos 
mobiliários a serem recebidos pelas distintas áreas de atividades que seriam 
desenvolvidas nesses dois níveis de ensino nessas escolas, havia a distinção de acordo 
com modelo arquitetônico sob sua estrutura de ensino: 
 
Vale assinalar que nem todos os Ambientes e Unidades Espaciais são 
encontrados, obrigatoriamente, na Escola Polivalente de 4 séries (5a. 
à 8a. Série), dependendo a sua existência do projeto arquitetônico 
relativo a cada modelo. (PREMEM, Manual de Equipamento, 1974). 
 
Foi possível também verificar a listagem de espaços prescritos neste documento, 
para os Ambientes e as Unidades Espaciais em um número total de 84 setores, 
destacando-se entre estes as áreas destinadas para as atividades com o trabalho de 
práticas esportivas, agrícolas, jardins, biblioteca, cantina, laboratórios, salas diversas 
para o trabalho pedagógico, sanitários, vestiários, zeladoria, dentre outros. 
Deste modo, o Mobiliário e Equipamento Escolar destinados as Escolas Polivalentes 
se caracterizavam pelos modelos arquitetônicos que estas possuíam mediante o ensino 
ofertado. A Escola Polivalente pesquisada, como constatado, recebeu o seu mobiliário 
37 
 
no ano de 1974, pelo Programa de Expansão e Melhoria do Ensino – PREMEM, 
mediante o Termo de Exame e recebimento do Mobiliário e Equipamento Escolar. 
 
4.3 O Currículo 
 
O Colégio Polivalente, deste modo iniciou suas atividades no ano de 1974 sendo 
o ensino ofertado aos estudantes da 5ª à 8ª séries do 1º Grau, sendo a partir do ano de 
1984 implantado também o ensino de 2º Grau- 1º, 2º e 3º anos. O ensino assim decorria 
de um currículo desenvolvido sob planejamento específico, visando à formação integral 
do aluno com disciplinas regulares, bem como a formação profissional técnica a partir 
de conteúdos diversificados e aulas práticas que seriam realizadas em espaços 
adequadamente organizados, em salas e laboratórios que abrangessem o aparato 
necessário à aprendizagem, como os mobiliários e recursos de materiais usados por 
alunos e professores. 
Tendo, portanto em vista a implantação do ensino técnico profissionalizante 
nesta instituição, referente ao seu Cronograma Curricular, podemos vê-lo como 
constatado, organizado em seus conteúdos específicos em Núcleo Comum e a Parte 
Diversificada; estando as atividades de Preparação para o Trabalho integradas a estas 
dentro de uma carga horária prevista e sob a forma de aprimoramento ao trabalho. 
Mediante o Currículo da Escola Polivalente relativo ao ensino de 1 Grau, as 
disciplinas eram organizadas pelas matérias em suas áreas de estudos, estando estas 
assim prescritas: Parte do Núcleo Comum: “Comunicação e Língua Portuguesa – 
Língua Portuguesa e Educação Artística; Estudos Sociais – Geografia e O. S. P. B, 
História, Educação Moral e Cívica e O. S. P. B; Ciências - Ciências F. B. Programa da 
Saúde, Matemática, Geometria e Desenho; Educação Física; Ensino Religioso”. 
 A Parte Diversificada era composta por: “Culturas Regionais - Jardinagem e 
Fruticultura; Artes Gráficas e Manugráficas – Cerâmica, Couro, Vidro, Madeira e 
Cortiça, Eletricidade; Atividades de Escritório – Bancária, Comerciais, Mecânografia 
e Datilografia; Economia Doméstica – Decoração e Habitação, Puericultura; Nutrição 
e Dietética; Língua Estrangeira Moderna (Inglês)”. Como pode-se observar na 
imagem do currículo a seguir: 
 
 
 
38 
 
Figura 3: Currículo das disciplinas que compunham o 1º Grau 
 
Fonte: Acervo Escola “Antônio Souza Martins” – Polivalente (1974). 
 
A cidade de Ituiutaba recebera assim uma nova forma de modelo educativo, ou 
seja, uma escola projetada para um ensino diferenciado dos demais Currículos, já que a 
prática pedagógica seria integrada ao ensino profissionalizante vinculada às demais 
disciplinas da Grade Curricular do ensino regular. 
Como pode ser visto, a carga horária referente às disciplinas das partes comum e 
diversificada contava com uma diferença considerável quanto ao número de aulas, ou 
seja, para as disciplinas do currículo comum a carga horária se apresentava bem maior 
que as disciplinas do currículo diversificado destinado as aulas do ensino técnico, já que 
dentre a carga horária que perfazia um total de 750 h anuais, pode ser identificada uma 
ênfase maior nas disciplinas do ensino regular. Referente às disciplinas que compunham 
o ensino técnico profissionalizante, observou-se que há uma maior carga horária destas 
disciplinas nas duas últimas séries que compunham o ensino ofertado, a 7ª e 8ª séries. 
Esta Instituição foi assim compreendida no primeiro momento, como já antes 
mencionado, ao ensino de 1º Grau desde sua implementação no ano de 1974, quando 
39 
 
foram iniciadas suas atividades, passando a partir do ano de 1984, a ser ofertado e 
ensino de 2º Grau. 
 De acordo com o constatado, o ensino de 2º Grau foi bastante desejado pela 
população tijucana, uma vez que os pais alegavam a necessidade de continuidade dos 
estudos dos filhos, assim a equipe gestora da escola com apoio de pais e outras 
instâncias, buscaram meios para a conquista deste nível de ensino. Tal busca pela 
ampliação do ensino teve destaque em notícia de jornal da cidade, como descrito abaixo 
em parte da publicação: 
 
2º Grau na Escola Polivalente 
O Vice Presidente da Câmara Municipal, vereador H. D., procurando 
traduzir as aspirações da Direção, do seleto Corpo Docente, da 
Secretaria, de Funcionários e, sobretudo, dos Srs. Pais e dos jovens 
alunos da tradicional Escola Polivalente de Ituiutaba, no sentido de 
dotar, o quanto antes e com a máxima urgência aquele modelar 
estabelecimento de ensino do 2º Grau, solicitou na reunião da 
edilidade tijucana, fosse enviado ofício ao secretário da Educação de 
nosso Estado, objetivando a materialização do assunto em tela, tendo 
o Requerimento daquele edil e que, professor que por longos que é e 
pai de alunos matriculados no Polivalente, sente na própria carne a 
falta que está fazendo o curso de 2º Grau naquele estabelecimento de 
Ensino. [...] Naquela oportunidade o vereador H. D. lembrou à casa 
Legislativa que, dotando nosso Polivalente de 2º Grau, sua 
metodologia educacional não sofrerá solução de continuidade, ou seja: 
os alunos do Polivalente, ao lado de uma esmerada educação recebida 
e reforçada pela ação atuante e bem atualizada de suas Orientadoras e 
Supervisoras, também são preparados para uma profissão, cujos 
parâmetros são as vocações diversificadas e respeitadas de cada um de 
seus alunos individualmente, devendo-se todo esse sucesso formativo 
daqueles jovens estudantes à presençaamiga, humana, firme, 
filosófica-moral e sobretudo idealista de seu Diretor, Profº. S. N. 
(Acervo Cultural do município. Jornal Cidade de Ituiutaba, 23 de 
outubro de 1980). 
 
 
E diante das aspirações para o ensino de 2º Grau nesta escola, o mesmo foi 
contemplado posteriormente, como mencionado no ano de 1984. Como constatado em 
seu Regimento: 
Adendo ao Regime Escolar 
Em atendimento à publicação do Diário Oficial do Estado de Minas 
Gerais de 07-02-84, página...coluna...quando do ato de aprovação 
prévia da Escola Estadual "Antônio Souza Martins" de 1º e 2º graus, o 
regimento da referida Escola sofre as seguintes modificações: 
2 - Da identificação da Escola. 
2.1 - Ato de Criação: Decreto 16.654 de 15-10-74 e Ato de Criação do 
2º Grau: Decreto 23.416 de 07-02-84. [...] 
 
40 
 
 O Plano Curricular da escola referente ao ano de 1984, como pesquisado, consta 
que as disciplinas da Educação Regular referente aos Conteúdos Específicos era 
composta por áreas de ensino que se subdividiam em cinco, sendo estas: Comunicação 
e Expressão - Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, Educação Artística, Educação 
Física, Língua Estrangeira Moderna (Inglês); Estudos Sociais - Geografia e Educação 
Moral e Cívica, História, Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política do 
Brasil, Ensino Religioso; Ciências - Matemática, Física, Química, Biologia e Programa 
da Saúde. A Parte Diversificada era composta pelas disciplinas: Biologia e Programa 
de Saúde. Segundo nota de observação contida no documento, as atividades de 
Preparação para o Trabalho seriam integradas aos programas do Núcleo Comum e da 
Parte Diversificada, dentro da carga horária prevista para os mesmos e sob a forma de 
aperfeiçoamento ao trabalho. 
Figura 4: Currículo das disciplinas que compunham o 2º Grau 
 
Fonte: Acervo da Escola “Antônio Souza Martins” – Polivalente. 
41 
 
Nesse sentido, ao compreendermos as práticas advindas do trabalho pedagógico 
integradas ao currículo, podemos melhor refletir sobre a proposta do ensino ofertado 
mediante as práxis efetivadas. 
O pesquisador pode estabelecer a conexão objetiva entre as 
particularidades da escola e a sociedade, a partir do levantamento e da 
análise de qualquer dado empírico (documentos, fotografias, plantas, 
cadernos, livros didáticos etc.), mas, dada nossa experiência, 
acreditamos que os procedimentos mais adequados para alcançar esse 
objetivo metodológico são a análise das trajetórias dos alunos, ex-
alunos e docentes, bem como a análise dos conteúdos e das 
metodologias utilizadas na instituição estudada. Em outras palavras: é 
essencial indagar a origem social e o destino profissional dos atores de 
uma instituição escolar para se definir o sentido social da mesma; 
assim como é essencial analisar os currículos aí utilizados para se 
compreender seus objetivos sociais. (NOSELLA; BUFFA, 2005, p. 
5074). 
 
4.4 Quadro com relação dos docentes (1976-1985) 
 
Como constatado no livro de “Posse e Exercício” do Acervo da Escola 
Polivalente no qual se encontra o registro datado da entrada dos profissionais referente 
aos “termos de Posse e Exercício do pessoal nomeado, enquadrado, reenquadrado ou 
removido para o referido estabelecimento de ensino” (Ituiutaba, setembro de 1976), a 
partir do ano de 1976, restringindo-se ao ano de 1985, considera-se que houve um bom 
número no quadro dos profissionais que estiveram inseridos no interior dessa 
instituição, como professor (a), supervisor pedagógico, orientador educacional, inspetor 
de alunos, servente, serviçal, auxiliar de secretaria e auxiliar de biblioteca. 
É possível identificar através das tabelas que seguem abaixo, a relação das 
Posses registradas no recorte temático aqui delineado: 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
Tabela 1- Relação geral do número de Posse dos profissionais da Escola Polivalente de 
acordo com o livro de Posse e Exercício verificado por gênero (1976-1985) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Função 
 
Feminino Masculino Total 
Supervisoras 
Escolar/ 
Pedagógico 
 
02 - 02 
Orientadoras 
Educacionais 
 
05 - 05 
Docentes 
 
47 24 71 
 
Inspetores de 
alunos 
 
01 01 02 
Serventes 
 
05 01 06 
Serviçais 
 
02 - 02 
Auxiliares de 
Secretaria 
 
06 - 06 
Auxiliares de 
Biblioteca 
 
03 - 03 
 
TOTAIS 
 
 
71 
 
26 
 
 
97 
43 
 
Tabela 2 – Relação específica anual do número de posses dos profissionais da Escola 
Polivalente de acordo com o livro de Posse e Exercício (1976-1985) 
 
 
É visto mediante o recorte temporal do referido documento, especificadamente 
ao quadro de professores, a existência de um significativo percentual em relação a 
questão do gênero, ou seja, a maioria dos (as) docentes que atuaram no Polivalente neste 
período determinado, constituía-se por professoras; uma vez que sob o total de 71 
contratados, havia 47 professoras e 24 professores, com vista aproximadamente de 66% 
de diferença quanto às professoras em relação aos professores. 
Entretanto é necessário considerar também que alguns desses professores no 
decorrer do tempo específico contaram com novas contratações mediante processos 
seletivos, fato que não será aprofundado nesta contextualização. 
Ano Supervisor 
Escolar/ 
Orientador 
Educacional 
Nº de Posse 
Professora/F 
Professor/M 
Inspetor 
de 
alunos 
Servente Serviçal Auxiliar 
de 
Secretaria 
Auxiliar 
de 
Biblioteca 
1976 1 Supervisor 
Pedagógico 
F - 7 
M - 5 
= 12 
 
1977 F - 3 
M - 4 
= 07 
1 
1979 1 Orientador F - 3 
M - 2 
= 05 
 1 
1980 F - 1 
M - 1 
= 02 
 
1981 F - 15 
M - 4 
= 19 
1 5 
1982 1 Supervisor 
Pedagógico- 
2 Orientadores 
Educacionais 
F - 6 
M - 5 
= 11 
 1 
1983 F - 7 
M - 2 
= 9 
 
1984 F - 5 
 
 6 3 
1985 2 Orientadores 
Educacionais 
M - 1 1 
44 
 
 Todavia, a questão do gênero
7
 remete para a importância da reflexão sobre a 
atuação do professor no contexto histórico educacional, uma vez que a atuação 
profissional no magistério foi primeiramente perpassada pela atuação do gênero 
masculino, sendo aos poucos modificada por razões socioeconômicas e culturais que 
foram sendo estruturadas no âmbito educacional. 
Nessa perspectiva, Soares (2008) aponta que foram surgindo vários aspectos 
para que a carreira docente masculina no Magistério fosse sendo aos poucos superada 
pelo gênero feminino; tais aspectos segundo a referida autora, dizem respeito a questões 
relativas à própria condição econômica salarial, bem como ao crescimento do número 
do gênero feminino que adentrou as Escolas Normais, uma vez que houve nesse 
contexto a oferta do ensino público secundário para a formação de professoras e assim a 
partir de então a classe feminina foi se inserindo na carreira docente, acarretando deste 
modo a feminização mais acentuada desta profissão: 
 
Para que se compreenda o trabalho docente atual, é de extrema 
relevância compreender e refletir historicamente sobre o início da 
feminização dessa profissão. Michael Apple (1998) foi o primeiro a 
definir a categoria de gênero como um elemento indispensável para a 
compreensão do trabalho docente. Para o autor, classe, sexo e ensino 
são indissociáveis. O autor sugere que o magistério feminino está 
diretamente relacionado a “um processo de trabalho articulado às 
mudanças, ao longo do tempona divisão sexual do trabalho e nas 
relações patriarcais e de classe” (SOARES, 2008, p. 3 apud APPLE, 
1998, p. 15). 
 
