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Pressupostos e Características da Didática

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Elaine Moura
São Paulo
Rede Internacional de Universidades Laureate
2015
Didática
Elaine Moura
São Paulo
Rede Internacional de Universidades Laureate
2015
Sumário
Capítulo 1 - Didática: pressupostos e características -----------------------------------------5
Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------5
1 O conceito e o objeto da Didática -----------------------------------------------------------6
1.1 A evolução histórica da Didática ----------------------------------------------------------7
1.2 A função da escola na realidade brasileira ----------------------------------------- 10
2 Ensino-aprendizagem na Didática ---------------------------------------------------------- 15
2.1 O educador no século XXI ---------------------------------------------------------------- 18
2.2 A sala de aula como espaço de construção de aprendizagem significativa ------- 20
Síntese -------------------------------------------------------------------------------------------- 23
Referências Bibliográficas ---------------------------------------------------------------------- 24
5
Capítulo 1Didática: pressupostos e características
Introdução
No presente texto desenvolveremos o tema Didática: pressupostos e características. 
No desenvolvimento do conteúdo, você irá perceber que o trabalho docente é o mediador 
de objetivos, conteúdos e métodos, em função da aprendizagem dos alunos, e que as 
diferentes metodologias devem ser estruturadas em razão dos seus pressupostos básicos e 
do contexto em que foram criadas.
Assim, como primeiro desafio, convido você a refletir sobre as seguintes problematizações:
• Que discussões podemos construir sobre os pressupostos e as características da Didática? 
• Até que ponto a Didática é importante para o professor?
• Será que todos os professores conhecem realmente a essência da Didática, seus 
verdadeiros objetivos e propostas de estudo?
Você também irá perceber que o texto provoca uma reflexão acerca da problemática 
educacional brasileira e da Didática em relação a esse processo. Uma reflexão que envolve 
estudos sobre a fundamentação pedagógica consciente, de modo a unir a formação teórica 
à prática do professor.
Nesse sentido, convido-o a buscar respostas também para as seguintes questões: 
• Por que vamos à escola? Para que serve a escola? Qual é a sua função? Qual o seu 
papel na sociedade? Qual o perfil do educador para atender às exigências atuais?
As pesquisas e estudos sobre a aprendizagem avançam cada dia mais, pois é um tema que 
tem inúmeras conexões, nas mais diversas áreas.
Indo mais além nas provocações, será que a discussão e a troca de ideias e experiências não 
facilitam a construção de uma aprendizagem significativa, além de favorecer o engajamento 
da turma, contribuindo com uma participação melhor e uma certa responsabilidade. 
6 Laureate- International Universities
Didática: pressupostos e características
João Amós Comênio
O nome Comênio é o aportuguesamento da assinatura latina (Comenius) de Jan Amos 
Komensky, nascido em 1592 em Nivnice, Morávia (então domínio dos Habsburgos, hoje 
República Tcheca).
A maior contribuição de Comênio para a educação dos dias de hoje é, segundo o 
professor Gasparin (2011, p. 23), a ideia de “trazer a realidade social para a sala de 
aula, fazendo uso dos meios tecnológicos mais avançados à disposição”, de tão fascinado 
pela invenção da imprensa e pela possibilidade de disseminação de conhecimento que 
ela representava.
VOCÊ O CONHECE?
1 O conceito e o objeto da Didática
É muito comum ouvir dos nossos alunos em sala de aula: “Aquele professor não tem didática... 
Ele conhece o assunto, mas não sabe transmitir...” 
Ou recebermos perguntas como: “Para que serve a Didática? Qual é seu objeto de estudo? Qual 
é o seu campo?”.
Percebemos com essas indagações e comentários que a Didática é vista como sinônimo de 
métodos e técnicas de ensino, e que a escola é reconhecida como instituição que apenas 
transmite conhecimento.
No processo de ensino-aprendizagem, a Didática tem um papel fundamental. A palavra “didática” 
origina-se do grego didasko, cujo significado é ensinar ou instruir, ou, de forma mais sucinta, 
segundo Nóvoa (2007), a arte de transmitir conhecimentos, técnica de ensinar.
A Didática pressupõe uma análise dos processos de construção dos saberes em cada área curricular 
e a discussão da natureza das atividades de aprendizagem, dos processos de pensamento e 
das inter-relações entre os diversos interventores no ato educativo. Constitui o enquadramento 
teórico fundamental em que se situam os quadros de referência de ação do professor. 
Dessa forma, pode-se dizer que a Didática é uma ciência que tem como objetivos fundamentais 
ocupar-se de estratégias de ensino, questões práticas relativas à metodologia e procedimentos 
que fazem parte do processo de ensino-aprendizagem.
