Buscar

Aula 5 - Cocos gram negativos

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Cocos gram negativos
Disciplina: Microbiologia Clínica 
6º Período Biomedicina 
Profª MSc. Nívea Cristina Vieira Neves
Patógenos importantes
• Gênero Neisseria:
N. meningitides (meningococo): meningite e meningococemina
N. gonorrhoeae (gonococo): : gonorreia e conjuntivite neonatal
Características importantes
• Cocos gram-negativos semelhantes a um par de feijões (diplococos)
Neisseria meningitides
• Cápsula polissacarídica → intensifica sua virulência:
Ação antifagocitária e indução de anticorpos protetores
Antígeno que define os grupos sorológicos: A, B, C, Y e W-135
Antígeno detectado no líquido cerebroespinal de pacientes com meningite
Antígeno presente na vacina
Neisseria gonorrhoeae
• Não possui cápsula polissacarídica
• Apresenta múltiplos sorotipos com base na antigenicidade da
proteína pilus → ≈ 100 sorotipos
• Apresentam 3 proteínas de membrana externa: proteínas I, II e III
Proteína II → papel na adesão do organismo às células
Características importantes: gênero Neisseria
• Contém endotoxina na membrana externa: LOS (lipo-oligossacarídeo)
• LOS: contém o lipídio A
• Crescimento é inibido por traços de metais e ácidos graxos tóxicos
presentes em determinados meios de cultura (placas de ágar-sangue)
São cultivados em ágar-chocolate contendo sangue aquecido a 80 °C
→ inativa os inibidores
Ágar Thayer-Martin Chocolate (TM)
Características importantes: gênero Neisseria
• São oxidase-positivas → possuem enzima citocromo c
Importante teste diagnóstico
Colônias expostas à fenilenodiamina tornam-se púrpuras ou negras,
como resultado da oxidação do reagente pela enzima
Teste da oxidase
Teste da oxidase
• Tiras de papel impregnadas com fenilenodiamina
• Procedimento:
1. Trabalhando próximo à chama abrir o frasco e com o auxílio de uma pinça em
aço inoxidável retirar uma tira que será colocada sobre uma lâmina de
microscópio limpa e seca
2. Fechar imediatamente o frasco e retornar à geladeira
3. Usando uma alça bacteriológica em platina (ou palito de madeira ou plástico
estéril) transferir assepticamente uma ou duas colônias da bactéria em análise
e emulsionar sobre a superfície da tira
4. Observar o resultado em até 2 minutos: o desenvolvimento de uma coloração
violeta caracteriza a prova da oxidase positiva
Neisserias de importância médica
Espécies Porta de entrada Cápsula 
polissacarídica
Fermentação de 
maltose
Produção de β-
lactamase
Vacina disponível
N. meningitides
(meningococo)
Trato respiratório + + Nenhuma +
N. gonorrhoeae
(gonococo)
Trato genital – – Parcial –
* Todas as neissérias são oxidase-positivas!
Importantes características clínicas
Organismo Tipo de patogênese Doença típica Tratamento
N. meningitides Piogênica Penicilina G
N. gonorrhoeae Piogênica
1. Localizada Gonorreia (uretrite, cervicite) Ceftriaxona + Doxiciclina1
2. Ascendente Doença inflamatória pélvica Ceftriaxona + Doxiciclina1
3. Disseminada Infecção gonocócica disseminada Ceftriaxona
4. Neonatal Conjuntivite Ceftriaxona
AgNO3 (P)
Eritromicina (P)
1A doxiciclina é adicionada caso haja possível coinfecção por Clamydia trachomatis
(P) = prevenção 
Neisseria meningitides
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• Seres humanos: únicos hospedeiros
• São disseminados pelas gotículas no ar
• Colonizam as membranas da parte nasal da faringe → parte da
microbiota transiente do trato respiratório superior
• Portadores geralmente assintomáticos
Neisseria meningitides
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• Pode atingir a corrente sanguínea e disseminar-se em locais específicos:
meninges ou articulações ou por todo o corpo (meningococemia)
• 5% dos indivíduos tornam-se portadores crônicos → fonte de infecção para
terceiros
• Taxa de portadores pode atingir 35% → ambientes confinados (recrutas
militares, p. ex.)
• Alta taxa também em familiares dos pacientes
Neisseria meningitides
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• 80% dos casos de meningite em crianças acima de 2 meses:
1. Streptococcus pneumoniae
2. Neisseria meningitides → maior probabilidade de epidemias
Neisseria meningitides
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• Fatores de virulência dos meningococos:
1. Cápsula polissacarídica: antifagocitário
2. Endotoxina: febre, choque
3. Protease para IgA: auxilia a bactéria a se ligar às mm do trato
respiratório superior ao degradar a IgA secretória
Neisseria meningitides
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• Resistência ao organismo → presença de anticorpo anti-
polissacarídeo capsular
• Portadores → títulos de Ac protetores no período de 2 semanas de
colonização
Neisseria meningitides
ACHADOS CLÍNICOS
• 2 manifestações importantes:
1. Meningococemia
Forma mais grave: síndrome de Waterhouse-Friderichsen → febre
alta, choque, púrpura amplamente espalhada, coagulação
disseminada intravascular, trombocitopenia e insuficiência adrenal
2. Meningite: febre, cefaleia, rigidez de nuca, alta concentração de
PMN no líquido cerebroespinal
Meningococemia
Diagnóstico Laboratorial
• Principais:
1. Esfregaço
2. Cultura de amostras de sangue e líquido cerebroespinal