Neste sentido, compreende-se que a questão do gênero relativa à profissão 
docente pode ser entendida a partir de processos advindos e permeados por relações e 
mudanças em meio a sociedade, as quais se constituíram historicamente sob os aspectos 
socioculturais, políticos e econômicos e foram sendo reconstruídas na esfera social e 
educacional. 
 
 
 
7
 Para entender tal processo concorda-se com as colocações de Almeida (1998), que afirma que a 
atribuição do desprestígio da profissão ao “sexo” do sujeito, se constitui num discurso que contribui para 
a desvalorização da profissão docente. Tal conotação apresenta uma forma contraditória, pois no início a 
docência era uma função realizada sumariamente por homens. Então podemos inferir que sua 
desvalorização antecede à feminização. Inicialmente, eram os homens que freqüentavam em grande 
maioria o magistério. Mas, aos poucos essa situação ia mudando em decorrência de salários diminutos e a 
presença de mulheres que aceitavam esses parcos rendimentos, se tornou maciça nas escolas normais. 
Esse fenômeno foi registrado em todas as Províncias do Brasil. (SOARES, 2008, p. 1). 
45 
 
4.5 Memórias dos Sujeitos Históricos 
4.5.1. Docentes 
A Escola Polivalente, desde o início de suas atividades, em sua singularidade, 
contou com professores que demonstraram ter se dedicado intensamente ao processo de 
consolidação do ensino na instituição. No período aqui delineado, os professores que 
tiveram participação nesta pesquisa partilharam de lembranças e vivências 
compreendidas através de suas práticas desenvolvidas no âmbito educacional junto aos 
que coletivamente construíram parte dessa história no tempo em que atuaram no 
Polivalente. 
Neste intuito, para a presente pesquisa, contou-se com a participação de quatro 
ex-professores - três professores e uma professora. A partir dos depoimentos dos ex-
professores, foi possível a reflexão sobre os significados construídos em meio as suas 
práticas experenciadas junto aos alunos, podendo também ser vista a consideração 
desses profissionais ao terem sido partícipes do processo histórico educativo de boa 
parte da população tijucana. Sendo assim oportuno uma breve contextualização relativa 
ao perfil de cada um dos entrevistados. 
 Valter
8
 iniciou seus estudos no Grupo Escolar São José em Santa Vitória, 
concluindo nesta cidade até a 8ª série, após concluiu o 2º Grau na Escola Técnica 
Federal na cidade de Uberlândia e posteriormente fez o Curso Superior na Universidade 
Federal de Minas Gerais - UFMG, sendo este o Curso de Formação de Professores 
promovido pela SEE, MEC e PREMEM; esse Curso de acordo com o professor visou 
formar Profissionais para atuarem nas Escolas Polivalentes. 
Ao falar sobre sua vida acadêmica, o Professor Valter relata que começou sua 
carreira como professor aos 18 anos e sempre gostou de Matemática, sendo esta sua 
área preferida; ele relembra que dentre professores que deixaram marcas em sua vida 
foram um professor de Matemática e um de Ciências, já que estas eram as áreas com as 
quais ele mais se identificava. Antes de iniciar seu trabalho na Escola Polivalente de 
Ituiutaba, o Professor Valter relatou que lecionou na Escola Polivalente da cidade de 
 
 
8
O professor Valter nasceu no ano de 1953 na cidade de Santa Vitória - MG, onde viveu sua infância no 
sítio de propriedade da família, junto aos pais e aos seus 10 irmãos. No sítio ele brincava e trabalhava 
ajudando seus pais com os afazeres da fazenda, como também estudava. Ele colocou que sempre teve o 
apoio da família, não ocorrendo nenhum obstáculo durante o período de seus estudos. Durante o tempo 
em que residia nesta cidade, trabalhou no comércio até se mudar para outra localidade a fim de dar 
continuidade aos estudos. Casou-se e teve um filho, o qual está no momento em Formação Superior na 
Universidade Federal de Uberlândia. 
46 
 
Caxambú, posteriormente veio para esta cidade na qual exerceu sua profissão docente 
na Escola Polivalente até se aposentar, no período de 1974 até 2007. 
O seu processo de contratação nesta escola, segundo ele, se deu por meio de 
seleção através de vestibular, mediante sua formação no Curso de Licenciatura para 
Formação de Professores destinado aos profissionais que atuariam nas Escolas 
Polivalentes, realizada na Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, na qual se 
especializou na área de Práticas Agrícolas. 
 A escola segundo ele, contava com uma Gestão participativa, já que Diretor, 
Vice, Supervisão, Orientação, Professores e Serviçais trabalhavam sempre em conjunto, 
mantendo uma boa relação com todos da escola. 
Quanto ao aspecto físico do Polivalente na época em que atuou nesta escola, ele 
relatou que este era excelente, capaz de atender alunos e professores em todos os 
aspectos, uma vez que contava com uma ampla estrutura tanto no ambiente interior, 
com salas e laboratórios adequados ao trabalho pedagógico, quanto ao ambiente 
exterior, o qual contava com vasta área para as práticas efetivadas com os alunos, como 
a sua disciplina de Práticas Agrícolas, a qual no momento das aulas práticas era 
realizada no espaço específico destinado às mesmas, como também quadras de esporte, 
dentre outros. 
 Ele relatou que a escola contava com uma grande demanda de alunos e era 
muito procurada pela população tijucana, segundo ele, vinham muitos filhos de 
fazendeiros da região estudar no Polivalente, como também alunos de famílias 
tradicionais da cidade. Sobre o perfil destes, na maioria, em sua consideração quanto o 
nível socioeconômico, estava no nível da classe média. 
Segundo o Professor, não havia casos de evasão desses alunos e quanto a 
transferências, estas ocorriam apenas por motivo de mudança de família, já que quem 
começava na 5ª série sempre terminava o curso que abrangia até a 8ª série. A 
distribuição das vagas era organizada de modo a preencher o número correspondente ao 
que a escola ofertava: “existiam na época 400 vagas por turno para as 4 áreas de 
atuação – Agrícolas, Comerciais, Industriais e Educação Para o Lar. Havia exame de 
seleção para todos os alunos”. (VALTER, 2015) 
De acordo com este professor, o qual atuou nesta escola como professor de 
Práticas Agrícolas e Matemática, ao se referir sobre o ensino de 1º Grau
9
- 5ª a 8ª séries, 
 
9
 Referente às disciplinas que compunham o Currículo do 1º Grau das áreas de ensino do Polivalente 
neste período, foram destacadas pelo Professor Valter respectivamente: Matérias Acadêmicas- Português, 
47 
 
ele relata que o Polivalente contava com a oferta de 800 vagas, sendo estas divididas 
nos períodos em que a Escola atendia- matutino e vespertino – 400 vagas em cada 
turno, contando assim com 10 turmas de 40 alunos em cada turno, de modo que as áreas 
do ensino profissionalizante eram distribuídas em quatro (4) integradas ao ensino 
regular: Práticas Agrícolas, Práticas Comerciais, Práticas Industriais e Educação Para o 
Lar. 
 No decorrer da 5ª e 6ª séries os alunos perpassavam pelas quatro áreas do ensino 
profissionalizante, ou seja, a cada semestre os alunos estudavam uma dessas áreas, e ao 
adentrarem a 7ª série, escolhiam a área com a qual mais se identificavam, dando 
continuidade na área escolhida sob a 7ª e 8ª séries. 
Neste sentido, os alunos já eram orientados a refletirem sobre a possível vocação 
profissional, ou seja, a escola propiciava ao aluno a se conhecer e se identificar com as 
ramificaçõespropostas pelos cursos integrados ao ensino que este aluno freqüentava no 
decorrer de sua formação nas quatro séries abrangentes nesta escola. 
De acordo com este professor, sua área de atuação no Polivalente de Ituiutaba 
nas áreas que compunham o ensino integrado era Técnicas Agrícolas; segundo ele, as 
suas aulas sempre aconteciam de forma dinâmica e com uma considerável participação 
dos alunos. 
Assim, como relatado, durante as suas aulas ele sempre estava em movimento na 
sala e não tinha o costume de ficar sentado, mas buscava o diálogo a todo o momento 
entre o que estava sendo ensinado e aprendido pelo aluno, segundo ele, teve casos de 
alunos virem procurá-lo posteriormente para lhe falarem sobre a continuidade dos 
estudos e para lhe agradecer pela atenção e pelo ensino disponibilizado nas aulas, como 
o caso de um ex-aluno que em determinado dia o procurou na escola para lhe falar que 
estava fazendo o Curso de Medicina, dentre outros. 
Quanto a rotina das aulas, ele apontou que embora trabalhasse o mesmo 
conteúdo teórico com as diferentes turmas, ele sempre contextualizava variando os tipos 
das abordagens, buscando interagir com os alunos de modo a fazer com que eles se 
interessassem pelo exposto e assim pela participação mediante uma aprendizagem 
significativa: “sempre gostei de quebrar essa rotina a cada aula”. (VALTER, 2015). 
 
Matemática, Ciências, História, Geografia, Organização Social e Política do Brasil – O.S.P.B., Inglês, 
Desenho Geométrico, Geometria, Educação Moral e Cívica, Educação Religiosa. Matérias Práticas – 
Técnicas Agrícolas: Técnico agrícola, Agronomia, Veterinária, Engenharia florestal e outros. Técnicas 
Comerciais: Contabilidade, Administração, Ciências econômicas e outras. Técnicas Industriais: 
Engenharia industrial, Engenharia elétrica e outras. Educação Para o Lar: Nutrição, Fisioterapia e outras. 
48 
 
Em seu depoimento, o Prof. Valter (2005) destacou que ainda mantém contato 
com alguns ex-alunos, quando estes o encontram na rua, sempre o procuram para 
conversar e relembrar um pouco da época em que estiveram juntos na escola, já que na 
relação entre professor e alunos houve a construção de um vínculo de amizade que 
permanece vivo entre eles. Dentre os alunos, ele ressalta o conhecimento de alguns que 
deram continuidade aos estudos e são formados em medicina, veterinária, agronomia, 
etc. 
Ao se referir sobre o contexto político educacional da época e suas 
considerações sobre as influências da política na escola, ele aponta que estas influências 
sempre estiveram presentes no meio educacional: “a política sempre teve interferência 
sobre a educação. São várias as formas em que a política interfere: preparação de 
professores, currículos, carga horária, salários, etc., naquela época as normas eram 
cumpridas conforme queria o Governo.” (VALTER, 2015) 
 Como vimos anteriormente, a repressão forçava a adesão aos programas que o 
governo federal impunha a população neste período em que várias medidas foram 
dimensionadas nas esferas sociais, como também na educação, ao ser priorizada como 
meio de integração aos interesses da economia industrial. 
Sobre sua consideração no tempo em que atuou no Polivalente, ele ressalta que 
foi um período em que aprendeu junto aos seus alunos e como antes mencionado, 
continua ainda sendo muito querido por vários ex-alunos que o encontram, pois, 
segundo ele: “A docência é o maior aprendizado para o ser humano. Nas faculdades 
aprendemos as matérias acadêmicas. Na relação com os alunos de diferentes idades, 
aprendemos a ser gente cada vez melhor”. (VALTER, 2015) 
Mariana
10
 iniciou seus estudos no Colégio Santa Tereza, no qual concluiu até a 
4ª série, indo morar posteriormente na cidade de “São Sebastião do Paraíso”, estudar 
interna em um Colégio de Freiras, concluindo neste, parte da 8ª série, quando o 
internato fechou, regressando deste modo a Ituiutaba e voltando a estudar no Colégio 
Santa Tereza, onde fez o Curso Normal. Após, Mariana foi para Uberlândia fazer 
Faculdade de Artes - Curso de Desenho e Artes. Posteriormente retornou a Ituiutaba e 
graduou-se em Complementação Pedagógica, Pós-Graduação em Supervisão, Inspeção, 
 
