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DIVERSOS OLHARES SOBRE A BUSCA DE CONCEITOS NA FORMAÇÃO DO GESTOR EDUCACIONAL

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FAVENI – FACULDADE DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
 
MARY CELINA BARBOSA DO NASCIMENTO
 BARBACENA - MG
2019
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FAVENI – FACULDADE DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
MARY CELINA BARBOSA DO NASCIMENTO
DIVERSOS OLHARES SOBRE A BUSCA DE CONCEITOS
 NA FORMAÇÃO DO GESTOR EDUCACIONAL 
 BARBACENA - MG
2019
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DIVERSOS OLHARES SOBRE A BUSCA DE CONCEITOS
 NA FORMAÇÃO DO GESTOR EDUCACIONAL 
Mary Celina Barbosa do Nascimento �
Declaro que sou autor (a) ¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). 
RESUMO
Toda vez que se propõe uma gestão democrática da escola pública que tenha efetiva participação de pais, educadores, alunos e funcionários da escola, isso acaba sendo considerado como utópica. Acredito não ser de pouca importância examinar as implicações decorrentes dessa utopia. Pois, a gestão democrática aponta para uma convivência social construída historicamente pela participação onde todos possam vivenciar ações e situações que possibilitem agir e decidir coletivamente, de forma planejada e organizada, em beneficio do bem comum, juntamente com o gestor educacional. A importância deste estudo se justifica pela necessidade de discorrer sobre as teorias de administração escolar no Brasil, abordando a origem e o desenvolvimento destas ao longo da história, caracterizada pela gestão democrática participativa juntamente com a contribuição que a escola pode oferecer na construção de uma sociedade mais humana, solidária e inclusiva. A pesquisa buscou contribuir com a reflexão e análise, em relação às ações e o papel do gestor escolar, para o aperfeiçoamento das práticas educativas desenvolvidas nas escolas na perspectiva democrático-participativa em se firmar nos objetivos e práticas que a constituem em um espaço de construção da cidadania, demonstrando como o Diretor/gestor, atua na Administração Escolar, oferecendo a todos um ensino de qualidade. A metodologia utilizada privilegiou as referencias bibliográfica e as reflexões teóricas de autores como AFONSO, (2001), FÉLIX (1985), FERREIRA (2002), GADOTTI, (1994), PARO (2008a), SAVIANI, (1986), VEIGA, (1998), entre outros, por contribuírem ao qualificar, elucidar e dialogar acerca de temas salutar importância para todos aqueles envolvidos com a gestão escolar democrática participativa.
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PALAVRAS-CHAVE: Administração. Comunidade Escolar. Gestão Democrática e Participativa. Gestão Escolar. 
INTRODUÇÃO
A razão deste artigo é propiciar elementos para a formação do gestor educacional à Gestão Escolar na perspectiva democrático-participativa. Apresentamos aqui uma análise criteriosa sobre a gestão escolar, com a intenção de colaborar para que estes estudos orientem a sua reflexão e a de todos os educadores que pretendem tornar a escola o lócus da cooperação e do comprometimento com a qualidade educacional.
Sabemos que a democrática participativa na escola está diretamente relacionada com a qualidade da educação. Na prática, a construção da democracia na escola é uma composição coletiva, que presume mudanças na forma de conceber os objetivos e fins da educação, as relações que se estabelecem no contexto escolar e a função da escola enquanto instituição social. Portanto, a participação de todos os envolvidos no processo educacional é de fundamental importância para que de fato a escola seja democrática, que colabore para a formação integral do individuo, com uma visão global da realidade, na perspectiva da pluralidade cultural brasileira.
É importante também, reconhecer a importância do auxilio da família no projeto escolar e incentivar a participação e o envolvimento da família/comunidade nos projetos da instituição, tornando oportuna a transformação da realidade escolar e o desenvolvimento da educação para a cidadania.
Ao logo da história a soberania do Estado suscitou diversas desigualdades sociais, políticas e educacionais. Sendo compreendido como uma organização política regulamentadora, coercitiva e de controle social de um determinado território. O Estado sofreu mutações particulares na transição para a modernidade referente à sua configuração, natureza e funções:
[...] o Estado tem já uma longa duração histórica. Tendo isso em conta, e não esquecendo que só poderá ser bem caracterizado por referência às mutações particulares que foram ocorrendo na sua configuração, natureza e funções, o Estado será aqui genericamente entendido como organização política que, a partir de um determinado momento histórico, conquista, afirma e mantém a soberania sobre um determinado território, aí exercendo, entre outras, as funções de regulação, coerção e controlo social - funções essas também mutáveis e com configurações específicas, e tornando-se, já na transição para a modernidade, gradualmente indispensáveis ao funcionamento, expansão e consolidação do sistema económico capitalista [...] (AFONSO, 2001, p.17).
Nesse contexto, os pressupostos do sistema de ensino estiveram ajustados a uma estrutura burocrático e centralizadora de poder. Desta forma, o domínio decisório esteve limitado às esferas governamentais que determinavam as ações administrativas e pedagógicas que ocorriam nas escolas. Competia a escolas à tarefa de executar tais programas e projetos de administração, independente das necessidades política, econômica, cultural e social da comunidade escolar.
Na modernidade as perspectivas em desenvolvimento visam viabilizar o processo de democratização, por meio da educação. Sendo essa, a base para o exercício da cidadania e identidade de uma nação de sucesso.
