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THAU_IV_Aula_1

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TEORIA E HISTÓRIA DA 
ARQUITETURA E URBANISMO IV 
FORMAÇÃO DOS ESPAÇOS ARQUITETÔNICOS E URBANOS DOS SÉCULOS 
XVIII E XIX ATÉ O PERÍODO ENTRE GUERRAS NO SÉCULO XX. 
Bibliografia Básica 
FRAMPTON, K. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes 
 
BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. São Paulo: Perspectiva 
 
BENEVOLO, Leonardo. História da cidade. São Paulo: Martins Fontes 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE ILUMINISMO E A ARQUEOLOGIA 
 Antigo Regime 
 
Barroco: contraste entre jardins racionalizados e 
fachadas decoradas com motivos vegetais. 
 
Reino do homem e da natureza permanecem 
distintos, mas inter-cambiando suas características, 
fundindo-se um no outro em benefício da 
ornamentação e prestígio . 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE ILUMINISMO E A ARQUEOLOGIA 
 
 
 O impulso no sentido de redimir os excessos do Barroco e da 
linguagem arquitetônica dos interiores rococós do Antigo Regime e a 
secularização do pensamento iluminista compeliram os arquitetos a 
buscar um estilo autêntico por meio de uma avaliação precisa da 
Antiguidade - busca pelos princípios em que a obra destes se 
baseava. 
 
 Tentativas de orientar o pensamento arquitetônico por linhas 
racionais vieram com o Iluminismo 
 
 Iluminismo vem combater o absolutismo 
 
 
 
 
 Busca Arqueológica - reavaliação do mundo antigo em 
busca do “estilo autêntico”. 
 
 Busca pela arquitetura “pura” através de uma 
reavaliação precisa da Antiguidade. 
 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 Cordemoy: o Noveau Traité – 
o Novo Tratado 
 
 Procurava liberar as ordens 
não só de qualquer distorção, 
mas também daquilo de 
chamava de arquitetura de 
relevo, mantendo apenas a 
sua linguagem funcional. 
 Essa abordagem estava 
totalmente de acordo com o 
pensamento Francês da época: 
tudo deveria ser muito 
RACIONAL 
 Laugier – Essai sur l’Archuitecture, 1753 – mostra a casa 
rústica do homem primitivo, o modelo a partir do qual todas 
as magnificências da arquitetura forma imaginadas. 
 
 
 “ Para Laugier, o homem em suas origens primitivas, sem qualquer 
ajuda, sem outro guia além do instinto natural de suas necessidades, 
deseja um lugar para acomodar-se ao lado de um córrego tranqüilo. 
 O sol começa a esquentá-lo forçando-o a procurar abrigo. 
 A floresta vizinha oferece a frescura de suas sombras, ele corre para 
se esconder em seu interior. 
 Nesse ínterim, milhares de vapores que se haviam elevado em vários 
pontos se encontram e se agrupam; nuvens espessas escurecem o ar e 
temíveis chuvas escorrem torrencialmente abaixo na deliciosa floresta. 
 O homem, mal abrigado pelas folhas, não sabe como se defender do 
desconforto da umidade que parece atacá-lo por todos os lados. 
 Uma caverna surge a sua frente, ele corre para dentro, sentindo-se 
protegido da chuva e encantado com sua descoberta. 
 Mas, novas inconveniências tornam essa moradia do mesmo modo 
desagradável. Ele vive no escuro, obrigado a respirar o ar insalubre. 
Ele deixa a caverna, decidido a compensar com sua indústria as 
omissões e negligências da natureza.” 
 
 
 “O homem deseja uma moradia que o abrigue sem enterrá-
lo. Alguns galhos quebrados da floresta serão o material 
para seu propósito. Ele escolhe quatro dos mais fortes, 
erguendo-os perpendicularmente ao chão formando um 
quadrado. 
 Sobre esses quatro galhos ele apóia quatro outros, dispostos 
de través e, acima desses, outros ainda, inclinados para 
ambos os lados e que se encontram num ponto no centro. 
Este tipo de telhado é coberto com folhas espessas suficientes 
para proteger tanto do sol como da chuva.” 
 
 “A pequena cabana que acabei de descrever é o tipo 
sobre o qual são elaboradas todas as magnificências 
da arquitetura. É pela aproximação à sua 
simplicidade de execução que os defeitos 
fundamentais são evitados e a verdadeira perfeição é 
alcançada.” 
 “As peças verticais de madeira sugerem a idéia das 
colunas, e as peças horizontais, nelas apoiadas, os 
entablamentos. Finalmente, os elementos inclinados que 
formam o telhado resultam na idéia do frontão.” 
 
 A cabana primitiva acima descrita, é um verdadeiro 
modelo para os arquitetos, a partir desta descrição de 
Laugier, não há arcos, arcadas, pedestais, áticos, portas 
ou mesmo janelas na cabana elementar. Para ela, e 
conseqüentemente para toda a arquitetura, são essenciais 
somente a coluna, o entablamento e o frontão. Laugier 
estava disposto a considerar os ditames da necessidade; 
ou seja, as paredes, as janelas, as portas etc., como 
elementos arquitetônicos. 
 Laugier foi ainda mais longe: para ele, as paredes e as 
pilastras deveriam ser aliviadas da tarefa de suportar 
cargas, sendo essa tarefa confiada unicamente à própria 
coluna. E Laugier exorta seu leitor: não nos deixemos nunca 
perder de vista nossa pequena cabana. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 A cabana primitiva acima descrita, é um verdadeiro 
modelo para os arquitetos, a partir desta descrição de 
Laugier, não há arcos, arcadas, pedestais, áticos, portas 
ou mesmo janelas na cabana elementar. Para ela, e 
conseqüentemente para toda a arquitetura, são essenciais 
somente a coluna, o entablamento e o frontão. Laugier 
estava disposto a considerar os ditames da necessidade; 
ou seja, as paredes, as janelas, as portas etc., como 
elementos arquitetônicos. 
 Laugier foi ainda mais longe: para ele, as paredes e as 
pilastras deveriam ser aliviadas da tarefa de suportar 
cargas, sendo essa tarefa confiada unicamente à própria 
coluna. E Laugier exorta seu leitor: não nos deixemos nunca 
perder de vista nossa pequena cabana. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 Espírito Iluminista: 
 
 busca pela arquitetura original (cabana primitiva de Laugier) 
 Racionalização da arquitetura 
 
 Arquitetos Antigos X Modernos (revolucionários) – 
ambos buscavam convicções profundas acerca da 
natureza das realizações do passado e do progresso. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 O Neoclassicismo teve como base os ideais do Iluminismo e 
um renovado interesse pela cultura da Antiguidade clássica, 
advogando os princípios da moderação, equilíbrio e 
idealismo como uma reação contra os excessos 
decorativistas e dramáticos do Barroco e Rococó. 
 