10
 A professora Mariana nasceu no ano de 1952 na cidade de Ituiutaba- MG, onde viveu sua infância junto 
aos pais e seus 10 irmãos, já que perdeu três quando crianças, totalizando deste modo 14 irmãos, assim 
ela relatou que brincava e ajudava a cuidar dos irmãos mais novos. Estudou no Colégio Santa Tereza até a 
4ª série, o qual se localizava bem próximo à sua casa, prosseguindo posteriormente seus estudos em outra 
localidade. Atuou no Polivalente de 1983 até o ano de 1985 quando saiu e tirou o LIP – Licença para 
Tratar de Interesses Particulares - para ir para fora do país. Casou-se e não teve filhos. 
49 
 
Gestão Escolar e Orientação. Atuou no Polivalente de 1983 até o ano de 1985. Nasceu 
no ano de 1952 na cidade de Ituiutaba- MG, onde viveu sua infância junto aos pais e 
seus 10 irmãos, já que perdeu três quando crianças, totalizando deste modo 14 irmãos, 
assim ela relatou que brincava e ajudava a cuidar dos irmãos mais novos. Estudou no 
Colégio Santa Tereza até a 4ª série, o qual se localizava bem próximo à sua casa, 
prosseguindo posteriormente seus estudos em outra localidade. 
De acordo com o depoimento da Professora Mariana, ela sempre teve o apoio 
dos pais para prosseguir com seus estudos. Começou a atuar profissionalmente em 
Uberlândia como professora quando estava fazendo faculdade de Artes com a idade de 
20 anos. Após concluir sua graduação retornou à Ituiutaba e começou a lecionar em 
escolas estaduais, dentre estas o Polivalente, sendo sua área de atuação Práticas 
Industriais. 
A professora relatou que o processo de seleção para sua entrada no Polivalente 
foi por contrato, tendo como requisito a apresentação da escolaridade, ou seja, do Curso 
de Graduação exigido para a área a ser ministrada. Ao se referir sobre sua entrada nesta 
escola ela aponta que: 
 
Quando comecei a trabalhar na Escola Polivalente, não encontrei 
nenhuma dificuldade, era uma relação muito boa, era um pessoal 
amigo, na época, tinha o Valter, o Valter todo extrovertido, nós 
éramos parceiros, ele trabalhava com a metade da turma e eu com a 
outra metade, ele trabalhava com Práticas Agrícolas... teve outros 
professores que eu dividi a turma na Educação para o Lar, eu não me 
lembro o nome dos professores, mas o Polivalente era muito assim, o 
pessoal era muito amigo, muito legal... (MARIANA, 2015). 
 
Ao falar sobre a relação com a Gestão da escola, a Professora Mariana relatou 
que esta era sempre participativa e se interagia bem com os professores e demais da 
escola; segundo ela, a sua relação com os colegas de trabalho era legal, ainda tem 
contato com alguns deles, bem como sua relação com os funcionários, uma vez que 
ainda ao encontrá-los fica feliz porque ficou guardada uma amizade que foi construída 
naquela instituição. 
Em relação a situação física do Polivalente na época em que atuou como 
professora, ela relata que tinha tudo que era necessário no espaço físico, de modo que 
ela considera ainda permanecer conservado o espaço dessa escola no atual momento, já 
que o mesmo não sofreu grandes modificações. 
50 
 
Segundo o depoimento da Professora Mariana, embora ela fosse formada em 
Artes e assim trabalhasse na área de Práticas Industriais, havia alguns materiais que 
exigiam maiores conhecimentos, como habilidades em algumas máquinas, o que foi 
sendotrabalhado e apreendido gradualmente junto aos alunos: 
 
No Polivalente eu lecionei Artes Industriais, embora não tinha a 
especialização da Arte Industrial... trabalhávamos com argila...com 
argila os alunos trabalhavam com a alma, com a sensibilidade; os 
vasos eram feitos na máquina, eram peças criativas e decorativas, 
lembro-me que os alunos faziam vasos em forma de orelha, nariz, eles 
criavam as peças.., com sisau os alunos faziam suporte para plantas, 
trabalhavam com moldura de espelho, lá eles trabalhavam muito com 
couro – molhava-se o couro, frisando o trabalho artístico, fazíamos 
também carteiras com o couro, bancos...trabalhávamos com 
cerâmica, madeira, entalhe, os alunos fizeram vários banquinhos 
usando o entalhe, suportes de vasos trançados com sisau... O entalhe 
é feito na madeira com formão, os meninos assim gostavam bastante, 
e o entalhe para ser feito depende de muita habilidade, muita 
paciência, para ele ficar bonito tem que trabalhar muito, aproveitar a 
veia da madeira, lixar muito bem lixado para dar um acabamento 
bonito... então eles faziam, eles gostavam, faziam quadros...Na minha 
aula quem gostava, gostava, quem não gostava, aprontava, mas eu 
tinha vários alunos que gostavam muito... (MARIANA, 2015). 
Ao falar sobre as influências da aprendizagem dos alunos mediante as técnicas 
aprendidas em suas aulas, ela relata ter conhecimento de ex-alunos do Polivalente que 
prosseguiram estudos e profissões que estão vinculados ao que vivenciaram nas aulas de 
Artes Industriais: 
 
[...] inclusive, eu tive alunos que aprenderam a entalhar, hoje eles tem 
a profissão de Dentista, Protético, como um que se formou como 
Protético; ele despertou a sua habilidade quando era aluno do 
Polivalente, tem outro também, formado em Podologia, no início 
mesmo ele fazia entalhe na madeira, hoje ele trabalha a parte de 
“cutículas”, então ele tinha aquela habilidade e aflorou a 
experiência, dentre outros. (MARIANA, 2015) 
 
 
Foi possível ter o acesso a alguns objetos pessoais da Professora Mariana, os 
quais ela guarda como lembrança, estes foram construídos junto aos alunos do 
Polivalente na época em que ela ministrava a disciplina de Artes Industriais, dentre 
estes, bancos, suporte para vasos de sisau e suporte para chaves de madeira, como 
demonstra as imagens abaixo: 
 
 
 
51 
 
 Figura 5: Banco com entalhe em madeira. 
 
 Fonte: Acervo Pessoal Mariana 
 
 
Figura 6: Suporte para vaso em sisau 
 
Fonte: Acervo Pessoal Mariana 
 
52 
 
Como pode ser visto, os trabalhos desenvolvidos pelos alunos demonstraram que 
a habilidade era algo essencial para a produção artística dos objetos, como a Professora 
Mariana relata ao falar que “o entalhe na madeira é a arte manual, na qual a pessoa 
desenvolve a habilidade, a paciência e a intuição... a beleza dele é a execução do 
trabalho, feito com a alma, é um trabalho longo que exige paciência”. (MARIANA, 
2015) 
A professora ao se referir sobre a organização do número de alunos sob os 
cursos profissionalizantes relata que a sala de aula era dividida ao meio, com um 
número aproximado de 20 alunos para cada professor. Segundo ela, as classes eram 
sempre muito cheias, quanto ao perfil socioeconômico dos alunos, ela considera que a 
maior parte era da classe média; ela coloca que naquela época “os alunos eram mais 
comprometidos, mais do que hoje”. (MARIANA, 2015) 
Ao fazer uma reflexão sobre sua prática, a professora ressalta que é importante 
ter o gosto pela profissão na qual se atua: “Em toda a minha vida eu lecionei Artes, eu 
gostei daquilo que eu fazia, sempre gostei de Arte, de fotografar... hoje, recentemente 
aposentada, continuo com a minha Arte da Fotografia”. (MARIANA, 2015) 
Helton
11
 estudou em uma Escola Rural concluindo nesta até a 2ª série, após 
mudou-se para a cidade de Ituiutaba para estudar no Instituto Marden onde concluiu a 3ª 
e 4ª séries. Posteriormente mudou-se com os irmãos para a cidade de Araguari para 
estudarem em admissão internos no Colégio “Regina Pacis” (Rainha da Paz), no qual 
estudou cinco anos, voltando a Ituiutaba para fazer o Tiro de Guerra e estudar. Em 1960 
os pais mudaram para a cidade e passou a morar com eles. Em 1961 começou a 
trabalhar no Banco Mineiro da Produção e após passou a trabalhar no Banco de Crédito 
Real, quando também estudava a noite fazendo o Curso de Contabilidade no Instituto 
Marden. Quando terminou o Curso de Contabilidade em 1970 iniciou a Faculdade de 
História na Faculdade do Triângulo Mineiro – FTM e continuou a trabalhar no Banco. 
Atuou no Polivalente de 1974 até 1993, quando foi trabalhar na Superintendência de 
Ensino e atuou nesta instituição até se aposentar. 
 
11
 O Prof. Helton nasceu no ano de 1941 na cidade de Ituiutaba – MG, sendo que a sua família residia na 
zona rural. Assim, em sua infância morou na fazenda junto aos pais e aos quatro irmãos - no entanto, ele 
perdeu dois, estando no presente momento em um número total de três irmãos. Segundo ele, em sua 
infância brincava, fazia serviços que dava conta e estudava em uma Escola Rural que ficava próxima a 
sua casa, na qual concluiu até a 2ª série, já que posteriormente ele veio para Ituiutaba estudar no Instituto 
Marden, concluindo neste as 3ª e 4ª séries, quando posteriormente mudou-se com os irmãos para estudar 
em outra localidade. Casou-se e teve três filhos, os quais tem como formação profissional: Médico, 
Advogado e Bióloga. 
53 
 
Em seu depoimento, o Professor Helton relatou que sempre teve o apoio da 
família para continuar os estudos, pois o pai fazia questão que os filhos estudassem. Ao 
falar sobre um professor que deixou marcas em sua vida, ele lembra-se sobre “o 
professor da Escola Rural, ele era um espetáculo, sem recurso nenhum ele dava aula 
maravilhosamente bem”. (HELTON, 2015) 
Ao referir-se sobre sua carreira como docente, o Professor Helton relatou que 
começou a lecionar no Colégio São José, onde trabalhou por aproximadamente três 
anos. Após, no ano de 1974 começou a trabalhar como Professor na Escola Polivalente, 
tendo atuado também nesta como Vice-diretor, exercendo deste modo suas atividades 
nesta escola até o ano de 1993. 
Segundo ele, quando começou a trabalhar no Polivalente, não encontrou 
nenhuma dificuldade, pois já conhecia os professores e o diretor, uma vez que estes 
juntos haviam realizado o Curso Superior de Formação de Professores na Universidade 
Federal de Minas Gerais - UFMG – Curso de Curta Duração. 
 Quanto a situação física da escola, ele relatou que naquela época era 
espetacular, o prédio e tudo era novo, com toda a estrutura capaz de atender bem os 
alunos, contando inclusive com um número de 20 banheiros que ficavam em local 
próximo ao espaço das atividades esportivas, os quais eram usados para os alunos 
tomarem banho após as aulas de Educação Física, a escola contava também com a 
presença de um médico e um psicólogo. Quanto a sua contratação profissional no 
Polivalente, segundo ele, ocorreu através de vestibular, mediante a graduação obtida 
pelo Curso Superior de Formação de Professores realizado na UFMG, no qual sua área 
de formação foi em Práticas Comerciais. 
O Professor relatou que havia muita demanda de vagas na escola; sua 
consideração quanto o nível socioeconômico dos alunos, é de que esta permeava todas 
as classes, sendo comum aos alunos darem continuidade aos estudos e assim mantinham 
a permanência na mesma: “Casos de evasão no Polivalente não eram comuns, 
reprovação era, mas por falta do aluno estudar, então fazíamos reunião, chamávamos 
os pais e conversávamos sobre a situação dos filhos”.(HELTON, 2015) 
Neste sentido, em seu depoimento o Professor Helton relatou que a Gestão da 
escola procurava sempre participar de modo integrado com todos da escola, e sua 
relação com esta e seus colegas de trabalho sempre foi muito boa e de respeito. 
 Ao falar sobre sua atuação como vice-diretor, ele colocou que sempre procurou 
trabalhar com honestidade e clareza mediante as necessidades que surgiam na escola, 
54 
 
junto à gestão, alunos, pais e professores, de modo que, diante das ações o diálogo 
estava sempre presente: “eu era vice-diretor e cuidava da área disciplinar dos alunos, 
na verdade os professores cuidavam da disciplina dos seus alunos, então em último 
caso, chamávamos os pais para conversar e para nos ajudar e surtia efeito”. 
(HELTON, 2015) 
Segundo ele, os cursos técnicos que compunham o ensino integrado, não eram 
bem cursos profissionalizantes, mas vocacionais, já que havia diferentes áreas com as 
quais os alunos podiam se identificar. 
A área de atuação de Helton como professor no Polivalente foi em Práticas 
Comerciais; de acordo com seu relato, as aulas eram sempre dinâmicas, os alunos 
aprendiam na interação com a prática: 
Minha sala de aula era muito gostosa, era divida em três momentos 
de atividades práticas: tinha uma “Bomboniere”, de verdade, se 
comprava e vendia, e os alunos ganhavam salário com o próprio 
dinheiro que era obtido no decorrer das vendas. Tinha o Banco, os 
alunos trabalhavam com talão de cheque, tudo como o funcionamento 
de um Banco mesmo... e uma Escola de Datilografia. Todo o lucro da 
loja era revestido no salário deles, na Bomboniere a gente mudava a 
diretoria da loja a cada 15 dias, mudávamos também a diretoria da 
loja de Datilografia e do Banco, mudávamos tudo. Quanto a rotina 
das aulas, lá no Polivalente os professores não mudavam de sala de 
aula, os alunos é que mudavam; os alunos tinham 5 minutos para 
mudarem de sala na troca de horários. Os alunos interagiam muito 
nas minhas aulas; na minha área os próprios alunos cuidavam da 
organização da sala e dos materiais. (HELTON, 2015) 
 
