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V - TOXICOLOGIA FORENSE 1. CONCEITO: Toxicologia Forense é a parte da Medicina Forense que estuda os tóxicos ou venenos em geral, relativamente às suas propriedades físico-químicas e aos efeitos que provocam ao organismo humano. 2. CONCEITO DE TÓXICOS: É qualquer substância química, sólida, líquida, gasosa, volátil ou em solução, orgânica, inorgânica ou sintética, de procedência animal, vegetal ou mineral que, introduzida no organismo humano, em determinada dose e concentração, solubilizada pelos fluidos biológicos, assimilada e distribuída pela corrente circulatória, é capaz de provocar transtornos fisiológicos e/ou psíquicos, reversíveis, ou não, cuja gravidade pode conduzir o indivíduo à morte ( Prof. José Lopes Zarzuela ). 3. IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA TOXICOLOGIA: A importância está na apuração da natureza jurídica do envenenamento ( se se trata de suicídio, homicídio ou acidente ). Almeida Júnior anota ainda o envenenamento decorrente de vícios, como as bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes ( LSD, maconha, cocaína, heroína, ópio, drogas sintéticas, etc.). 4. EFEITOS DAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS: As substâncias cáusticas, de acordo com sua natureza química, provocam lesões tegumentares e efeitos coagulantes ( que desidratam os tecidos e causam escaras endurecidas e de tonalidades diversas, como o nitrato de prata, o acetato de cobre, o cloridrato de zinco ) ou liquefacientes ( que produzem escaras úmidas, translúcidas e moles, como a soda, a potassa e a amônia ). Os ácidos produzem escaras secas, de cor variável como o ácido sulfúrico ( esbranquiçadas ), do ácido nítrico ( amareladas ), as do ácido clorídrico ( cinzas – escuras ). As escaras produzidas pelas substâncias alcalinas são úmidas, moles e untosas. As escaras produzidas pelos sais são geralmente brancas e secas. Por fim, convém destacar, que esses tipos de lesões podem ter origem criminosa, acidental ou voluntária. Essas formas de lesões são conhecidas como vitriolagem ( uso criminoso de óleo de vitríolo – ácido sulfúrico ). 5. CLASSIFICAÇÃO DOS TÓXICOS ( de Camile Leopold Simonin ): A) Tóxicos gasosos: HCN, H2S, H3P, CO, NO2. B) Tóxicos voláteis: benzeno, tolueno, éter comum, etanol. C) Tóxicos minerais: KCN, As2O3, Pb, Hg. D) Tóxicos orgânicos fixos: ópio, cocaína, anfetamina, barbitúricos. Outra forma de classificação leva em consideração a forma como atuam sobre os tecidos e quanto ao estado físico, à origem, às funções químicas e ao uso, como segue: a) quanto ao estado físico: líquidos, sólidos e gasosos. b) quanto à origem: animal, vegetal, mineral e sintéticos. c) quanto as funções químicas: óxidos, ácidos, bases e sais. d) quanto ao uso: doméstico, agrícola, industrial, medicinal e cosmético. 6. ENVENENAMENTO. Há diferentes conceitos de veneno. Vamos adotar o seguinte: É toda substância que, atuando química ou bioquimicamente sobre o organismo, lesa a integridade corporal ou saúde do indivíduo ou lhe produz a morte. Envenenamento não é sinônimo de intoxicação, pois no envenenamento ocorre a penetração da substância nociva no organismo por qualquer via ( oral, respiratória, parental, cutânea ), enquanto que, na intoxicação a substância é elaborada dentro ou fora do organismo manifestando ação deletéria sobre a célula viva. Conforme Hélio Gomes, as vias de penetração do veneno no organismo são: a) via gastrointestinal: boca, ânus. b) vias respiratórias: os venenos gasosos. c) via endérmica: absorção através da pele ( ou hipodérmica ). d) pela pele ou pelas mucosas. e) pela corrente circulatória. Não obstante o sistema de defesa do organismo ( pelo fígado, pelos ossos, pelos pulmões, etc) ou leucocitária ( pela ação dos leucócitos ou glóbulos brancos ), vários fatores podem influir na ação dos venenos, como: quantidade administrada, estado do veneno, forma de ministração, via de penetração, condições individuais da vítima, etc. Os venenos tendem a ser eliminados pelo organismo pelos aparelhos urinários, digestivo, bile, pulmões, suor, saliva. O estudo da via de eliminação é muito importante para a diagnóstico, a terapêutica e o prognóstico do envenenamento. Importante, também, é informar ao médico os sintomas ( vômitos, diarreia, prostração, etc ) da vítima. 7. DIAGNÓSTICO MÉDICO-FORENSE DAS INTOXICAÇÕES. A) Critério Clínico: A regurgitação indica intoxicação por As, Hg, alimentos deteriorados. As convulsões, sugerem intoxicação por cianetos, estricnina; Estado comatoso, intoxicação por opio, cianetos, monóxido de carbono; Dilatação das pupilas, intoxicação por cocaína; Respi- ração lenta, sugere intoxicação por derivados de ópio; Respiração acelerada, intoxicação por atropina e cocaína. B) Critério anátomo-patológico: O exame do cadáver, antes e depois da necropsia, revela grande interesse pericial, como por exemplo: a cor rósea do cadáver sugere intoxicação por CO2; lesões nos lábios e queixo, ingestão de substâncias cáusticas, como o ácido clorídrico ou sulfúrico; acentuada rigidez cadavérica, pela estricnina; lesões no tubo digestivo, ingestão de corrosivos,etc. C) Critério químico: Baseia-se no achado de substância tóxica na necropsia. Atualmente têm sido empregadas técnicas de análise instrumental, como a cromotografia, a espectrofotome- tria, a eletroforese, etc. 8. ETILISMO. Consiste na intoxicação aguda ou crônica resultante da ingestão de bebida alcoólica. Já a embriaguez alcoólica compreende perturbações físicas e psíquicas, de caráter transitório, oriundas da intoxicação aguda decorrente da ingestão abusiva de bebida alcoólica. Além do álcool, outras substâncias inebriantes causam embriaguez, como o éter, o clorofórmio, a cocaína, a heroína, etc. O C.T.B. ( Lei nº 9.503/97 ) estabelece, em vários artigos, proibição de dirigir veículo sob o efeito de álcool ou outra substância psicoativa ( artigos 165, 276, 306 ) e, mais recentemente entrou em vigor a lei nº 13.546, de 19.12.2017, que alterou os artigos 291, 302, 303 e 308 do C.T.B. Sobre as drogas, estão elas classificadas em permissivas, prescritivas e controladas, pelo que recomendo, também, a leitura da lei nº 11.343/2006, sobre a política de prevenção e repressão a drogas ilícitas e reinserção social dos drogadictos. Fontes: 1. Medicina Legal: Rogério Geco e William Douglas. 2. Manual Operacional do Policial Civil, Carlos A. Marchi de Queiroz et alii. “ VISUM ET REPERTUM! “ Prof. Antenor M. de Campos
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