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E-BOOK 1 - Contabilidade Intermediária II

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CONTABILIDADE INTERMEDIARIA II
CAPÍTULO 1 - QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS 
PARA O REGISTRO CONTÁBIL DE 
ADIANTAMENTOS E DO INTANGÍVEL E A 
RELAÇÃO DESTES COM O CPC 12?
Ciro Gustavo Bragança
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Introdução
Você já imaginou o porquê das empresas realizarem adiantamentos? Já imaginou por que os clientes também
realizam adiantamentos às empresas? Você sabe quais são os tipos de adiantamentos realizados no ambiente
empresarial? Você já ouviu falar dos grupos dos ativos intangíveis e como contabilizá-los? Qual a relação dos
adiantamentos e do intangível com o Pronunciamento Técnico CPC 12 do Comitê de Pronunciamentos
Contábeis? Estas são questões pertinentes ao estudo deste capítulo.
No ambiente empresarial ocorrem adiantamentos de diversos tipos, como os concedidos aos funcionários e
fornecedores, por exemplo, e os recebidos pelos clientes. Os intangíveis são classificados dentro do Grupo do
Ativo Não Circulante e têm relação com itens do ativo que não possuem características físicas.
Nesse sentido, neste capítulo você terá a oportunidade de compreender como devem ser mensurados,
registrados e divulgados os itens de adiamentos e os intangíveis nas informações contábeis. As situações
envolvendo adiantamentos e intangíveis precisam de maior compreensão por parte dos contabilistas e gestores
das empresas. Estas transações envolvem questões de embolsos e desembolsos de recursos, gerando a intensa
necessidade de gerenciamento desses ativos.
Desse modo, este capítulo ajudará você a compreender essas e outras questões relacionadas às necessidades de
antecipação de pagamentos, bem como recebimentos antecipados de clientes, além de aplicações de recursos em
ativos intangíveis. Cabe ressaltar que, a depender da situação, o Pronunciamento Contábil CPC 12 (CPC, 2008),
que trata do Ajuste a Valor Presente de elementos do ativo, que poderá ser aplicado em relação aos valores de
adiantamentos e de intangíveis. Vamos lá? Nós teremos muito trabalho a partir desse momento. Bons estudos!
1.1 Adiantamentos
É muito importante que os gestores das empresas, bem como os seus contabilistas, compreendam as operações
que envolvam desembolsos de importâncias em dinheiro com vistas a adiantamentos a terceiros e a
recebimentos de adiantamentos por parte de clientes. Muitas vezes, esses desembolsos adiantados ocorrem em
situações que se necessitam de certo de tipo de garantia, tanto para o fornecimento de bens, quanto para a
prestação de um serviço. Uma empresa pode adiantar um valor a seu fornecedor, por exemplo, a fim de garantir
a entrega de um bem em data posterior. O cliente, por sua vez, pode fazer o adiantamento para garantir o
recebimento de um bem ou de um serviço futuramente. Funcionam, portanto, como uma entrada de recursos
para garantir a entrega futura de um bem ou a realização de um serviço.
Em situações específicas, o adiantamento ocorrerá para que o valor recebido – seja pela empresa (pago por um
cliente) ou pelo fornecedor (pago pela empresa) – sirva como forma de financiamento para o início da produção
ou realização de um serviço. Podem ocorrer, ainda, situações envolvendo adiantamentos a funcionários por meio
de pagamento antecipado de um percentual do salário, quando previamente estabelecidos em acordos com os
sindicatos da categoria de trabalhadores em questão. Ainda neste âmbito dos funcionários, podem ocorrer
adiantamentos para viagens, em que o valor adiantado será utilizado para fins de cumprimento de uma tarefa a
serviço da empresa, como reunião com clientes, reunião com outros funcionários ou participação em eventos
externos. Nesse sentido, os adiantamentos devem ser considerados como tal quando houver a entrada ou saída
de recursos sem a entrega de um bem ou a realização de um serviço, o que ocorrerá em datas futuras. Assim,
devem ser discutidos alguns pontos em relação aos valores adiantados, seja pelas empresas a terceiros, seja
pelos clientes às empresas, como segue:
• distinguir adiantamentos que geram passivos de adiantamentos que geram ativos;
• identificar as contas contábeis referentes aos fatos contábeis que envolvem adiantamentos (passivos e 
ativos);
• efetuar lançamentos contábeis de adiantamentos;
• esquematizar as contas contábeis que envolvem adiantamentos, objetivando a evidenciação na DRE e no 
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• esquematizar as contas contábeis que envolvem adiantamentos, objetivando a evidenciação na DRE e no 
BP.
Cabe destacar o conceito de patrimônio e os seus elementos, quais sejam: os ativos, que compreendem os
recursos controlados por uma entidade e dos quais se esperam benefícios econômicos futuros e que sejam
resultantes de eventos passados; os passivos, que compreendem as exigibilidades e obrigações; e o patrimônio
líquido, que representa a diferença entre o ativo e passivo, ou seja, o valor líquido da empresa (MARTINS et al.,
2013).
Desse modo, a título de exemplo, devem ser considerados como ativos os bens e direitos indicados abaixo: Em
relação aos passivos, que são representados pelas obrigações da empresa junto a terceiros, tem-se como
exemplos:
• valores disponíveis em caixa e bancos pertencentes à empresa;
• valores aplicados em fundos de investimentos ou outros tipos de aplicações financeiras;
• valores a receber de clientes;
• produtos em estoque disponíveis para venda ou consumo;
• créditos a receber junto a terceiros;
• valores de móveis e utensílios, bem como de máquinas e equipamentos;
• valores de veículo de propriedade e uso constante da empresa;
• valores provenientes de imóveis de uso operacional e/ou administrativo da empresa, ou para fins de 
investimento;
• valores de participações em outras empresas;
• outros valores de bens ou direitos da empresa.
