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trabalho de sociologia juridica - movimentos sociais

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Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2019 
Faculdade: Estácio de Sá ,Santa Cruz - Noite 
alunos: ​Kelly Almeida, Ketllen Lorrany, Beatriz Cristina, Monique Sarmento, Danielle 
Oliveira de Carvalho , Diego Machado, Jamille Rafaela e Walber Ribeiro. 
 
 
 Trabalho de Sociologia Jurídica 
Tema : Movimentos sociais - Cidadania - etnodivercidade - questão de 
gênero e novos arranjos familiares - analise de três casos concretos sobre 
movimentos sociais . 
 
MOVIMENTOS SOCIAIS 
 
O SURGIMENTO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS. 
 
Os movimentos sociais são característicos de uma sociedade plural, que se constrói em 
torno do embate político por interesses coletivos e/ou individuais. Assim sendo, a 
organização de indivíduos em prol de uma causa é uma característica de uma sociedade 
politicamente ativa. Os grupos que produzem ação em busca da representação política de 
seus anseios atuam de modo a produzir pressão direta ou indireta no corpo político de um 
Estado. Para isso, várias formas de ações coletivas são usadas, como a denúncia, as 
passeatas, marchas etc. 
 
As estruturas que condicionam o surgimento dos movimentos socais após anos 30, com o 
desenvolvimento do capitalismo, que gerou uma serie de necessidades a população, pois 
as atividades produtivas nas grandes cidades levaram a um crescimento urbano 
desordenado, com isso os trabalhadores se viram em uma situação urbana bastante 
precária.As industrias se expandiram empurrando os trabalhadores para a periferia, e 
estes começaram a sofrer carências de transporte, moradia, saúde[...], que deveriam ser 
suprida pelo Estado ( Estado enquanto governo), que não o faz, por se tratar de um 
Estado capitalista que privilegia mais a uma classe da população do que outra. 
• Como consequencia da ausência do Estado surgem os movimentos sociais, ou seja, eles 
surgem na ausência do Estado como gerenciador. 
• Os movimentos sociais chegaram com o caráter de reivindicar, aquilo que falta, ou o 
que é precário ao grupo ou a comum, ou a comunidade que eles representam. 
• A igreja, nas comunidades de base, teve forte influencia nos movimentos sociais e 
sindicais. 
• Neste contexto o populismo surge para estabelecer um tipo de ligação entre os 
movimentos de luta, de reivindicação e o Estado. 
O Papel dos movimentos sociais 
Os movimentos sociais são ações coletivas com o objetivo de manter ou mudar uma 
situação. 
Os movimentos sociais são sempre de confronto político. Na maioria dos casos eles têm 
uma relação com o Estado, seja de oposição, seja de parceria. 
As lutas sociais vão além da defesa de interesses e necessidades, tendo como alvo 
também o reconhecimento individual e social. 
A greve como elemento central 
A greve foi um dos instrumentos mais utilizados pelos trabalhadores na sociedade 
capitalista. Ela representou uma poderosa arma de reivindicação. 
Dois pontos de vista: 
DURKHEIM- Tem como ponto de partida a idéia de que todo o conflito é resultado da 
inexistência de regras e normas (anomia) que regulam as atividades produtivas e a 
organização de várias categorias profissionais. 
A desordem (greve), é para ele, um momento especial em uma ordem geral estabelecida e 
serve apenas para a desintegração da sociedade.- “ O que domina não é a situação de 
nossa economia, se não o estado de nossa moralidade.” 
Marx- Em uma greve existem três atores sociais: o trabalhador, o empresário capitalista e 
o Estado. A greve para ele é a expressão mais visível da luta de classes entre a burguesia 
e proletariado. 
O Estado aparece na forma de legislação existente, cabe regular a relação existente entre 
capital e trabalho. As leis tanto pode agir em favor do trabalhador, como do capital, mais 
o Estado age também como força policial em nome da normalidade. 
Nesta perspectiva, numa greve questiona-se não só as condições de exploração em que 
vivem os trabalhadores, mais também a ação do Estado e seu caráter de classe. 
Numa greve operária questiona-se a própria estrutura da sociedade capitalista, que em sua 
essência é desigual e perpetua a exploração dos trabalhadores. 
As greves trabalhistas existem desde o inicio do processo de industrialização. 
Os trabalhadores mobilizaram-se pela organização de sindicatos e também por melhores 
condições de trabalho nas empresas. 
Os movimentos sociais no BR e questão do trabalho 
Há registros de movimentos sociais no Brasil desde o primeiro século da colonização até 
os nossos dias. 
1500-1822=> os movimentos sociais mais significativos foram o dos indígenas e dos 
negros. 
1822-1889=> ocorreram movimentos pelo fim da escravidão, e contra a monarquia. 
Os movimentos sociais que ocorreram entre o final do século XIX e os primeiros anos do 
século XX, mostraram um caráter político e social marcante.(guerra de Canudos 
1839-1897, e guerra do Contestado 1912-1916 sertanejo contra os coronéis. 
As greves operárias, mesmo proibidas por lei,tomaram conta das fábricas, esses 
movimentos denunciavam as péssimas condições de vida dos trabalhadores, as longas 
jornadas de trabalho, os baixos salários, a inexistência de leis trabalhistas e a exploração 
do trabalho feminino e infantil 
A República Varguista 
A partir de 1930- este primeiro período foi marcado por um forte controle do Estado 
sobre a sociedade e pouco espaço para manifestações. 
A partir de 1946- Inaugura-se um nova constituição, que estabelecia uma democracia no 
país, houve o surgimento de vários movimentos(o petróleo é nosso,movimentos agrários 
denunciavam a exploração que sofriam).As greves eram ilegais e reprimidas neste 
período. 
A república fardada 
A pesar do golpe militar promovido em 1964, os movimentos dos estudantes e dos 
trabalhadores continuaram atuantes e criaram uma situação de constatação aberta ao 
regime, até dezembro de 1968,quando foi decretado o AI-5, que casou todos os direitos 
do cidadão, inclusive de manifestação. 
( Surgiram movimento armados, rurais e urbanos de contestação) 
Eles questionavam não só as condições de trabalho, salário,mais também a legislação que 
não permitia a livre organização dos trabalhadores e do direito de manifestação. Destes 
movimentos nasceram a central única dos trabalhadores (CUT) e logo depois o partido 
dos trabalhadores (PT). 
 
A partir do movimento pelas diretas: 
Faze que se caracteriza por importantes movimentos de resistência. 
Movimento grevista em São Paulo, chamado de ABCD (Santo André, São Bernardo do 
Campo, São Caetano e Diadema), região que concentrava o maior parque industrial do 
Brasil e, portanto o maior número de trabalhadores industriais.O direito de greve é 
adquirido na constituição de 1988. 
 
NO CAMPO... 
O movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST), organizado no sul do país, a 
partir de 1979, com apoio de parte da igreja católica (pastoral da terra), do PT e da CUT, 
o MST tinha como objetivo fundamental, criticar a estrutura da propriedade da terra no 
BR(onde o latifúndio é dominante) e as condições de vida dos trabalhadores rurais. 
Atualmente... 
Os movimentos sociais servem para o questionamento das grandes desigualdades 
existentes ​no país.Fazer valer os direitos existentes nas leis e criar outros. Eles são um 
meio da população se organizar e participar politicamente, sem que precise estar ligada às 
estruturas estatais de poder, construindo assim espaços políticos públicos, para se debater 
questões importantes para uma sociedade politizada. 
Alguns Desafios ... 
* A aceitação da igualdade entre gênero; 
* O fim do trabalho infantil; 
* O cumprimento da legislação trabalhista; 
* A legalização do trabalho com o fim do trabalho informal; 
* A oportunidade de aperfeiçoamento profissional; 
* A valorização profissional 
 
 
OBJETIVO: 
 
O presente trabalho tem como escopo o estudo dosmovimentos sociais com ênfase em 
sua história e suas repercussões na sociedade contemporânea. 
 
