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Dissolução Parcial nas Sociedades Anônimas

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Centro Universitário de Várzea Grande - UNIVAG 
Dissolução Parcial na Sociedade Anônima
Várzea Grande/MT
2019
Dissolução Parcial na Sociedade Anônima 
Trabalho apresentado à disciplina de Direito Empresarial I, da Faculdade de Direito da UNIVAG – Centro Universitário de Várzea Grande, como parte dos requisitos para obtenção da aprovação na matéria.
Professor 
Várzea Grande/MT
2019
SOCIEDADE ANÔNIMA
Conforme preleciona o art. 1, da Lei n.º 6.404/76, a sociedade anônima é aquela que tem seu capital social divido em ações, cujos sócios têm responsabilidade limitada ao preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.
Em suma, a sociedade anônima apresenta quatro características que a discriminam: trata-se de sociedade eminentemente de capital; de risco limitado; empresarial em sua forma, e sempre assim considerada pelo ordenamento, e acentuadamente hierarquizada.
Com efeito, por se tratar de sociedade eminentemente de capital, interessa o capital aportado e não a pessoa que o trouxe. Assim, por consectário lógico de sua natureza, suas ações são livremente circuláveis, não havendo proibição, como regra, salvo previsão contrária pelo estatuto (art. 36, da Lei n.º 6.404/76). Portanto, nas palavras de Silvio de Salvo Venosa1, “o falecimento de sócio não traz consequências para a sociedade, pois a transmissão da condição de sócio opera-se de pleno direito aos seus herdeiros”.
Assim, o capital social da companhia é dividido em frações iguais representadas por títulos negociáveis denominados de ações, limitando-se a responsabilidade do sócio ao valor que investiu, não atingindo o seu patrimônio pessoal.
Conforme é cediço, a regulamentação das sociedades anônimas é feita pela Lei de Sociedades por Ações (Lei n.º 6.404/76), o diploma legal responsável por disciplinar rigidamente as companhias, é dotado de procedimentos formais para a realização da maioria dos atos.
A Lei das Sociedades Anônimas traça uma estrutura rígida para a exploração da atividade econômica, criando um sistema hierarquizado de poder em seus órgãos sociais, com o intuito de definir a responsabilidade dos administradores com controle eficaz.
CLASSIFICAÇÃO
De acordo com o art. 4, da Lei n.º 6.404/76, a companhia pode ser aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores imobiliários. Somente as companhias registradas na Comissão de Valores Mobiliários – CVM, podem ter seus valores negociados no mercado.
A companhia será aberta sempre que os valores mobiliários que emita estejam admitidos à negociação no mercado de capitais, pela Bolsa de Valores ou Mercado de Balcão. Assim, o capital social é captado junto ao público em geral.
É sobremodo importante destacar que, por captarem seus recursos sem discriminar o potencial do investidor, essa modalidade de companhia submete-se a regras específicas, necessitando de autorização governamental para ser constituída junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Adverte Waldo Fazzio Júnior2 sobre o caráter institucional da companhia aberta, enquanto segmento de política econômica, vinculada ao controle governamental, por oposição ao contratualismo intuitu personae detectado na sociedade anônima fechada, ainda atada à fidelidade e a mútua confiança entre os pares acionistas.
Na linha de raciocínio contrária, a doutrina considera que as companhias fechadas não negociam seus títulos no mercado de capitais, sendo formada por capital obtido pela reunião de sócios, não sendo suas ações ofertadas ao público em geral, possuindo, então, feição personalista, à contrário da companhia aberta.
Com efeito, por não buscarem recursos no mercado de capitais, as companhias fechadas não sofrem tutela estrita; seus interesses são regulados no âmbito interno de sua organização e seu funcionamento é menos complexo quando comparado com as abertas.
Resumidamente, na companhia fechada a autonomia da vontade consagra os interesses privatistas e egoísticos de seus sócios, objetivando primordialmente o lucro pessoal, ao passo que a companhia aberta objetiva outros interesses ligados ao mercado, no qual atua desde a colheita de recursos para a sua constituição até seu autofinanciamento.