 Neoclassicismo: expressão que veio designar a arquitetura 
que, por um lado, tende à simplificação racional defendida 
por Cordemoy e Laugier e, por outro, busca apresentar as 
ordens com a maior fidelidade arqueológica: Razão e 
Arqueologia – dois elementos que caracterizam o 
classicismo 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
Igreja de Saint- Geneviève, Paris, França – Panthéon (1760, o arquiteto Jacques Germain Soufflot ) 
Igreja de Saint- Geneviève, Paris, França – Panthéon (1760, o arquiteto Jacques Germain Soufflot ) 
Igreja de Saint- Geneviève, Paris, França – Panthéon (1760, o arquiteto Jacques Germain Soufflot ) 
Igreja de Saint- Geneviève, Paris, França – Panthéon (1760, o arquiteto Jacques Germain Soufflot ) 
Colégio em Edimburgo, Thomas Hamilton, 1825 – inspirado no Partenon 
Colégio em Edimburgo, Thomas Hamilton, 1825 – inspirado no Partenon 
Museu Britânico, 1844, Robert Smirke– utilizou os capitéis jônicos idênticos aos do 
templo de Atena em Priene – colunas de 14 metros de altura 
Altes Museu em Berlim, de Schinkel, 1824-28 
 
Apresenta uma fachada em forma de colunata aberta com 19 vãos, sem 
nenhuma modenatura, com exceção da discreta ornamentação dos 
maciços de fechamento, por trás dos quais se eleva a massa sólida do 
saguão central. 
St. George’s Hall, Liverpool, Ingl. 1838, Harvey Lonsdale Elmes 
 Arquitetos revolucionários (final do século XVIII), os 
franceses: 
 Ledoux 
 Boullée 
 
 Suas obras se caracterizam pelo uso de volumes esteriométricos 
simples e de superfícies sem decoração, edifícios funcionais de 
concreto armado. 
 
 A temática principal desta arquitetura foi baseada na 
racionalidade, no uso da forma pura, com adoção de figuras 
geométricas como o cubo, a esfera, a pirâmide e o cilindro e o 
uso dessas formas da maneira mais simples possível. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 Nos projetos, uma única forma compõe o edifício, definindo a 
racionalidade e buscando o simbolismo da natureza contido nas 
formas geométricas. 
 
 Esses arquitetos são os primeiros a utilizar as formas geométricas 
desta maneira, fazendo uma relação entre a arquitetura mística e a 
natureza. Para eles a arquitetura tem um significado diferenciado e 
neste pensamento, distanciam-se das concepções estabelecidas pelos 
arquitetos neo-clássicos da época. 
 
 Os arquitetos da Revolução são considerados arquitetos teóricos. 
Muitos de seus projetos ficaram apenas na prancheta, porém suas 
teorias baseadas na racionalidade foram bastante utilizadas no 
Movimento Moderno. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 Etienne-Louis Boullé: 
 
 Foi professor na Academia de Arquitetura e escreveu o livro - 
“Architecture. Essai sur l’art” (Arquitetura. Ensaio sobre arte) onde 
discute o sentido da arquitetura e dá sua visão crítica sobre o 
neoclassicismo. 
 
 Sua arquitetura tem as seguintes características: monumentalidade 
com jogo de massas e volumes, luz e sombra, uso de plantas 
centralizadas, volumes regulares, superfícies lisas, poucas colunas. 
 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
E.L. Boullée: projeto para o cenotáfio de Newton (1780); 
E.L. Boullée: projeto para o cenotáfio de Newton (1780); 
 Claude-Nicolas Ledoux: 
 
 Idéia de “fisionomia” arquitetônica para simbolizar a intenção social de 
suas formas, estabelecidos seja por símbolos convencionais – como 
faces que evocam justiça e unidade no fórum ou por isomorfismo. 
 
 Ledoux cria um estilo institucional característico buscando dar 
monumentalidade ao edifício popular (tal qual tinham os palácios). 
 
 Utilização de muros nus (sem adornos), as plantas em cruz grega, os 
pórticos com frontões, as ordens dóricas lisas, os edifícios encontram seu 
lugar no catálogo de formas adequadas às instituições públicas 
desenvolvidas pelo arquiteto em conformidade com o programa da 
academia. 
 
 Retorno à antiguidade dentro de uma forma contemporânea. 
 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
Claude-Nicolas Ledoux: Casa dos guardas campestres em Maupertuis (1780) 
O projeto do arco triunfal em 1776, testemunha o interesse de Ledoux em desenvolver, a partir 
dessa eclética miscelânea, uma heráldica moderna. 
 
Ledoux - Caisse d’Éscompte (banco nacional de descontos) 
Palácio da Justiça de Aix, Claude-Nicolas Ledoux 1736-1806 
Prisão de Aix-en-Provence , Claude-Nicolas Ledoux 1736-1806 
 As Barreiras de Ledoux – cinturão alfandegário Paris 
 “Tratam-se de modestos pavilhões com dois lugares, em um mesmo plano, 
ou de grandes complexos de dois andares, todas as suas portas são de 
um caráter arquitetônico similar: são construídas, por assim dizer, como 
uma amostra versátil dos componentes trazidos de protótipos antigos e 
renascentistas, e da possibilidade, aparentemente infinita, de 
combinações e recombinações. 
 Os tipos de planta escolhidos por Ledoux sublinhando a cruz ou o cubo, e 
explorando todas as variações da Rotonda do Palladio, com lanternas 
centrais cilíndricas, cúbicas ou na forma de cúpulas; pavilhões cúbicos 
confrontando-se com dois quadrados; pavilhões com pórticos de pedra 
lapidada; rotondas puras e combinações de dois ou três desses 
esquemas. Ledoux apela a todos esses elementos para gerar uma serie de 
pavilhões simples ou duplos que respondem individualmente aos anseios da 
composição e simbologia dos seus lugares específicos e, ao mesmo tempo, 
formam uma família de estrutura que se identificam com a mesma 
instituição” 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
Tipologia das Barreiras com planta central, como rotundas e como templo. Claude-Nicolas Ledoux 
1736-1806 
 
 “Modelos de grandeza natural de precedentes antigos adaptados ao uso moderno, 
as barreiras são concebidas como lições práticas revoltas ao arquiteto e cidadão: o 
estudante de arquitetura poderá estudar uma série de composições não menos variadas 
que numerosas, modelos de caracterização e combinação; os habitantes de Paris, por 
sua vez, poderão facilmente reconhecer os valores emblemáticos contidos em cada 
pavilhão.” 
 
Guinguettes - espécie de Taberna localizada em área exterior ao cinturão 
alfandegário da cidade (haviam 8 distribuídas fora da cidade). Localizadas fora dos 
muros para não pagar imposto sobre o vinho tinham um caráter recreativo, estas 
tavernas se tornaram lugares para reunião de uma classe de pessoas, que ante a 
Revolução, eram vistas como uma ameaça à ordem social e política. A guinguette era 
freqüentada por artesões e gente do povo, aos domingos e dias festivos. 
 
“As tavernas desse lugar tem grandes pátios arborizados e mesas onde se 
serve comida e bebida .Os violinos tocam e a maior parte das pessoas 
dançam e encontram nisso prazer para repor o cansaço da semana”. 
Claude-Nicolas Ledoux 1736-1806 
 Ledoux adota este programa, mas transformado em uma instituição 
com intenções moralizadoras. 
 
 “O povo, unidade respeitada pela importância de cada parte que a 
compõe, não será esquecido nas construções da arte: a justa distância da 
cidade se ergueram para vocês monumentos que rivalizaram com os 
palácios dos senhores do mundo; casas para sua reunião e seu prazer. Ali 
poderá, nos jogos preparados para vocês, esquecer a sua dura sorte, 
beber para esquecer os seus cansaços, e numa distração reparadora, 
atingirá novas forças e coragem necessária para seu trabalho.” 
 
 O plano global de Ledoux para o boulevard e as barreiras de Paris, 
são vistos no contexto de um certo número de iniciativas que, entre o 
final dos anos cinqüenta e a Revolução, tentam planificar e programar 
o embelezamento útil e representativo numa escala maior do que 
aquela local. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 Na tentativa de desenvolver um novo gênero de 
arquitetura pública, Ledoux investiu numa função 
menor que toda a dignidade monumental da 
arquitetura alta; isto é, na sua transposição retórica, 
promoveu escritórios para empregados ao posto de 
edificações clássicas, tornando edifícios usuais em 
obras monumentais. 
 
 Ledoux não se contentava em ampliar as regras do 
classicismo tradicional, ele as violava, na procura de 
um novo gênero. Transformou cada entrada da 
cidade em um arco triunfal. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINALDO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 Fabrica de sal e cidade ideal de Chaux – Ledoux, 1804 
 
O projeto propõe um programa de reforma da indústria de 
sal que considere as condições de vida do trabalhador, 
integradas no sistema social da produção. 
 
 Pode-se dizer que se tratou de uma primeira tentativa de dar 
para as manufaturas os atributos de uma grande arquitetura. 
 
 Salina de Chaux: semicircular (transformada no centro oval de 
sua cidade ideal), pode ser vista como um dos primeiros 
experimentos da arquitetura industrial, pois integrava 
unidades produtivas e alojamentos operários, sendo cada 
elemento desse complexo fisiocrático representado em 
conformidade com seu caráter. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
Ledoux, cidade ideal de Chaux, 1804. 
Igreja de Chaux VIDLER, Claude-Nicolas Ledoux 1736-1806 
Banhos Públicos de Chaux 
 
Ledoux, La Saline royale, Arc-et-Senans, 1773-79 
Leitura sugerida 
 FRAMPTON, K. História crítica da arquitetura moderna. São 
Paulo: Martins Fontes; 
 Páginas : 04-11 
 
 BENEVOLO, Leonardo. História da cidade. São Paulo: 
Martins Fontes 
 Páginas: 551-572 
 
 SUMMERSON, J. A linguagem clássica da arquitetura. São 
Paulo: Martins Fontes; páginas 89-109 
 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 As cidades orgânicas do passado se transformaram em 
conglomerados sem limites, onde os principais elementos 
eram : a fábrica, a estrada de ferro e a favela. 
 
 Quando se estuda o ambiente do século XIX é importante 
diferenciar as condições reais e a nova imagem ideal que 
se manifestava nos múltiplos projetos. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 Meados do século XVIII - a revolução social e industrial 
confirmaram a decadência do antigo mundo, mas sem criar uma 
nova ordem que pudesse satisfazer a necessidade humana de 
uma base existencial. Três fatores caracterizavam a nova 
situação: 
 
A perda de identidade dos antigos assentamentos 
(ocupações orgânicas, desordenadas); 
 
A aparição de grande número de novos temas edilícios 
(a indústria, a fábrica, conjuntos habitacionais etc); 
 
O uso arbitrário de formas arquitetônicas derivadas 
dos estilos do passado; 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
 A nova situação geral criada pela revolução industrial e social 
gerou uma multiplicidade de temas edilícios: 
 
A igreja e o palácio perderam sua importância como 
temas principais 
 
O monumento, o museu, a habitação, o teatro, o salão 
de exposição, a fábrica e o escritório. cada um destes 
temas indicavam o surgimento de uma nova forma de 
vida, baseada em novos significados existenciais. 
 
O monumento : representava o desejo de retomada da 
forma arquetípica original pois seu significado era o 
da experiência da eternidade. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
O museu foi concebido como um templo da estética onde se 
reuniam todas as obras produzida pelo homem como 
manifestação de uma nova forma de “panteísmo da arte” (visão 
de mundo e doutrina filosófica em que o universo , a natureza e 
Deus são equivalentes: tudo é Deus e Deus é tudo). 
 
 A residência é interpretada como o pequeno e confortável 
espaço do mundo privado 
 
O teatro representava o aspecto dionisíaco de sua existência (o 
prazer da ação, vivenciar as manifestações dramáticas etc) 
 
O palácio de exposições representava os valores econômicos 
da nova sociedade capitalista, assim como suas forças 
produtivas se manifestavam na fábrica e nos escritórios. 
 
A ARQUITETURA E URBANISMO NO FINAL DO SÉCULO 
XVIII: ENTRE RACIONALISMO E A ARQUEOLOGIA 
A multiplicidade de novos temas edilícios implicava em 
uma variedade de caracteres que não podiam expressar-
se com os meios de um só estilo do passado. 
 
Os arquitetos irão se utilizar de formas provenientes de 
diversos estilos, assim, uma das idéias próprias do século 
XIX foi selecionar para cada tipo de edifício o estilo mais 
adequado – funcionalismo. 
 
 Igrejas em estilo gótico (neo-gótico) 
Museus e universidades em estilo clássico (neoclássico) 
Aula 02 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, Viena e Barcelona. 
 Século XIX – A revolução industrial será a base da 
urbanística moderna 
1. Aumento da população devido à diminuição do índice de 
mortalidade ( Inglaterra: 1760 – 7 milhões; 1830-14 milhões); 
a expectativa de vida passa de 35 anos para 50 ou mais. 
 
2. Aumento dos bens e de serviços devido a crescente demanda, 
além do progresso tecnológico e do desenvolvimento econômico. 
 
3. A redistribuição dos habitantes no território em consequência do 
aumento demográfico e das transformações da produção (tanto 
agrícola – máquinas ao invés do homem - quanto industrial). 
 
 
4. A acomodação de tão volátil crescimento levou à transformação dos 
velhos bairros em áreas miseráveis, e também, à construção de 
moradia barata e de cortiços; 
 
5. Epidemias na Inglaterra e na Europa continental: Tuberculose e 
Cólera; 
 
6. Urgência de reformas sanitárias e reflexão sob como construir e a 
manutenção de conurbações urbanas: 
 
7. Começa-se a discutir legislação para organizar essas ocupações e 
também a infra-estrutura básica de salubridade na cidade como um 
todo 
 
8. Nas cidades, monumentos, casas, oficinas e industrias são misturadas 
em uma desordem que irá mobilizar, juntamente com a urgência de 
medidas sanitárias, as reformas urbanas seguintes. 
 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, Viena e Barcelona. 
 Características gerais da cidade anteriores ás medidas: 
 
 Centro urbano característico da idade média - ou seja, o 
núcleo urbano tem uma estrutura já formada, contém os 
principais monumentos (igrejas, palácios) que predominam o 
panorama da cidade e que agora estão expostos a se 
tornarem centros de aglomeração urbana; 
 
 Ruas estreitas e tortuosas onde aos poucos a população 
que vem chegando começa a se instalar nas periferias e em 
parques, áreas verdes, com estruturas muito precárias, 
 
 Os barracões industriais vão sendo implantados sem 
nenhuma ordenação 
 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
 Século XIX - 1850 
 
 Aprovada em caráter de urgência em 13 de abril de 1850 
legislação que limita-se a investigar e indicar as medidas 
indispensáveis para o arranjo dos alojamentos e dependências 
insalubres ocupadas; 
 
 Comissão composta por um médico e por um arquiteto; 
 
 Haussmann (então prefeito de Paris): grandes intervenções que 
alterarão a dinâmica e a estrutura de Paris, visando 
salubridade, circulação e beleza; 
 
 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
 Georges-Eugène Haussmann (1809-1891) 
 Advogado, funcionário público, político e 
administrador francês. 
 Nomeado prefeito de Paris por Luis Napoleão III, 
tendo o título de “Barão”, foi o grande 
remodelador de Paris, cuidando do planejamento 
da cidade, durante 17 anos, contando com a 
colaboração de arquitetos e engenheiros 
renomados da Paris da época. 
 Haussmann planejou uma “cidade nova”, 
modificando parques parisienses e criando outros, 
construindo vários edifícios públicos, comoa 
L’Opéra. 
 Melhorou também o sistema de distribuição de 
água e ampliou a rede de esgotos, e em 1861 
iniciou a instalação dos esgotos entre La Villette e 
Les Halles, supervisionados pelo engenheiro 
Belgrand. 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
 Em 17 anos de administração, as obras de Haussmann podem 
ser divididas em cinco categorias: 
 
1. Obras Viárias: A abertura de ruas traçadas nos conjunto 
habitacional existente e na faixa periférica - 165 Km de 
novas vias entre ruas e avenidas; 
 
2. Novos serviços primários: construção de novos aquedutos, 
instalação de iluminação a gás, rede de transporte público; 
 
3. Novos serviços secundários: escolas, hospitais, colégios, 
quartéis, prisões e sobretudo, grandes parques públicos: O 
Bois de Boulogne (oeste) e Bois de Vincennes (leste); 
 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
 
 
4. Nova estrutura administrativa da cidade: a cidade estende-se até 
as fortificações externas e passa a ser dividida em 20 distritos 
(parcialmente autônomos) – arrondissements 
 
5. Construção de Boulevards 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
1. A ABERTURA DE VIAS : 
 No momento Paris contava com um total de 384 km de ruas; 
 Das novas ruas abertas por Haussman foram construídos: 
 
 95 km de novas ruas que cortam em todos os sentidos o organismo 
medieval e fazem desaparecer 50 km de ruas antigas 
 70 km de ruas novas na periferia da cidade, ou seja , um total de 165 km 
de novas vias 
 
 Para a realização de uma obra desse porte, Haussmam precisou se utilizar de dois 
instrumentos legais: 
 
 lei sobre expropriação de 1840 
 lei sanitária de 1850 
 
 O núcleo medieval é cortado em todos os sentidos: Haussmann sobrepõe 
ao corpo da antiga cidade uma nova malha de ruas largas e retilíneas 
formando um sistema coerente de comunicação entre as estações 
ferroviárias e os principais centros da vida urbana. 
 
 Ele evita destruir os monumentos mais importantes criando anéis ao redor 
destas obras interligadas por perspectivas viárias. 
 
 As construções ao longo das ruas é disciplinada. Introduz se a 
obrigatoriedade de apresentar um requerimento de construção (1859). 
Fixam-se novas relações entre altura das construções e a largura das 
casas e das ruas: 
 
 Para ruas c/ largura de 20m ou + a altura deve ser igual à largura; 
 Para ruas + estreitas a altura pode ser maior = 1 x e meia a 
largura da rua. 
 As coberturas deveriam apresentar a inclinação de 45º graus 
 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
Esquema de trabalhos de Haussmann em Paris: linhas mais grossas: novas ruas 
tracejado quadriculado: novos bairros 
tracejado horizontal: os dois grandes parques periféricos: o Bois de Boulogne (à esquerda) e o Bois de 
Vincennes (à direita) 
Intervenções de Hausman em Ile de La Citè 
Planta da Avenue de l’Opéra, com a indicação das novas frentes de 
rua, e dos terrenos desapropriados segundo a Lei de 1840. 
Avenue de l’Opéra 
Avenue de l’Opéra 
Champs – Elysées: Arco do Triundo do Carrosel - foram criadas 12 amplas avenidas 
ao redor do Arco do Triunfo , onde grandes mansões foram erguidas. 
 
 BOULEVARDS DE PARIS: através dos grandes bulevares parisienses, o 
maior deles executado sob a demarcação da antiga muralha da cidade, 
os ventos poderiam ventilar a cidade e ainda os habitantes desfrutarem de 
áreas de passeios (espécie de parque linear). 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
 
Boulervard Richard Lenoir 
• 20 distritos da nova Paris - Arrondissements 
 Haussmann procurou enobrecer o ambiente urbano com 
instrumentos urbanísticos tradicionais : 
 
 A busca pela regularidade. 
 
 A escolha de um edifício monumental antigo ou moderno como 
pano de fundo de cada nova rua. 
 
 Os ambientes privados e públicos – até agora ligados e 
misturados - na cidade burguesa se tornam contrapostos entre si : 
de um lado as casas, de outro os laboratórios, estúdios, escritórios 
e a rua é o elemento de ligação que permite a mistura dos dois 
elementos. 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
 Foram abertos parques e jardins públicos: Jardin dês Tulleries, 
Palais Royal, Parc Montsouris. 
 
 Surge a figura do quarteirão que é determinado pelo sistema 
viário – neste caso o quarteirão é residual, configurado a partir do 
que ‘sobra’ depois de definido o traçado viário. 
 
 Foram definidas leis de ocupação: cada lote é perpendicular à rua 
e não tem a mesma medida padrão; os edifícios passam a ter leis 
de padronização para as fachadas; a tipologia urbana segue um 
catálogo pré-definido, passam a apresentar unicidade 
arquitetônica; as galerias e passagens passam a ter função 
comercial – multifuncionalidade do quarteirão e abrigam cafés e 
lojas. 
 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
PALÁCIO PARISIENSE construído na época de Haussmann apresenta a padronização das 
fachadas. 
Rue de Rivoli 
 
Padronização das fachadas 
Paris, França 
Paris, França 
 
Padronização das 
fachadas 
 A criação de Parques Públicos: 
 
 Paris possuía apenas parques construídos durante o 
Antigo Regime : Jardim das Tulleries, o de Champs 
Elysee, o Champs de Mars e Luxemburgo. 
 
 Napoleão – Haussmann iniciam : 
 Bois de Boulogne 
 Bois deVincennes p/ classes operárias 
 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
Bois de Bologne 
Bois de Vincennes 
Bois de Bologne 
Bois de Bologne 
Bois de Bologne 
Bois de Bologne 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
Bois de Vincennes 
Bois de Vincennes 
Bois de Vincennes 
 
 As obras publicas fazem subir os preços dos terrenos 
circundantes e influem em toda a cidade favorecendo 
o crescimento e aumentando a renda. 
 
 O plano de Haussmann para Paris tem grande 
importância pois não se apresenta como um projeto 
fechado ou mesmo de intervenções isoladas, ou que 
trata de uma cidade ideal; trata-se de uma ação 
global, um conjunto de intervenções interligadas 
através de um propósito maior de regular, adaptar e 
apropriar a cidade para as novas necessidades. 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Paris, França 
 
 Enquanto boa parte das capitais européias já haviam demolido 
suas muralhas, Viena ainda mantinha a sua, e a expansão da 
cidade já estava acontecendo para além da mesma; 
 
 Em 1857 o Imperador decide derrubar a muralha e institui um 
concurso para trabalhar da melhor forma a expansão que a 
cidade receberia, para tanto criou uma Comissão de Expansão da 
cidade; 
 
 Ludwig Forster ganha o concurso com o plano Ringstrasse; 
 
 
 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Viena, Áustria 
1. Inserir a cidade antiga dentro do sistema viário da 
cidade moderna, sem cortar e destruir o velho tecido; 
 
2. Compor os principais edifícios públicos em um 
ambiente amplo e arejado entre passeios e jardins, 
separando-se do antigo núcleo; 
 
3. Formação de um grande anel circundando toda a 
cidadevelha onde antes se localizava a muralha; 
 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Viena, Áustria 
Plano de Hausmann X Ringstrasse 
• Intervenção no centro antigo de forma a 
incluí-lo no processo de expansão da 
periferia; 
 
• Paisagem definida por edificações 
padronizadas de forma a destacar 
apenas monumentos: o espaço leva o 
observador a um foco Central 
(normalmente um monumento de 
importância política, histórica ou 
religiosa), enquanto que as demais 
construções servem como cenário para 
dar relevo às que devem ser destacadas; 
 
• Ênfase na perspectiva. 
 
• Intervenção na periferia, sem 
modificação direta no centro antigo, 
separando o centro antigo do novo 
subúrbio; 
 
• Edifícios dão relevo ao espaço 
horizontal com elementos organizativos 
em relação à larga avenida ou curso 
central; 
 
• Suprime a perspectiva em favor da 
ênfase sobre o fluxo circular. 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Viena, Áustria 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Viena, Áustria 
Novas ruas em preto 
Em tracejado área verde 
Viena, Áustria 
• Cinturão verde com 
edifícios importantes e 
para além dele controla-se 
apenas a altura das 
edificações particulares em 
relação á largura da rua. 
 
• Boulevard com seus muitos 
edifícios públicos 
imponentes , que foram 
construídos no lugar das 
fortificações da época 
 
• Alí foram construídos, 
universidade, museu, 
tribunal, edificios 
governamentais 
 
Viena, Áustria 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Viena, Áustria 
 A proposta de Cerdà para a cidade de Barcelona, aprovada 
inicialmente em 1859, apresenta uma intervenção completamente 
diferente; 
 
 Preve a manutenção da cidade antiga e insere uma grande via 
que ligará essa cidade medieval “congelada” à nova cidade; 
 
 Não concentra os edifícios públicos de importância em uma 
região, mas os espalha pela malha a fim de dar o mesmo valor 
especulativo a todas as áreas; 
 
 Adota o traçado quadriculado e multiplica a cidade em até seis 
vezes o antigo tamanho da cidade medieval. 
 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha 
Cerdà irá desenhar a cidade a partir de uma célula base, a sua teoria sobre urbanização está 
toda baseada na moradia e circulação 
 
Redes Ferroviárias 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha 
 As ruas eram planejadas seguindo os princípios da orientação 
solar, largura, perfis transversais, tipo de pavimentação, 
diferença de cotas entre outros. 
 
 As paisagens, praças e quadras deveriam interagir entre si, 
além de serem elementos harmônicos na cidade: isso seria 
possível através da análise de cortes (relação altura x 
largura) e na relação da casa com a quadra; 
 
 Cerdà faz um estudo minucioso sobre qual seria a medida 
ideal e a implantação ideal da casa na quadra; 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha 
• Quarteirões de 133,3 m X 133,3m com chanfros na esquina; 
• Ruas com 20 m de largura e nas maiores vias 50 m 
 Estudo de Cerdà para o tamanho ideal das quadras e seus chanfros 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha 
• Quarteirões de 
133,3 m X 
133,3m com 
chanfros na 
esquina; 
 
• Ruas com 20 m 
de largura e nas 
maiores vias 50 m 
Célula Base de Cerdà 
O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E OS PROCESSOS DE 
CONCENTRAÇÃO URBANA: Barcelona, Espanha 
 Do desejo original de Cerdà permaneceu apenas o traçado viário, que é o 
elemento mais visível e conhecido de sua obra. As quadras foram 
maciçamente ocupadas no perímetro junto ao alinhamento da calçada 
retomando um caráter que a reaproximou da quadra tradicional. 
 
 Originalmente as quadras foram concebidas em média com 67.000 m³ de 
área construída, atualmente após anos de adensamento progressivo temos 
em média 295.000 m³ de área construída por quadra. 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
 Surgimento do Ecletismo: 
1. Revolução industrial fez emergir o problema da forma compatível 
com a nova sociedade – burguesia ascendente; 
2. A busca pelo novo vocabulário formal foi a tônica de todos os 
movimentos do século XIX; 
3. O neoclassicismo não parecia atender à sociedade que surgia em 
busca de identidade – burguesia; 
4. Surgimento de novos materiais com a industrialização: o ferro e o 
vidro já eram empregados na construção desde tempos imemoriais, 
mas é somente neste período que o progresso da indústria permite 
que suas aplicações sejam ampliadas e introduz nas técnicas de 
construção conceitos totalmente novos; (desenvolvimento das 
fundições permitem a reprodução das ligas metálicas – arquitetura 
do ferro) 
 
 “O Ecletismo era a cultura arquitetônica própria de 
uma classe burguesa que dava primazia ao conforto, 
amava o progresso, amava as novidades, mas 
rebaixava a produção artística e arquitetônica ao 
nível da moda e do gosto.” 
 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
 A modernidade do século XIX repousa de fato em um 
movimento duplamente retrospectivo e prospectivo; 
explorando sem preconceitos, os recursos dos novos 
materiais e enfrentando os problemas colocados pelos 
novos programas da sociedade industrial. 
 
 Os arquitetos tiraram partido do caráter arquitetural e 
adaptaram com liberdade soluções, partidos de 
organização e de planta, equilíbrio de massas e 
interpretação de espaços dos edifícios do passado às 
necessidades contemporâneas. 
 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
3 correntes estilísticas principais: 
 
1. Composição Estilística: imita corretamente as formas do 
passado (neogótico, neoegípsio e neogrego); 
 
2. Historicismo Tipológico: relação estilo-função, encontrando na 
Idade Média os traços místicos e a religiosidade para as novas 
igrejas; na Renascença, as características áulicas elegantes para 
edifícios públicos, no Barroco, ou nos estilos orientais, a 
festividade exigida para os equipamentos de lazer e no 
Classicismo o caráter apropriado aos solenes edifícios do 
Parlamento; 
 
3. Pastiches Compositivos: com maior margem de liberdade, 
“inventava-se” soluções estilísticas. 
 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
 Entende-se por Ecletismo na arquitetura como uma corrente cultural 
caracterizada pela reutilização mais ou menos livre do vocabulário 
formal de estilos do passado. Esses estilos teriam sido reinterpretados 
nos edifícios de acordo com a suposta analogia entre eles e sua 
tipologia funcional. 
 
 Houve a coexistência Ecletismo e Neoclássico. 
 Qual a diferença entre eles? 
 
 Neoclássico: obedece com fidelidade de composição as regras 
ditadas pelos tratadistas no Renascimento. 
 
 Ecletismo: as regras de composição seriam reconsideradas à luz da 
intenção decorativa, sem rigor e com liberdade, visando também 
atender o gosto do cliente. 
 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
OBRA PRIMA ARQUITETURA ECLÉTICA - Ópera de Garnier, Paris (1861-1874) 
Influenciado pela arte barroca, Charles Garnier concebe um edifício onde é claramente 
visível o movimento italiano do final do século XVI, mas que reúne vários estilosdiferentes. 
1. CAMARIM 
2. LUZES 
3. ABÓBODA CENTRAL – ESTRUTURA EM FERRO 
4. SALA - AUDITÓRIO 
5. FOUYER CENTRAL – TETO COM MOSAICO 
6. ESCADAS PRINCIPAIS 
7. e 8 PALCO E CENÁRIO 
8. ESTRUTURA DE APOIO PARA ACESSORIOS E DECORAÇÕES 
Exemplos de Arquitetura Eclética 
Pavilhão Real de Brighton, Inglaterra, 1818. Proto-ecletismo Neomourisco 
Casas do Parlamento. Londres, 1836-52. Neogótico. 
Exemplos de Arquitetura Eclética 
TEXTO : CRÍTICA X APROVAÇÃO 
ECLÉTICOS RACIONALISTAS (NEOGÓTICOS ) X ADEPTOS ECLETISMO 
“SERÁ POSSÍVEL QUE O MESMO ARQUITETO TENHA 
PROJETADO EDIFÍCIOS TÃO DIVERSOS?” 
(NAPOLEÃO III) 
 
“O ARQUITETO É O MESMO, QUEM É DIVERSO É O 
ADMINISTRADOR” 
(HAUSSMANN) 
 
 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
LIBERDA DE ESTILOS – CONSEQUÊNCIAS 
 A burguesia não soube renunciar a colocar nas fachadas das próprias 
casas, ao longo das ruas, as mesmas ordens arquitetônicas que deviam ser 
reservadas aos edifícios públicos: procurou, portanto, monumentalidade. 
 
 Mas conseguiu apenas em parte: as colunas, os pilares, os frontões, os 
pedestais adotados em toda parte, a proliferação desordenada e 
desmedida desses elementos, acabavam por empobrecer sua 
potencialidade expressiva. 
 
 A liberdade pela escolha de estilos sem critério restritivo em relação as 
ornamentações ou mesmo sem hierarquia de ordens faz com que haja uma 
“banalização” da monumentalidade a qual a arquitetura desses estilos 
serviria. 
 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
 O conforto era o verdadeiro problema central da 
produção eclética (e era isso que a tornava uma 
produção tipicamente burguesa); Robert Kerr, em 
seu The Gentleman’s House (Londres, 1864), 
observava como bom eclético: caso se quisesse um 
“confortable lodging” – alojamento confortável – era 
preciso excluir o neoclássico e o neo-renascentista e 
voltar-se para o gótico. 
NOVO MODO DE PENSAR A CASA a casa eclética 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
NEOGÓTICO 
 
 O movimento neogótico associado ao racionalismo arquitetônico 
que o acompanha, será de grande importância no pensamento da 
arquitetura. 
 
 Reexame da herança artística do passado (gótico) e análise dos 
processos de construção modernos: uso apropriado dos materiais e 
obediencia às necessidades funcionais. 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
 Para o neoclássico a engenharia desempenhava um papel 
subalterno, limitando-se ao esqueleto do edifício, ao cálculo 
e dimensionamento de vigas e colunas; no neogótico a 
forma arquitetônica podia ser essencialmente a forma 
estrutural. 
 
 Isso se refletirá na maneira de pensar projeto, desde a sua 
elaboração, surgindo por exemplo modelos de igrejas pré-
fabricadas. 
 
 Nesse cenário o neogótico vai de destacar e vai estar 
dividindo opiniões por todo o século entre o neoclássico e o 
neogótico 
 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
 A produção industrial vai interferir duramente no estilo e subverter a 
ordem utilidade e beleza com a imposição de elementos construtivos 
metálicos completamente estranhos às formas e às proporções 
características dos estilos e das ordens arquitetônicas. 
 
 Nova relação entre Engenharia e Arquitetura. 
 
 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
Neoclássico X Neogótico 
Estrutura somente como 
esqueleto, não 
coincidente com a forma 
arquitetônica. 
Forma arquitetônica pode ser 
forma estrutural, 
coincidências entre estrutura 
metálica e forma gótica. 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
Paris, interior da Bibliotèque Saint-Geneviève (Henri Labrouste, 1838-50) 
Utilização de estruturas de ferro para alcançar maiores vãos; 
A estrutura é a própria arquitetura 
 3 princípios para elaboração do projeto: 
 1. Predominância da planta sobre a elevação: dar 
prioridade ao estudo das características distributivas. 
 
 2. Livre disposição, nas fachadas, de janelas e varandas: 
localizadas onde a vista era melhor, permitindo o uso de 
grandes vidraças ainda que estranhas ao estilo arquitetônico. 
 
 3. Prioridade do interior sobre o exterior e a unidade da casa 
com sua decoração: desta forma haveria a necessidade de 
melhorar o gosto mobiliário e dos objetos domésticos. 
ECLETISMO, IDENTIDADE NACIONAL E INDUSTRIALIZAÇÃO 
ECLETISMO NO BRASIL 
 O Ecletismo foi o uso livre dos estilos do passado, mas como isso ocorreu 
no Brasil, se não havíamos estilo nacional? 
 
 2 pontos são importantes nessa resposta: presença dos imigrantes e 
gosto da elite local. 
 
 No Rio de Janeiro os imigrantes da Missão Francesa e em São Paulo os 
trabalhadores italianos. 
 
 Os cariocas e paulistas abastados, que iam com frequência ao Velho 
Mundo, admiravam em seu contexto natural, os chalés suíços, as velhas 
casas normandas, os palácios venezianos, mas não compreendiam que o 
encanto dessas casas provinha de sua autenticidade, de sua perfeita 
adaptação às condições do meio e, não raro, de sua inserção num 
conjunto do qual não podiam ser desvinculadas. 
 
 No Brasil, a arquitetura eclética foi uma tendência dentro do 
chamado academicismo propagado pela Academia Imperial de Belas Artes 
(fundada por Dom João VI para receber os artistas da Missão Francesa) e pela 
sua sucessora, a Escola Nacional de Belas Artes, ao longo do século XIX. Assim, 
o ensino arquitetônico acadêmico no Rio de Janeiro, que inicialmente privilegiou 
o neoclacissismo, mais tarde adotou o ecletismo de origem europeia. Em 
pararelo surgiram instituições artísticas em outros lugares do Brasil também 
comprometidas com a arquitetura eclética, como o Liceu de Artes e Oficio de São 
Paulo. 
 
 O Academicismo organizou todo o sistema de arte no Brasil do início do século XIX 
até o início do século XX, diretamente inspirado nos princípios da academia 
francesa. 
ECLETISMO NO BRASIL 
 É possível identificar a justaposição de todos os estilos clássicos da 
Renascença ao 2°ImpérioFrancês. 
 Inicialmente adentra no Rio através da Missão Francesa e da chegada de 
Gradjean de Montigny. 
 
Predomínio Arquitetura 
neoclássica 
ECLETISMO NO BRASIL – RIO DE JANEIRO 
 O prestigio de Paris era muito grande no Brasil a tal ponto de a influência ser 
também no urbanismo com a imitação da Reforma de Haussmann inspirando o 
prefeito Francisco Pereira Passos a reformar o centro da cidade. 
 
ECLETISMO NO BRASIL – RIO DE JANEIRO 
 Foi realizado um concurso para as fachadas dos edifícios da 
futura Avenida Central onde tiveram 138 inscritos. Obviamente 
que um plano com influência de Haussmann teria fachadas com a 
arquitetura do Segundo Império Francês. 
 
ECLETISMO NO BRASIL – RIO DE JANEIRO 
 O edifício com maior influência do Estilo Segundo Império é o 
Museu Nacional de Belas Artes (1908) de Adolpho Morales de los 
Rios. Arquiteto de origem espanhola, ex-aluno da Beaux-Arts de 
Paris. Obra imitação do Louvre. 
 
ECLETISMO NO BRASIL – RIO DE JANEIRO 
 Menos influenciado pela arquitetura do Segundo Império está o Teatro Municipal 
(1906-1909) inspirado vagamente na ópera de Charles Garnier, na planta, 
elevação e na decoração interna, feita originalmente de mármores e bronzes. 
 
ECLETISMO NO BRASIL – RIO DE JANEIRO 
 O arquiteto carioca de destaque foi Heitor de Mello que 
produziu 83 projetos, dos quais, o Palácio da Justiça, a 
antiga Prefeitura do Rio e o Jockey Club. 
 
Palácio da Justiça Câmara Municipal 
Jockey Club Rio de JaneiroAssembléia Legislativa do RJ. 
 
 Depois da 1° Guerra Mundial, a influência francesa foi reforçada 
pela presença, no Rio, de vários arquitetos vindos da França. 
 É dessa época o Hotel Copacabana Palace projetado por André Gire, 
ex-aluno da Beaux-Arts de Paris, a planta, perfeitamente acadêmica 
e simétrica, resolvia de modo prático os principais problemas 
funcionais do complexo programa de um hotel e cassino. 
 
 A tradição neoclássica, solidamente implantada no Rio de Janeiro pela 
missão francesa de 1816, surgiu com atraso em São Paulo. 
 
 Até meados do século XIX a cidade tem aspecto de burgo colonial. 
 
 Somente a partir da instalação da estrada de ferro pelos ingleses, em 1867, 
que a cidade de São Paulo irá assumir sua liderança como centro econômico. 
Com a chegada das ferrovias Sorocabana e a Central do Brasil, a cidade 
de São Paulo passará a ter conexão direta com Santos, principal 
“porta”para as novidades vindas do exterior. São Paulo passa a ser o 
gargalo por onde obrigatoriamente passava o café e a riqueza. 
 
 Vinda de imigrantes italianos para as lavouras e de imigrantes de todo o 
mundo para as indústrias, inclusive os ingleses e os franceses. 
 
 Em 10 anos a cidade passa de 3 mil prédios para 7 mil prédios (1886). 
 
ECLETISMO NO BRASIL – SÃO PAULO 
Museu do Ipiranga 
 Em 1884 foi contratado como arquiteto o engenheiro italiano Tommaso 
Gaudenzio Bezzi. 
 O estilo arquitetônico adotado, eclético, estava em curso na Europa e viria 
marcar, a partir do final do século XIX, a transformação arquitetônica de 
São Paulo. 
 Bezzi utilizou, de forma simplificada, o modelo de palácio renascentista. 
 
 Francisco de Paula Ramos de Azevedo – 
arquiteto formado na Bélgica, será um dos 
grandes, se não o maior, protagonista da 
arquitetura eclética em São Paulo. 
 
 Um dos fundadores e diretores da Escola 
Politécnica. 
ECLETISMO NO BRASIL – SÃO PAULO 
Ramos de Azevedo – grande protagonista do ecletismo em São Paulo 
Liceu de Artes e Ofício – atual Pinacoteca 
Ramos de Azevedo – grande protagonista do ecletismo em São Paulo 
Teatro Municipal 
Ramos de Azevedo – grande protagonista do ecletismo em São Paulo 
Mercado Municipal 
Ramos de Azevedo – grande protagonista do ecletismo em São Paulo 
Palácio das Indústrias 
Casa das Rosas, Ramos de Azevedo 
Chácara Carvalho, Ramos de Azevedo 
Estação Sorocabana, Ramos de Azevedo 
Palácio da Justiça, Ramos de de Azevedo 
Faculdade de Direito, Ramos de Azevedo 
Secretaria da Agricultura e Fazenda, Ramos de Azevedo 
Catedral da Sé - neogótico 
ECLETISMO NO BRASIL – SÃO PAULO 
 Estação da Luz - arquitetura do ferro: o projeto da estação é atribuído 
ao arquiteto britânico Charles Henry Driver (1832-1900), renomado 
arquiteto de estações ferroviárias.

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