Doravante faremos uma análise pormenorizada da gênese dos movimentos sociais do 
mundo, as principais revoluções e seus desdobramentos nas vidas das pessoas. 
 
Abordaremos as principais revoltas ao longo da História do Brasil, a visão da Lei pátria 
sobre os ‘movimentos sociais’, seus principais objetivos e atuações. 
 
SUMÁRIO: ​Objetivo. Introdução – Conceito – Da Gênese dos Movimentos no 
Mundo – Principais Movimentos Sociais em Esfera Global: Revolução Francesa. 
Revolução Industrial – Principais Revoltas na História do Brasil – A Lei Brasileira Atual 
e sua base nos Movimentos Sociais – Conclusão e Posicionamento – Referência. 
 
 
INTRODUÇÃO: 
 Nosso trabalho tem o objetivo de fazer uma breve análise dos Movimentos 
Sociais, de modo a observar seu conceito, surgimento, principais movimentos e seus 
benefícios para a sociedade contemporânea. 
 
 Em primeiro plano, realizaremos a conceituação dos movimentos sociais, 
tomando por base os ensinamentos de renomados autores sobre o tema. 
 
 Ao longo do corpo do trabalho trataremos de sua parte histórica, observando sua 
gênese, bem como os principais movimentos sociais da idade contemporânea como as 
revoluções francesa e industrial. Continuamente, cuidaremos destes movimentos também 
em solo pátrio. 
 
 Finalmente, será realizada a análise de alguns desses movimentos de modo a se 
constatar os avanços que estes trouxeram para a idade contemporânea. 
 
 
CONCEITO: 
 
Conforme observaremos, embora existam diversas conceituações, realizadas pelos mais 
diversos autores. Os movimentos sociais têm como características principais uma série de 
ações coletivas visando modificar a sociedade. Atuando, destarte, de maneira organizada. 
 
Nas palavras do ilustre professor Paulo Silvino Ribeiro: 
Em linhas gerais, o conceito de movimento social se refere à ação coletiva de um grupo 
organizado que objetiva alcançar mudanças sociais por meio do embate político, 
conforme seus valores e ideologias dentro de uma determinada sociedade e de um 
contexto específicos, permeados por tensões sociais. Podem objetivar a mudança, a 
transição ou mesmo a revolução de uma realidade hostil a certo grupo ou classe social. 
Seja a luta por um algum ideal, seja pelo questionamento de uma determinada realidade 
que se caracterize como algo impeditivo da realização dos anseios deste movimento, este 
último constrói uma identidade para a luta e defesa de seus interesses. 
 
E nas palavras do distinto professor Delson Ferreira​: 
 
Os conceitos definidores de movimento social referem-se à esfera das ações de grupos 
organizados para a conquista de determinados fins estabelecidos coletivamente, que 
partem de necessidades e visões específicas de mundo e de sociedade e objetivam mudar 
ou manter as relações sociais. Esses movimentos constituem parte integrante fundamental 
das sociedades, e são sufocados nas que são autoritárias e reconhecidos nas democráticas, 
devendo ser vistos e analisados como fenômenos internos aos constantes processos de 
mudança e conservação dos sistemas e estruturas sociais. 
 
 
 
DA GÊNESE DOS MOVIMENTOS NO MUNDO: 
 
 Não se sabe precisar ao certo a origem dos movimentos sociais na humanidade, 
tomando-se por base seu caráter superior a uma simples revolta de modo a criar uma 
dialética, nos dizeres de François Houtart[5], “entre metas e organização cujo perigo 
potencial sempre presente é a possibilidade de que a lógica de reprodução imponha-se 
sobre as exigências dos objetivos procurados.” Observa-se a existência destes 
movimentos nos períodos mais remotos da humanidade, conforme será exposto. 
 
 Em seu artigo Os movimentos sociais e a construção de um novo sujeito histórico 
o autorFrançois Houtart demonstra a existência de movimentos sociais nos tempos de 
Jesus Cristo. De modo a destacar o quão antiga é a capacidade humana de se organizar e 
impor exigências. 
 
Há um infinito número de exemplos desta dialética na história. Desta forma nasceu o 
cristianismo, como o diz o teólogo argentino Ruben Dri, como “o movimento de Jesus”, 
expressão religiosa de protesto social, perigosa para o império romano e reprimida por 
este último. Transformou-se por sua inserção na sociedade romana em uma instituição 
eclesiástica, seguindo o modelo da organização política, centralizada, vertical e 
freqüentemente aliada com os poderes de opressão. 
 
Partindo então do pressuposto da impossibilidade de se constatar neste trabalho todos os 
movimentos sociais já ocorridos no mundo. Trataremos apenas dos movimentos que 
consideramos mais influentes na sociedade contemporânea. 
 
 
 
PRINCIPAIS MOVIMENTOS SOCIAIS EM ESFERA GLOBAL 
 
- REVOLUÇÃO FRANCESA 
 
 Movimento social que marca a mudança da Idade Moderna para a Idade 
Contemporânea, a Revolução Francesa é o exemplo claro da revolta de um povo que não 
tolerava mais ser explorado. 
 
 O período em que ocorreu a revolução era bastante conturbado para o país. 
Regido por um regime absolutista, os franceses se viam obrigados a pagarem impostos 
extremamente caros, para sustentar os luxos da nobreza. Sob influência dos Iluministas o 
terceiro estado se levantou contra a opressão do absolutismo.[6] 
 
Na segunda metade do século XVIII, a França era um país essencialmente agrário, com 
recente processo industrial. Suas riquezas eram mal distribuídas de modo a destacar uma 
injustiça social acentuada. Basicamente o Estado Francês se dividia em 3 Estados Sociais 
conforme destacado no sitio <​http://revolucao-francesa.info​>. Quais sejam: 
 
 Clero: constituído por 2% da população eles era isento de pagar os impostos. Ainda 
era dividido em o alto clero, que era os de origem nobre (bispos, abades e cônicos), e 
obaixo clero, de origem plebeia (sacerdotes pobres). 
 
 Nobreza: somente 2,5% da população era nobre. Como o clero, eles não pagavam 
impostos e tinham acesso a cargos públicos. Nessa classe estava o rei, sua família e os 
nobres que frequentavam o palácio. A Nobreza cortesã eram aqueles que moravam no 
Palácio de Versalhes, a Nobreza provincial, eram nobres que viviam no interior e 
aNobreza de toga, eram burgueses que compravam títulos de nobreza, cargos políticos e 
administrativos. 
 
 Terceiro Estado: 95% da população pertenciam a essa classe, que era responsável 
pela sustentação do reino francês. Entre eles estavam a burguesia, os camponeses, 
artesãos e o proletariado. A burguesia era composta pelos grandes comerciantes, 
banqueiros, advogados, médicos. Eles detinham o poder econômico, por meio do 
comércio e da indústria, porém não tinham direitos políticos, ascensão social nem 
liberdade econômica. 
 
Essa injustiça social causada por uma corte extremamente dispendiosa ficaria ainda mais 
intensa entre os anos de 1770 e 1780 considerando a crise nos campos, bem como a crise 
derivada da dívida pública. De modo a arrochar ainda mais os membros do Terceiro 
Estado, conforme destaca o sitio História do Mundo. 
 
Ao logo da segunda metade do século XVIII, a França se envolveu em inúmeras guerras, 
como a Guerra do Sete Anos (1756-1763), contra a Inglaterra, e o auxílio dado aos 
Estados Unidos na Guerra de Independência (1776). Ao mesmo tempo, a Corte 
absolutista francesa, que possuía um alto custo de vida, era financiada pelo estado, que, 
por sua vez, já gastava bastante seu orçamento com a burocracia que o mantinha em 
funcionamento. Soma-se a essa atmosfera duas crises que a França teria que enfrentar: 1) 
uma crise no campo, em razão das péssimas colheitas das décadas de 1770 e 1780, o que 
gerou uma inflação62%; e 2) uma crise financeira, derivada da dívida pública que se 
acumulava, sobretudo pela falta de modernização econômica – principalmente a falta de 
investimento no setor industrial. 
 