Segundo Veiga (1998), a escola deve ser o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto educativo, dessa forma, necessita autonomia para organizar seu trabalho administrativo e pedagógico. Este deve ter como base as necessidades da comunidade escolar e o fortalecimento das relações entre escola e sistema de ensino.
Há décadas os diversos segmentos da sociedade vêm reivindicando a democratização da educação pública e de qualidade. Esse movimento se intensificou na década de 80. A constituição federal de 1998 estabeleceu à educação brasileira, os princípios de obrigatoriedade, gratuidade, liberdade e igualdade. Sendo direito garantidas as crianças, conforme determina a lei no art.4º.
 
...é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1998).
Como reflexo das diversas lutas e dos movimentos na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96, a gestão escolar passa a adotar uma postura mais democrática. Dentro disso, abre-se espaço para a interação entre família e escola, na solução dos problemas e processos de aprendizagem em conformidade com as necessidades da escola.
Da mesma forma, o artigo 13 da LDB, ressalta que as atividades propostas pelos docentes, estejam em conformidade com a articulação entre a escola, as famílias e a comunidade. Nesse
contexto, a participação de todos os envolvidos (alunos, pais, docentes, funcionários, gestores e membros da comunidade do entorno) doravante reconhecido com participação coletiva da “Comunidade escolar”, explicitamos de uma forma, tão bem elencada por Riscal (2009, p.45) o conceito de gestão democrática:
A gestão democrática é a concepção de administração da escola segundo a qual todos os envolvidos na vida escolar devem participar de sua gestão e que estabelece que toda a ação ou decisão tomada referente à escola deva ser de conhecimento de todos (RISCAL, 2009, p. 45).
Nesse contexto, uma organização escolar funciona por meio da cooperação. Esse diálogo deve ser fundamentado nos esforços de todos os envolvidos no sistema educacional, o que abrange escola, professores, especialistas, família, gestores, sociedade e alunos.
O objetivo geral desta pesquisa foi de analise e reflexão, em relação às ações e o papel do gestor escolar para que o mesmo possa contribuir para que os professores se familiarizem com as Concepções e processos de gestão, como condição para que, como membros da escola, participem de forma efetiva do processo de planejamento do projeto pedagógico, por contribuírem para o aperfeiçoamento das práticas educativas desenvolvidas nas escolas juntamente com as contribuições da Gestão Escolar na perspectiva democrático-participativa, a qual demonstrando a preocupação da escola em se firmar nos objetivos e práticas que a constituam em um espaço de construção da cidadania.
Na atual conjuntura social, histórica, politica, econômica e cultural há um forte movimento na busca por espaços mais abertos e democráticos na sociedade civil e política. Percebemos que entre os elementos que integram esse movimento está a educação, que, por meio de suas práticas, procura instrumentalizar a comunidade escolar para interagir com a sociedade de forma crítica e responsável.
É nesse cenário que se insere a escola como o espaço, por excelência, de aprendizagem e de participação. Assim, quando comprometida com a formação da cidadania, ela assume princípios opostos às situações de desumanização da vida em sociedade, ao individualismo e à competição, à tolerância com as práticas de discriminação e autoritarismo, à exploração e à dominação. A gestão educacional, especialmente a gestão democrática, entendida como elemento de contra hegemonia, opõe-se à implantação direta e acrítica dos princípios administrativos da gestão empresarial na organização escolar.
 Afinal qual a relação entre administração e gestão? Podemos inserir o cenário moderno de realização do trabalho empresarial no qual há o esforço direcionado à criação de um clima participativo e em que o gerente é um dos agentes da integração, sendo também responsável pela produtividade da equipe sob sua orientação. Ferreira (2002, p.6) explicita essa relação dizendo que:
Ambas as palavras têm origem latina, “gerere” e “administrare”. “Gerere” significa “conduzir, dirigir ou governar”. “Administrare” tem aplicação específica no sentido de “gerir um bem, defendendo os interesses de quem os possui”. Administrar seria, portanto, a rigor, uma aplicação de gerir.
Félix (1985, p.34), pressupõe que:
O fato de ser a administração, de um modo geral, compreendida como uma decorrência da evolução da organização social reforça a necessidade de se explicitar a sua função enquanto meio de organização do trabalho na sociedade capitalista.
Como podemos perceber os termos administração escolar e administração empresarial nos direcionam a necessidade de termos uma visão clara e abrangente dos pressupostos da administração, como também de seus conceitos, considerando que esses termos são referência para as organizações sociais, sejam empresariais, sejam educacionais.
O termo gestão se aplica de forma mais adequada á esfera empresarial, enquanto o termo administração tem uma conotação voltada à esfera pública. Alguns estudos mostram que há interpretações específicas em relação a tais termos, sem implicação de hierarquia dou valor.
A administração escolar tem origem nos princípios gerais da administração empresarial, porém alguns estudos mostram que as características daquela são, às vezes, diferentes das características desta. Se esta pressupõe que as causas dos problemas devem ser investigadas coletivamente, na administração escolar, sobremaneira, é preciso contar com a participação coletiva e com os recursos disponíveis para, com competência, tomar decisões corretas.
