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Neisseria gonorrhoeae Neisseria gonorrhoeae • Características Gerais • Gonococo • Diplococos Gram Negativos • Imóveis • Oxidase positiva • Catalase positiva • Não encapsulado • Sensíveis a penicilina – até 1950 • Fermentadores de carboidratos – somente glicose • Observado pela primeira vez por Neisser (1879) de exsudato retal e conjuntival Neisseria gonorrhoeae • Características de crescimento • Crescem em condições aeróbias • Crescem melhor em meios de cultura complexos • Ágar Chocolate – meio enriquecido e não seletivo para cultivo de bactérias sensíveis e exigentes (Hemina e Hematina). • Ágar Thayer Martin - É constituído por sangue de carneiro desfibrinado, antibióticos e fatores de crescimento. • Temperatura ideal de incubação: 35,5 a 36,5ºC e em 5% de CO2. • Rapidamente são destruídos pelo ressecamento, pela luz solar, pelo calor úmido e por desinfetantes Neisseria gonorrhoeae • Classificação antigênica • N. gonorrhoeae (gonococo) não possui cápsula polissacarídica, no entanto apresenta múltiplos sorotipos com base na antigenicidade da proteína (pilina) das fímbrias (pilus); • Há uma acentuada variação antigênica das fímbrias (pilus) dos gonococos, resultante de rearranjo cromossomal, sendo conhecidos mais de 100 sorotipos; • Os gonococos apresentam três proteínas de membrana externa (proteínas I, II e III). • A proteína II desempenha papel na adesão do organismo às células do hospedeiro e também varia antigenicamente. Neisseria gonorrhoeae • Fatores de virulência • Fímbrias (pilus) – medeiam a aderência inicial às células humanas não ciliadas (p. ex. epitélio da vagina, tubas uterinas e mucosa oral) e interfere na morte dos fagócitos (PMN); Variação antigênica – classificação dos sorotipos . • Lipooligossacarídeo (endotoxina) – Efeito tóxico (desencadeia intensa resposta inflamatória – ativação do sistema complemento e produção de TNF. • IgA protease: Cliva e inativa imunoglobulinas A (IgA) de mucosas • β- Lactamase – Hidrolisa o anel β-lactâmico da penicilina Neisseria gonorrhoeae • Fatores de virulência • Proteínas de membrana externa • Proteína Por (Proteína I) – Porina: que promove a sobrevivência intracelular ao prevenir a fusão fagolisossoma nos neutrófilos. • Proteína Opa (Proteína II) – Proteína da opacidade: medeia a aderência firme às células eucarióticas (epiteliais e fagócitos) – Associada à doenças clínicas • Proteína Rmp (proteína III) – Proteína modificada por redução: protege outros antígenos de superfície (proteínas I Por, LOS) da ligação dos anticorpos bactericidas. • Colônias opacas (Opa +) • Doenças localizadas – endocervicite, uretrite, faringite e prostatite. • Colônias transparentes (Opa -) • Doenças disseminadas – Doença inflamatória pélvica (DIP) e artrite. Neisseria gonorrhoeae • Fatores de virulência • Proteínas de ligação à transferrina (Tbp 1 e Tbp2) – medeiam a aquisição de ferro para o metabolismo bacteriano; • Proteínas de ligação à lactoferrina (Lbp) - medeiam a aquisição de ferro para o metabolismo bacteriano; • Proteínas de ligação à hemoglobina - medeiam a aquisição de ferro para o metabolismo bacteriano; Neisseria gonorrhoeae • Epidemiologia • Os gonococos, assim como os meningococos, causam doença apenas em humanos. • O organismo é usualmente transmitido sexualmente, sendo que recém- nascidos podem ser infectados durante o nascimento. • Uma vez que o gonococo é bastante sensível à desidratação e a condições de baixa temperatura, a transmissão sexual favorece sua sobrevivência. Neisseria gonorrhoeae • Patogênese • Habitualmente, a gonorreia é sintomática em homens; • Mas em geral assintomática em mulheres; • As fímbrias constituem um dos mais importantes fatores de virulência, por controlarem a adesão às superfícies das células mucosas; • Os gonococos com fímbrias são usualmente