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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO - UFES CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS - CCHN DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA APOSTILA DE GEOPROCESSAMENTO Autores: Alexandre Rosa dos Santos Vitória Espírito Santo – Brasil Junho – 2002 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO AO GEOPROCESSAMENTO 1.0. O contexto A ênfase na informação criou uma situação em que os vastos lucros podem ser realizados com base no acesso privilegiado às informações, em particular nos mercados monetários e financeiros. Mas para Harvey (1989), isso é em certo sentido, apenas a ponta ilegal de um iceberg em que o acesso privilegiado à informações de qualquer espécie (tais como conhecimentos científicos e técnicos, políticas do governo e mudanças políticas) passa a ser um aspecto essencial das decisões bem-sucedidas e lucrativas. Para podermos melhor definir "informações" é preciso revermos a noção de dados, ou seja, conjunto de valores (numéricos, alfabéticos, alfanuméricos, gráficos), sem significado próprio. A partir do momento que tais dados passam a possuir um significado para um determinado uso ou aplicação, que lhes é conferido por um ser humano, deixam de ser meros registros para se constituir em informações. Um termo comumente empregado atualmente é informática, palavra cunhada a partir de informação e automática, que, se reunidas na ordem oposta, dão origem ao termo automação. Assim, a informática realiza o processamento automatizado da informação através do uso de equipamentos computacionais, técnicas e procedimentos adequados a esse fim. Ao longo das últimas décadas, a informática tem evoluído conceitualmente e isso tem se refletido nas organizações. Nos anos '70, comenta Meirelles (1994), a tônica era o Processamento de Dados, que ensejou o surgimento dos Centros de Processamentos de Dados (CPD), já na década de '80, a ênfase foi dada aos Sistemas de Informação, à Automação e aos Bancos de Dados, com o aparecimento dos Centros de Informação (CI). Na década de '90, tais Centros de Informação dispõem também da Tecnologia de Informação, que constitui-se em instrumento integrador dos elementos vitais da organização. Aquele autor enfatiza que há tempos as empresas processam dados; agora estão reconhecendo que informação é um recurso a ser administrado. Atualmente, a palavra de ordem é integração; prova disso é o surgimento da telemática (ou teleinformática), ou seja, a união entre as telecomunicações e a informática. Dentre inúmeras frases de efeito popular que surgiram nestas últimas décadas, duas delas tem sido amplamente empregadas: Sociedade Pós- Industrial e Sociedade Baseada na informação, entretanto, conforme nos alerta Soja (1993), tais rótulos parecem brilhar com tanta intensidade, que nos impedem de ver o que pode realmente estar acontecendo, em toda a sua plena complexidade e intercontingência. Nos dias de hoje, a Sociedade da Informação dispõe das Redes Digitais de Serviços Integrados, que conectam facilidades tais como o telefone, fax, microcomputador pessoal, e até mesmo a televisão, permitindo integrar dados, texto, imagem, voz e música. Através de redes locais (Local Area Network) e globais (Wide Area Network) o cidadão tem acesso rápido e eficiente aos demais usuários internos e externos da rede, além de poder realizar trocas de mensagens através do correio eletrônico (eletronic mail), pode obter autorização para acessar bases de dados nacionais e internacionais, participar de teleconferências e em breve dispor da televisão interativa. Esta década presencia também o surgimento do Edutainment, isto é, a união entre a educação (Education) e o entretenimento (Entertainment) voltado à geração vídeogame. A indústria de software começou há cerca de 30 anos e os microcomputadores pessoais (personal computers) surgiram há pouco mais de 20 anos. Meirelles (1994) afirma que a indústria da informática está na sua infância e, para aquele autor "os impactos e eventos significativos ainda estão por vir !" O advento da informática e o crescente emprego de seus recursos na pesquisa geográfica oportunizou o surgimento do que se tem referido como Spatial Data Handling (Manuseio de Dados Espaciais) ou Geomatics (Geomática ou Geoprocessamento). 2.0. Revisão conceitual 2.1. Definição de Geoprocessamento O Geoprocessamento, de acordo com Rodrigues (1988), é tido como "a tecnologia de coleta e tratamento de informações espaciais e de desenvolvimento de sistemas que as utilizam". 2.2. Sistemas de Geoprocessamento Rodrigues (1988; 1990) apresenta uma classificação dos Sistemas de Geoprocessamento em aplicativos, de informação e especialistas. � Sistemas aplicativos: conjuntos de programas que realizam operações associadas a atividades de projeto, análise, avaliação, planejamento, etc..., em áreas tais como Transportes, Mineração, Hidrologia, Urbanismo; são sistemas voltados à representação de entes de expressão espacial e a realização de operações sobre estas representações; visam a realização de um largo espectro de tarefas e podem ser agrupados segundo classes de sistemas voltados à entrada de dados, à saída de dados e a realização de tarefas específicas; como por exemplo: projeto assistido por computador, mapeamento automatizado; � Sistemas de informações: SIG, stricto sensu, denota software que desempenha as funções de coleta, tratamento e apresentação de informações sobre entes de expressão espacial e sobre o contínuo espacial. SIG, lato sensu, denota o software; o hardware; os procedimentos de entrada e saída dos dados; fluxos de dados de supridores para o sistema e deste para os consumidores; normas de codificação de dados; normas de operação; pessoal técnico; etc..., que desempenham as funções de coleta, tratamento e apresentação de informações. � Sistemas especialistas: sistemas computacionais que empregam o conhecimento na solução de problemas que normalmente demandariam a inteligência humana; emulam o desempenho de um especialista atuando em uma dada área do conhecimento. Entretanto, Rodrigues (1990) nos alerta que o estabelecimento destas classes não significa que sistemas de geoprocessamento tenham uma única classificação, pelo contrário, sistemas existentes atualmente têm, no mais das vezes, características múltiplas com predominância de um particular conjunto de funções. Aquele autor conclui afirmando que, subjacente a todos estão as técnicas e metodologias de desenvolvimento de sistemas computacionais e as de tratamento de dados espaciais. Tendo em vista a relativa dificuldade em diferenciar os diferentes sistemas de geoprocessamento, julgamos relevante explicitar melhor algumas definições, tomando por base Korte (1994) que apresenta a diferenciação entre CADD, CAM AM/FM e GIS: � CADD (Computer Aided Design and Drafting), ou Projeto Assistido por Computador: é uma tecnologia normalmente empregada pelo CAM (Computer Assisted Mapping), ou Mapeamento Assistido por Computador, para a produção de mapas como substituição ao processo cartográfico tradicional. Os dados são organizados em camadas (layers), empregados para organizar as feições do mapa por temas (themes). CAM pode reduzir em muito o tempo de produção de mapas e possibilitar economias de recursos financeiros quando comparado aos processos cartográficos tradicionais, tornando as atualizações mais simples e rápidas, uma vez que modifica somente o elemento selecionado sem causar alteração nos demais. CAM, entretanto, não é um sistema muito adequado para realizar análises; as relações espaciais não são definidas na estrutura de dados, requerendo processamentos especiais para a inspeção de tais relações, o que torna demorada a resposta a perguntas complexas.� AM/FM: Automated Mapping, ou mapeamento Automatizado, Facility Management, isto é, Gerenciamento de Serviços de Utilidade Pública: baseiam-se também em tecnologia CADD. Entretanto, a apresentação gráfica geralmente não é tão precisa e detalhada como em sistemas CAM; a ênfase de AM/FM está centrada no armazenamento, na análise e na emissão de relatórios. As relações entre os componentes do sistema de utilidade pública são definidas como redes (Networks) que são associadas à atributos, permitindo assim modelar e analisar a operação do sistema de utilidade pública. Atributos não-gráficos podem ser ligados aos dados gráficos. Dentre as limitações estão a não-definição de relações espaciais. � GIS: Geographic Information System, ou Sistema de Informação Geográfica: é mais recomendado para a análise de dados geográficos; difere dos dois sistemas anteriormente apresentados por definir as relações espaciais entre todos os elementos dos dados. Esta convenção conhecida como topologia dos dados, vai além da mera descrição da localização e geometria das feições cartográficas. A Topologia também descreve como as feições lineares estão conectadas, como as áreas são limitadas, e quais áreas são contíguas. Para definir a topologia do mapa, o GIS usa uma estrutura de dados especial, empregando nós (nodes) arcos (lines) e áreas (polygons). O GIS também contém dados atributos, além de dados geométricos espaciais, os quais são associados com os elementos topológicos, provendo maiores informações descritivas. Por permitir acesso a ambos os dados (espaciais e atributos), ao mesmo tempo, o SIG possibilita buscar o dado atributo e relacioná-lo com o dado espacial e vice- versa. Assim sendo, Korte (1994) conclui que, enquanto CAM e AM/FM são empregados para o armazenamento, a manipulação e a recuperação de dados geográficos, um SIG construído especificamente para efetuar análises espaciais torna-se necessário para analisar de forma completa os dados geográficos. 