POSSIBILIDADE DE DISSOLUÇÃO PARCIAL
Preliminarmente, necessário fazer uma breve análise das causas de dissolução da companhia, previstos na Lei de Sociedade Anônima (Lei n.º 6.404/76).
O art. 206 do referido diploma legal elenca as causas de dissolução. Ocorre extrajudicialmente a dissolução da empresa: (a) pelo término do prazo de duração; (b) nos casos previstos no estatuto; (c) por deliberação da assembleia geral (art. 136, X); (d) pela unipessoabilidade; ou (e) pela extinção de autorização para funcionar.
Judicialmente, a companhia dissolve-se (a) quando anulada sua constituição, em ação proposta por qualquer acionista; (b) quando provado que não pode preencher seu fim, em ação proposta por acionistas que representem 5% do capital social; e (c) em caso de falência.
Administrativamente, a companhia só pode ser dissolvida nos casos em que a autoridade pública, investida do poder de fiscalizar sua atividade, consoante previsão de lei especial, decreta e procede à sua liquidação extrajudicial.
Passemos agora a discutir acerca da possibilidade de dissolução parcial da sociedade anônima.
Antes de adentrar no cerne da questão, é necessário fazer grafar que acerca da dissolução parcial das companhias fechadas não há posição tranquila entre os tribunais. De outro giro, no que tange às companhias abertas, há unanimidade, no sentido de ser incabível a dissolução parcial.
Pois bem, aprofundarmo-nos no tema.
Possibilidade de Dissolução Parcial da Companhia Fechada
Como mencionado, não há unicidade jurisprudencial em relação à discussão, mas passemos adiante, vendo como os Tribunais têm se posicionado quando a celeuma do caso em comento vem à tona.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios já emitiu precedente em situação idêntica, senão vejamos:
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - SOCIEDADE ANÔNIMA - DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE - ALEGADA PERDA DO OBJETO DA SOCIEDADE NÃO VERIFICADA - QUEBRA DA AFFECTIO SOCIETATIS - INSTITUTO QUE SE APLICA EM HIPÓTESES RESTRITAS À SOCIEDADE ANÔNIMA - HIPÓTESE NÃO CONTEMPLADA PELA LEI - REVELIA DA RÉ - CONTESTAÇÃO TEMPESTIVA - RECURSO ADESIVO - MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - FIXAÇÃO DE ACORDO COM A LEI - APELO E RECURSO ADESIVO IMPROVIDOS - UNÂNIME. I - A PAR DA CONTROVÉRSIA SOBRE O TEMA, DEVE PREVALECER O ENTENDIMENTO DE QUE A SOCIEDADE ANÔNIMA, POR SUA NATUREZA JURÍDICA, NÃO AGASALHA A HIPÓTESE DE DISSOLUÇÃO PARCIAL, PORQUANTO ESTA É PRÓPRIA DO TIPO DE SOCIEDADE DE PESSOAS, TAL COMO A SOCIEDADE POR COTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA, A QUAL SE SUBORDINA AO CONTRATO SOCIAL E ADMITE