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TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO IV FORMAÇÃO DOS ESPAÇOS ARQUITETÔNICOS E URBANOS DOS SÉCULOS XVIII E XIX ATÉ O PERÍODO ENTRE GUERRAS NO SÉCULO XX. Bibliografia Básica FRAMPTON, K. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. São Paulo: Perspectiva BENEVOLO, Leonardo. História da cidade. São Paulo: Martins Fontes A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE ILUMINISMO E A ARQUEOLOGIA Antigo Regime Barroco: contraste entre jardins racionalizados e fachadas decoradas com motivos vegetais. Reino do homem e da natureza permanecem distintos, mas inter-cambiando suas características, fundindo-se um no outro em benefício da ornamentação e prestígio . A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE ILUMINISMO E A ARQUEOLOGIA O impulso no sentido de redimir os excessos do Barroco e da linguagem arquitetônica dos interiores rococós do Antigo Regime e a secularização do pensamento iluminista compeliram os arquitetos a buscar um estilo autêntico por meio de uma avaliação precisa da Antiguidade - busca pelos princípios em que a obra destes se baseava. Tentativas de orientar o pensamento arquitetônico por linhas racionais vieram com o Iluminismo Iluminismo vem combater o absolutismo Busca Arqueológica - reavaliação do mundo antigo em busca do “estilo autêntico”. Busca pela arquitetura “pura” através de uma reavaliação precisa da Antiguidade. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Cordemoy: o Noveau Traité – o Novo Tratado Procurava liberar as ordens não só de qualquer distorção, mas também daquilo de chamava de arquitetura de relevo, mantendo apenas a sua linguagem funcional. Essa abordagem estava totalmente de acordo com o pensamento Francês da época: tudo deveria ser muito RACIONAL Laugier – Essai sur l’Archuitecture, 1753 – mostra a casa rústica do homem primitivo, o modelo a partir do qual todas as magnificências da arquitetura forma imaginadas. “ Para Laugier, o homem em suas origens primitivas, sem qualquer ajuda, sem outro guia além do instinto natural de suas necessidades, deseja um lugar para acomodar-se ao lado de um córrego tranqüilo. O sol começa a esquentá-lo forçando-o a procurar abrigo. A floresta vizinha oferece a frescura de suas sombras, ele corre para se esconder em seu interior. Nesse ínterim, milhares de vapores que se haviam elevado em vários pontos se encontram e se agrupam; nuvens espessas escurecem o ar e temíveis chuvas escorrem torrencialmente abaixo na deliciosa floresta. O homem, mal abrigado pelas folhas, não sabe como se defender do desconforto da umidade que parece atacá-lo por todos os lados. Uma caverna surge a sua frente, ele corre para dentro, sentindo-se protegido da chuva e encantado com sua descoberta. Mas, novas inconveniências tornam essa moradia do mesmo modo desagradável. Ele vive no escuro, obrigado a respirar o ar insalubre. Ele deixa a caverna, decidido a compensar com sua indústria as omissões e negligências da natureza.” “O homem deseja uma moradia que o abrigue sem enterrá- lo. Alguns galhos quebrados da floresta serão o material para seu propósito. Ele escolhe quatro dos mais fortes, erguendo-os perpendicularmente ao chão formando um quadrado. Sobre esses quatro galhos ele apóia quatro outros, dispostos de través e, acima desses, outros ainda, inclinados para ambos os lados e que se encontram num ponto no centro. Este tipo de telhado é coberto com folhas espessas suficientes para proteger tanto do sol como da chuva.” “A pequena cabana que acabei de descrever é o tipo sobre o qual são elaboradas todas as magnificências da arquitetura. É pela aproximação à sua simplicidade de execução que os defeitos fundamentais são evitados e a verdadeira perfeição é alcançada.” “As peças verticais de madeira sugerem a idéia das colunas, e as peças horizontais, nelas apoiadas, os entablamentos. Finalmente, os elementos inclinados que formam o telhado resultam na idéia do frontão.” A cabana primitiva acima descrita, é um verdadeiro modelo para os arquitetos, a partir desta descrição de Laugier, não há arcos, arcadas, pedestais, áticos, portas ou mesmo janelas na cabana elementar. Para ela, e conseqüentemente para toda a arquitetura, são essenciais somente a coluna, o entablamento e o frontão. Laugier estava disposto a considerar os ditames da necessidade; ou seja, as paredes, as janelas, as portas etc., como elementos arquitetônicos. Laugier foi ainda mais longe: para ele, as paredes e as pilastras deveriam ser aliviadas da tarefa de suportar cargas, sendo essa tarefa confiada unicamente à própria coluna. E Laugier exorta seu leitor: não nos deixemos nunca perder de vista nossa pequena cabana. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA A cabana primitiva acima descrita, é um verdadeiro modelo para os arquitetos, a partir desta descrição de Laugier, não há arcos, arcadas, pedestais, áticos, portas ou mesmo janelas na cabana elementar. Para ela, e conseqüentemente para toda a arquitetura, são essenciais somente a coluna, o entablamento e o frontão. Laugier estava disposto a considerar os ditames da necessidade; ou seja, as paredes, as janelas, as portas etc., como elementos arquitetônicos. Laugier foi ainda mais longe: para ele, as paredes e as pilastras deveriam ser aliviadas da tarefa de suportar cargas, sendo essa tarefa confiada unicamente à própria coluna. E Laugier exorta seu leitor: não nos deixemos nunca perder de vista nossa pequena cabana. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Espírito Iluminista: busca pela arquitetura original (cabana primitiva de Laugier) Racionalização da arquitetura Arquitetos Antigos X Modernos (revolucionários) – ambos buscavam convicções profundas acerca da natureza das realizações do passado e do progresso. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA O Neoclassicismo teve como base os ideais do Iluminismo e um renovado interesse pela cultura da Antiguidade clássica, advogando os princípios da moderação, equilíbrio e idealismo como uma reação contra os excessos decorativistas e dramáticos do Barroco e Rococó. Neoclassicismo: expressão que veio designar a arquitetura que, por um lado, tende à simplificação racional defendida por Cordemoy e Laugier e, por outro, busca apresentar as ordens com a maior fidelidade arqueológica: Razão e Arqueologia – dois elementos que caracterizam o classicismo A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Igreja de Saint- Geneviève, Paris, França – Panthéon (1760, o arquiteto Jacques Germain Soufflot ) Igreja de Saint- Geneviève, Paris, França – Panthéon (1760, o arquiteto Jacques Germain Soufflot ) Igreja de Saint- Geneviève, Paris, França – Panthéon (1760, o arquiteto Jacques Germain Soufflot ) Igreja de Saint- Geneviève, Paris, França – Panthéon (1760, o arquiteto Jacques Germain Soufflot ) Colégio em Edimburgo, Thomas Hamilton, 1825 – inspirado no Partenon Colégio em Edimburgo, Thomas Hamilton, 1825 – inspirado no Partenon Museu Britânico, 1844, Robert Smirke– utilizou os capitéis jônicos idênticos aos do templo de Atena em Priene – colunas de 14 metros de altura Altes Museu em Berlim, de Schinkel, 1824-28 Apresenta uma fachada em forma de colunata aberta com 19 vãos, sem nenhuma modenatura, com exceção da discreta ornamentação dos maciços de fechamento, por trás dos quais se eleva a massa sólida do saguão central. St. George’s Hall, Liverpool, Ingl. 1838, Harvey Lonsdale Elmes Arquitetos revolucionários (final do século XVIII), os franceses: Ledoux Boullée Suas obras se caracterizam pelo uso de volumes esteriométricos simples e de superfícies sem decoração, edifícios funcionais de concreto armado. A temática principal desta arquitetura foi baseada na racionalidade, no uso da forma pura, com adoção de figuras geométricas como o cubo, a esfera, a pirâmide e o cilindro e o uso dessas formas da maneira mais simples possível. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Nos projetos, uma única forma compõe o edifício, definindo a racionalidade e buscando o simbolismo da natureza contido nas formas geométricas. Esses arquitetos são os primeiros a utilizar as formas geométricas desta maneira, fazendo uma relação entre a arquitetura mística e a natureza. Para eles a arquitetura tem um significado diferenciado e neste pensamento, distanciam-se das concepções estabelecidas pelos arquitetos neo-clássicos da época. Os arquitetos da Revolução são considerados arquitetos teóricos. Muitos de seus projetos ficaram apenas na prancheta, porém suas teorias baseadas na racionalidade foram bastante utilizadas no Movimento Moderno. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Etienne-Louis Boullé: Foi professor na Academia de Arquitetura e escreveu o livro - “Architecture. Essai sur l’art” (Arquitetura. Ensaio sobre arte) onde discute o sentido da arquitetura e dá sua visão crítica sobre o neoclassicismo. Sua arquitetura tem as seguintes características: monumentalidade com jogo de massas e volumes, luz e sombra, uso de plantas centralizadas, volumes regulares, superfícies lisas, poucas colunas. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA E.L. Boullée: projeto para o cenotáfio de Newton (1780); E.L. Boullée: projeto para o cenotáfio de Newton (1780); Claude-Nicolas Ledoux: Idéia de “fisionomia” arquitetônica para simbolizar a intenção social de suas formas, estabelecidos seja por símbolos convencionais – como faces que evocam justiça e unidade no fórum ou por isomorfismo. Ledoux cria um estilo institucional característico buscando dar monumentalidade ao edifício popular (tal qual tinham os palácios). Utilização de muros nus (sem adornos), as plantas em cruz grega, os pórticos com frontões, as ordens dóricas lisas, os edifícios encontram seu lugar no catálogo de formas adequadas às instituições públicas desenvolvidas pelo arquiteto em conformidade com o programa da academia. Retorno à antiguidade dentro de uma forma contemporânea. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Claude-Nicolas Ledoux: Casa dos guardas campestres em Maupertuis (1780) O projeto do arco triunfal em 1776, testemunha o interesse de Ledoux em desenvolver, a partir dessa eclética miscelânea, uma heráldica moderna. Ledoux - Caisse d’Éscompte (banco nacional de descontos) Palácio da Justiça de Aix, Claude-Nicolas Ledoux 1736-1806 Prisão de Aix-en-Provence , Claude-Nicolas Ledoux 1736-1806 As Barreiras de Ledoux – cinturão alfandegário Paris “Tratam-se de modestos pavilhões com dois lugares, em um mesmo plano, ou de grandes complexos de dois andares, todas as suas portas são de um caráter arquitetônico similar: são construídas, por assim dizer, como uma amostra versátil dos componentes trazidos de protótipos antigos e renascentistas, e da possibilidade, aparentemente infinita, de combinações e recombinações. Os tipos de planta escolhidos por Ledoux sublinhando a cruz ou o cubo, e explorando todas as variações da Rotonda do Palladio, com lanternas centrais cilíndricas, cúbicas ou na forma de cúpulas; pavilhões cúbicos confrontando-se com dois quadrados; pavilhões com pórticos de pedra lapidada; rotondas puras e