2.2.1. Definições de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) A fim de melhor compreendermos o que se tem definido como Sistema de Informações Geográficas (SIG), vamos inicialmente revisar as definições de sistema, informação geográfica e sistema de informação. Considerando: • Sistema como sendo "conjunto ou arranjo de elementos relacionados de tal maneira a formar uma unidade ou um todo organizado, que se insere em sistema mais amplo"; • Informação geográfica como "conjunto de dados ou valores que podem ser apresentados em forma gráfica, numérica ou alfanumérica, e cujo significado contém associações ou relações de natureza espacial"; • Sistema de informação como "conjunto de elementos inter-relacionados que visam a coleta, entrada, armazenamento, tratamento, análise e provisão de informações". Podemos agora apresentar as definições de Sistemas de Informações Geográficas, de acordo com os autores mais conceituados internacionalmente; "Classe ou categoria de sistema de informações caracterizada pela natureza espacial das informações, tais como a identificação, descrição e localização de entidades, atividades, limites e objetivos" (Tomlinson (1972) apud Queiroz Filho (1993)). "Sistemas voltados à aquisição, análise, armazenamento, manipulação e apresentação de informações referenciadas espacialmente" (Marble, 1984). Geographical Information Systems (Geographical e não Geographic, como escrevem os americanos) constituem "um conjunto de ferramentas para coleta, armazenamento, recuperação, transformação e exibição de dados espaciais do mundo real para um conjunto particular de propósitos"(Burrough, 1989). Outras definições, apresentadas por autores brasileiros merecem destaque: "Sistema Geográfico de Informação (SGI) constitui o tipo de estrutura mais importante em termos de viabilização do Geoprocessamento", este último sendo (um conjunto de procedimentos computacionais que, operando sobre bases de dados geocodificados ou mais evoluidamente, sobre bancos de dados geográficos executa análise, reformulações e sínteses sobre os dados ambientais disponíveis" (Silva e Souza, 1987). "Sistemas de Informações Geográficas são modelos do mundo real úteis a um certo propósito; subsidiam o processo de observação (atividades de definição, mensuração e classificação), a atuação (atividades de operação, manutenção, gerenciamento, construção, etc...) e a análise do mundo real" (Rodrigues e Quintanilha, 1991). "SIG's são constituídos por uma série de programas e processos de análise, cuja característica principal é focalizar o relacionamento de determinado fenômeno da realidade com sua localização espacial; utilizam uma base de dados computadorizada que contém informação espacial, sobre a qual atuam uma série de operadores espaciais; baseia-se numa tecnologia de armazenamento, análise e tratamento de dados espaciais, não-espaciais e temporais e na geração de informações correlatas" (Teixeira et al, 1992). SIG's são sistemas cujas principais características são: "integrar, numa única base de dados, informações espaciais provenientes de dados cartográficos, dados de censo e de cadastro urbano e rural, imagens de satélite, redes e modelos numéricos de terreno; combinar as várias informações, através de algoritmos de manipulação, para gerar mapeamentos derivados; consultar, recuperar, visualizar e plotar o conteúdo da base de dados geocodificados" (Câmara, 1993). 3.0. Histórico Os sistemas de informações geográficas surgiram há mais de três décadas e têm-se tornado ferramentas valiosas nas mais diversas áreas de conhecimento. Tais sistemas constituem um ambiente tecnológico e organizacional que tem, cada vez mais, ganho adeptos no mundo todo. É interessante observar que o emprego do conceito de computação para o processamento de dados geográficos reporta-se ao século passado, quando Herman Hollerith, funcionário do Bureau of census americano, criou e empregou cartões perfurados e uma máquina tabuladora para agilizar as atividades relativas ao censo de 1890, tendo finalizado após três anos, um imenso avanço ao censo anterior (1880) que demorou 08 anos para ser completamente processado por vias convencionais. Tremblay e Bunt (1983) comentam também que o do Bureau of census inovou mais uma vez quando em 1951 instalou o primeiro UNIVAC I, um computador automático universal, o qual era o mais avançado de sua geração e que se tornou o primeiro a entrar em linha de produção. Entretanto, a comunidade científica ressentia-se com a falta de ferramentas matemáticas adequadas para descrever quantitativamente a variação espacial. Os primeiros desenvolvimentos apropriados em Matemática, segundo Burrough (1989), para lidar com problemas espaciais começaram por volta dos anos '30 e '40, em paralelo com desenvolvimentos em métodos estatísticos e análise de séries temporais. O progresso prático efetivo, continua aquele autor, foi completamente bloqueado pela ausência de ferramentas computacionais adequadas. Foi somente após 1960 que, com a disponibilidade do computador digital, floresceram, tanto os métodos conceituais de análise espacial, quanto as reais possibilidades de mapeamento temático quantitativo e análise espacial, de acordo com Burrough (1989). A história relata diversas iniciativas efetivas no sentido de empregar a tecnologia computacional no processamento de dados espaciais. Entretanto, o primeiro SIG que se tem notícia surgiu em 1964 no Canadá (Canada Geographic Information System) por iniciativa do Dr. Roger Tomlinson, que embora tenha construído os módulos básicos de software, impulsionando o desenvolvimento de hardware e elaborado uma complexa base de dados, só publicou seus trabalhos uma década depois. Na verdade, somente no final da década de'70 é que a indústria dos SIG's começou a amadurecer, favorecendo inclusive, no início dos anos '80, o surgimento da versão comercial dos primeiros sistemas, que passaram a ter aceitação mundial. Naquela ocasião, os Governos Federais, seja o americano, o canadense e alguns europeus (Suécia, Noruega, Dinamarca, apoiavam financeiramente iniciativas voltadas tanto à Cartografia Assistida por Computador (CAC), quanto aos SIG's. Foi naquele período que o USGS (United States Geological Survey) passou a tornar disponíveis ao público bases de dados digitais, tais como os modelos digitais de elevação ou DEM's (Digital Elevation Models). Entre o final da década passada e o início da atual houve um crescimento acentuado das aplicações de SIG's, o que se deve, em parte, ao advento e à disseminação do microcomputador pessoal (Personal Computers), além da introdução de tecnologia de relativo baixo custo e alta capacidade de performance, tais como as estações de trabalho (Workstations). Os desenvolvimentos técnicos e tecnológicos entre 1985 e 1990 foram tão acentuados e rápidos, que pode-se até mesmo afirmar que eles é que impulsionaram as aplicações, ou seja, exatamente o oposto do que ocorreu no início do processo na década de '60, quando havia aplicações, mas não existiam recursos físicos, nem mesmo para digitalização ou plotagem automatizados. Um dos grandes desafios do momentos atual é mais de natureza organizacional e política do que tecnológica, pois, cabe à nossa geração avaliar a necessidade de implantação de SIG's, descobrir maneiras de enxertá-los nas organizações burocráticas, encontrar maneiras eficientes e seguras de gerenciar, compartilhar e atualizar os dados. Este é um dos problemas-chave de nossa década: a questão do acesso aos dados, a responsabilidade de sua manutenção e até mesmo a preocupação intelectual. Se, com o passar do tempo, a informação passou a ser um bem de consumo ou mercadoria (commodity), ela pode ao mesmo tempo em que é vendida para o usuário, ser conservada pelo vendedor, que não necessariamente é seu produtor. Em alguns países, e em especial na Inglaterra, além do serviço de venda de mapas analógicos aos usuários, surgiu uma outra alternativa: o arrendamento de dados através do estabelecimento de contratos, definindo inclusive a freqüência com que as atualizações (updates) deve ser remetidas ao contratante. Vale lembrar que com o surgimento dos Sistemas de Informação, associou-se à "informação" o conceito de valor adicional (added value), que é obtido ao se reunir de forma ordenada conjuntos de dados que previamente estavam não relacionadas, e cuja combinação pode ser usada a fim de se realizar tarefas adicionais. Mais que nunca na história da humanidade, é válida a expressão "Informação é Poder" e aqueles que tem acesso à informação não apenas chegam na frente dos concorrentes, como seus concorrentes, que não tem acesso à informação, nem ficam sabendo que ficaram para trás!. CAPÍTULO 2 COMPONENTES DE UM SIG 1.0. Hardware Corresponde à parte material, aos componentes físicos do sistema, dividindo-se, segundo Meirelles (1994) em: � Sistema central: composto por circuitos eletrônicos / integrados (chips), o principal deles sendo a CPU (Central Processing Unit), ou Unidade de Processamento Central, responsável pelo gerenciamento de todas as funções do sistemas. Um dispositivo denominado memória principal, ou central, armazena as informações que serão, ou que foram, processadas pela CPU, na forma binária (0's e 1's) � Periféricos: destinados à concretização da comunicação entre as pessoas e a máquina; são eles; as unidades de entrada e saída. Além disso, é necessário ter memória auxiliar, ou secundária, onde armazenar permanentemente os dados. Atualmente, há inúmeras alternativas tecnológicas; em termos de CPU (Central Processing Unit), há opções tais como: mainframes (computadores de grande porte), minicomputadores (de médio porte), estações de trabalho (workstation), microcomputadores (pequeno porte - sejam eles desktop, laptop, notebook, palmtop, personal digital assistant, etc...). Dentre os equipamentos periféricos pode-se destacar, para os de entrada: teclado, mouse, mesa digitalizadora (digitizer), scanner (dispositivo de varredura ótica: MICR, OCR, leitora de códigos de barras, etc...), restituidores fotogramétricos, CCD (Charge Coupled Device), câmaras digitais, coletores de dados, sistema de posicionamento global (GPS - Global Positioning System), teodolito eletrônico, etc... Para armazenamento estão disponíveis: disquete, fita streamer, CCT (Computer Compatible Tape), disco rígido, disco ótico (CD-ROM, CD-WORM e regravável), disco magneto-ótico, etc... Para exibição e saída: monitor de vídeo (tubo CRT e tela plana), impressora (matricial, laser, jato de tinta, jato de cera, termo-estática, etc...), mesa plotadora (plotter), dispositivo para a impressão direta sobre filme (fotoplotter), etc... A evolução da área de telecomunicações ensejou o surgimento do MODEM (MOdulador / DEModulador), empregado para a entrada e saídas automáticas de dados, por via telefônica. 