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Tema 1 - Sistema de Normas

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Material Teórico 
Direito Civil 
Parte Geral 
 
Sistema de Normas no Direito 
Brasileiro 
Profª Marlene Lessa 
 
 
cod Civil_PGeral1907_a01 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
Introdução 
 
 
O ser humano é cercado por regras que são a base 
de comportamentos verificados na própria natureza: 
das mais simples reações químicas até os mais 
diversos mistérios que constituem a matéria. 
 
Tanto os fenômenos naturais como os 
comportamentos humanos seguem padrões que 
merecem relevância. 
 
Toda norma se constitui como resultado da 
observação de comportamentos que se repetem e 
dão origem à uma “regra abstrata”. 
 
As normas de cunho físico e de cunho ético são as que captam a atenção do 
ser humano, dada a relevância que possuem para as sociedades e para seu 
futuro. 
 
Interessa, para nossa aula, as normas de comportamento humano, eis que 
serão estas as que tratam da sociedade. Estão elas dispostas, desde os 
primórdios da civilização, como padrão do homem médio, como o ideal do 
corpo societário, como o “dever ser” do comportamento individual frente ao 
social. 
 
As normas jurídicas, por sua vez, são caracterizadas, no que tange à sua 
incidência, pela determinação e obrigatoriedade de seus comandos. Para 
Ritinha A. S. Georgakilas “em outras palavras, se considerarmos a norma do 
direito positivo como um signo discursivo,veremos que existe algo de muito 
peculiar na situação comunicativa que se instaura, a partir do momento em que 
a norma está apta a incidir, podendo produzir os seus efeitos típicos, 
vinculativos. Este “algo” peculiar, que distingue a situação comunicativa 
normativa das demais espécies de comunicação humana, vem a ser, 
justamente, a imperatividade da norma, ou seja, a obrigatoriedade da 
obediência aos seus comandos pelas pessoas a quem eles se dirigem”1. 
 
 
 
Direito é a palavra que revela aquele que não se 
desvia, que mantém o curso reto, que se encaixa 
no padrão, no caso, da norma. 
 
 
 
 
1 FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Constituição de 1988: legitimidade, vigência e eficácia, supremacia / 
Tercio Sampaio Ferraz Júnior, Maria Helena Diniz, Ritinha Alzira Stevenson Georgakilas. – São Paulo: 
Atlas, 1989, p. 98. 
 
3 
 
 
Daí podermos afirmar que Direito é o conjunto de 
normas jurídicas e se destina a promover o 
controle da sociedade, permitindo que haja 
adequada inserção do indivíduo no corpo social. 
 
 
 
O Direito permite a pacificação social, a medida que traça regras que delimitam 
a esfera individual de cada um, em respeito ao seu próximo, impondo sanções 
em caso de descumprimento. O Direito organiza o ente social ao proporcionar: 
estabilidade nas relações jurídicas, direção para objetivos de alcance social e 
atendimento das necessidades humanas. 
 
Nas palavras de Tercio Sampaio Ferraz Júnior: “a ciência dogmática do direito 
costuma encarar seu objeto, o direito posto e dado previamente, como um 
conjunto compacto de normas, instituições e decisões que lhe compete 
sistematizar, interpretar e direcionar, tendo em vista uma tarefa prática de 
solução de possíveis conflitos que ocorram socialmente. O jurista 
contemporâneo preocupa-se, assim, com o direito que ele postula ser um todo 
coerente, relativamente preciso nas suas determinações, orientado para uma 
ordem finalista, que protege a todos indistintamente2.”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É sabido, que foi entregue ao Estado. O Poder Legislativo tem a atribuição 
constitucional, no Brasil, de elaborar as leis velando pela sua conformação com 
o sistema jurídico vigente. 
 
A lei, no nosso país, é uma norma escrita e aprovada por um processo 
legislativo que tramita perante o Poder Legislativo. 
 
Nos lembra Kelsen que “norma é o sentido de um ato através do qual uma 
conduta é prescrita, permitida ou, especialmente, facultada, no sentido de 
adjudicada à competência de alguém3”. 
 
 
2 FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Introdução do estudo do direito – técnica, decisão, dominação. São 
Paulo: Altas, 1988, p. 83. 
3 KELSEN, Hans. Teoria pura do direito. São Paulo: Martins Fontes, 1987, p.5. 
A quem foi incumbida a 
tarefa de discutir e 
aprovar estas regras tão 
importantes ao ser 
humano no ente social? 
 
 
4 
Ainda, conforme as lições de Tércio Sampaio Ferraz Júnior4 “todo ato de 
legislação, realizado pelo poder competente e obedecidos os requisitos do 
ordenamento, é lei. (...) Leis materiais são caracterizadas por sua natureza 
(produção solene e institucionalizada de normas gerais) e leis formais ou 
caracterizadas pela forma (conteúdos que adquirem o caráter de lei porque 
obedecem à sua forma de produção)”. 
 
Enfatiza, também, Miguel Reale que “lei, no sentido técnico da palavra, só 
existe quando a norma escrita é constitutiva de direito, ou esclarecendo melhor, 
quando ela induz algo de novo com caráter obrigatório no sistema jurídico em 
vigor, disciplinando comportamentos individuais ou atividades públicas5”. 
 
As leis brasileiras passam por controle orgânico, sendo elaboradas de acordo 
com ditames constitucionais. Estudaremos a importância das leis e suas 
facetas neste encontro. 
 
 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro 
 
 
O Decreto 4.657, de 1942 é o diploma que estabeleceu todo o regime de 
princípios norteadores das leis e normas do direito. 
 
A denominação “Lei de Introdução ao Código Civil” foi utilizada por conta do 
então Código de 1916 que tratava de um código de normas (ou “a lei das 
leis”) em seu início. Posteriormente alterada pelo Decreto de 1942, não perdeu 
o caráter de regular situações jurídicas de todos os ramos do nosso 
ordenamento. Em 2010, com o advento da Lei 12.376/10, passou a ter 
expresso reconhecimento para alcance de todos os tipos normativos e não 
apenas no ramo do Direito Civil, como alguns argumentavam - que era o que 
lhe conferia o nome. Atualmente recebe o nome de LINDB, Lei de Introdução 
às Normas do Direito Brasileiro. 
 
A função primordial da LINDB é explicitar a aplicação das normas em nosso 
sistema jurídico, como nos ensina a Prof. MARIA HELENA DINIZ6: 
 
1. Início da obrigatoriedade legal – art.1o 
2. Tempo da obrigatoriedade legal – art. 2o; 
3. Eficácia da Ordem Jurídica – art. 3o; 
4. Integração de lacunas – art. 4o; 
5. Interpretação – art. 5o; 
6. Direito Intertemporal – art.6o; 
7. Direito Internacional Privado brasileiro – arts. 7º a 17; 
8. Atos civis, no estrangeiro, das autoridades consulares brasileiras – arts. 
18 e 19; 
9. Normas para criação e aplicabilidade de preceitos de Direito Público – 
arts. 20 a 30 (decorrentes da vigência da Lei No. 13.655/2018). 
 
 
4 FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Introdução do estudo do direito – técnica, decisão, dominação. São 
Paulo: Altas, 1988, p. 211. 
5 REALE, Miguel. Lições Prelimianres de Direito. – 17 ed rev e atual – São Paulo: Saraiva, 1990, p.163. 
6 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 1989, p.45. 
 
5 
Início da Obrigatoriedade Legal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em 
todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente 
publicada. 
 
 
 
Vigência 
 
É a aptidão para a lei incidir, para dar significação jurídica aos fatos. 
 
Se a Lei é vigente, ocorrem os fatos e efeitos nela previstos. A lei é apta para 
incidir sobre a sociedade. Se a lei é vigente sua observância é obrigatória. 
 
Para Hans Kelsen “a norma pode valer (ser vigente) quando o ato de vontade 
de que ela constitui o sentido já não mais existe”7. 
 
Nas lições de Miguel Reale8 “a vigência ou validade formal é a executoriedade 
compulsória de uma regra de direito, por haver preenchido os requisitosessenciais à sua feitura ou elaboração (...) o primeiro (requisito) se refere à 
ordem das competências do poder político, legitimidade do órgão emanador da 
regra. É necessário que o órgão que promulgou a regra tenha legitimidade pra 
fazê-lo, por ter sido constituído para tal fim”. 
 
Há ainda uma importante conceituação de Maria Helena Diniz no que diz 
respeito à vigência, a saber, “designaria, então, a existência específica da 
norma em determinada época, caracterizando o preceito normativo, que rege 
relações sociais aqui e agora (hic et nunc)9”. 
 