virulentos, ao passo que linhagens desprovidas de fímbrias são avirulentas. Neisseria gonorrhoeae • Manifestações Clínicas • Os gonococos causam infecções localizadas, geralmente no trato genital, bem como infecções disseminadas, com a colonização de vários órgãos. • Os gonococos atingem esses órgãos por meio da corrente sanguínea (bacteriemia gonocóccica). • Em homens, a gonorreia caracteriza-se principalmente por uretrite, acompanhada de disúria e descarga purulenta. A epididimite pode ocorrer. • Sintomas mais bem caracterizados Neisseria gonorrhoeae • Manifestações Clínicas • Em mulheres, a infecção localiza-se principalmente no endocérvix, provocando secreção vaginal purulenta e sangramento intermenstrual (cervicite). • Complicações: Infecção ascendente das tubas uterinas (salpingite, DIP), podendo resultar em esterilidade ou gravidez ectópica como resultado da formação de cicatrizes nas tubas uterinas. • Pode ser dificultada por co-infecções com Chlamydia trachomatis e Thricomonas vagilanis. Neisseria gonorrhoeae • Manifestações Clínicas: • Outros sítios de infecção são: a região anorretal, garganta e olhos. • As infecções anorretais ocorrem principalmente em mulheres e em homens homossexuais. • Frequentemente são assintomáticas, porém pode ocorrer uma secreção sanguinolenta ou purulenta (proctite – inflamação anal). • Na garganta, ocorre faringite, contudo muitos pacientes são assintomáticos. • A conjuntivite gonocóccica em adultos ocorre como resultado da transferência dos organismos da genitália para os olhos. Neisseria gonorrhoeae • Manifestações Clínicas • Infecção gonocóccica Disseminada (IGD) • Em casos raros (0,5% a 3%) • Infecção generalizada • Causa: Bacteremia gonocóccica Artrite gonocóccica • Sintomas: febre, poliartralgia e lesões cutâneas, podendo haver complicações como endocardite, meningite e osteomielite. • IGD: causa mais comum de artrite séptica em adultos sexualmente ativos Infecção gonocóccica disseminada Neisseria gonorrhoeae • Gonorreia na Gravidez • Maioria não se associa com um risco para a mãe – suas manifestações clínicas não se alteram • Durante a gravidez ou parto: complicações para o feto podem ser graves • Risco aumentado de aborto espontâneo • O feto pode ser infectado durante a passagem pelo canal vaginal • Sintomas: • Conjuntivite neonatal – oftalmia neonatorum • Cegueira • Infecção generalizada A incidência de oftalmia gonocóccica diminuiu significativamente nos anos recentes devido ao amplo uso profilático de unguento ocular de eritromicina (ou nitrato de prata), aplicado logo após o nascimento. Oftalmia gonocóccica Neisseria gonorrhoeae • Diagnóstico laboratorial • COLETA 1. Pacientes do sexo masculino ▪ EXAME BACTERIOSCÓPICO: A detecção de diplococos gram-negativos no interior de PMNs em um espécime de secreção uretral é suficiente para o diagnóstico – COLORAÇÃO DE GRAM • Cultivo da secreção uretral: após exame bacterioscópico negativo, persistindo a suspeita clínica; • Amostras da orofaringe e do canal anal, quando houver indicação Diplococos Gram Negativos intracelulares presentes em PMN de secreção uretral Neisseria gonorrhoeae • Diagnóstico laboratorial 2. Pacientes do sexo feminino • O exame bacterioscópico isoladamente pode ser de difícil interpretação; • CULTURA: • Secreção endocervical (rotina) • As culturas também devem ser utilizadas no diagnóstico de faringite ou infecções anorretais suspeitas. • Na oftalmia gonocóccica (recém-nascidos ou adultos) • Cultura de sangue (infecções disseminadas) • No seguimento de tratamento A bacterioscopia (Colorações de Gram) em espécimes cervicais podem ser falso-positivas devido à presença de diplococos gram-negativos na microbiota normal, bem como podem ser falso-negativas em virtude da dificuldade de visualização de pequeno número de gonococos no espécime. Corrimento endocervical Neisseria