A POSSIBILIDADE DA DISSOLUÇÃO. II - NOTADAMENTE, A LEI DAS SOCIEDADES ANONIMAS PREVÊ FORMAS ESPECÍFICAS DE RETIRADA DO ACIONISTA DISSIDENTE. III - DE OUTRO GIRO, NÃO PREVALECE O ARGUMENTO DE QUE HOUVE A QUEBRA DA AFFECTIO SOCIETATIS PORQUANTO ESSA FIGURA APLICA-SE SOMENTE À COMPANHIA DE SOCIEDADE DE PESSOAS, NÃO CONTEMPLANDO A SOCIEDADE DE CAPITAIS. IV - HÁ CONSTRUÇÃO PRETORIANA ASSIMILANDO A APLICAÇÃO DESSA FIGURA ÀS SOCIEDADES ANÔNIMAS DESDE QUE DE ORIGEM FAMILIAR E, PORTANTO, FECHADAS. V - IN CASU, SEQUER O ALEGADO PREJUÍZO, ISOLADAMENTE, PERMITIRIA CARACTERIZAR A SITUAÇÃO COMO QUEBRA DA AFFECTIO SOCIETATIS. VI - RESSALTE-SE, OUTROSSIM, QUE O INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE NÃO OFENDE O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL MENCIONADO PELA APELANTE, INSERIDO NO ART. 5.º, XX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ATÉ PORQUE A PRÓPRIA LEI A QUE O SÓCIO SE SUBORDINA PREVÊ OUTRAS FORMAS DE RETIRADA DA SOCIEDADE. O QUE NÃO SE PODE ESPERAR É QUE O PODER JUDICIÁRIO DECIDA CONTRA LEGEM APENAS E TÃO-SOMENTE PARA ATENDER AO ANSEIO DO DEMANDANTE. VII - AGIU COM ACERTO, PORTANTO, O IL. MAGISTRADO A QUO, INCLUSIVE NO QUE
CONCERNE À IMPOSSIBILIDADE DE SE DETERMINAR O RECOLHIMENTO RELATIVO A 25% DE SUAS RESPONSABILIDADES PELAS DÍVIDAS TRIBUTÁRIAS ANTES DE SE PROCEDER À LIQUIDAÇÃO DE HAVERES E, AINDA, PORQUE O SÓCIO REMANESCENTE É QUEM DEVE RECEBER A INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL. (...)
(TJ-DF - APC: 20040111095203 DF, Relator: LECIR MANOEL DA LUZ, Data de Julgamento: 02/04/2008, 5ª Turma Cível, Data de Publicação: DJU 28/05/2008 Pág. : 229) (Grifou-se).
Na mesma linha de raciocínio, decidiu o STJ:
Embargos de declaração. Recurso especial. Sociedade anônima. Dissolução parcial. 1. Não há omissão a ser sanada, devendo ser anotado que, expressamente, considerou-se como único fato relevante para afastar a possibilidade de dissolução parcial a existência de uma sociedade anônima. 2. Embargos de declaração rejeitados.
(STJ - EDcl no REsp: 419174 SP 2002/0028418-9, Relator: Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, Data de Julgamento: 03/12/2002, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 24/02/2003 p. 226) (Grifou-se).
Portanto, a posição que resiste à dissolução parcial pauta-se na premissa de que, diante do regime próprio das companhias, não é viável o regime das sociedades limitadas, pois para esse tipo de sociedade a retirada do sócio dissidente é feita mediante a apuração de seus haveres, tendo por base um balanço especial. A solução, segundo essa corrente, será o exercício por parte do acionista do direito de retirada.
