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Bioetanol de cana

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Disciplina de Fontes de Energia
Professor Carlos Danilo Sanchez Chacon
Alunos
Douglas Samuel Braga Andelieri
João Danilo Biffi Pereira
Larissa Marin
O BIOETANOL A PARTIR DA CANA DE AÇÚCAR
Caxias do Sul, Julho 2014.
Resumo
A crescente necessidade de ampliar de modo sustentável o uso de fontes renováveis de energia, para proporcionar maior segurança ao suprimento energético e reduzir os impactos ambientais associados aos combustíveis fósseis, encontra no bioetanol de cana-de-açúcar uma alternativa viável economicamente e com significativo potencial de expansão. A produção e o uso de bioetanol como combustível, são realizados no Brasil desde 1931, com notável evolução nas últimas décadas, alcançando maturidade e consistência, seguindo um modelo produtivo que pode ser adaptado e implementado em vários países. Por meio do bioetanol e de outros derivados, a cana-de-açúcar representa atualmente a segunda mais importante fonte primária e a principal forma de energia renovável na matriz energética brasileira. Desta forma, este artigo apresenta, sob vários pontos de vista, as características desse biocombustível e sua produção, mostrando a experiência brasileira e uma visão do futuro. No contexto serão ressaltadas todas as vantagens desse combustível de fonte renovável, que com o passar do tempo se torna mais comum no Brasil e no mundo.
Palavras-chave: Bioetanol; Cana-de-açúcar; Combustível.
Introdução
Desde a época da colonização a cana-de-açúcar é um dos principais produtos agrícolas cultivados no Brasil, em seu processo de industrialização obtém como produtos o açúcar, nos seus mais variados tipos, o álcool, (anidro e hidratado) que hoje é tido como principal produto derivado da cana. Além do uso da cana-de-açúcar como combustível na forma de etanol, outra possibilidade explorada é o uso da biomassa proveniente do bagaço de cana. Desde a sua implantação, as indústrias do setor sucroalcooleiro desenvolveram instalações próprias de geração elétrica, face ao aumento da demanda de energia elétrica, e aos custos elevados de produção, adotaram sistemas de geração, em processo de co-geração, ajustando às necessidades do processamento industrial da cana de açúcar, utilizando o bagaço, já que a produção de bagaço é muito elevada (aproximadamente 30% da cana moída). Hoje o Brasil é o maior produtor de cana de açúcar do mundo, matéria prima do bioetanol.
A história do Bioetanol no Brasil
Desde o início do século XX, o Brasil já usava o álcool extraído da cana-de-açúcar para fins energéticos. Em 1931, o etanol de cana passou a ser oficialmente misturado à gasolina, até então importada. No entanto, foi apenas em 1975, com a crise mundial de petróleo que foi lançado o Programa Nacional do Álcool – PROÁLCOOL, depois substituído pelo PROETANOL-, onde o governo criou as condições necessárias para que o país surgisse na vanguarda do uso de biocombustíveis.
O Brasil apresentava diversos pré – requisitos para assumir esse pioneirismo, possuía um expressivo setor açucareiro e usinas com alta capacidade ociosa além de também ter tido a implantação de diversas destilarias de etanol em todo o Brasil, visando o uso alternativo deste combustível em substituição ao petróleo e seus derivados, pois as altas no preço do petróleo colocavam em risco o abastecimento interno. O governo brasileiro passou a investir grandes quantias no cultivo da cana-de-açúcar a fim de se obter o etanol a partir da fermentação da sacarose. Com isso, a indústria açucareira se viu beneficiada devido a investimentos na modernização dos engenhos, compra de novos equipamentos, melhoria do processo, etc.
Essa substituição foi motivada, de um lado, pelo primeiro choque do petróleo, ocorrido em 1973 devido à elevação dos preços internacionais, provocada pelo começo do conflito árabe-israelense.
Coincidentemente, o setor sucroalcooleiro vivia uma grave crise, enquanto os preços do açúcar estavam livres. Os dois fatos abriram espaço para a discussão de fontes alternativas de energia, especialmente o uso do etanol combustível. Na ocasião, o Brasil importava em torno de 70% do petróleo que consumia. Essa dependência externa comprometia o saldo no balanço de pagamentos e o próprio desenvolvimento do país. Em 1979 aconteceu o segundo choque do petróleo, devido à guerra, agora concretizada entre Irã e Iraque. Esse fato deu novo impulso ao combustível. O Proetanol concentrou-se, em sua primeira fase, na produção de etanol anidro em destilarias anexas às usinas, para que fosse posteriormente misturado à gasolina.