Os conceitos de administração escolar também pressupõem processos que legitimam as ações de gestão? Sim, no entanto, têm desdobramentos sociais, uma vez que os gestores assumem a responsabilidade dessas ações perante a comunidade e os órgãos da organização do sistema de ensino, legitimando as teorias desenvolvidas pela administração geral, como afirma Félix (1985, p.17):
Enquanto a administração de empresas desenvolve as teorias sobre a organização do trabalho nas empresas capitalistas, a administração escolar apresenta proposições teóricas sobre a organização do trabalho na escola e no sistema escolar. No entanto, a administração escolar não construiu um corpo teórico próprio e no seu conteúdo podem ser identificadas as diferentes escolas da administração de empresas, o que significa uma aplicação dessas teorias a uma atividade específica, neste caso, a educação.
Como deve, então, ser a concepção de administração ou gestão nos sistemas de ensino? Nos sistemas de ensino, a concepção de administração ou gestão deve ser muito mais do que uma intenção ou uma proposta, pois materializa-se em práticas concretas e ações objetivas a fim de cumprir os objetivos definidos na organização do trabalho escolar.
O presente artigo se justifica pela necessidade de discorrer sobre as teorias de administração escolar no Brasil, abordando a origem e o desenvolvimento destas ao longo da história, bem como suas implicações no trabalho pedagógico como reflexo das concepções de gestão escolar, no qual foram caracterizadas a gestão democrático participativa, com enfoque nos conceitos de democracia, autonomia e participação e na relação destes com o processo de democratização da escola além do enfrentamento das condições existentes na gestão da escola implica assumir uma utopia, considerando-se a contribuição que a escola pode oferecer na construção de uma sociedade mais humana, solidária e inclusiva.
A escola, entendida como uma instituição social construída historicamente e inserida no contexto social amplo, sofre os impactos das politicas econômicas, culturais e educacionais.
Em um mundo marcado por constantes nas áreas tecnológica, cultural, social, politica, econômica e histórica, a educação não pode estar alheia ao contexto em que se insere, precisando estruturar-se para acompanhar as novas tendências e, ao mesmo tempo, primar por sua identidade. Na sociedade contemporânea, orientada por princípios democráticos, a escola tem o papel primordial de preparar os alunos para se desenvolverem e construírem, de forma proativa, a realidade do novo mundo que os rodeia.
DESENVOLVIMENTO 
Historicamente, no Brasil, a pesquisa acadêmica na área educacional tem mostrado o impacto e as implicações da teoria da administração empresarial nas práticas de gestão educacional, quer pela presença dessa literatura nos processos de formação dos administradores escolares nos cursos de Pedagogia ou de Pós-graduação, quer pela prática dos gestores educacionais que, de uma forma ou de outra, têm em suas ações, além de outras determinações, o viés das politicas públicas e dos princípios da visão estratégica empresarial.
É, pois, uma nova consciência de trabalho escolar, que vê nos conceitos de administração geral algumas limitações às quais levam a estabelecer paralelos conceituais que dão clareza e entendimento a essa relação entre gestão e administração.
Temos, assim, novos fundamentos que se incorporam ás ações de gerenciamento escolar. Torna-se indispensável, então, que diretores
ou gerentes busquem esclarecimentos sobre esses novos conceitos para que, com competência, possam exercer sua função de modo a gerar benefícios mútuos tanto para os papeis que serão desempenhados de forma mais bem fundamentada quanto para as questões escolares relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem. Entendido isso, vejamos o esclarecedor raciocínio desenvolvido por Lück (2008 p.35-36):
Gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas em especifico, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas, para implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas compromissados com os princípios da democracia e com métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias, no âmbito de suas competências) de participação e compartilhamento (tomada conjunta de decisões e efetivação de resultados), autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de informações) e transparência (demonstração pública de seus processos e resultados).
A ação educacional, para ser de qualidade, deve contar com o comprometimento e a participação efetiva de todos os membros que compõem a escola, formando assim uma equipe de gestão, um compromisso coletivo, que leva todos a compartilhar o processo de tomada de decisões junto com o dirigente escolar. A busca de uma nova compreensão sobre o papel dos gestores escolares implica reconhecer as limitações que se impõem aos conceitos de administração.
Assim, observamos que os gestores dos sistemas de ensino e os diretores de escolas organizam a gestão da educação influenciados por fatores internos e externos: “os externos são fatores de ordem social, econômico-cultural, cientifica e tecnológica; os internos estão relacionados ao desenvolvimento do conhecimento sobre o processo educativo” (Veiga, 2001, p.46).
Compreender as implicações dos fatores externos na gestão escolar é fundamental para diminuir a transposição acrítica para a administração escolar do modelo de administração estratégico-empresarial, o qual é baseado na racionalidade cientifica, na centralização do poder e na fragmentação do trabalho.
Paro (2008a) observa que a administração educacional tem uma correspondência direta com os princípios da sociedade capitalista, uma vez que o seu objeto de estudo é a escola e que toda organização tem uma administração. É nas organizações, portanto, que a administração é exercida, como também o é na instituição escolar.
Na reflexão sobre o conceito de administração consideramos, primeiramente, que o próprio ato de administrar, assim como o conceito de administração escolar, é uma construção histórica marcada pelas práticas e contradições vividas na sociedade, em diferentes períodos históricos e contextos sociais.