Também é necessário que tenha a competência para legislar sobre a matéria 
enfocada e que o procedimento de elaboração da lei tenha sido respeitado. 
 
 
Exemplo: A Lei 13.655/2018 entrou em vigor no dia da sua publicação, a saber, 
dia 25 de abril de 2018. Todavia, o artigo 29 observou prazo para vigência de 
180 dias após sua publicação. 
 
 
 
7 KELSEN, Hans. Op. cit p. 11. 
8 REALE, Miguel. Op. cit p. 108. 
9 FERRAZ, Júnior; Tércio Sampaio. Constituição de 1988: legitimidade, vigência e eficácia, supremacia / 
Tercio Sampaio Ferraz Júnior, Maria Helena Diniz, Ritinha Alzira Stevenson Georgakilas. – São Paulo: 
Atlas, 1989, p.68. 
 
6 
Elaboração da Lei 
 
A lei para poder incidir deve ser submetida a processo de elaboração. A Lei 
Complementar 95/1998 determina as regras para estruturação legal: 
 
 
Art. 3o A lei será estruturada em três partes básicas: 
I - parte preliminar, compreendendo a epígrafe, a ementa, o preâmbulo, 
o enunciado do objeto e a indicação do âmbito de aplicação das 
disposições normativas; 
II - parte normativa, compreendendo o texto das normas de conteúdo 
substantivo relacionadas com a matéria regulada; 
III - parte final, compreendendo as disposições pertinentes às medidas 
necessárias à implementação das normas de conteúdo substantivo, às 
disposições transitórias, se for o caso, a cláusula de vigência e a 
cláusula de revogação, quando couber. 
 
Art. 8o A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a 
contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, 
reservada a cláusula "entra em vigor na data de sua publicação" para as 
leis de pequena repercussão. 
 
§ 1o A contagem do prazo para entrada em vigor das leis que 
estabeleçam período de vacância far-se-á com a inclusão da data da 
publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 
subsequente à sua consumação integral. 
§ 2o As leis que estabeleçam período de vacância deverão utilizar a 
cláusula ‘esta lei entra em vigor após decorridos (o número de) dias de 
sua publicação oficial. 
 
Art. 9o A cláusula de revogação deverá enumerar, expressamente, as 
leis ou disposições legais revogadas. 
 
 
 
Assim, a lei federal formalmente elaborada, incide sobre todo o território 
nacional. Alguns doutrinadores apontam esta incidência nacional da lei como 
resultado do “princípio da vigência síncrona” da lei, a saber, ao mesmo 
tempo ela deve ser obedecida no Brasil e onde for obrigatória a norma 
brasileira no exterior. 
 
 
Prazo 
 
Se nada estiver estipulado a lei começa a viger 45 dias após sua publicação. 
 
No estrangeiro o prazo é de 3 (três) meses: 
 
 
 
 
LINDB, Art. 1O, § 1o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei 
brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente 
publicada. 
 
 
7 
 
 
Vacatio Legis 
 
É a “vacância da lei”, ou seja, o período, o lapso temporal entre a 
PUBLICAÇÃO da lei (em Diário Oficial) e sua vigência. Não adianta a lei ser 
publicada e todos desconhecerem seu conteúdo - no mundo real. Para que a 
coletividade possa ser cientificada da lei há este prazo para cumprimento do 
preceito que vigorará. 
 
 
LINDB, Art. 1O, § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova 
publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e 
dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
 
 
Interessante é observação do fenômeno descrito por Kelsen acerca da 
cronologia entre a vigência e a eficácia da norma jurídica: “uma norma jurídica 
entra em vigor antes ainda de se tornar eficaz, isto é, antes de ser seguida e 
aplicada. (...) Porém uma norma jurídica deixa de ser considerada válida 
quando permanece por muito tempo ineficaz. A eficácia é, nesta medida, 
condição da vigência, visto que ao estabelecimento de uma norma deve seguir 
a sua eficácia para que ela não perca sua vigência”. 
 
Acerca da eficácia da norma, deve ser enfatizado que esta qualidade “diz 
respeito às condições fáticas, axiológicas e técnicas da atuação da norma 
jurídica. A eficácia vem a ser a qualidade do preceito normativo vigente de 
produzir efeitos jurídicos concretos, supondo, não só a questão de sua 
condição técnica de aplicação, observância ou não, pelas pessoas a quem se 
dirige, mas também de sua adequação em face da realidade social, por ele 
disciplinada, e aos valores vigentes nesta sociedade10” (como Maria Helena 
Diniz bem detalha). 
 
Exemplo: A vacatio legis do art. 29 da Lei 13.655/2018 é de 180 dias. Entre a 
publicação da lei e a vigência há este período para todos se adaptarem: 
 
Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por 
autoridade administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser 
precedida de consulta pública para manifestação de interessados, 
preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na 
decisão. Vigência 
§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e 
demais condições da consulta pública, observadas as normas legais e 
regulamentares específicas, se houver. 
Este artigo determinou, portanto, a possibilidade de consulta pública. Como há 
uma demora para os destinatários da norma se adaptarem, há este período. No 
 
10FERRAZ, Júnior. Tércio Sampaio. Constituição de 1988: legitimidade, vigência e eficácia, supremacia / 
Tercio Sampaio Ferraz Júnior, Maria Helena Diniz, Ritinha Alzira Stevenson Georgakilas. – São Paulo: 
Atlas, 1989, p. 68. 
 
8 
caso do artigo de lei citado, verifica-se que, envolve - cada consulta - várias 
etapas. Se o Ministério da Educação (federal), através da Diretoria de 
Administração, propôs oitiva de críticas e sugestões pela população acerca de 
projeto para construção de escolas padronizadas para as crianças, ele deve 
avisar que há a consulta pública em edital. Depois de ouvir a população e 
consolidar o texto final, deve confeccionar relatório de análise de contribuições, 
publicando-o na internet, com a deliberação do Fundo Gestor, etc. Só depois 
de escoadas todas estas fases, então, pode ser foi iniciado o processo para 
licitar e, enfim, contratar. 
 
Um pequeno artigo com grandes repercussões práticas. 
 
Tempo da Obrigatoriedade Legal 
 
 
Revela o caráter temporal, o período em que uma 
lei está em vigor - já que ela pode ser criada para 
existir durante certo período (que são as chamadas 
leis de vigência temporária) ou por período 
indeterminado (que são as leis de vigência 
permanente). 
 
 
LINDB - Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá 
vigor até que outra a modifique ou revogue. 
§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, 
quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a 
matéria de que tratava a lei anterior. 
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par 
das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. 
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por 
ter a lei revogadora perdido a vigência. 
 
 
Portanto, o tempo da lei rege sua vigência. Na lei temporária, finalizado seu 
prazo de “validade”,ela também cessará. Ex. leis orçamentárias. Por exemplo, 
a Lei 13.587/2018 determinou a receita e despesa estimada da União para o 
exercício financeiro de 2018 em 3 trilhões e meio de reais. Esta lei estimou a 
receita dos orçamentos fiscais e da Seguridade Social, refinanciamento da 
dívida pública, a fixação das despesas, aberturas de créditos suplementares 
etc. Tudo se refere ao período de 2018. 
 
Na lei permanente, por outro lado, ela só deixará de existir se for REVOGADA 
(Princípio da Continuidade). Exemplo: A Lei Complementar 69, de 23 de julho 
de 1991 que dispunha sobre as normas gerais para organizar, preparar e 
empregar as Forças Armadas está revogada. 
 
Há que se esclarecer que uma norma, mesmo que não esteja mais em vigor, 
poderá continuar vinculando seus destinatários, uma vez que já teve seus 
efeitos cumpridos no mundo concreto, em atendimento ao art. 6o da LINDB e à 
Constituição Federal (art. 5o, XXXVI). 
 
9 
Revogação 
 
É o fim, a extinção da norma, a perda da vigência da lei. Ela se torna sem 
efeito, sem obrigatoriedade. Espécies de revogação: 
 
a. TOTAL ou “ab-rogação” – Exemplo: Lei 10.406/2002 – Novo Código 
Civil revogou totalmente a Lei 3.071/1916, o antigo Código Civil e a 
Primeira Parte da Lei 556/1850, o Código Comercial. 
 
b. PARCIAL ou “derrogação” – Exemplo: Lei 11.698 de 2008 revogou 
parcialmente o Novo Código Civil nos artigos 1583 e 1584, mas atribuiu 
a esses artigos nova redação, sobre a guarda compartilhada. 
 
A revogação só existe se há conflito entre os textos das normas. Se o conteúdo 
se complementa ou um detalha o que o outro generaliza não é caso de 
revogação. A revogação expressa define quais leis ou disposições legais ela 
está revogando (art. 9o. da Lei Complementar 95/98), enquanto a tácita 
incompatibiliza o texto anterior com o posterior, prevalecendo o que a lei nova 
modificou. 
 