 Somente a partir de 1980, com o segundo choque do petróleo, é que a produção nacional ganhou maiores dimensões. O programa começou a contar com novos estímulos oferecidos pelo governo, para impulsionar a frota veicular. Nessa fase, o Proetanol assume novas características, produzindo de forma predominante, nas chamadas destilarias autônomas, o etanol hidratado, que era usado diretamente nos motores projetados ou adaptados para tal finalidade. Na década de 1980, o Proetanol dá um salto e consolida-se com o explosivo aumento da frota de veículos movidos a etanol hidratado. O governo decidiu também pela adição de 22% de etanol anidro à gasolina. Dados oficiais do governo confirmam que, em 1986, os carros a etanol eram responsáveis por 96% dos veículos comercializados no país.
 A cana-de-açúcar tem o mais alto retorno para os agricultores por hectare plantado. O custo de produção do açúcar no país é baixo (inferior a US$ 200/toneladas6), podendo dessa maneira competir no mercado internacional. Tal mercado é, entretanto, volátil e apresenta grandes oscilações de preços.
Nem o governo nem o setor produtivo estavam, a rigor, preparados para tamanha dimensão do programa. Alguns fatores fugiram ao controle, especialmente os de ordem conjuntural. Os preços do petróleo começaram a declinar, criando uma falsa ilusão de que a crise estava superada. Por outro lado, os preços do açúcar tornaram-se mais atrativos no mercado internacional, enquanto as montadoras passaram a direcionar sua produção para os carros a gasolina.
Em 1990, houve uma queda acentuada na fabricação de veículos a etanol, que passaram a representar 13% da frota do país. A produção caiu vertiginosamente, a tal ponto que os carros a etanol passaram a ser produzidos apenas sob encomenda. No final da década de 90 existia uma frota remanescente de pouco mais de 4 milhões de veículos movidos a etanol, mas grande parte dela encontra-se sucateada nos dias de hoje.
Trinta anos depois do início do Proálcool, o Brasil vive agora uma nova expansão dos canaviais com o objetivo de oferecer, em grande escala, o combustível alternativo. O plantio avança além das áreas tradicionais, do interior paulista e do Nordeste, e espalha-se pelos cerrados. A nova escalada não é um movimento comandado pelo governo, como a ocorrida no final da década de 70, quando o Brasil encontrou no álcool a solução para enfrentar o aumento abrupto dos preços do petróleo que importava. A corrida para ampliar unidades e construir novas usinas é movida por decisões da iniciativa privada, convicta de que o álcool terá, a partir de agora, um papel cada vez mais importante como combustível, no Brasil e no mundo.
Hoje o Brasil é o maior produtor de cana de açúcar do mundo com uma área cultivada, na safra 2005/06, de 5.887.200 ha e produção de 436.781.200 t de matéria prima.  Um novo impulso à produção de etanol iniciou em meados de 2003, com o lançamento no mercado dos carros flex-fuel (bicombustíveis), que permitem que o carro seja abastecido com etanol ou gasolina ou a mistura de ambos em qualquer proporção. 
Aplicações do Bioetanol
Co-produtos do bioetanol de cana-de-açúcar
Além do bioetanol, a agroindústria de cana-de-açúcar produz uma gama crescente de outros produtos de uso final e matérias-primas intermediárias, que ampliam seu significado econômico e permitem, mediante sinergias interessantes, agregar valor ao processo
como um todo. Entre esses produtos, destacam-se, naturalmente, o açúcar (na verdade, o produto pioneiro e tradicional dessa indústria) e, nos últimos anos, a energia elétrica, produzida em sistemas de co-geração há décadas ecuja produção está sendo incrementada visando à geração de excedentes para a rede pública, com crescente importância no resultado econômico da agroindústria e na oferta global de eletricidade em muitos países, como o Brasil. Neste capítulo, comenta-se o processo de fabricação dos outros produtos da cana que já apresentam mercado e tecnologia desenvolvida, reservando-se para o próximo capítulo a análise das novas possibilidades ainda em desenvolvimento ou em estágio inicial de comercialização.
A necessidade de reduzir a dependência da utilização de petróleo, fonte de energia não renovável e de origem fóssil, impulsionou estudos voltados para o desenvolvimento de novas alternativas na produção de combustíveis, como o etanol, que se tornou uma opção eficaz por ser uma fonte renovável originada de produtos vegetais.
O bioetanol é um combustível obtido por meio da fermentação controlada e da destilação de resíduos vegetais, passando por um processo físico-químico até se transformar em combustível.
A utilização do bioetanol é extremamente vantajosa, pois a matéria-prima utilizada na fabricação dessa substância é renovável. Outro aspecto positivo se refere à emissão de gases poluentes, visto que a queima desse combustível não é tão agressiva ao meio ambiente quanto a da gasolina, contribuindo assim, para a redução de CO2, grande responsável por intensificar o efeito estufa.
É importante destacar que o bioetanol é internacionalmente reconhecido por ser uma fonte de energia natural, limpa, renovável, sustentável e mais democrática do que os combustíveis fósseis.
Cana-de-açúcar
A crescente necessidade de ampliar de modo sustentável o uso de fontes renováveis de energia, para proporcionar maior segurança ao suprimento energético e reduzir os impactos ambientais associados aos combustíveis fósseis, encontra no bioetanol de cana-de-açúcar uma alternativa viável economicamente e com significativo potencial de expansão.
Por meio do bioetanol e de outros derivados, a cana-de-açúcar representa atualmente a segunda mais importante fonte primária e a principal forma de energia renovável na matriz energética brasileira.
O etanol a partir da cana-de-açúcar é gerado de um processo economicamente viável, em que não há muitas complexidades em suas etapas de produção. Este é produzido em uma larga escala em níveis industriais, sendo uma ótima alternativa para a substituição dos combustíveis fósseis, além de os resíduos gerados em sua obtenção serem todos reaproveitáveis.
O Brasil tem tradição na produção de bioetanol e possui uma vasta área onde pode ser cultivada a cana-de-açúcar, tendo considerável capital intelectual oriundo da tecnologia desenvolvida, que surigu com o Proálcool, programa que visava substituição dos combustíveis derivados do petróleo, iniciado na década de 1970.
Bioetanol Definições
 “O bioetanol é um combustível obtido através da fermentação controlada e da destilação de resíduos vegetais, como o bagaço da cana-de-açúcar, a beterraba, trigo ou o milho. Todos esses produtos passam por processos físico-químicos (deslignificação, fermentação, destilação, etc.) até se transformarem em combustíveis.“
De acordo com a cartilha do “Etanol Verde”:
“O etanol (nome técnico do álcool etílico combustível) pode ser produzido a partir de várias matérias-primas, como milho, trigo, beterraba e cana de açúcar. Trata-se de uma fonte de energia natural, limpa, renovável, sustentável e mais democrática do que os combustíveis fósseis.”
É possível perceber, através das citações apresentadas, que o bioetanol é um combustível gerado a partir de fonte renovável, pois é obtido a partir da matéria-prima vegetal, tornando-se assim, uma produção ecologicamente correta. O etanol é conhecido também como, álcool etílico (CH3CH2OH ou C2H5OH), e é chamado de bioetanol, pois sua produção é feita a partir da matéria orgânica, como o milho, a soja e principalmente a cana de açúcar, como ocorre no Brasil.
Processo de Obtenção do Bioetanol
Extração:
A extração do caldo da cana consiste no processo físico de separação da fibra (bagaço), sendo feito, fundamentalmente, por meio de dois processos: moagem ou difusão.
Moagem:
Na extração por moagem, a separação é feita por pressão mecânica dos rolos da moenda sobre o colchão de cana desfibrada.
A cana intensamente picada e desfibrada chega às moendas por meio de um alimentador vertical. Cada conjunto de rolos de moenda, montados numa estrutura denominada castelo, constitui um terno de moenda. O número de ternos utilizados no processo de moagem varia de quatro a seis, e cada um deles é formado por três cilindros principais, denominados cilindro de entrada, cilindro superior e cilindro de saída.
A cana desfibrada chega à primeira moenda, onde recebe a primeira compressão entre o cilindro anterior e superior e uma segunda compressão entre o cilindro posterior e o superior. Tem-se, pois, um caldo conhecido como primário. O bagaçoresultante segue pela esteira intermediária para o segundo terno de moagem, recebendo novamente duas pressões, como mencionado anteriormente. Os esmagamentos se sucedem para os ternos seguintes. O bagaço final sai com umidade em torno de 50% e segue para as caldeiras onde se produz vapor, que será consumido em todo o processamento e no acionamento das próprias moendas.
Durante a passagem do bagaço de uma moenda para outra, realiza-se a embebição, ou seja, a adição de água ou caldo diluído, com a finalidade de se aumentar a extração de sacarose.
O processo de moagem possui uma taxa média de 96-97% de extração do caldo.
Difusão:
A difusão consiste no processo em que a sacarose adsorvida ao material fibroso seja diluída e removida por lixiviação ou lavagem num processo de contra-corrente. Visando reduzir a quantidade de água necessária, é feita uma operação de retorno do caldo diluído extraído. Assim, ao final da operação, quando o bagaço se apresenta exaurido ao máximo, faz-se a lavagem com água fresca. O líquido obtido dessa lavagem, contendo alguma sacarose que se conseguiu extrair do bagaço, é usado na lavagem anterior por ser um pouco mais rico e, assim sucessivamente.
Com a utilização de difusores obtém-se eficiência de extração da ordem de 98%, além de apresentar: baixo custo de manutenção; baixo consumo de energia; obtenção de caldos mais puros; alta extração de sacarose; menor desgaste. A desvantagem do uso de difusores é que estes carregam mais impurezas com o bagaço para as caldeiras.
Tratamento do Caldo
Considera-se que alavagem da cana é responsável pela remoção de grande parte das impurezas grosseiras.O tratamento do caldo para produção de álcool envolve: peneiramento, calagem, aquecimento, decantação, concentração e resfriamento.
Peneiramento
Visa a redução das partículas leves (bagacilho) e pesadas (areia, terra etc). Os equipamentos utilizados são peneiras e hidrociclones, os quais conseguem eficiência de 70 a 85%, dependendo do teor de sólidos na alimentação, condições de operação, abertura de telas etc. As principais vantagens de sua utilização são, sobretudo, a redução de entupimento e de desgastes em outros equipamentos, válvulas e bombas.
Caleação
 O tratamento de caldo com leite de cal não somente provoca a floculação e favorece a decantação das impurezas. Em relação ao pH a ser alcançado,  quanto mais se aproxima de sete, maior é a remoção de nutrientes do caldo e o excesso de cal pode afetar o crescimento da levedura em cultura. O pH do caldo decantado é ideal quando atinge a faixa entre 5,6 e 5,8, pois não provoca remoção significativa de nutrientes e diminui a ação corrosiva do caldo sobre os equipamentos, além de favorecer a redução do número de microrganismos contaminantes.
Aquecimento
 O aquecimento consiste em elevar a temperatura do caldo
entre 103 e 105º C (Celsius). O aquecimento em si pouco reduz a contaminação microbiana devido ao baixo tempo de residência à elevada temperatura. Para aquecer o caldo, utiliza-se normalmente aquecedores verticais, horizontais, tubulares.
Decantação
Separação por meio da gravidade das impurezas sólidas presente no caldo, com mínima remoção de nutrientes.
Concentração do Caldo
 A concentração do caldo para produção e armazenamento de xarope é uma das operações de tratamento que serve como estratégia tanto para a elevação do teor de açúcar total do mosto, com conseqüente aumento do teor alcoólico, quanto para se garantir a continuidade do processo fermentativo em paradas de moagem.
Resfriamento
 A temperatura do caldo que alimenta a dorna é um fator importante no rendimento da fermentação. O sistema de resfriamento de dorna é projetado para manter a temperatura de fermentação e não para resfriar o caldo. Portanto, o caldo proveniente do tratamento deve ser resfriado a temperaturas convenientes por um equipamento adicional antes de ser direcionado à alimentação das dornas.
Fermentação
 A transformação da matéria-prima em álcool é efetuada por microrganismos, usualmente leveduras da espécie Saccharomyces cereviseae, por meio da fermentação alcoólica.
 As leveduras utilizadas na indústria do álcool devem apresentar certas características, como: velocidade de fermentação; tolerância ao álcool; rendimento; resistência e estabilidade. A velocidade de fermentação é determinada pela quantidade de açúcar fermentado por uma quantidade de leveduras durante certo tempo.
O ganho em produtividade por meio de fermentações rápidas aumenta a produção diária e reduz, conseqüentemente, o custo de produção e o risco de contaminação por microrganismos prejudiciais. O rendimento, ou seja, a relação entre açúcar consumido e álcool produzido, deve ser elevado, sendo essa condição essencial para uma levedura industrial.
Destilação
 Para separar o álcool dos demais componentes do vinho, empregam-se várias destilações especiais, que são baseadas na diferença do ponto de ebulição das substâncias voláteis. A primeira operação de destilação é a purificação do vinho (também chamada de depuração), com a eliminação parcial de impurezas (compostos) como aldeídos e ésteres. Esta operação é realizada na coluna de depuração, de onde resultam o vinho depurado e uma fração denominada álcool bruto, de segunda.
O vinho depurado é, em seguida, submetido a uma nova destilação, em uma coluna de destilação ou de esgotamento, de onde resultam duas frações: o flegma - produto principal da destilação constituído por uma mistura impura de água e álcool - e a vinhaça - resíduo aquoso de destilação do vinho, no qual se acumulam as substâncias fixas do vinho e parte das voláteis.
O flegma é, então, submetido à operação de retificação para separação dos álcoois superiores e concentração do destilado até o grau alcoólico do álcool hidratado (97%). Para o álcool hidratado ser concentrado a álcool anidro, é necessária uma etapa de desidratação, realizada por destilação com agente desidratador (ciclohexano) ou por peneira molecular.
A vinhaça (vinhoto), é caracterizada como efluente de destilarias com alto poder poluente e alto valor fertilizante, é um dos grandes problemas da produção de bioetanol, pois para cada litro de álcool produzido, 12 litros devinhoto são deixados como resíduo. No entanto, pode, ser aproveitada como fertilizante ou na produção de biogás.
O Bioetanol no Brasil
Segundo a cartilha “Bioetanol de cana-de-açúcar” do site bioetanoldecana.org, temos que:
 “No desenvolvimento histórico do uso de bioetanol como combustível no Brasil, intervieram visionários e técnicos dedicados, ao mesmo tempo em que se estabeleceu aos poucos uma base legal e institucional que permitiu a esse biocombustível tornar-se um componente regular da matriz energética brasileira. Em 1931, com base nos bons resultados de testes de campo de veículos utilizando bioetanol e com o objetivo de reduzir os impactos da total dependência de combustíveis derivados de petróleo, bem como de utilizar os excedentes de produção da indústria açucareira, determinou-se a mistura compulsória de, no mínimo, 5% de bioetanol anidro à gasolina. Em 1975, sob os efeitos do primeiro choque do petróleo, foi criado o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), com metas de produção (3 bilhões de litros de bioetanol em 1980) e incentivos para expandir a produção e o uso de bioetanol combustível, inicialmente incrementando-se a adição de bioetanol anidro à gasolina. Com o recrudescimento da crise do petróleo em 1979, o Proálcool foi intensificado e estimulou-se o uso de bioetanol hidratado em motores adaptados ou especificamente produzidos para o emprego desse biocombustível.
Em síntese, o conjunto de incentivos adotados pelo Proálcool nessa época, que se mostrou efetivamente capaz de motivar os agentes econômicos, incluía os seguintes pontos: 
- Definição de níveis mínimos mais elevados no teor de bioetanol anidro na gasolina, que foram, progressivamente, elevados até atingirem 25%;
- Garantia de um preço ao consumidor para o bioetanol hidratado menor do que o preço da gasolina (nessa época, os preços dos combustíveis, ao longo de toda a cadeia produtiva, eram determinados pelo governo federal);
- Garantia de remuneração competitiva para o produtor de bioetanol, mesmo frente a preços internacionais mais atrativos para o açúcar do que para o bioetanol (subsídio de competitividade);
- Abertura de linhas de crédito com empréstimos em condições favoráveis para os usineiros incrementarem sua capacidade de produção;
- Redução dos impostos (na venda de carros novos e no licenciamento anual) para os veículos a bioetanol hidratado.
A partir de 2003, com o advento dos carros flexíveis e sua grande aceitação pelos consumidores, retomou-se o crescimento do consumo do bioetanol hidratado no mercado interno, abrindo-se novas perspectivas para a expansão da agroindústria da cana no Brasil. Desde então, a agroindústria canavieira brasileira tem se expandido a taxas elevadas.