Como bem coloca Paro (2008a, p.18-19) para conceituar administração:
utilização racional de recursos para a realização de fins determinados fins. Assim pensada, ela se configura, inicialmente, como uma atividade exclusivamente humana, já que somente o homem é capaz de estabelecer livremente objetivos a serem cumpridos. O animal também realiza atividade, mas sua ação é qualitativamente diversa da ação humana, já que ele não consegue transcender seu estado natural, agindo apenas no âmbito da necessidade.
O que entendemos, baseando nossos conceitos na argumentação do autor citado, é que administrar, em qualquer organização, consiste em utilizar, de forma racional, os recursos disponíveis para alcançar os objetivos estabelecidos em coerência como seu objeto de trabalho. E é nesse ponto que reside a principal dicotomia entre os tipos de gestão anteriormente referenciados.
Portanto, a ação educativa supera a simples produção de objetivos da gestão empresarial na medida em que assume uma ação transformadora.
Félix (1985) afirma que a gestão do trabalho educativo apesar de apresentar características especifica, historicamente tem utilizado como base os princípios da administração geral, centrando suas ações, 
nas tarefas de organização, planejamento, direção e liderança para assegurar o equilíbrio interno e externo da organização escolar. Segundo Afonso, para desenvolver adequadamente essas tarefas o administrador escolar precisa ter uma visão de conjunto de toda a escola, de tal forma que não sejam consideradas distintas as atividades técnico-pedagógicas e as administrativas, ainda que cada qual apresente suas próprias características. Nesse sentido, o conjunto da escola deve constituir uma estrutura flexível e à administração escolar cabe propiciar os ajustes necessários para o seu funcionamento adequado. Embora as medidas de ajustes em função dos objetivos a serem cumpridos pela escola possam gerar conflitos e tensões, incompatibilizando-se com a hierarquia existente, (p.82).
Portanto, o gestor escolar, além de ter uma visão de conjunto, há de compreender a escola como uma estrutura flexível, pois o objeto de trabalho das atividades técnico-pedagógicas apresenta características distintas das atividades administrativas, uma vez que lida cotidianamente com a educação de pessoas.
O gestor, para implementar suas tarefas, deve dispor do curso em pedagogia conforme determina a Lei de diretrizes e Bases da Educação LDB (Lei 9394/96) em seu Artigo 64.
Artigo 64 - A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (MARQUES, 2009).
O trablaho do gestor não é um trabalho isolado. Trata-se de um trabalho junto ao trabalho docente e este se caracteriza por ser intencional, mas também por inserir os individuos no mundo no campo da cultura e da sociedade onde está imerso, via formação do homem e para o homem. Por conseguinte, é um trabalho que tem intencionalidade histórica, volta-se para o presente e para o futuro da sociedade. As práticas de gestão são, portanto, práticas sócio-historicas. Neste sentido, são práticas educativas.
Ressaltamos a necessidade de a escola rever a sua estrutura e os seus métodos de trabalho, pois há uma dicotomia entre os tipos de gestão e suas prioridades.
Quadro 1.1 - Prioridades da gestão empresarial e da gestão escolar.
 Gestão empresarial Gestão escolar
 
 Os aspectos técnicos, administrativos e As condições para que se cumpram 
 burocráticos. os fins da educação.
 
 
 Os métodos de gerência e controle. Os aspectos pedagógicos em
 detrimento da produção material.
 A divisão pormenorizada do trabalho As condições para a construção de 
 para atingir seus objetivos. referenciais que “possibilitem a
 realização humana pela vida digna e
 participativa em todas as formas de
 produção da existência”
 (Ferreira, 2002, p.27).
Acompanhando o raciocínio de Paro (2008ª, p.126), podemos dizer que:
O aluno é, não apenas o beneficiário dos serviços que ela presta, mas também participante de sua elaboração. É evidente que essa matéria-prima peculiar, que é o aluno, deve receber um tratamento todo especial, bastante diverso do que recebem os elementos materiais que participam do processo de produção, no interior de uma empresa industrial qualquer.
Dessa forma, evidencia-se
um entendimento consensual sobre a necessidade de se ofertar a educação e auxilia-a a se libertar de métodos que não sustentam mais as apreensões e reconhecerem a necessidade de se transformar. Todavia, as inexoráveis metamorfoses, a escola precisa subentender sua atribuição, o seu caráter, os seus valores. Pestana (2003) “Uma escola moderna não precisa abdicar do seu rosto, da sua identidade”.
 Para que uma escola sobreviva num mercado cada vez mais exigente e competitivo como o existente nos dias atuais, de acordo com André Pestana:
[...] É fundamental que o corpo diretor da escola (empresa) entenda que os seus alunos (clientes) representam a razão da existência da sua escola, que o
 seu maior patrimônio são funcionários e professores. E principalmente, na condição de prestadores de serviços, precisam investir continuamente em recursos humanos, científicos e tecnológicos. Nenhuma organização, seja ela política ou econômica, pode fechar os olhos a essas mudanças. A empresa de hoje não se limita mais ao seu tamanho físico ou poder econômico. A estrutura jurídica que quiser ultrapassar os próximos dez anos deve estar comprometida com a sua rua, o seu bairro, a sua cidade, o seu país. (PESTANA, 2003 p.22)
Enquanto a empresa capitalista lida, no seu cotidiano, com bens materiais (canetas, pregos, parafusos etc.), a escola lida com a educação, cuja especificidade do objeto de trabalho cotidiano envolve ‘ a produção de ideias, conceitos, valores, símbolos, hábitos, atitudes e habilidades” (Saviani, 1991, p.21).