Repristinação 
 
É o “restabelecimento” da lei revogada. Ele é vedado, em regra, no nosso 
ordenamento jurídico. Está detalhado no § 3o do art. 2o da LINDB: 
 
 
 
A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já 
existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. 
 
 
 
 
Eficácia da Ordem Jurídica 
 
 
 
Para que o ordenamento jurídico seja eficaz, 
ele deve ser obedecido. 
 
 
 
 
Diz Miguel Reale que “reconhecido o Direito, é ele incorporado à maneira de 
ser e de agir da coletividade (...) Não há norma jurídica sem um mínimo de 
eficácia, de execução ou aplicação no meio do grupo. (...) a regra de direito 
deve, por conseguinte, ser formalmente válida e socialmente eficaz”11. 
 
 
11 MIGUEL, Reale. Op. cit. p. 113. 
 
10 
Arremata Theodor Viehweg12, que é possível utilizar a tópica como técnica de 
argumentação na análise da vigência e eficácia de uma norma. A tópica, neste 
caso “é uma técnica que busca assinalar sugestões, indicar possibilidades, 
desvendando caminhos ou vias, tendo por finalidade uma decisão”. Para saber 
se uma lei mostra-se eficaz são enfatizadas “premissas (topoi), sistemas e 
fundamentos que levam a uma conclusão plausível, mas não única”. Portanto, 
o interessado é levado a conhecer – de modo dinâmico, o conjunto de 
condições que estão sendo utilizadas – mas permitindo que o mesmo seja 
adaptado e maleável à outras mudanças necessárias.”. 
 
A eficácia vem a ser a qualidade do preceito normativo vigente de produzir 
efeitos concretos, supondo, não só a questão de sua condição técnica de 
aplicação, observância, ou não, pelas pessoas a quem se dirige, mas também 
de sua adequação em face da realidade social, por ele disciplinada, e aos 
valores vigentes nessa sociedade. (...) 
 
Por exemplo, a lei que determina a possibilidade de utilização de equipamento 
de vigilância indireta de condenado (tornozeleira: monitoração eletrônica) – Lei 
12.258/2010: a eficácia do uso de equipamento de monitoração eletrônica está 
sempre passando por aperfeiçoamentos para verificar se há condições, na 
realidade, de abranger mais pessoas condenadas que devem ficar à parte do 
sistema carcerário, mas com restrições à liberdade. O uso da tópica é relevante 
para soluções. Havendo perguntas, que ficam sempre abertas, há condições 
de se indicar mais premissas e, deste modo, ajustar às mudanças 
comportamentais do grupo social em questão. 
 
Em sentido técnico a eficácia de uma norma indica que ela teria possibilidade 
de ser aplicada, de produzir efeitos jurídicos, porque foram cumpridas as 
condições para isto requeridas (eficácia jurídica), sem que haja qualquer 
relação de dependência de sua observância ou inobservância pelos seus 
destinatários. 
 
Daí a necessidade de APLICAÇÃO DA LEI no mundo fático. 
 
 
Lei 
 
Neste contexto, pode ser definida como uma regra geral de direito, abstrata e 
permanente, dotada de sanção, expressa pela vontade de uma autoridade 
competente, de cunho obrigatório e forma escrita (VENOSA13). 
 
 
 
 
LINDB - Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que 
não a conhece. 
 
 
 
12 VIEHWEG, Theodor apud DINIZ, Maria Helena. FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Constituição de 
1988: legitimidade, vigência e eficácia, supremacia / Tercio Sampaio Ferraz Júnior, Maria Helena Diniz, 
Ritinha Alzira Stevenson Georgakilas. – São Paulo: Atlas, 1989, p 84. 
13 VENOSA, Sílvio de Salvo.Direito Civil:parte geral – 2a ed. – São Paulo: Altas, 2002, p.37. – (Coleção 
direito civil; V.1). 
 
11 
 
 
A publicação da lei tem como finalidade marcar o momento de obrigatoriedade 
da lei. Publicar é tornar conhecido, público. A publicação determina que não 
será aceita a desculpa de ignorância do conteúdo legal14. 
 
Entre a publicação da lei e o prazo de vigência, temos a vacância da lei 
(vacatio legis), como vimos, para preparar a população para cumprir as 
exigências ou determinações que lhe serão impostas. 
 
Exemplo: Necessidade de uso de farol baixo, durante o dia – Lei 13.290/2016 -
foi aprovada e publicada em Diário Oficial em 24 de maio de 2016 e entrou em 
vigor 45 dias depois para todos os motoristas se adaptarem. 
 
 
Integração de Lacunas 
 
 
Nem toda a situação jurídica pode ser antecipada pelo 
legislador ou prevista pela lei. E então, como agir em 
caso de omissão, falta de previsão da lei? 
 
Podemos exemplificar a questão dos danos causados por 
“hackers”, questões sobre “barriga de aluguel”, aplicação 
de células tronco, “bitcoins”, criptomoedas, “blockchain” 
enfim, um infinito mundo de novos fatos e conflitos que 
podem ocasionar dúvidas sobre a incidência e aplicação da 
lei. 
 
Como o Poder Judiciário não pode se eximir de julgar, em observância ao 
Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição, há um sistema para equacionar os 
possíveis “brancos” na legislação. São os chamados mecanismos 
complementares do direito legislativo. O sistema jurídico autoriza o julgador a 
inovar (até certo ponto) - numa concepção individual de norma - para o caso 
específico. 
 
O artigo 4o da LINDB justamente aponta para a Teoria das Lacunas: 
 
 
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a 
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. 
 
 
 
Na chamada autointegração, a lei - aplicada em casos de similaridade - deverá 
ser a primeira opção do Magistrado para equacionar a falta da norma 
específica. Isso porque, a autointegração é o método no qual o próprio 
ordenamento se completa. Ex. utilizava-se a lei das estradas de ferro para 
julgar casos ocorridos nas estradas de rodagem (uma Lei de 1912 utilizada 
para casos de 1975). Vejamos com maior detalhe este assunto. 
 
 
14 É o princípio da irrelevância do desconhecimento da lei, o qual afasta a “exceptio ignorantiae juris”.12 
Analogia 
 
É o processo de raciocínio lógico pelo qual o juiz estende o preceito legal a 
casos não diretamente compreendidos na descrição legal (VENOSA)15. 
 
Por exemplo, no caso da lei de arrendamento mercantil ou leasing, aplica-se o 
instituto da compra e venda e locação caso haja omissão de previsão expressa 
no caso concreto (analogia legal ou individual, se funda em dispositivo, já 
existente). 
 
Em havendo dificuldade para encontrar textos semelhantes é possível extrair 
de um complexo de normas a razão de identidade entre a norma encontrada e 
o caso a ser solucionado (analogia jurídica ou conjunta, vários dispositivos 
usados e agrupados para decidir certa situação). 
 
Exemplo de analogia: mesmo antes de haver o Código Civil (1916) era utilizado 
o citado Decreto No. 2.681/1912 (das estradas de ferro) para casos em que se 
precisava aferir indenizações decorrentes de responsabilidade civil e culpa (art. 
20 do Decreto). 
 
Portanto, como leciona Maria Helena Diniz16 “para integrar lacunas o juiz 
recorre, preliminarmente, à analogia, que consiste em aplicar, a um caso não 
regulado de modo direto ou específico por uma norma jurídica, uma prescrição 
normativa prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não 
contemplado, fundando-se na identidade do motivo da norma e não na 
identidade do fato”. 
 
Outra técnica - que o julgador pode se socorrer - é a heterointegração (fontes 
diferentes da norma contida nas leis, podem ser utilizadas): 
 
 
Costume 
 
Estudiosos apontam que os hábitos, os costumes são anteriores à lei escrita. 
Os romanos o apontavam como consenso popular tácito. Significa aplicar o 
uso e a convicção jurídica, sendo portanto a norma jurídica que deriva da longa 
prática uniforme, constante, pública e geral de determinado ato com a 
convicção de sua necessidade (MARIA HELENA DINIZ)17. 
 
Podem ser secundum legem (aqueles previstos na lei); praeter legem (aquele 
que não está previsto na lei, mas é admitido em caráter supletivo). Exemplo: 
cheque pós-datado = o cheque é ordem de pagamento à vista, mas tornou-se 
costume a sua emissão pós-datada; contra legem (aquele se forma em 
sentido contrário à lei) - SHIKICIMA18. 
 