Em relação aos passivos, que são representados pelas obrigações da empresa junto a terceiros, tem-se como
exemplos:
• saldos a pagar para fornecedores;
• valores a pagar para funcionários;
• valores de tributos a recolher aos cofres públicos perante as prefeituras, estados e união;
• financiamentos por empréstimos bancários;
• parcelamentos diversos junto a credores;
• outras obrigações junto a terceiros.
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VOCÊ SABIA?
A Lei 6.404/1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, em seus artigos 183 e 184,
destaca critérios de avaliação do ativo e do passivo (BRASIL, 1976). Esses critérios são
fundamentais para os registros contábeis e precisam ser observados com vistas à apresentação
correta das informações econômico-financeiras das empresas. Leia mais acessando: <
>.https://goo.gl/k9L1R
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A fim de distinguir os adiantamentos que geram ativos dos que geram passivos é preciso, primeiramente,
entender a origem dos fatos contábeis que geraram os adiantamentos. Nesse caso, quando a origem partir do
cliente, o adiantamento será um passivo, pois a empresa receberá um valor deste cliente e terá a obrigação de
entregar um bem ou serviço no futuro. Já no caso em que a empresa paga um valor adiantado para um
fornecedor ou funcionário, será ela, ou seja, a empresa, que terá o direito de receber um bem ou serviço no
futuro, tendo, portanto, um direito, ou um ativo.
Assim, para se identificar as contas referentes aos fatos contábeis que envolvem adiantamentos, seja no passivo
ou no ativo, analise o exemplo que apresentamos a seguir.
Exemplo 1
Suponha que a empresa RAIO Ltda. tenha recebido de um cliente o valor de R$ 12.000,00 a título de
adiantamento para compra de um produto que será entregue futuramente. Além disso, a empresa efetuou o
pagamento adiantado de R$ 38.000,00 ao fornecedor COMPMAX Ltda. para a compra de matéria-prima que será
entregue em data futura. Considere ainda que a mesma empresa tenha pago 40% do salário de seus empregados
adiantado, somando o valor de R$ 200.000,00.
De acordo com o exemplo acima, o valor de R$ 12.000,00 recebido antecipadamente pela empresa gera uma
obrigaçãopara a RAIO Ltda., pois ela terá que entregar um bem ou serviço ao cliente, assumindo uma dívida no
ato do recebimento do valor pago pelo cliente. Essa obrigação junto ao cliente é tratada, então, como um passivo.
Já os valores pagos pela RAIO Ltda., quais sejam, R$ 38.000,00 para o fornecedor e R$ 200.000,00 aos
empregados, são considerados como direitos da empresa, pois são valores que serão aproveitados no futuro
para o abatimento de dívidas, tanto com o fornecedor, quanto com os empregados. Esses direitos ou créditos
junto ao fornecedor e aos empregados são tratados como ativos.
Desta forma, como serão realizados os registros contábeis das operações apresentadas no “Exemplo 1”? Para
efetuar os lançamentos contábeis de adiantamentos, considera-se, portanto, a origem dos fatos contábeis para
classificar como um ativo ou um passivo e, em seguida, aplica-se o . ConsiderandoMétodo das Partidas Dobradas
VOCÊ QUER LER?
Os ativos e os passivos são classificados segundo o grau de liquidez e exigibilidade,
respectivamente. São agrupados, conforme a Lei 6.404/1976 (BRASIL, 1976), em circulantes
(curto prazo) e não circulantes (longo prazo). Leia do artigo 178 ao 180 desta lei e saiba mais
sobre este assunto. Acesse: < >.https://goo.gl/k9L1R
VOCÊ SABIA?
O registro de uma transação contábil deve obedecer ao método das partidas dobradas. Esse
procedimento “obriga o registro de uma transação em pelo menos duas contas, de tal forma
que seja mantido o equilíbrio patrimonial (em valor) da equação contábil Ativo = Passivo”
(PADOVEZE, 2017, p. 65). Pesquise mais sobre o assunto.
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classificar como um ativo ou um passivo e, em seguida, aplica-se o . ConsiderandoMétodo das Partidas Dobradas
o “Exemplo 1”, aplicando o , os lançamentos deverão ser realizados da formaMétodo das Partidas Dobradas
como seguem.
Pelo adiantamento recebido do cliente
Débito: Caixa ou Bancos (Grupo do Ativo Circulante);
Crédito: Adiantamento de clientes (Grupo do Passivo Circulante);
Valor: R$ 12.000,00;
Histórico: Adiantamento de cliente recebido nesta data.
Pelo pagamento adiantado efetuado ao fornecedor
Débito: Adiantamento a fornecedores (Grupo do Ativo Circulante);
Crédito: Caixa ou Bancos (Grupo do Ativo Circulante);
Valor: R$ 38.000,00;
Histórico: Adiantamento realizado nesta data ao fornecedor COMPMAX Ltda.
Pelo pagamento adiantado efetuado aos funcionários
Débito: Adiantamento a funcionários (Grupo do Ativo Circulante);
Crédito: Caixa ou Bancos (Grupo do Ativo Circulante);
Valor: R$ 200.000,00;
Histórico: Adiantamento realizado nesta data aos funcionários.