A partir dessas aulas que aconteciam de modo prático e dinâmico, o referido 
professor relatou que os alunos se sobressaiam mediante as aprendizagens, como no 
caso de três ex-alunos do Polivalente que trabalharam no Banco Financial do qual ele 
era gerente, devido aos conhecimentos práticos que eles aprenderam lá. Ele relatou 
também que tem o conhecimento de ex-alunos que atualmente são médicos, dentistas, 
policiais, dentre outros, de modo que ainda encontra ex-alunos na rua e sempre é 
lembrado por eles. 
 Em seu depoimento, ele relatou que há poucos dias um ex-aluno o abordou 
perto de sua residência chamando-o: “professor, professor” e relembrando o tempo em 
que foi seu aluno o elogiou pela postura que tinha como professor, postura esta como 
mencionou ao professor, que procura ter em suas ações, já que ficou como exemplo em 
sua vida. Ao relatar sobre a relação da escola com a comunidade, o Prof. Helton 
55 
 
ressaltou que a escola sempre procurava estabelecer uma relação participativa junto a 
esta e aos pais dos alunos: 
 
Na escola havia confraternizações e eventos, ela promovia esses 
encontros com pais e com os filhos, fazíamos campeonatos. Os 
pais participavam, fazíamos torneios com participação, tinha 
festa junina com dança de quadrilha, os pais participavam e se 
interagiam com a escola. (HELTON, 2015) 
 
 
 
Figura 7: Alunos participando de Festa Junina no Polivalente 
 
 Fonte: Acervo Escola Estadual “Antônio Souza Martins” - Polivalente 
 
 
56 
 
Danilo
12
 iniciou seus estudos em regime interno no Instituto Marden, no qual 
concluiu o 1º Grau – 1ª a 8ª séries, após fez o 2º Grau na Escola Estadual “Governador 
Israel Pinheiro” – o Estadual. Em seu depoimento ele relatou que durante sua trajetória 
escolar sempre teve o apoio da família e após ter concluído o 2º Grau, fez dois anos de 
cursinho no Colégio Objetivo na cidade de São Paulo. 
Ao seu retorno a Ituiutaba, ele fez Faculdade de Filosofia e posteriormente o 
Curso de Curta Duração em Belo Horizonte, o qual foi promovido para a Formação de 
Professores dos Colégios Polivalentes, na Universidade Federal de Minas Gerais, tendo 
sido Ciências a sua área de formação neste curso. Segundo o Professor Danilo, alguns 
anos mais tarde, ao ter início o 2º Grau no Polivalente, ele fez também o Curso de 
Química em Guaxupé, no Sul de Minas, em Universidade Privada. 
Desse modo, o Professor Danilo relatou que começou a exercer sua atividade 
profissional trabalhando no comércio da cidade. Ao falar sobre sua carreira docente, ele 
relatou que iniciou esta por volta dos 25 anos de idade, ministrando aulas no Instituto 
Marden, Escola Israel Pinheiro, Colégio Santa Tereza e SESI. 
Neste sentido, o professor afirmou que começou a trabalhar na Escola 
Polivalente no ano em que esta começou suas atividades em 1974 e atuou nesta até se 
aposentar, não encontrando assim nenhuma dificuldade no ambiente desta escola, já que 
as aulas eram bem distribuídas e os professores trabalhavam apenas com 20 alunos na 
sala, como relatado: “Eu dava aula de Ciências no laboratório com 20 alunos, eram 
dois laboratórios e dois professores de Ciências, cada um ficava com 20 alunos, todas 
as aulas práticas da escola eram com 20 alunos”. (DANILO, 2015) 
Segundo ele, para o ingresso como professor no Polivalente era necessário antes 
fazer concurso, os candidatos aprovados foram fazer o Curso Superior de Curta Duração 
na Universidade Federal de Minas Gerais, quanto o processo de seleção para a 
contratação na escola, após a graduação do curso, esta seleção era feita por concurso 
CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), os aprovados eram admitidos e tinham a 
carteira assinada. 
 
12
 O Professor Danilo nasceu no ano de 1945 em Ituiutaba, sendo sua família na época residente da área 
rural. Tem três irmãos, sendo o mais novo destes. Viveu com seus pais e os irmãos na fazenda até os 10 
anos de idade, quando mudou para a cidade de Ituiutaba para estudar. Casou-se e têm três filhas, a mais 
velha é formada em Ciências da Computação e Inglês e reside no Canadá, a do meio é formada em Física 
e a mais nova é Nutricionista. 
57 
 
Referente a essa questão, foi possível através da notícia destacada em jornal 
identificar a ênfase sobre a importância trazida quanto aos Cursos destinados a 
formação de professores para as Escolas Polivalentes: 
 
Nosso Governador assinou o Decreto nº 12.863, que dará 
cumprimento a convênio celebrado entre Minas e a União, o Programa 
de Expansão e Melhoria do Ensino Médio, a Universidade Federal de 
Minas Gerais e o Centro de Treinamento de Professores para os 90 
Ginásios Orientados para o Trabalho – a Serem criados em Minas, 
haja vista os grandes benefícios que têm trazido ao País, às nossas 
indústrias, as experiências feitas com os aludidos ginásios nos Estados 
onde já foram instalado. A admissão de pessoal administrativo, 
técnico, docente e auxiliares será feita através do contrato regido pela 
CLT, com vigência por prazo indeterminado, exigindo-se dos 
interessados títolos de habilitação legal. Estão abertas desde 2º de 
Julho p. p. e prolongar-se-á até dia 15 do corrente, o prazo para as 
inscrições para o exame de seleção dos candidatos aos Cursos de 
Licenciatura de Curta Duração (autorizados pelo Conselho Federal de 
Educação através dos pareceres; nsº 912169 e 74/70), em Belo 
Horizonte, Uberaba, Uberlândia e outras cidades. (Jornal Cidade de 
Ituiutaba, 1971) 
 
Neste sentido, os professores das Escolas Polivalentes comocompreendido, 
passaram por um Curso de Licenciatura Curta específico de preparação para as áreas de 
ensino a serem ministradas nos cursos técnicos integrados ao ensino regular e mediante 
a este eram capacitados para atuar nessas escolas sob tais áreas. 
Quanto a entrada dos alunos na escola, o Professor Danilo relatou que estes 
também passavam pelo processo de exame de seleção, o qual era baseado em conteúdos 
de Língua Portuguesa e Matemática, e desse modo era exigida uma pontuação para o 
aluno adentrar esta escola, segundo ele, havia muita demanda de vagas na escola, casos 
de evasão não aconteciam e a reprovação era muito rara; em sua consideração este fato 
se deve em vista das aulas serem atrativas para os alunos, como relatado pelo professor 
“as aulas eram muito prazerosas, eram muito práticas, no laboratório, eles gostavam 
da aula de Ciências, para trabalharem com o microscópio, eles ficavam loucos por 
essas aulas”. (DANILO, 2015) 
Segundo ele, as aulas do ensino técnico que compunham o currículo escolar, 
eram bem dinâmicas e interativas, os alunos aprendiam nessas aulas por interesse 
mesmo, pelo próprio movimento das aulas, como demonstra em seu relato: 
Na Educação par o Lar, fomos os primeiros a trabalhar com a soja, 
em 1974 estavam começando com o plantio na região, então 
ensinava-se nessas aulas a preparação de alimentos com a soja, como 
58 
 
bolo, torta, leite de soja, farinha, carne de soja, tudo de soja, e eles 
aprendiam a fazer. Na época, os alunos estranharam um pouco os 
alimentos de soja, o sabor... mas todos os alunos participavam dessas 
aulas de Educação para o Lar e aprendiam muitas técnicas com os 
alimentos. Na Prática de Comércio, eles aprendiam a trabalhar com 
crédito, com débito, a preencher um talão de cheque... Nas Artes 
Industriais eles aprendiam muitas coisas, como trabalhar com 
madeira, cerâmica, tinha o forno de cerâmica, tinha até o torno para 
o metal.... (DANILO, 2015) 
 
Ao falar sobre a estrutura física da escola, o Professor Danilo destacou que esta 
contava com tudo, biblioteca, sala para filmes, laboratórios, quadra, campo de grama, 
banheiros com chuveiros, vestiário feminino e masculino. Segundo ele, depois das aulas 
de Educação Física os alunos voltavam suados e iam para o banho e lá os alunos é que 
mudavam de sala, os professores não. 
Quanto a inspeção escolar, ele relatou que havia a presença desta na escola uma 
vez por mês, a qual vinha de Uberlândia, já que não havia ainda na cidade uma unidade 
da Secretaria do Estado. O Polivalente segundo ele buscava sempre a participação dos 
pais e da comunidade “os pais eram bem presentes, fazíamos as reuniões e os pais 
sempre iam”. (DANILO, 2015) 
Nesse sentido, o Professor Danilo trouxe em seu relato que a escola promovia 
muitos eventos, como festas que visavam a integração dessas partes, como mencionado 
em seu relato a fanfarra era uma das atividades de mais destaque: “a escola promovia 
muitos eventos, um dos principais era a fanfarra, o Polivalente possuía 120 
instrumentos de fanfarra, ela ganhou em primeiro lugar em vários concursos que teve 
aqui; o professor de Educação Física treinava a fanfarra”. (DANILO, 2015) 
Nessa perspectiva, o professor destacou também a relação da escola com os 
funcionários, a qual segundo ele era bem interativa “Os funcionários eram muito 
amigos, muitas vezes ajudamos funcionários e alunos que passavam por dificuldades, 
arrecadávamos dinheiro, alimentos, comprávamos roupas, sapatos, fazíamos 
campanhas, a gente ajudava”. (DANILO, 2015) 
Ao se referir sobre o contexto político da época, o Professor Danilo relatou que 
este interferiu nas políticas educacionais, no entanto não prejudicou o ensino do 
Polivalente, já que os professores buscaram ofertar um ensino de qualidade aos seus 
alunos, não se limitando a prepará-los para a mão de obra destinado ao mercado de 
trabalho, mas visando a preparação dos alunos a darem continuidade dos estudos em um 
processo de ensino integrado a formação humana. 
59 
 
Dentre o exposto a partir das memórias e vivências trazidas pelos Professores (a) 
Valter, Mariana, Helton e Danilo, foi possível vislumbrar parte da história vivida nesta 
escola e na vida dos sujeitos que a comporam neste período. 
Considerando as lembranças trazidas por estes profissionais a partir dos 
momentos experenciados entre o ensino e a aprendizagem, os significados se fazem 
presentes em cada prática do passado, os quais demonstram terem sido internalizados e 
marcados pela convivência em meio às ações vividas no Polivalente. 
Como compreendido, a Escola Polivalente ao dispor de uma boa e organizada 
infraestrutura, propiciava o interesse da comunidade quanto ao comprometimento em 
assegurar uma formação de qualidade para os filhos, uma vez que, como demonstrado 
nos relatos dos professores, não havia um quadro de evasão, de modo que a escola 
buscava o vínculo participativo dos pais junto as atividades que eram desenvolvidas na 
mesma, como festas comemorativas, torneios esportivos, dentre outros eventos que 
podem ser considerados interativos entre a relação escola e família. Os docentes eram 
contratados por seleções simplificadas ou por indicação, passaram por qualificações e 
tinham boa estrutura para atuarem nessa instituição, dentro dessas condições, 
indagamos: que tipo de aluno a escola “modelo” passou a receber em suas 
dependências? 
 
 
4.5.2 Discentes 
O conhecimento advindo das vivências entre os atores que estiveram no interior 
da instituição torna-se essencial para buscarmos a compreensão das práticas que ali 
foram integradas e experenciadas, as quais constituíram parte da construção histórica 
desta instituição. Para a presente pesquisa foram entrevistadas seis ex-alunas, as quais 
estudaram nesta escola durante o recorte temporário e contextual atingido pela pesquisa. 
Dentre as alunas que foram entrevistadas, todas residem neste município; estas 
se fizeram integrantes em prol do processo de construção dessa história, bem como das 
interpretações que foram sendo constituídas nessa trajetória em busca de significados 
vividos na Escola Polivalente. 
No arquivo da Escola, durante o período da pesquisa não foi possível verificar 
documentos relativos ao livro de matrículas dos alunos que a adentraram no período do 
início e suas atividades, porém mediante as entrevistas, buscou-se a relação entre os 
60 
 
depoimentos e fontes pesquisadas, como registros jornalísticos, grade curricular, 
práticas pedagógicas e fotografias. 
 