Na escola, o foco é a produção crítica do saber, a inserção do aluno no processo de formação de ideias, na construção de conhecimentos, no desenvolvimento de competências e na formação de atitudes. Já na empresa, o foco da gestão é o lucro e a produtividade.
Oliveira (2009, p.36-37) acrescenta outros elementos que reforçam a dicotomia entre os dois tipos de gestão:
tecnologia, ambiente, poder, conhecimento se estruturam, fundamentando noções diversificadas das organizações. E mais: a hegemonia da razão instrumental direciona a ação efetiva e define o comportamento ético. A ciência é ideologizada em função da produção que, em sua lógica, subordina a educação, a política e mesmo o próprio lazer. Se, de um lado, pressupõe-se a subjetividade, por outro a racionalidade com respeito aos fins define cursos de ação de uma civilização voltada para o consumo, para o ganho, para as vantagens individuais e para o poder. É o reino da mercadoria e de sua administração.
Como espaço educacional, a escola tem um compromisso básico com a civilização e com a preparação das novas gerações para que estas possam usufruir dos bens materiais, sociais e culturais e, ao mesmo tempo, contribuir para produzi-los e preservá-los.
Os estudantes precisam ter uma formação que lhes permita compreender a lógica e as relações do mercado de trabalho, dominar as novas tecnologias, estar abertos às diversas relações humanas e, consequentemente, adquirir uma formação tanto para a cidadania como para o mundo do trabalho.
O quadro a seguir contribui para clarificar essas diferenças. Ressaltamos que os elementos adiante analisados se entrelaçam, na medida em que os gestores assumem ora uns, ora outros princípios, dependendo da necessidade da ação.
Quadro 1.2 – Concepções de administração presentes na gestão escolar
Item de análise Estratégico-empresarial Educacional democrática
 Enfatiza a organização burocrá- Possui visão emancipadora e
 Escola tica. Visa à racionalidade cidadã. Busca a formação
 técnica, observando os valores integral e assume a inclusão 
 de mercado. como principio e compromisso 
 social.
 
 Desafio Busca garantir a qualidade Busca garantir a qualidade
 formal, a fim de assegurar o técnica, humana e política por
 desempenho da escola por meio da construção e da
 meio da implementação do implementação coletiva do
 planejamento estratégico. projeto politico-pedagógico.
Pressupostos Mantém o pensamento Une teoria e prática. Promove a
 separado da ação. Usa a avalia participação da comunidade no
 ção como forma de controle. no processo de decisão. Usa a 
 Tende a centralizar os poderes avaliação diagnóstica e o poder
 em determinados postos hierar compartilhado.
 quicos.
 Estabelece o processo Estabelece o processo
 verticalizado na tomada de democrático na tomada de
 Gestão decisões: diretores, gerentes, decisões coletivas, decorrentes
 supervisores e colaboradores. de consensos construídos com a
 participação de representantes
 dos diferentes segmentos da
 escola.
Fonte: Adaptado de Veiga, 2001, p.63-64.
Para compreendermos as implicações do método de administração empresarial na gestão e na organização do trabalho pedagógico escolar, é necessária uma análise da natureza do trabalho que é desenvolvido na escola, seus princípios, objetivos e métodos.
Uma das implicações do uso da administração empresarial na gestão escolar ocorre quando o diretor direciona suas atividades com base nos princípios da gestão estratégica empresarial. A tendência aqui, então, é priorizar as exigências do “sistema” e as “prescrições administrativas”, o que se repercute no processo pedagógico, limitando o cumprimento da sua função educativa. Todavia, a utilização desse método é viável desde que sofra as devidas adequações a fim de não prejudicar o cumprimento da função essencial da escola.
Segundo Lück (2008, p.62), o conceito de autonomia de gestão escolar nos remete à necessidade de autogestão, descentralizando o poder e democratizando o ensino.
Ferreira (2000) entende a gestão democrática como a possibilidade de consubstanciação de um valor historicamente universal em realidade, permitindo aos seres humanos que se desenvolvam fortes intelectualmente, ajustados emocionalmente, capazes tecnicamente e ricos de caráter. Nestes termos, reafirma o entendimento de que, mais que uma participação ampliada, a gestão democrática precisa ser também um mecanismo de mediação que permita à escola construir, conscientemente, as bases que fundamentam o desenvolvimento e a qualidade social.
Os modelos de gestão participativa que vêm sendo adotados na modernidade, tanto em empresas quanto em escolas, pressupõem, para a busca de soluções adequadas, o compartilhamento da tomada de decisões com todos os envolvidos, bem como a corres-ponsabilização deles na operacionalização das ações das ações. Esses modelos preveem que um conjunto de pessoas esteja em ação, planejando, inovando, fazendo acontecer.
 Analisamos, que hoje nas escolas é que, do ponto de vista teórico, há uma busca incessante pela gestão democrática e participativa, por uma concepção educacional predisposto com a efetiva participação de todos. Segundo Paro (2003) a Convivência humana motiva no aluno o desejo de aprender. Sucinta um acordo entre o educando, observados e estimulados a serem sujeitos da própria aprendizagem. Da mesma maneira, trazer os familiares para o convívio da escola,
apresenta-lhes a importância da sua participação e compromisso com a vida escolar do aluno. O que leva a uma escola pública em conformidade com seus interesses de cidadãos.