Para o correto entendimento dos lançamentos apresentados, você deve levar em conta o mecanismo adotado
pelo sistema de registros contábeis, conforme segue:
Quadro 1 - Aplicação do mecanismo de registros contábeis para contas dos grupos do ativo e do passivo.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Ainda sobre o , podemos dizer que é possível esquematizar as contas contábeis que envolvemExemplo 1
adiantamentos, objetivando a evidenciação na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e no Balanço
Patrimonial (BP)? Sim, é possível. Entretanto, as contas de adiantamentos envolvem apenas contas patrimoniais,
ou seja, as do BP. Desse modo, a representação das contas de adiantamento no BP ficaria da seguinte forma,
considerando os dados do e outros saldos contábeis como mera demonstração: Exemplo 1
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Quadro 2 - Esquema de contas contábeis que envolvem adiantamentos, objetivando a evidenciação no Balanço 
Patrimonial (BP).
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
No esquema das contas contábeis acima note que os adiantamentos a fornecedores e a funcionários foram
apresentados do lado do Ativo, como direitos ou créditos, já o adiantamento do cliente foi apresentado do lado
do Passivo, como dívida ou obrigação junto ao cliente.
1.2 Ajuste a Valor Presente (CPC 12)
No ano de 2007, o ambiente contábil brasileiro teve um impacto importante com a edição da Lei nº 11.638/2007
(BRASIL, 2007), que alterou substancialmente a Lei das Sociedades por Ações, ou seja, a Lei nº 6.404/1976
(BRASIL, 1976). Em 2009, outra Lei, a de nº 11.941/2009 (BRASIL, 2009), também provocou alterações
impactantes na contabilidade brasileira. Além disso, houve ainda, pela Resolução CFC nº 1.055/2005, a criação
do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) que tem como objetivo:
o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de
Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela
entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de
produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões
internacionais. (CPC [2018?]b)
Acrescentando-se a isso, a criação do CPC se deveu pelas necessidades apresentadas na figura:
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Figura 1 - As necessidades que provocaram a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em CPC ([2018]b).
A figura acima apresenta os motivos básicos levados em consideração para a criação do CPC. Desse modo, com
base nestas necessidades para a criação do Comitê, e tendo em vista ainda um dos objetivos deste órgão, qual
seja, a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade, tem-se em destaque aqui o
CPC 12, que trata dos ajustes a valor presente. Nos termos do CPC 12, o conceito de Ajuste a Valor Presente
(AVP) pode ser compreendido da seguinte forma: “AVP é o ajuste para demonstrar o valor presente de um fluxo
de caixa futuro, sendo que, o Valor Presente (ou ) é a estimativa do valor corrente de um fluxo depresent value
caixa futuro, no curso normal das operações da entidade” (CPC, 2008).
De acordo com Martins et al. (2013, p. 113), “com o advento da Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007, foi
introduzido expressamente na lei o desconto a valor presente para contas a receber e a pagar de longo prazo e,
dependendo da materialidade, para as contas de curto prazo”. Isso indica que, o reconhecimento dos fatos
contábeis que envolvem o AVP pode ser realizado em ativos e/ou passivos de curto e longo prazos, entretanto,
com maior aplicabilidade aos elementos de longo prazo.
O item 4 Pronunciamento CPC 12 (CPC, 2008) trata essencialmente de questões de mensuração, o que não deixa
de lado situações de reconhecimento (“quando registrar”), apenas enfatiza o que se pode expressar como “por
quanto registrar”. Nesse sentido, há de se ressaltar como proceder com situações em que se precisa calcular o
AVP.
Assim, de acordo com o CPC 12, alguns pontos devem ser esclarecidos acerca da aplicação da mensuração a valor
presente:
• deve ser aplicada no reconhecimento inicial de ativos e passivos (item 5 do CPC 12);
• em situações excepcionais, como negociações de dívidas, deve-se aplicar o AVP como uma nova medição 
dos ativos e passivos (item 5 do CPC 12).
O exemplo a seguir demonstra a forma de cálculo e aplicabilidade do AVP em ocasiões que se obriga tal situação,
além de identificar as contas referentes aos fatos contábeis e efetuar os lançamentos relativos ao AVP.
Exemplo 2 (extraído do ANEXO ÚNICO do CPC 12, item 12):
No caso de venda, por exemplo, de imóvel a prazo, por valor nominal, sem especificação de juros,
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No caso de venda, por exemplo, de imóvel a prazo, por valor nominal, sem especificação de juros,
após os procedimentos de determinação do ajuste a valor presente deve esse ajuste retificar o ativo
realizável e a receita de venda, podendo o ajuste ao ativo realizável ser feito em conta retificadora.
Conta essa que deverá ser apropriada como receita financeira até o vencimento.
No comprador o ajuste retifica o custo do ativo imobilizado que deve ser registrado pelo seu valor
presente e a retificação do passivo pode também contar com conta redutora a gerar despesa
financeira até o vencimento.
Por exemplo, suponha-se uma vendade imóvel por R$ 10.000.000,00, pago com entrada de R$
4.000.000,00 em dinheiro e 3 (três) notas promissórias anuais de R$ 2.000.000,00 cada uma, sem
juros, efetuada num momento em que a taxa de juros, para o tipo de vendedor e comprador, seja,
para ambos, de 18% ao ano (essas taxas podem ser diferentes para eles). (CPC, 2008)
A fim de se resolver a questão do exemplo, a tabela abaixo demonstra os cálculos que subsidiarão o registro
contábil do caso:
Quadro 3 - Demonstração dos cálculos realizados para ajuste a valor presente em transação de compra e venda 
de imóvel com pagamento a prazo.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
O valor pago à vista não precisa ser atualizado, pois já consta na data zero, ou seja, representa um valor presente.
Para atualização dos valores das parcelas das três Notas Promissórias, utiliza-se a fórmula para o cálculo do
Valor Presente, como vemos abaixo:
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Com os cálculos realizados, passamos então para a contabilização dos valores respeitando o método das partidas
dobradas, como segue.
Reconhecimento inicial da transação pelo vendedor
Débito: Caixa ou Bancos (Grupo do Ativo Circulante);
Valor: R$ 4.000.000,00;
Débito: Notas Promissórias a Receber (Grupo do Ativo Circulante e não Circulante);
Valor: R$ 6.000.000,00;
Crédito: Juros a Apropriar (Grupo do Ativo Circulante e não Circulante);
Valor: R$ 1.651.454,00;
Crédito: Receita de Vendas de Imóveis (Grupo de Receitas);
Valor: R$ 8.348.546,00;
Histórico: Venda a prazo realizado nesta data.
Reconhecimento inicial da transação pelo comprador
Débito: Imóveis (Grupo do Ativo não Circulante);
Valor: R$ 8.348.546,00;
Débito: Juros a Apropriar (Grupo do Passivo Circulante e não Circulante);
Valor: R$ 1.651.454,00;
Crédito: Caixa ou Bancos (Grupo do Ativo Circulante);
Valor: R$ 4.000.000,00;
Crédito: Notas Promissórias a Pagar (Grupo do Passivo Circulante e não Circulante);
Valor: R$ 6.000.000,00;
Histórico: Compra de imóvel a prazo realizado nesta data.
Agora, devemos estruturar as contas contábeis que envolvem o AVP, objetivando a evidenciação nas
demonstrações contábeis. As tabelas a seguir apresentam, por meio da estrutura do Balanço Patrimonial, a
configuração das contas contábeis que envolvem o AVP, tanto pelo lado do vendedor, quanto do comprador.
Esta é a tabela que representa o lado do vendedor:
VOCÊ SABIA?
Utilizando a calculadora financeira HP 12C podemos calcular o Valor Presente da seguinte
forma: considere um valor de venda de R$ 12.000,00 com pagamento em 24 meses (ou 2
anos), com uma taxa de juros de 12% ao ano. O Valor Futuro de R$ 12.000,00, atualizado a taxa
de 12% ao ano, seria de R$ 9.566,33 no Valor Presente. Para encontrar este valor adotamos o
seguinte procedimento na calculadora HP 12C: 12.000 CHS FV; 2 n; 12 i; PV.
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Quadro 4 - Balanço Patrimonial: estrutura das contas contábeis que envolvem o Ajuste a Valor Presente no 
vendedor.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
E esta é a tabela que representa o lado do comprador:
Quadro 5 - Balanço Patrimonial: estrutura das contas contábeis que envolvem o Ajuste a Valor Presente no 
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Quadro 5 - Balanço Patrimonial: estrutura das contas contábeis que envolvem o Ajuste a Valor Presente no 
comprador.
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.
Conforme representado no BP do vendedor, perceba que a conta “Juros a Apropriar” ficará representada abaixo
da conta “Notas Promissórias”, dentro do grupo de conta de “Clientes”, como retificadora desta conta (no BP do
vendedor). Por um lado, à medida que o tempo passa, os registros contábeis do vendedor apropriarão os juros
pelo regime de competência, ou seja, os juros de cada período serão contabilizados como receita financeira,
reduzindo o valor das contas de “Juros a Apropriar” no Ativo. Por outro lado, no BP do comprador, a conta “Juros
a Apropriar” ficará representada abaixo da conta “Notas Promissórias” dentro dos Grupos do Passivo Circulante
e não Circulante. Neste caso, os juros de cada período serão contabilizados como despesa financeira no
comprador, reduzindo o valor das contas de “Juros a Apropriar” no Passivo.
Considerando o , considere que ocorreu o recebimento da primeira Nota Promissória. AExemplo 2
contabilização desta transação deverá ser realizada da forma como vemos a seguir.
Recebimento pelo vendedor da primeira Nota Promissória e apropriação dos juros
Débito: Caixa ou Bancos (Grupo do Ativo Circulante);
Valor: R$ 2.000.000,00;
Crédito: Notas Promissórias a Receber (Grupo do Ativo Circulante);
Valor: R$ 2.000.000,00;
Débito: Juros a Apropriar (Grupo do Ativo Circulante);
Valor: R$ 305.085,00;
Crédito: Receitas Financeiras (Grupo de Receitas);
Valor: R$ 305.085,00;
Histórico: Recebimento de Nota Promissória 01 nesta data.
Pagamento pelo comprador da primeira Nota Promissória e apropriação dos juros
Débito: Notas Promissórias a Pagar (Grupo do Passivo Circulante);
Valor: R$ 2.000.000,00;
Crédito: Caixa ou Bancos (Grupo do Ativo Circulante);
Valor: R$ 2.000.000,00;
Débito: Juros a Apropriar (Grupo do Passivo Circulante);
Valor: R$ 305.085,00;
Crédito: Despesas Financeiras (Grupo de Despesas);
Valor: R$ 305.085,00;
Histórico: Pagamento de Nota Promissória 01 nesta data.
Ressalta-se o destaque dado pelo CPC 12 no qual “o tratamento contábil mais comum é a utilização, no ajuste a
valor presente, de contas retificadoras do realizável ou do exigível a que se refere”, como pode ser observado nas
tabelas acima sobre o BP do vendedor e do comprador.
No Exemplo 2 foi utilizada a taxa de juros de 18%. Cabe destacar que a taxa de desconto a ser utilizada
VOCÊ QUER VER?
No vídeo (MEDRADO, 2017), você poderáAjuste a valor presente | Descomplicando #6
conferir mais explicações práticas sobre o AVP. O vídeo pode ser acessado em: <https://www.
>.youtube.com/watch?v=PByTq9vHHk4
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No Exemplo 2 foi utilizada a taxa de juros de 18%. Cabe destacar que a taxa de desconto a ser utilizada
corresponde à:
taxa efetiva da data da transação, ou seja, independe da taxa de juros de mercado em períodos
subsequentes. Nos casos em que a taxa de juros da transação é explícita (está indicada em contrato
ou é conhecida), deve-se apenas verificar sua razoabilidade com a taxa de mercado aplicável. Caso a
taxa de juros seja implícita, isto é, não claramente indicada ou conhecida, seu valor deverá ser
estimado a partir da taxa de juros de mercado que seja praticada para transações com natureza,
prazo e riscos semelhantes, na data inicial da transação. Nessa segunda situação, a taxa de juros
utilizada pela Tesouraria de uma entidade para determinação de condições e preços praticados é
geralmente uma boa estimativa. (MARTINS et al., 2013, p. 114).
Além disso, outro ponto importante acerca do Valor Presente é que, em situações de dificuldade para determinar
a data de vencimento ou liquidação de um título, seja a receber ou a pagar, não se aplica a determinação do CPC
12 (CPC, 2008).
1.3 Conceituando o Ativo Intangível
Com a promulgação da Lei nº 11.638/2007 (BRASIL, 2007), que alterou diversas situações no âmbito da
contabilidade no Brasil, os grupos de Ativo e Passivo tiveram suas nomenclaturas alteradas. Tanto o Ativo
quanto o Passivo foram divididos em Circulante e Não Circulante. Especificamente para o Ativo não Circulante,
uma das modificações introduzidas foi a inclusão do grupo do Intangível. Desse modo, o Ativo não Circulante
passou a ser composto da seguinte forma:
• realizável a longo prazo;
• investimentos;
• imobilizado;
• intangível.
Com isso, importa destacar aqui o conceito e os aspectos acerca do reconhecimento e contabilização dos Ativos
Intangíveis. O CPC editou o Pronunciamento Técnico CPC 04, que trata sobre o Ativo Intangível. O objetivo deste
pronunciamento é “definir o tratamento contábil dos ativos intangíveis que não são abrangidos especificamente
em outro Pronunciamento” (CPC, 2010a).
Primeiramente, Ativo Intangível“é um ativo não monetário identificável sem substância física” (CPC, 2010a).
Padoveze (2017, p. 377) ressalta que “a palavra intangível decorre de que esse tipo de bem ou direito não tem
corpo físico, mas representa algo de valor para a empresa, sendo classificado no ativo porque traz benefícios
futuros para a entidade”.
Para o reconhecimento de um ativo intangível devemos atentar para o atendimento de determinados critérios.
VOCÊ O CONHECE?
O contador Olívio Koliver, Doutor de Ciências Contábeis, é uma das grandes personalidades da
contabilidade brasileira. Dominava diversos idiomas, e isso representava uma facilidade para
lecionar em países estrangeiros. Sua principal marca era o respeito aos seus princípios, dentre
os quais a ética, que estava sempre em primeiro plano (ELY, 2010).
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Para o reconhecimento de um ativo intangível devemos atentar para o atendimento de determinados critérios.
Além do atendimento aos requisitos estabelecidos pelo CPC 04, o pronunciamento determina critérios de
apuração do valor contábil dos intangíveis, bem como a divulgação desses ativos. Compreender os critérios de
reconhecimento se faz necessário para fins de correta informação contábil para os usuários das Demonstrações
Financeiras. Para o correto reconhecimento de um ativo intangível são necessárias a observação e a confirmação
dos seguintes critérios de identificação apresentados na figura a seguir:
Figura 2 - Critérios de identificação a serem adotados para o correto reconhecimento de um ativo intangível.
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em CPC, 2010a.
De acordo com a figura acima, observamos que a identificação de um ativo se faz necessária antes de seu
reconhecimento, além de se tratar de um elemento patrimonial sem substância física.
Por sua vez, o item 18 do CPC 04 (R1) (2010a) estabelece que um ativo intangível seja reconhecido se “o
reconhecimento de um item como ativo intangível exige que a entidade demonstre que ele atende: (a) a
definição de ativo intangível (ver itens 8 a 17); e (b) os critérios de reconhecimento (ver itens 21 a 23)”.
O Pronunciamento Técnico CPC 04 (2010a) determina que, após atender à definição de ativo intangível, deve-se
demonstrar o atendimento aos seguintes critérios de reconhecimento:
VOCÊ QUER LER?
Prazeres et al. (2016) desenvolveram o trabalho “Relações entre nível de divulgação dos ativos
intangíveis e imobilizados e as características empresariais das companhias do setor de
construção e transporte” com o objetivo de analisar quais características empresariais são
possíveis determinantes do nível de divulgação de informações sobre ativos intangíveis e
imobilizados, de acordo com o exigido pelos Pronunciamentos Técnicos 04 (CPC, 2010a) e 27
(CPC, 2009). Leia mais em: < >.https://goo.gl/QSn6UY
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Figura 3 - Critérios para o reconhecimento de um ativo intangível segundo o Pronunciamento Técnico CPC 04.
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em CPC, 2010a.
De acordo com o item 10 do CPC 04 (2010a), podemos enquadrar algo como ativo intangível se assegurado o
atendimento aos três seguintes aspectos: a) identificação; b) controle; c) benefícios econômicos futuros.
Assim sendo, a figura acima destaca os critérios que devem ser obedecidos posteriormente à definição de ativo
intangível, acrescentando-se ainda, conforme item 24 do CPC 04 (R1) (2010a), que um ativo intangível deve ser
reconhecido inicialmente ao custo.
Acerca do controle, Martins et al. (2013, p. 317) destacam que “uma entidade controla um ativo quando detém o
poder de obter benefícios econômicos futuros gerados pelo recurso subjacente e de restringir o acesso de
terceiros a esses benefícios”. A avaliação das contas do Ativo Intangível deve obedecer ao conceito em relação ao
mesmo. Por sua vez, a contabilização se baseará nos critérios de reconhecimento de tais ativos em questão.
Como visto, e de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 04 (2010a), exige-se que no momento do
reconhecimento de um ativo intangível a entidade avalie: a definição de ativo intangível e os critérios de
reconhecimento.
Um ativo intangível “deve ser mensurado pelo custo no momento do reconhecimento inicial” (MARTINS et al.,
2013, P. 317). Para reconhecer as contas envolvidas nas operações do Ativo Intangível, Padoveze (2017, p. 380)
destaca alguns itens e que, segundo ele, referem-se aos gastos que poderão dar origem aos ativos intangíveis:
• gastos com propaganda e criação de marcas e títulos comerciais ou de publicações;
• gastos com desenvolvimento de produtos, licenças e patentes;
• goodwill adquirido em aquisições de empresas;
• lista de clientes adquirida;
• patente adquirida;
• direitos autorais adquiridos;
• direitos autorais gerados internamente;
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• direitos autorais gerados internamente;
• licença de transmissão adquirida;
• marca comercial adquirida;
• gastos internos com desenvolvimento de comercializáveis;softwares
• gastos internos com desenvolvimento de comercializáveis;websites
• direitos sobre filmes;
• licenças de pescas;
• gastos com geração ou aquisição de franquias;
• gastos com direitos de comercialização etc.
Cabe destacar que o CPC 04 (2010a) não permite o reconhecimento de ativo intangível que resulte de pesquisa,
sendo, portanto, necessária a contabilização como despesa adotando o regime de competência. Veja que o item
54 do CPC 04 (2010a) diz que “nenhum ativo intangível resultante de pesquisa (ou da fase de pesquisa de
projeto interno) deve ser reconhecido. Os gastos com pesquisa (ou da fase de pesquisa de projeto interno)
devem ser reconhecidos como despesa quando incorridos” (CPC, 2010a).
Outro ponto de destaque é referente aos gastos com desenvolvidos internamente. Eles não devem sersoftwares
caracterizados como intangíveis porque não há condições objetivas de identificar possíveis ganhos com esse tipo
de operação (PADOVEZE, 2017, p. 380). O item 63 do CPC 04 (CPC, 2010a) ressalta ativos como marcas, títulos
de publicações, listas de clientes e itens semelhantes, quando gerados internamente, não devem ser
reconhecidos como ativos intangíveis.
Sobre gastos com desenvolvimento, o intangível proveniente deles somente poderá ser reconhecido, segundo o
CPC 04 (2010a), se atendidos alguns aspectos como:
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VOCÊ QUER LER?
Silveira et al. (2017) desenvolveram estudo sobre a avaliação de ativos intangíveis. O trabalho
“Abordagens de avaliação de ativos intangíveis: uma revisão da literatura” buscou analisar as
abordagens de avaliação de ativos intangíveis apresentadas na literatura nacional e
internacional. Veja mais acessando o artigo publicado em: < >.https://goo.gl/pUknAH
VOCÊ QUER VER?
Você poderá conferir ainda mais detalhes sobre o intangível por meio do vídeo de título Ativo
 (BACCI, 2017). Assista ao vídeo e bons estudos! Você poderá acessá-lo em: <Intangível
>.https://www.youtube.com/watch?v=rRO61KtRcrk
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1.4 Reconhecendo o Ativo Intangível
Há outros aspectos acerca do Ativo Intangível que precisam ser destacados. Nesse contexto, é importante
reconhecer as operações que envolvam o Ativo Intangível e compreender o método de mensuração destes ativos.
Com base nisso, é preciso compreender também sobre o Teste de , sobre a vida útil definida e sobreImpairment
os aspectos relacionados com .Goodwill
O Teste de remete à necessidade da entidade aplicar uma análise de recuperabilidade paraImpairment
assegurar que seus ativos estejam registrados contabilmente por valor que não exceda seus valores de
recuperação (CPC, 2010b). Em caso de ativo que esteja contabilizado por valor superior ao valor que este possa
ser recuperado por uso ou venda é preciso reconhecer as perdas por desvalorização.
Padoveze (2017, p. 379) ressalta que “o teste do é sempre para reduzir o valor do ativo, sendoimpairment
proibido contabilizar o aumento do valor do ativo, caso o valor justoseja superior ao valor líquido contábil”.
Algumas definições podem ser destacadas com base nos Pronunciamentos CPC 01 (2010b) e CPC 04 (CPC,
2010a):
Amortização é a alocação sistemática do valor amortizável de ativo intangível ao longo da sua vida
útil.
Valor residual de um ativo intangível é o valor estimado que uma entidade obteria com a venda do
ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição
esperadas para o fim de sua vida útil.
Vida útil é: (a) o período de tempo no qual a entidade espera utilizar um ativo; ou (b) o número de
unidades de produção ou de unidades semelhantes que a entidade espera obter pela utilização do
ativo.
Perda por desvalorização é o montante pelo qual o valor contábil de um ativo ou de unidade
geradora de caixa excede seu valor recuperável.
Valor recuperável de um ativo ou de unidade geradora de caixa é o maior montante entre o seu
valor justo líquido de despesa de venda e o seu valor em uso.
Ressalta-se que os ativos intangíveis com vida útil definida sofrem amortização em função de sua vida útil. A
amortização trata da perda do valor do capital aplicado no ativo e deve ser aplicada sobre os ativos intangíveis
que tenham vida útil definida, ao longo dos anos, de acordo com o padrão de consumo da entidade.
De acordo com o CPC 04 (R1) (2010a), o valor residual de um ativo intangível com vida útil definida deve ser
considerado 0 (zero), exceto em casos excepcionais, conforme determina o item 100 do CPC 04 (R1):
(a) haja compromisso de terceiros para comprar o ativo ao final da sua vida útil; ou
(b) exista mercado ativo (como definido no CPC 46) para ele e (Alterada pela Revisão CPC 03): (i) o
valor residual possa ser determinado em relação a esse mercado; e (ii) seja provável que esse
mercado continuará a existir ao final da vida útil do ativo.
É importante ressaltar ainda que o valor residual dos ativos intangíveis deve ser revisado pelo menos ao final de
cada exercício, conforme o item 102 do CPC 04 (R1).
Há ativos intangíveis com vida útil definida e com vida útil indefinida, sendo essa última determinada quando
não existir um limite previsível de geração de fluxos de caixa positivos. Importante ressaltar que vida útil
indefinida não é sinônimo de vida útil infinita.
Os ativos intangíveis com vida útil definida sofrem amortização, enquanto os ativos intangíveis com vida útil
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Os ativos intangíveis com vida útil definida sofrem amortização, enquanto os ativos intangíveis com vida útil
indefinida podem ser submetidos ao Teste de (teste de recuperabilidade). Contudo, as regras paraImpairment
as Pequenas e Médias Empresas (PME) são diferenciadas e específicas: elas devem considerar todos os ativos
intangíveis como tendo vida útil definida e, portanto, devem submetê-los à amortização.
Em relação ao , que é o ágio por expectativa de rentabilidade futura, é preciso diferenciá-lo do AtivoGoodwill
Intangível. Enquanto o intangível pode e deve ser identificável para que seja reconhecido, o é umGoodwill
intangível não identificável. Para Martins et al. (2013, p. 318) trata-se de um “conjunto de intangíveis não
identificáveis no processo de aquisição”. Ademais, o gerado internamente não poderá ser contabilizado,Goodwill
pois o reconhecimento é vedado, conforme item 48 do CPC 04 (R1) (2010a).
Os gastos que fazem parte do custo de um ativo intangível adquirido separadamente incluem, de acordo com o
item 27 do CPC 04 (R1): a) seu preço de compra, acrescido de impostos de importação e impostos não
recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos; e conforme item 28,
b) qualquer custo diretamente atribuível à preparação do ativo para a finalidade proposta, como os honorários
profissionais diretamente relacionados para que o ativo fique em condições operacionais (CPC, 2010a).
Desse modo, o quadro abaixo visa apresentar os custos que são diretamente atribuíveis e os gastos que não
fazem parte do custo de um ativo intangível adquirido separadamente:
Quadro 6 - Custos diretamente atribuíveis e os gastos não atribuíveis ao custo de um ativo intangível.
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em CPC, 2010a.
Para a realização dos lançamentos referentes aos fatos contábeis provenientes das operações envolvendo o Ativo
Intangível, devemos levar em conta todos os aspectos relacionados com o conceito de intangível, os critérios de
identificação, reconhecimento e mensuração destes ativos.
VOCÊ QUER LER?
O trabalho “Relevância dos ativos intangíveis em empresas de alta e baixa tecnologia”, de Dal
Magro et al. (2017), teve como objetivo analisar a relevância dos ativos intangíveis em
empresas de alta e baixa tecnologia. Acesse o estudo em: < >.https://goo.gl/vosboE
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Para melhor compreensão dos lançamentos contábeis decorrentes de transações envolvendo custos incorridos
para aquisição de intangíveis, vemos a seguir um caso como exemplo de análise prática dos conceitos estudados.
Solução do caso
Primeiramente, cabe esclarecer que, independentemente da forma de pagamento, à vista ou a prazo, trata-se de
um possível ativo intangível. Para ser tratado como tal, o Gerente de Controladoria deverá informar aos
presentes na reunião que a observação de dois Pronunciamentos Técnicos é necessária: o CPC 01 (2010b) e o
CPC 04 (2010a). CPC 01 aborda os critérios de análise da recuperabilidade dos ativos e o CPC 04 estabelece os
critérios para o reconhecimento de um ativo intangível. Considerando que os critérios de reconhecimento de um
ativo intangível foram atingidos, a Cia. poderá efetuar os seguintes lançamentos, conforme seguem.
Na aquisição das licenças de softwares
Débito: Ativo Intangível (Grupo do Ativo não Circulante);
Crédito: Caixa, bancos ou passivo (Grupo do Ativo Circulante ou Passivo Circulante e Não Circulante);
Valor: R$ 4.500.000,00;
Histórico: Aquisição de licenças de conforme contrato nesta data.software
Na amortização do ativo intangível com vida útil definida
Débito: Despesas com amortizações (Grupo de Despesas);
Crédito: Amortização acumulada (Grupo do Ativo Circulante);
Valor: R$ 900.000,00;
VOCÊ SABIA?
Não existirá valor residual de um ativo intangível que não possa ser vendido futuramente, ou
quando do término de sua vida útil. Isto faz sentido, pois a definição de Valor Residual é o valor
estimado que uma entidade obteria com a venda do ativo (CPC, 2010a). Leia mais acessando o 
 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis em: < >. Bons estudos!site https://goo.gl/EztTbw
CASO
A Cia. SOLUTION Ltda. realizou reunião nesta data para deliberações das estratégias para a
área de sistemas da empresa. O principal diretor da área, Sr. Navas, é responsável pela
diretoria de TI – Tecnologia de Informação. O Sr. Navas apresentou um projeto de estruturação
de rede e de aquisição de novos .softwares
A primeira etapa do projeto é justamente a aquisição das licenças de pelasoftwares
companhia. O valor de gasto a ser incorrido nesta situação de compra das licenças é de R$ 4,5
milhões. Além disso, a vida útil a ser considerada é de 5 anos, ou seja, 20% de amortização
anualmente.
O Presidente da Cia. se assustou com o valor e questionou sobre os impactos contábeis
provocados pela aquisição das licenças. O Gerente de Controladoria foi acionado para explicar
os efeitos desta transação. Quais serão os impactos desta transação e que suporte normativo
deve ser dado nesta questão pelo Gerente de Controladoria da SOLUTION Ltda.?
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Valor: R$ 900.000,00;
Histórico: Amortização sobre aquisição de licenças de nesta data.software
Convém ainda demonstrar, no BP, como figurariam as contas envolvidas:
ATIVO
Ativo circulante
Ativo não circulante
Realizável a Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado
Intangível 3.600.000,00
Licenças de 4.500.000,00Software
(-) Amortização acumulada de licenças de (900.000,00)software
Sem dúvidas, as novas tratativas contábeisintroduzidas pela Lei 11.638/2007 (BRASIL, 2007), sobretudo, acerca
dos intangíveis, promove qualidade às Demonstrações Financeiras das entidades. Entretanto, essa qualidade
requer dos profissionais envolvidos aptidão para a correta aplicação dos conceitos aqui estudados.
Síntese
Neste momento você acabou de concluir os estudos sobre os critérios de identificação e reconhecimento de
adiantamentos e de ativos intangíveis. Além disso, foram discutidos, principalmente, dois Pronunciamentos
Técnicos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, a saber, os CPCs 04 e 12, referentes a Ativos
Intangíveis e Ajuste a Valor Presente, respectivamente.
Esperamos que você tenha compreendido a importância da adoção dos pronunciamentos acerca do registro e
divulgação de informações contábeis, em específico, sobre os adiantamentos e ativos intangíveis. A contabilidade
brasileira vem passando por mudanças importantes desde a edição da Lei nº 11.638/2007 (BRASIL, 2007) e,
portanto, é necessário que o profissional contábil esteja atento às mudanças para a entrega de um serviço
contábil de qualidade para as empresas nas quais atuarão.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• compreender as formas de registros de adiantamentos e de registros de ativos intangíveis;
• assimilar o conteúdo disponibilizado por meio dos CPCs 01, 04 e 12;
• compreender a aplicação do Teste de sobre os valores de ativos.Impairment
VOCÊ O CONHECE?
O Contador Zulmir Ivânio Breda é o atual presidente do Conselho Federal de Contabilidade,
gestão 03/01/2018 a 31/12/2019. Entre 1986 e 2017 atuou como auditor fiscal da Receita
Estadual da Secretaria Estadual da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul, tendo
desempenhado diversas funções ao longo desse período. Breda membro desde 2014 da
Academia Rio-grandense de Ciências Contábeis, no RS. Consulte mais em: <http://www.crcrs.
>.org.br/
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Bibliografia
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youtube.com/watch?v=rRO61KtRcrk>. Acesso em: 10/04/2018.
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/k9L1R>. Acesso em: 11/04/2018.
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______. .Lei n. 11.941, de 27 de maio de 2009 Brasília: Diário Oficial, 2009. Disponível em: <https://goo.gl/hILe1
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CPC – COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. Documentos Emitidos, [200-]a. Disponível em: <
https://goo.gl/hlfYqq>. Acesso em: 10/04/2018.
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/04/2018.
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Acesso em: 03/05/2018.
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CRCRS - CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. , 2018. DisponívelSobre o CRCRS
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DAL MAGRO, C. B. et al. Relevância dos ativos intangíveis em empresas de alta e baixa tecnologia. Nova
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MARTINS, E.; GELBCKE, E. R.; SANTOS, A.; IUDÍCIBUS, S. . 2. ed. Manual de contabilidade societária São Paulo:
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MEDRADO, M. Ajuste a valor presente. Descomplicando #6. Canal Contabilizando. , YouTube jun. de 2017.
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PADOVEZE, C. L. . Rio de JaneiroContabilidade geral facilitada : Método, 2017.
ELY, L. Um contador de histórias. Jornal do comércio,maio. 2010. Disponível em: <https://goo.gl/i94sCz>.
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PRAZERES, R. V. et al. Relações entre nível de divulgação dos ativos intangíveis e imobilizados e as
características empresariais das companhias do setor de construção e transporte. Revista de Gestão e
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SILVEIRA, S. K. R et al. Abordagens de avaliação de ativos intangíveis: uma revisão da literatura. Revista
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Acesso em: 03/05/2018.
	Introdução
	1.1 Adiantamentos
	1.2 Ajuste a Valor Presente (CPC 12)
	1.3 Conceituando o Ativo Intangível
	1.4 Reconhecendo o Ativo Intangível
	Síntese
	Bibliografia

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