 
Figura 08: Alunas (os) da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” - Polivalente 
 
 Fonte: Acervo da Escola Estadual Antônio Souza Martins – Polivalente 
 
Eva
13
 nasceu em 1965 em Ituiutaba e sempre morou nesta cidade, dos seis 
irmãos ela é a terceira. Ela relatou que durante sua infância passou por muitas 
dificuldades e precisou trabalhar para ajudar com o sustento da família, assim, tinha 
muita vontade de conhecer outros lugares, como uma fazenda, mas devido às 
dificuldades financeiras, acabou ficando sempre limitada a esta cidade, a qual segundo 
ela, nesta época, era pequena, tinha bastantes árvores, poucas residências: 
 
A gente brincava um pouco, mas saíamos para vender tomate, vender 
doce, vender sabão, o que o adulto achava conveniente para vender; 
a gente visitava as Vilas, atravessava o córrego e íamos vender. Era 
 
13
 A ex-aluna Eva é formada na área de Assistência Social e Pedagogia, como também proprietária de 
Salão de Beleza e, atualmente se encontra em curso na Pós-Graduação em Educação. Concluiu da5ª a 8ª 
série do 1º Grau na Escola Polivalente, entreos anos de 1979 a 1982, se afastou dos estudos durante 
alguns anos e retornou aos mesmos já na idade adulta, depois de casada e com uma filha, a qual está em 
formação cursando Medicina. 
61 
 
muito bom ser aquela turma grande, mesmo que a gente passava 
muita dificuldade... mas a hora de ir brincar era muito boa, a hora de 
ir para a escola a gente também ia feliz porque sempre vinha um 
conhecimento novo e.... era uma carência de coisas materiais muito 
grande, mas naquela época ninguém ligava, não tinha esse 
capitalismo que tem hoje. (EVA, 2015) 
Ao falar sobre sua trajetória escolar, Eva relata que após concluir a 4ª série do 1º 
Grau, iniciou a 5ª série na Escola Polivalente no ano de 1979 no período vespertino, 
onde concluiu até a 8ª série, não possuindo nenhuma reprovação durante este período; 
mesmo antes de iniciar os estudos ela colocou que pensava em como seria estudar no 
Polivalente: “eu via contar maravilhas, a minha irmã mais velha já tinha estudado lá, 
eu fui com muitas expectativas” (EVA, 2015). Ela relatou que nesta época trabalhava 
fora para uma tia no período da manhã, e logo que terminava os afazeres se dirigia para 
a escola. 
 Referente às práticas pedagógicas, Eva relata que foi muito boa a experiência do 
estudo nesta escola junto às disciplinas que compunham o ensino profissional, já que as 
aulas eram sempre dinâmicas. Dentre os depoimentos referentes às disciplinas estudadas 
na Escola Polivalente Eva (2015) relata: 
 
Tinha as aulas de Práticas Agrícolas, que ora a gente estudava a 
parte teórica e depois a gente descia lá para a horta, a gente plantava 
hortaliça; tinha o Professor Valter que lecionava essa disciplina, 
Práticas Agrícolas... a gente media os canteiros, preparava a terra, 
semeava sementes, aguava todo dia e quando começavam a nascer as 
hortaliças era uma beleza só... a gente podia até levar um pouco para 
casa, e isso era bom porque para mim que tinha os irmãos, chegava 
em casa com verduras, fazíamos a comida e ficava muito bom... 
nessas aulas não ficávamos só sentados, só na teoria, escrevendo 
como nas outras disciplinas...Tinha também uma disciplina muito boa 
que era a Práticas Comerciais, a gente simulava compras e vendas, e 
isso era tudo anotado, era muito bom. Para mim era mais dificultoso 
porque eu tinha dificuldade com os números, em fazer contas, mas eu 
via que quem saia bem, achava o máximo essas aulas...Tínhamos 
também outra disciplina chamada Educação Moral e Cívica, que nos 
ensinava mais o preparo para o civismo, era o amor a Pátria, era o 
respeito à Escola, para com as pessoas, a reverência ao Hino 
Nacional, o astiamento a Bandeira, então na aula de Educação Moral 
e Cívica a professora sempre lia e a gente sabia muitas coisas que 
não podíamos fazer, porque foram ensinadas nessas aulas... (EVA, 
2015) 
 
 
 
 
 
62 
 
 
Figura 09: Alunos na aula de Práticas Agrícolas. 
 
Fonte: Arquivo da Escola “Antônio Souza Martins” – Polivalente 
 
 
Nessa perspectiva, a aluna destaca algumas das disciplinas estudadas e que 
ficaram marcadas em sua vida; no entanto ela revela com a qual mais se identificou ao 
estudar nesta Escola: 
 
Tínhamos também uma hora boa, que era a hora que eu mais 
gostava...era a hora da aula de Educação Física, tinha muitas 
duchas para a gente tomar banho, cada um chegava da Educação 
Física suado, tinha corrida, tinha voleibol, handebol... a gente jogava, 
na corrida eu era boa, conseguia medalhas porque eu chegava na 
frente, esforçava, esforçava muito... porque durante a minha infância 
eu brinquei muito, corri muito, pulei muito, subi em muitas 
árvores...então correr para mim não era dificuldade, então eu corria, 
corria muito e as medalhas vinham para mim... era boa também no 
handebol... (EVA, 2015) 
 
63 
 
De acordo com o relato acima, pode-se observar que o esporte ocupava um 
espaço central na vida da ex-aluna, já que ela expõe sua espontaneidade sobre as 
práticas positivas vivenciadas nessa área. 
 
 Figura 10: Alunos na Pista de Atletismo. 
 
 Fonte: Arquivo da Escola “Antônio Souza Martins”- Polivalente 
 
A aluna Eva (2015), ao concluir seu relato e concepção sobre o período de sua 
formação nessa instituição: 
 
O ensino do Polivalente, na verdade tinha suas regras. Mas acredito 
que foi o que me deu base teórica e social para o meu retorno aos 
estudos já depois de alguns anos afastada da escola, pois logo que 
terminei a 8ª série parei de estudar... Mas hoje vejo que uma das 
coisas mais importantes é a continuidade dos estudos, de modo que 
busco sempre continuar aprendendo no processo formativo pessoal, 
profissional e humano. Foi boa a interação, eu conheci muita gente, 
eu aprendia... valeu a experiência, a interação com as pessoas 
mesmo, e aquele objetivo de estar lá concluindo a 5ª, 6ª, 7ª e a 8ª, 
estar sempre indo para a escola e não ficar na ociosidade, não ficar 
na rua, não ficar em casa vendo o tempo passar, então eu fui à 
luta...não foi em vão aquele ensino, contribuiu para o processo de 
minha formação, enquanto sujeito sobre o que eu aprendi lá; as 
coisas mudaram muito, mas ainda está valendo os valores. (EVA, 
2015). 
 
64 
 
Luíza
14
 nasceu no ano de 1968 em Ituiutaba e relata que sempre residiu nesta 
cidade, sendo a 2ª filha dos cinco irmãos, dois (2) homens e três (3) mulheres, assim ela 
coloca que teve uma infância feliz, na qual brincava e ajudava sua mãe com os afazeres 
domésticos, não tendo trabalhado fora neste período. 
A ex-aluna relata que iniciou seus estudos no Polivalente no ano de 1979, 
concluindo neste da 5ª a 8ª série, não sendo reprovada no decorrer deste período. 
Deste modo, ela relembra que vivenciou grandes momentos ao estudar nesta 
escola, uma vez que todas as atividades, tanto as teóricas quanto as práticas advindas da 
integração do ensino regular e técnico profissionalizante, eram em sua consideração 
devidamente bem planejadas; segundo seu relato os professores se mostravam 
empenhados e acompanhavam a aprendizagem dos alunos, sendo este um dos maiores 
motivos para que ela se lembre com carinho dessa escola, como traz ao relembrar sobre 
um dos professores que deixou marcas em sua vida como estudante: 
 
Na verdade a gente, eu mesma, gostava de todos, mas um que marcou, 
acho que para a maioria dos alunos, foi o professor Valter, que na 
época era professor de Práticas Agrícolas... Porque ele era uma 
pessoa muito amiga, muito alegre, ele conversava assim com a gente, 
não parecia ser um professor, parecia ser um amigo mesmo, um 
colega de sala, não tratava a gente com indiferença... (LUÍZA, 2015) 
 
Ao falar sobre as aulas que integravam o ensino profissionalizante, Luiza (2015) 
relata que não se esquece do tempo em que estudou participando dessas aulas, já que 
elas faziam com que o ensino se tornasse mais dinâmico, pois haviam várias práticas 
diferenciadas e isso tornava a escola mais interessante. Segundo ela todas as aulas que 
compunham esta área integrada eram ministradas de modo interativo: 
 
Havia salas específicas, cada uma para sua matéria, a de Práticas 
Comerciais por exemplo, nas aulas simulávamos compras e vendas de 
produtos, havia o caixa, a gente abria o caixa, anotava as vendas e no 
final a gente fechava o caixa... então nas aulas de Práticas Agrícolas 
a gente plantava, a gente colhia alimentos, legumes que a gente 
plantava, e nas Práticas Industriais a gente fazia trabalhos manuais, 
trabalhávamos muito com madeira, pintávamos quadros, era tudo na 
sala específica. Na aula de Práticas Agrícolas a gente descia para 
onde havia os canteiros. Eu gostava muito dessas aulas.(LUÍZA, 
2015) 
 
14
A ex-aluna Luíza iniciou seus estudos no ano de 1979 na 5ª série do 1º Grau no Polivalente, concluindo 
nesta a 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries, e após alguns anos o 2º Grau, profissionalmente atua na área comercial do 
município como proprietária de uma “Boutique”. É casada e têm três filhos, dois estão cursando 
Faculdade de Direito e a filha está se preparando para adentrar a faculdade. 
 
65 
 
 
Ao relatar sobre sua concepção do ensino na Escola Polivalente na época em 
estudou nesta, Luíza (2015), ressalta que a aprendizagem aconteceu de modo integrado 
em sua vida, pois considera que tanto o ensino regular com as disciplinas comuns 
quanto as integradas ao ensino profissionalizante contribuíram para o seu processo 
formativo: 
 
O ensino foi muito bom, foi muito válido porque na época nenhuma 
outra escola oferecia todos esses cursos profissionalizantes, então 
assim foi um diferencial que a escola ofereceu para os alunos, foi 
muito gratificante porque foram vários cursos e em todos a gente 
aprendeu um pouco, saindo dali tendo concluindo o 1º Grau com um 
diferencial a mais do das outras escolas. O ensino profissionalizante 
junto ao ensino regular deveria ter permanecido nesta escola, porque 
como eu já comentei, apesar de sido em pouco tempo, mas assim, 
trouxe noções básicas para o aluno, de Práticas Comerciais, 
Industriais, de tudo um pouco, então, preparava o aluno também para 
o mercado de trabalho, era muito importante se tivesse continuado, 
ainda mais hoje em dia em que o mercado de trabalho anda muito 
exigente e competitivo. Com certeza acredito que o Polivalente 
buscou oferecer um ensino de qualidade no período em que estudei lá, 
como os cursos profissionalizantes as outras matérias em si foram 
também de um alto conteúdo, a gente saiu dali bem preparado 
mesmo, os professores eram assim, bem preparados para cada 
matéria e saímos de lá, assim bem preparados mesmo... o estudo na 
verdade é a alavanca para o futuro de qualquer pessoa, se a pessoa 
não tiver o estudo muito dificilmente irá conseguir uma boa profissão, 
então quanto mais estudar maior vai ser a chance do futuro 
profissional. (LUÍZA, 2015) 
 
 
Rosemary
15
 nasceu no ano de 1972 na cidade de Ituiutaba e sempre residiu 
nesta, em sua infância morava junto com seus pais e irmãos, dos cinco (5) irmãos é a 
quarta filha. Ela relata que em sua infância brincava, ajudava a mãe com os afazeres e a 
cuidar da sua irmã mais nova, não precisando ter trabalhando fora durante esse período 
de sua infância. Ao falar sobre sua vida escolar, ela relatou que iniciou os estudos no 
Polivalente no ano de 1984, na 5ª série, concluindo até a 7ª no mesmo, e durante este 
período não teve nenhuma reprovação. 
Em seu depoimento, Rosimary (2015) relatou que guarda lembranças profundas 
do tempo em que esteve em formação nesta escola, como das aulas, dos colegas, 
 
15
 A ex-aluna Rosemary tem sua formação como Pedagoga atuando como professora e funcionária 
federal. Iniciou seus estudos no Polivalente no ano de 1984, concluindo neste a 5ª, 6ª, 7ª e parte da 8ª 
série, quando transferiu-se para outra escola, concluindo alguns anos após o Ensino Médio no Polivalente. 
Tem apenas uma filha, a qual atua profissionalmente como Fotografa. 
66 
 
professores e equipe gestora. Segundo ela, nesta escola não encontrou dificuldades 
quanto a interação como também de aprendizagens. 
Ao falar sobre as aulas que integravam o ensino profissionalizante e prática dos 
professores: 
 
Eu me lembro que dividia-se a sala com a metade dos alunos; 
fazíamos um semestre de Práticas Agrícolas e o outro semestre do 
ano fazíamos as Práticas Comercias, Industriais...Eu me lembro que 
nas aulas de Práticas Industriais, a gente aprendia a fazer trabalho 
com sisau, com madeira, a gente fazia quadros, escrevia os nomes, 
fazia algum desenho, suporte para vasos com sisau, e nas de Práticas 
Agrícolas a gente aprendia a plantar a horta, como cuidar da horta, 
dentre algumas outras lembranças. A turma era bem participativa, 
não só na minha sala, mas eu me lembro que a escola toda gostava 
muito dessas aulas. Os professores todos que eu me lembro eram 
dedicados, professores que respeitavam os alunos e tinham uma boa 
convivência com eles; tanto que quando eu precisei sair em 1989 do 
Polivalente e fui para outra escola concluir a 8ª série, eu achei bem 
diferente...os professores da outra escola não tinham uma 
aproximação com os alunos, tanto os professores como a direção e os 
funcionários; eu percebi uma diferença muito grande, então assim, eu 
acredito e considero que a escola procurava sim proporcionar um 
ensino, um ambiente agradável. (ROSEMARY, 2015) 
 