2.0. Software Genericamente, software é tido como: um conjunto de instruções arranjadas de forma lógica, para serem inteligíveis pela CPU; também conhecido como logiciel, em francês, ou logiciário; pode ser dividido, segundo Meirelles (1994), em: � Básico: sistema operacional; ambiente operacional; tradutores, interpretadores, compiladores de linguagem; comunicação em rede, interface com o usuário, etc...; � Aplicativo: programa escrito em uma linguagem para uma aplicação específica; exemplo: editor de texto, programa estatístico, editor gráfico, gerenciador de banco de dados, etc.... Para aquele autor, o nome que a área de Sistema ou de Informática recebe nas empresas varia muito, combinando as palavras sistemas, tecnologia, informação, administração, organização, dentre outras. Meirelles (1994) considera que os Sistemas de Informação podem ser divididos em: transacionais, info-gerenciais e de apoio à decisão. Dentre inúmeros Sistemas de Informações possíveis, aqueles envolvendo mais especificamente dados georeferenciados são os SIG's. Como já vimos anteriormente, para Rodrigues (1990), os SIG's stricto sensu, podem ser tomados como software de coleta, tratamento e apresentação de informações geocodificados. Burrough (1989) considera cinco módulos de software como sendo sub- sistemas de um SIG: � Entrada e verificação de dados; � Armazenamento de dados e gerenciamento da base de dados; � Saída e apresentação de dados; � Tansformação de dados; � Interação com o usuário. 3.0. Recursos Humanos (Peopleware) Meirelles (1994) distingue dois grupos de recursos humanos em Informática: pessoal de processamento de dados (analistas e programadores) e usuários finais. Aquele autor observa que com o passar do tempo, a distância entre os dois grupos tem diminuído com o incremento da informatização, ao ponto que existe atualmente uma sobreposição entre os dois segmentos, o que se deve em parte ao constante e crescente envolvimento do usuário no desenvolvimento, operação e responsabilidade pelos sistemas. Burrough (1989), por sua vez, no tocante aos SIG's considera que dependendo do país e da organização, a disponibilidade de pessoal capacitado no mercado de trabalho pode variar enormemente. Assim sendo, aquele autor classifica o staff em função do nível de habilidade em: alto e baixo, sem com isso desejar subestimar o segundo grupo. Os elementos do grupo de baixo nível de habilidade não necessitam saber como o SIG funciona, pois basta que mantenham-no funcionando, alimentem os bancos de dados e assegurem que o resultado se tornará disponível. É o caso de digitadores, operadores, digitalizadores,etc... Quanto ao pessoal de alto nível, há quatro classes: � Gerencial (para manter o sistema funcionando e para interação harmoniosa com o restante da organização), � Técnico (inclui cartógrafos, programadores, equipe de desenvolvimento), � Científico (equipe de pesquisa) � A classe de contato com os demais segmentos e usuários. É de consenso que a equipe técnica deve ser inter, multi e trans- disciplinar, composta por membros cujas relações devem seguir uma hierarquia organizacional, sendo atribuídas a cada um deles suas funções e responsabilidades. A equipe pode ser estruturada segundo tais funções em grupos de: aquisição, conversão, manutenção, controle de qualidade; gerenciamento do sistema físico; gerenciamento dos bancos de dados; pesquisa e desenvolvimento; treinamento e reciclagem de pessoal; além dos usuários internos e externos à organização. Em se tratando de SIG's, é indicado ter dentre seus técnicos, especialistas em: Informática, Análise de Sistemas, algumas modalidades de Engenharia (ex.: Cartográfica, Eletrônica, Elétrica, de Processo, de Produto), Geografia, Planejamento, etc... Cabe à equipe técnica a responsabilidade pelo bom andamento das atividades e pela própria reflexão crítica dos rumos que o projeto SIG toma com o transcorrer do tempo, daí ser fundamental a organização investir na constante atualização e aperfeiçoamento do peopleware, além da preocupação em renovar o hardware, em sofisticar o software e dar manutenção as bases de dados. 4.0. Bases de Dados As bases de dados físicas são compostas por arquivos onde os dados são armazenados; quando às bases de dados são associados programas de gerenciamento, os quais permitem executar rotinas de manutenção e controle, o que resulta são os bancos de dados. Os sistemas de bancos de dados surgiram no início dos anos '60 e tem sido submetidos a profundas mudanças em seus conceitos e tecnologias, de acordo com Korth e Silberschatz (1989). Basicamente, os sistemas de bancos de dados são concebidos para gerenciar grandes quantidades de informação; o gerenciamento dos dados envolve tanto a definição de estruturas para armazenamento como a provisão de mecanismos para manipulação. Aqueles autores afirmam que tais sistemas devem proporcionar a segurança das informações armazenadas no banco de dados, mesmo em casos de queda de energia no sistema ou de tentativa de acessos desautorizados. Se os dados forem compartilhados por diversos usuários, o sistema precisa impedir possível resultados anômalos. Para Korth e Silberschatz (1989), um sistema gerenciador de banco de dados (Data Base Management System, DBMS) consiste numa coleção de dados inter-relacionados e numa coleção de programas que acessam esses dados. Os dados contém as informações concernentes a uma particular empresa. O principal objetivo de uma DBMS é proporcionar um ambiente que seja conveniente e eficiente na recuperação e na inserção de informações no banco de dados. 5.0. Métodos e Procedimentos A fim de que se consiga um maior desempenho do SIG, é necessário definir métodos e procedimentos de entrada, processamento e saída de dados, de tal forma que: os dados inseridos na base de dados atendam aos padrões previamente estabelecidos, que seja evitada a redundância de informações, que o uso dos equipamentos seja otimizado, que a segurança seja garantida, que os trabalhos apresentem organização interna e, principalmente, que os produtos de informação decorrentes do processo sejam condizentes com as necessidades de informação dos usuários. CAPÍTULO 3 SUB-SISTEMAS DO SOFTWARE SIG Um SIG pode ser composto por diversos módulos de software, ou sub- sistemas, dentre os quais daremos destaque aos voltados à: � Coleta, entrada e verificação; � Armazenamento e gerenciamento; � Processamento; � Visualização e apresentação. 1.0. Coleta, Entrada e Verificação Sistemas de Informações Geográficas requerem dois tipos principais de dados, que devem ser considerados separadamente: o primeiro deles refere-se aos dados geográficos (posicionais), necessários para definir onde as feições cartográficas ocorrem; o segundo tipo é composto pelos atributos que registram o que as feições cartográficas representam. Burrough (1989) enfatiza que é esta habilidade de processar as feições cartográficas em termos de seus atributos espaciais e não-espaciais que vem a ser o critério que distingue o SIG (onde os dados não-espaciais podem registrar uso da terra, propriedades, características do solo, tipos de vegetação, etc...) da Cartografia Assistida por Computador (onde os dados não-espaciais se referem à cor, tipo de linha, simbologia, etc...). A coleta de dados para um SIG pode ser efetuada através de levantamentos de campo, mapeamentos com uso de fotografias e imagens, aplicação de questionários, realização de entrevistas , ou mesmo por compilação de dados existentes normalmente em forma analógica. A entrada de dados envolve duas operações distintas: a codificação das informações e a criação de bases de dados. É nesta etapa que os dados capturados através de observações de campo e do uso de sensores, podendo ser apresentados em forma de mapas, minutas de restituição e tabelas, são transformados para uma forma compatível com o computador, com a utilização de dispositivos tais como: mesa digitalizadora, dispositivos de varredura (scanner), teclado, etc... Segundo Burrough (1989), a entrada é feita através: da digitalização dos dados espaciais; da digitação dos atributos associados, que são não-espaciais; e, finalmente, da ligação dos dados espaciais aos não-espaciais. Aquele autor alerta para a necessidade de realizar, em cada estágio, a verificação apropriada dos dados e dos procedimentos de checagem, a fim de assegurar que a base de dados está isenta de quaisquer erros, uma vez que a criação de uma base de dados digitais é a tarefa mais importante e mais complexa de um SIG e sobre a qual reside a utilidade do sistema. Uma vez que ambos os tipos de dados, espaciais e não-espaciais, tenham sido inseridos no sistema, a operação de ligação entre ambos provê uma oportunidade ideal de verificar a qualidade dos dados. 