 Sobre a questão o sublime historiador Cláudio Fernandes, tece as seguintes 
considerações: 
 
 Mais afetados pela crise e atingidos pelo pensamento Iluminista os membros do 
Terceiro Estado passaram a exigir mais direitos, de modo que o Rei realizou uma 
convocação geral dos Estados para se tomar providências. Que se restou infrutífera, 
conforme abaixo explicitado: 
 
Os membros do terceiro estado (muitos deles influenciados pelo pensamento iluminista e 
pelos panfletos que propagavam as ideias de liberdade e igualdade, disseminados entre a 
população) passaram a ser os mais afetados pela crise. No fim da década de 1780, a 
burguesia, os trabalhadores urbanos e os camponeses começaram a exigir uma resposta 
do rei e da Corte à crise que os afetava, bem como passaram a reivindicar direitos mais 
amplos e maior representação dentro da estrutura política francesa. Em julho de 1788, 
houve a convocação dos Estados Gerais, isto é, uma reunião para deliberação sobre 
assuntos relacionados à situação política da França. Nessa convocação, o conflito entre os 
interesses do terceiro estado e os da nobreza e do Alto Clero, que apoiavam o rei, se 
acirraram. O rei então estabeleceu a Assembleia dos Estados Gerais em 5 de maio de 
1789, com o objetivo de decidir pelo voto os rumos do país. Entretanto, os votos eram 
por representação de estado. Sendo assim, sempre o resultado seria dois votos contra um, 
ou seja: primeiro e segundo estados contra o terceiro. Fato que despertou a indignação de 
burgueses e trabalhadores. 
 
 Indignados com tamanha injustiça os revoltosos membros do terceiro estado 
tomaram a Bastilha (prisão francesa símbolo do poderio do absolutismo) bem como 
degolaram o rei Luis XVI e tomaram o Poder do Estado Francês para si. 
 
 É com propriedade que o venerável doutrinador Schilling Voltaire[8] descreve 
que, ‘ipsis litteris’: 
 
A revolução francesa tem como conseqüência a declaração universal dos direitos 
humanos, bem como representa o princípio da organização constitucional que temos hoje. 
Seus preceitos Liberdade, Igualdade e Fraternidade até hoje são preceitos fundamentais 
da Democracia. 
 
Assinala a Revolução de 1789 a inauguração de uma nova era, um período em que não se 
aceitaria mais a dominação da nobreza, nem um sistema de privilégios baseado nos 
critérios de casta, determinados pelo nascimento. Só se admite, desde então, um governo 
que, legitimado constitucionalmente, é submetido ao controle do povo por meio de 
eleições periódicas. O lema da revolução, "Liberdade, Igualdade, Fraternidade" (Liberté, 
Egalité, Fraternité) universalizou-se, tornando-se no transcorrer do século seguinte uma 
bandeira da humanidade inteira. 
 
 
 
- REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. 
 
Embora em princípio não tenha havido conflitos armados como na Revolução Francesa, a 
Revolução Industrial leva este nome por revolucionar o mundo no âmbito da tecnologia. 
Ressaltando, destarte o advento da indústria e da produção mecanizada. Conforme 
destaca o sítio História do mundo: 
 
A principal característica da Revolução Industrial foi a criação dosistema fabril 
mecanizado, isto é, as fábricas passaram da simples produção manufaturada para a 
complexa substituição do trabalho manual por máquinas. Essa substituição implicou na 
aceleração da produção de mercadorias, que passaram a ser produzidas em larga escala. 
Essa produção em larga escala, por sua vez, exigiu uma demanda cada vez mais alta por 
matéria-prima, mão de obra especializada para as fábricas e mercado consumidor. Tal 
exigência implicou, por sua vez, também na aceleração dos meios de transporte de 
pessoas e mercadorias. Era necessário o encurtamento do tempo que se percorria de uma 
região à outra para escoar os produtos. 
 
Novamente nas palavras do historiador e mestre Cláudio Ferreira[9] encontramos as 
seguintes considerações sobre este movimento que fora sem dúvidas um dos mais 
importantes da História da Humanidade: 
 
A Inglaterra que ao longo do século XVIII era um país essencialmente agrário, a partir 
dos anos 1760 iniciou a produção mecanizada, processo este que se intensificou com a 
Invenção da máquina a vapor por James Watt. 
 
A revolução industrial desencadeou o êxodo rural na Inglaterra e por consequência o 
crescimento e desenvolvimento de suas cidades, conforme se depreende do texto abaixo: 
 
“Nesse sentido, a Revolução Industrial estimulou o desenvolvimento das cidades — que 
tiveram que se adaptar ao grande contingente de pessoas que migrava do meio rural em 
busca de emprego nas fábricas —, bem como a criação de transportes, como a locomotiva 
a vapor (ou “trem de ferro”), que exigia uma malha ferroviária, isto é, linhas de trem 
feitas de ferro para estabelecer a ligação entre as regiões.” 
 
​Desta a forma a revolução industrial gerou uma importante mudança na mentalidade 
mundial, com consequências significativas até os dias atuais. Trazendo avanços 
inestimáveis principalmente no campo da tecnologia. Conforme afirma o sítio História do 
Mundo: 
 
Como consequências da Revolução Industrial, podemos apontar o desenvolvimento 
tecnológico acelerado, que caracterizou uma sucessão de etapas evolutivas, como a 
Segunda Revolução Industrial (desenvolvida no século XIX, seu principal aspecto foi a 
criação dos motores de combustão interna movidos a combustíveis derivados do petróleo) 
e a Terceira Revolução Industrial (desenvolvida no século XX e ainda em expansão, seu 
aspecto principal são os ramos da microeletrônica, engenharia genética, nanotecnologia, 
entre outros). Além disso, a formação da sociedade de massas constituiu também uma das 
consequências da Revolução Industrial, haja vista que o crescimento das cidades e a 
grande quantidade de trabalhadores (que formaram a classe operária) que passaram a 
habitar os centros urbanos geraram as massas, isto é, o grande fluxo de pessoas em uma 
só região. 
 
Porém, não só no campo tecnológico foram feitos avanços significativos, o trabalho fabril 
em seu início se caracterizava pela exploração exacerbada do operário que chegava a 
trabalhar mais de 15 horas por dia. E, desta exploração surgiram movimentos sociais 
importantíssimos para que se evoluísse o direito a ponto de não mais se aceitar estes 
exageros. 
 
É de mister ressaltar que essa evolução foi lenta e gradual, e muito custou a classe 
trabalhadora inglesa. Conforme se destaca no texto abaixo de Rainer Gonçalves Sousa: 
 
“A baixa remuneração para o trabalho repetitivo das fábricas obrigava que famílias 
inteiras integrassem o ambiente fabril. Por um salário ainda menor, mulheres e crianças 
eram submetidas às mesmas tarefas dos homens adultos. Ao mesmo tempo, as condições 
de trabalho oferecidas nas fábricas eram precárias. Sem instalações apropriadas e 
nenhuma segurança, as fábricas ofereciam risco de danos à saúde e à integridade física 
dos operários. As mortes e doenças contraídas na fábrica reduziam consideravelmente a 
expectativa de vida de um operário.” 
 
Neste sentido, o mesmo sítio destaca os primeiros movimentos sociais em face da 
exploração exasperada sofrida pelos trabalhadores. Conforme se depreende do texto infra, 
nos primeiros movimentos, os trabalhadores descontavam suas revoltas nas máquinas. 
Senão vejamos: 
 
Tantas adversidades acabaram motivando as primeiras revoltas do operariado. Sem ter 
uma organização muito bem ideologicamente orientada, as primeiras revoltas se 
voltavam contra as próprias máquinas. Entre 1760 e 1780, as primeiras revoltas de 
operários foram registradas em alguns centrosurbanos da Inglaterra. Logo, uma lei de 
proteção e assistência aos trabalhadores urbanos empobrecidos, conhecida como Lei 
Speenhamland, foi decretada com o intuito de amenizar os conflitos operários 
desenvolvidos nos centros urbanos da Inglaterra. 
 