 
A ex-aluna a partir do relato acima demonstra ter experenciado uma nova 
adaptação ao adentrar a outra escola, de modo que foi possível perceber as marcas 
positivas do convívio estabelecido nesta escola mediante a outra na qual ela adentrou. 
Uma das questões importantes apontadas pela ex-aluna Rosemary em seu relato se 
refere à relação professor e aluno; ela lembra-se de uma vivência que considera ter 
contribuído para sua formação humana no que se refere a prática de um dos seus 
professores: 
 
[...] Houve... o professor de Português, ele incentivava muito a 
leitura, ele reservava, não me lembro, mas por exemplo, 5 (cinco) 
pontos em cada bimestre para a leitura e então assim, o meu gosto 
pela leitura eu acredito ao incentivo dele; e ele pedia para os alunos 
lerem lá na frente e ia lá para o fundo da sala de aula e conforme o 
aluno ia lendo lá, ele ia fazendo as suas intervenções, ele falava 
“olha, aí tem uma pausa”... e com o aluno que tinha mais dificuldade, 
ele pegava aquele texto que o aluno estava lendo, ia lá e se 
posicionava no lugar dos mesmos, lia, explicava e voltava para o 
fundo da sala. Então assim, esse professor é o Nilson, foi professor de 
Português e Inglês, foi também vice-diretor nesta escola, ele tem um 
papel muito marcante na minha vida, tem outros professores também, 
mas esse é o que mais marcou. Eu tenho certeza que foi um ensino de 
qualidade, um ensino que proporcionou muitos conhecimentos... 
conhecimentos que eu trago até hoje e que foram essenciais para a 
67 
 
minha formação pessoal, para minha formação profissional, para 
minha formação social. (ROSEMARY, 2015) 
 
 
Vanusa
16
 nasceu no ano de 1964 na cidade de Ituiutaba – MG; em sua infância 
morou nesta cidade junto com os pais e os irmãos, sendo a segunda dos sete (7) irmãos. 
Em seu depoimento ela relatou que teve uma infância tranquila e feliz, cheia de 
brincadeiras, segundo ela, os pais tiveram que trabalhar arduamente para criar os filhos, 
mas sempre procuraram oferecer o melhor a eles, sendo muito amados pelos mesmos e 
não trabalharam antes da idade adulta. 
Ao falar sobre sua trajetória acadêmica, a ex-aluna Vanusa relata que começou a 
estudar na Escola Polivalente no ano de 1976 na 5ª série, concluindo nesta até a 8ª, o 
que de acordo com ela, era o que a escola oferecia, não possuindo nenhuma reprovação 
neste período. Ao se referir sobre o ensino que o Polivalente ofertava, bem como das 
disciplinas que compunham o currículo, o qual abrangia o ensino regular integrado ao 
profissionalizante, Vanusa bem destaca a forma como estas eram organizadas mediante 
as práticas ali vivenciadas por ela no período em que lá estudou: 
 
O diferencial da escola era a oferta em concomitância com o ensino 
regular, disciplinas de caráter profissionalizante. Não era 
propriamente um curso independente, mas disciplinasque integravam 
o currículo escolar. Essas disciplinas eram: Educação para o lar, 
Técnicas Comerciais, Técnicas Industriais e Técnicas Agrícolas. As 
matérias do ensino regular eram: Português, Matemática, História, 
Geografia, Ciências, que dispunha de um magnífico laboratório todo 
equipado e até as mesas eram diferenciadas das demais disciplinas, 
pois a sala era específica. Educação Física, Educação Artística, 
Inglês, Francês, Moral e Cívica OSPB - Organização Social e 
Política do Brasil. Essas duas últimas substituíram as disciplinas de 
filosofia e sociologia consideradas de caráter comunista e 
reacionárias pelo governo militar, claro que entendi isso depois de 
adulta.... As salas de aula eram todas específicas, por conta da 
diversidade de cada disciplina, não somente para as disciplinas 
profissionalizantes, mas as do currículo regular também. Sendo 
assim os alunos que mudavam de sala a cada troca de horário, não os 
professores. (VANUSA, 2015). 
 
 
Vanusa (2015), ao mencionar sobre sua consideração sobre as práticas docentes, 
aponta que a escola primava pela disciplina, pelo dever de cumprir, da moral e do 
civismo, características que segundo ela eram próprias do período do regime militar em 
que estavam vivendo no país. 
 
16
 A ex-aluna Vanusa é Doutora em Educação e professora na Universidade Federal de Uberlândia - UFU 
Campus do Pontal. 
68 
 
 Quanto a marcas deixadas pelos professores, a ex-aluna relata que “todos de 
alguma foram muito marcantes, o ensino era muito intenso, os professores eram 
extremamente dedicados, não sei se era a visão de criança adolescente, mas consegui 
sentir que o ensino era ministrado com muita paixão” (VANUSA, 2015). Ela ressalta 
que perdeu o contato com a maioria dos que foram seus colegas, no entanto ainda tem 
contatos com alguns e o conhecimento dos que hoje atuam como médicos, vereadores, 
motoristas de ônibus, e uma colega mais íntima que atua na área educacional, dentre 
outros. 
De acordo com Vanusa (2015), as aulas práticas eram muito estimulantes, uma 
vez que as diferentes áreas possibilitavam dinâmicas interessantes no processo de 
aprendizagem: 
Era tudo de bom... Plantávamos, colhíamos, pintávamos quadros, 
cozinhamos, costurávamos, comprávamos, vendíamos, 
participávamos de olimpíadas, gincanas e feiras de ciências; fazíamos 
exposição de artes, organizávamos recitais de poesias, entre outros. O 
cunho político do ensino tecnicista e militar que caracterizava o 
momento não era sentido no interior da escola, sobretudo na visão 
dos alunos. Pelo contrário, era o ensino visto como de excelente 
qualidade, que oferecia um currículo rico e diversificado, que nos 
dias de hoje se oferecido, garantiria uma formação bem menos 
enfadonha, reprodutivista desestimulante como testemunhamos. 
(VANUSA, 2015) 
 
 
Neste sentido, a ex-aluna relata que não considera que o ensino integrado ao 
profissionalizante ofertado no Polivalente tenha tido o caráter restrito a preparação dos 
alunos para o trabalho, como propunha a política da época, podendo ser identificada sua 
posição quanto a isso através de seu depoimento: 
 
Não considero que a escola tenha oferecido um ensino técnico 
profissionalizante, embora esse fosse o objetivo não declarado por 
conta do momento político que estávamos vivendo. Digo que não era 
profissionalizante porque não havia certificação específica para esse 
fim. Concluímos na oitava série o primeiro grau sem especificações 
de caráter profissional. A formação que recebemos não se restringia 
apenas a instrução conteudistas, característica das demais escolas 
públicas, embora ela existisse. Além do conteúdo eram trabalhadas 
formas diferentes e ensino que para mim foi significativa a 
aprendizagem. (VANUSA, 2015) 
 
 
Uma das disciplinas mais lembradas por Vanusa se refere a Educação Física, a 
qual segundo ela tinha um diferencial que a destacava das demais escolas do município: 
 
69 
 
[...] foi uma das experiências que mais marcou minha trajetória na 
escola. A disciplina era uma verdadeira arena olímpica, pois nos era 
oferecida as mais variadas modalidades de educação físicas, entre 
jogos coletivos, vôlei, handball, basquete, ginástica, apoio, flexões, 
polichinelos, alongamentos etc, ... corridas, pois tinha uma pista 
específica para esse fim, livre, de revezamento, com barreira..., salto 
à distância, com barra... Futebol de quadra e de campo... tinha muita 
coisa nem sei precisar, mas era literalmente uma educação física das 
mais variadas, que não via em nenhuma outra escola. Éramos de fato 
modelo nesse aspecto. (VANUSA, 2015) 
 
 
 Figura 11: Alunos nas atividades de Educação Física 
 
Fonte: Arquivo da Escola “Antônio Souza Martins” - Polivalente 
 
 
É possível a partir das imagens identificar algumas das diversas atividades 
desenvolvidas nas aulas de Educação Física, como jogos na quadra, saltos a distância e 
a altura, corrida, dentre algumas que foram anteriormente citadas pela a ex-aluna 
Vanusa. 
Segundo esta aluna, as avaliações eram realizadas sem muita distinção do que 
temos atualmente, já que faziam provas de caráter somativa, mensais e bimestrais, como 
também trabalhavam em grupo, faziam cópias de conteúdos dos livros, “mas também 
fazíamos trabalhos interessantes como dramatizações de livros de literatura, maquetes, 
70 
 
avaliações práticas de ciências no belíssimo laboratório, entre outros”. (VANUSA, 
2015) 
Ao concluir sobre sua experiência e vivência formativa no Polivalente, Vanusa 
relatou sua consideração quanto a qualidade do ensino que a escola buscou oferecer no 
período de seus estudos: 
 
No contexto do período e considerando a realidade das demais 
escolas públicas, o Polivalente ofereceu sim uma educação 
polivalente e de qualidade... foi uma escola de proeminência na 
sociedade ituiutabana, principalmente por oferecer um ensino de boa 
qualidade e de acesso a população de baixa renda. (VANUSA, 2015) 
 
 
Roberta
17
 nasceu no ano de 1966 na cidade de Ituiutaba- MG, residindo nesta 
junto com seus pais e seus quatro irmãos, sendo a quarta dos cinco filhos da família. Em 
seu depoimento ela relatou que teve uma infância tranquila, na qual tinha o carinho dos 
pais, brincava e era muito feliz, não precisou trabalhar durante esta fase de sua vida. 
Ao falar sobre sua trajetória acadêmica, Roberta (2015) relatou que começou a 
estudar no Polivalente em 1978 na 5ª série, concluindo neste até a 8ª série, não tendo 
nenhuma reprovação durante este período. A ex-aluna diz lembrar-se bem dos cursos 
profissionalizantes que eram integradas ao ensino regular, sendo estes: Educação para o 
Lar, Práticas Agrícolas, Técnicas Comerciais e Técnicas Industriais, segundo ela, as 
habilidades que os alunos adquiriam através dos conteúdos da base comum e 
diversificadas davam o suporte para os cursos profissionalizantes, para os quais haviam 
salas específicas e muito bem equipadas. 
Desse modo, Roberta (2015), diante da sua consideração sobre esta escola e 
professores que deixaram marcas em sua vida, pode ser observada a referência afetiva 
presente na relação entre professor e aluno, constituída neste processo: 
 
Foi a melhor escola que estudei... havia um professor, o Valter, de 
Práticas Agrícolas, que era muito amigo da turma, muito alegre, ele 
chamava todos pelo nome, e se lembrava de todos os alunos, quando 
mesmo nem éramos mais seus alunos... até hoje, somos amigos. 
(ROBERTA, 2015) 
 
 
17
 A ex-aluna Roberta é formada em Ciências Biológicas, com especializaçãoem Gestão e Auditoria 
Ambiental e mestranda em Microbiologia Agropecuária. Atua como professora da Educação Básica da 
rede municipal e professora da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG. É casada e teve três 
filhos, no entanto perdeu uma filha; estando o filho mais velho cursando Medicina e o mais novo 
cursando o 9º ano do ensino fundamental. 
71 
 
 
Esta ex-aluna relatou que a relação com os colegas no Polivalente era boa, já que 
“era uma escola muito especial, o relacionamento era muito bacana, lá não havia 
naquela época problemas de indisciplina” (Roberta, 2015). Ela diz ter ainda contatos 
com alguns ex-colegas. 
Ao falar sobre a disciplina da qual mais gostava, ela relatou que era Ciências, já 
que segundo ela, sempre lhe chamou a atenção estudar os fatos que estão relacionados 
conosco e com o meio que nos cerca. 
A ex-aluna em seu depoimento relatou que as aulas de Educação Física eram 
sempre interativas, os alunos participavam nos campeonatos e competições, como traz 
ao lembrar-se dessas aulas: 
 
Eram aulas que treinavam para o esporte de competição, havia uma 
caixa de areia para o salto à distância, uma pista de corrida, e 
também, as aulas para o esporte em equipe, basquete, vôlei, futebol, 
... as aulas eram muito dinâmicas e diversificadas, na época, havia 
muitos banheiros femininos e masculinos, para que após as aulas de 
educação física, pudéssemos tomar banho... eu participava com 
moderação das aulas, nunca tive muito habilidade para os esportes... 
(ROBERTA, 2015) 
 
De acordo com Roberta (2015), as avaliações no Polivalente aconteciam por 
meio de provas, trabalhos em grupos e individuais, segundo a ex-aluna, os professores 
eram todos muito bem capacitados naquela época, inclusive muitos deles foram vindos 
de outras cidades para ministrarem aula nesta escola. Ao se referir sobre sua 
consideração sobre o ensino integrado ao técnico profissionalizante ofertado nesta 
escola ela relatou que este era: 
 
Excelente, éramos loucos por fazer as disciplinas de ensino técnico 
profissionalizante... eu acho que para aquela época era um formato 
que prometia um avanço na educação para as pessoas da rede 
pública. Foi um pena o projeto das Escolas Polivalente ter acabado... 
(ROBERTA, 2015) 
 
 
Diante das suas considerações sobre a qualidade do ensino que a escola buscou 
propiciar nesta época, a ex-aluna ressalta que “foi um ensino de qualidade, fui muito 
feliz nesta escola, na época em que estudei lá, era tudo muito prazeroso”. (ROBERTA, 
2015) 
72 
 