• Diagnóstico presuntivo de meningite meningocócica → observação
de cocos gram-negativos em esfregaço de líquido cerebroespinal
Diagnóstico Laboratorial
• Cultura: ágar-chocolate incubado a 37°C, em atmosfera de 5% de CO2
• Diagnóstico presuntivo de Neisseria: colônias de diplococos gram-
negativos oxidase-positivos
Diagnóstico Laboratorial
• Diferenciação das espécies: fermentação de açúcares:
Meningococos fermentam maltose
Gonococos não fermentam maltose
Ambos fermentam glicose
Prova + Prova –
Tratamento 
• Penicilina G: escolha
• Cefalosporina 3ª geração: ceftriaxona
Prevenção 
• Quimioprofilaxia e imunização:
Rifampicina ou ciprofloxacino: indivíduos que estabeleceram contato
próximo com o caso-índice
Vacinas: imunógenos → polissacarídeo capsular dos grupos A, C, Y e
W-135
Vacinas conjugadas são as mais utilizadas
Neisseria gonorrhoeae
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• Causam doença apenas em seres humanos
• Principalmente transmitida sexualmente
Recém-nascidos podem ser infectados durante o nascimento
Gonococo: sensível à desidratação e condições de baixa temperatura,
a transmissão sexual favorece sua sobrevivência
Neisseria gonorrhoeae
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• Em geral:
Sintomática em homens
Assintomática em mulheres
• Fonte mais comum do organismo: trato genital
• Outras: infecções anorretais e faríngeas
Neisseria gonorrhoeae
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• Pili: controla adesão às superfícies das células mucosas e é
antifagocitário
• Linhagens desprovidas de pili são avirulentas
Neisseria gonorrhoeae
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• Fatores de virulência da parede celular:
• Endotoxina (LOS)
• Proteínas de mm externa
• Protease de IgA
• Gonococos não apresentam cápsulas
Neisseria gonorrhoeae
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• Defesas do hospedeiro:
1. Anticorpos IgA e IgG
2. Complemento
3. Neutrófilos
Neisseria gonorrhoeae
PATOGÊNESE E EPIDEMIOLOGIA
• Afetam principalmente superfícies de mucosas: uretra, vagina
• Porém pode ocorrer disseminação varia de acordo com a efetividade
das defesas do hospedeiro
Neisseria gonorrhoeae
ACHADOS CLÍNICOS
• Infecções localizadas (trato genital)
• Infecções disseminadas → colonização de vários órgãos
• Em homens:
Uretrite
Disúria
Descarga purulenta
Pode ocorrer epididimite
Neisseria gonorrhoeae
ACHADOS CLÍNICOS
• Em mulheres:
Infecção localiza-se na endocérvice
Secreção vaginal purulenta
Sangramento intermenstrual (cervicite)
Complicação: salpingite (ascende
as tubas uterinas) → esterilidade
ou gravidez ectópica
Neisseria gonorrhoeae
ACHADOS CLÍNICOS
• Manifestações das infecções gonocócicas disseminadas:
Artrite
Tenossinovite
Pústulas na pele
Causa mais comum de artrite séptica em adultos sexualmente ativos
Diagnóstico laboratorial difícil porque o organismo não é cultivado
em mais de 50% dos casos
Neisseria gonorrhoeae
ACHADOS CLÍNICOS
• Outros locais:
Região anorretal
Garganta
Olhos
• Outras infecções podem coexistir: Clamydia trachomatis
Diagnóstico Laboratorial
• Coloração de Gram e cultura da secreção
• Testes de triagem: amplificação de ácidos nucleicos
Diagnóstico Laboratorial
• Em homens: detecção de diplococos gram-negativos no interior de PMNs
em um espécime de secreção uretral é suficiente para o diagnóstico
• Em mulheres: coloração de gram pode ser de difícil interpretação →
realização de culturas
Falso-positivos: diplococos gram-negativos da flora normal
Falso-negativos: dificuldade de visualização de pequeno nº de gonococos
quando são utilizadas lentes de imersão
Diagnóstico Laboratorial
• Culturas também utilizadas em diagnóstico de faringite ou infecções
anorretais suspeitas
• Meios de cultura:
Thayer-Martin → ágar chocolate com antibióticos (vancomicina,
colistina, trimetoprima e nistatina) → suprime a microbiota normal
Para amostras de locais estéreis (sangue, líquido articular) → ágar-
chocolate (sem antibióticos)
Diagnóstico Laboratorial
• Colônia oxidase-positiva = gênero Neisseria
• Para identificação da espécie = fermentação da glicose (mas não
maltose) ou coloração com anticorpo fluorescente
A prova será positiva para Neisseria gonorrhoeae, apenas quando a
glicose for o único carboidrato metabolizado
Tratamento 
• Escolha: ceftriaxona
• Paciente alérgico à penicilina e cefalosporinas: azitromicina e
ciprofloxacina
• Linhagens resistentes produtoras de penicilinases (PPNG)
• Isolados também linhagens resistentes à ciprofloxacina
Prevenção 
• Uso de preservativos
• Rápido tratamento dos pacientes sintomáticos
• Casos de gonorreia devem ser notificados ao departamento de saúde
pública para garantir o acompanhamento adequado
• Conjuntivite gonocócica: gotas de nitrato de prata ou unguento de
eritromicina
Referência para estudo:
• Capítulo 16 (Parte II): LEVINSON, W. Microbiologia Médica e
Imunologia. 13.ed. Porto Alegre: Artmed, 2016. 788 p.
• Manual da ANVISA: Detecção e Identificação de Bactérias de
Importância Médica – Módulo V. Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/microbiologia/mod_5_2004.
pdf

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando