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atividade 1 sociedade e comportamentos grupais

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Universidade Potiguar
Escola da Saúde
Departamento de Psicologia
Disciplina: Sociedade e Comportamentos Grupais
Docente: Débora Bianco Lima Garbi
Discente: Bianca Andrade Oliveira
 
ATIVIDADE AVALIATIVA I
Com base nas frases “[...] fatos presentes acabam por ressignificar o passado e, consequentemente, modificar o presente.” Escreve uma breve justificativa de como a psicologia social argumenta a favor da importância do meio para a construção subjetiva do sujeito.
Todos acontecimentos sociais presentes possuem ligação com fatos decorridos no passado, de modo que não é possível analisa-los de maneira isolada, desconsiderando todo o processo histórico envolvido em seu constructo. De forma análoga, para compreender a subjetividade de um sujeito, bem como seu comportamento presente, é preciso levar em consideração toda a sua vida pregressa, o meio onde se insere, os estímulos que recebe, seu lugar social no mundo, pois são diversos os fatores envolvidos na construção do eu.
Se para a psicologia social “o processo histórico é contínuo, mas não linear”, sugere-se que o sujeito está em constante movimento, sendo produto e produtor de seu meio e de sua história. Com base nesta afirmativa, disserte sobre a importância da análise integral do sujeito, conectado com seu tempo e seu espaço.
É correto afirmar que a subjetividade do sujeito tem caráter único, exclusivo, uma vez que é o processo pelo qual algo se torna constitutivo e pertencente ao indivíduo de modo singular. Cada um de nós possui uma subjetividade própria que nos diferencia e aproxima dos demais. Dimensões da vida social perpassam a construção das subjetividades, numa relação dialética onde ao mesmo tempo em que o sujeito é influenciado por ela, também a modifica a medida em que se relaciona com o meio em que vive. Aspectos como gênero, idade, classe social, raça, orientação sexual são fatores relacionados ao tempo e ao espaço onde o sujeito se coloca (mas não só), devendo, portanto, ser considerados na análise do sujeito.
Com base no vídeo “ENTREVISTA: A história da loucura com Guido Palomba” escreva uma breve reflexão, podendo citar exemplos, sobre como a loucura pode ser ora tolerada, ora combatida e ora algo a ser aceito.
Segundo Guido Palomba, a definição médica de loucura é um estado mental onde a realidade material é substituída e vivenciada pela ilusão e fantasia por um sujeito que, por esta razão, é entendido como adoecido mentalmente. No entanto, ao longo da história tivemos diversas concepções a cerca da loucura, que a depender do entendimento a ela dedicado, assumia valores sociais distintos.
Em algum momento da antiguidade medieval, por exemplo, a loucura e o adoecimento mental eram associados a fenômenos sobrenaturais, relacionados com a existência e intervenção de criaturas divinas ou demoníacas. Assim sendo, este assunto era tratado à guisa de valores morais e religiosos e eram esses aspectos que pesavam ao sujeito adoecido. 
Na sua análise histórica, Palomba determina o ano de 1563 como crucial para o rompimento dessa perspectiva mística a cerca da loucura, dada a publicação de “Sobre a ilusão de demônios, feitiços e venenos” de Johann Weyer, que nomeava pela primeira vez uma pessoa acusada de bruxaria como doente mental. No entanto, o rótulo de doente mental também estigmatizou, ao longo da história, os sujeitos que assim foram identificados. É possível verificar a existência de manicômios e outras instituições totais que tinham como objetivo segregar aqueles indivíduos que destoavam da norma social vigente, sendo impedidos não só do convívio comunitário, mas do direito a saúde, educação e ao trabalho.
Do século XVIII em diante, com a intervenção de Phillipe Pinel na abordagem dada ao tratamento das loucuras, o entendimento social sobre elas sofre uma positiva mudança, ainda que não unânime, uma vez que o louco volta a ser visto como um sujeito digno de tratamentos humanizados, diferenciando-os dos criminosos e degenerados.
A década de 1950 traz o advento do psicofármaco e a década de 1990 inaugura do Brasil a reforma psiquiátrica que muda todo o paradigma da assistência à doença mental no país. Tais fatos impactam no entendimento social sobre a loucura, que de certo modo, passa a ser tolerada, ainda que fortemente medicada, mas não mais segregada do meio social.
No entanto, há de se questionar sobre a excessiva medicalização do comportamento, sendo necessária a própria retomada da discussão sobre o que é loucura, que comportamentos são considerados normais em cada tempo histórico e como podemos avançar na intervenção nessa área.
Com base no artigo “O caminho da loucura e a transformação da assistência aos portadores de sofrimento mental” analise como a loucura “ganha” status diferentes ao longo da história e como a reforma psiquiátrica muda o sentido do cuidado com o paciente.
Os primeiros relatos sobre a loucura, ainda na antiguidade clássica grega, assim como no período inquisitorial católico medieval, associam o adoecimento mental com influências externas míticas, sendo creditadas à ação de divindades e/ou demônios. Neste paradigma, o sujeito em sofrimento mental, definido como endemoniado, era tratado pela sociedade como alguém a ser eliminado de seu convívio. Essa perspectiva resistiu a mudanças históricas, como o declínio do poder eclesiástico, a ampliação do mundo ocidental (com as cruzadas e descobrimentos do Novo Mundo), de modo que por muito tempo, a loucura foi tratada como mal a ser destruído, havendo inclusive registros sobre embarcações onde os loucos eram jogados a fim de sumir na imensidão do mar, além da vasta existência de leprosários e manicômios.
À época do Renascimento, afastando-se um pouco da concepção religiosa sobre o tema, a loucura passa a ser analisada pelo viés moral, sendo lido como louco todo sujeito cujo comportamento se mostra incompatível com os valores sociais vigentes. O louco passa a ser então o degenerado, o pervertido, o sujeito incapaz de racionalizar, sem virtudes e sem razão.
A mudança no entendimento e, consequentemente, na abordagem e tratamento a cerca da loucura só acontece em meados de 1780 quando o médico Phillipe Pinel implanta nos asilos de Bicêtre e Salpêtrière, na França, uma nova maneira de lidar com pacientes em sofrimento mental. Objetivando a libertação desses sujeitos de volta ao convívio social, nestes espaços, Pinel ofertou a eles um tratamento humanizado, baseado no respeito à dignidade humana. Analisando comportamentos dos internos, Pinel concluiu que a loucura era fruto das tensões sociais e psicológicas as quais eram expostos, considerando ainda a possibilidade de existirem causas hereditárias ou, ainda, originadas de acidentes físicos (sobretudo traumas cranianos).
No entanto, a mera liberação dos doentes mentais não garantia sua integração à sociedade, tampouco lhes auxiliava na relação com a própria condição. De modo que, se mostrou necessária a busca por formas de tratamento que fugissem da lógica violenta e de internação, mas que possibilitasse aos sujeitos a melhora na qualidade de vida e que lhes devolvessem alguma funcionalidade, a fim de assegurar sua real inclusão no meio social.
Desta forma, após longo e conturbado caminho, a loucura passa a ser entendida como algo que difere dos padrões culturais e que, ainda assim, pode ter função na sociedade e na cultura. Sendo o doente mental um sujeito que goza de direitos de cidadania assim como todos os outros, devendo ser tratado de maneira igual na sua diferença, o que significa que a sociedade deve garantir-lhe assistência humanizada e qualificada, mas não apenas isso, sendo incentivada a discutir toda a lógica sobre normalidade e loucura, mantendo esse diálogo continuamente aberto em todos as esferas sociais.

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