Em outro julgado, assim se posicionou o STJ:
DIREITO SOCIETÁRIO E EMPRESARIAL. SOCIEDADE ANÔNIMA DE CAPITAL FECHADO EM QUE PREPONDERA A AFFECTIO SOCIETATIS. DISSOLUÇÃO PARCIAL.EXCLUSÃO DE ACIONISTAS. CONFIGURAÇÃO DE JUSTA CAUSA. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO DIREITO À ESPÉCIE. ART. 257 DO RISTJ E SÚMULA 456 DOSTF. 1. O instituto da dissolução parcial erigiu-se baseado nas sociedades contratuais e personalistas, como alternativa à dissolução total e, portanto, como medida mais consentânea ao princípio da preservação da sociedade e sua função social, contudo a complexa realidade das relações negociais hodiernas potencializa a extensão do referido instituto às sociedades "circunstancialmente" anônimas, ou seja, àquelas que, em virtude de cláusulas estatutárias restritivas à livre circulação das ações, ostentam caráter familiar ou fechado, onde as qualidades pessoais dos sócios adquirem relevância para o desenvolvimento das atividades sociais ("affectio societatis"). (Precedente: EREsp 111.294/PR, Segunda Seção, Rel.Ministro Castro Filho, DJ 10/09/2007) 2. É bem de ver que a dissolução parcial e a exclusão de sócio são fenômenos diversos, cabendo destacar, no caso vertente, o seguinte aspecto: na primeira, pretende o sócio dissidente a sua retirada da sociedade, bastando-lhe a comprovação da quebra da "affectio societatis"; na segunda, a pretensão é de excluir outros sócios, em decorrência de grave inadimplemento dos deveres essenciais, colocando em risco a continuidade da própria atividade social.3. Em outras palavras, a exclusão é medida extrema que visa à eficiência da atividade empresarial, para o que se torna necessário expurgar o sócio que gera prejuízo ou a possibilidade de prejuízo grave ao exercício da empresa, sendo imprescindível a comprovação do justo motivo.4. No caso em julgamento, a sentença, com ampla cognição fático-probatória, consignando a quebra da "bona fides societatis", salientou uma série de fatos tendentes a ensejar a exclusão dos ora recorridos da companhia, (...) 5. Caracterizada a sociedade anônima como fechada e personalista, o que tem o condão de propiciar a sua dissolução parcial – fenômeno até recentemente vinculado às sociedades de pessoas -, é de se entender também pela possibilidade de aplicação das regras atinentes à exclusão de sócios das sociedades regidas pelo Código Civil, máxime diante da previsão contida no art. 1.089 do CC: "A sociedadeanônima rege-se por lei especial, aplicando-se-lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código."6. Superado o juízo de admissibilidade, o recurso especial comporta efeito devolutivo amplo, porquanto cumpre ao Tribunal julgar a causa, aplicando o direito à espécie (art. 257 do RISTJ; Súmula 456do STF). Precedentes.7. Recurso especial provido, restaurando-se integralmente a sentença, inclusive quanto aos ônus sucumbenciais.
(STJ - REsp: 917531 RS 2007/0007392-5, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 17/11/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 01/02/2012) (Grifou-se).
Ou seja, o STJ reconheceu a possibilidade de dissolução parcial de sociedade anônima familiar (e fechada), se ter constatado o desaparecimento superveniente da affectio societatis. Ainda, decorre da característica da sociedade anônima fechada ser constituída intuitu personae.
Não tem sido dissonante o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, senão vejamos:
SOCIEDADE ANÔNIMA FECHADA. DISSOLUÇÃO PARCIAL. ADMISSÃO NA DOUTRINA E NA JURISPRUDÊNCIA. SOCIEDADE INTITUI PERSONAE. PRESERVAÇÃO DA EMPRESA. SOCIEDADE ANÔNIMA. FECHADA. QUEBRA DA AFFECTIO SOCIETAIS. AUSÊNCIA DE OBJETIVA IMPUGNAÇÃO DO RÉU. DECRETO DE DISSOLUÇÃO COM APURAÇÃO DE SEUS HAVERES. PRO LABORE DEVIDO AO SÓCIO/ACIONSITA QUE TRABALHA PELA SOCIEDADE. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO NOS AUTOS. RECURSO DA AUTORA PROVIDO. APELO DO RÉU NÃO PRIVIDO. Sociedade anônima fechada. Dissolução parcial. Possibilidade. Doutrina e jurisprudência favoráveis. Sociedade intuito personae. Sociedade anônima fechada. Exclusão do acionista minoritário. Quebra da affectio societatis. Alegação da autora quanto à perda de confiança. Em que pese a vagueza do argumento, não houve defesa objetiva e definitiva do réu quanto à sua saída da companhia. Pretensão reconvencional apenas quanto ao pagamento de seu pro labore, o que é inviável pela ausência de comprovação de que trabalhou para a sociedade. Procedência do pedido de dissolução parcial da sociedade anônima fechada. Apuração dos haveres do réu em liquidação. Balanço especial. Improcedência da reconvenção. Recurso da autora provido. Apelo do réu não provido.
