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RADHA KRISHNA AO HOMEM CONVÉM AMAR EDITORA PONGETTI – 1969 TRANSCENDÊNCIA Não importa o ano que transcorre. Basta o leitor saber que, nesta época, nada é razoável. Tudo assumiu descomedidas proporções. Todas as perspectivas são discutíveis, já que se vive em caos de inquietude crepuscular. A excitação de um final de CICLO salienta flagelos apocalípticos que desabam sobre nosso formoso Planeta de verdes revérberos, verdes florestas e verdes águas. O Terceiro Milênio encontrará o habitante da TERRA ainda empoeirado na ridícula vaidade de uma Ciência jovem e propósitos falhos... Que importa o ano que transcorrer! Nesta fase, a TERRA e sua Humanidade padecem o transe das grandes angústias, dos terríveis pesadelos e das mortes coletivas... A despeito disso, subsistirá dos escombros finais: feridas, duramente provada, mas PURA, enfim! Os exemplares humanos que nela permanecerem, então, terão aprendido, finalmente, que AO HOMEM CONVÉM AMAR! “A ESCALA DO CÓSMICO, TODA A FÍSICA MODERNA NO-LO ENSINA, APENAS O FANTÁSTICO TEM POSSIBILIDADE DE SER VERDADEIRO.” – TEILHARD DE CHARDIN TRILHA DE IDÉIAS OBRIGADA por ter vindo, GERALDO – disse a mulher simplesmente, os OLHOS VERDES sondando suavemente os olhos verdes do visitante. – Sente-se... ou ande, se preferir. Importa que fique inteiramente à vontade. As etiquetas para mim são dispensáveis. Inibem a criatura, tornando-a superficial. Malogram a autenticidade... Isto não significa, porém, que sou adepta ou simpatizante dos Movimentos que ameaçam a velha e sagrada Ética humana! Alta e elegante, a figura do rapaz, camisa esporte negra, olhos magnéticos, ar felino, fez lembrar imediatamente o porte do RADIL do planeta KUNTI (espécie semelhante à pantera-negra terráquea). RUBY sorriu de leve e suspirou profundamente. Mesmo que não tivesse sido informada, jamais se enganaria com esse exemplar. Estava habituada aos inquietos exilados planetários... de KUNTI e de alguns outros mundos. GERALDO, ela creditava, nada sabia de sua origem. E, por certo, não daria crédito quando fosse informado. Era comum suceder assim... Quantas vezes havia acontecido caber à RUBY a tarefa pouco agradável de comunicar tão discutível fato. Habitual era ser olhada com espanto, receio... ou piedade. Quantas vezes havia chorado discretamente por ler no olhar de alguém um juízo patético: “Coitada! Deve ter alguns parafusos frouxos!" Ou, ainda: "Esta carece de diversão e me escolheu para gaiato". E muitos outros conceitos assim tão próprios daquele que ignora. Conclusões daquele que caminha sob o controle de um limite evolucional que não o capacita para entender, compreender, ou crer. Enquanto brincava com a almofada de tecido metálico carmim, GERALDO demonstrava curiosa expectativa. - Vamos tentar ignorar o calor - começou RUBY - Farei perguntas que acredito inesperadas. Pelo menos, fora da cogitação da maioria. - Estou esperando. - Responderá com absoluta autenticidade? - É claro! Costumo ser autêntico. Agrada-me ser verdadeiro. NÃO MENTIR é um preceito que considero indispensável na minha vida. - Observem! - Comentou RUBY, voltando-se rapidamente para suas irmãs presentes - Vocês teriam dúvidas quanto à origem planetária de GERALDO? Vejam os OLHOS! O rosto... que mantém ainda traços do radil de Kunti... - Foi o que disse antes, não foi? - respondeu uma delas... a que respondia pelo nome de RAMÍ. - KUNTI?! – surpreendeu-se o rapaz - Certa ~vez disseram-me que eu deveria ser de Vênus - As três mulheres trocaram ligeiro sorriso. - Deixaremos seu planeta de origem para outra ocasião. Diga- me... - pediu RUBY – Contenta-se, intimamente, com as atividades que se processam atualmente no mundo? Está satisfeito com a vida como tem de ser vivida em qualquer lugar do globo? Está contente com o que é? Não lhe assalta nenhuma inquietude? Nenhuma insatisfação imprecisa, mesmo quando estão atendidas todas as necessidades primárias exigíveis? Ou quando logrou êxito em suas aspirações? - Uma pergunta de cada vez! É claro que não estou contente com as atividades do mundo hodierno, e nem sempre fico satisfeito com o que consigo realizar. Também não estou feliz com o que sou. Um artista, RUBY, parece jamais conseguir a perfeição que almeja. Especialmente, quando ele determina fazer de seu trabalho um instrumento de ajuda e esclarecimento para seus semelhantes. A verdade é que, à medida que o homem se aproxima do que chama desenvolvimento da vida orgânica, moral e intelectual, ele se dispersa... - Você quer dizer: redunda num atraso... ou como se caminhasse em círculos? - Mais ou menos isso. Vamos para diante! Pergunte. - Acaso pensou mais demoradamente, algum dia, na condição provisória do corpo físico e sua inexorável, breve, extinção? - Não, RUBY... Não me detive demais sobre isso. Devia? - Acredito que seria da melhor valia uma meditação a respeito. Comecei a pensar mais profundamente no assunto, quando meu Instrutor Espiritual indicou-me as meditações de Marco Aurélio... com algumas restrições, naturalmente. No livro II, encontrei o seguinte período: "Da vida humana, a duração é um ponto; a substância, fluida; a sensação, apagada; a composição de todo o corpo, putrescível; a Alma, inquieta; a sorte, imprevisível; a fama, incerta." - E mais adiante, no livro III: “... lembra, ainda, que cada um vive apenas o presente momento INFINITAMENTE BREVE. O mais da vida, ou já se viveu ou está na incerteza. "Exíguo, pois, é o que cada um vive; exíguo, o cantinho de terra onde vive; exígua até a mais longa memória na posteridade, essa mesma transmitida por uma sucessão de homúnculos morrediços, que nem a si próprios conhecem, quanto menos a alguém falecido há muito." “Não procedas como se houvesses de durar dez milênios; o FIM INEVITÁVEL PENDE SOBRE TI; enquanto vives, enquanto podes, torna-te um BOM." - Acredito que seria válido meditar sobre o assunto... - Estamos vivendo o "momento infinitamente breve" de que falou aquele sábio, GERALDO. Sim... Vale a pena falar disso. Não é assunto que constitua, fonte de sombras, mas promessa de luz! Quanto mais me adentro nele... mais encontro pequeninas porções de mim mesma. Como se penetrasse um laboratório pessoal de pesquisas... e, insatisfeita, buscasse sempre novos resultados, sem me deter naqueles já conquistados – Voltando-se para o rapaz, ela prosseguiu - Nunca lhe ocorreu sentir-se qual uma máquina, acionada por forças desconhecidas? Ou outras vezes, em que seu arbítrio reclama... quase intima... uma urgência inexplicável? - Muitas vezes, senti-me assim... Impulsionado para fazer coisas que não imaginava ser capaz. Sim, muitas vezes tenho estado às voltas com a urgência inexplicável de que fala. Urgência de saber tudo acerca do que ignoro! Preocupação de investigar a verdadeira origem do Homem. Não, RUBY, não estou nada satisfeito com o que sei. Inúmeras vezes perguntei-me: estariam certos os que falaram e escreveram sobre o princípio do Homem? Estariam certos, quando até hoje a evolução humana mostra-se tão precária; quando se cultivam ainda sentimentos tão inferiores como o ódio, a maledicência, etc.? Também tenho feito a auto-indagação usual: "QUEM SOU?"... "DE ONDE VIM"... "PARA ONDE VOU?". - Pois é... A Antropogenia explica os fenômenos da geração humana. A Antropologia ocupa-se de sua classificação cultural e etnológica... Ainda a Antropometria encarrega-se das dimensões diversas do corpo. E, por fim, teme a mais interessante das ciências citadas, a Antroposofia,que se incumbe da natureza moral do Homem. Mas... a insatisfação face à ORIGEM continua. Os limites do conhecimento alcançado são palpáveis! Enquanto isso, a verdadeira natureza do Homem exige outras respostas. Reclama outro nível de percepção. Para uns, isso não ultrapassa movimentos infra- conscientes. Pala outros, como nós, manifesta-se como instância que não cede. - Daí - falou GERALDO, pensativo, - essa necessidade de meditar, investigar, de duvidar das noções tão pouco elucidativas que nos foram legadas. MAS, RUBY! Onde encontrar as fontes idôneas para pesquisar? - Acredito que as fontes sempre aparecem, quando desejamos com firmeza alcançar um propósito superior. Começamos buscando inconscientemente. Depois, vêm as tentativas tateantes, já no campo do consciente. Ensaios válidos. Como a criança que engatinha... e tenta os primeiros passos. Sem sombra de dúvida, uma força dirigida, embora, às vezes, mal canalizada. Veja! Não lhe ocorreu a necessidade de projetar-se, através do pensamento, pelas dimensões ainda ocultas, numa débil tentativa de assimilar as modificações manifestadas pela GRANDE ORIGEM? - Sim, isso já me ocorreu. Não apenas uma vez... Chego a desejar que meu pensamento alcance distâncias imensas: milhões ou bilhões de anos luz! Outros planetas habitados por Inteligências superiores ou simplesmente diferentes da nossa. - A verdade é que tropeçamos em acontecimentos que surgem com a fachada do ACASO e não, passam de diretrizes para a conquista da AUTO-CONSCIÊNCIA. Você acredita no ACASO? - Pensando bem, acho que não. - Para tudo há explicações coerentes, GERALDO... Ainda que se tenha de esperar algum tempo por elas. Agora, diga-me... o que pensa do AMOR? Refiro-me, naturalmente, ao sentimento que simplifica e acomoda as deficiências do mundo e dos homens. Daquele que se mantém acima das limitações tão próprias do estágio da criatura terráquea. GERALDO