 
15 VENOSA, Sílvio de Salvo. Op. Cit. p.48. 
16 DINIZ, Maria Helena. As lacunas do Direito – 2 ed aum e atual – São Paulo: Saraiva, 1989, p.142. 
17 DINIZ,Maria Helena. Op. Cit.p. 55. 
18 SHIKICIMA, Nelson Sussumu et al. Direito civil – 3.ed. rev., ampl. e atual. – São Paulo: DJP Editora, 
2008. – Coleção lições do direito para exame da OAB. 
 
13 
Exemplo na doutrina é o uso das águas em pequenas glebas de terra no 
sertão. Desde os tempos de sua ocupação pelas famílias, as fontes de água 
são compartilhadas sem lei escrita, mas por consideração e interesse coletivo. 
 
Miguel Reale afirma que o costume jurídico é caracterizado por elementos 
fundamentais: “um é a repetição habitual de um comportamento durante certo 
período de tempo; o outro é a consciência social da obrigatoriedade deste 
comportamento (tal conduta é vista como necessária ou conveniente ao 
interesse social). De maneira mais objetiva poderíamos dizer que um costume 
adquire a qualidade de costume jurídico quando passa a se referir 
intencionalmente a valores do Direito, tanto para realizar um valor positivo, 
considerado de interesse social, como para impedir a ocorrência de um valor 
negativo, um desvalor”19. 
 
Alf Ross20 enfatiza e reitera que os costumes deram origem às regras 
tradicionais que os juízes se utilizavam para julgar, mas que - aos poucos –
diante de situações novas, exigiram que tais julgadores fossem descobrindo o 
que era adequado e correto para ser aplicado: “o costume é o ponto de partida 
natural da evolução jurídica (...). Uma decisão norueguesa refere-se ao caso do 
proprietário de um sítio em Trysil que apresentou uma demanda sustentando 
que, segundo o costume daquela região, os pequenos proprietários tinham o 
direito de se apropriarem da madeira caída que se encontrava em terra alheia. 
A existência desse costume não foi aceita”. Conclui o doutrinador que este 
caso seria um típico exemplo de costume jurídico, se tivesse sido acolhido. Não 
o foi porque o que regula a propriedade é a lei. 
 
 
Princípios Gerais de Direito 
 
São as regras antiquíssimas que se originam de valores e fundamentos 
inseridos, implícita ou explicitamente, nas sociedades de que se tem notícia e 
que acabaram se incorporando ao nosso sistema jurídico. 
 
Roberto Senise Lisboa nos lembra que se resumem a: honestae vivere (viver 
de modo honesto); neminem laedere (não prejudicar ou lesionar o próximo) e 
suum cuique tribuere (dar a cada um o que é seu). 
 
Exemplo: a liberdade contratual é um destes princípios, existe desde que o ser 
humano surgiu. 
 
Pablo Jimenez Serrano21 aponta outros cuja relevância os incorporou ao nosso 
sistema legal: “A ignorância da lei não exime de seu cumprimento”; “ninguém 
deve fazer justiça com as próprias mãos”; “liberdade é a faculdade natural de 
agir livremente em tudo o que a lei não proíbe”. Podemos, ademais, 
exemplificar a aplicabilidade de outros princípios gerais: 
 
Por exemplo: a Teoria da Aparência e o princípio da segurança jurídica. 
 
 
19 REALE, Miguel. Op. cit. p. 158. 
20 ROSS, Alf. Direito e Justiça – tradução Edson Bini – revisão técnica Alysson Leandro Mascaro – 
Bauru, SP: EDIPRO, 2000. p. 121. 
21 SERRANO, Pablo Jimenez. Interpretação jurídica – 1 ed – São Paulo: Desafio Cultural, 2002, p.66. 
 
14 
No próprio direito administrativo, a teoria da aparência encontra aplicação, 
como acontece em relação ao funcionário de fato, cuja validade de seus atos é 
reconhecida em relação aos terceiros de boa-fé. Na verdade a exigência da 
preservação da segurança das relações jurídicas e o registro da boa-fé de 
terceiro devem justificar o acolhimento da teoria da aparência22(NERY). 
 
 
 
Interpretação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Método no qual são perseguidos: o significado e o alcance da lei que se 
pretende aclarar, detalhar. Interpretar compreende aplicar “a hermenêutica” 
jurídica, ou seja, realizar uma atividade lógica de aplicação de regras e normas 
que solucionarão um caso concreto. As regras viabilizam entender o significado 
da norma, sem acrescentar, sem inovar, sem exceder o sentido legal. 
 
 
Segundo Pablo Jimenez Serrano23 a interpretação “é o processo pelo qual se 
determina o sentido e alcance da norma, ao ser identificada com uma relação 
jurídica. A hermenêutica é parte da ciência jurídica que tem por objeto o estudo 
e a sistematização de processos interpretativos.” 
 
A doutrina24 aponta como Métodos de Interpretação: a verificação gramatical 
(pelo sentido, pela etimologia e sintaxe das palavras), o histórico (comparação 
entre os projetos de lei, debates parlamentares, enfim, a história da aprovação 
da norma), sistemático (leva em conta todo o regramento, o conjunto, e não a 
norma isoladamente considerada) e o teleológico (o fim, o objetivo da norma): 
 
 
 
 
 
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se 
dirige e às exigências do bem comum. 
 
 
 
 
 
 
22 NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Novo código civil e legislação extravagante 
anotados: atualizado - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002. p. 1081. 
23 SERRANO, Pablo Jimenez. Op. cit. p. 21. 
24 Já mencionada: Maria Helena Diniz, Silvio Venosa, Ada Pellegrini Grinover. 
 
15 
Direito Intertemporal 
 
 
Está previsto no art. 6o da LINDB. Envolve entendermos a 
regra de IRRETROATIVIDADE da lei. 
 
Então, uma nova lei que entra em vigor gera seus efeitos a 
todos (efeito geral) IMEDIATAMENTE, como regra. 
 
 
Exceção:A lei deve respeitar o ATO JURÍDICO PERFEITO, o DIREITO 
ADQUIRIDO e a COISA JULGADA: 
 
 
 
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato 
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. 
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei 
vigente ao tempo em que se efetuou. 
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou 
alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício 
tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio 
de outrem. 
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que 
já não caiba recurso. 
 
 
Vejamos os exemplos... 
 
 
RE 205193 / RS - RIO GRANDE DO SUL 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO 
Julgamento: 25/02/1997 Órgão Julgador: Primeira Turma 
 
E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO - CADERNETA DE 
POUPANÇA - CONTRATO DE DEPÓSITO VALIDAMENTE 
CELEBRADO - ATO JURÍDICO PERFEITO - INTANGIBILIDADE 
CONSTITUCIONAL - CF/88, ART. 5º, XXXVI - 
INAPLICABILIDADE DE LEI SUPERVENIENTE À DATA DA 
CELEBRAÇÃO DO CONTRATO DE DEPÓSITO, MESMO 
QUANTO AOS EFEITOS FUTUROS DECORRENTES DO 
AJUSTE NEGOCIAL - RE NÃO CONHECIDO. CONTRATOS 
VALIDAMENTE CELEBRADOS - ATO JURÍDICO PERFEITO - 
ESTATUTO DE REGÊNCIA - LEI CONTEMPORÂNEA AO 
MOMENTO DA CELEBRAÇÃO. - Os contratos submetem-se, 
quanto ao seu estatuto de regência, ao ordenamento normativo 
vigente à época de sua celebração. Mesmo os efeitos futuros 
oriundos de contratos anteriormente celebrados não se expõem 
ao domínio normativo de leis supervenientes. As consequências 
jurídicas que emergem de um ajuste negocial válido são regidas 
pela legislação em vigor no momento de sua pactuação. Os 
contratos - que se qualificam como atos jurídicos perfeitos (RT 
 
16 
547/215) - acham-se protegidos, em sua integralidade, inclusive 
quanto aos efeitos futuros, pela norma de salvaguarda constante 
do art. 5º, XXXVI, da Constituição da República. Doutrina e 
precedentes. INAPLICABILIDADE DE LEI NOVA AOS EFEITOS 
FUTUROS DE CONTRATO ANTERIORMENTE CELEBRADO - 
HIPÓTESE DE RETROATIVIDADE MÍNIMA - OFENSA AO 
PATRIMÔNIO JURÍDICO DE UM DOS CONTRATANTES - 
INADMISSIBILIDADE. - A incidência imediata da lei nova sobre os 
efeitos futuros de um contrato preexistente, precisamente por 
afetar a própria causa geradora do ajuste negocial, reveste-se de 
caráter retroativo (retroatividade injusta de grau mínimo), 
achando-se desautorizada pela cláusula constitucional que tutela 
a intangibilidade das situações jurídicas definitivamente 
consolidadas. Precedentes. LEIS DE ORDEM PÚBLICA - 
RAZÕES DE ESTADO - MOTIVOS QUE NÃO JUSTIFICAM O 
DESRESPEITO ESTATAL À CONSTITUIÇÃO - PREVALÊNCIA 
DA NORMA INSCRITA NO ART. 5º, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO. 
- A possibilidade de intervenção do Estado no domínio econômico 
não exonera o Poder Público do dever jurídico de respeitar os 
postulados que emergem do ordenamento constitucional 
brasileiro. Razões de Estado - que muitas vezes configuram 
fundamentos políticos destinados a justificar, pragmaticamente, ex 
parte principis, a inaceitável adoção de medidas de caráter 
normativo - não podem ser invocadas para viabilizar o 
descumprimento da própria Constituição. 
 
 
As normas de ordem pública - que também se sujeitam à cláusula 
inscrita no art. 5º, XXXVI, da Carta Política (RTJ 143/724) - não 
podem frustrar a plena eficácia da ordem constitucional, 
comprometendo-a em sua integridade e desrespeitando-a em sua 
autoridade. 
Indexação 
CV1642, CORREÇÃO MONETÁRIA, ÍNDICE DE ATUALIZAÇÃO, 
CADERNETA DE POUPANÇA, EFEITOS FUTUROS, LEI NOVA, 
INAPLICAÇÃO, ATO JURÍDICO PERFEITO, 
RECONHECIMENTO. 
 
 
 
SÚMULA VINCULANTE No.1 (STF): Ofende a garantia constitucional do ato 
jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso 
concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de 
adesão instituído pela Lei Complementar 110/2001. 
 
Para saber mais sobre este assunto: 
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaSumulaVinculante/anexo/SUV_01_02_03__Debates.pdf 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Direito Internacional Privado Brasileiro 
 
A LINDB vai tratar também, de regras que nosso país impõe à casos em que 
pode haver mais de duas legislações regendo uma determinada situação 
jurídica. O Brasil, por sua lei, vem dar limites ao ordenamento jurídico alheio. É 
uma forma de equacionar as relações jurídicas - de interesse do país - no 
cenário internacional. 
 
É sabido que existem fatos jurídicos que suplantam limites territoriais dos 
países. Portanto, nossa legislação vem suprir isso e regulamentar certos casos. 
 
A LINDB destina-se a apontar a resolução destas situações frente a conflitos 
entre normas internas e internacionais, considerando que a maior parte das 
relações jurídicas regulamentadas pelo Direito Internacional Privado tem 
natureza civil. 
 
 
 
Portanto, os arts.7 a 17 da LINDB destinam-se a regular as 
situações em que leis de países estrangeiros e leis 
brasileiras são aplicadas em relações jurídicas que não 
coincidem exatamente com seus espaços territoriais ou 
fronteiras. 
 
 
 
São exemplos da eficácia da lei no espaço: herdeiro brasileiro possui bens 
localizados em diversos países – pode ser aplicada nossa lei; empresas 
nacionais que celebram contrato com empresas estrangeiras para cumprimento 
de obrigações em certo país - pode ser aplicada nossa lei ou a do local em 
que foi realizado o negócio, etc. 
 
São basicamente os princípios que regem tais questões: o da Territorialidade 
(a norma se restringe ao território do país em que foi aprovada) e o da 
Extraterritorialidade (a norma estrangeira pode ser aplicada por outros países 
em seus territórios, em casos específicos). 
 
O nosso país adotou o Princípio da Territorialidade Moderada, ou seja, o 
Brasil mescla os dois princípios acima, permitindo aplicação de norma 
estrangeira com relação ao “estatuto pessoal” do estrangeiro (ou seja, a 
situação jurídica do estrangeiro é considerada pela lei de seu país de origem, 
obedecendo, entretanto, o art. 17 da LINDB - soberania nacional, ordem 
pública e bons costumes). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras 
sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os 
direitos de família. 
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira 
quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. 
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante 
autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. 
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade 
do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. 
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em 
que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro 
domicílio conjugal. 
§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante 
expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega 
do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime 
de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e 
dada esta adoção ao competente registro. 
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges 
forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano 
da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação 
judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito 
imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das 
sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na 
forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do 
interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de 
sentenças estrangeiras de divórciode brasileiros, a fim de que passem 
a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, 
de 2009). 
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-
se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou 
curador aos incapazes sob sua guarda. 
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada 
no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. 
 
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as relações a eles 
concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. 
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, 
quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte 
para outros lugares. 
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja 
posse se encontre a coisa apenhada. 
 
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país 
em que se constituírem. 
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo 
de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades 
da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. 
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar 
em que residir o proponente. 
 
Art. 10 A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em 
que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a 
natureza e a situação dos bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será 
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos 
 
19 
brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais 
favorável a lei pessoal do de cujus. 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para 
suceder. 
 
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como 
as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se 
constituírem. 
§ 1o Não poderão, entretanto, ter no Brasil filiais, agências ou 
estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo 
Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. 
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer 
natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de 
funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou 
susceptíveis de desapropriação. 
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos 
prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos 
agentes consulares. 
 
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu 
domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. 
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações, 
relativas a imóveis situados no Brasil. 
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e 
segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências 
deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei 
desta, quanto ao objeto das diligências. 
 
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei 
que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não 
admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. 
 
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem 
a invoca prova do texto e da vigência. 
 
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, 
que reúna os seguintes requisitos: 
a) haver sido proferida por juiz competente; 
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à 
revelia; 
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades 
necessárias para a execução no lugar em que, foi proferida; 
d) estar traduzida por intérprete autorizado; 
e) ) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal (atualmente a 
competência é do STJ).Parágrafo único. Revogado 
 
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de 
aplicar a lei estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem 
considerar-se qualquer remissão por ela feita a outra lei. 
 
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer 
declarações de vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem 
a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. 
 
 
 
 
 
20 
Atos civis, no estrangeiro, das autoridades consulares 
brasileiras. 
 
 
 
As autoridades consulares brasileiras possuem 
competência para realização dos atos de Registro Civil e 
tabelionato para os brasileiros que estejam no exterior: 
 
 
 
 
 
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades 
consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de 
Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de 
óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do 
Consulado. 
 
§ 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a 
separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não 
havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os 
requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva 
escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos 
bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à 
retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do 
nome adotado quando se deu o casamento. (Incluído pela Lei nº 
12.874, de 2013). Vigência 
§ 2º É indispensável a assistência de advogado, devidamente 
constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente 
com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua 
advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do 
advogado conste da escritura pública. (Incluído pela Lei nº 12.874, de 
2013). Vigência 
 
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e 
celebrados pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 
4.657, de 4 de setembro de 1942, desde que satisfaçam todos os 
requisitos legais. 
 
Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido 
recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 
do mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido 
dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação desta lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
Normas Referentes ao Direito Público: Disposições 
 
Aqui trataremos das normas referentes ao Direito Público, no que concerne às 
disposições para elevar o nível de segurança jurídica e eficiência na 
criação e aplicação do Direito Público. 
 
Decorrem, os artigos subsequentes - do advento da Lei 13.655/2018 e do 
Decreto n° 9.830/2019 - os quais pretendem elevar a qualidade decisória 
pública no Brasil: 
 
 
Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com 
base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as 
consequências práticas da decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da 
medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma 
administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. (Incluído pela Lei 
nº 13.655, de 2018) 
O artigo 20 e os subsequentes foram incluídos pela Lei 13.655/2018 para 
determinar regras sobre segurança jurídica e eficiência sobre decisões que 
tratam de Direito Público. 
Interpretar estes artigos significa levar em conta que seu âmbito de atuação, 
sua finalidade se dá na seara do Direito: Tributário, Financeiro, Administrativo e 
nos orçamentos – como disposto no artigo 20. 
O Decreto regulamenta este dispositivo e aponta: 
 
Motivação e decisão 
Art. 2º A decisão será motivada com a contextualização dos fatos, quando 
cabível, e com a indicação dos fundamentos de mérito e jurídicos. 
§ 1º A motivaçãoda decisão conterá os seus fundamentos e apresentará a 
congruência entre as normas e os fatos que a embasaram, de forma 
argumentativa. 
§ 2º A motivação indicará as normas, a interpretação jurídica, a jurisprudência 
ou a doutrina que a embasaram. 
§ 3º A motivação poderá ser constituída por declaração de concordância com 
o conteúdo de notas técnicas, pareceres, informações, decisões ou propostas 
que precederam a decisão. 
 
22 
 
 
Há responsabilidade nas decisões prolatadas com aplicação de normas 
jurídicas genéricas. Há a proibição para amplitude nas decisões. Não se pode 
motivar a decisão sem considerar o valor econômico resultante do que for 
analisado. Diz a doutrina que: termos como “moralidade, interesse público e 
boa-fé”, necessariamente, deverão ficar expressos na decisão no antecedente 
e no consequente. Cumpre ao prolator analisar os problemas com fatos e 
impactos reais. 
Exemplos: decisão na esfera da controladoria motivar com base em números e 
contas de gestor público – enumerar fatos e consequências. No âmbito judicial: 
magistrado que defere melhores condições em presídio deverá mencionar 
expressamente atos de melhorias e considerar parte econômica. O mesmo 
para deferir vagas em creches municipais, entrega de medicamento de alto 
custo para um paciente, cumprimento do Estatuto do Deficiente na rede 
pública, etc. 
Os termos da decisão não podem ser vagos ou abstratos. Nos termos do 
Decreto: 
 
Motivação e decisão baseadas em valores jurídicos abstratos 
Art. 3º A decisão que se basear exclusivamente em valores jurídicos abstratos 
observará o disposto no art. 2º e as consequências práticas da decisão. 
§ 1º Para fins do disposto neste Decreto, consideram-se valores jurídicos 
abstratos aqueles previstos em normas jurídicas com alto grau de 
indeterminação e abstração. 
§ 2º Na indicação das consequências práticas da decisão, o decisor 
apresentará apenas aquelas consequências práticas que, no exercício diligente 
de sua atuação, consiga vislumbrar diante dos fatos e fundamentos de mérito e 
jurídicos. 
§ 3º A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida 
imposta, inclusive consideradas as possíveis alternativas e observados os 
critérios de adequação, proporcionalidade e de razoabilidade. 
 
Entende a doutrina que foi uma tentativa do Poder Legislativo tentar segurar as 
rédeas da força que os princípios constitucionais possuem no nosso 
ordenamento jurídico. 
O art. 20 veda a motivação vazia, vaga, por isso o uso de “consequências 
práticas”. No fundo, o legislador pretende a análise ECONÔMICA do direito. 
 
23 
O parágrafo único quer vincular o julgador a motivar sua decisão no binômio 
necessidade e adequação, eliminando outras e possíveis soluções. 
Diz a doutrina que isso provém do princípio da proporcionalidade, englobando: 
se a solução é apta/ capaz para a atingir a finalidade pública exposta; se não 
há excesso; se compensa o custo-benefício da providência. 
As críticas, no entanto, colocam que o artigo faria com que o julgador tivesse 
que conhecer alternativas que nem sempre foram trazidas aos autos pelas 
partes – argumento que o TCU, colocou. 
Outro ponto: a invalidação de atos e negócios jurídicos e o dever de 
responsabilidade. 
 
Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, 
decretar a invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma 
administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências jurídicas 
e administrativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
Em caso de tornar sem efeito relação jurídica, o julgador deve demonstrar, na 
decisão, maior detalhamento, devido aos vínculos com bens, direitos e 
entidades. 
Exemplo dado - no Parecer de Juristas, que combateu críticas à lei - coloca o 
seguinte: “a autoridade pública julgadora que determinar a invalidação de 
contrato administrativo deverá definir se a lei aplicada garante ou não a 
preservação de alguns dos efeitos do contrato, como se: terceiros de boa-fé 
impactados terão seus direitos garantidos, se é caso de pagamento de 
indenização àquele que já executou sua prestação, etc. A decisão deve 
abranger as consequências advindas da invalidação.” 
Diz o Decreto: 
 
Motivação e decisão na invalidação 
Art. 4º A decisão que decretar invalidação de atos, contratos, ajustes, 
processos ou normas administrativos observará o disposto no art. 2º e indicará, 
de modo expresso, as suas consequências jurídicas e administrativas. 
§ 1º A consideração das consequências jurídicas e administrativas é limitada 
aos fatos e fundamentos de mérito e jurídicos que se espera do decisor no 
exercício diligente de sua atuação. 
§ 2º A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida 
imposta, consideradas as possíveis alternativas e observados os critérios de 
proporcionalidade e de razoabilidade. 
 
24 
§ 3º Quando cabível, a decisão a que se refere o caput indicará, na modulação 
de seus efeitos, as condições para que a regularização ocorra de forma 
proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais. 
§ 4º Na declaração de invalidade de atos, contratos, ajustes, processos ou 
normas administrativos, o decisor poderá, consideradas as consequências 
jurídicas e administrativas da decisão para a administração pública e para o 
administrado: 
I - restringir os efeitos da declaração; ou 
II - decidir que sua eficácia se iniciará em momento posteriormente definido. 
§ 5º A modulação dos efeitos da decisão buscará a mitigação dos ônus ou das 
perdas dos administrados ou da administração pública que sejam anormais ou 
excessivos em função das peculiaridades do caso. 
 
Ainda sobre o artigo 21 da LINDB: 
 
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, 
quando for o caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de 
modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se 
podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das 
peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos. (Incluído pela Lei nº 
13.655, de 2018) 
Outro exemplo que o TCU já faz é decidir que, em caso de punição de 
inidoneidade, os efeitos são ex nunc, não dando ensejo à imediata rescisão de 
todos os contratos entre as empresas sancionadas e o Poder Público Federal. 
Sobre a interpretação normativa e a gestão pública: 
A lei se baseia na premissa que o administrador público age de acordo com a 
realidade de seu território, com problemas e necessidades específicas. Cada 
realidade difere entre os entes públicos. Estas diferenças devem ser 
consideradas quando das decisões, bem como as seguintes condicionantes: 
I. os obstáculos e a realidade fática do gestor; 
II. as políticas públicas acaso existentes; 
III. o direito dos administrados envolvidos. 
 
 
25 
 
É o texto da lei: 
 
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados 
os obstáculos e as dificuldades reais do gestor e as exigências das políticas 
públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados. 
Os juristas que defendem a lei colocaram a questão interpretativa no âmbito 
sistemático: “mencionando Juarez Freitas – a interpretação sistemática, 
compreendida em novas e realistas bases, é a que se realiza em consonância 
com aquela rede hierarquizável, máxime na Constituição, tecida por princípios, 
regras e valores considerados dialeticamente e em conjunto na interpretação 
com o intérprete, positivador derradeiro. (...) Assim, ao se aplicar uma norma, 
percebe-se estar sendo aplicado e (re)construindo o sistema inteiro” (...). 
O Decreto preocupou-se com a posição dos efeitos para com os administrados, 
dos atos praticados e as peculiaridades – repetindo o texto da lei: 
Interpretaçãode normas sobre gestão pública 
Art. 8º Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados 
os obstáculos, as dificuldades reais do agente público e as exigências das 
políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados. 
§ 1º Na decisão sobre a regularidade de conduta ou a validade de atos, 
contratos, ajustes, processos ou normas administrativos, serão consideradas 
as circunstâncias práticas que impuseram, limitaram ou condicionaram a ação 
do agente público. 
A própria LINDB, ainda no artigo 22, em seus parágrafos esclarece: 
 
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, 
ajuste, processo ou norma administrativa, serão consideradas as 
circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou condicionado a 
ação do agente. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade 
da infração cometida, os danos que dela provierem para a administração 
pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do 
agente. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria 
das demais sanções de mesma natureza e relativas ao mesmo fato. (Incluído 
pela Lei nº 13.655, de 2018) 
 
26 
 
Chamado de “primado da realidade”. Tentativa para minimizar erros na atuação 
dos gestores quando suas responsabilidades são verificadas. 
 