(TJ-SP 10379194120168260100 SP 1037919-41.2016.8.26.0100, Relator: Carlos Alberto Garbi, Data de Julgamento: 25/09/2017, 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial, Data de Publicação: 27/09/2017) (Grifou-se).
Tal posicionamento parece inclusive ter encontrado guarida no CPC (Lei n. 13.105/2015): “A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter também por objeto a sociedade anônima de capital fechado quando demonstrado, por acionista ou acionistas que representem cinco por cento ou mais do capital social, que não pode preencher o seu fim” (art. 599, § 2º).
Possibilidade de Dissolução Parcial da Companhia Aberta
Quando chamado para discutir acerca desta possibilidade, assim se pronunciou o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE E APURAÇÃO DE HAVERES. SOCIEDADE ANÔNIMA. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. SENTENÇA MANTIDA. PRELIMINAR REJEITADA. Do cerceamento de defesa 1.Afastada a prefacial de cerceamento de defesa, uma vez que os documentos insertos nos autos são suficientes para a solução do litígio, consubstanciada na impossibilidade jurídica do pedido de dissolução parcial de sociedade anônima, as quais são reguladas por lei especial que não dispõe acerca da pretensão formulada na inicial nos moldes propostos. Mérito do recurso em exame 2.O pleito principal de dissolução parcial da sociedade em relação à empresa Sulina S.A. Comércio e Participações, não encontra possibilidade jurídica de ser atendido, de acordo com a regulação desta matéria e doutrina a respeito. 3.A questão discutida não se insere em nenhuma das hipóteses taxativas a que alude o artigo 206 da Lei nº 6.404/76, assim como em decorrência da alegada quebra da affectio societatis, porquanto as sociedades anônimas, em se tratando de sociedades de capitais não são constituídas intuito pesonae, isto é, em função das pessoas de seus sócios. 4.Frise-se que poder-se-ia admitir eventual dissolução parcial caso se tratasse de sociedade anônima fechada de
cunho familiar, consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça, contudo, não se afigura ser esta a hipótese dos autos, a qual se versa de sociedade de capital, cujo patrimônio dos sócios está adstrito as ações que possuem. 5.Assim, no caso em análise, a toda evidência, não restou demonstrado nos autos que a empresa Sulina S.A. Comércio e Participações é uma sociedade intuito pesonae de cunho familiar, tampouco que o affectio societatis é um dos elementos serem observados naquele tipo societário, ônus que se impunha e do qual não se desincumbiu a parte postulante, a teor do que estabelece o artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil. Rejeitada a preliminar suscitada e, no mérito, negado provimento ao apelo. (Apelação Cível Nº 70055700538, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto, Julgado em 30/10/2013)
(TJ-RS - AC: 70055700538 RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto, Data de Julgamento: 30/10/2013, Quinta Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 01/11/2013) (Grifou-se).
Assim, no caso das sociedades anônimas de capital aberto, segundo melhor doutrina e posição jurisprudencial, é vedada a dissolução parcial, notadamente pela hipótese não se inserir no rol taxativo do art. 206, da Lei n.º 6.404/76. Ainda, mister registrar que em se tratando de sociedades de capitais, não são constituídas intuitu personea e sim intuitu pecuniae. Por esta razão, nessas empresas de grande porte, os sócios não tem papel preponderante.
Sem maiores lucubrações, não cabível a dissolução parcial da companhia de capital aberto, notadamente por não haver previsão, precedentes, doutrina ou quaisquer outras fontes acenando positivamente para essa possibilidade.
Referencias 
1 Salvo Venosa, S. (2018). Direito Empresarial (8 ed., Vol. Único, pág. 148). São Paulo, São Paulo: Editora Atlas
2 Fazzio Júnior, Waldo. Manual de direito comercial, 3. ed., p. 234
Lei n.º 6.404/76
Lei n. 13.105/2015

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