Posteriormente a estes primeiros movimentos, a classe trabalhadora aprendeu a se 
organizar em sindicatos e desta forma impor sua força conjunta de modo a conseguir 
melhorias e direitos não só trabalhistas como em diversos outros campos do direito. 
Conforme afirmam em seu artigo A organização política da classe operária do século 
XIX. 
 
 
PRINCIPAIS REVOLTAS DA HISTÓRIA DO BRASIL: 
 
 
Confederação dos Tamoios - 1562: Foi a primeira rebelião de que se teve registro em 
nosso país. Foi uma sublevação de tribos indígenas com o apoio de expedições francesas 
(aqui presentes no projeto Brasil França Antártica), contra os portugueses. 
 
 
Insurreição Pernambucana – 1645: Trata-se da revolta por parte da população nordestina 
contra a tentativa de domínio holandês no Brasil. Sendo conhecida pela imortal ‘Batalha 
de Guararapes’. 
 
 
Revolta de Filipe dos Santos – 1720: Foi um movimento social que ocorreu em Vila Rica 
(atual Ouro Preto/MG) em combate a exploração do ouro e cobrança extorsiva de 
impostos através das casas de fundição. Alguns historiados considerando esta sublevação 
como sendo o ‘embrião’ da conjuração mineira de 1789. 
 
 
Inconfidência Mineira – 1789: Foi uma tentativa de revolta na capitania de Minas Gerais 
contra a execução da derrama (cobrança por meio de confisco a fim de assegurar 
arrecadação de ouro estipulada pela metrópole). Tem como principal líder Joaquim José 
da Silva Xavier (O Tiradentes). 
 
 
Conjuração Baiana – 1798: Imbuídos pelo republicanismo e o ódio à desigualdade social 
e também defendendo a emancipação do Brasil, este movimento também foi debelado 
pelo governo. 
 
 
Confederação do Equador – 1824: Foi um movimento político contrário à centralização 
do poder imperial, onde o Pernambuco se declarou independente o que ampliou a revolta 
para outras províncias como o Rio Grande do Norte, a Paraíba e o Ceará. 
 
 
Cabanagem – 1833: Foi uma revolta social ocorrida na província do Grão-Pará (atuais 
Amazonas e Pará), entre rebeldes (cabanos, negros, índios) e reacionários que desejam 
manter a região como colônia lusa. 
 
 
Guerra dos Farrapos – 1835: Foi uma rebelião que ocorreu no Rio do Sul. O grupo liberal 
(chimangos) protestava contra a pesada taxação do couro e do charque. 
 
 
Revolução Praieira - 1848: Fruto da rivalidade entre os partidos Conservador e Liberal, 
este movimento tornou-se uma luta de classes, onde os praieiros lutaram exigindo o voto 
livre e democrático, maior liberdade de imprensa e trabalho digno para todos. 
 
 
Revolução Federalista – 1893: Foi um movimento contra o governo de Floriano Peixoto, 
ocorrido novamente no Rio Grande do Sul, de um lado estavam os maragatos 
(anti-florianistas) e do outro, os pica-paus (pró-florianistas). Remanescentes da Revolta 
da Armada que haviam desembarcado no Uruguai tempos antes, uniram-se aos maragatos 
ocorrendo diversas batalhas em terra e no mar. 
 
 
Guerra de Canudos – 1896: Foi um movimento hostil contra os habitantes do arraial de 
Canudos (no interior da Bahia), onde aproximadamente 20 (vinte) mil pessoas vivam sob 
o comando do beato Antônio Conselheiro. Apesar de resistir bravamente as primeiras 
investidas das tropas federais, o arraial acabou sendo completamente destruído, sendo 
estimado que 25 (vinte e cinco) mil pessoas morreram nestes confrontos. 
 
 
Revolta da Vacina – 1904: Foi um movimento de revolta popular que ocorreu no Rio de 
Janeiro/RJ contrário a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, sob o comando do 
médico Oswaldo Cruz. 
 
 
Movimento Tenentista – 1922: Foi um movimento de militares nas décadas inicias do 
século XX, onde os tenentes se revoltaram contra o comando político das oligarquias e 
passaram a exigir profundas reformas republicanas. 
 
 
Revolução Constitucionalista – 1932: Foi um movimento de rebeldia do estado de São 
Paulo contra a ditadura de Vargas, ficando conhecida como um marco nas lutas pela 
democracia no Brasil. 
 
 
Golpe de 1964 - 1964: Foi a derrubada de João Goulart do poder em 31/03/1964 através 
de movimento que teve o apoio não só das classes conservadores mas também de amplos 
setores das classes médias, sendo que as lideranças sindicais esquerdistas levaram 
poderosas forças sociais a organizarem diversos movimentos que contaram com 
expressiva participação feminina. 
 
 
Impeachment de Fernando Collor – 1992: Foi um movimento que se desenvolveu contra 
o então presidente do Brasil onde a população do país saiu às ruas em diversos protestos 
que pediam a impugnação de seu mandado. 
 
 
Protestos de 2013 – 2013: Foi um conjunto de manifestações que ocorrem em todo o país 
em meados de junho de 2013, principalmente nas capitais do país em contestação ao 
aumento nas tarifas de transporte público. 
 
 
 
A LEI BRASILEIRA ATUAL E SUA BASE NOS MOVIMENTOS SOCIAIS: 
 
 Conforme destacamos, os movimentos sociais foram de extrema importância para 
a formação da sociedade atual. Considerando ser impossível, tratar de todos os 
movimentos sociais do mundo, selecionamos alguns que entendemos ter ligação 
relevante com a sociedade contemporânea de modo a estarem contidos no ordenamento 
jurídico pátrio atual. 
 
 De modo como retratamos acima, a Revolução Francesa se configurou como base 
para a declaração dos Direitos Humanos. Este documento, datado do fim do século 
XVIII, foi contemplado pela Constituição da República brasileira[13] no ano de 1988 
sendo protegido pela Carta Magna Brasileira até os dias atuais. 
 
 Em seu art. 5º a Constituição da República Federativa do Brasil, defende os 
direitos humanos, garantindo igualdade perante a lei, inviolabilidade do direito à vida, 
bem como a liberdade e igualdade, sendo estes últimos lema da revolução francesa. 
 
No dia 13/09/2009, a página oficial do Supremo Tribunal Federal[14] na internet, 
apresentou a seguinte afirmação: 
 
“Esses ideais foram absorvidos pelos constituintes brasileiros, que inseriram, na atual 
Constituição Federal, um extenso rol de direitos e garantias individuais e coletivas, 
limitando a interferência do poder estatal na vida e dignidade do cidadão, como por 
exemplo, as disposições sobre a cobrança de tributos (arts. 145 a 162). 
 
 Ressalta-se que a influência da revolução francesa não se deu somente na seara 
dos direitos e garantias fundamentais, como também em diversos campos abrangidos pela 
Carta Constitucional. Senão vejamos: 
 
“Desde os princípios fundamentais – que consagram a separação dos poderes (art. 1º ao 
4º) – passando pelos direitos e garantias dos cidadãos no âmbito social, político e 
econômico (arts. 5º ao 17), até chegarmos à proteção do meio ambiente e de nossas 
crianças e adolescentes, que são o futuro do país (arts. 225 a 230), sente-se a presença da 
centelha revolucionária.” 
 
 É importante aclarar que estes movimentos sociais tiveram importância em mais 
institutos jurídicos do que os explicitados neste trabalho. No entanto, o objetivo de nosso 
trabalho é mostrar os institutos de maior ligação e relevância com os movimentos, 
salientando apenas os principais efeitos destes movimentos em relação à norma jurídica 
brasileira. 
 