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer 
interpretação ou orientação nova sobre norma de conteúdo indeterminado, 
impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá prever regime 
de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento 
de direito seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem 
prejuízo aos interesses gerais. 
Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
 
Chamado de modulação dos efeitos de uma nova interpretação. A comissão de 
juristas chamou este tema de “mudança de interpretação normativa, regime de 
transição e compromisso para o ajustamento da conduta.”. 
Defendem que, se o julgador modificar seu entendimento, instituindo uma nova 
interpretação ou orientação sobre norma de conteúdo indeterminado, deve 
estabelecer um regime de transição para seu cumprimento, caso disso resulte 
um novo dever ou condicionamento de direito aos envolvidos. O prazo deve ser 
assinalado para que se obedeçam as novas regras, adaptando-se no período 
da transição. 
O Decreto assim regulamenta: 
 
Revisão quanto à validade por mudança de orientação geral 
 
Art. 5º A decisão que determinar a revisão quanto à validade de atos, 
contratos, ajustes, processos ou normas administrativos cuja produção de 
efeitos esteja em curso ou que tenha sido concluída levará em consideração as 
orientações gerais da época. 
§ 1º É vedado declarar inválida situação plenamente constituída devido à 
mudança posterior de orientação geral. 
§ 2º O disposto no § 1º não exclui a possibilidade de suspensão de efeitos 
futuros de relação em curso. 
§ 3º Para fins do disposto neste artigo, consideram-se orientações gerais as 
interpretações e as especificações contidas em atos públicos de caráter geral 
ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária e as adotadas por 
prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público. 
§ 4º A decisão a que se refere o caput será motivada na forma do disposto nos 
art. 2º, art. 3º ou art. 4º. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
Motivação e decisão na nova interpretação de norma de conteúdo 
indeterminado 
 
Art. 6º A decisão administrativa que estabelecer interpretação ou orientação 
nova sobre norma de conteúdo indeterminado e impuser novo dever ou novo 
condicionamento de direito, preverá regime de transição, quando indispensável 
para que o novo dever ou o novo condicionamento de direito seja cumprido de 
modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais. 
§ 1º A instituição do regime de transição será motivada na forma do disposto 
nos art. 2º, art. 3º ou art. 4º. 
§ 2º A motivação considerará as condições e o tempo necessário para o 
cumprimento proporcional, equânime e eficiente do novo dever ou do novo 
condicionamento de direito e os eventuais prejuízos aos interesses gerais. 
§ 3º Considera-se nova interpretação ou nova orientação aquela que altera o 
entendimento anterior consolidado. 
 
Regime de transição 
 
Art. 7º Quando cabível, o regime de transição preverá: 
I - os órgãos e as entidades da administração pública e os terceiros 
destinatários; 
II - as medidas administrativas a serem adotadas para adequação à 
interpretação ou à nova orientação sobre norma de conteúdo indeterminado; e 
III - o prazo e o modo para que o novo dever ou novo condicionamento de 
direito seja cumprido. 
 
A LINDB é clara acerca do tema: 
 
Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à 
validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja 
produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da 
época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação 
geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas. (Incluído pela 
Lei nº 13.655, de 2018) 
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e 
especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência 
judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática 
administrativa reiterada e de amplo conhecimento público. (Incluído pela Lei 
nº 13.655, de 2018) 
 Art. 25. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
 
Este próximo artigo estabelece o chamado “regime jurídico geral de negociação 
entre autoridades públicas e particulares.” 
 
 
28 
 
 
Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa 
na aplicação do direito público, inclusive no caso de expedição de licença, a 
autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão jurídico e, quando for o 
caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante 
interesse geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a 
legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos a partir de sua publicação 
oficial. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo: (Incluído pela Lei nº 
13.655, de 2018) 
I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com 
os interesses gerais; (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou 
condicionamento de direito reconhecidos por orientação geral; (Incluído pela 
Lei nº 13.655, de 2018) 
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu 
cumprimento e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento. (Incluído 
pela Lei nº 13.655, de 2018) 
§ 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
 
O artigo 26 quer evitar litígios entre aqueles envolvidos em negócios público-
privados. Diz o Parecer que este regime visa eliminar eventual irregularidade, 
incerteza jurídica ou conflitos, como no caso de expedição de licenças, desde 
que presentes razões de relevante interesse social. 
Exemplos citados pelos juristas: no caso de vedação à desoneração 
permanente pretenderia evitar que uma negociação ou transação admitisse 
que o concessionário se escusasse de seu dever de cumprir regras 
regulatórias de qualidade do serviço público. No caso de vedação à fragilização 
de condicionamento de direito o foco seria reiterar que limitações 
administrativas não fossem desrespeitadas, exemplo: nãopode a autoridade 
permitir que a indústria jogue poluição tóxica na atmosfera. Estes deveres não 
podem ser objeto de transação pela autoridade administrativa por se tratarem 
de casos de orientação geral (art. 24). 
 
 
 
 
29 
 
 
Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou 
judicial, poderá impor compensação por benefícios indevidos ou prejuízos 
anormais ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos 
envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as 
partes sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor. (Incluído 
pela Lei nº 13.655, de 2018) 
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado 
compromisso processual entre os envolvidos. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 
2018) 
 
Diz o Decreto acerca da possibilidade de compensação: 
 
 
Compensação 
 
Art. 9º A decisão do processo administrativo poderá impor diretamente à 
pessoa obrigada compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais 
ou injustos resultantes do processo ou da conduta dos envolvidos, com a 
finalidade de evitar procedimentos contenciosos de ressarcimento de danos. 
§ 1º A decisão do processo administrativo é de competência da autoridade 
pública, que poderá exigir compensação por benefícios indevidamente fruídos 
pelo particular ou por prejuízos resultantes do processo ou da conduta do 
particular. 
§ 2º A compensação prevista no caput será motivada na forma do disposto nos 
art. 2º, art. 3º ou art. 4º e será precedida de manifestação das partes obrigadas 
sobre seu cabimento, sua forma e, se for o caso, seu valor.Art. 28. O agente 
público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de 
dolo ou erro grosseiro. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
 
O artigo 28 da LINDB trata da responsabilidade pessoal do agente público 
quando suas opiniões, decisões se fundarem em dolo ou erro grosseiro, 
inclusive situações de negligência, imperícia ou imprudência graves. Este 
dispositivo pretende abarcar também advogados públicos e procuradores que, 
em parecer ou atuação, perante órgãos públicos, causem danos a clientes/ 
terceiros por erros graves ou omissões. Seria responsabilizado por oferecer 
opinião técnica divergente da tese adotada pelo controlador ou pelo Judiciário, 
sem fundamento, sem tese aceitável. 
 
 
30 
 
 
Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões 
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
 
 
Esclarece o Decreto: 
Responsabilização na hipótese de dolo ou erro grosseiro 
Art. 12. O agente público somente poderá ser responsabilizado por suas decisões ou 
opiniões técnicas se agir ou se omitir com dolo, direto ou eventual, ou cometer erro 
grosseiro, no desempenho de suas funções. 
§ 1º Considera-se erro grosseiro aquele manifesto, evidente e inescusável praticado 
com culpa grave, caracterizado por ação ou omissão com elevado grau de 
negligência, imprudência ou imperícia. 
§ 2º Não será configurado dolo ou erro grosseiro do agente público se não restar 
comprovada, nos autos do processo de responsabilização, situação ou circunstância 
fática capaz de caracterizar o dolo ou o erro grosseiro. 
§ 3º O mero nexo de causalidade entre a conduta e o resultado danoso não implica 
responsabilização, exceto se comprovado o dolo ou o erro grosseiro do agente 
público. 
§ 4º A complexidade da matéria e das atribuições exercidas pelo agente público serão 
consideradas em eventual responsabilização do agente público. 
§ 5º O montante do dano ao erário, ainda que expressivo, não poderá, por si só, ser 
elemento para caracterizar o erro grosseiro ou o dolo. 
§ 6º A responsabilização pela opinião técnica não se estende de forma automática ao 
decisor que a adotou como fundamento de decidir e somente se configurará se 
estiverem presentes elementos suficientes para o decisor aferir o dolo ou o erro 
grosseiro da opinião técnica ou se houver conluio entre os agentes. 
§ 7º No exercício do poder hierárquico, só responderá por culpa in vigilando aquele 
cuja omissão caracterizar erro grosseiro ou dolo. 
§ 8º O disposto neste artigo não exime o agente público de atuar de forma diligente e 
eficiente no cumprimento dos seus deveres constitucionais e legais. 
Análise de regularidade da decisão 
Art. 13. A análise da regularidade da decisão não poderá substituir a atribuição do 
agente público, dos órgãos ou das entidades da administração pública no exercício de 
suas atribuições e competências, inclusive quanto à definição de políticas públicas. 
§ 1º A atução de órgãos de controle privilegiará ações de prevenção antes de 
processos sancionadores. 
 