A escola tem o dever de incentivar a participação e o engajamento da família/comunidade nos projetos da instituição, assim como, reconhecer a importância do auxilio da família no projeto escolar. Essa acolhida gera o exercício do seu papel da família na educação, no desenvolvimento e sucesso profissional de seus filhos e na transformação da sociedade. Sendo a escola o espaço privilegiado para o desenvolvimento das ideias, crenças e valores. Deve ir além da apreensão de conteúdos e buscar a formação de cidadãos críticos e agentes de transformação (POLÔNIA E DESSEN, 2005, p.3030-312).
Nesse cenário, todas as unidades escolares são convidadas a revisar sua prática educativa e, portanto, muitas são as propostas de mudanças de paradigma. Destaca-se, a importância da autonomia escolar na definição dos mecanismos que assegurem educação de qualidade, expressos no Projeto Politico-Pedagógico (PPP). Segundo GESSER (2000, p. 30): 
A construção de Projetos Político-Pedagógicos e sua viabilidade nas unidades escolares, como expressão democrática coletiva, voltados às classes subalternas, começaram a concretizar-se na década de 80, com as discussões de redemocratização política do país protagonizada pelos educadores que possuíam uma visão mais crítica. Pela ótica de alguns autores, só tem sentido construir um Projeto Político-Pedagógico se este tiver a participação efetiva de todos os envolvidos no processo educacional, como pais, alunos, professores, funcionários e direção.
Frente a essa liberdade de elaborar seu próprio PPP cada unidade escolar define sua identidade. Nessa orientação, o que será conjecturado democrático da Escola estará anexo á sua função social.
"A gestão democrática passa pela democratização da escola, pela natureza social da escola, não se restringe apenas aos processos transparentes e democráticos ligados à função administrativa. Não é possível uma Escola autoritária desenvolver uma gestão democrática. Nesse sentido a gestão democrática tem uma dimensão exógena e endógena. A primeira está ligada à função social da escola, `a sua vocação democrática, no sentido de democratizar o conhecimento produzido e socializado por ela.
A segunda refere-se à forma de organização interna da escola, contemplando os processos administrativos, a participação da comunidade escolar nos projetos pedagógicos, políticos e administrativos da escola, ou seja, à forma como é administrada a escola" (FONSECA, 1994, p. 84-85).
Já está consolidado no discurso educacional que o projeto Politico Pedagógico (PPP) é a própria organização do trabalho escolar e que abrange a concepção, realização e avaliação do projeto educativo envolvendo diversos atores (VEIGA, 1998). Neste sentido,
Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado  confortável para arriscar-se atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis, comprometendo seus atores e autores. (GADOTTI,1994,p.579).
Assim o PPP não é simplesmente um amontoado de planos e agrupamentos de pessoas. Envolve a associação dos atores envolvidos e do compartilhamento de objetivos. Pensando nas pessoas envolvidas nos objetivos educacionais da escola, podemos citar professores, coordenadores, gestores e alunos, mas também, pais e a comunidade atendida pela escola.
A elaboração do PPP é uma ação intencional, com a explicitação de compromissos. Quando estes são definidos coletivamente, comunga com a perspectiva de uma democracia participativa, como VEIGA relata:
O projeto político-pedagógico, ao se constituir em processo democrático de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as relações no interior da escola, diminuindo os efeitos fragmentários da divisão do trabalho que reforça as diferenças e hierarquiza os poderes de decisão. (VEIGA, 1998).
Não basta, portanto, mobilizar os grupos para participarem de reuniões. A comunidade deve ser ouvida e perceber que o seu papel será ativo na discussão sobre os rumos da escola. Se em todo debate é, na verdade, permeado por assimetrias, geralmente transmitidas e reforçadas pelos ranços da democracia representativa e delegativa, na escola, nenhum segmento deve monopolizar a discussão.
	A gestão democrática é um principio consagrado pela Constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica, administrativa e financeira. Tornar o espaço escolar realmente público exige uma ruptura histórica na prática administrativa da escola, que inclui a implementação de procedimentos que favoreçam o acesso da comunidade escolar e a sua inclusão nas discussões sobre o Projeto Politico Pedagógico.
A criação de fóruns na escola considerando os critérios de igualdade de acesso, transparência e clareza, possibilita a ampliação da participação dos representantes dos diferentes segmentos da escola nas decisões/ações administrativo-pedagógicas ali desenvolvidas.
Assim, observa-se que está assegurado que as unidades escolares garantam a participação dos profissionais e da comunidade escolar como estratégia da gestão democrática instrumento de tomada de decisão. 
Saviani (1986) defende que um diretor precisa entender o bom funcionamento da escola e de ter clareza da razão central da instituição que dirige. O autor afirma que o diretor de escola “comprometido com a qualidade educativa deve ser antes de tudo um educador; antes de ser um administrador ele é um educador” (SAVIANI, 1986, p.190).
