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Jurisdição: Uma das partes constituintes da trilogia estrutural do direito processual

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Jurisdição: Uma das partes constituintes da trilogia estrutural do direito processual
Aline Castro dos Santos,
Gilson Pereira Botelho,
Raphael Oliveira Silva
Victoria Ramalho,
Orientadora: Rosemara Unser
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
 Este resumo expandido se propõe a esclarecer a função e os princípios da jurisdição. O direito processual se constitui sob três pilares: jurisdição, ação e processo, este resumo é focado no pilar Jurisdição. A jurisdição cumpre o dever estatal de resolver conflitos de interesse e preservação da paz social.
DESENVOLVIMENTO
 A jurisdição é o meio pelo qual o estado resolve lides. A jurisdição não age de oficio, é inerte, isto é, só age com provocação, a forma de provocar a jurisdição se faz pela ação, a partir do momento que a jurisdição foi provocada não há mais volta, ou seja, a sentença ou acordão é inevitável. 
A jurisdição pode ser atribuída a uma tríplice conceituação, referindo-se que ela é, ao mesmo tempo, um poder, uma função, e uma atividade.
Resumindo, de acordo com os pensamentos do ilustre professor, (Dinamarco);
“Jurisdição é a função do estado, destinado à solução imperativa de conflitos, exercida mediante a atuação da vontade do direito em casos concretos”.
A casos em que existe limitações na jurisdição. Externamente a Jurisdição é limitada por alguns fatores inerentes ao convívio entre Estados soberanos, que levam cada um deles a excluir sua própria jurisdição, na maioria dos casos. Em relação a causas excluídas da competência do juiz nacional, a jurisdição do país não se exerce, porque o poder estatal é insuficiente para chegar até elas. Por falta de competência internacional, o juiz nacional será carecedor de jurisdição, trata-se de um sistema de limitações territoriais da própria jurisdição e não de seu exercício. 	
“A jurisdição é a função atribuída a terceiro imparcial (a)
De realizar o Direito de modo imperativo (b)
E criativo (c),
Reconhecendo /efetivando/protegendo situações jurídicas (d)
Concretamente deduzidas (e),
Em decisão insuscetível de controle externo (f)
E com aptidão de tornar-se indiscutível (g) ”. (DIDIER, 2017).
 Explicando as palavras de Didier: (a) no exercício da jurisdição o interesse predominante geral é o de administração da justiça, devendo os agentes do estado ter zelo com as partes para que as mesmas possuam tratamento imparcial. (b) O Direito Imperativo nos remete ao tempo do império, onde, ordem dada era ordem comprida, no estado moderno o nosso “Imperador” é o Juiz, ou seja, a decisão deve ser comprida. (c) O Estado ao final do processo tem de criar uma norma individual que passará a regular casos concretos. (d) reconhecendo o procedimento comum, conhecendo as formas de execução, protegendo tutelas de urgência. (e) Não haver dúvidas. (f) não permite que agentes externos possuam controle sob suas decisões. (g) possui aptidão para que não se possa discutir sentença transitada e julgada.
A trilogia do direito processual alguns apontamentos: 
Quando nos debruçamos a estudar o processo como gênero, percebemos que a ideia se qualifica, e se entrelaça com diversos outros conceitos que remontam o processo em si, trazendo de forma muito interessante os aspectos que o direito trata a forma de obter uma tutela jurisdicional. 
Com isso, percebemos que a jurisdição tem uma conotação muito maior nos dias atuais, no que trata a relação processual, e desta forma, se dá de maneira, não apenas como um direito, mais uma garantia concedida a todos nos termos da Carta Magna conforme dispões o artigo 5°. Inciso XXXV.	
Sobre o conceito de jurisdição a doutrina nos ensina o seguinte:
Da jurisdição, já delineada em sua finalidade fundamental, podemos dizer que é uma das funções do Estado, mediante a qual este se substitui aos titulares dos interesses em conflito que os envolve, com justiça. Essa pacificação é feita mediante a atuação da vontade do direito objetivo que rege o caso apresentando em concreto para ser solucionado; ou seja, quando há violação do direito o Estado, após provocação da parte pede a intervenção do judiciário, para que ele desta forma diga o direito no caso concreto. Portanto, concluímos que se trata de um poder dever de dizer o direito diante de um caso concreto.
Salienta-se que o poder-dever é, pelo de que o Estado possui o monopólio não podendo o particular, fazer justiça com suas próprias mãos, podendo ser caracterizado como crime em alguns casos nos termos da lei.
Outrossim, notamos que a jurisdição de uma forma geral ela possui algumas características as seguintes características, para sua existência, que são:
I. Lide: (conflito de interesses caracterizado por uma pretensão resistida); II. Inércia: (ou seja, o Estado deve manter inerte somente podendo, se pronunciar se for provocado), e, III. Definitividade: ou seja, imutabilidade das decisões judiciais, em respeito ao princípio da segurança jurídica, art. 5º (XXXVI) da Constituição Federal.
Face ao exposto, percebemos que a jurisdição é de suma importância para o direito, e para garantir que o Estado possa estabelecer sua função de julgar e prestar sua efetiva participação para um processo justo e transparente até o seu final.
CARACTERÍSTICAS
 Antes mesmo de cotejar sobre as espécies de jurisdição, de todo salutar mencionar com brevidade algumas características que se podem extrair da conceituação e do escopo da jurisdição de pronto verifica-se que a jurisdição age por provocação, ou seja, é naturalmente inerte, dependendo de que o interessado numa tutela Jurisdicional a requeira perante o Estado Juiz.
A jurisdição consiste ainda numa atividade pública, monopólio do Poder Judiciário. Embora haja decisão de contenciosos administrativos, estas não impedem a atuação ou exercício da atividade jurisdicional (art. 5º, XXXV, CF/88)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
 Outra importante característica da jurisdição é a sua atividade substitutiva, ou seja, para realizar a vontade concreta da lei, o Estado-Juiz substitui as partes para uma solução possível à lide. Desta característica nasce outra, qual seja, a da indeclinabilidade da atividade jurisdicional, que dever ser exercida por um juiz natural, o investido e competente para solucionar aquela demanda também de suma importância, senão distintiva, consiste em a característica de a jurisdição possuir autoridade de coisa julgada (formal e material), atributo específico da atividade jurisdicional.
SÃO CARACTERÍSTICAS DA JURISDIÇÃO:
Substitutividade, O magistrado (de forma imparcial), substituirá as vontades das partes, aplicando o bom direito, ou seja, a vontade Estatal que foi positivado (transformado em normas), através da lei que emana do povo.
Nos dizeres de notável doutrinador Celso Antônio:
“[...] a função jurisdicional é a função que o Estado, e somente ele, exerce por via de decisões que resolvem controvérsias com força de ‘coisa julgada’, atributo este que corresponde à decisão proferida em última instância pelo Judiciário e que é predicado desfrutado por qualquer sentença ou acórdão contra o qual não tenha havido tempestivo recuso. ” 
Imparcialidade, O poder jurisdicional e decorrente da lei e não de critérios subjetivos, assim sendo, para a perfeita aplicação do direito é necessário que os membros pertencentes do Poder Judiciário atuem com imparcialidade, desprovidos de qualquer interesse particular sobre a lide.
Inércia A jurisdição deve ser provocada pelas partes para que ela se manifeste, ou seja, não se move por si só, de ofício. Entretanto temos exceções, por exemplo, o inventário (art. 989 do CPC).
Art. 989.  Ao despachar a reclamação, o relator: I – Requisitará informações da autoridade a quem for imputadaa prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; II – Se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para evitar dano irreparável; III – determinará a citação do beneficiário da decisão impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação. 
Princípio da aderência ao território: Os magistrados somente têm autoridade nos limites territoriais do Estado.
Princípio da indelegabilidade: É vedado ao juiz, que exerce atividade pública, delegar as suas funções a outra pessoa ou mesmo a outro Poder estatal.
Princípio da inevitabilidade: Significa que a autoridade dos órgãos jurisdicionais, sendo emanação do próprio poder estatal soberano, impõe-se por si mesma, independentemente da vontade das partes ou de eventual pacto para aceitarem os resultados do processo (posição de sujeição/submissão).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A jurisdição surgiu da necessidade de se resolver os conflitos decorrentes da vida em sociedade de forma justa e eficaz, desse modo, conclui-se ser a jurisdição uma das principais funções estatais, mediante a qual o Estado se substitui aos titulares dos interesses em contraposição para, imparcialmente, buscar a pacificação social e a convivência harmoniosa em sociedade. Em outras palavras, consubstancia-se na atividade realizada pelo Estado, objetivando a aplicação do direito objetivo ao caso concreto trazido a juízo, resolvendo-se com caráter de definitividade uma situação de crise jurídica, de modo a alcançar a pacificação social.
REFERÊNCIAS
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. GRINOVER, Ada Pellegrini. DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros, 2010
DONIZETE, Elpidio, Curso didático de Direito Processual Civil, Atlas, 2011. Disponivel: http://professoresdrasdantas.blogspot.com/2011/08/1-jurisdicao-acao-e-processo-trilogia.html.
UNSER, Rosemara, Teoria do Processo - Jurisdição - Ação – Processo.pdf
CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. GRINOVER, Ada Pellegrini. DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros, 2010
DONIZETE, Elpidio, Curso didático de Direito Processual Civil, Atlas, 2011.Disponivel: http://professoresdrasdantas.blogspot.com/2011/08/1-jurisdicao-acao-e-processo-trilogia.html.
UNSER, Rosemara, Teoria do Processo - Jurisdição - Ação – Processo.pdf

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