combinações de dois ou três desses esquemas. Ledoux apela a todos esses elementos para gerar uma serie de pavilhões simples ou duplos que respondem individualmente aos anseios da composição e simbologia dos seus lugares específicos e, ao mesmo tempo, formam uma família de estrutura que se identificam com a mesma instituição” A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Tipologia das Barreiras com planta central, como rotundas e como templo. Claude-Nicolas Ledoux 1736-1806 “Modelos de grandeza natural de precedentes antigos adaptados ao uso moderno, as barreiras são concebidas como lições práticas revoltas ao arquiteto e cidadão: o estudante de arquitetura poderá estudar uma série de composições não menos variadas que numerosas, modelos de caracterização e combinação; os habitantes de Paris, por sua vez, poderão facilmente reconhecer os valores emblemáticos contidos em cada pavilhão.” Guinguettes - espécie de Taberna localizada em área exterior ao cinturão alfandegário da cidade (haviam 8 distribuídas fora da cidade). Localizadas fora dos muros para não pagar imposto sobre o vinho tinham um caráter recreativo, estas tavernas se tornaram lugares para reunião de uma classe de pessoas, que ante a Revolução, eram vistas como uma ameaça à ordem social e política. A guinguette era freqüentada por artesões e gente do povo, aos domingos e dias festivos. “As tavernas desse lugar tem grandes pátios arborizados e mesas onde se serve comida e bebida .Os violinos tocam e a maior parte das pessoas dançam e encontram nisso prazer para repor o cansaço da semana”. Claude-Nicolas Ledoux 1736-1806 Ledoux adota este programa, mas transformado em uma instituição com intenções moralizadoras. “O povo, unidade respeitada pela importância de cada parte que a compõe, não será esquecido nas construções da arte: a justa distância da cidade se ergueram para vocês monumentos que rivalizaram com os palácios dos senhores do mundo; casas para sua reunião e seu prazer. Ali poderá, nos jogos preparados para vocês, esquecer a sua dura sorte, beber para esquecer os seus cansaços, e numa distração reparadora, atingirá novas forças e coragem necessária para seu trabalho.” O plano global de Ledoux para o boulevard e as barreiras de Paris, são vistos no contexto de um certo número de iniciativas que, entre o final dos anos cinqüenta e a Revolução, tentam planificar e programar o embelezamento útil e representativo numa escala maior do que aquela local. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Na tentativa de desenvolver um novo gênero de arquitetura pública, Ledoux investiu numa função menor que toda a dignidade monumental da arquitetura alta; isto é, na sua transposição retórica, promoveu escritórios para empregados ao posto de edificações clássicas, tornando edifícios usuais em obras monumentais. Ledoux não se contentava em ampliar as regras do classicismo tradicional, ele as violava, na procura de um novo gênero. Transformou cada entrada da cidade em um arco triunfal. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINALDO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Fabrica de sal e cidade ideal de Chaux – Ledoux, 1804 O projeto propõe um programa de reforma da indústria de sal que considere as condições de vida do trabalhador, integradas no sistema social da produção. Pode-se dizer que se tratou de uma primeira tentativa de dar para as manufaturas os atributos de uma grande arquitetura. Salina de Chaux: semicircular (transformada no centro oval de sua cidade ideal), pode ser vista como um dos primeiros experimentos da arquitetura industrial, pois integrava unidades produtivas e alojamentos operários, sendo cada elemento desse complexo fisiocrático representado em conformidade com seu caráter. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Ledoux, cidade ideal de Chaux, 1804. Igreja de Chaux VIDLER, Claude-Nicolas Ledoux 1736-1806 Banhos Públicos de Chaux Ledoux, La Saline royale, Arc-et-Senans, 1773-79 Leitura sugerida FRAMPTON, K. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes; Páginas : 04-11 BENEVOLO, Leonardo. História da cidade. São Paulo: Martins Fontes Páginas: 551-572 SUMMERSON, J. A linguagem clássica da arquitetura. São Paulo: Martins Fontes; páginas 89-109 A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA As cidades orgânicas do passado se transformaram em conglomerados sem limites, onde os principais elementos eram : a fábrica, a estrada de ferro e a favela. Quando se estuda o ambiente do século XIX é importante diferenciar as condições reais e a nova imagem ideal que se manifestava nos múltiplos projetos. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA Meados do século XVIII - a revolução social e industrial confirmaram a decadência do antigo mundo, mas sem criar uma nova ordem que pudesse satisfazer a necessidade humana de uma base existencial. Três fatores caracterizavam a nova situação: A perda de identidade dos antigos assentamentos (ocupações orgânicas, desordenadas); A aparição de grande número de novos temas edilícios (a indústria, a fábrica, conjuntos habitacionais etc); O uso arbitrário de formas arquitetônicas derivadas dos estilos do passado; A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA A nova situação geral criada pela revolução industrial e social gerou uma multiplicidade de temas edilícios: A igreja e o palácio perderam sua importância como temas principais O monumento, o museu, a habitação, o teatro, o salão de exposição, a fábrica e o escritório. cada um destes temas indicavam o surgimento de uma nova forma de vida, baseada em novos significados existenciais. O monumento : representava o desejo de retomada da forma arquetípica original pois seu significado era o da experiência da eternidade. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA O museu foi concebido como um templo da estética onde se reuniam todas as obras produzida pelo homem como manifestação de uma nova forma de “panteísmo da arte” (visão de mundo e doutrina filosófica em que o universo , a natureza e Deus são equivalentes: tudo é Deus e Deus é tudo). A residência é interpretada como o pequeno e confortável espaço do mundo privado O teatro representava o aspecto dionisíaco de sua existência (o prazer da ação, vivenciar as manifestações dramáticas etc) O palácio de exposições representava os valores econômicos da nova sociedade capitalista, assim como suas forças produtivas se manifestavam na fábrica e nos escritórios. A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA A multiplicidade de novos temas edilícios implicava em uma variedade de caracteres que não podiam expressar- se com os meios de um só estilo do passado. Os arquitetos irão se utilizar de formas provenientes de diversos estilos, assim, uma das idéias próprias do século XIX foi selecionar para cada tipo de edifício o estilo mais adequado – funcionalismo. Igrejas em estilo gótico (neo-gótico) Museus e universidades em estilo clássico (neoclássico) Aula 02 O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, Viena e Barcelona. Século XIX – A revolução industrial será a base da urbanística moderna 1. Aumento da população devido à diminuição do índice de mortalidade ( Inglaterra: 1760 – 7 milhões; 1830-14 milhões); a expectativa de vida passa de 35 anos para 50 ou mais. 2. Aumento dos bens e de serviços devido a crescente demanda, além do progresso tecnológico e do desenvolvimento econômico. 3. A redistribuição dos habitantes no território em consequência do aumento demográfico e das transformações da produção (tanto agrícola – máquinas ao invés do homem - quanto industrial). 4. A acomodação de tão volátil crescimento levou à transformação dos velhos bairros em áreas miseráveis, e também, à construção de moradia barata e de cortiços; 5. Epidemias na Inglaterra e na Europa continental: Tuberculose e Cólera; 6. Urgência de reformas sanitárias e reflexão sob como construir e a manutenção de conurbações urbanas: 7. Começa-se a discutir legislação para organizar essas ocupações e também a infra-estrutura básica de salubridade na cidade como um todo 8. Nas cidades, monumentos, casas, oficinas e industrias são misturadas em uma desordem que irá mobilizar, juntamente com a urgência de medidas sanitárias, as reformas urbanas seguintes. O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, Viena e Barcelona. Características gerais da cidade anteriores ás medidas: Centro urbano característico da idade média - ou seja, o núcleo urbano tem uma estrutura já formada, contém os principais monumentos (igrejas, palácios) que predominam o panorama da cidade e que agora estão expostos a se tornarem centros de aglomeração urbana; Ruas estreitas e tortuosas onde aos poucos a população que vem chegando começa a se instalar nas periferias e em parques, áreas verdes, com estruturas muito precárias, Os barracões industriais vão sendo implantados sem nenhuma ordenação O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França Século XIX - 1850 Aprovada em caráter de urgência em 13 de abril de 1850 legislação que limita-se a investigar e indicar as medidas indispensáveis para o arranjo dos alojamentos e dependências insalubres ocupadas; Comissão composta por um médico e por um arquiteto; Haussmann (então prefeito de Paris): grandes intervenções que alterarão a dinâmica e a estrutura de Paris, visando salubridade, circulação e beleza; O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França Georges-Eugène Haussmann (1809-1891) Advogado, funcionário público, político e administrador francês. Nomeado prefeito de Paris por Luis Napoleão III, tendo o título de “Barão”, foi o grande remodelador de Paris, cuidando do planejamento da cidade, durante 17 anos, contando com a colaboração de arquitetos e engenheiros renomados da Paris da época. Haussmann planejou uma “cidade nova”, modificando parques parisienses e criando outros, construindo vários edifícios públicos, comoa L’Opéra. Melhorou também o sistema de distribuição de água e ampliou a rede de esgotos, e em 1861 iniciou a instalação dos esgotos entre La Villette e Les Halles, supervisionados pelo engenheiro Belgrand. O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França Em 17 anos de administração, as obras de Haussmann podem ser divididas em cinco categorias: 1. Obras Viárias: A abertura de ruas traçadas nos conjunto habitacional existente e na faixa periférica - 165 Km de novas vias entre ruas e avenidas; 2. Novos serviços primários: construção de novos aquedutos, instalação de iluminação a gás, rede de transporte público; 3. Novos serviços secundários: escolas, hospitais, colégios, quartéis, prisões e sobretudo, grandes parques públicos: O Bois de Boulogne (oeste) e Bois de Vincennes (leste); O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 4. Nova estrutura administrativa da cidade: a cidade estende-se até as fortificações externas e passa a ser dividida em 20 distritos (parcialmente autônomos) – arrondissements 5. Construção de Boulevards O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 1. A ABERTURA DE VIAS : No momento Paris contava com um total de 384 km de ruas; Das novas ruas abertas