levantou-se e passeou, agitado, de um lado para o outro da sala. Começava a demonstrar maior entusiasmo com o desenvolvimento das idéias. Tirou do bolso um maço de cigarros. - Permite-me? - Sem dúvida. Esteja à vontade. Olhe! Estes sapatinhos indianos de bronze, são cinzeiros... embora micro-cinzeiros. O fumo não é consumido por nós aqui de casa, mas não me aborrece o cheiro do cigarro ou do cachimbo. O diabo é o charuto! Sou capaz de desmaiar literalmente com o terrível aroma de qualquer deles. - O que há de errado com o fumo, RUBY? - Assunto controverso, amigo. As pesquisas científicas vêm acusando o fumo de PERIGOSO. Tem sido apontado como causa de câncer... Agora mesmo, nos EUA, está sendo veementemente combatido. - Não me referia a esse aspecto. - Ah! No que diz respeito ao aspecto espiritual... é muito negativo. Obstrui os canais de percepção sutil. Se os poros de um indivíduo estão vedados, a pele não respira, não é verdade? Pois bem... O mesmo se dá com o consumo do fumo, do álcool ou da carne. Os animais abatidos são criaturas já bem "despertas" no seu estágio de vida. Percebem, sentem, sofrem... Alguns deles revoltam-se na hora de serem mortos. Essa vibração de revolta e agonia permanece na carne, mais tarde ingerida pelo Homem. É evidente que não fará nenhum benefício ao organismo humano. Além disso, há outros inconvenientes: a carne como transmissora de doenças, micróbios ou vírus desconhecidos. A criatura em seu estágio hominal... não devia mais ser carnívora. A Evolução tem seus degraus... Enfim, meu amigo, abolir o consumo da carne, do fumo e do álcool constitui para nós higiene física e psíquica. Muitos julgam tratar-se de sentimentalismo religioso. Nada disso! É uma resolução inteligente. Só isso. - E o fumo? - insistiu interessado. - Além de risco para a saúde física, salienta-se o aspecto astral. Os viciados desencarnados são atraídos para os fumantes do plano físico. Pretendem com isso saciar suas necessidades prementes, sem solução no plano ou dimensão onde estão. Através do viciado encarnado, absorvem a ilusão de tragar a fumaça. E daí... resultam companheiros constantes. Tais elementos, evidentemente, são habitantes do astral inferior e, por conseqüência, vizinhança negativa para o habitante de cá. Se os fumantes pudessem visualizar seus acompanhantes ou "simpatizantes"... com certeza mudariam de "diversão". - Agora, RUBY, podemos voltar à sua pergunta anterior? - Estou esperando a reposta. - Sabe... - começou ele. – Desagrada-me ver a palavra AMOR tão explorada, tão mal aplicada. Quando penso no AMOR, sinto-O como PODER! Intimamente ligado à necessidade de dar o melhor de nós mesmos... de respeitar o próximo e ser verdadeiro em nossos atos e palavras. O AMOR é essa necessidade que sinto de sondar a Força silenciosa que vigia, muitas vezes, por um par de olhos. Força que é capaz de transformar e transportar a criatura a alturas desconhecidas. Que pode manifestar-se em qualquer um, em qualquer momento, ou retirar-se tão inesperadamente como chegou... como é comum ocorrer. E você, RUBY, como crê no AMOR? - Aí está algo de difícil definição. Talvez tenhamos os mesmos ângulos de visão. A diferença está apenas na forma de exprimir a idéia. Creio no AMOR como FORÇA AUTO-EXISTENTE, FONTE AUTO-ATIVA, irradiante. Pode ser captada em seus múltiplos aspectos, segundo a sensibilidade e evolução de cada criatura. Creio no AMOR como incógnita inconquistada, de manifestações sempre renovadas... Energia dominante, mal canalizada, mal pesquisada, pelos falhos sentidos humanos. Particularmente, penso que o Homem terráqueo não está ainda satisfatoriamente equipado para interpretar o AMOR. Detecta suas muitas FACES, de maneira dispersa, mas... foge-lhe a ESSÊNCIA! Ainda assim, creio firmemente que é o AMOR a única religião conveniente ao Homem. E o único Ideal também. Porque é a Força Todo-Poderosa que se desprende d'Alma e abraça os múltiplos aspectos da Natureza, onde também impera... Porque somente o AMOR encaminha o Homem sutilmente para o auto-descobrimento, projetando-o às escalas cósmicas de transcendentais realidades. Para muitos pode parecer ingênua ou mesmo ridícula tal concepção. Mas... que importa a opinião humana, quando a inconstância é sua mais forte característica? A formidável INTELIGÊNCIA-ORIGEM tem se revelado sempre AMOR, a despeito da ignorância evidente que pesa s sobre os habitantes deste e de muitos outros mundos semelhantes. Mesmo os sábios do átomo, hão de tropeçar constantemente em indagações que persistem em permanecer "MISTÉRIO". Ignoram os movimentos e transformações que o AMOR opera no Homem e na Criação... Nos micros como nos macromundos! Sim, meu amigo, IGNORAM! Ignoram que o AMOR está presente, como origem de todos os enigmas: conciliador de todos os impulsos, transmutador de todas as fronteiras, luz de todos os fenômenos, essência-mater de toda Verdade, unificador de todos os caminhos... Conclusão de todas as buscas! Sabe, GERALDO, nada poderia acrescentar ao que acabei de expor. Sou um exemplo simplório da espécie que represento. Descontentam-me as complexidades. Como já disse, não aprecio etiquetas, excesso de artifícios e tudo mais que possa ferir frontalmente a simplicidade da vida. Exatamente porque acredito que a vida do Homem deveria desenvolver-se RUMO AO AMOR... que é toda SABEDORIA a ser conquistada em trilhas tão lentamente descobertas... E mais lentamente ainda percorridas. - Tem razão... - concordou o rapaz, sempre pensativo, voltando a mover-se pela sala como um grande gato negro. - O homem terráqueo é preguiçoso. Caminha devagar demais. A mente, quando não evolui, estaciona e,conseqüentemente, acaba numa neblina, que chamo autodestruição. Observa-se, hoje em dia, sem muito esforço, a necessidade humana de transpor os limites já alcançados. Daí o menos evoluído carecer de tóxico para atingir emoções diferentes ou a percepção de outros alcances. - Ninguém pode negar uma mudança em tudo. Está evidente. Uma mudança inevitável que assusta! Os valores humanos estão sendo trocados. Estranhamente trocados! O psiquismo do homem fatigado gera comportamentos enfermiços, forja conceitos torcidos de libertação. - Muitos, porém, estão despregando-se, embora quase imperceptivelmente, das confinações terráqueas. Estão sendo sutilmente preparados para alcances de proporções cósmicas. - Já que estamos falando de tais alcances, quero perguntar-lhe: deteve-se, alguma vez, na idéia de um outro infinito dimensional, semelhante e correspondente ao nosso? - Sem dúvida! E respeito toda e qualquer consideração, sobre o assunto. - Nesse caso, qual a sua opinião a respeito dos "PORTAIS" ou "PASSAGENS" para outras dimensões? Tem algum conceito já formado? - Como assim? - Bem... Existem os "PORTAIS" propriamente ditos, que são engenhos construídos e controlados por Inteligências superiores. Enquanto que as "PASSAGENS" são aberturas naturais, fixas ou provisórias, que dão acesso a outras FAIXAS dimensionais, superiores ou inferiores, sujeitas a outras leis, como por exemplo: diferentes graus de densidade de matéria. E ainda outros fatores que escapam à sabedoria do terráqueo comum. - Concordo com isso, mas não me interesso pelos PORTAIS construídos. As máquinas deveriam estar ultrapassadas para as Inteligências superiores à nossa. - É preciso levar em consideração, GERALDO, que existem Raças que evoluem mais no sentido da mecânica, da tecnologia... - Está certo, mas o que me toca mais profundamente a sensibilidade são as Altas Inteligências ou Super-Raças que já atingiram evolução tal que as capacitaram para a posse de mentes super-poderosas... - Falo das Inteligências que ultrapassaram a dependência das máquinas. Quando desejam transpor grandes distâncias e limites dimensórios ou inter-dimensórios, usam apenas o poder mental para o transporte da matéria que compõe corpos ou objetos. - De minha parte... aprecio os mais diversos níveis de evolução. Encontro neles belezas novas, interesses de grande efeito. Ocasionalmente, tocando idéias com certo jovem de nome ARUNA, toquei de leve sobre este assunto. Sei que penso dessa forma há milênios. Acredito que seguirei pensando assim ainda por muito tempo. Não basta ao Homem, seja de que planeta for, conhecer Galáxias ou aprofundar-se nos mistérios das grandes RADIAÇõES. É preciso... é indispensável que o Homem conheça intimamente as várias definições da NATUREZA! Que decifre, por vários ângulos, os envolventes câmbios. Que chegue a conceber as grandes vertigens, as revoluções da FORMA... E até mesmo o singelo segredo da Concha marinha! (pág. 148/149 do livro "Raí... Fantasma ou Enigma Cósmico?"). É assim que penso... e sinto. GERALDO. * * * FALHA O OPERADOR CONSCIENTE SHALIMAR entrou na sala com seu passo miúdo, gracioso. Esboçou tímido sorriso, enquanto seus olhos amarelos, expectantes, analisavam RUBY abandonada numa poltrona, abstraída. - Sozinha? - indagou. - É o que parece... segundo os velhos conceitos da lógica e da razão - brincou RUBY, voltando-se devagar para a moça. - Posso estar enganada. O Homem nunca está só... em verdade. - Notícias de GERALDO? - quis saber. Sentando-se na outra poltrona. - Nenhuma. - Não vai tentar saber? - insistiu. - Não. As criaturas têm sempre razões supostamente válidas para esquecer compromissos... sejam simplesmente comerciais, sociais ou espirituais. É um homem muito ocupado. Deixaremos as coisas como