2.0. Armazenamento e Gerenciamento Este sub-sistema se refere à maneira pela qual os dados são estruturados e organizados, tanto com respeito a como estes devem ser manuseados no computador, quanto a como os dados são percebidos pelos usuários do sistema. É importante frisar, como o faz Burrough (1989), que os dados são relativos ao posicionamento, à topologia (relacionamentos) e aos atributos dos elementos geográficos (pontos, linhas e áreas representando os objetos sobre a superfície terrestre). A organização da base de dados é realizada pelo sistema gerenciador de banco de dados (DBMS, Database Management System), que consiste em uma coleção de dados inter- relacionados (Base de Dados) e em uma coleção de programas que acessam tais dados, de acordo com Korth e Silberschatz (1989). O principal objetivo de um sistema gerenciador dessa natureza é o de propiciar um ambiente (conveniente, rápido e eficiente) na recuperação e na inserção de dados. Os DBMS's são responsáveis pelo controle da entrada, armazenamento, saída e recuperação dos dados pertencentes à Base de Dados; no tocante ao armazenamento dos dados, este pode empregar diversos meios (tais como: memória principal, memória em disco, dispositivos de fitas, etc...), e está fortemente condicionado à estrutura dos dados. Burrough (1989) comenta que a forma mais simples de base de dados é uma simples lista de todos os itens; um novo item adicionado à lista é colocado no final desta, a qual se torna cada vez mais longa. Embora seja muito fácil inserir dados em tal estrutura, a recuperação é ineficiente. Outraalternativa mais eficiente que as listas é o uso de arquivos seqüenciais ordenados, que permitem a inserção de novos itens dentre os já existentes, de maneira a facilitar a recuperação posterior. Ambas as formas de arquivos (seqüencial simples e seqüencial ordenada) requerem que os dados sejam recuperados de acordo com um atributo-chave; entretanto, mais especificamente no caso de dados geográficos, os itens individuais não terão apenas um atributo-chave (como um número de identificação ou um nome), mas também outros atributos associados. O acesso aos arquivos de dados originais pode ser acelerado com o emprego de dois tipos de arquivos indexados: direto e invertido. Infelizmente, com isso os dados freqüentemente só podem ser acessados através da chave contida nos arquivos indexados; outras informações só podem ser recuperadas usando métodos de busca seqüencial. Uma vez que a base de dados é composta por dados contidos em muitos arquivos, é necessário adotar algum tipo de estrutura de organização a fim de acessar facilmente os dados em um ou mais arquivos. Há três principais estruturas de base de dados: hierárquica, de rede e relacional. Para Burrough (1989), embora os sistemas hierárquicos tenham a vantagem de serem de fácil compreensão e atualização, a busca da base de dados é restrita às trilhas acima e abaixo dos caminhos taxonômicos. Em muitas situações requer-se uma ligação muito mais rápida, particularmente em estruturas da dados para feições gráficas onde itens adjacentes e, um mapa ou figura precisam ser ligados entre si, muito embora os dados sobre suas coordenadas possam estar escritos em partes bem diferentes da base de dados. Para preencher tal requisito existem os sistemas de rede, que utilizam estrutura de ponteiro, a qual é muito útil para se navegar em torno de estruturas topológicas complexas; porém, para Burrough (1989), embora evitem redundâncias e façam bom uso dos dados disponíveis, apresentam como desvantagem o aumento acentuado da base de dados devido aos ponteiros, que precisam ser atualizados cada vez que uma mudança é introduzida na base. Uma outra estrutura, a relacional, que em sua forma mais simples não apresenta nem ponteiros nem hierarquia, armazena os dados com simples registros (t-uplas), contendo um conjunto ordenado de valores-atributo os quais são agrupados em tabelas bidimensionais, conhecidas como relações (daí a origem da designação da estrutura relacional). Em substituição aos ponteiros (da estrutura em rede) e das chaves (na estrutura hierárquica), há lugar para a redundância de dados em forma de códigos de identificação, que são utilizados como as únicas chaves de identificação dos registros em cada arquivo. Os dados são extraídos da base de dados relacional através de um procedimento no qual o usuário define a relação que é apropriada para a consulta, relação esta que não precisa necessariamente estar presente nos arquivos existentes, então o programa de controle usa os métodos de álgebra relacional para construir as novas tabelas. A vantagem, segundo Burrough (1989), é que as consultas podem ser formuladas usando as regras da lógica booleana e operações matemáticas; permitem que diferentes tipos de dados sejam buscados, combinados e comparados. Dentre as desvantagens, as operações envolvem buscas seqüenciais nos arquivos para encontrar os dados certos que satisfazem as relações especificadas, o que requer um tempo considerável quando se trata de bases de dados volumosas. Rodrigues (1990) observa que as abordagens descritas (hierárquica, de rede e relacional) materializam-se através de programas e arquivos que, em geral, incorporam algumas poucas organizações fundamentais de dados, tais como arquivos seqüenciais, listas, anéis, listas invertidas, etc..., combinadas em estruturas híbridas complexas. Nos últimos anos, com o aumento da utilização de DBMS's, observou-se que estes não são completamente adequados para processar a informação geográfica, o que ensejou o desenvolvimento e aplicação de alternativas, tais como os sistemas orientados a objetos. Para a modelagem de informação geográfica, que apresenta propriedades geométricas e topológicas, há duas abordagens distintas na organização dos dados no computador: a explícita e a implícita. A representação explícita significa que o objeto escolhido é construído a partir de uma série de células em uma matriz (raster), as quais são independentemente endereçados com o valor de um atributo. A representação implícita (vector) faz uso de um conjunto de linhas definidas pelos pontos iniciais e finais (os quais definem vetores) e alguma forma de conectividade, sendo que linhas e áreas são conjuntos de coordenadas interconectadas que podem ser ligadas aos atributos. Houve tempo em que os sistemas eram ou raster ou vector. Atualmente, há sistemas que permitem trabalhar nas duas estruturas de representação ou que oferecem facilidades de conversão entre elas. Em algumas circunstâncias, Burrough (1989) comenta que, pode ser vantajoso ter os dados espaciais apresentados em ambas as formas, matricial e vetorial, particularmente quando dados lineares ou de limites necessitam ser representados por redes conectadas ou desenhados em um estilo particular e os espaços no meio devem ser preenchidos com uma representação matricial de uma certa cor ou simbologia. 3.0. Processamento Teixeira et al (1992) dividem as operações que podem ser realizadas sobre os dados em: pré-processamento e processamento. As funções de pré- processamento permitem modificar os dados como um todo com o objetivo de efetuar: � Mudanças de escala, projeção cartográfica, estrutura (por exemplo, de vetorial para matricial ou vice-versa); � União de bases de dados; � Conversão entre tipos de arquivos, etc... Para aqueles autores, as funções de processamento propriamente dito tem por objetivo extrair informações de acordo com as necessidades do usuário, destacando-se as funções de: � Localização de uma entidade e listagem de seus atributos; � Atualização dos dados; � Cálculo de áreas, perímetro e distâncias; � Posicionamento; � Operações aritméticas; � Cálculos estatísticos; � Classificação entre planos de informação; � Filtragens espaciais, etc... No ponto de vista de Burrough (1989), a este sub-sistema dá-se o nome de transformação, a qual embarca duas classes de operação: primeiro, as funções necessárias para remover erros dos dados ou atualizá-los ou mesmo uni-los a outros conjuntos de dados; segundo, o grande espectro de métodos de análise que pode ser aplicado aos dados a fim de obter respostas às questões solicitadas ao SIG. Dentre as funções que podem ser disponibilizadas em um SIG, destaque especial é dado ao Processamento Digital de Imagens, ou seja, um conjunto de procedimentos relativos à manipulação e análise de imagens, que inclui, de acordo com Quintanilha (1990): � A entrada dos dados digitais; � O realce (manipulação de contraste); � A análise estatística; � A geração de saídas. O principal objetivo do Processamento Digital de Imagens é o de melhorar o aspecto das imagens digitais para o analista humano e fornecer outros subsídios para a sua interpretação, inclusive gerando produtos que possam ser posteriormente submetidos a outros processamentos. Outra função útil para um SIG é a do Processamento Digital de Dados Altimétricos. Para Cintra (1990), ao longo do tempo a automação da Topografia se deu em três estágios: � No primeiro o computador foi empregado como instrumento de cálculo; � Na segunda etapa o computador passou a ser utilizado como gerenciador de dados, desenhista de figuras planas e emissor de relatórios; � Já na terceira fase, o computador tornou-se um auxiliar no projeto e no desenho de elevação (digitalelevation models) que desempenham atividades de desenho de curvas de nível e de perfis, cálculos de áreas e volumes, seções e blocos perspectivos. O uso de equipamentos topográficos e geodésicos, com ênfase para o Sistema de Posicionamento Global (GPS) e as estações totais (total stations), propiciam meios tecnológicos sofisticados para inserção de dados digitais nos SIG's, de forma rápida, eficiente e dinâmica. Durante o Processamento de Dados Geográficos, comumente mostra-se necessário efetuar classificações, reclassificações e agregação de dados. Por classificação entendemos a definição de classe com vistas à redução de variedade, ordenando e simplificando diferenças irrelevantes, inconseqüentes ou aquelas de magnitude intratável. Reclassificação, por sua vez, associa um mesmo valor a células cujos valores são especificados; é semelhante à união de áreas. Agregação forma grupos ou agregados de dados que tem valores similares e que são derivados da análise dos dados originais representando, assim, grupos ditos 'naturais' (ou seja, mais representativos da realidade do que classes hierárquicas impostas de fora). Nos meados da última década, graças aos avanços e conquistas em Sensoriamento Remoto, tornou-se viável realizar uma síntese dos melhores atributos de dados coletados por diferentes sensores, em uma cena ou composição, através de procedimentos digitais que se convencionou chamar de Sinergismo (Martini, 1990). Produtos sinérgicos já estão sendo disponibilizados aos usuários, com custos competitivos e com ganhos em benefícios. 4.0. Visualização e Apresentação Este sub-sistema do SIG diz respeito às maneiras em que os dados são exibidos e os resultados das análises são relacionados aos usuários. Os produtos de informação podem ser apresentados como mapas, tabelas e figuras de variadas maneiras, empregando recursos tecnológicos que vão, desde o monitor de vídeo de alta resolução (mapa virtual), passando pela tradicional mesa plotadora (plotter), pelos dispositivos de saída mais recentes (fotoplotter, laserprinter, thermoprinter), até o emprego de sistemas multimídia para integrar texto, imagem, som e voz, que são armazenados em discos óticos ou mesmo magneto-óticos. Uma vez que o sub-sistema de exibição e apresentação convencionalmente resulta em produtos visuais, nem todos os usuários são beneficiados, em especial aqueles que são desprovidos de visão ou que tem visão residual. Para tal segmento de usuários, uma outra alternativa de apresentação de mapas e gráficos, é possível através do emprego de novas (e não necessariamente avançadas) tecnologias, que permitem gerar mapas táteis e mapas falantes. Um dispositivo audio-tátil denominado NOMAD, desenvolvido por Parks (1994), viabiliza o uso de representações gráficas por portadores de deficiência visual, ou mesmo por turistas em viagens ao exterior. Basicamente, o NOMAD é uma prancheta sensível ao toque conectada a um laptop, a um sintetizador de voz e a uma placa de audio. Um mapa, gráfico ou texto, tátil (em que as feições são representadas em relevo ou com uso de textura) é colocado sobre a prancheta por um operador de visão normal, o qual programa o sistema para o emprego posterior pelo usuário portador de deficiência. Este, ao tatear o mapa sobre a prancheta, além de ler os caracteres escritos em braile, pode também ouvir os topônimos ou mesmo sons ambientes sintetizados dos locais indicados. Consultas simples do tipo "onde fica?", podem ser respondidas pelo sistema NOMAD, que orienta o usuário, emitindo o som de voz digitalizada, indicando-lhe as direções ("para cima", "para direita", etc...) a serem tateadas até que o local desejado seja encontrado. Inúmeras aplicações podem ser decorrentes desta nova tecnologia, que inclusive tem sido empregada por outros pesquisadores, tais como Ishido (1994), que desenvolveu e patenteou uma tinta especial (do tipo puff), que após ter sido colocada sobre uma superfície (papel, em geral) e exposta à uma lâmpada simples por alguns segundos, incha e torna-se sensível ao toque. A grande vantagem é que tal tinta pode ser empregada no sistema de impressão conectado ao FAX/MODEM, de forma a permitir a emissão/recepção de mapas e gráficos à distância. Quando a prancheta do NOMAD é substituída pelo mundo real e a ponta do dedo do usuário é trocada pelos seus pés, caminhando pela superfície terrestre, tendo às suas costas uma mochila contendo uma antena para rastreio GPS, o que resulta é o protótipo apresentado por Golledge et al (1994), em seu sistema de guia pessoal (PGS - Personal Guidance System). O PGS tem permitido ao líder da equipe, que tornou-se cego recentemente, caminhar pelo campus da Universidade sem dificuldade e sem tropeços - literalmente! Como pudemos observar, os diversos sub-sistemas de um SIG devem apresentar uma estruturação adequada a fim de que os objetivos e propósitos sejam atingidos. Desta forma, subjacente ao desenvolvimento e à implantação de um SIG, reside uma filosofia, e mesmo uma ideologia, voltadas, ao mesmo tempo, à integração e ao compartilhamento de atribuições. Acreditamos que o desenvolvimento e a implementação de um sistema de informações deva envolver tanto a geração de processos e produtos, quanto ensejar a capacitação científica e tecnológica da equipe técnica. CAPÍTULO 4 SIG E A CARTOGRAFIA 1.0. Introdução De um ponto de vista técnico, um Sistema de Informações Geográficas (SIG) pode ser definido como um conjunto integrado de hardware e software para a aquisição, armazenamento, estruturação, manipulação, análise e exibição gráfica de dados espacialmente referenciados pelas coordenadas geográficas. Esta definição técnica reflete com exatidão os componentes físicos do SIG e as funções principais que tais sistemas executam, mas peca por não incluir o papel que as pessoas representam no sistema. Pessoas, naturalmente, administram e usam SIG. Realmente, nós vemos que do ponto de vista dos planejadores urbanos e rurais, cientistas ambientais e muitos outros usuários de SIG, tais sistemas são ferramentas para realizar o inventário de dados geográficos, fundir dados de muitas fontes, monitorar e avaliar a condição de nosso ambiente e modelar ou predizer as conseqüências das alterações humanas no ambiente. São necessários ambos os pontos de vista para definir por completo o que um SIG é e entender o crescimento fenomenal do uso de SIG durante a última década. Figura 1: Componentes centrais de um sig – o anel das aplicações e usuários típicos. Um modo útil de organizar os componentes de um SIG é como um núcleo técnico e administrativo cercado por um anel de usuários envolvidos com diferentes aplicações (Figura 1). No coração de qualquer SIG está o hardware, software, bancos de dados e pessoal envolvido na operação, manutenção e administração do próprio sistema. Estes existem para tornar possível e facilitar um número de funções ou atividades que podem ser chamadas componentes do núcleo central do SIG: � Aquisição e armazenamento de dados: definindo os tipos de dados necessários para satisfazer as exigências do usuário e adquirindo estes dados em forma digital, a partir de uma variedade de fontes. Comumente os dados são extraídos de bancos de dados digitais existentes, por digitalização de mapas, conversão analógico-digital com uso de "scanner", aquisição direta por levantamento de campo ou observações científicas. Estes dados devem ser armazenados em dispositivos, tais como: fitas magnéticas, discos rígidos e flexíveis ou CD-ROM; � Estruturação de dados: trazendo os dados digitais obtidos de várias fontes num sistema de coordenadas geográficas comum, em seguida transformando estes dados numa estrutura padrão de dados cartográficos requerida pelo SIG. Fontes de materiaisusados na aquisição de dados digitais invariavelmente estão em escalas diferentes, projeções cartográficas diferentes ou são adquiridas em anos ou épocas diferentes. Estes diversos conjuntos de dados devem ser transformados num mesmo sistema de coordenadas geográficas, como latitude e longitude, ou coordenadas UTM. Estes dados também devem, se possível, ser ajustados ao mesmo nível de generalização e para o mesmo período de tempo, uma vez que um formato geográfico padrão seja alcançado, os dados devem ser transformados em "objetos cartográficos" digitais, como pontos, linhas e limites de polígono. A transformação deve ser feita para preservar as relações topológicas, como adjacência e conectividade. Nós veremos a seguir que isto é feito definindo pontos, como nós, e linhas, como cadeias que inerentemente permitem que sejam formados polígonos fechados, como classes de uso da terra, e redes vinculadas de linhas, como a hidrografia; � Manipulação e análise de dados: medindo, comparando e modelando matematicamente ou estatisticamente os diferentes temas dos dados, de forma que seja gerada a informação geográfica útil que prediga a condição de um ou mais aspectos do ambiente. A maioria dos SIG’s inclui funções cartométricas básicas, como obter comprimento de linha, área da superfície e cálculo de declividade. Técnicas de análise de mapas, como a habilidade para sobrepor digitalmente vários conjunto de dados e extrair áreas que compartilham características comuns, como uso da terra, solo e declividade, são conjunto de partes igualmente essenciais de qualquer SIG. Outras funções de análise importantes incluem a habilidade para determinar qual combinação de feições ambientais recaem dentro de uma determinada distância a partir de um ponto ou linha ou dentro de uma área irregular; � Geração de informação: colocando os resultados das manipulações dos dados e análises em formato cartográfico, tabular ou em um formato de arquivo legível pelo computador. Devem ser concebidos e produzidos mapas que descrevam os resultados de análises de SIG e devem ser exibidos, seja temporariamente em monitores CRT de alta resolução ou permanentemente copiadas usando uma variedade de hardware, que varia dos plotters de caneta às impressoras a laser. Relatórios tabulares de dados analisados são um produto de informação e alguns SIG’s estenderam seu software de geração de relatório tabular para incluir a criação de gráficos e diagramas estatísticos. Além da produção gráfica, mapas digitais e dados tabulares, que são os resultados de manipulações e análises por usuários, podem ser copiados para arquivos digitais e serem lidos no futuro; � Gerenciamento de SIG: instalando hardware, software e bancos de dados; coordenando os usuários dos sistemas; assegurando acesso apropriado e segurança do sistema. Um SIG não pode existir sem uma ou mais pessoas responsáveis pela instalação ou atualização de hardware, software e bancos de dados. Esta responsabilidade se estende à avaliação da qualidade e usabilidade de novas aquisições. Perguntas sobre quem pode usar o sistema, programação de uso do sistema e quanto tempo no sistema cada usuário terá também devem ser solucionadas. Gerenciamento também inclui assegurar que o sistema não pode ser danificado fisicamente ou eletronicamente, que roubo de hardware ou software não aconteça e só os usuários autorizados tenham acesso à certo tipo de informação. 2.0. Componentes do SIG Nós vimos que um verdadeiro SIG inclui software para lidar com a aquisição e armazenamento de dados, criação de banco de dados, manipulação e análise de dados e exibição da informação. Nós examinaremos agora cada um destes componentes do núcleo do SIG e comparando, quando possível, cada um ao componente correspondente de um sistema típico de mapeamento digital. 3.0. Aquisição de dados Aquisição de dados representa um papel muito importante em qualquer SIG ou num sistema de mapeamento digital. Aquisição de dados também tem sido uma atividade onerosa, alguns peritos estimam que mais de três-quartos do custo de operação de um SIG recaem na criação de banco de dados. Este grande investimento financeiro só pode ser compensado por uso repetido do banco de dados. Os dados para um SIG são obtidos de muitas formas, mas a maior parte é proveniente de conjuntos de dados previamente existentes, digitalização de mapas, obtenção direta de dados por levantamento em campo ou por outros métodos ou pela interpolação de dados existentes (Figura 2). Figura 2: Os principais métodos de coleta de dados utilizados em SIG. 4.0. Conjunto de dados existentes A falta de dados geográficos adequados para as aplicações de SIG era um problema nos primeiros sistemas, mas a situação foi radicalmente modificada e nós agora nos deparamos com um grande volume de dados ambientais potencialmente úteis para muitas partes do mundo. Nenhuma listagem de conjunto de dados será sempre completa, mas algumas de importância para a Cartografia e SIG podem ser destacadas. 4.1. Conjunto de Dados em Nível Global � Banco de Dados Mundial II: a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos – CIA - mantém um banco de dados mundial, no formato vetorial (latitude, longitude), que contém arquivos de linhas costeiras, limites nacionais e interestaduais, rios, ilhas, lagos e outras feições geográficas básicas. Embora desenvolvido para as sofisticadas operações de mapeamento computacional da divisão de Cartografia da CIA, versões resumidas dos arquivos completos são uma parte de muitos sistemas de mapeamento e SIG, que rodam em microcomputadores e workstations. � Carta Digital do Mundo (DCW): a Agência de Defesa dos Estados Unidos lançou há pouco, em quatro CD-ROM’s, a Carta Digital do Mundo, que contêm quase dois gigabytes de dados de referência geral. Cartografia digital e SIG se beneficiarão dos dados em formato vetorial das linhas costeiras, limites internacionais e nacionais, lagos e rios, curvas de nível, estradas, ferrovias e outros. Os dados são basicamente as cartas de navegação na escala 1:1.000.000 aeronáuticas, que foram produzidas por outras nações que deram apoio a este projeto. � Base de dados de Informação Global: dados ambientais globais estão sendo reunidos pelo Programa Ambiental das Nações Unidas em uma recentemente estabelecida base de dados de Informação Global. Conjuntos de dados vetoriais, como polígonos que demarcam a área de espécies em extinção, principais tipos de solo e vegetação e dados generalizados similares, úteis em avaliação e monitoramento ambiental, formarão o banco de dados. � Dados de satélite meteorológico: os dados de satélite, em formato raster, têm servido para projetos de mapeamento ambiental, de vegetação e uso da terra. Os cartógrafos e especialistas em SIG têm usado imagens digitais de vários satélites meteorológicos para analisar e mapear a extensão de vegetação, biomassa e informação ecológica. A maioria dos trabalhos está baseada nos dados obtidos pelo satélite NOAA (The United States National Oceanic and Atmospheric Administration) que tem órbita polar e tem a bordo o sensor AVHRR (Advanced Very High Resolution Radiometer) cuja resolução é de 1,1 km2 para o visível, infra-vermelho próximo e infra- vermelho termal. Estes satélites imageiam uma faixa de 2800 Km de largura durante cada órbita , construindo duas imagens globais inteiras a cada dia. 4.2. Conjunto de dados em nível nacional e local � Dados de mapas básicos: organizações governamentais e privadas, em muitos países, estão em fase de criar versões digitais de mapas topográficos em grande escala, para usuários mapeamento digital e de SIG. Estes conjuntos de dados são tipicamente organizados por tipo de feiçãotais como limites políticos, redes de transporte e hidrografia. As curvas de nível digitalizadas também estão disponíveis em alguns casos. Os arquivos de dados separados geralmente cobrem a área do mapa topográfico que foi digitalizado. � Dados de propriedade da terra: cidades e unidades administrativas maiores, em todo o mundo, estão desenvolvendo os Sistemas de Informação Territorial, uma forma de SIG centrada em torno da manutenção do limite de propriedade, propriedade da terra e registros de taxação. Foram criados milhares de arquivos de limite de terra, principalmente pela digitalização de mapas, estes arquivos combinados com os dados de estradas públicas, vias férreas, infra-estrutura, endereçamento postal e serviços de emergência formam o banco de dados necessário para gerenciamento da cidade e planejamento de um SIG. � Dados Censitários: a maioria das nações realiza o censo de população a cada dez anos (ou em algum outro intervalo constante de tempo), que serve como a base para alocar recursos financeiros para cidades, minorias étnicas e outros sub-grupos nacionais e para muitas outras atividades administrativas. Para muitas nações o censo de 1990 foi o primeiro a fazer uso total da tecnologia de mapeamento digital na produção de mapas de referência, para os recenseadores, e na criação de mapas temáticos, que mostram os resultados do censo. Os arquivos de dados criados para estas tarefas são uma fonte principal para usuários de SIG, os dados mais conhecidos de censo digital disponíveis são o da Agência de Censo norte- americana, denominados de TIGER (Topologically Integrated Geographic Encoding and Referencing System). Um tipo de arquivo TIGER contém coordenadas geográficas e informações topológicas para os limites legais e estatísticos, vias férreas, rios, estradas e outras feições, juntamente com o nome de feição e o endereçamento postal para os edifícios dos E.U.A.. Também estão disponíveis os limites de Estados, municípios e distritos censitários, juntamente com os dados do censo para cada um destes níveis de agregação. � Dados do Modelo de Elevação Digital (DEM): um Modelo de Elevação Digital é uma matriz (raster) de duas dimensões que forma uma malha igualmente espaçada de valores cobrindo uma certa área na Terra. A resolução espacial do DEM (espaçamento entre valores ou área da célula do grid) e sistema de coordenadas geográficas variam de acordo com a fonte de dados e método de determinação da elevação. Porém, resoluções espaciais de 10 a 30m estão freqüentemente disponíveis para toda ou parte de uma nação, correspondendo ao tamanho do pixel dos atuais sistemas de satélite de sensoriamento remoto. Dados do DEM são essenciais para geração do relevo sombreado como também para as operações de SIG, tais como cálculo de declividade, aspecto e determinação de visibilidade. � Dados de sensor remoto: os dados dos satélite Landsat, norte-americano, e Spot, francês, são extensamente usados na Cartografia e são uma fonte básica de dados para mapeamento do uso da terra e na geração de mapas topográficos, de pequena e média escala. A resolução multiespectral dos dados é de 80 e 30m para os sistemas sensores MSS (Multispectral Scanner) e TM (Thematic Mapper) do sistema Landsat, respectivamente; também são uma fonte de dados chave para muitos SIG’s, como os obtidos pelo sistema Spot cuja resolução é 10 e 20m para o pancromático e espectral, respectivamente. Recentemente entraram em operação, além dos outros dois sistemas, o Satélite de Observação Marítima Japonês 1 (MOS 1), provendo dados multiespectrais da temperatura da superfície do mar e apresenta um destaque colorido para a região japonesa, e o satélite Indiano (Indian Remote Sensing – IRS), que obtém dados para o próprio sub-continente indiano semelhantes aos dados produzidos pelos sensores MSS e TM do sistema Landsat. A mais recente adição é o satélite de Sensoriamento Remoto Europeu 1 (ERS – 1) o qual coleta imagens do mundo todo empregando radar de abertura sintética com largura de 100 Km incluindo oceanos e calotas polares. Além de dados digitais do satélite, digitalização de fotografia aérea de baixa altitude e imagem de vídeo podem ser incorporadas em análise de SIG. Uma forma muito útil de fotografia digital é a ortofoto digitalizada, a qual apresenta a resolução espacial alta da fotografia aérea e a fidelidade geométrica de mapa de grande escala. 