A palavra “didática” foi utilizada pela primeira vez por Ratke, em 1629, porém só veio a ser 
definida por João Amós Comênio em sua obra Didática Magna: a arte de ensinar tudo a todos, 
publicada em 1638, conceituando-se como “a arte de ensinar tudo a todos”. 
Comênio trata concomitantemente a Didática como técnica e também como instrumento de 
nivelamento do ensino, como se ela pudesse homogeneizar o desenvolvimento do processo de 
ensino-aprendizagem a todos os alunos.
Podemos associar a Didática à busca de eficiência de ensino, ou seja, ao esforço de uma 
racionalização dos meios de ensinar. Muitas vezes, o ato de ensinar não se concretiza em 
aprendizagem, apesar do caráter de intencionalidade do ensino. Depende muitas vezes de como 
o aluno se encontra: se está estimulado à aprendizagem, se atende ao seu estilo de aprendizagem 
etc.
7
Qual é o campo da Didática?
Qual é o seu objeto de estudo?
O que torna sua abordagem na educação relevante e diferente das abordagens de 
outras disciplinas como Filosofia, Psicologia, Sociologia e História da Educação?
NÓS QUEREMOS SABER!
Para Castro (1991), o ideal de toda didática sempre foi que o ensino produzisse uma 
transformação no aprendiz, e que este, graças ao aprendido, se tornasse diferente, 
melhor, mais capaz, mais sábio.
Precisamos deixar claro que a Didática tem um objeto próprio, que é o processo de ensino, 
campo principal da educação escolar. O modo como os professores entendem o que é ensinar 
afeta de maneira significativa o que efetivamente fazem em sala de aula e fora dela. O trabalho 
docente é uma das modalidades específicas da prática educativa mais ampla que ocorre na 
sociedade.
O processo de ensino é considerado o objeto da Didática, e Laeng (1978), em seu Dicionário de 
Pedagogia, esclarece que: 
O estudo predominante do ensino caracterizou, sobretudo a didática do passado, dominada 
até certo ponto, pela figura central do professor, que na didática contemporânea cedeu lugar 
a uma nova projeção do aspecto correlativo da aprendizagem. (LAENG, 1978, p. 36).
Conforme Libâneo (2013) salienta, a Didática é uma disciplina pedagógica, pois assegura o 
fazer pedagógico na escola, na sua dimensão político-social e técnica. Nela são estudados 
os processos de ensino por meio dos seus componentes: os conteúdos escolares, o ensino e a 
aprendizagem, estando fundamentada na Pedagogia.
Como disciplina pedagógica, a Didática ocupa um lugar de destaque na formação do professor, 
pois sua atividade principal é o ensino, que se refere a dirigir, organizar, orientar e estimular a 
aprendizagem escolar dos alunos. Ela reúne em seu campo de conhecimento objetivos e modos 
de ação pedagógica na escola, sendo considerada uma Teoria do Ensino (LIBÂNEO, 2013).
Para Castro (1991), o campo da Didática vem se ampliando cada vez mais, conquistando uma 
multiplicidade de teorias, experimentos e interpretações que esclarecem seus elementos eas 
relações entre eles, abrangendo tudo o que interessa ao homem. Também apresenta fronteiras 
imprecisas e uma raiz intrínseca interdisciplinar.
1.1 A evolução histórica da Didática
Desde a Antiguidade até o início do século XIX, valorizou-se uma aprendizagem do tipo passivo e 
receptivo, focada na memorização, com uma prática escolar com pouca compreensão por parte 
dos alunos.
8 Laureate- International Universities
Didática: pressupostos e características
O ensino baseava-se na concepção de que o ser humano era semelhante a uma cera, podendo 
ser moldado livremente. O pensamento humano era uma folha em branco, na qual tudo poderia 
ser escrito.
Usava-se a repetição de exercícios graduados para ensinar a ler e a escrever. O professor utilizava-
se de perguntas e respostas já prontas para que o aluno repetisse corretamente o que ouvia. Era 
o método de “fazer eco”, empregado em todas as disciplinas. Não havia a preocupação por 
parte do professor de que o aluno compreendesse o que falava e escrevia.
Esse ensino de caráter verbal, sem reflexão por parte do aluno, baseado na repetição de fórmulas 
já prontas, predominou na prática escolar por um bom tempo. O ter didática no ato educativo 
não era preocupação de todos; alguns agiam com a certeza de que o domínio de um determinado 
saber era condição suficiente à tarefa de ensinar. Outros, mesmo antes de a Didática ser uma 
disciplina, preocupavam-se em sistematizar princípios de condução do ato educativo. Eram esses 
os “didatas” do século XVII.
Vários filósofos e educadores não aceitavam o ensino voltado para a memorização e davam mais 
ênfase à compreensão. Entre eles, já destacamos anteriormente João Amós Comênio (1592-
1670), considerado o pai da Didática, por formular os princípios de uma educação racionalista. 