estão. Não me compete mudar a feição dos fatos. Ou das resoluções alheias. Para ele houve um "chamado". Espécie de convocação para atividades que interessam ao Espírito... e só a ELE dizem respeito. Quando isso ocorre, surgem obstáculos de aspectos vários. Tropeços aparentemente intransponíveis. GERALDO deve estar enfrentando impedimentos... internos ou externos. E não terá forças para supera- los... infelizmente. Lamento. Quando o Homem foge a essa, espécie de chamado, mesmo diante de verdadeiras barreiras, paga tributo pesado à oportunidade perdida. - Você havia dito que ele brevemente estaria apto para elevados empenhos... - Sim... se houvesse escolhido certo. Seria capaz de atingir, em um tempo mínimo, os Caminhos que levam a uma super-ciência. - Que pena! - lamentou SHALIMAR. - Não há como intentar uma solução para modificar o panorama atual? - Não! Não vamos abordar este tema. Não se deve forçar uma reação provável, baseado apenas na tendência dos grandes valores latentes. Não, SHALIMAR... Pense bem! Há um oscilador virtual em cada criatura. Conheço pouco das variações de freqüência e suas complexidades. Não é a primeira vez que luto com dificuldades experimentais. É bom que GERALDO determine, pessoalmente, - enquanto seu arbítrio permite!, - o que convém ao seu atual processo de transição sutil. Agora... vamos falar de outra coisa. - Está certo. Não falemos mais disso. Em que pensava, quando cheguei? Tinha o olhar triste, distante. - Cogitava sobre a Flauta... Pensava nos cambiantes anseios da alma humana, que ela interpreta tão bem! Pensava que, embora o HINDOSTÃO possua tantos instrumentos, numerosos em som e contextura, só a Flauta eternizou-se como "mensageira dos ternos acordes". - A flauta de bambu! - suspirou SHALIMAR. - Tão diferente da flauta moderna! - Muito diferente... - a voz de RUBY tornou-se mais e mais cadenciada. Quase morria. - Houve época em que uma flauta singela encantou a alma das gentes de Gokul e Vraja. - Ah! O Senhor KRISHNA... - suspirou ainda SHALIMAR como se revivesse tão remoto passado. - CHANDI DAS, o hindu, escreveu em seus poemas... que KRISHNA falou certa vez para determinada Gopi (pastora), a quem amava infinitamente: ":Escuta RAI... Para tocar a flauta há que se adotar primeiro a posição do músico. Só então a flauta será suscetível de proporcionar algum deleite. Imita minha posição. Dobra o joelho de tua, perna esquerda, que cruzarás com teu pé direito. Inclina a cabeça para a esquerda e assim expressa-te... fala com tua flauta... "regozijaste com tua música!" - Quando você entra em cogitações sobre a gente simples de Gokul, Vraja e os efeitos da tosca flauta de KRISHNA, RUBY... com certeza é a velha auto-insatisfação que está revolvendo seu mundo interior. - Tem razão... - suspirou a mulher. Os OLHOS VERDES mais VERDES sob a intensidade de uma radiância dominante. - Falhei na minha tarefa. Isto é tudo. Não cabe lamentos. FALHEI... Não há consolo possível. Cada vez que acontece, sofro os efeitos devastadores do auto-descontentamento. Tufão que não dá trégua... por muito, muito tempo. - Em suma: quer dizer auto-punição. Como sabe que falhou, quando a desistência não foi sua? - Nada de auto-punição, querida. Auto-descontentamento na acepção da palavra. A falha existe, embora a contragosto. Você não tem noção, SHALIMAR! Não concebe os câmbios indefinidos, as mutações profundas, que experimenta a Alma humana. Os "resíduos" do passado milenar de aprendizado em diversos retornos, retêm influências que escapam à percepção sensorial. Por exemplo: às vezes alguém antipatiza com você no primeiro encontro. Injustificável no quadro atual de sua vida. Entretanto, são reações subjetivas, decorrentes de sentimentos arquivados na "adega escura"de FREUD. Em alguns casos, motivos arquivados há séculos ou milênios, em outras encarnações. Da mesma forma o estranho mecanismo funciona com sua outra face: a tão comentada "atração à primeira vista". Trata-se, portanto, de remotos contatos positivos ou negativos, que não figuram no consciente, mas persistem como clichês vivos, intactos, no inconsciente... Enfim, são causas assim que têm, vez por outra, constituído facetas determinantes no resultado da minha tarefa espiritual. - Nesse caso, - murmurou SHALIMAR, - o "Operador" mais hábil estaria fadado a falhar... - Não, se contar com os fatores TEMPO, OPORTUNIDADE e PUREZA DE INTENÇÕES, para pesquisar a famosa "adega escura"... Para enfraquecer a excitação do clichê negativo, ativando, conseqüentemente, os movimentos positivos do novo clichê. A mutação das impressões anteriormente recebidas, cabe à NATUREZA, mas... a superposição da energia constante, transmitida pelas ações positivas do "Operador", acabariam por modificar a influência negativa do clichê antigo. E uma reação passiva permitiria o estado receptivo desejado. - RUBY silenciou. - Este assunto tem a força de feitiço. Em que está pensando, agora? - Numa frase que se refere a CENTRAL-ORIGEM de todo existir. Não me pertence, é claro. - Posso conhece-la? - Sem dúvida... "NO ME BUSCARIAS SI NO ME HUBIESES YA ENCONTRADO"... - Sábias palavras... Ninguém buscaria a DIVINDADE... se não soubesse, embora subjetivamente, que ELA EXISTE! * * * TREINO PRIMITIVO PARA UM “SENTIR" AVANÇADO GERAINE passeava de um lado para outro do quarto amplo, decorado em vermelho-gerânio. Cabelos desalinhados. Olhos brilhantes de fúria. Déshabillé vestido com displicência. Nenhuma pintura. Alçando os olhos esverdeados para a visitante, disse simplesmente: - Chegou bem na hora, RUBY. Estou precisando de você. - A voz era comum e inexpressiva. - Coincidência conveniente, então? - fez a outra, ocupando a poltrona cor de gerânio. - Você ensinou-me a não acreditar no "acaso" ou nas "coincidências", lembra-se? Agora, não vai querer que aceite a possibilidade de ter conseguido "atraí-la" para minha casa com o "poder da minha mente" - motejou. - A mente possui qualidades que o vulgo desconhece, minha cara. - Pode ser. A minha, porém, está desacreditada. Se possuísse algum poder, Marcos estaria em casa neste momento. - GERAINE apanhou o maço de cigarros na penteadeira. Acendeu um com movimentos bruscos. Suas mãos estavam trêmulas. Os negros cabelos, quase lisos, desalinhados, roçaram-lhe os ombros. RUBY aguardava quieta. Os OLHOS VERDES estreitados, sondando as reações da jovem senhora. - Imagino que esteja estranhando a fumaceira - prosseguir GERAINE, fitando o cigarro como se o visse pela primeira vez. - Estranhando? De modo algum. Seus nervos estão em péssimo estado. Isto está evidente. Se voltou a fumar é porque fracassou na tentativa de evita-lo. Muito natural. Em que posso ser útil, minha cara? - Fico doente só de ver sua calma! - explodiu a outra. - O que deveria fazer? Gritar, dar-lhe um par de bofetões para acalma-la... ou destruir seu maço de cigarros? O que pareceria mais lógico para você? - Está bem... Pareço doida. E você não é amiga igual as outras. Às vezes, penso que vou conseguir comportar-me com equilíbrio, como você aconselha. Sei que seus ensinamentos são lógicos, benéficos, belos. Sei que deseja ver-me feliz... Mas... não mereço seus cuidados, RUBY. Falta-me sutilidade para responder ao seu padrão de sabedoria. - Ora! Isto é o que se chama "fuga". Um psicanalista bem intencionado não hesitaria em deixar bem claro que você está sempre arranjando escapatória. Onde está seu marido? - Divertindo-se por aí. Nos braços de alguma... - murmurou entre dentes, enquanto esmagava o cigarro no cinzeiro, com fúria contida. - Não fale assim! Marcos ama você, GERAINE. E, nesse caso, considero descabida a acusação. - O que você disse? - gritou a outra - Isto é uma tolice! - Admito que não tem tido comportamento convincente, mas... - Mas... coisa alguma! Marcos deixa-me só constantemente, RUBY. Já contei isso, não contei? Nenhum homem que ame sua esposa teria um comportamento assim. E temos apenas cinco anos de casados. Qualquer tempo vago, corre para a casa do tal Valter. Um salafrário que costuma trair a mulher, até com criadas! Qualquer tempo vago, minha querida, e lá vai o Marcos "jogar xadrez" em casa do Valter. "VOU JOGAR XADREZ, DOÇURA", é o estribilho. Estou saturada, RUBY! Devia ao menos trocar o pretexto, de vez em quando. "Vá ao cinema, querida", acrescenta apressado. "Procure distrair-se, minha bela"... ou "Leia um livro" conclui distraído. Ah! Tenho ganas de incendiar a casa e fumar um cigarro no muro fronteiro. - Acalme-se, GERAINE. - RUBY suspirou. A jovem senhora correu para sua penteadeira. Apanhou outro cigarro. Curvou ligeiramente a cabeça, num gesto gracioso, para acende-lo. - Não acredito que seu marido possa traí-la. Ainda não, GERAINE. O homem está mesmo interessado naquele jogo. - Não tente consolar... - Não estou tentando isso. Você quer Marcos em casa, não quer? Quer alcança-lo com os olhos todos os momentos em que não esteja no escritório, não é? - Não há dúvida, mas... - Não existe alternativa, menina. Aprenda a jogar xadrez! Compre um tabuleiro novo com suas 32 figuras atraentes. - Acredita nesta solução? - Acredito. - Puxa! Vou acabar profundamente entediada. Jogar xadrez todas as noites, domingos e feriados? - Bem... - garantiu RUBY, encolhendo os ombros. Não é assim tão sacrificial. Acabará habituada. E terá seu marido em casa... encantado com seu interesse por ele. Não esqueça de largar o cigarro. - Mas, ele também fuma! - Eu sei. Contudo, um