5.0. Digitalização de mapas Os dados cartográficos necessários para o mapeamento digital e projetos de SIG não são freqüentemente encontrados nos mapas e em conjunto de dados existentes, devem ser digitalizados , ou seja, convertidos em formato digital compatível com o sistema de software. Os mesmos métodos de digitalização são usados em ambos os casos, mas o formato final dos dados pode ser diferente. Digitalização de mapas é freqüentemente realizada no modo vetorial, traçando-se manualmente sobre as linhas no mapa, usando um cursor contectado a uma mesa digitalizadora. Visualizar um mapa ou uma imagem no formato matricial (raster) na tela do computador e digitalizar manualmente os segmentos lineares na forma vetorial, usando-se um cursor ("mouse") ou bastão de controle ("joystick"), é um desenvolvimento recente. Nos concentraremos aqui na digitalização por varredurra do mapa analógico, que é, freqüentemente seguido por afinamento de linhas e uma conversão de dados matriciais (raster) para vetoriais (vector). Figura 3: Componentes do digitalizador de varredura e arquivo de dados matriciais criados por varredura. Um digitalizador por varredurra (figura 3) é um tipo de densitômetro, um dispositivo que mede através da intensidade da luz refletida ou transmitida de um pequeno ponto sobre o papel ou filme. Digitalização de mapas é tipicamente realizada usando-se um scanner cilíndrico. O mapa em papel ou fotolito ou folhas separadas é fixado a um tambor (cilíndrico), que gira a uma velocidade angular constante. A luz proveniente de uma fonte de iluminação é focalizada a um minúsculo ponto sobre o mapa em papel ou focalizado e transmitido através do vidro do cilindro do scanner para o negativo. A quantidade de luz refletida do ponto iluminado sobre o papel ou transmitido através de minúsculo ponto sobre o filme é medida por um foto-detector e convertida para um número digital proporcional a sua intensidade medida. Como o tambor gira, a luz refletida ou transmitida é medida em intervalos de tempo muito pequenos, resultando em uma seqüência de números digitais por pixels de tamanhos iguais, ao longo de uma linha varrida. Entre a digitalização de cada linha, a fonte de luz e o detector são avançados a uma distância igual à largura do pixel, de forma que a linha adjacente varrida é digitalizada sem sobreposição à linha anterior. Este processo é repetido até que todo o mapa tenha sido digitalizado. O procedimento de digitalização resulta em uma matriz bi-dimensional muito grande de elementos representando o mapa, uma vez que o tamanho do pixel do scanner e pequeno o bastante para que as finíssimas linhas estejam mais do que a largura do pixel. A maioria do SIG requer que estes dados matriciais (raster) sejam convertidos em vetoriais (vector), definindo-se cada linha. Isto é obtido, classificando-se os pixels primeiro como um tipo de feição linear baseado nos valores digitais de intensidade da luz característicos de cada feição e, então, executando-se o procedimento de afinamento de linhas. Aqui, os pixels das bordas são removidos de uma linha de múltiplos pixels de largura até que somente um pixel permaneça na posição central da linha. As coordenadas geográficas centrais desses pixels são unidas a seguir num banco de dados, para dar a representação vetorial da linha. A conversão matricial (raster) paravetorial (vector) é freqüentemente executada interativamente. O cartógrafo vê os dados matricial (raster) na tela CRT e seleciona cada linha a ser convertida para a forma vetorial. E com uma pequena edição nas linhas formadas incorretamente ou não desejadas, isto permite a conversão seja realizada seletivamente 6.0. Aquisição direta de dados Dados coletados no campo ou interpretados de fotografias aéreas ou outras imagens de sensoriamento remoto podem ser inseridos diretamente num SIG ou banco de dados do sistema de mapeamento digital. Muitos tipos de dados diretos são agora usados, mas dados obtidos por levantamento e fotogrametria têm causado grande impacto na Cartografia e no SIG. � Aquisição de dados por levantamento: instrumentos de levantamento modernos conhecidos como estações totais medem ângulos horizontais e verticais, como também a distância entre o instrumento e um segundo ponto. Quando o instrumento é colocado em cima de um ponto de triangulação ou em outra posição, com coordenadas geográficas e de elevação conhecidas, as coordenadas UTM, ou sistema semelhante, e a elevação do segundo ponto e de pontos adicionais pode ser obtida diretamente pelo instrumento e armazenadas numa forma digital, que poderá ser lida posteriormente num programa de mapeamento digital ou SIG. Aquisição direta semelhante e armazenamento digital de posições horizontais e verticais são possíveis usando o sistema de Posicionamento Global por Satélite (GPS), o Sistema Global de Navegação por satélite (GLONASS), ou os dois em combinação. Em condições simples, estes sistemas de navegação globais estão baseados em vinte ou mais satélites de navegação idênticos colocados em altas altitudes (+ de 17000km), organizados de forma que sinais enviados de quatro ou mais satélites podem ser recebidas simultaneamente em qualquer lugar da Terra (figura 4). A determinação da posição está baseada na triangulação tridimensional. Isto requer que nós saibamos a posição de cada satélite no espaço e possamos medir a distância entre nós e cada um dos quatro satélites no momento. Isto é realizado medindo-se o tempo que o sinal enviado do satélite demora para chegar na nossa estação de recepção, colocada em cima do ponto a ser levantado. Cada sinal do satélite contém informação sobre sua posição no espaço, na hora de transmissão. Figura 4: Sinais recebidos de 4 ou mais satélites de posicionamento global (gps) permitem que a latitude, longitude e elevação sejam determinadas precisamente em qualquer lugar da superfície terrestre. É possível obter exatidão de dezenas de metros com um receptor colocado em cima de um ponto durante várias horas, mas a exatidão centimétrica igual à dos levantamentos geodésicos de primeira ordem é obtida se dois receptores forem usados no modo diferencial. A idéia aqui é colocar um receptor em cima de um ponto de triangulação medido com exatidão e entrar com esta posição conhecida no software do receptor. Isto permite que a posição verdadeira seja computada para ser comparada e para que erros das correções posicionais possam ser aplicados a ambos os receptores. � Aquisição de dados fotogramétricos: localizações de estradas, litorais, rios, lagos, linhas de contorno (curvas de nível) e dados semelhantes obtidos por mensurações fotogramétricas de fotografias aéreas são rotineiramente introduzidos diretamente na Cartografia e em banco de dados do SIG. Os modernos Stereoplotters (Figura 5) permitem aos operadores traçarem as localizações destas características num programa de aquisição de dados cartográficos de maneira semelhante a usar a mesa digitalizadora. As características são codificadas, coloridas e exibidas na tela CRT e, em alguns sistemas, esta imagem eletrônica pode ser sobreposta, pelo operador, em cima da imagem 3D de uma paisagem, permitido observar erros, que podem ser corrigidos com facilidade. Figura 5: Componentes de um estereorestituidor fotogramétrico moderno 7.0. Criação e estruturação de banco de dados Uma vez que os dados para análises do SIG foram adquiridos de várias fontes, uma base de dados geometricamente consistentes e topologicamente estruturados deve ser criada para o conjunto de dados. Obter um conjunto de dados cartográficos geometricamente consistentes, sempre foi um componente chave na compilação de mapas, desde que todos os materiais devam ser trazidos à mesma escala e projeção cartográfica ou sistema de coordenadas. Com mapeamento digital matricial e SIG vem a exigência adicional que todos os pixels sejam do mesmo tamanho e forma e registrados exatamente com os outros dados raster. A retificação geométrica não deverá ser tratada aqui. 8.0. Objetos cartográficos e atributos Dados geográficos para SIG não devem ser só geometricamente retificados, mas também devem ser tratados como objetos cartográficos com atributos. Objetos cartográficos são os componentes geométricos básicos da cartografia e dos bancos de dados do SIG que definem três entidades geométricas fundamentais - pontos, linhas e áreas - que nós usamos para representar as características ambientais. O Comitê Nacional Norte-Americano para Padrões de Dados Cartográficos Digitais (NCDCDS) definiu uma terminologia padrão e definições para objetos cartográficos (Figura 6), incluindo o seguinte: Figura 6: Objetos cartógraficos usados amplamente em SIG. Objetos Vetoriais: � Ponto (Point): um objeto adimensional especificando localização geográfica por um conjunto de coordenadas. � Nó (Node): um objeto adimensional servindo como junção topológica a uma linha ou como ponto extremo (inicial ou final). � Segmento Linear (Line segment): uma linha reta entre dois pontos. � Seqüência Linear (String): uma seqüência de segmentos lineares sem nós. � Cadeia (Chain): uma seguência de segmentos lineares com nó inicial e nó final. � Anel (Ring): uma seguência de cadeias ou seguências lineares que formam uma poligonal fechada. � Poligono (Polygon): um anel e sua área interna. Objetos Matriciais: � Elemento Matricial (Pixel): um elemento bidimensional que é a menor parte não divisível em uma imagem. � Célula do Quadriculado (Grid cell): um objeto bidimensional representado num elemento de uma tesselação regular da superfície. 