por Haussman foram construídos: 95 km de novas ruas que cortam em todos os sentidos o organismo medieval e fazem desaparecer 50 km de ruas antigas 70 km de ruas novas na periferia da cidade, ou seja , um total de 165 km de novas vias Para a realização de uma obra desse porte, Haussmam precisou se utilizar de dois instrumentos legais: lei sobre expropriação de 1840 lei sanitária de 1850 O núcleo medieval é cortado em todos os sentidos: Haussmann sobrepõe ao corpo da antiga cidade uma nova malha de ruas largas e retilíneas formando um sistema coerente de comunicação entre as estações ferroviárias e os principais centros da vida urbana. Ele evita destruir os monumentos mais importantes criando anéis ao redor destas obras interligadas por perspectivas viárias. As construções ao longo das ruas é disciplinada. Introduz se a obrigatoriedade de apresentar um requerimento de construção (1859). Fixam-se novas relações entre altura das construções e a largura das casas e das ruas: Para ruas c/ largura de 20m ou + a altura deve ser igual à largura; Para ruas + estreitas a altura pode ser maior = 1 x e meia a largura da rua. As coberturas deveriam apresentar a inclinação de 45º graus O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França Esquema de trabalhos de Haussmann em Paris: linhas mais grossas: novas ruas tracejado quadriculado: novos bairros tracejado horizontal: os dois grandes parques periféricos: o Bois de Boulogne (à esquerda) e o Bois de Vincennes (à direita) Intervenções de Hausman em Ile de La Citè Planta da Avenue de l’Opéra, com a indicação das novas frentes de rua, e dos terrenos desapropriados segundo a Lei de 1840. Avenue de l’Opéra Avenue de l’Opéra Champs – Elysées: Arco do Triundo do Carrosel - foram criadas 12 amplas avenidas ao redor do Arco do Triunfo , onde grandes mansões foram erguidas. BOULEVARDS DE PARIS: através dos grandes bulevares parisienses, o maior deles executado sob a demarcação da antiga muralha da cidade, os ventos poderiam ventilar a cidade e ainda os habitantes desfrutarem de áreas de passeios (espécie de parque linear). O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França Boulervard Richard Lenoir • 20 distritos da nova Paris - Arrondissements Haussmann procurou enobrecer o ambiente urbano com instrumentos urbanísticos tradicionais : A busca pela regularidade. A escolha de um edifício monumental antigo ou moderno como pano de fundo de cada nova rua. Os ambientes privados e públicos – até agora ligados e misturados - na cidade burguesa se tornam contrapostos entre si : de um lado as casas, de outro os laboratórios, estúdios, escritórios e a rua é o elemento de ligação que permite a mistura dos dois elementos. O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França Foram abertos parques e jardins públicos: Jardin dês Tulleries, Palais Royal, Parc Montsouris. Surge a figura do quarteirão que é determinado pelo sistema viário – neste caso o quarteirão é residual, configurado a partir do que ‘sobra’ depois de definido o traçado viário. Foram definidas leis de ocupação: cada lote é perpendicular à rua e não tem a mesma medida padrão; os edifícios passam a ter leis de padronização para as fachadas; a tipologia urbana segue um catálogo pré-definido, passam a apresentar unicidade arquitetônica; as galerias e passagens passam a ter função comercial – multifuncionalidade do quarteirão e abrigam cafés e lojas. O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França PALÁCIO PARISIENSE construído na época de Haussmann apresenta a padronização das fachadas. Rue de Rivoli Padronização das fachadas Paris, França Paris, França Padronização das fachadas A criação de Parques Públicos: Paris possuía apenas parques construídos durante o Antigo Regime : Jardim das Tulleries, o de Champs Elysee, o Champs de Mars e Luxemburgo. Napoleão – Haussmann iniciam : Bois de Boulogne Bois deVincennes p/ classes operárias O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França Bois de Bologne Bois de Vincennes Bois de Bologne Bois de Bologne Bois de Bologne Bois de Bologne O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França Bois de Vincennes Bois de Vincennes Bois de Vincennes As obras publicas fazem subir os preços dos terrenos circundantes e influem em toda a cidade favorecendo o crescimento e aumentando a renda. O plano de Haussmann para Paris tem grande importância pois não se apresenta como um projeto fechado ou mesmo de intervenções isoladas, ou que trata de uma cidade ideal; trata-se de uma ação global, um conjunto de intervenções interligadas através de um propósito maior de regular, adaptar e apropriar a cidade para as novas necessidades. O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França Enquanto boa parte das capitais européias já haviam demolido suas muralhas, Viena ainda mantinha a sua, e a expansão da cidade já estava acontecendo para além da mesma; Em 1857 o Imperador decide derrubar a muralha e institui um concurso para trabalhar da melhor forma a expansão que a cidade receberia, para tanto criou uma Comissão de Expansão da cidade; Ludwig Forster ganha o concurso com o plano Ringstrasse; O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Viena, Áustria 1. Inserir a cidade antiga dentro do sistema viário da cidade moderna, sem cortar e destruir o velho tecido; 2. Compor os principais edifícios públicos em um ambiente amplo e arejado entre passeios e jardins, separando-se do antigo núcleo; 3. Formação de um grande anel circundando toda a cidadevelha onde antes se localizava a