Atualmente, a cana ocupa cerca de 9% da superfície agrícola do país e é a terceira cultura mais importante em superfície ocupada, depois da soja e do milho. A região produtora de maior destaque é a do Centro-Sul-Sudeste, que concentra mais de 85% da produção, com cerca de 60% no Estado de São Paulo.
O sistema de produção envolve mais de 330 usinas, com capacidade entre 600 mil e 7 milhões de toneladas de cana processada por ano. Do ponto de vista doperfil de produção, as usinas brasileiras podem se classificadas em três tipos de instalações:
- As usinas de açúcar, que produzem exclusivamente açúcar;
- As usinas de açúcar com destilarias anexas, que produzem açúcar e bioetanol (cerca de 60% do total);
- As instalações que produzem exclusivamente bioetanol, ou destilarias autônomas (cerca de 35%).
 As usinas brasileiras trabalham, em média, com 80% da cana proveniente de terras próprias e arrendadas ou de acionistas e companhias agrícolas com alguma vinculação às usinas. Os 20% restantes são fornecidos por cerca de 60 mil produtores independentes, a maioria utilizando menos de dois módulos agrícolas.
É importante observar que a expansão da produção de bioetanol e açúcar nas últimas décadas ocorreu não apenas com o aumento da área cultivada, mas também com expressivos ganhos de produtividade nas fases agrícola e industrial, e resultaram em uma taxa de crescimento anual de 3,1% na produção de bioetanol por hectare cultivado, ao longo de 32 anos. Graças a esses ganhos de produtividade, a área atualmente dedicada à cultura da cana para produção de bioetanol é 38% da área que seria requerida considerando a produção atual e a produtividade agroindustrial observada no início do Proálcool, em 1975. Esse notável ganho de produtividade foi conseguido essencialmente
mediante a contínua incorporação de novas tecnologias. Como conseqüência direta da evolução da produtividade, observou-se uma progressiva redução dos custos, configurando um processo de aprendizagem e consolidação similar ao apresentado por outras tecnologias energéticas inovadoras.
Visão do futuro
Expansão
Em cartilha “Bioetanol de cana-de-açúcar” do site bioetanoldecana.org, temos que:
“Especialmente apta para o suprimento de combustíveis veiculares, a energia solar na forma de bioetanol, produzido com eficiência e sustentabilidade, destaca-se entre todas as energias renováveis disponíveis e é capaz de atender às urgentes demandas para redução das emissões de gases de efeito estufa, melhorar a qualidade do ar nas metrópoles e competir em preço com as energias convencionais. Além disso, essa rota pode proporcionar uma nova dinâmica agroindustrial para os países tropicais com disponibilidade de terras e disposição para superar esquemas energéticos concentrados e ambientalmente problemáticos, conferindo segurança energética e trazendo novas perspectivas de crescimento econômico.”
A utilização do bioetanol de forma geral possui diversos pontos positivos, e essa tecnologia tende a se expandir, tornando-se uma fonte energética mais limpa, de alto potencial e segurança, sem contar o crescimento econômico que esta pode proporcionar.
 “A experiência brasileira nesse campo pode e deve ser uma referência para outros países. São muitos os países em condições de promover a produção e o uso de bioetanol de cana-de-açúcar, adaptando o exemplo do Brasil a suas características. Esses países, no entanto, ainda precisam de estudos e avaliações mais detalhadas, para a adequada formulação e a implantação de programas para a produção [...].”
Tendo como base a experiência de décadas noBrasil, podem ser destacados os seguintes pontos de acordo com a cartilha “Bioetanol de cana-de-açúcar”:
“1. O bioetanol pode ser utilizado em motores veiculares, puro ou em misturas com gasolina [...].”
O uso do bioetanol traz bom desempenho, empregando praticamente o mesmo sistema de distribuição e armazenamento existente para a gasolina. Se adicionados até 10% de bioetanol na gasolina, os efeitos são quase imperceptíveis, podendo assim, a mistura ser utilizada em motores à gasolina sem qualquer modificação.
“2. O bioetanol de cana-de-açúcar é produzido com elevada eficiência na captação e na conversão de energia solar [...].” 