8.1. Estruturas de dados cartográficos Objetos cartográficos, que descrevem temas de dados (também conhecidos como layers ou camadas de informações), devem ser estruturados dentro do banco de dados do SIG de forma que as análises destes utilizem um ou mais temas, que podem ser executados precisa e eficazmente. Devem ser tratados a localização e atributos dos dados que descrevem cada objeto e estes devem ser estruturados para reterem as relações topológicas de adjacência e conectividade, que existam entre as feições que constituem cada tema. Estrutura de dados raster: Uma superfície tesselar é uma subdivisão de superfícies bi ou tridimensionais em um conjunto de figuras geométricas básicas que cobrem completamente a superfície sem falhas ou sobreposições. Só três formas geométricas regulares - quadrados, triângulos eqüiláteros e hexágonos - darão uma superfície tesselar bidimensional (Figura 7). Quadrados são usados quase exclusivamente em mapeamento digital e SIG, a principal exceção sendo a subdivisão da verdadeira superfície terrestre tridimensional em uma rede triangular irregular (estrutura TIN). A estrutura quadrada é freqüentemente usada por várias razões: a) arranjos bidimensionais que contem dados de SIG, bem como telas eletrônicas de exibição são estruturadas desta maneira; b) localizações das linhas e colunas de dois pixels mostram se eles são adjacentes e conectados e c) os quadrados podem ser subdivididosem 2 x 2, 3 x 3, ... conjuntos de quadrados menores podem ser novamente subdivididos. Esta última característica permite que uma estrutura de dados hierárquica (ou piramidal) seja desenvolvida. Uma possibilidade atraente para os futuros SIG’s é a estrutura de dados hierárquica em árvore quaternária (Figura 8), baseado-se em subdivisões sucessivas das células do grid. A atração consiste em que o tamanho de cela do quadrilatero pode ser emparelhado com tamanho da feição. Grandes áreas homogêneas podem ser representadas através de células grandes, enquanto que uma área pequena pode ser capturada no banco de dados através de subdivisões sucessivas até que uma ou mais células estejam dentro do seu limite. Isto significa que a estrutura quadtree minimiza redundância em dados raster causada pelas grandes variações nas áreas superficiais de feições diferentes. Figura 7: Tessalações de superfícies bidimensionais Figura 8: Estrutura de dados em árvores quaternárias para tesselações de superfície quadrada. Estrutura de dados vetorial: para o simples desenho de mapas numa determinada escala em uma certa projeção de mapa usando um traçador gráfico (plotter), os dados só precisam ter sido estruturados como um conjunto de pontos, seqüências lineares e anéis (Figura 9). Isto é chamada freqüentemente uma estrutura de entidade, porque cada ponto, linha e limite de área é codificado separadamente sem levar em conta as características vizinhas. Uma desvantagem da estrutura de entidade é que todos os limites de áreas interiores têm que acontecer duas vezes no banco de dados e devem ser digitalizadas identicamente de modo a evitar minúsculos buracos e sobreposições ao longo dos limites das linhas. Esta redundância de dados e o fato que as análises do SIG como a operação de sobreposição de mapa requerem informação topológica, torna a estrutura entidade menos ideal para o SIG. Figura 9: Estrutura de dados da entidade para mapeamento computacional simples. A estrutura topológica dos dados vetoriais está baseada em codificar todas as linhas como cadeias, e acrescentando informação e à esquerda e á direita dos polígonos da cadeia do início para o fim do nó (Figura 10). Este informação de conectividade e adjacência permite construir polígonos dos dados de cadeia e também detectar erros automáticos dos dados da linha. Juntado com a eliminação dos dados de linhas redundantes e a habilidade em levar a cabo as complexas análises de SIG, a estrutura topológica de dados vetoriais torna-se possível nos modernos SIG’s. Mapa Digital Arquivo de dados Topológicos Nó Nó Polígono Cadeia Inicial Final À esquerda 1 1 2 0 2 2 3 0 3 3 4 0 4 4 1 0 5 1 5 1 6 5 6 1 7 6 2 1 8 6 7 3 9 5 7 2 o Ponto 1 Polígono 10 4 7 4 � Nó 9 Cadeia 11 7 3 3 Figura 10: Estrutura de dados topológicos para linhas e áreas baseadas em cadeias e topologia de cadeias. Estrutura de dados de atributo:definindo-se os atributos (nomes de classe e características) do ponto, linha e área dos objetos em um arquivo de dados vetoriais só usado para Cartografia Digital é uma simples questão de colocar um código de atributo no começo das coordenadas da seqüência linear, definindo-se cada objeto. Os arquivos raster são até mesmo mais diretos, uma vez que localização seja implicitamente definida e só os atributos dos dados aparecem no arquivo. A sobreposição de dados raster em layers, em análise de SIG é uma simples questão de extrair a informação do atributo na mesma localização do pixel em cada camada de informação. A organização dos atributos dos dados vetoriais para SIG é mais complicado, e uma estrutura de dados relacional é comumente empregada. A estrutura básica é um número de tabelas relacionais (Figura 11) unidas através de uma mesma tabela de entrada. Em uma tabela relacional cada linha é um registro lidando com um tema e cada coluna contém os dados sobre um atributo dos temas. Tabela de Polígonos Tabela de Atributos do uso da Terra em nosso exemplo, duas tabelas relacionais Polígono Área Uso da Terra Uso da Terra Solo Drenagem 1 18,3 RES AGR DA5 Pobre 2 25,7 AGR COM LF2 Razoável 3 9,2 COM RES IL1 Boa 4 104,0 AGR Vinculações ligam os dados de atributo, um diretamente ligado ao polígono no nível de dados, o outro descrevendo um atributo da primeira tabela com maior profundidade Figura 11. Estrutura básica é um número de tabelas relacionais unidas através de uma mesma tabela de entrada. 9.0. Padrões de dados cartográficos digitais A falta de padrões nacionais e mundiais para dados adquiridos previamente e atualmente é o principal obstáculo para o uso e intercâmbio de dados cartográficos digitais em SIG. Várias nações estabeleceram comitês, como o NCDCDS norte-americano, para desenvolverem padrões de dados. Três dimensões principais têm emergido: � Terminologia padrão: as definições dos objetos cartográficos apresentadas acima são parte do padrão norte-americano que também inclui definições padrão para entidades (fenômenos do mundo real) e os atributos e valores dos atributos que os descrevem. Por exemplo, a entidade ponte tem a sua composição de atributo que pode ter o valor do atributo como sendo aço. � Especificação de transferência de dados espaciais: há uma clara necessidade por uma padronização no formato dos dados de maneira que estes sejam facilmente transferidos entre sistemas de mapeamento digital e SIG, em diferentes computadores que usam sistemas operacionais diferentes. A terminologia padrão e definições de entidade-atributos são a primeira exigência, seguida por definições detalhadas de tipos dos dados e campos para os atributos associados com cada entidade. � Especificação da qualidade dos dados: os arquivos de dados deveriam incluir informações detalhadas sobre as suas fontes e a qualidade destas, para que os usuários possam julgar a aptidão destes por uma aplicação particular de SIG. A qualidade da informação dos dados inclui descrições dos materiais fonte convertidos para a forma digital, a data e o método de aquisição dos dados, estimativas do erro médio e de erros extremos de posicionamento, os resultados dos testes para valores válidos, consistência topológica e completitude dos dados. 10.0. Manipulação e análise dos dados Uma diferença fundamental entre a Cartografia Assistida por Computador e o SIG está no modo que os dados geográficos digitais são usados. Nós vimos que os cartógrafos que usam sistemas de mapeamento digital se preocupam com a seleção de arquivos de dados apropriados, a manipulação destes para produzir pontos, linhas e áreas na escala correta na projeção cartográfica requerida e com o design interativo de vários componentes do mapa. Em outros palavras, o enfoque está na compilação, design e construção do mapa, usando o computador como uma ferramenta de construção do mapa. Manipulação e análise de dados do SIG seguem caminhos diferentes, como indicado nos seguintes passos de qualquer projeto de SIG: � Definindo-se o problema ambiental a ser estudado e os tipos de análises gerais dos dados que serão requeridos. Por exemplo, um estudo de perda da terra agrícola devido ao desenvolvimento sub-urbano pode requerer a determinação do uso da terra ao redor de uma cidade, no passado e atual, de forma que as mudanças possam ser analisadas quantitativamente. � Definindo-se os temas dos dados necessários e a seqüência de questionamentos do SIG. Em nosso exemplo agrícola, imagens de satélite registradas ou retificadas geometricamente ou mapa de uso da terra derivados do imageamento podem ser requeridos. Questionamentos no SIG devem incluir o conjunto
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