 Neste sentido, destacaremos a influência da revolução industrial na justiça 
trabalhista, reafirmando que não foi só para justiça trabalhista que a revolução industrial 
trouxe melhorias jurídica, entretanto, pela sua relevância tão extensa nesta seara do 
direito, trataremosdesta maneira. 
 
 É de mister ressaltar que o direito trabalhista teve sua primeira lei formulada no 
seio da revolução industrial, visto que as reivindicações eram constantes naquele período, 
em face das péssimas condições de trabalho. 
 
 Adentrando na questão, extraímos do Portal Brasil[15] a seguinte passagem, ‘ipsis 
verbis’: 
 
“Neste contexto, começaram a surgir os primeiros protestos por mudança nas jornadas de 
trabalho. Apontada como a primeira lei trabalhista, o Moral and Health Act foi 
promulgado na Inglaterra por iniciativa do então primeiro-ministro, de Robert Peel, em 
1802. Ele fixou medidas importantes, mas inadmissíveis hoje em dia: duração máxima da 
jornada de trabalho infantil em 12 horas, além de proibir o trabalho noturno.” 
 
 Embora a lei daquele tempo ainda estivesse longe dos nossos conceitos atuais, 
observa-se aqui o início da preocupação do legislador com as relações de trabalho e com 
o excesso de exploração dos empregadores. 
 
 Neste sentido, foi também no interior da revolução industrial que Karl Marx e 
Engels escreveram a primeira obra literária que trataria do tema. 
 
Com as insatisfações dos trabalhadores em ascensão, ganharam força os movimentos 
socialistas que pregavam igualdade. Conscientes das condições precárias de trabalho, em 
1848, Karl Marx e Friedrich Engels publicaram o Manifesto Comunista, primeiro 
documento histórico a discutir os direitos do trabalhador.[16] 
 
É interessante considerar que a partir destas inovações, a mentalidade de se regular as 
relações trabalhistas foi dissipando ao longo do mundo. Havendo diversos relatos de 
normas de conteúdo trabalhista nas mais diversas localidades. 
 
Por todo o mundo, a luta pelos direitos sociais começava a dar resultados. Na América, 
não foi diferente: a Constituição do México, promulgada em 1917, foi a primeira da 
História a prever a limitação da jornada de trabalho para oito horas, a regulamentação do 
trabalho da mulher e do menor de idade, férias remuneradas e proteção do direito da 
maternidade. Logo depois, a partir de 1919, as Constituições dos países europeus 
consagravam esses mesmos direitos.[17] 
 
Desta forma, observa-se que a revolução industrial não influenciou tão somente um 
dispositivo ou outro de lei, mas sim todo um ramo jurídico autônomo que é muito 
influente em todo mundo. 
 
 
CONCLUSÃO E POSICIONAMENTO: 
 
É com muita sapiência que o professor Sergio Pinto Martins[18], no intróito da sua obra 
tece as seguintes considerações: 
 
“O Direito tem uma realidade histórico-cultural, não admitindo o estudo de quaisquer de 
seus ramos sem que se tenha noção de seu desenvolvimento dinâmico no transcurso do 
tempo. 
 
À luz da história, podemos compreender com mais acuidade os problemas atuais. A 
concepção histórica mostra como foi o desenvolvimento de certa disciplina, além das 
projeções que podem ser alinhadas com base no que se fez no passado, inclusive no que 
diz respeito a compreensão dos problemas atuais. Não se pode, portanto, prescindir de 
seu exame. É impossível ter o exato conhecimento de um instituto jurídico sem se 
proceder a seu exame histórico, pois se verifica suas origens, sua evolução, os aspectos 
políticos ou econômicos que o influenciaram.” 
 
O consumismo, o egoísmo e a alienação vem impedindo as pessoas de lutarem, todavia, 
ainda assim em nossos dias existem alguns movimentos muito atuantes em nosso país, 
como por exemplo o Movimento dos Sem Terra – MST, a Central Única dos 
Trabalhadores – CUT e a União Nacional dos Estudantes – UNE. São através de 
protestos e reivindicações que muitas conquistas são alcançadas. O povo insatisfeito e 
unido consegue vencer grandes mazelas por isso as manifestações sociais são um excelso 
caminho para melhorias reais em nosso país. A agitação do povo é em suma ‘a voz de 
Deus’. 
 
 
Conceito de Cidadania 
 
No decorrer da história da humanidade, surgiram diversos entendimentos de cidadania 
em diferentes momentos – Grécia e Roma da Idade Antiga e Europa da Idade Média. 
Contudo, o conceito de cidadania como conhecemos hoje insere-se no contexto do 
surgimento da Modernidade e da estruturação do Estado-Nação. 
 
Origem do termo 
O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa "cidade". 
Estabelece um estatuto de pertencimento de um indivíduo a uma comunidade 
politicamente articulada – um país – e que lhe atribui um conjunto de direitos e 
obrigações, sob vigência de uma Constituição. Ao contrário dos direitos humanos, que 
tendem à universalidade dos direitos do ser humano na sua dignidade, a cidadania 
moderna, embora influenciada por aquelas concepções mais antigas, possui um caráter 
próprio e possui duas categorias: formal e substantiva. 
 Cidadania formal vs. Cidadania Substantiva 
A cidadania formal é, conforme o direito internacional, indicativo de nacionalidade, de 
pertencimento a um Estado-Nação, por exemplo, uma pessoa portadora da cidadania 
brasileira. Em segundo lugar, na ciência política e sociologia, o termo adquire sentido 
mais amplo. A cidadania substantiva é definida como a posse de direitos civis, políticos e 
sociais. Essa última forma de cidadania é a que nos interessa. 
 
A compreensão e ampliação da cidadania substantiva ocorrem a partir do estudo clássico 
de T.H. Marshall – Cidadania e classe social, de 1950 –, que descreve a extensão dos 
direitos civis, políticos e sociais para toda a população de uma nação. Esses direitos 
tomaram corpo com o fim da 2ª Guerra Mundial, após 1945, com o aumento substancial 
dos direitos sociais por meio da criação do Estado de Bem-Estar Social (Welfare State), 
que estabeleceu princípios mais coletivistas e igualitários. Os movimentos sociais e a 
efetiva participação da população em geral foram fundamentais para que houvesse uma 
ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e civis, alçando um nível geral 
suficiente de bem-estar econômico, lazer, educação e político. 
 
A cidadania esteve e está em permanente construção. É um referencial de conquista da 
humanidade por meio daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade, 
melhores garantias individuais e coletiva e não se conformando frente às dominações, 
seja do próprio Estado, seja de outras instituições. 
Cidadania no Brasil 
No Brasil, ainda há muito que fazer em relação à questão da cidadania, apesar das 
extraordinárias conquistas dos direitos após o fim do regime militar (1964-1985). Mesmo 
assim, a cidadania está muito distante de muitos brasileiros, pois a conquista dos direitos 
políticos, sociais e civis não consegue ocultar o drama de milhões de pessoas em situação 
de miséria, altos índices de desemprego, taxa significativa de analfabetos e 
semianalfabetos – sem falar do drama nacional das vítimas da violência particular e 
oficial. 
 
Conforme sustenta o historiador José Murilo de Carvalho, no Brasil, a trajetória dos 
direitos seguiu lógica inversa daquela descrita por T.H. Marshall. Primeiro “vieram os 
direitos sociais, implantados em período de supressão dos direitos políticos e de redução 
dos direitos civis por um ditador que se tornou popular (Getúlio Vargas). Depois vieram 
os direitos políticos... a expansão do direito do voto deu-se em outro período ditatorial, 
em que os órgãos de repressão política foram transformados em peça decorativa do 
regime [militar]... A pirâmide dos direitos [no Brasil] foi colocada de cabeça para 
baixo”.1 
 
Tipos de Direito e Cidadania 
Nos países ocidentais, a cidadania moderna constituiu-se por etapas. T. H. Marshall 
afirma que a cidadania só é plena se dotada de todos os três tipos de direito: 
 
1. Civil: direitos inerentes à liberdade individual, liberdade de expressão e de 
pensamento; direito de propriedadee de conclusão de contratos; direito à justiça; que foi 
instituída no século 18; 
 
2. Política: direito de participação no exercício do poder político, como eleito ou eleitor, 
no conjunto das instituições de autoridade pública, constituída no século 19; 
 
3. Social: conjunto de direitos relativos ao bem-estar econômico e social, desde a 
segurança até ao direito de partilhar do nível de vida, segundo os padrões prevalecentes 
na sociedade, que são conquistas do século 20. 
 