gonorrhoeae • Diagnóstico laboratorial • Procedimentos: Amostras coletadas de sítios de mucosas, como uretra e cérvix, são cultivados em meio Thayer-Martin, que consiste em ágar chocolate contendo antibióticos (vancomicina, colistina,trimetoprim e nistatina) a fim de suprimir a microbiota normal Com uma das colônias cultivadas no Meio Thayer Martin realizar a Coloração de Gram. Definição das Características morfotintoriais Neisseria gonorrhoeae • Diagnóstico laboratorial • Procedimentos Teste da Catalase – Avaliar se a bactéria é produtora da enzima catalase, que decompõe o H2O2 em H2O + O2 Neisseria gonorrhoeae ( Catalase Positiva +) Prova da Oxidação – Avaliar a capacidade de produção de enzimas oxidativas (Citocromo C). Esfregar colônias do Meio TM sobre a fita contendo reagentes como: Tetrametil-p-fenilenodiamina (segundo Kovacs) ou dimetil-p-fenilenodiamina (Segundo Gordon e Mcleod). Neisseria gonorrhoeae = Oxidação positiva Neisseria gonorrhoeae • Diagnóstico laboratorial Do meio TM repicar em Ágar Chocolate Incubar por 18 horas em temperatura entre 35,5 e 36,5ºC Ágar Chocolate A partir das colônias isoladas e purificadas do Ágar Chocolate, realizar prova bioquímica de fermentação de açucares (Ágar CTA). Neisseria gonorrhoeae – Oxidação da glicose + Glicose Maltose Lactose Sacarose + Neisseria gonorrhoeae • Outros métodos confirmatórios • Imunológicos baseados na reação com a proteína I do gonococo • Gonogen; Gonogen II; PHADEBACT MONOCLONAL GC; MINITEK-TM – são importados e de alto custo; • Testes rápidos existentes: • Elisa • Sondas genéticas • PCR • Imunofluorescência com anticorpos monoclonais Não substituem a identificação bacteriológica Testes sorológicos para determinar a presença de anticorpos contra gonococos no soro do paciente não são úteis para o diagnóstico. Neisseria gonorrhoeae • Sucesso na cultura de gonococos depende de: • Semeadura imediata após a coleta • Atmosfera de CO2 em torno de 3 a 7% • Umidade em cerca de 90% • Incubação à temperatura entre 35,5 e 36,5ºC • Meios de cultura adequados – Thayer Martins e Ágar Chocolate • Amostras oriundas de sítios estéreis, como sangue ou fluido articular, podem ser cultivados em Ágar Sangue sem antibióticos, uma vez que não há microbiota normal competidora. Neisseria gonorrhoeae • Tratamento • Antes de meados dos anos de 1950, todos os gonococos eram altamente sensíveis à penicilina. • Posteriormente, emergiram isolados com resistência de baixo nível à penicilina e a outros antibióticos, como tetraciclina e cloranfenicol; • Então, em 1976, linhagens produtoras de penicilinase (PPNG) exibindo resistência de alto nível foram isoladas de pacientes – Codificada por plasmídeo. • Isolados resistentes a fluoroquinolonas, como ciprofloxacina, tornaram-se um problema importante, atingindo até 25% dos isolados em algumas regiões do país. Neisseria gonorrhoeae • Tratamento • Ceftriaxona + doxiciclina (ou azitromicina) é o tratamento de escolha para infecções gonocóccicas • Espectinomicina ou ciprofloxacina devem ser utilizadas quando o paciente é alérgico a penicilina. Uma cultura de acompanhamento deve ser realizada 1 semana após a conclusão do tratamento para determinar se ainda há presença de gonococos. Neisseria gonorrhoeae • Prevenção • Não há vacina efetiva • A prevenção da gonorreia envolve o uso de preservativos e o rápido tratamento de pacientes sintomáticos, assim como de seus parceiros. • Os casos de gonorreia devem ser notificados ao departamento de saúde pública para garantir-se o acompanhamento adequado. • Um problema importante refere-se à detecção de portadores assintomáticos. • A conjuntivite gonocóccica em recém-nascidos é prevenida com mais frequência pelo uso de unguento de eritromicina; • Gotas de nitrato de prata são utilizadas com menor frequência. FIM
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