hábito desagradável já é o bastante. Marcos notará seu hálito fresco, livre do odor do fumo... tão pouco atraente. Talvez pense demoradamente sobre o assunto, e acabe abdicando do cigarro também. - Você é uma criatura encantadora, RUBY. - Tem certeza? Uma solução tão simples não vale tal elogio. - Não é elogio, querida. É... como você diz, simples constatação. - Você não existe. Mulheres não costumam ser assim... com as outras. - Não me considero apenas uma representante do meu sexo. Antes de tudo, sou Serva de propósitos que estão alem dos interesses materiais. Agora, venha aqui. Olhe-se no espelho. Na vida normal dos homens terráqueos, minha querida, uma esposa com este aspecto acaba por tornar-se "peça" integrante da casa. Passa despercebida. Não chama atenção. Não atrai. - Tem razão... - concordou GERAINE, fitando com desagrado sua figura refletida. - Aí está algo de opinião neutra: o espelho! Sabe, RUBY, você realçou um ângulo da questão que parece muito importante agora. Com o tempo vamos deixando de lado certos cuidados. E pergunto: afinal é a mim, GERAINE, ou unicamente ao meu aspecto exterior que Marcos ama? Meus sentimentos, meu coração, minhas qualidades não contam? - É claro que contam. Infelizmente, para o homem menos evoluído espiritualmente, a aparência está em primeiro lugar. E não se queixe! Há homens que preferem uma esposa rica. Contente-se, menina. Você teve sorte... ou mérito. Marcos ama você. - Não posso perde-la de vista, RUBY. Quero-lhe muito! - Pode ocorrer que não tenhamos muitas oportunidades de estar juntas. Quero que anote, GERAINE... - A voz de RUBY tornou-se mais doce. O olhar verde... distante. - O amor humano pode vir a ser muito forte, mas... geralmente é extremamente frágil. Necessita de tributos: renúncias, cultivoe culto incessantes. Você tem o dever de ensinar a seu marido as delicadezas que o amor humano exige para sobreviver e florescer incansável. Não importa o número de anos que tenha passado pelo seu casamento. Antes de esposa, você tem o dever de ser namorada. Comportar-se como tal. O doce dever de fazer uso das pequeninas surpresas. O agradável dever de cuidar de sua aparência, de sua higiene, das pequenas outras coisas que estão em volta do seu romance. O dever de sugerir ao invés de exigir... O dever de compreender o momento oportuno de esgueirar-se e deixa-lo só consigo mesmo. O dever de ouvi-lo com atenção, tomando parte ativa nos seus pequenos ou grandes triunfos... como nas suas decepções. Enfim... a obrigação de provar que é indispensável na sua vida. - Você não existe, RUBY... Seus conceitos são muito dignos. Não teria coragem de discordar deles, mas... ninguém é indispensável, querida. Todos são substituíveis. Especialmente substituíveis. Especialmente, uma esposa. O homem é louco por novidades. - Você seria insubstituível... se agisse como mencionei. Qualquer mulher conseguiria isto, se ensinasse ao marido a amá-la antes de deseja-la. - E se o ensinamento não for bem recebido? Não me parece tão fácil assim. - A mulher inteligente sempre sabe quando há possibilidade de ser amada e não apenas desejada. E, nesse caso, um ensinamento sutil é sempre bem aceito, porque... AO HOMEM CONVÉM AMAR. - Nisso, ainda, tem muita razão - murmurou GERAINE, com olhos nublados. * * * MAUS PRENÚNCIOS ACENANDO um exemplar do jornal "O GLOBO" (25-6-69), RAMI, irmã de RUBY, entrou em casa. - Aí está, querida! - disse com acento entusiástico. - O que você tanto tem falado nestes últimos tempos. Nunca pensei que suas suposições viessem a ser confirmadas tão depressa. - RUBY pegou o jornal, algo surpresa, e leu: - “Advertência de U THANT na ONU: ENVENENAMENTO DO AR AMEAÇA DE EXTERMÍNIO A VIDA SOBRE A TERRA." "O Secretário-Geral da ONU, U THANT, apresentou ontem um projeto para enfrentar e resolver o problema do envenenamento do meio- ambiente, advertindo que "se não se agir em tempo, estará em perigo o futuro da vida na Terra,." - Ah! Isso é bom sinal. Ao menos - comentou RUBY em voz apenas audível - começam a perceber que estamos em maus lençóis. Entretanto... - Entretanto? - Ora! As pesquisas, como diz a notícia, "revelam que, além dos gases patogênicos emanados por fábricas, motores a explosão, etc., o uso de inseticidas, formicidas e fungicidas de todas as naturezas pode causar danos aos homens e aos animais, através dos vegetais que lhes servem de alimento." É claro que estão no inicio do caminho. Há algum tempo atrás, certo escritor que considero inteligência respeitável já havia comentado à respeito. E dizia assim: "Aonde temos chegado? O contato com os neutrões tornam radioativos a todos os elementos. As exposições nucleares experimentais envenenam a atmosfera do planeta. Este envenenamento, que progride em proporção geométrica, aumentará extraordinariamente o número de crianças nascidas mortas, de cânceres e de leucemias, estropiará as plantas, transtornará os climas, produzirá monstros, nos romperá os nervos e nos afogará..." E assim por diante. - Nesse caso, para mim, a notícia deixa de ser "um furo". - E fitando o cenho franzido da irmã, indagou. - O que não está coincidindo, RUBY? - Bem... minha convicção não é, apenas, ou, exatamente esta. Esta ameaça já está pairando sobre nós há mais tempo. Tenho falado sobre outro aspecto de ameaça que visa o mesmo extermínio de nossa raça... mas tem outra origem. É uma convicção, possivelmente infundada. Contudo... insisto em mantê-la, até prova em contrário. Para isso, terei de esperar indefinidamente. - É verdade. Você está farta de falar sobre isso... e nós, fartos de ouvir... sem dar maior importância ao assunto. Vejamos agora... Explique-me sua idéia. Estou curiosa. - Como disse, esta espécie de poluição do ar do que nossos cientistas agora tratam, é apenas UM dos muitos perigos que se prenunciam. Um perigo detectado. Há outros, entretanto, ainda ignorados. Sobre a poluição do ar, falei de passagem, em outubro de 1954, num pequeno artigo publicado no jornal "O NOSSO", órgão espiritualista. Ultimamente, tenho falado mesmo é de CONTAMINAÇAO DA ATMOSFERA TERRESTRE, por mutação substancial nos componentes atmosféricos. Ou, simplesmente, por interferência de elementos estranhos ao meio-ambiente. Qualquer entendido que me ouvisse agora, com certeza forçaria um sorriso e, com muito tato, diria que os leigos são absurdos e temerários. Principalmente fantasistas. Isso, porém, não me faria abdicar da idéia inicial. - Esclareça melhor. O que acredita, exatamente? - Na inserção de ESPÓRIOÇ nas camadas de pressão que envolve o nosso globo. Células de vida endobióticas, capazes de resistir ao campo gravitacional e mesmo ao provável choque de moléculas gasosas, até alcançar a crosta, onde estamos. Simplificando: parasitos extraterrenos, seguindo uma linha de invasão controlada. Elementos que se nutrem da nossa vitalidade. ou mais claramente, do fluído que mantém a VIDA. - Hum... É uma teoria provável – suspirou RAMÍ. - Teoria? Pois sim. As características da minha assertiva estão bem diante de nossos olhos, ou daqueles que desejem uma investigação séria. Anote: os padrões de microorganismos surgidos. Os vírus insensíveis às pesquisas mais acuradas: indomáveis! As novas exposições epidêmicas, demonstrando resistência, a todo e qualquer combate da ciência. Um DESGASTE ENERGÉTICO constante nas criaturas: bem ou mal-alimentadas. Residentes nas cidades ou no campo. Tudo junto, sendo submetido a uma sondagem imparcial, acabará, provando um combate lento, mas decidido. Ainda mais, temos a RONDA CONTÍNUA dos Objetos Não Identificados (Discos Voadores), dos mais variados tipos, coincidindo com Hipótese tão viável. Todos já sabem: não é de agora que somos "espionados" por Inteligências extraterrenas. Positivas e negativas. - Está certo, mas... não se pode acusar ser a fonte do desgaste energético de que falou, o excesso de atividade da era atômica? - Naturalmente, muitas outras fontes poderão ser apresentadas como resposta coerente. Mas, isto, apenas quando se desejar negar a evidência, antes de um exame imparcial e veramente estudioso. - Tem razão... - concordou RAMI, largando a bolsa, com ar preocupado. - Os cientistas percebem, finalmente, a ameaça... mas estão se apoiando em causas atuantes no próprio planeta. - Não tem importância. Não importa por onde eles comecem. Temos que esperar. Nada pode ser feito, até que a Ciência atente para as dimensões exatas da verdadeira causa. Teremos que esperar... Talvez até a captura de uma das Células Invasoras, e conseqüente pesquisa de seus associados, interpretação correta de sua freqüência, etc. - Diante de tal concepção, qual seu conceito acerca de COMO debelar tais Espórios? - Meu conceito a este respeito nada vale, maninha. Os leigos não opinam convenientemente em causas da Ciência: estão fora de cogitação. - Não importam as proposições da Ciência neste momento, querida. Elas virão com o tempo, como você disse. Possivelmente, no tempo certo para os rumos cármicos desta Humanidade. Quero conhecer o que você concebe como reação imediata. - Posso expor meus pontos de vista, se você prometer não rir. - Às vezes, meus reflexos são lentos, você sabe. Talvez ria depois. Vamos lá, RUBY, fale! Exponha! - Está certo. Vamos lá... Como disse antes, a COISA rompe o equilíbrio energético dacriatura vivente. E, como qualquer outro elemento também vivente, possui freqüência própria. Acredito que uma constante