muralha; O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Viena, Áustria Plano de Hausmann X Ringstrasse • Intervenção no centro antigo de forma a incluí-lo no processo de expansão da periferia; • Paisagem definida por edificações padronizadas de forma a destacar apenas monumentos: o espaço leva o observador a um foco Central (normalmente um monumento de importância política, histórica ou religiosa), enquanto que as demais construções servem como cenário para dar relevo às que devem ser destacadas; • Ênfase na perspectiva. • Intervenção na periferia, sem modificação direta no centro antigo, separando o centro antigo do novo subúrbio; • Edifícios dão relevo ao espaço horizontal com elementos organizativos em relação à larga avenida ou curso central; • Suprime a perspectiva em favor da ênfase sobre o fluxo circular. O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Viena, Áustria O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Viena, Áustria Novas ruas em preto Em tracejado área verde Viena, Áustria • Cinturão verde com edifícios importantes e para além dele controla-se apenas a altura das edificações particulares em relação á largura da rua. • Boulevard com seus muitos edifícios públicos imponentes , que foram construídos no lugar das fortificações da época • Alí foram construídos, universidade, museu, tribunal, edificios governamentais Viena, Áustria O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Viena, Áustria A proposta de Cerdà para a cidade de Barcelona, aprovada inicialmente em 1859, apresenta uma intervenção completamente diferente; Preve a manutenção da cidade antiga e insere uma grande via que ligará essa cidade medieval “congelada” à nova cidade; Não concentra os edifícios públicos de importância em uma região, mas os espalha pela malha a fim de dar o mesmo valor especulativo a todas as áreas; Adota o traçado quadriculado e multiplica a cidade em até seis vezes o antigo tamanho da cidade medieval. O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha Cerdà irá desenhar a cidade a partir de uma célula base, a sua teoria sobre urbanização está toda baseada na moradia e circulação Redes Ferroviárias O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha As ruas eram planejadas seguindo os princípios da orientação solar, largura, perfis transversais, tipo de pavimentação, diferença de cotas entre outros. As paisagens, praças e quadras deveriam interagir entre si, além de serem elementos harmônicos na cidade: isso seria possível através da análise de cortes (relação altura x largura) e na relação da casa com a quadra; Cerdà faz um estudo minucioso sobre qual seria a medida ideal e a implantação ideal da casa na quadra; O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha • Quarteirões de 133,3 m X 133,3m com chanfros na esquina; • Ruas com 20 m de largura e nas maiores vias 50 m Estudo de Cerdà para o tamanho ideal das quadras e seus chanfros O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha • Quarteirões de 133,3 m X 133,3m com chanfros na esquina; • Ruas com 20 m de largura e nas maiores vias 50 m Célula Base de Cerdà O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha Do desejo original de Cerdà permaneceu apenas o traçado viário, que é o elemento mais visível e conhecido de sua obra. As quadras foram maciçamente ocupadas no perímetro junto ao alinhamento da calçada retomando um caráter que a reaproximou da quadra tradicional. Originalmente as quadras foram concebidas em média com 67.000 m³ de área construída, atualmente após anos de adensamento progressivo temos em média 295.000 m³ de área construída por quadra. ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO Surgimento do Ecletismo: 1. Revolução industrial fez emergir o problema da forma compatível com a nova sociedade – burguesia ascendente; 2. A busca pelo novo vocabulário formal foi a tônica de todos os movimentos do século XIX; 3. O neoclassicismo não parecia atender à sociedade que surgia em busca de identidade – burguesia; 4. Surgimento de novos materiais com a industrialização: o ferro e o vidro já eram empregados na construção desde tempos imemoriais, mas é somente neste período que o progresso da indústria permite que suas aplicações sejam ampliadas e introduz nas técnicas de construção conceitos totalmente novos; (desenvolvimento das fundições permitem a reprodução das ligas metálicas – arquitetura do ferro) “O Ecletismo era a cultura arquitetônica própria de uma classe burguesa que dava primazia ao conforto, amava o progresso, amava as novidades, mas rebaixava a produção artística e arquitetônica ao nível da moda e do gosto.” ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO A modernidade do século XIX repousa de fato em um movimento duplamente retrospectivo e prospectivo; explorando sem preconceitos, os recursos dos novos materiais e enfrentando os problemas colocados pelos novos programas da sociedade industrial. Os arquitetos tiraram partido do caráter arquitetural e adaptaram com liberdade soluções, partidos de organização e de planta, equilíbrio de massas e interpretação de espaços dos edifícios do passado às necessidades contemporâneas. ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 3 correntes estilísticas principais: 1. Composição Estilística: imita corretamente as formas do passado (neogótico, neoegípsio e neogrego); 2. Historicismo Tipológico: relação estilo-função, encontrando na Idade Média os traços místicos e a religiosidade para as novas igrejas; na Renascença, as características áulicas elegantes para edifícios públicos, no Barroco, ou nos estilos orientais, a festividade exigida para os equipamentos de lazer e no Classicismo o caráter apropriado aos solenes edifícios do Parlamento; 3. Pastiches Compositivos: com maior margem de liberdade, “inventava-se” soluções estilísticas. ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO Entende-se por Ecletismo na arquitetura como uma corrente cultural caracterizada pela reutilização mais ou menos livre do vocabulário formal de estilos do passado. Esses estilos teriam sido reinterpretados nos edifícios de acordo com a suposta analogia entre eles e sua tipologia funcional. Houve a coexistência Ecletismo e Neoclássico. Qual a diferença entre eles? Neoclássico: obedece com fidelidade de composição as regras ditadas pelos tratadistas no Renascimento. Ecletismo: as regras de composição seriam reconsideradas à luz da intenção decorativa, sem rigor e com liberdade, visando também atender o gosto do cliente. ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO OBRA PRIMA ARQUITETURA ECLÉTICA - Ópera de Garnier, Paris (1861-1874) Influenciado pela arte barroca, Charles Garnier concebe um edifício onde é claramente visível o movimento italiano do final do século XVI, mas que reúne vários estilosdiferentes. 1. CAMARIM 2. LUZES 3. ABÓBODA CENTRAL – ESTRUTURA EM FERRO 4. SALA - AUDITÓRIO 5. FOUYER CENTRAL – TETO COM MOSAICO 6. ESCADAS PRINCIPAIS 7. e 8 PALCO E CENÁRIO 8. ESTRUTURA DE APOIO PARA ACESSORIOS E DECORAÇÕES Exemplos de Arquitetura Eclética Pavilhão Real de Brighton, Inglaterra, 1818. Proto-ecletismo Neomourisco Casas do Parlamento. Londres, 1836-52. Neogótico. Exemplos de Arquitetura Eclética TEXTO : CRÍTICA X APROVAÇÃO ECLÉTICOS RACIONALISTAS (NEOGÓTICOS ) X ADEPTOS ECLETISMO “SERÁ POSSÍVEL QUE O MESMO ARQUITETO TENHA PROJETADO EDIFÍCIOS TÃO DIVERSOS?” (NAPOLEÃO III) “O ARQUITETO É O MESMO, QUEM É DIVERSO É O ADMINISTRADOR” (HAUSSMANN) ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO LIBERDA DE ESTILOS – CONSEQUÊNCIAS A burguesia não soube renunciar a colocar nas fachadas das próprias casas, ao longo das ruas, as mesmas ordens arquitetônicas que deviam ser reservadas aos edifícios públicos: procurou, portanto, monumentalidade. Mas conseguiu apenas em parte: as colunas, os pilares, os frontões, os pedestais adotados em toda parte, a proliferação desordenada e desmedida desses elementos, acabavam por empobrecer sua potencialidade expressiva. A liberdade pela escolha de estilos sem critério restritivo em relação as ornamentações ou mesmo sem hierarquia de ordens faz com que haja uma “banalização” da monumentalidade a qual a arquitetura desses estilos serviria. ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO O conforto era o verdadeiro problema central da produção eclética (e era isso que a tornava uma produção tipicamente burguesa); Robert Kerr, em seu The Gentleman’s House (Londres, 1864), observava como bom eclético: caso se quisesse um “confortable lodging” – alojamento confortável – era preciso excluir o neoclássico e o neo-renascentista e voltar-se para o gótico. NOVO MODO DE PENSAR A CASA a casa eclética ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO NEOGÓTICO O movimento neogótico associado ao racionalismo arquitetônico que o acompanha, será de grande importância no pensamento da arquitetura. Reexame da herança artística do passado (gótico) e análise dos processos de construção modernos: uso apropriado dos materiais e obediencia às necessidades funcionais. ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO Para o neoclássico a engenharia desempenhava um papel subalterno, limitando-se ao esqueleto do edifício, ao cálculo e dimensionamento de vigas e colunas; no neogótico a forma arquitetônica podia ser essencialmente a forma estrutural. Isso se refletirá na maneira de pensar projeto, desde a sua elaboração, surgindo por exemplo modelos de igrejas pré- fabricadas. Nesse cenário o neogótico vai de destacar e vai estar dividindo opiniões por todo o século entre o neoclássico e o neogótico ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO A produção industrial vai interferir duramente no estilo e subverter a ordem utilidade e beleza com a imposição de elementos construtivos metálicos completamente estranhos às formas e às proporções características dos estilos e das ordens arquitetônicas. Nova relação entre Engenharia e Arquitetura. ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO Neoclássico X Neogótico Estrutura somente como esqueleto, não coincidente com a forma arquitetônica. Forma arquitetônica pode ser forma estrutural, coincidências entre estrutura metálica e forma gótica. ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO Paris, interior da Bibliotèque Saint-Geneviève (Henri Labrouste, 1838-50) Utilização de estruturas de ferro para alcançar maiores vãos; A estrutura é a própria arquitetura 3 princípios para elaboração do projeto: 1. Predominância da planta sobre a elevação: dar prioridade ao estudo das características distributivas. 2. Livre disposição, nas fachadas, de janelas e varandas: localizadas onde a vista era melhor, permitindo o uso de grandes vidraças ainda que estranhas ao estilo arquitetônico. 3. Prioridade do interior sobre o exterior e a unidade da casa com sua decoração: desta forma haveria a necessidade de melhorar o gosto mobiliário e dos objetos domésticos. ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO ECLETISMO NO BRASIL O Ecletismo foi o uso livre dos estilos do passado, mas como isso ocorreu no Brasil, se não havíamos estilo nacional? 2 pontos são importantes nessa resposta: presença dos imigrantes e gosto da elite local. No Rio de Janeiro os imigrantes da Missão Francesa e em São Paulo os trabalhadores italianos. Os cariocas e paulistas abastados, que iam com frequência ao Velho Mundo, admiravam em seu contexto natural, os chalés suíços, as velhas casas normandas, os palácios venezianos, mas não compreendiam que o encanto dessas casas provinha de sua autenticidade, de sua perfeita adaptação às condições do meio e, não raro, de sua inserção num conjunto do qual não podiam ser desvinculadas. No Brasil, a arquitetura eclética foi uma tendência dentro do chamado academicismo propagado pela Academia Imperial de Belas Artes (fundada por Dom João VI para receber os artistas da Missão Francesa) e pela sua sucessora, a Escola Nacional de Belas Artes, ao longo do século XIX. Assim, o ensino arquitetônico acadêmico no Rio de Janeiro, que inicialmente privilegiou o neoclacissismo, mais tarde adotou o ecletismo de origem europeia. Em pararelo surgiram instituições artísticas em outros lugares do Brasil também comprometidas com a arquitetura eclética, como o Liceu de Artes e Oficio de São Paulo. O Academicismo organizou todo o sistema de arte no Brasil do início do século XIX até o início do século XX, diretamente inspirado nos princípios da academia francesa. ECLETISMO NO BRASIL É possível identificar a justaposição de todos os estilos clássicos da Renascença ao 2°ImpérioFrancês. Inicialmente adentra no Rio através da Missão Francesa e da chegada de Gradjean de Montigny. Predomínio Arquitetura neoclássica ECLETISMO NO BRASIL – RIO DE JANEIRO O prestigio de Paris era muito grande no Brasil a tal ponto de a influência ser também no urbanismo com a imitação da Reforma de Haussmann inspirando o prefeito Francisco Pereira Passos a reformar o centro da cidade. ECLETISMO NO BRASIL – RIO DE JANEIRO Foi realizado um concurso para as fachadas dos edifícios da futura Avenida Central onde tiveram 138 inscritos. Obviamente que um plano com influência de Haussmann teria fachadas com a arquitetura do Segundo Império Francês. ECLETISMO NO BRASIL – RIO DE JANEIRO O edifício com maior influência do Estilo Segundo Império é o Museu Nacional de Belas Artes (1908) de Adolpho Morales de los Rios. Arquiteto de origem espanhola, ex-aluno da Beaux-Arts de Paris. Obra imitação do Louvre. ECLETISMO NO BRASIL – RIO DE JANEIRO Menos influenciado pela arquitetura do Segundo Império está o Teatro Municipal (1906-1909) inspirado vagamente na ópera de Charles Garnier, na planta, elevação e na decoração interna, feita originalmente de mármores e bronzes. ECLETISMO NO BRASIL – RIO DE JANEIRO O arquiteto carioca de destaque foi Heitor de Mello que produziu 83 projetos, dos quais, o Palácio da Justiça, a antiga Prefeitura do Rio e o Jockey Club. Palácio da Justiça Câmara Municipal Jockey Club Rio de JaneiroAssembléia Legislativa do RJ. Depois da 1° Guerra Mundial, a influência francesa foi reforçada pela presença, no Rio, de vários arquitetos vindos da França. É dessa época o Hotel Copacabana Palace projetado por André Gire, ex-aluno da Beaux-Arts de Paris, a planta, perfeitamente acadêmica e simétrica, resolvia de modo prático os principais problemas funcionais do complexo programa de um hotel e cassino. A tradição neoclássica, solidamente implantada no Rio de Janeiro pela missão francesa de 1816, surgiu com atraso em São Paulo. Até meados do século XIX a cidade tem aspecto de burgo colonial. Somente a partir da instalação da estrada de ferro pelos ingleses, em 1867, que a cidade de São Paulo irá assumir sua liderança como centro econômico. Com a chegada das ferrovias Sorocabana e a Central do Brasil, a cidade de São Paulo passará a ter conexão direta com Santos, principal “porta”para as novidades vindas do exterior. São Paulo passa a ser o gargalo por onde obrigatoriamente passava o café e a riqueza. Vinda de imigrantes italianos para as lavouras e de imigrantes de todo o mundo para as indústrias, inclusive os ingleses e os franceses. Em 10 anos a cidade passa de 3 mil prédios para 7 mil prédios (1886). ECLETISMO NO BRASIL – SÃO PAULO Museu do Ipiranga Em 1884 foi contratado como arquiteto o engenheiro italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi. O estilo arquitetônico adotado, eclético, estava em curso na Europa e viria marcar, a partir do final do século XIX, a transformação arquitetônica de São Paulo. Bezzi utilizou, de forma simplificada, o modelo de palácio renascentista. Francisco de Paula Ramos de Azevedo – arquiteto formado na Bélgica, será um dos grandes, se não o maior, protagonista da arquitetura eclética em São Paulo. Um dos fundadores e diretores da Escola Politécnica. ECLETISMO NO BRASIL – SÃO PAULO Ramos de Azevedo – grande protagonista do ecletismo em São Paulo Liceu de Artes e Ofício – atual Pinacoteca Ramos de Azevedo – grande protagonista do ecletismo em São Paulo Teatro Municipal Ramos de Azevedo – grande protagonista do ecletismo em São Paulo Mercado Municipal Ramos de Azevedo – grande protagonista do ecletismo em São Paulo Palácio das Indústrias Casa das Rosas, Ramos de Azevedo Chácara Carvalho, Ramos de Azevedo Estação Sorocabana, Ramos de Azevedo Palácio da Justiça, Ramos de de Azevedo Faculdade de Direito, Ramos de Azevedo Secretaria da Agricultura e Fazenda, Ramos de Azevedo Catedral da Sé - neogótico ECLETISMO NO BRASIL – SÃO PAULO Estação da Luz - arquitetura do ferro: o projeto da estação é atribuído ao arquiteto britânico Charles Henry Driver (1832-1900), renomado arquiteto de estações ferroviárias.
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