Qual a importância da cidadania? 
Teoricamente, a aplicação do conceito de cidadania é imprescindível para que haja uma 
melhor organização social. Exercer a cidadania é ter consciência de seus direitos e 
obrigações, garantindo que estes sejam colocados em prática. 
 
Exercer a cidadania é estar em pleno gozo das disposições constitucionais. Preparar o 
cidadão para o exercício da cidadania é um dos objetivos da educação de um país. 
 
Direitos e deveres 
A cidadania é constituída pela junção de uma série de direitos e deveres, que variam de 
acordo com cada nação ou grupo social. No entanto, a partir da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos, alguns tópicos passaram a ser considerados universais para quase 
todos os seres humanos. 
 
Entre alguns dos principais deveres e direitos dos cidadãos está: 
 
Deveres do cidadão 
Votar para escolher os governantes; 
Cumprir as leis; 
Educar e proteger seus semelhantes; 
Proteger a natureza; 
Proteger o patrimônio público e social do País. 
Direitos do cidadão 
Direito à saúde, educação, moradia, trabalho, previdência social, lazer, entre outros; 
O cidadão é livre para escrever e dizer o que pensa, mas precisa assinar o que disse e 
escreveu; 
Todos são respeitados na sua fé, no seu pensamento e na sua ação na sociedade; 
O cidadão é livre para praticar qualquer trabalho, ofício ou profissão, mas a lei pode pedir 
estudo e diploma para isso; 
Só o autor de uma obra tem o direito de usá-la, publicá-la e tirar cópia, e esse direito 
passa para os seus herdeiros; 
Os bens de uma pessoa, quando ela morrer, passam para seus herdeiros; 
Em tempo de paz, qualquer pessoa pode ir de uma cidade para outra, ficar ou sair do país, 
obedecendo a lei feita para isso. 
Leia mais sobre o que é ser um Cidadão. 
 
Exemplos de cidadania 
Praticar a cidadania é usufruir dos direitos e deveres que, teoricamente, todos os cidadãos 
têm. Por exemplo, no Brasil é obrigatório o voto, mas em outros países esse ato é 
opcional. Porém, trata-se de um exemplo de cidadania exercer esse direito de escolher os 
representantes políticos através do processo de eleição. 
 
Outro exemplo de cidadania é o zelo que cada pessoa deve ter com os espaços de 
bem-comum, como praças, ruas e demais locais de acesso público. 
 
Dupla cidadania 
Cidadania também é interpretado como a condição de uma pessoa como membro de um 
Estado-Nação. Em outras palavras, seria a definição do local onde o cidadão exerce os 
seus direitos e deveres. 
 
Para ter cidadania brasileira, a pessoa deve ter nascido em território brasileiro ou solicitar 
a sua naturalização, em caso de estrangeiros. No entanto, os cidadãos de outros países 
que desejam adquirir a cidadania brasileira devem obedecer todas as etapas requeridas 
para este processo. 
 
Assim, a cidadania brasileira, por exemplo, está relacionada com o indivíduo que está 
ligado aos direitos e deveres que estão definidos na Constituição do Brasil. Porém, 
alguém que nasce no Brasil pode adquirir cidadanias de outros países (dupla cidadania), 
desde que siga um conjunto de condições impostas pelas respectivas nações. 
 
 Etnodiversidade 
 
Palavra hoje de uso geral, foi cunhada no Partido Verde em 1994 por Tibor Rabóczkay, 
significando a presença de diversas etnias e "raças" num mesmo país, ou mesmo 
território. Sua inspiração é a analogia com "biodiversidade". 
 
A etnodiversidade brasileira resulta da presença de vários povos indígenas, descendentes 
de imigrantes de variadas origens (europeus, asiáticos), além da forte contribuição de 
povos africanos (yorubá, bantu, gê). 
 
Da etnodiversidade brasileira se origina a grande capacidade de adaptação do brasileiro. 
 
“​ANTIGOS E NOVOS ARRANJOS FAMILIARES: UM 
ESTUDO DAS 
FAMILIAS ATENDIDAS PELO SERVIÇO SOCIAL” 
 
O modelo de família considerado “ideal”, ainda transmitido e predominante em nossa 
cultura é o da 
família nuclear, mas é notável que esta não é a única forma de organização familiar 
existentes nos 
dias de hoje. 
Os modelos de famílias encontrados atualmente são tantos, 
que tornou-se impossível classificar e principalmente julgar os bons e os 
maus” planos de família”- como poderíamos dizer de um “plano de 
carreira”. Alguns encontram o seu equilíbrio numa relação estável e 
fechada, uma célula voltada sobre si mesma que eles fortificam contra 
agressões e mudanças de qualquer tipo. Eles exigem muito dos seus 
parentes, mas em troca se prontificam a dar muito de si mesmos. 
Outros, ao contrário, nada querem sacrificar da sua aventura pessoal, 
preferem uma fórmula de família “ personalizada”, sem constrangimentos 
e sem obrigações, onde os indivíduos vêm basicamente recarregar as 
suas baterias antes de saírem mais uma vez pelo mundo afora. ( 
Collange apud JoséFilho, 1998, p.45). 
Em conseqüência das novas formas de agrupamentos familiares, nas ultimas décadas, 
muito se tem discutido sobre a crise da família e Danda Prado faz uma alusão a esta 
crise:... 
Fala-se muito em crise da família, mas esquecemos que toda evolução 
permanente de qualquer fenômeno social implica transformação constante. 
Isso leva a diminuir o significado do passado, e passamos então a tudo 
observar, analisar e julgar exclusivamente sob a visão e compreensão 
atual ou contemporânea. (1994,61)... a chamada ‘crise’ da família está 
sempre inscrita num contexto amplo de transformações sociais. (1994, 
p.62). 
Assim, as famílias no atual contexto, têm se configurado de formas diversas e houveram 
mudanças significantes na família nuclear, colocando em questão a hegemonia da 
mesma, sendo 
que esta se restringe a acompanhar o processo de mudança que surge em torno da família 
contemporânea. 
 
Gênero e identidade - Muito além da questão 
homem-mulher 
O conceito de gênero denota uma diferenciação. A lógica ocidental tradicional 
funciona como uma divisão binária, ou seja, que se divide em dois opostos: masculino 
x feminino, macho x fêmea ou homem x mulher. 
Sob esse ponto de vista, o ser humano nasce dotado de determinadas características 
biológicas que o enquadra como um indivíduo do sexo masculino ou feminino. O sexo 
é definido biologicamente tomando como base a genitália, cromossomos sexuais e 
hormônios com os quais se nasce. 
No entanto, o sexo não determina por si só, a identidade de gênero ou a orientação 
sexual de uma pessoa. A orientação sexual, por exemplo, diz respeito à atração que 
sentimos por outros indivíduos e, geralmente, envolve questões sentimentais, e não 
somente sexuais. 
Embora a definição do que é ser “homem” ou “mulher” tenha surgido a partir de uma 
divisão biológica, a experiência humana nos mostra que um indivíduo pode ter outras 
identidades que refletem diferentes representações de gênero (como os transexuais e 
transgêneros) e que não se encaixam nas categorias padrões. 
Em 2014, após reclamações de usuários que queriam mais opções em seus perfis, o 
Facebook passou a oferecer mais de 50 opções de termos para classificar gêneros. É 
possível ainda escolher por qual pronome você deseja ser chamado, “ele”, “ela” ou 
“neutro”. 
A novidade já existe em países como EUA, Reino Unido e Argentina e incluem 
classificações como andrógino, transgênero,entre outros. Em entrevista ao jornal 
inglês The Independent, Simon Milner, diretor do Facebook no Reino Unido, afirmou 
que, com essas inclusões, “o Facebook está permitindo que as pessoas sejam elas 
mesmas e fazendo que os usuários se sintam confortáveis em expressar quem são”. 
As identidades são características fundamentais da experiência humana, pois 
possibilita aos seres humanos a sua constituição como sujeitos no mundo social. O 
gênero refere-se à identidade com a qual uma pessoa se identifica ou se autodetermina; 
independe do sexo e está mais relacionado ao papel que o indivíduo tem na sociedade 
e como ele se reconhece. Assim, essa identidade seria um fenômeno social, e não 
biológico. 
Uma pessoa cisgênera é aquela que tem sua identidade ou vivência de gênero 
compatível com o gênero ao qual foi atribuído ao nascer. Já uma pessoa transgênera é 
aquela que se identifica com o gênero diferente do registrado no seu nascimento. As 
pessoas trans podem preferir serem tratadas no feminino ou no masculino ou, ainda, 
não se encaixar em nenhuma dessas definições (trans não binárias). 
Para muitos especialistas, esse encaixe em definições tradicionais começa logo na 
infância. Atentos a isso, uma pré-escola na Suécia, a Egalia, adotou um sistema 
chamado de “educação neutra de gênero”. Não se usam os termos “ele ou ela” ou 
“meninos” ou “meninas” para se referir aos alunos, chamados de “amiguinhos”. 
Brinquedos de cozinha, como panelinhas e outros, mais relacionados às meninas, estão 
lado a lado aos brinquedos de montar, mais ligados aos meninos. O objetivo é fazer 
com que as crianças cresçam livres de imposições e sem barreiras para fazerem suas 
escolhas. O método, claro, divide opiniões. 
Outro tipo de pensamento binário seria a relação sexo-gênero ou identidade- 
sexualidade. Ou seja, a partir de um gênero haveria um determinado padrão de 
sexualidade. Se a pessoa nasce com uma vagina, teria que se relacionar com um 
homem e vice-versa (ou seja, ser heterossexual). No entanto, existem diversos 
comportamentos sexuais (homossexual e bissexual) que mostram que o gênero não 
define a orientação sexual de uma pessoa. 
Existem muitas pessoas fora da classificação binária e, mais ainda, fora de 
classificações. Essas pessoas sofrem preconceito e são em muitos casos, “proibidas 
deexistir”. A falta de compreensão da diversidade de gênero traz uma série de problemas 
e a criação de sentimentos negativos ou atitudes como a exclusão, culpa, medo e 
vergonha. 
Além do sofrimento pessoal de “não se encaixar” na sociedade vigente devido ao 
preconceito, as pessoas transexuais ainda encontram dificuldades no mercado de 
trabalho e são vítimas frequentes de crimes de intolerância e violência. 
Como o gênero funciona nas relações sociais? 
A questão de gênero surgiu como importante reflexão para o feminismo. No fim dos 
anos 1940, a filósofa francesa Simone de Beauvoir afirmou que ninguém nasce 
mulher, mas torna-se mulher. Ao afirmar isso, ela contesta o pensamento determinista 
do final do século 19 que usava a biologia para explicar a inferiorização do sexo 
feminino e as desigualdades sociais entre os gêneros. Para a filósofa, o “ser mulher” é 
uma construção social e cultural. 
Para tornar-se homem ou mulher é preciso submeter-se a um processo que chamamos 
de socialização de gênero, baseado nas expectativas que a cultura de uma sociedade 
tem em relação a cada sexo. Assim, ao nascer, uma pessoa deve ter uma determinada 
conduta e seguir normas e comportamentos “aceitáveis” de acordo com seu gênero. 
Num passado recente, as mulheres não podiam estudar, votar ou trabalhar fora de casa. 
Deveriam exercer exclusivamente o papel da maternidade. Os homens também estão 
presos ao seu papel de masculinidade. 
Hoje ainda vivemos padrões de papeis femininos e masculinos diariamente. Se um 
bebê nasce menino, ganha presentes associados à cor azul. Se menina, rosa. Carrinhos 
para meninos, bonecas para meninas. Se o gênero constrói uma identidade do feminino 
e do masculino, ele pode prender homens e mulheres em papeis rígidos. 
Se voltarmos ao passado, poderemos observar que em outras culturas, como em tribos 
indígenas ou no antigo povo celta, as representações de masculino e feminino eram 
bem diferentes do que temos hoje. Em muitas sociedades, as mulheres eram guerreiras 
e participavam de esferas de decisão e poder (recentemente, foram encontrados 
vestígios de mulheres guerreiras vikings). Na África, há registros de que os franceses 
teriam lutado contra um exército de mulheres no Daomé (Benin), no século 18. 
Em 2014, a Marvel anunciou que Thor, um dos seus personagens mais famosos, virá 
em versão mulher na próxima HQ. O personagem salvará uma mulher e herdará seus 
poderes. Pelo Twitter, o diretor-executivo da Marvel Digital, Ryan Penagos, esclareceu 
que ela realmente substituirá o atual deus do trovão. "Ela não é a Mulher-Thor, Lady 
Thor, ou Thorita. Ela é o THOR", escreveu ele. 
No Brasil, o cartunista Laerte Coutinho surpreendeu ao aparecer vestido de mulher e 
assumir uma nova identidade de gênero – ou pós-gênero, como ele diz, já que ainda 
não consegue se enquadrar em outras opções. Em 2014, a cantora Conchita Wurst, 
personagem do austríaco Tom Neuwirth, superou obstáculos e venceu o Eurovision 
Song Contest, um show de talentos musicais na Europa. Sua aparência feminina 
misturada à barba masculina de Tom chocou o público, mas sua vitória refletiu, de 
certa forma, a aceitação da mistura de gêneros incorporada por Conchita. 
Mas, e se eu não me identifico com meu corpo? Assim como quase tudo que nos 
caracteriza, nosso gênero é construído pelas experiências que temos na vida, nosso 
desejo de quem queremos ser e em que cultura estamos. Por isso dizemos que o gênero 
(ser “mulher” ou ser ”homem”) é uma construção social e não uma genitália. 
Em 1990, a filósofa estadunidense Judith Butler publicou o livro “Problemas de 
Gênero” (Civilização Brasileira, 2010). A obra cunhou a noção de gênero como 
performatividade. Para ela, o gênero é uma produção social, ou seja, é um ato 
intencional construído ao longo dos anos. De fora para dentro e de dentro para fora. 
Segundo ela, gênero não deve ser visto como um atributo fixo de uma pessoa, mas 
como uma variável fluída, apresentando diferentes configurações.Butler acredita que é 
preciso tratar os papéis homem-mulher ou feminino-masculino 
não como categorias fixas, mas constantemente mutáveis, fora do padrão voltado para 
a reprodução. A filósofa busca desconstruir todo tipo de identidade de gênero que 
oprime as características pessoais de cada um. Ou seja, o ideal é que a pessoa 
escolhesse o gênero a que quer pertencer. 
Ainda que a destruição do conceito de gênero seja uma questão nova ou distante para a 
maioria da sociedade, pensar sobre gênero também é pensar sobre liberdade e 
cidadania. Não existem certezas, mas questões sobre um humano mais plural. 
No mundo atual onde pessoas se expressam de forma tão diversa e plural, o respeito à 
singularidade e a tolerância de cada individuo torna-se fator de extrema importância. 
Olhar para um mundo com mais respeito à diversidade dos gêneros é entender que o 
outro, independente de sua orientação é alguém que merece respeito e direitos 
políticos, sociais e econômicos. 
 
 
Ao discutir a questão de gênero é importante primeiro traçar a diferença entre o que vem 
a significar este conceito e contrapô-lo a idéia de sexo. 
 