VIBRAÇÃO DE AMOR liquidaria o invasor, na pessoa que possuísse tal freqüência dinâmica. - Vibração de AMOR? Você quer dizer uma reação pessoal?! - Por que não? A vibração do AMOR SUPERIOR no elemento humano representa uma freqüência de limiar indefinido ainda. É a maior força experimentada pelo Homem, minha irmã! É claro que não estou fazendo referências a qualquer tipo de atração física ou suas resultantes. Repito: acredito que uma vibração mais ou menos constante de freqüência superior, altamente dinâmica, desenvolve no indivíduo propriedades de potencial que alcança limites ainda ignorados. Esta seria a força capaz de liquidar, na intimidade humana, a ameaça invasora. Você compreende, RAMI? É a própria natureza do sentimento (vibração) experimentado que emite, desenvolve e movimenta forças ainda não pesquisadas, mas latentes no "EQUIPAMENTO ORIGINÁRIO" do ser humano. Os ensinamentos de JESUS alcançavam muito longe, querida. Lembre-se! ELE ensinou: "AMAI-VOS UNS AOS OUTROS... assim como EU vos amo". E também: "Só O AMOR SALVARÁ O HOMEM!", etc. E tudo isso não dizia respeito apenas ao decorrer das vidas em sociedade, ou aos seus carmas individuais. Dizia respeito, especialmente, ao carma coletivo, que se processaria neste final de milênio. - É... Considero plausível sua convicção. A exposição foi clara... A cura ou combate a um elemento parasito endobiótico tem mesmo que vir de dentro, já que atua sob aspecto tão inesperado. Qualquer intervenção de fora para dentro, resultaria inoperante. Você tem razão, RUBY... e JESUS estava com ela INTEIRINHA! AO HOMEM CONVÊM AMAR! Pena que tão poucos aceitem esta verdade, sem tentar torce-la. Sem tentar reduzir seus legítimos valores a uma "freqüência” da mais baixa dinamização. Pena que a Ciência ainda tenha de demorar... até detectar o elemento invasor. - Isso também faz parte das condições cármicas da Humanidade da TERRA e suas resultantes. O Homem, em sua vaidade, já supõe haver adquirido a chave que permite o acesso à mecânica do Universo. Na verdade, porém, nem chega a perceber que somente seu próprio ESPÍRITO, entrando em vínculo com o ESPÍRITO UNIVERSAL pode detectar a LEI do "eterno progresso de concentração". E depois conceber que é nesse progresso de concentração que resulta a expansão cósmica. * * * OUVINDO DORIAN OBRIGADA por ter consentido em responder minhas perguntas, querida – começou RUBY, com ar muito sério. – E, também, por permitir que sejam publicadas. – Os olhos escuros da jovem senhora tiveram fulgor de ternura. Acomodou-se melhor na poltrona coral e disse com aquele seu peculiar acento de lealdade. - Sabe que tais formalidades são desnecessárias, RUBY. É por conhece-la bastante que estou aqui. Pergunte o que desejar. Responderei com a autenticidade que você sempre espera da mente e do coração humano. Especialmente dos que vivem à sua volta. - Diga-me, então, DORIAN. Acredita mesmo ter sido, em outra vida, a francesa Christiane d’Artois, a mesma que, em fenômeno de metempsicose, ocupou temporariamente o corpo da indiana Mira, em MAHABELIPUR? - Não posso ter a menor dúvida. - Por que? Simplesmente porque tomou conhecimento da ocorrência? - Não. É difícil explicar. Sei que não o farei com a clareza exigível. O fato é que sinto-me realmente Christiane d’Artois. Sinto que pensei, agi e sonhei como ela o fez naquela ocasião em Marselha. E isto não quer dizer que encontro similitudes entre as duas personalidades, apenas. Não! Christiane d'Artois não se assemelha a mim: SOU EU. Sei que parece estranho tal afirmativa, mas posso assegurar com inteira lealdade que a sensação pessoal é autêntica. Não faz diferença que eu seja acreditada ou não. Não modificaria coisa alguma a opinião alheia. Não sou impressionável nem sujeita a auto-sugestão. Também não encontro absurdo no fato, nem mesmo mistério. Pelo contrário. Para mim, constitui uma realidade simples, que veio justificar certas atitudes atuais desconexas, resultantes do inconsciente, por certo. Ademais, o retorno da alma humana, através de vários corpos, em aprendizado nos diversos planos da criação, não é mais proposição desconhecida nem considerada incabível. Nem mesmo é pertence de nossas crenças pessoais, RUBY. Hoje em dia, as reflexões da própria Ciência prometem descobertas interessantíssimas! Proximamente, os "mistérios" e "milagres" serão esclarecidos nos tubos de ensaio de um laboratório, como você tem dito sempre. Ou nas experiências obtidas através de novos engenhos captantes de mensagens cósmicas. Então, tudo o que nossos estudos particulares de metafísica têm simplificado e esclarecido, serão considerados e aceitos pela medida dos homens. - É verdade... Entretanto, tenho encontrado ainda muitos intelectos privilegiados, estreitamente confinados aos limites provisórios da lógica e da razão humana. Quando estas são inegavelmente passíveis de valores novos, segundo o progresso de seus gênios. Passíveis de mutações, como tudo neste fim de milênio. Mutações inesperadas, mas que terão de ser inevitavelmente aceitas. Todos terão de encontrar-se habituados a idéia da existência de outros planetas, habitados por Inteligências que ultrapassam os padrões humanos, e precipitam o progresso mental terráqueo, por conseqüência. Sacudindo a ignorância das concepções limitadas. – RUBY brincava com o lápis sobre o bloco de papel de anotações, enquanto seus olhos verdes mergulhavam em aparente abstração -. E não apenas isto! Conceberão também a existência de planetas e humanidades inferiores à nossa. Pequeninos inferninhos primitivos. Ou, quem sabe, paraísos rudimentares, onde a bondade da natureza humana não esteja codificada entre a mistura das atitudes falsas e dos sentimentos condicionados. Alegro-me, porque sei... Não está longe o dia em que os conceitos de curto alcance estarão por terra, a despeito de tudo e de todos. Antes, julgavam que a Terra era o CENTRO... e PLANA! Sabe, querida amiga, os homens costumam negar o que desconhecem, ou aplicar títulos inajustáveis ao que não alcançaram... ainda. Vamos, portanto, a outra pergunta, DORIAN. Qual sua opinião pessoal sobre os DISCOS- VOADORES? Nega-los, acredito, parece-me ser assunto transposto. A própria MANCHETE publicou recentemente que “em novembro de 1968, o III Colóquio Brasileiro sobre os Objetos Aéreos Não Identificados, convocado pelo Instituto Brasileiro de Astronáutica e Ciências Espaciais, em São Paulo, sob a presidência do Professor Flávio Pereira, concluiu com um apelo às elites científicas e tecnológicas nacionais para o estudo desse “grave problema que, a essa altura, assume importância vital para os interesses da coletividade internacional”. Esse apelo partia das premissas de que: 1 – Os discos-voadores existem; 2 – Os discos-voadores apresentam-se como obedecendo a controle inteligente; 3 – Os discos-voadores revelam características que não podem ser explicadas pelos conhecimentos da ciência contemporânea e nem pelas possibilidades atuais de nossa tecnologia; 4 – Os discos-voadores são OBJETOS EXTRATERRENOS.” O que me diz, DORIAN? - Digo que eles representam a seqüência natural dos acontecimentos em nosso planeta neste final de ciclo. É claro que acredito neles. E mais: creio que são antigos e costumeiros visitantes, intimamente ligados a muitos acontecimentos importantes da TERRA. Creio que somos investigados por naves interestelares amigas, neutras... e algumas de vibração ameaçadora para a espécieterráquea. As que são amigas, por certo vêm influenciando nossos cientistas, para nosso bem. Dentro dos limites do nosso carma coletivo, como você sempre opinou. - Bem, querida, como estamos no mais absoluto acordo, não importunarei mais. Suas respostas indicam, de princípio, que possuímos o mesmo rumo de estudos, crenças e ideais. Se insistirmos, acabaremos redundantes. O bom está em que, num mundo como o nosso de hoje, existam pessoas em acordo. Pessoas simples, mas verdadeiras. Pessoas que se deslocam com os pés bem firmados no solo, mas... os olhos voltados para o INFINITO. Pessoas que crêem firmemente que AO HOMEM CONVÉM AMAR! * * * CLÁUDIO ROCHA, PERSONALIDADE INVULGAR ABSTRAÍDA, RUBY folheava comentários de David Bergamini sobre o Universo, quando seus olhos pousaram sobre o título "Os Céus Misteriosos". Leu a seguir... "Em épocas remotas, o Homem descobriu algo elemental: que ele era o fixo do Universo. Havia-se ordenado que estrelas e planetas se movessem majestosamente para guia-lo e adverti-lo de qualquer perigo, enquanto trabalhava ou viajava. Pouco a pouco, novos conceitos e instrumentos mecânico obrigaram-no a reconhecer que ele e seu mundo eram simples partículas cósmicas de um universo infinito, emocionante e desconhecido." Presa às últimas palavras, viu-se envolvida em novas meditações. Aprisionada ao que ela própria designa de "MEU SONHO ESSENCIAL"... O desenvolvimento gradativo da percepção humana nos infinitos planos de vida. A manifestação lenta, mas decisiva, daquilo que RUBY concebe como equipamento-origem do Homem, insinuando-se nos mistérios da matéria vivente, nas atraentes químicas reativas... nos processos indefiníveis, ainda, da Evolução. Enfim... cogitações sobre a aparente debilidade e o infindo alcance do Homem. - Posso falar com CLÁUDIO, no momento, Hilda? - indagou RUBY ao telefone. A linda e gentil secretária respondeu com aquele tom suave muito particular: "É claro!" Logo, a voz forte fez-se ouvir. RUBY