31 
§ 2º A eventual estimativa de prejuízo causado ao erário não poderá ser considerada 
isolada e exclusivamente como motivação para se concluir pela irregularidade de atos, 
contratos, ajustes, processos ou normas administrativos. 
Direito de regresso, defesa judicial e extrajudicial 
Art. 14. No âmbito do Poder Executivo federal, o direito de regresso previsto no § 6º 
do art. 37 da Constituição somente será exercido na hipótese de o agente público ter 
agido com dolo ou erro grosseiro em suas decisões ou opiniões técnicas, nos termos 
do disposto no art. 28 do Decreto-Lei nº 4.657, de 1942, e com observância aos 
princípios constitucionais da proporcionalidade e da razoabilidade. 
Art. 15. O agente público federal que tiver que se defender, judicial ou 
extrajudicialmente, por ato ou conduta praticada no exercício regular de suas 
atribuições institucionais, poderá solicitar à Advocacia-Geral da União que avalie a 
verossimilhança de suas alegações e a consequente possibilidade de realizar sua 
defesa, nos termos do disposto no art. 22 da Lei nº 9.028, de 12 de abril de 1995, e 
nas demais normas de regência. 
Decisão que impuser sanção ao agente público 
 
Art. 16. A decisão que impuser sanção ao agente público considerará: 
I - a natureza e a gravidade da infração cometida; 
II - os danos que dela provierem para a administração pública; 
III - as circunstâncias agravantes ou atenuantes; 
IV - os antecedentes do agente; 
V - o nexo de causalidade; e 
VI - a culpabilidade do agente. 
§ 1º A motivação da decisão a que se refere o caput observará o disposto neste 
Decreto. 
§ 2º As sanções aplicadas ao agente público serão levadas em conta na dosimetria 
das demais sanções da mesma natureza e relativas ao mesmo fato. 
 
Art. 17. O disposto no art. 12 não afasta a possibilidade de aplicação de sanções 
previstas em normas disciplinares, inclusive nos casos de ação ou de omissão 
culposas de natureza leve. 
 
 
O Decreto se preocupa, ainda, em mencionar os instrumentos para eliminação 
de conflitos na seara administrativa, impedindo prejuízos ao ente público e à 
sociedade: 
Compromisso 
Art. 10. Na hipótese de a autoridade entender conveniente para eliminar 
irregularidade, incerteza jurídica ou situações contenciosas na aplicação do direito 
público, poderá celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação 
aplicável e as seguintes condições: 
I - após oitiva do órgão jurídico; 
II - após realização de consulta pública, caso seja cabível; e 
 
32 
III - presença de razões de relevante interesse geral. 
§ 1º A decisão de celebrar o compromisso a que se refere o caput será motivada na 
forma do disposto no art. 2º. 
§ 2º O compromisso: 
I - buscará solução proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses 
gerais; 
II - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de 
direito reconhecido por orientação geral; e 
III - preverá:a) as obrigações das partes; 
b) o prazo e o modo para seu cumprimento; 
c) a forma de fiscalização quanto a sua observância; 
d) os fundamentos de fato e de direito; 
e) a sua eficácia de título executivo extrajudicial; e 
f) as sanções aplicáveis em caso de descumprimento. 
§ 3º O compromisso firmado somente produzirá efeitos a partir de sua publicação. 
§ 4º O processo que subsidiar a decisão de celebrar o compromisso será instruído 
com: 
I - o parecer técnico conclusivo do órgão competente sobre a viabilidade técnica, 
operacional e, quando for o caso, sobre as obrigações orçamentário-financeiras a 
serem assumidas; 
II - o parecer conclusivo do órgão jurídico sobre a viabilidade jurídica do compromisso, 
que conterá a análise da minuta proposta; 
III - a minuta do compromisso, que conterá as alterações decorrentes das análises 
técnica e jurídica previstas nos incisos I e II; e 
IV - a cópia de outros documentos que possam auxiliar na decisão de celebrar o 
compromisso. 
§ 5º Na hipótese de o compromisso depender de autorização do Advogado-Geral da 
União e de Ministro de Estado, nos termos do disposto no § 4º do art. 1º ou no art. 4º-
A da Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997, ou ser firmado pela Advocacia-Geral da 
União, o processo de que trata o § 3º será acompanhado de manifestação de 
interesse da autoridade máxima do órgão ou da entidade da administração pública na 
celebração do compromisso. 
 
33 
§ 6º Na hipótese de que trata o § 5º, a decisão final quanto à celebração do 
compromisso será do Advogado-Geral da União, nos termos do disposto no parágrafo 
único do art. 4º-A da Lei nº 9.469, de 1997. 
Termo de ajustamento de gestão 
Art. 11. Poderá ser celebrado termo de ajustamento de gestão entre os agentes 
públicos e os órgãos de controle interno da administração pública com a finalidade de 
corrigir falhas apontadas em ações de controle, aprimorar procedimentos, assegurar a 
continuidade da execução do objeto, sempre que possível, e garantir o atendimento do 
interesse geral. 
§ 1º A decisão de celebrar o termo de ajustamento de gestão será motivada na forma 
do disposto no art. 2º. 
§ 2º Não será celebrado termo de ajustamento de gestão na hipótese de ocorrência 
de dano ao erário praticado por agentes públicos que agirem com dolo ou erro 
grosseiro. 
§ 3º A assinatura de termo de ajustamento de gestão será comunicada ao órgão 
central do sistema de controle interno. 
 
Finalmente, a intenção de se padronizar o agir do administrador público, 
permitindo o conhecimento das motivações com transparência, determinou a 
inclusão de tal dispositivo: 
Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na 
aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e 
respostas a consultas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter 
vinculante em relação ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior 
revisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
(LINDB) 
 
Sobre o mesmo tema o Decreto regulamentou: 
 
Consulta pública para edição de atos normativos 
Art. 18. A edição de atos normativos por autoridade administrativa poderá ser 
precedida de consulta pública para manifestação de interessados, preferencialmente 
por meio eletrônico. 
§ 1º A decisão pela convocação de consulta pública será motivada na forma do 
disposto no art. 3º. 
§ 2º A convocação de consulta pública conterá a minuta do ato normativo, 
disponibilizará a motivação do ato e fixará o prazo e as demais condições. 
 
34 
§ 3º A autoridade decisora não será obrigada a comentar ou considerar 
individualmente as manifestações apresentadas e poderá agrupar manifestações por 
conexão e eliminar aquelas repetitivas ou de conteúdo não conexo ou irrelevante para 
a matéria em apreciação. 
§ 4º As propostas de consulta pública que envolverem atos normativos sujeitos a 
despacho presidencial serão formuladas nos termos do disposto no Decreto nº 9.191, 
de 1º de novembro de 2017. 
Segurança jurídica na aplicação das normas 
Art. 19. As autoridades públicas atuarão com vistas a aumentar a segurança jurídica 
na aplicação das normas, inclusive por meio de normas complementares, orientações 
normativas, súmulas, enunciados e respostas a consultas. 
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput terão caráter vinculante em 
relação ao órgão ou à entidade da administração pública a que se destinarem, até 
ulterior revisão. 
Parecer do Advogado-Geral da União e de consultorias jurídicas e súmulas da 
Advocacia-Geral da União 
Art. 20. O parecer do Advogado-Geral da União de que tratam os art. 40 e art. 41 da 
Lei Complementar nº 73, 10 de fevereiro de 1993, aprovado pelo Presidente da 
República e publicado no Diário Oficial da União juntamente com o despacho 
presidencial, vincula os órgãos e as entidades da administração pública federal, que 
ficam obrigados a lhe dar fiel cumprimento. 
§ 1º O parecer do Advogado-Geral da União aprovado pelo Presidente da República, 
mas não publicado, obriga apenas as repartições interessadas, a partir do momento 
em que dele tenham ciência. 
§ 2º Os pareceres de que tratam o caput e o § 1º têm prevalência sobre outros 
mecanismos de uniformização de entendimento. 
Art. 21. Os pareceres das consultorias jurídicas e dos órgãos de assessoramento 
jurídico, de que trata o art. 42 da Lei Complementar nº 73, de 1993, aprovados pelo 
respectivo Ministro de Estado, vinculam o órgão e as respectivas entidades 
vinculadas. 
Orientações normativas 
Art. 22. A autoridade que representa órgão central de sistema poderá editar 
orientações normativas ou enunciados que vincularão os órgãos setoriais e seccionais. 
§ 1º As controvérsias jurídicas sobre a interpretação de norma, instrução ou 
orientação de órgão central de sistema poderão ser submetidas à Advocacia-Geral da 
União. 
§ 2º A submissão à Advocacia-Geral da União de que trata o § 1º será instruída com a 
posição do órgão jurídico do órgão central de sistema, do órgão jurídico que divergiu e 
dos outros órgãos que se pronunciaram sobre o caso. 
 
 
35 
 
Enunciados 
Art. 23. A autoridade máxima de órgão ou da entidade da administração pública 
poderá editar enunciados que vinculem o próprio órgão ou a entidade e os seus 
órgãos subordinados. 
Transparência 
Art. 24. Compete aos órgãos e às entidades da administração pública manter 
atualizados, em seus sítios eletrônicos, as normas complementares, as orientações 
normativas, as súmulas e os enunciados a que se referem os art. 19 ao art. 23.

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