Sexo está relacionado com os aspectos bio-fisiológicos que dizem questão as diferenças 
corporais da mulher e do homem. 
 
Outro aspecto importante, que pode nos ajudar a entender a diferença entre sexo e gênero, 
é que os animais também são machos ou fêmeas,mas não são homens nem mulheres, 
eles não têm gênero. 
 
Mas então o que significa gênero? 
Com o desenvolvimento da compreensão sobre as diferenças corporais sexuais a 
sociedade cria idéias e valores sobre o que significa ser homem ou mulher, feminino ou 
masculino, estas são as chamadas representações de gênero. Nesta perspectiva, a questão 
de gênero está ligada à forma como a sociedade cria os diferentes papéis sociais e 
comportamentos relacionados aos homens e às mulheres. 
 
As relações de gênero criam padrões fixos do que é próprio para o feminino e para o 
masculino e reproduzem estas regras como um comportamento natural do ser humano 
criando condutas e modos únicos de se viver sua natureza sexual. Isto significa dizer que 
a questão de gênero têm uma ligação direta com a forma como estão organizadas na 
sociedade os valores, desejos e comportamentos acerca da sexualidade. 
 
O debate sobre este tema tem se concentrado em diversos movimentos que levantam as 
variadas possibilidades de interpretação sobre como a sociedade conduz e impõe as 
relações de gênero, seja como um debate em torno da relação e distribuição de poder, ou 
como a questão da participação no mercado de trabalho e vida política, estes discursos 
são encontrados nos movimentos feminista e de masculinidades. 
 
Feminismo 
O movimento feminista é caracterizado por desenvolver uma luta sócio-política que 
busca promover a igualdade de direitos entre homens e mulheres na sociedade civil. 
Conheça o site da Universidade Livre Feminista 
 
feminismo 
Alguns dados sobre a realidade da condição social das mulheres ajudam a entender um 
pouco algumas das discussões: 
 
O Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas (2000) vem a confirmar a 
degradação das condições de vida das mulheres no cenário internacional. 
Os dados comprovam que 70% do total de pessoas que vivem em condições de miséria 
absoluta, são mulheres; do total de analfabetos, elas representam 2/3. 
A carga horária de trabalho diário é de, aproximadamente, 13% superior a do homem. Na 
zona rural sobe para 20%, embora represente mais de 50% da mão-de-obra no campo, 
recebe menos de 10% do crédito rural disponível. 
Em cada dez famílias brasileiras, três são chefiadas por mulheres, que vivem sozinhas 
com seus filhos (as), no entanto, seus salários são cerca de 25% menor do que os dos 
homens. 
Os dados na área da saúde também são alarmantes. O Brasil é um dos países 
latino-americanos de maior número de óbitos. Em cada 100.000 crianças nascidas, temos 
200 óbitos maternos. Por ano, no Brasil, morrem cerca de 5.000 mulheres por 
complicações na gravidez, parto ou pós-parto. 
Segundo estatísticas levantadas pelo Comitê Latino-Americano e do Caribe para a defesa 
dos Direitos da Mulher, em escala mundial, um (01) em cada cinco (05) dias de falta ao 
trabalho é decorrente de violência sofrida por mulheres em suas casas. A cada cinco (05) 
anos, a mulher perde um (01) ano de vida saudável, caso sofra violência doméstica. Na 
América Latina tal ocorrência incide sobre 25% a 50% das mulheres. 
No Brasil, a cada 4 minutos uma mulher é vítima de violência doméstica. Geralmente, o 
agressor é o próprio marido ou companheiro. 
 
O MOVIMENTO CHEGA AO BRASIL 
No Brasil, o movimento LGBT começa a se desenvolver a partir da década de 70, em 
meio a ditadura civil-militar (1964-1985). As publicações alternativas LGBTs foram 
fundamentais para esse desenvolvimento. Entre elas, duas se destacam: os jornais 
Lampião da Esquina e ChanacomChana. 
 
O SIGNIFICADO DA SIGLA 
A sigla “GLS” (Gays, lésbicas e simpatizantes) caiu em desuso. Organizações 
internacionais como a ONU e a Anistia Internacional adotam a sigla “LGBT” (lésbicas, 
gays, bissexuais e transexuais). Dentro do movimento propriamente dito, as siglas podem 
variar (algumas organizações usam LGBT, outras LGBTT, outras LGBTQ…). 
Atualmente, a versão mais completa da sigla é LGBTPQIA+. Conheça a representação de 
cada letra: 
 
L: Lésbicas 
 
G: Gays 
 
B: Bissexuais 
 
T: Travestis, Transexuais e transgêneros 
 
P: Pansexuais 
 
Q: Queer 
 
I: Intersex 
 
A: Assexuais 
 
+: Sinal utilizado para incluir pessoas que não se sintam representadas por nenhuma das 
outras sete letras. 
 
PRINCIPAIS PAUTAS 
É difícil afirmar quais são as principais pautas do movimento LGBT, já que cada país tem 
um contexto político e social e não há unanimidade nem mesmo dentro do movimento. 
Apesar disso, essas são algumas das pautas, no Brasil e no mundo: 
 
Criminalização da homo-lesbo-bi-transfobia; 
Fim da criminalização da homossexualidade (e consequentemente das punições previstas 
pelas leis que criminalizam a prática); 
Reconhecimento da identidade de gênero (que inclui a questão do nome social); 
Despatologização das identidades trans; 
Fim da “cura gay”; 
Casamento civil igualitário; 
Permissão de adoção para casais homo-afetivos; 
Laicidade do Estado e o fim da influência da religião na política; 
Leis e políticas públicas que garantam o fim da discriminação em lugares públicos, como 
escolas e empresas; 
Fim da estereotipação da comunidade LGBT na mídia (jornais e entretenimento), assim 
como real representatividade nela. 
 
Após conhecer a história que originou o Dia Internacional do Orgulho LGBT, veja as 
dicas de fontes e filmes para continuar se informando sobre o movimento e a busca por 
direitos no Brasil e no mundo: 
 
O movimento LGBT, que luta pelos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais, começou no Brasil na 
década de 70 e 80 em resposta a epidemia da AIDS – dando espaço para a luta pela conquista dos direitos 
sociais. O movimento possui traços históricos desde a Ditadura Militar, onde os LGBT’s começaram a se reunir 
em bares e em espaços sociais com objetivo de discutir pautas vinculadas aos direitos do grupo na sociedade. 
 
Na década de 80, a pauta estava presente na literatura, na música e em jornais e revista. O jornal Lampião foi o 
primeiro jornal, no cenário brasileiro, a ceder a capa para a causa social. A obra de Caio Fernando Abreu, por 
exemplo, possuía relatos homossexuais – que eram frutos da sua história, e também toda a narrativa da AIDS, 
doença que o levou a óbito na década de 90. 
 
O movimento reivindica a criminalização da homo-lesbo-bi-transfobia, despatologização da identidade trans, 
permissão para a adoção para casais homossexuais, o fim da criação de estereótipos da comunidade na mídia e a 
criação de leis e políticas públicas que garantam o direito dos LGBT’s na sociedade brasileira. 
 
O Brasil é o país em que mais se mata os gays, em escala mundial – a estimativa é de um a cada vinte e cinco 
horas. Os números são um reflexo de uma sociedade, onde a carência de leis que apoiam essa sociedade é 
gritante. O fato expõe a necessidade da criação de diálogos entre as esferas públicas – que envolva a inclusão, a 
discussão dos direitos e a penalização dos crimes relacionados à homofobia no país. 
 
O cenário político demonstra que as conquistas sociais vieram de decisões do Poder Judiciário brasileiro. O 
Brasil ainda é um país de cunho religioso, onde o laicismo não se impõe nas decisões políticas. Devido a isso, 
muitas pautas democráticas são excluídas do cenário, sendo uma problemática na tomada de decisões políticas 
no país.

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