explicou. - Ultimamente tenho andado às voltas, mentalmente, com o problema da "antimatéria". Com certeza, deveria entreter-me com assuntos de moda, culinária, crianças e outras coisas do gênero, quando já tenho tantos outros problemas pela frente. Mas... tais coisas não me atraem suficientemente. Se alguns anos atrás tivessem surgido oportunidades, na ocasião certa, é possível que, hoje, eu estivesse fincada num laboratório de pesquisas. Ou num observatório astronômico, remexendo lógicas contraditórias, contornando deduções árduas. Não aconteceu assim, entretanto. Nem por isso, a exigência da minha mente foi ou tem sido menos constante. Contudo, acredito firmemente na valia da opinião de outras mentes, expandidas em muitos sentidos, para meu estudo pessoal. Não é indispensável que os conceitos venham de cientistas para que os considere válidos face à minha pesquisa particular. Cada criatura, cada mundo... formado ou em formação. Cada mente, um laboratório onde se processam experiências ocultas, de resultantes, por vezes, importantíssimas e ignoradas. Bem... essa lengalenga toda significa que estou querendo sua opinião à respeito de certo assunto que transcende as demarcações usuais. - Pois bem. Pergunte. Tentarei responder a contento. - Considera possível a COEXISTÊNCIA de outros universos na intimidade do nosso universo perceptível? - Não considero apenas possível essa coexistência. Algo em meu íntimo afirma tal possibilidade como verdadeira. E creia mesmo, RUBY, que podemos considerar a existência - senão de vários - de, pelo menos, dois Universos perceptíveis que coexistem, sem sombra de dúvida: o Macrocosmo e o Microcosmo. Estes dois, que alcançam o Infinito Positivo e o Infinito Negativo, se interpenetram, sem princípio nem fim. Os outros, ainda na faixa material, passíveis de serem detectados por instrumentos físicos, e que se propagam nos dois sentidos mencionados, somente ainda não foram constatados por falta de meios práticos. Mas, não poderíamos negar, mesmo na fase atual do nosso avanço científico, que tudo é energia. E que energia é Universo, sejam concentrações de galáxias, concentrações de moléculas, átomos ou mesmo energia subatômica, ainda desconhecida. E mais, aquém e além. - Afora tais concepções, creio na interpenetração ou interpenetrações, também infinitas, de Universos extrafísicos. Estes, só passíveis de reconhecimento através do desenvolvimento mental do Homem ou do Espírito do Homem. Ou de seres super evoluídos e que, por isso mesmo, são Super-Universos. É, em suma, assunto difícil este, minha prezada amiga. Não creio ter sido suficientemente explícito, em tão poucas palavras. - Engana-se, CLAUDIO. Os tais universos antimatéria, nos quais ando aparafusada, encaixam perfeitamente na sua exposição. Porém, não penso em libera-lo agora. Pretendo continuar indagando... se não estou sendo importuna. - Continue, por favor. - Desde um remoto passado, certos homens de elevado e raro nível espiritual, acumularam fragmentos concatenáveis de uma super-ciência que trata dos poderes latentes nos seres e nas coisas. Tais homens acreditavam em Inteligências empenhadas no desenvolvimento do conhecimento do homem terráqueo. O que opina sobre isto? - Adianto ser apenas uma opinião - a minha. Meu descrédito por Inteligências superiores, cujo labor é elevar a inteligência humana, é tão transcendental quanto a própria matéria em foco. O caso é que costumo dispensar das minhas preocupações aquilo que invalida minhas experiências pessoais. Ou a generalidade delas no mundo que me cerca. (Quer-nos parecem que, como indivíduos ou nações nossa burrice é demasiada para podermos pretender sermos assessorados por seres brilhantes e elevados. Mesmo desculpando-nos com a balela de que a injustiça, a fome, o ódio, a imoralidade e as guerras provêm da fraqueza humana e são necessárias ao nosso progredir, persiste a incoerência. Todavia, minha crença e minha fé nos poderes latentes do Homem são inabaláveis. Mas, acredito que só a ele - o Homem individualmente - cabe a tarefa de dar vazão e expandir suas possibilidades, através do disciplinado esforço pessoal, meditação orientada, concentração profunda, visualização cósmica do poço inexaurível e onipresente da Sabedoria. - Agora, veja CLÁUDIO. Certo entendido (ou quem sabe, um sábio!), afirmou que "a Lua acabará" por cair na Terra. Existe um momento - várias dezenas de milênios - em que a distância de um planeta a outro parece fixa. Porém, chegará um dia, em que nos daremos conta de que a espiral SE ENCOLHE. Pouco a pouco, no curso das Idades, a Lua irá acercando-se. A força de gravitação que exerce sobre a Terra aumentará. Então, as águas de nossos oceanos se juntarão numa maré permanente, e crescerão, cobrindo as terras, afogando os trópicos, cercando as mais altas montanhas. Os seres vivos sentir-se-ão progressivamente liberado de seu peso. CRESCERÃO. Os RAIOS CÓSMICOS serão cada vez mais poderosos. Ao atuar sobre os genes e os cromosomas, produzirão mutações. Aparecerão novas raças, animais, plantas e HOMENS GIGANTESCOS. "Depois, ao acercar-se mais, a Lua explodirá, girando a toda velocidade, e se converterá num imenso anel de rochas, gelo, água e gás, que girará cada vez mais depressa. Por fim, o anel cairá sobre a TERRA. O Apocalípse anunciado! Subsistirão alguns homens, os mais fortes, os melhores, os eleitos, que presenciarão estranhos e formidáveis espetáculos. E, acaso, o espetáculo final. "Após muitos milênios sem satélite, durante os quais a TERRA terá conhecido extraordinárias imbricações de raças antigas enovas, civilizações de gigantes, e imensos cataclismos, MARTE, menor que nosso globo, acabará por acercar-se. Alcançará a órbita da TERRA. Porém, é demasiado grande para ser capturado, para converter-se, como a Lua, num satélite. Passará muito próximo da TERRA, roçando-a, e irá cair no Sol, atraído por este, aspirado pelo Fogo. Então, nossa atmosfera sentir-se-á arrastada pela gravitação de MARTE, e nos abandonará para perder-se no espaço. Nosso globo morto, seguirá girando em espiral e será alcançado pelos planetóides gelados que, a sua vez, se arrojará contra a Sol. Após a colisão, virá o GRANDE SILÊNCIO, a GRANDE IMOBILIDADE, enquanto o vapor de água irá acumulando, durante milhões de anos, no interior da massa ardente. Por fim, se produzirá uma nova explosão e outras criações na Eternidade das forças ardentes do Cosmos." - RUBY suspirou e continuou com voz cadenciada. - O que você pensa de tudo isso? - Eu... Bem, não sei se devo externar meu pensamento. Posso parecer pretensioso. - Não acredito. Parto do princípio de que toda criatura dotada de profunda sensibilidade está fora do ridículo da presunção. Uma coisa colide frontalmente com a outra. O homem sensível (verdadeiramente), percebe além dos limites provisórios da razão e da lógica em voga. A presunção forja antolhos, confina o homem, prejudicando, principalmente, seus alcances mentais. Um cientista vaidoso é um homem de possibilidades demarcadas. Você não é um cientista, mas é um estudioso constante, de mente arejada e sensibilidade aguçada. Sabe que passaria a usar muletas mentais, se se permitisse acolher uma qualidade inferior assim tão prejudicial. - Então, RUBY, se devo responder, direi exata e honestamente o que penso. - Ademais... - prosseguiu RUBY - não estou pedindo concordância. Quero a sua opinião pessoal, simplesmente. A diversidade é a beleza da vida, alguém já disse, embora não lembre quem. Se todos pensássemos de modo igual, acabaríamos submetidos a uma espécie de tédio irremediável. Sou uma mulher que sonha com a expansão das idéias para horizontes sempre mais belos e mais puros. - Uma mulher que acredita na liberação inevitável das cadeias que sujeitam o Homem à IGNORÂNCIA. Fale, portanto, meu caro amigo! Nem mesmo estou aqui para julga-lo, mas para caminhar junto com a sua idéia, descobrindo novos aspectos, jamais negando-os por incompetência. - Está certo, RUBY. Se você insiste... Parece que é do consenso da moderna Astronomia que a Lua colidirá, algures no tempo e no espaço, com o planeta do qual é satélite. E, perdoe-me, sou concorde apenas com este conceito. Assim mesmo, ressalvados alguns aspectos: a) Acho que não se deveria levar em conta nenhuma força gravitacional lunar atuando sobre a Terra, por inexistente. Creio que a ação do nosso satélite natural e seu efeito nos fluxos e refluxos das águas e outras implicações (como se pretende existir na agricultura e mesmo no comportamento humano), é uma conseqüência tão somente da pressão da massa do corpo da Lua sobre as ondas magnéticas que fluem no espaço sideral e - no raso especial do nosso planeta Terra - sobre o Cinturão de Van Allen, que circunda o globo terrestre. A "fricção" desses invólucros e correntes eletromagnéticas, por sua vez, pressionam as camadas atmosféricas, esta os mares, ocasionando, assim, o conseqüente preamar e baixa-mar. b) Pelo que conheço, sou mais propenso a negar que aceitar espirais que se encolhem. Acredito num Universo em expansão, tal qual a da consciência dos seres. Creio no advento da queda da Lua, em razão da frenação total do seu movimento de rotação - já fraco - com o conseqüente desequilíbrio de forças e da aproximação do satélite, até o ponto em que a Astronomia designa por "Momento de Roche", quando desagregada, a Lua despencará "sobre" a Terra. A ausência dessa massa, nas proximidades