A produtividade agroindustrial no bioetanol é bastante superior à dos demais biocombustíveis, alcançando próximos à 8mil litros por hectare e com excedentes de interesse energético, como o bagaço e a palha.
“3. O bioetanol de cana-de-açúcar, produzido nas condições brasileiras, mostra-se competitivo com o petróleo ao redor de US$ 50 o barril [...].”
Além disso, o custo de produção é determinado principalmente pela matéria-prima. E a tecnologia utilizada pode ainda ser utilizada na fabricação de açúcar.
“4. Os impactos ambientais de caráter local associados à produção de bioetanol de cana-de-açúcar sobre os recursos hídricos, o solo e a biodiversidade, [...], foram efetivamente atenuados a níveis toleráveis [...].”
Os impactos causados pelos processos de produção do bioetanol, como por exemplo o uso agroquímicos e outros, são inferiores à maioria de outros culturas agrícolas.“5. O uso do etanol de cana-de-açúcar permite reduzir em quase 90% as emissões de gases de efeito estufa [...].”
Desta forma, contribui para a não alteração do clima. Em condições atuais, para cada milhão de metros cúbicos de bioetanol de cana-de-açúcar misturado com gasolina, em média 1,9 milhão de toneladas de gás carbônico deixa de ser emitido na atmosfera.
“6. São significativas as perspectivas de desenvolvimento tecnológico na agroindústria do bioetanol de cana-de-açúcar [...].”
A tecnologia nesse ramo é crescente, assim proporcionando maior produtividade e crescimento econômico.
“7. Os empregos na agroindústria do bioetanol de cana-de-açúcar apresentam bons indicadores de qualidade [...].”
Apesar da crescente diminuição do trabalho braçal por conta da crescente mecanização na produção como um todo, a demanda de mão de obra permanece bastante elevada em comparação com outras fontes energéticas.
“8. A produção de bioetanol de cana-de-açúcar, como desenvolvida no Brasil, pouco afeta a produção de alimentos [...].”
A área plantada de cana-de-açúcar é muito reduzida em relação à área cultivada para alimentos e áreas disponíveis para expansão agrícola.
“9. A agroindústria do bioetanol de cana-de-açúcar articula-se com muitos setores da economia e promove o desenvolvimento de diversas áreas [...].”
A produção da cana-de-açúcar envolve e promove o desenvolvimento de áreas relacionadas, como a prestação de serviços, a indústria de equipamentos agrícolas e industriais e a logística.“10. São amplas as possibilidades de expandir a produção de bioetanol de cana-de-açúcar [...].”
A expansão é possível não só no Brasil, como também em outros países tropicais úmidos, considerando a disponibilidade de terras e a existência de clima adequado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, nota-se que a produção do bioetanol da cana-de-açúcar é totalmente sistematizada, passando por diversas etapas, que por sua vez também são subdivididas, porém de fácil entendimento e adaptação.
Não há dúvida de que o Brasil é uma potência na geração de energia provinda do etanol da cana-de-açúcar. Muitos benefícios são conhecidos a partir dessa fonte renovável, como a auto-sustentabilidade do país em energia, o que possibilita uma menor dependência do exterior.
O bioetanol é uma fonte de energia ainda em evolução, que ainda tem muito a crescer, tanto em eficiência energética quanto na questão econômica. O uso deste se torna uma excelente alternativa, já que tem alto potencial energético, é uma fonte renovável, e ainda se comparado a outros combustíveis, como a gasolina e o diesel, causa menos danos ao meio ambiente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
“BIOETANOL”. Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/bioetanol.html Acesso em: 15 de junho de 2014.
“ETANOL”. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/etanol.html Acesso em: 16 de junho de 2014.
“PROCESSAMENTO DA CANA-DE-AÇÚCAR”. Disponível em: http://www.novacana.com/etanol/
Acesso em: 18 de junho de 2014.
Cartilha “Bioetanol de cana-de-açúcar”. Disponível em http://pt.slideshare.net/sunnyalha/bioethanol-ppt 
Coordenação: BNDES e CGEE. Acesso em: 15 de Junho de 2014
Título: CANA-DE-AÇUCAR - BIOENERGIA, AÇÚCAR E ETANOL - 2ª EDIÇÃO Autor: Fernando Santos, Aloízio Borém e Celson Caldas, Editora(s): Produção Independente.

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