Contudo Paro (2208a, p.132) explana que a maioria das decisões ainda cabe ao diretor:
a última palavra deve ser dada por um diretor, colocado no topo dessa hierarquia, visto como o representante da lei e da ordem e responsável pela supervisão e controle das atividades que aí se desenvolvem. Para facilitar essa supervisão, tal tema hierárquico é constituído de tal maneira que todos os que participam da vida da instituição – desde o pessoal de secretária e os funcionários subalternos (serventes e inspetores de alunos etc.) passando pelo pessoal técnico-pedagógico (orientador educacional, coordenador pedagógico etc.) até os professores e alunos – devem desempenhar funções precisas o suficiente para permitir o controle e a cobrança no cumprimento das tarefas e atribuições que estão sob a responsabilidade e obrigação de cada um.
Percebemos, embora haja uma flexibilização na aplicação das normas previstas no regimento escolar e nas demais legislações oriundas dos sistemas de ensino até mesmo por conta da pressão vinda dos alunos e professores que cobram cotidianamente maior participação nos processos de decisão, ainda está presente a centralização do poder nas decisões tanto na gestão e organização do trabalho pedagógico escolar quanto na gestão do processo de ensino-aprendizagem.
O diretor escolar, no seu dia a dia, enfrenta o embate: por um lado, como educador, identifica-se com alunos, professores e pais em suas reivindicações; por outro, como superior responsável pela gestão da escola, tem de fazer cumprir as determinações legais.
O quadro a seguir demonstra essa dicotomia
Quadro 2 – Comparação entre diretor-educador e diretor-gestor
Diretor – educador Diretor - gestor
 
 Busca atingir os objetivos Precisa cumprir as determina
 educacionais da escola. nações dos órgãos superiores
do sistema de ensino. 
 
 Envolvido com os problemas Dedica grande parte do seu 
 pedagógico da escola tem pouco tempo ao atendimento de forma-
 tempo para se dedicar ao trabalho lidades burocráticas.
 burocrático.
 
 Professores, profissionais da O Estado não satisfaz essas
 educação e alunos reivindicam reivindicações e, diante disso,
 medidas para promover a o diretor deve responder pelo
 qualidade do ensino. cumprimento de leis e regulamen-
 tos. 
 Como educador, identifica-se Como gerente, sente sobre si o 
 com os objetivos legítimos da peso de constituir-se como 
 escola e se sente compelido a responsável maior pelo
 atendê-los. cumprimento da lei e da ordem 
 na escola.
 Sente-se impotente diante dos O diretor assume o papel 
 problemas, frustrando a sua “preposto” do Estado, com a 
 utopia de ver realizados os incumbência de zelar por seus 
 objetivos pedagógicos. interesses.
 Fonte: Elaborado com base em Paro, 2008a, p.133-134.
Para tanto, deve analisar criteriosamente a natureza do trabalho que ai é desenvolvido. Como afirma Paro, o ato de diretor:
“Envolvido, assim, com os inúmeros problemas da escola e enredado nas malhas burocráticas das determinações formais emanadas dos órgãos superiores, o diretor se vê grandemente tolhido em sua função de educador, já que pouco tempo lhe resta para dedicar-se às atividades mais diretamente ligadas aos problemas pedagógicos no interior de sua Escola” (PARO, 1993, p.133).
“A impotência do diretor para resolver os problemas da escola articula-se, assim, com o papel de gerente que o estado lhe reserva, contribuindo ambos para fortalecer os interesses dominantes com relação à educação escolar. A dimensão gerencial permite ao Estado um controle mais efetivo das 
múltiplas atividades que se realizam na escola, na medida em que se concentra na figura do Diretor a responsabilidade última por tais atividades, fazendo-o representante dos interesses do estado na instituição. O diretor escolar assume assim o papel de ‘preposto’ do Estado, com a incumbência de zelar por seus interesses; estes, embora no nível da ideologia se apresentam como sendo de toda a população, bem sabemos que se constituem em interesses das classes que detém o poder econômico da sociedade. Por outro lado, a situação de impotência do diretor, diante dos problemas graves com os quais se defronta a escola, concorre para que se tenha frustrada a realização de seus objetivos especificamente pedagógicos; desse modo, deixa de cumprir sua função transformadora de emancipação cultural das camadas dominadas da população, servindo aos interesses da conservação social” (PARO, 1993, p. 135).
Voltamos à assertiva inicial: é incompatível a transposição direta dos princípios da administração empresarial para a gestão escolar, dadas às características próprias do trabalho educativo escolar.
Em face ao colocado, o diretor da escola comprometido com uma sociedade inclusiva e com uma educação que contribua para a formação de alunos críticos e inseridos futuramente no mundo trabalho deve, em primeiro lugar, procurar garantir as condições necessárias para a concretização da práxis educativa, considerando a natureza do trabalho pedagógico e os métodos específicos da administração escolar em sua gestão.
Decorre do exposto até aqui que a escola é um lócus privilegiado para analisar e reduzir o excesso de burocratização e centralização do poder, bem como contribuir efetivamente, por meio da gestão democrática e participativa, com a transformação social.
CONCLUSÃO
Ao se adotar o conceito de gestão, assume-se uma mudança de concepção a respeito da realidade e do modo de compreendê-la e de nela atuar. Cabe ressaltar, portanto, que, com a denominação de gestão, o que se preconiza é uma nova óptica de organização e direção de instituições, tendo em mente a sua transformação e de seus processos, mediante a transformação de atuação, de pessoas e de instituições de forma interativa e recíproca, a partir de uma perspectiva aberta, democrática participativa.