do planeta, influirá, por seu turno, na rotação da Terra. E daí, ocorrerão mutações climáticas, com suas implicações. c) Julgo que o desenvolvimento de espécies ou raças far-se-á em decorrência do aprimoramento da alimentação, do meio ambiente, da higiene física, mental o moral, com o aniquilamento das doenças. E que a incidência de radiações de quaisquer natureza, sobre os genes, produziria mutações negativas. Quanto a homens gigantescos, outros animais e plantas de porte, a impressão é de que seria contra-producente, haja vista a experiência anterior da natureza - que ela mesma aniquilou nas eras mesozóica e cenozóica, por impraticável - volvendo a formas e volumes coerentes. d) Em virtude do mencionado na letra b, MARTE não poderia involuir para o centro, o Sol. Ao contrário, aquele astro, como os demais, afasta-se à medida em que o SOL perde força pelo escape de energia. A Terra, Marte, Vênus, Mercúrio e os demais planetas orbitarão a diferentes distâncias do Sol nos milênios vindouros. E é provável que o Sol, de tempos em tempos, crie um novo planeta, com a ejeção de parte da própria massa que, condensando, evolui até certa distância do nascedouro, onde é favorecido o advento de vida orgânica. E, dando de si mesmo, além da perene radiação do seu calor, o Sol fenece e, com ele, todo o sistema, no frio e na escuridão. - Dá gosto ouvi-lo, CLAUDIO. Nossos caminhos aparentemente diversos, acabara por criar atalhos (ou brechas) onde nos encontramos, perfeitamente entrosados. E, já que estamos falando da Lua, planeta-satélite tutelar do signo que, segundo os entendidos, influi nos nascidos entre 21 de junho a 2: de julho (CÂNCER ou CARANGUEJO), vale ir mais adiante, pois nós dois somos "Filhos da Lua". Nossa palestra fará parte de um livro que publicarei. Assim, recordo o SEU LIVRO, cujo original teve a confiança de submeter à minha singela consideração. Ele trata de assuntos interessantíssimos. Uma obra de "science ficcion" bem elaborada. Ou como se diz "bem plantada"! Justifica com teorias bem plausíveis, acontecimentos remotos, que poderão vir a ser confirmados num próximo futuro. Por considerar seu livro encaixado nos interesses de nossa época, é que peço agora: fale-me dele, CLÁUDIO! Faça um comentário, embora superficial, já que não deve afetar o sigilo exigível acerca de uma obra ainda não editada. - É verdade, meu livro menciona alguns dos aspectos desta palestra. Focaliza, ainda, outras teorias de fatos passados, mais ou menos recentes e remotos. Tenta, da maneira mais racional possível, explicar mistérios já sondados, mas que perduram ainda como enigmas na natureza. Lança, concomitantemente com o aparecer da LUA no céu vizinha, a razão de como esse astro saído das entranhas da Terra, ocasionou os mistérios das idades glaciárias, do desvio na elíptica do eixo terrestre, do desaparecimento de milhões de animais, do evento do dilúvio, da separação do primeiro, colossal e único continente nas partes hoje conhecidas. E daí as enigmáticas cordilheiras que fazem o topo do mundo e o berço dos oceanos; os lagos e planícies; a vastidão solitária do Oceano Pacífico Central. Tudo mesclado numa estória de romance de ficção, que: tem seu alvorecer em outros mundos distantes, de onde, fugidos de ciclópicos desastres, seus habitantes encontraram neste planeta o novo lar, a nova esperança, o início de uma nova era. É a origem das lendas dos povos, dos manuscritos, das narrações bíblicas, dos contos de 300 séculos passados e consumidos na ingestão do tempo. É a sombra projetada pela tênue luz de uma lembrança dissipada pela dúvida de memórias perdidas e confusas que, apesar de tudo, murmuram nomes. Nomes assim: AZTLAN, KUKULCAN, OZAM, ATLANTIDA, CARIAS (o povo de CAR),LEMÚRIA, etc. Ecos, apenas pálidos ecos nos idos da memória... - Meu editor é um indivíduo notável, CLÁUDIO. Tranqüilo, simpático, reto de caráter, nada ambicioso. Você devia procura-lo. Seu livro devia ser editado, antes que se confirmem as formidáveis teorias nele existentes. Ali! meu amigo! E dizer que a Alma do Homem, em sua luta pela auto-consciência, pode tomar dimensões infinitas. Pode retroceder aos movimentos perdidos de gerações passadas, ou alcançar umbrais das mutações futuras. Bem falou o alquimista Gurdjieff: "Si no tiene fe, hay que tener fuego!"... "Sea cual fuere el trabajo, jamás se trakaja bastante". Ocorre, neste momento, que estou sendo importuna mesmo. Você está gripado e eu, servindo de instrumento de desvio energético. Nada simpático. Vou deixa-lo em paz. Grata pela indulgência. E que desagrade profundamente à Gripe, pensamentos como os nossos. * * * UM ALAGOANO ADMIRÁVEL A CRISE de TEMPO, nestes últimos meses, vem tornando impossíveis as entrevistas que RUBY havia deliberado. Depois, o tal VIRUS que se projeta com sintomas gripais, parece viajar todo o corpo humano, assaltando cada órgão, por etapas, com indisfarçável determinação. Um aspecto de "gripe" a mais, cujo vírus, mais poderoso e não menos estranho à Ciência que o "nosso velho conhecido", afeta diretamente o nosso potencial Energético. Nesta fase, RUBY encontra recurso, para realizar parte de seu intento, no telefone ou na correspondência. DR. NELSON BANDEIRA DE MELLO, elemento de grande e conceituada família alagoana, é amigo de muitos anos. E, desta vez, RUBY determinou um questionário para ele. Sabendo-o ocupadíssimo, e não encontrando, por sua vez, oportunidade para visitá-lo em sua residência, decidiu escrever. É claro que sentiu-se egoísta depois. DR. NELSON é especialista em doenças nervosas, além de constante estudioso. Médico muito cônscio de seus deveres para com o semelhante. RUBY habituou-se a conhece-lo como homem incansável, sem horário fixo para seu descanso ou distrações. E sentiu-se culpada por roubar-lhe as mínimas horas de repouso. BERACY, sua esposa, por certo não a perdoaria, se não fosse bem formada: a esposa certa para um homem de ciência. E as respostas ao questionário, vieram exatamente como RUBY esperava. Respostas serenas, saídas de uma mente sóbria, arquivo de experiências inúmeras. Uma mente respeitável, com a capacidade de absorver sempre mais conhecimentos, admitir as probabilidades e nunca negar o que o Homem positivamente está longe de alcançar. - Quero sua opinião pessoal, dr. Considera ou não concebível a existência de universos paralelos ao nosso universo visível? - Não julgo difícil conceber a existência de outros universos paralelos a este, do qual, aliás, ainda conhecemos tão pouco. - Nesse caso, aceita que possamos entrar em comunicação com tais universos, um dia? - A mente humana deve estar sempre aberta à compreensão das mais ousadas concepções. Não é improvável que, se existem outros universos paralelos, haja entre eles a comunicação de que você suspeita. Não nos esqueçamos de que, em termos de UNIVERSO, ou mesmo de GALÁXIA, a posição da TERRA deve ser muito modesta. - Bem... Quero esclarecer que a suposição não é apenas minha. Há elementos da própria Ciência que já admitem tal possibilidade como positivamente viável. De minha parte, há uma certeza que não provém de conceitos ou suposições. Mas, vamos adiante. O astrônomo John Kraus, de Ohio, afirmou haver captado, em junho de 1956, sinais procedentes do planeta VÊNUS. Outras referências de fontes igualmente idôneas asseguram a recepção de sinais oriundos de Júpiter (Instituto de Princeton). Qual o seu conceito de homem de ciência à respeito? - Suponho que os sinais recebidos de VÊNUS e JúPITER não tiveram suas causas perfeitamente estabelecidas. Acha que aqui, como em relação a qualquer outro problema, a atitude do homem de ciência deve ser de expectativa, quando não lhe é dado investigar. Em relação a VÊNUS, parece que muito cedo será possível uma verificação da causa desses sinais. - Alguns investigadores admitem a possibilidade de contatos com outras civilizações, até extragalácticas, em um período de tempo em que afirmam não estar muito longe. Referem-se aos radiotelescópios que têm recebido ondas emitidas a dez mil milhões de ANOS-LUZ, consideradas MENSAGENS. E isso diz respeito ao Homem terráqueo e outras civilizações. Não apenas outros planetas ou universos entrarem em contato entre si. O que pensa disso? - Esses investigadores baseiam-se, certamente, no progresso da tecnologia, para admitir a possibilidade relativamente próxima de comunicação da nossa civilização com outras extraterrenas, ou mesmo extragalácticas. Cada nova conquista trás a esperança de mais progresso. A Ciência não pára! - Vamos adiante, então. O senhor, dr. NELSON, que trata intimamente com o psiquismo humano, que é diariamente arrastado a constante aprendizado da natureza profunda do subconsciente e dos recursos da MENTE, o que opina sobre o seu PODER? - De fato, não foram ainda devidamente exploradas as potencialidades da mente humana. O próprio INCONSCIENTE não foi e, segundo alguns, nunca será totalmente desvendado. Mas, É certo que, mesmo assim, escassamente exercitada, a MENTE já tem o PODER de CONSTRUIR e DESTRUIR. - Y. M. Renê Grousset disse que "a função da humanidade consiste em ajudar o Homem Espiritual a desprender-se, a realizar-se; em ajudar o Homem, como dizem os hindus em frase admirável, a converter- se NO QUE É". Tenho testemunhado sua atuação, doutor, neste sentido. Desde que o conheci, soube que era mais que um médico: era um sacerdote da medicina, um homem consciente, inegoista. Um