Elisa
18
 nasceu no ano de 1968 na cidade de Ituiutaba - MG, onde morou junto 
aos seus pais, irmãos e o seu avô paterno, sendo a quarta filha dos cinco (5) irmãos. Em 
seu depoimento ela relatou que teve uma infância tranquila, na qual brincava e estudava, 
não tendo trabalhado fora, mas apenas ajudava a mãe com os afazeres domésticos. 
A ex-aluna Elisa iniciou seus estudos na Escola Polivalente em 1979 na 5ª série 
concluindo nesta até a 8ª, tendo sido reprovada na 5ª série. Ao falar sobre o período de 
sua formação e ao ensino integrado aos cursos profissionalizantes que a escola oferecia 
Elisa (2015), relatou que nesta época, estudou junto às disciplinas do ensino regular 
também as áreas de Práticas Comerciais, Educação para o Lar, Práticas Industriais e 
Práticas Agrícolas, para as quais havia salas específicas: 
 
Nas aulas de Práticas Comerciais a gente aprendia a trabalhar com 
cheque, com troco, comprando e vendendo... em Educação para o Lar 
fazíamos pratos de comidas, em Práticas Agrícolas plantávamos 
verduras, nas Artes Industriais a gente trabalhava com entalhe na 
madeira, com argila, com suporte para vasos feitos com cordas... 
(ELISA, 2015) 
 
 
Sobre as suas considerações sobre as práticas dos professores, Elisa (2015) 
relatou que estes cobravam retorno dos alunos quanto aos conteúdos, eram mais 
exigentes do que hoje, o que ela acredita se referir ao regime da reprovação que tinha na 
escola. 
A relação com os colegas, segundo ela era boa; ainda possui contatos com várias 
colegas que estudaram no Polivalente, inclusive uma delas é sua colega de trabalho 
atualmente. A matéria da qual mais gostava de estudar era Matemática, já que sempre 
foi a sua matéria preferida, quanto as avaliações que eram realizadas pelos professores 
no Polivalente Elisa (2015), diz ter sido trabalhos em grupos, no entanto eram mais 
provas individuais. 
Ao se lembrar sobre as aulas de Educação Física, Elisa (2015) relatou que 
gostava de praticar salto a distância e handebol, segundo ela, os alunos que se negavam 
a fazer as atividades eram orientados a catar folhas dos jardins, assim ela diz que essas 
aulas eram boas, e logo após o término os alunos tinham que tomar banho. 
 
18
 A ex-aluna Elisa é formada em Matemática e atua como professora na rede estadual do município e 
como professora de Música em cidade próxima ao município. 
73 
 
Elisa (2015) ao se referir sobre sua concepção do ensino ofertado no Polivalente 
na época em que lá estudou, mediante aos cursos profissionalizantes que estavam 
integrados ao ensino regular, traz em seu relato que: 
 
Naquela época o ensino ajudou bastante, até o final do estudo... 
ajudou muito no desenvolvimento das profissões, acho que este ensino 
deveria ter permanecido, pois os alunos poderiam hoje ficar mais 
atualizados com a aprendizagem, hoje muitos não sabem fazer um 
troco, hoje poucos dão conta de preencher um cheque. (ELISA, 2015) 
 
A ex-aluna conclui que em sua opinião o Polivalente naquela época procurou 
oferecer um ensino de qualidade, segundo ela “devido a essas práticas de ensino que 
tiveram no Polivalente, a maioria queria estudar lá, considero que foi uma escola 
importante na minha vida”. (ELISA, 2015) 
 
4.5.3 Funcionários 
 
Considerando que escola se constitui como espaço educativo mediante aos 
conhecimentos que são produzidos em meio as relações sociais que se estabelecem entre 
os sujeitos, buscamos enfatizar a importância da participação dos funcionários que junto 
a comunidade escolar constituem o processo organizacional educativo deste espaço. 
 
Essa organização dentro das escolas, que muitas vezes sequer é 
percebida, nos leva a refletir sobre o papel dos funcionários não-
docentes no processo educativo, para desfazer o fetiche que a envolve, 
para compreender o trabalho de cada um e em seu conjunto, não 
apenas para valorizá-lo adequadamente – o que é absolutamente 
necessário –, mas, também, para aperfeiçoá-lo em benefício da 
qualidade do ensino. Ao refletirmos, percebemos a inter-relação entre 
o trabalho do professor na sala de aula e a importância do trabalho da 
secretária da escola, da merendeira, do inspetor de alunos, dos 
trabalhadores dos serviços de apoio. Há saberes e vivências que 
contribuem para o resultado final da escola que precisam ser 
sistematizados para serem incorporados de forma intencional e 
integrada ao projeto. (NORONHA, 2009, p. 363) 
 
 
 Dessa forma, compreendendo os funcionários como parte constitutiva do 
processo da educação escolar, contamos nesta pesquisa, com a participação de uma ex-
funcionária da Escola Polivalente, a qual nos concedeu uma entrevista. 
74 
 
Carla
19
 nasceu no ano de 1950 na cidade de Canápolis – MG; após a família 
mudou-se para Centralina, cidade onde morou com seus pais e os sete irmãos, sendo a 
mais velha dos oito filhos, assim ela relatou que teve uma infância boa e feliz, brincava 
com os irmãos e primos e não precisou trabalhar, apenas ajudava em casa com as tarefas 
domésticas. 
A senhora Carla relatou que ao iniciarsua atividade profissional na Escola 
Polivalente a sua adaptação foi tranquila porque era um ambiente muito bom, de acordo 
com ela o desenvolvimento do seu trabalho era dinâmico “a gente chegava, varria, 
fazia a organização das salas, ajudava na cantina, na área externa, ajudei também na 
secretaria, rodando provas”. (CARLA, 2015) 
Desse modo, a senhora Carla em seu depoimento relatou que a escola na época 
promovia interações com a comunidade “era muito bom, lá tinha o Dia do Convívio, 
com a participação dos pais, alunos e professores, nesse dia tinha almoço, recreação, 
lanche”. (CARLA, 2015) 
Ao se referir sobre sua consideração referente a vivência junto a todos que 
faziam parte do Polivalente e as relações que lá foram constituídas, a senhora Carla 
relatou que: 
Sempre tive uma boa convivência com todos, não havia indiferença 
entre diretor, professores, funcionários e alunos, parecia uma 
família... também havia as regras na escola, e as advertências de 
acordo com o Regimento Interno para todos. Foi uma escola muito 
importante para mim, eu cresci. (CARLA, 2015) 
 
A ex-funcionária, por meio de seu relato demonstra que ao exercer suas funções 
na Escola Polivalente, constituiu também uma parte da sua história de vida, na qual 
aprendeu junto aos alunos, professores, equipe gestora, colegas de trabalho e 
comunidade. 
 
Todos os espaços da escola são também espaços educativos e o 
processo de aprendizagem também se complementa fora da sala de 
aula, onde o professor desenvolve um papel único e insubstituível. É 
preciso reconhecer que a educação é um processo coletivo, e que nos 
demais ambientes escolares ocorrem contínuos momentos de interação 
entre os profissionais não-docentes e os estudantes, sendo que aqueles 
contribuem de forma peculiar e diferenciada para o processo ensino-
 
19
 A ex-funcionária Carla estudou em duas escolas em Centralina, uma de Ensino Primário e a outra 
Ginasial. Tem formação no Ensino Médio. Começou a trabalhar na Escola Polivalente no ano de 1980, 
onde exerceu a função por 27 anos até se aposentar. É casada e têm quatro (4) filhas, a mais velha é 
formada em Letras e duas estão estudando. 
75 
 
aprendizagem e para a formação integral dos alunos. (NORONHA, 
2009, p. 365) 
 
 
4.5.4 Diretor 
Sandro
20
 é natural de Ituiutaba, em relação ao seu percurso acadêmico, em seu 
depoimento ele relatou que nesta cidade estudou nas Escolas João Pinheiro, Professor 
Ildefonso Mascarenhas da Silva e Colégio São José; aos 12 anos foi para Rio Claro e 
posteriormente à Ribeirão Preto estudar em Seminário, onde concluiu o 2º Grau. 
Segundo ele, após o ano de 1969 ele dedicou sua formação à Educação, ao magistério. 
Assim, após fez o Curso Superior de Filosofia e Teologia em Campinas- São 
Paulo, no Instituto Filosófico e Teológico, indo posteriormente fazer Pós- Graduação na 
Universidade de São Paulo- USP. Depois de concluir a Pós-Graduação, o ex-diretor fez 
especialização em Goiânia, o Curso de Administração Escolar- PREMEM em Belo 
Horizonte na Universidade Federal de Minas Gerais e Mestrado em Filosofia da 
Educação em Campinas. 
O ex-diretor Sandro, em seu depoimento, relatou que em sua carreira docente 
lecionou em Goiânia, as disciplinas de Filosofia e Psicologia em 2º Grau, no entanto sua 
ambição educacional sempre foi a de gerir uma escola técnica, até que foi convidado a 
criar uma Escola Normal em Magistério em uma cidade do interior, através da qual ele 
considera que o fez gostar e se identificar com a área da gestão: 
 
 [...] me aventurei e me apaixonei pela gestão administrativa escolar; 
porque o que eu encontrei; um pessoal que não tinha visão nenhuma, 
com uns costumes muito elementares de educação e mesmo de 
família, [...] fiquei surpreso, mas falei aqui é o meu lugar, vou dar um 
salto nisso. (SANDRO, 2015) 
 
Neste sentido, o ex-diretor relatou que esta foi sua primeira experiência como 
gestor na área educacional, na qual ele atuou até quando prestou concurso para o 
Polivalente, no qual passou e posteriormente foi realizar o Curso de Administração 
Escolar em Belo Horizonte, como aponta em seu depoimento: 
 
 
20
 O ex-diretor Sandro nasceu no ano de 1942 em Ituiutaba-MG. Viveu junto a sua mãe e os três irmãos, 
já que seu pai veio a falecer quando ele tinha dois anos de idade. Segundo ele, na sua infância nem tanto 
brincava, mas trabalhava com seus irmãos ajudando sua mãe em casa com plantações de hortaliças. Aos 
doze anos foi para outra localidade estudar. Casou-se e tem 6 filhos, dentre os quais possuem as seguintes 
formações no momento: Agrônomo, Decoradora, Pedagoga, Contabilista. Atuou no Polivalente de 1974 
até se aposentar no ano de 1988. 
76 
 
[...] o processo seletivo foi o seguinte, uma seleção onde tinha mais de 
400 pessoas concorrendo a 76 vagas, que eram para as novas escolas 
que iam abrir, então eu consegui, daí tivemos que fazer o curso 
específico para as escolas Polivalentes na Universidade Federal de 
Belo Horizonte, fiz o curso de Administração Escolar. (SANDRO, 
2015) 
 
Como relatado pelo ex-diretor Sandro, a escola iniciou suas atividades com o 
regime semestral no 2º semestre, em Setembro de 1974, o que veio a ser uma tremenda 
surpresa, já que, segundo ele, foi um drama em relação a conseguir alunos e, o que 
propuseram foi procurar e oferecer vagas para os alunos evadidos das escolas existentes, 
bem como para quem não havia ainda se matriculado “então nós fizemos uma proposta 
para 400 alunos e tivemos um atendimento para mais de 700 alunos, passavam pelo 
exame de seleção, especificamente matemática e português”. (SANDRO, 2015) 
Referente ao exposto pelo ex-diretor Sandro, foi notícia em destaque do jornal 
da cidade o anúncio sobre as vagas disponibilizadas na escola, como demonstra a 
imagem abaixo: 
 
Figura 12: Notícia sobre as vagas para inscrições no Polivalente 
 
Fonte: Acervo Cultural do Município. 
 
77 
 
Nesta perspectiva, o ex-diretor Sandro, colocou que ao início a escola recebeu 
muitos alunos que não haviam conseguido acesso as principais escolas de Ituiutaba, 
dando-se atendimento a um grande número de alunos moradores de distintas áreas da 
cidade, segundo ele, os alunos buscavam também o acesso a uma escola nova, bonita e 
atraente. 
Ao se referir sobre o ensino ofertado na escola, considerando que o mesmo 
contava com o diferencial do curso técnico integrado ao ensino regular, o ex-diretor 
relatou que este visava a uma preparação inicial para o aluno se apropriar de uma futura 
descoberta, como relatado: 
 
Esse programa na época do PREMEM, ele deveria ser o que 
hoje aspiram a formação técnica, começamos com uma 
iniciação profissional, então ela funcionava de 5ª a 8ª série, e 
nós trabalhávamos com o aluno o ensino acadêmico, com as 
disciplinas comuns, o currículo comum e mais as de iniciação 
profissional, de Artes Industriais, Educação para o Lar, 
Práticas Comerciais e Práticas Agrícolas, para nível de 5ª série 
era simplesmente uma iniciação ou uma apropriação para a 
pessoa descobrir uma profissionalização, um futuro 
educacional, então era semestral, como que funcionava, em dois 
anos os alunos passavam por semestre para uma dessas 
práticas de iniciação profissional e na sétima série ele definia 
por dois anos o que ele queria fazer, a cada semestre ia 
passando por uma dessas práticas e depois na 7ª e 8ª ele 
definia. (SANDRO, 2015) 
 
 
No entanto, segundo ele, apesar da grade curricular contar um número 
determinado para cada disciplina que compunha o currículo do Polivalente,a 
preponderância era para as áreas de Português e Matemática. Desse modo, o ex-diretor 
relatou que sempre houve uma certa competitividade entre outras escolas da cidade, ou 
seja, havia as escolas consideradas as melhores para prepararem os alunos para o 
vestibular, e assim começaram a descobrir que no Polivalente também isso era viável, já 
que o ensino deste dava possibilidade para os alunos passarem nos vestibulares também. 
 