Sabemos que a gestão democrática participativa na escola está diretamente relacionada com a qualidade da educação. Na prática, a construção da democracia na escola é uma construção coletiva, que presume mudanças na forma de conceber os objetos e fins da educação, as relações que se estabelecem no contexto escolar e a função da escola enquanto instituição social. Portanto, a participação de todos os envolvidos no processo educacional é de fundamental importância para que de fato a escola seja democrática, que colabore para a formação integral do indivíduo, com a visa global da realidade, na perspectiva da pluralidade cultural brasileira.
Considerando o tema proposto para desenvolver neste texto, a saber – o objetivo desta foi de analise e reflexão, em relação às ações e o papel do gestor escolar para que o mesmo possa contribuir para que os professores se familiarizem com as Concepções e processos de gestão, como condição para que, como membros da escola, participem de forma efetiva do processo de planejamento do projeto pedagógico, por contribuírem para o aperfeiçoamento das práticas educativas desenvolvidas nas escolas juntamente com as contribuições da Gestão Escolar na perspectiva democrático-participativa, a qual demonstrando a preocupação da escola em se firmar nos objetivos e práticas que a constituam em um espaço de construção da cidadania.
O gestor, como planejador, ao antecipar ações em relação à dinâmica cultural em que está inserido as quais pretende, com os demais sujeitos do processo educativo- professores, especialistas e alunos – pode promover ações que busquem formação/educação desses mesmos indivíduos no conjunto de possibilidade sociais que cercam sua ação. Assim sendo, a gestão planejada não é somente educativa para os alunos, mas para todos os envolvidos no processo. Desse modo, pode-se dizer que a instituição-escola pode ser educativa, tanto mais quanto mais promova a capacidade das pessoas de se situarem no mundo e se desenvolverem. 
De fato, a gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas em específico, afinado com as diretrizes e políticas educacionais públicas, para a implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas, compromissado com os princípios da democracia e com métodos que organizem e criem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias, no âmbito de suas competências) de participação e compartilhamento (tomada de decisões conjunta e efetivação de resultados), autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de informações) e transparência (demonstração pública de seus processos e resultados). A gestão educacional abrange, portanto, a articulação dinâmica do conjunto de atuações como prática social que ocorre em uma unidade ou conjunto de unidades de trabalho, que passa a ser o enfoque orientador da ação organizadora e orientadora do ensino, tanto em âmbito macro (sistema) como micro (escola) e na interação de ambos os âmbitos.
Entretanto, contemplamos a justificativa deste artigo pela necessidade de discorrer sobre as teorias de administração escolar no Brasil, abordando a origem e o desenvolvimento destas ao longo da história, bem como suas implicações no trabalho pedagógico como reflexo das concepções de gestão escolar, no qual foram caracterizadas a gestão democrático participativa, com enfoque nos conceitos de democracia, autonomia e participação
e na relação destes com o processo de democratização da escola além do enfrentamento das condições existentes na gestão da escola implica assumir uma utopia, considerando-se a contribuição que a escola pode oferecer na construção de uma sociedade mais humana, solidária e inclusiva.
Os termos "administração" e "gestão da educação", em geral, eram usados como sinônimos. Dada a forte conotação técnico-gerencial do termo "administração", e tendo a educação um componente político próprio, passou-se a privilegiar o termo gestão da educação, caracterizando um processo político-administrativo, que organiza, orienta e viabiliza a prática social da educação.
Em face ao colocado e o que entendemos, baseando nossos conceitos na argumentação de vários autores citado, é que administrar em qualquer organização, consiste, em utilizar de forma racional, os recursos disponíveis para alcançar os objetivos estabelecidos em coerência com o seu objeto de trabalho. E é nesse ponto que reside a principal dicotomia entre os tipos de gestão anteriormente referenciados.
Vencer as barreiras de um paradigma que se reconstrói todos os dias com sutileza e como uma condição natural não é tarefa simples. Oportunizar o diálogo e as participações faz parte de um grupo de condutas que precisam ser planejadas e horizontalizadas para ajudar a construir o discurso dos atores da escola, Validar os diferentes pontos de vista e mediar às interseções a favor do desenvolvimento da instituição e da qualidade da educação são pressupostos da escola democrática, como o Colegiado Escolar, o Projeto Politico Pedagógico, o Regimento Escolar, entre ouros instrumentos e mecanismos de participação. Portanto, a Gestão democrática na escola se apresenta como elemento de contra hegemonia em face da implantação geral na gestão escolar e organização escolar.
Toda vez que se propões uma gestão democrática participativa da escola que tenha efetiva participação dos pais, educadores, alunos e funcionários, no que se refere à escola pública de ensino fundamental e médio, isso acaba sendo considerado algo utópico.
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Artigo científico apresentado à Faculdade Venda Nova do Imigrante - FAVENI como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em GESTÂO DO TRABALHO PEDAGÓGICO: SUPERVISÃO, ORIENTAÇÃO, INSPEÇÃO E ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR. 
� Graduada em Pedagogia, pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Pós-graduada em Psicopedagogia Clinica e Institucional e Educação Inclusiva, Especial e Politicas de Inclusão e 
 E-mail: marye.celina73@gmail.com
ISSN: 2446-9467 ©Copyright™ 2014 por REBESCOLAR®
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