homem de saber, muito simples e profundamente humano. Procurei-o sempre que precisei do conselho sóbrio do Amigo, ou do parecer equilibrado do homem experimentado nos anos de pesquisa, de sondagem direta da mente humana. Agora, deponho diante do psicoanalista uma consulta: a realidade com a qual temos lidado até agora é suficientemente satisfatória para a razão do homem que evolui? Ou temos legitimo direito de optar por uma realidade considerada fantástica, que transpõe os umbrais do futuro? - O homem é, normalmente, um insatisfeito. O que é natural, pois vive constantemente em busca da perfeição. Por isso, acho que é LÍCITO esperar ele por uma realidade melhor do que a atual. Uma realidade em que possa considerar-se feliz. - Muito bem, doutor... Veja! O Homem terráqueo é, como dizem os entendidos, IMPERFEITO. Pessoalmente, segundo meus próprios conceitos, prefiro designa-lo INACABADO. Isso porque ele está vivendo, na TERRA, as mais variáveis fases de mutação, que resultarão poderes insondados. À medida que são feitas descobertas, há correspondente câmbio na mente do descobridor, assim como de muitos outros. O Homem deste planeta, está sofrendo a resultante dos movimentos ou atividades de um final de CICLO. Fase que resultará fantásticos, estranhos câmbios na psique humana. A própria TERRA cambia de aspecto. E, como qualquer outro planeta, é um organismo vivo. Precisa-se viver em harmonia com ele. Diga-me sua opinião à respeito deste assunto. - Talvez você tenha razão, quando diz que o Homem terráqueo é INACABADO, em vez de dizer IMPERFEITO. Pois, mesmo que ele alcance a plenitude de sua forma física e mental de acordo com um padrão pré- estabelecido, ainda não será PERFEITO. Porque, a meu ver, a perfeição é inatingível. Mas, a evolução não pára. Alcançada a meta do "homo sapiens sapiens", deverá haver um novo objetivo, possivelmenteo "homo supersapiens", ou coisa que o valha. Depois deste, existirão outros objetivos a conquistar e o Homem, aproximar-se-á cada vez mais da PERFEIÇÃO... sem contudo a atingir. Eis que estamos divagando sobre coisas demasiado remotas, enquanto a adaptação ao planeta exige de nós um esforço constante, aqui e agora. - Pelo que meu singelo alcance pode conquistar, concordo com suas palavras, doutor. Agora, diga-me, o que pensa sobre a advertência de JESUS, quando ensinou que "Só PELO AMOR SERÁ SALVO O HOMEM"? Não estaria contida nesta simples frase, a CHAVE de PODERES de grande alcance? - Sim, esta foi a SUA Mensagem . E, se nada mais houvesse dito, nem feito, já teria cumprido uma grande missão. O AMOR é a CHAVE da PAZ, o maior atributo de que carece esta Humanidade. - Ah! Como concordamos! E nesse caso, o senhor que tem se mantido além dos sonhos caducos e da cega impressionabilidade do Homem comum, diga-me: acha ou não razoável a eleição definitiva, neste caos final, do preceito AO HOMEM CONVÊM AMAR? - AO HOMEM CONVÉM AMAR? Ah! RUBY... se todos pudessem eleger este preceito como norma de vida! Creio firmemente que a verdadeira felicidade só existe para quem a segue. ......................... O homem de ciência deve desculpar a leiga importuna. O Amigo, esse, não tenho dúvidas, é suficientemente tolerante e bom. Nele deponho meu singelo tributo de respeito e admiração, assim como considero as possibilidades ilimitadas do Homem de amanhã. * * * REFLEXÕES EM SEU aposento de trabalho, RUBY volta-se em sua cadeira giratória, fita abstratamente a janela e evoca o provérbio inglês: “Ao esvaziar a água da banheira, cuida de não arremessar o bebê com ela!" Na intransigência infecunda das NEGAÇÕES acerca do DESCONHECIDO, perde-se tanta beleza, tanta verdade, tanto alcance... O Homem possui faculdades ainda menosprezadas. A maioria insiste num costume que nega a inteligência: rechaça, baseada num cientificismo demasiado limitado, as possibilidades úteis, as probabilidades do desenvolvimento natural da MENTE. E também hipóteses passíveis de futura confirmação, além do alcance jamais medido da fabulosa engrenagem que relaciona o Homem com os organismos vivos e Inteligências dispersas nas mais inesperadas trilhas siderais. Até quando continuarão traçando tão estreitos limites às potencialidades originais do Homem? E, nesse caso, até quando insistirão em negar o que já é óbvio? - A existência de incalculável quantidade de outros planetas habitados por Inteligências superiores ou mesmo inferiores às nossas. Agora, o Homem terráqueo pisou o solo Lunar e, de repente, sentiu-se conquistador dos espaços. Entusiasmou-se. Logo a seguir, ouve-se falar de que tal "conquista" tornou-se obsoleta! Marte é o novo objetivo! A Lua está ultrapassada... Ora, muito bem. Pisar o solo da Lua, não quer dizer conquista-la, na acepção do vocábulo. Muito se terá que lutar, ainda, até o dia em que poderá ser considerada UMA CONQUISTA REALIZADA. Mas... assim somos nós terráqueos. Extremistas nas concepções e aceitações: ou negamos peremptoriamente um conceito supostamente fantástico, dentro de nossas provisórias limitações mentais, ou deixamo-nos envolver por um hiper-arrebatamento com frágeis bases num feito superficialmente realizado. Os que concebem ou alcançam horizontes mais amplos, formas, leis, tipos de vida e paragens ignoradas, são taxados de loucos, fantasistas ou sonhadores. Até prova em contrário, muito... muito depois (como ocorre agora com Julio Verne), quando a MENTE mais evoluída demonstra a evidência das possibilidades antes presumidas. Enfim... devem ser mesmo assim as etapas seqüentes da evolução humana. Oitenta por cento da Humanidade ignora o poder ou o valor da MENTE e sua destinação. Os outros vinte por cento não encontram oportunidade de se fazer acreditar. * * * QUANDO SE AMA... POR QUE veio? - inquiriu RANA, mau humorado, caminhando sem se voltar, enquanto RAM, o colosso silencioso, acompanha-o. - O que há com você, meu rapaz? Sua agressividade está excedendo os limites comuns de sua personalidade. - Reações naturais de um homem terráqueo que AMA desesperadamente uma mulher proibida. - Você não é terráqueo, RANA. Nunca chegou a ser um, na acepção do termo. A verdade única é que deseja esquecer que é: Dirigente de um Planeta. Responsável por uma Raça. E, nesse caso, meu rapaz, obriga-se a colocar os interesses de seu Povo acima dos particulares. Isso desagrada. - Paia mim... RAÍ está acima de tudo o que possa mencionar. É inútil evocar poderes e responsabilidades nesta fase, RAM. ELA está em dificuldades e eu... longe demais... DEMAIS... para ajuda-la. Uma, distância que enlouquece! Diga-me, RAM, quantos anos-luz exatamente? - Esqueça. - O colosso moreno ignorava a agressividade do admirável homem de maravilhosos cabelos acobreados. Tratava-o como a um adolescente rebelde. As dificuldades de RAÍ - disse em tom informativo - são resultantes de seu carma individual no planeta TERRA... e dos compromissos assumidos por ELA espontaneamente. São trâmites naturais de seu aprendizado cósmico. - Com que, frieza diz isso! Pode ser assim, mas... eu devia estar, agora, ao lado dela. Sofrendo cada angústia, casta desalento, cada desencanto, cada problema... por menor que fosse. - RANA atirou longe uma pedra dourada. O gesto exprimia a aflição de sua Alma. - Agora, você devia estar EXATAMENTE onde está, meu rapaz. Cumprindo débitos e compromissos assumidos. Realizando as atividades normais de desenvolvimento do PLANETA DOURADO... cuidando da evolução dos SMARANIANOS. RAI não é tão importante assim... Não me oponho que visite o KRISHNALOKA (planeta vizinho do Planeta Dourado), mas deve evitar a FURNA DO ESPELHO QUE REFLETE. Quanto menos souber do que se passa com RAI, na TERRA, mais calmo poderá manter-se. - RANA parou e voltou-se abruptamente para o Gigante Sereno. - Ora! E dizer que posso ver RAI através dos seus OLHOS... Dizer que se tornaram tão VERDES quanto os dela... Céus! Como pode mostrar- se tão indiferente, RAM? Nada do que sofre RAI atinge você? assim que acontece quando se evolui? - Aí está um aspecto da questão que diz respeito unicamente a mim. Não se aborreça, meu rapaz. Você aprenderá... com o tempo... a respeito disso. Em cada etapa de evolução, o Homem tem um tipo de reação, um modo de pensar, um comportamento distinto. Não deve preocupar-se com o que sinto ou com o que sou ou não sensível. Não é o meu comportamento que está sendo observado pelos MAIORES, mas o seu! - De onde terei surgido, ó Alturas! Já não entendo homens nem devas - resmungou o homem smaraniano, enquanto seu belo rosto demonstrava cansaço e dor. - Qualquer dia compreenderá melhor... Preparei-o para amar seu Povo e lutar por ele. - Não tenho feito isso? - Com restrições. - Quando RAI chora, os SMARANIANOS deixam de existir para mim. Enlouqueço, porque sei que poderia dar o apoio físico e moral de que ELA carece nos momentos difíceis. Seria tão simples! Será que não compreende, RAM? RAI está muito só! Não lhe dói isso? - gritou o formoso exemplar humano, de punhos cerrados erguidos contra o firmamento. - Não se exalte, RANA. - Pois bem... Eu tenho uma espada atravessada no coração, enfraquecendo-me. SHAZZYA sabe disso. É minha irmã e vive com ELA. Sabe, melhor que você o que padeço. - Meu rapaz, você continua um vulcão visivelmente ativo. - "Não se exalte!" É só o que pode dizer? - Posso dizer outras coisas mais úteis, se você desejasse ouvir. - Estou farto de conceitos
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