 
 
 
 
 
 
 
78 
 
Figura 13: Atividades desenvolvidas na Escola Polivalente 
 
Fonte: Acervo Escola Estadual “Antônio Souza Martins” - Polivalente 
 
 
De acordo com a imagem acima, é possível identificar momentos de convívio 
entre professores e alunos e comunidade no interior da escola, neste sentido o ex-diretor 
relatou que a escola buscava conciliar a harmonia entre as relações praticadas e ensino e 
a aprendizagem dos alunos: 
 
[...] a nossa maneira de ser, sobretudo como uma escola onde 
propunha-se atraente, agradável, simpática ao público, simpática aos 
alunos e ao mesmo tempo com o rigor; mas o aluno era o dono da 
escola, ele intencionava as intenções da escola, a direção e os 
professores procuravam encaminhá-los para o rigor do saber, para a 
seriedade. (SANDRO, 2015) 
 
O ex-diretor, nessa perspectiva, ao falar sobre o conceito de educação ofertada 
na escola durante o período de sua gestão, relatou que sempre procurou desenvolver um 
79 
 
trabalho coletivo com todos da escola, pois segundo ele, em primeiro lugar ele tinha 
uma proposta pedagógica para esta escola mediante sua concepção de educação, a qual 
foi pautada nos ideais de Paulo Freire, o qual foi seu professor de Mestrado. 
Sendo assim, o ex-diretor Sandro colocou que aprendeu muito nos estudos que 
realizou sobre o pensamento de Paulo Freire, como também na qualidade de aluno deste 
autor, tendo assim se identificado com a educação proposta por este educador, sob a 
qual pensou em uma escola aberta para todos, alunos, professores, funcionários e 
comunidade: 
 
Eu tinha uma proposta, inclusive a proposta pedagógica do 
Polivalente, a partir de 1974 era uma experiência que eu sonhava, 
que eu visualizava muito o trabalho de Paulo Freire e me encantei e 
estudei muito Paulo Freire e fui aluno dele depois no Mestrado em 
Campinas, então a minha proposta era uma escola aberta, uma escola 
franca oficial com o aluno sendo o dono do saber, dos interesses, das 
necessidades, tudo isso, mas uma escola atraente, agradável, tanto é 
verdade que a fanfarra era aberta, era o xodó da escola, tinha 115 
instrumentos na época, o esporte era outro atrativo mas ao mesmo 
tempo o aluno sabia que era rigorosa e lá era lugar de estudo mesmo 
que ela fosse aberta para o esporte aos sábados a vontade, para os 
pais, para a família, nós tínhamos um convívio, todo semestre os pais 
participavam e iam lá para a escola, chamava-se “um dia na 
escola de seu filho”, então nós descobrimos coisas fantásticas... 
era um processo tremendamente saudável, agradável e moderno. 
(SANDRO, 2015) 
 
Figura 14: Alunos em fanfarra do Polivalente 
 
Fonte: Acervo da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” - Polivalente 
 
80 
 
 
 
Ao fazer considerações sobre a relação estabelecida entre os docentes quanto à 
organização do trabalho pedagógico realizado no Polivalente na época, o ex-diretor 
relatou que não enfrentou dificuldades, já que eles sabiam sobre sua visão pedagógica, 
bem como da sua intenção de ação educativa naquela escola, e essa postura 
desenvolvida por ele é destacada ainda entre os que conheceram sua forma de atuação 
como educador: 
 
Todo mundo entendia a proposta, que por trás havia uma proposta, 
isso é interessante, eu tive elogios aqui em Uberlândia de professor 
que trabalhou lá, aqui mesmo na UFU em uma palestra que nós 
tivemos, em que eu fui falar sobre Paulo Freire, do meu trabalho, da 
minha visão de educação, teve um professor que levantou-se lá e 
havia trabalhado comigo, e ele falou que lá tinha uma proposta e 
que ele só conhecia um diretor que toda vez que tinha reunião, todo 
mundo tinha a pauta e sabia a direção do que se passava, então foi 
muito gratificante ouvir isso também, então eu tinha uma proposta 
sim, tinha um trabalho e eles aderiam, mesmo a contratempo como 
podiam rejeitar, mas no todo endossavam a ideia. (SANDRO, 2015) 
 
 
Neste sentido, o ex-diretor em seu depoimento ao falar sobre o tempo em que 
atuou no Polivalente, ressaltou que embora o seu sonho de atuar em uma escola 
profissionalizante talvez não tenha se concretizado como almejou, foi nesta escola que 
ele vivenciou processos marcantes de sua vida ao sentir que colocou em prática aquilo 
que acreditava alcançar no processo educacional enquanto educador: 
 
O Polivalente foi o meu lar, foi lá que eu me realizei como educador, 
foi lá que eu realizei um processo que eu acreditava de educação, 
onde as matrizes que eu criei com Paulo Freire, com Moacir Gadotti, 
com Rubem Alves que foram meus professores também de 
Mestrado, com todo esse pessoal eu senti que a educação que eu 
acreditava, eu conseguia passar para frente. No aspecto profissional 
ficou evidente que foi uma realização tremendamente forte e eu 
consegui passá-la para frente com muita maturidade, com muita 
confiança e com muita segurança e os resultados, hoje você recebe do 
pessoal que passou pela escola, que amadureceu com a gente que 
conviveu com a gente, que assumiu com a gente, então eu não posso 
esquecê-los, como jamais vou esquecer todo aquele pessoal que se 
envolveu comigo, acreditou que ali tinha uma proposta que era 
diferente e nós fizemos uma escola diferente, essa foi a minha 
gratificação. (SANDRO, 2015) 
 
Portanto, de acordo com o ex-diretor Sandro, a sua experiência de atuação no 
Polivalente no decorrer deste período, lhe propiciou muitas vivências marcantes, 
81 
 
segundo ele, ainda mantém contato com várias pessoas com que conviveu nesta escola, 
em maior número com ex-alunos do que com os ex-professores, assim ele relatou que 
sempre está em contato com ex-alunos que residem na cidade de Uberlândia, dentre 
estes atuando como advogados, professores, médicos, enfermeiros, engenheiros, dentre 
outros. Como demonstrado, tal experiência remete para uma história que tem sido 
construída e constituída a partir de vínculos afetivos que foram vivenciadas em meio a 
Escola Polivalente, os quais remetem os significados dessas vivencias que se encontram 
vivas na memória dos sujeitos envolvidos. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
Neste trabalho consideramos que, apesar do contexto político educacional 
mediante a ênfase no Ensino Técnico Profissionalizante no período em questão, bem 
como na intenção das Escolas Polivalentes no Brasil decorrente do processo de 
crescimento industrial e à necessidade de mão de obra especializada para o mercado de 
trabalho, a Escola Polivalente deste município buscou efetivar, desde sua criação, 
práticas norteadoras de uma formação pautada na qualidade do ensino ofertada aos seus 
alunos, desenvolvendo um trabalho integrado ao ensino regular e técnico, considerando 
as especificidades das áreas do conhecimento. 
Foi possível também refletir sobre as práticas permeadas entre os atores 
envolvidos nesta instituição, bem como das concepções pedagógicas presentes na 
Gestão Escolar no período do recorte da pesquisa. Usamos concepções pedagógicas no 
plural pois havia aquela prescrita – a Pedagogia Tecnicista, contudo, pelas falas dos 
colaboradores, percebemos a circulação de outras ideias entre os educadores, como a 
Pedagogia Histórico-Critica mencionada pelo ex-diretor. 
Considera-se que,ao mesmo tempo em que o país passava pelo período do 
Regime Civil Militar, no qual a educação sofreu, como já descrito antes, grandes 
interferências oriundas das medidas que buscaram vincular estreitamente a escola e a 
economia capitalista, a fim de atender as demandas e interesses do mercado de trabalho, 
a exemplo da criação das Escolas Polivalentes. Contudo, na escola pesquisada, foi 
perceptível a intenção da equipe gestora e docente na proposta de promover um ensino 
voltado para uma formação integrada e não apenas focada na profissionalização, fato 
observado pelas atividades desenvolvidas no interior da instituição, fomentando a 
82 
 
participação de alunos, pais, funcionários e comunidade nos eventos como em festas 
comemorativas, dias de convívio na escola, reuniões, desfiles, torneios esportivos, 
dentre outros. 
Como compreendido, a escola recebeu alunos de diversas classes sociais. Foi 
possível, através dos relatos das entrevistadas, identificar que, mesmo apesar de 
dificuldades econômicas vividas por parte de algumas, estas deram continuidade aos 
estudos e avaliam positivamente a formação obtida na escola, como também as demais 
entrevistadas ao se referirem com entusiasmo sobre as práticas formativas vividas na 
instituição. Dentre as seis entrevistadas, cinco possuem ensino superior. 
Tal questão remete para a importância do trabalho mediante a coletividade das 
partes constituintes, o qual demonstrou ter sido incorporado às práticas educativas que 
estiveram presentes no planejamento desenvolvido nesta instituição; estas, por sua vez, 
foram vividas e assimiladas pelos atores envolvidos no compromisso com a qualidade 
da educação dos seus educandos, não se restringindo a formação técnica profissional, 
mas envolvendo também a formação intelectual, social e humana. 
 É visível a importância do trabalho desenvolvido nesta instituição, bem como 
no que se refere à subjetividade relatada pelos sujeitos envolvidos nessa pesquisa 
histórica, a qual nos possibilitou a reflexão de que os alunos consideram o Polivalente 
como uma escola que promoveu não apenas o ensino formal acadêmico, como também 
a construção da história pessoal e humana vivida nessa instituição. 
Portanto, ao buscar enfatizar a história desta escola, foi possível refletir sobre a 
origem de sua criação, sua rica estrutura física e arquitetônica (que se diferenciava do 
histórico de criação de outras instituições públicas de ensino locais), os atores 
envolvidos, as práticas vivenciadas, o modelo e as concepções do ensino ofertado e, 
sobretudo os significados que se fazem ainda presentes na vida dos sujeitos que 
perpassaram por esta instituição escolar. Fato este que consideramos relevante para a 
História da Educação ao contemplarmos parte dos processos constituintes das práticas 
educativas de nossa sociedade. 
 
O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com seu gesto a 
relação dialógica em que se confirma como inquietação e curiosidade, 
como inconclusão em permanente movimento na História. (FREIRE, 
1996, p.136) 
 
 
 
83 
 
REFERÊNCIAS 
 
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FONTES ORAIS 
 
ALMEIDA; Carla. Ex-funcionária da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – 
Polivalente, Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 20/05/2015 às 19h na 
residência da entrevistada em Ituiutaba – MG. 
 
BERNARDES, Elisa. Ex-aluna da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – 
Polivalente, Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 28/05/2015 às 17h na 
residência da entrevistada em Ituiutaba – MG. 
 
BORGES, Danilo. Ex-professor da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – 
Polivalente, Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 29/06/2015 às 14h na 
residência do entrevistado em Ituiutaba – MG. 
 
CARVALHO, Vanusa. Ex-aluna da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – 
Polivalente, Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 18/05/2015 às 18h na 
residência da entrevistada em Ituiutaba – MG. 
85 
 
 
CASTRO, Mariana. Ex-professora da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – 
Polivalente,Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 02/03/2015 às 16h; 16/04/2015 
às 13h na residência da entrevistada em Ituiutaba – MG. 
 
SOARES, Eva. Ex-aluna da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – Polivalente, 
Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 10/01/2015 às 13h na 
residência da entrevistada em Ituiutaba - MG. 
 
OLIVEIRA, Valter. Ex-professor da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – 
Polivalente, Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 13/02/2015; 17/02/2015; 
24/02/2015 respectivamente às 14h na residência do entrevistado em Ituiutaba – MG. 
 
FERREIRA, Sandro. Ex- diretor da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – 
Polivalente, Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 03/07/2015 às 16h na 
residência da sua cunhada em Uberlândia - MG. 
 
FREITAS, Luiza. Ex-aluna da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – Polivalente, 
Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 05/03/2015 às 13h na 
residência da entrevistada em Ituiutaba – MG. 
 
GUEDES, Helton. Ex-professor da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – 
Polivalente, Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 27/05/2015 às 14h na 
residência do entrevistado em Ituiutaba – MG. 
 
QUEIROZ, Roberta. Ex-aluna da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – 
Polivalente, Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 25/05/2015 às 18h na 
residência do entrevistado em Ituiutaba - MG 
 
RODRIGUES, Rosimary. Ex-aluna da Escola Estadual “Antônio Souza Martins” – 
Polivalente, Ituiutaba MG. 
Entrevista concedida a Genis Alves Pereira de Lima em 15/04/2015 às 20h na 
residência da entrevistada em Ituiutaba – MG. 
 
 
DOCUMENTOS PESQUISADOS 
 
MINAS GERAIS, Acervo Cultural, Jornal Cidade de Ituiutaba. 1974/1985. 
 
MINAS GERAIS, Acervo da Escola Estadual “Antônio Souza Martins”. Regimento 
Escolar Escola Estadual “Antônio Souza Martins” O.5.O.C., Ituiutaba – MG. 
Documentos Consultados: Decreto de Criação; Livro de Posse e Exercício de 
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Profissionais; Currículo Escolar; Manual de Mobiliário das Escolas Polivalentes; Planta 
Baixa Arquitetônica 
 
ANEXO - HISTÓRICO ESCOLAR DE EX-ALUNA

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