Para ele, segundo Libâneo (2013), a Didática está fundamentada em quatro princípios:
• Todos os homens merecem a sabedoria, portanto, a educação é um direito natural de todos;
• O homem deve ser educado de acordo com as características de idade e capacidade para o 
conhecimento, cabendo à Didática identificar tais características e os métodos adequados;
• Os conhecimentos devem ser adquiridos a partir da observação, utilizando e desenvolvendo 
os órgãos dos sentidos;
• O processo de ensino deve partir do conhecido para o desconhecido, isto é, começa pelo 
universal e termina no particular.
Essas são ideias que estão presentes em sua obra Didática Magna: a arte de ensinar tudo a todos 
(1638), que teve influência direta sobre o trabalho docente. Comênio teve grande experiência 
como professor, não sendo apenas um teórico da educação, mas também contribuindo para a 
melhoria dos processos de ensino.
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) é autor da segunda revolução didática. Suas obras Do 
Contrato Social (1762) e Emílio, ou Da Educação (1762) dão origem a um novo conceito de 
infância: a criança é boa por natureza e corrompida posteriormente pela sociedade. O filósofo 
defendeu uma educação livre, espontânea e natural para a infância, mas não colocou em prática 
suas ideias nem elaborou uma teoria de ensino. Essa tarefa coube a um outro pedagogo suíço, 
Henrique Pestalozzi (1746-1827), que atribuía uma importância relevante ao método intuitivo, 
favorecendo no aluno o senso de observação, a análise dos objetos e fenômenos naturais e a 
capacidade da linguagem (LIBÂNEO, 2013).
Johann Friedrich Herbart (1776-1841), influenciado pelas ideias de Comênio, Rousseau e 
Pestalozzi, desejou criar uma pedagogia científica, motivado pelos seus conhecimentos de Filosofia 
e Psicologia. Defendia a ideia de “educação pela instrução”; foi o fundador de um método de 
ensino que consistia numa série de passos baseados na ordem psicológica de aquisição do 
conhecimento:
• Preparação: recordar o que foi visto na aula anterior;
• Apresentação: o professor expõe o conteúdo novo a ser aprendido;
• Associação: são apontadas diversas situações em que se podem aplicar os conhecimentos 
recentes apresentados. Trabalha-se aqui com os exemplos;
• Generalização: com base nos exemplos anteriores, chega-se ao estabelecimento de padrões, 
de regularidades ou de leis gerais que permitam a aplicação do conteúdo assimilado em 
9
O que é mais eficaz em Educação: o esforço autoeducativo do aluno ou a pressão 
externa, do meio social e cultural?
NÓS QUEREMOS SABER!
circunstância adequada; 
• Aplicação: é a fase dos exercícios a serem resolvidos, em classe ou em casa.
John Dewey (1859-1952) e seus seguidores não aceitam a concepção herbartiana da educação 
pela instrução, defendendo a educação pela ação. Para ele, a escola não é uma preparação 
para a vida, é a própria vida. Defendia que a ação precede o conhecimento e o pensamento. 
O ser humano age e é eminentemente social. São as necessidades sociais que norteiam sua 
concepção de vida e de educação.
Para ele, segundo Libâneo (2013), a escola deveria tornar-se uma verdadeira comunidade de 
trabalho, em vez de um lugar isolado onde se aprendem lições sem ligação com a vida. Deveria 
respeitar a natureza da criança e aplicar o princípio do aprender fazendo, agindo, vivendo. 
Deveria desenvolver na criança a atenção, o pensamento reflexivo e a capacidade de estabelecer 
relações. A atividade escolar deveria priorizar situações de experiência em que são desenvolvidos 
as potencialidades, as capacidades, as necessidades e os interesses da criança.
Dewey também foi um grande defensor dos métodos ativos, valorizando o ensino pela ação. 
Logo, o conhecimento e o ensino devem estar relacionados com a ação, a vida prática e a 
experiência.
No século XIX, há oscilação entre dois modos de interpretar a relação didática:
• Ênfase no sujeito: aprende a partir de sua curiosidade e motivação;
• Ênfase no método: caminho para a aprendizagem formal.
No Brasil, quando a Didática foi instituída como curso de licenciatura, em 1939, e mais tarde 
transformada em disciplina dos cursos de formação de professores, em 1946, prevaleceu o 
enfoque prescritivo, normativo e instrumental, o que Candau (1996, p. 86) denominou de “o 
momento da afirmação do técnico e o silenciador do político”. Preocupavam-se apenas com o 
“como ensinar” e com a padronização das ações didáticas, mas sem a contextualização social.
A configuração da Didática como disciplina prescritiva tem sua razão de ser no predomínio das 
práticas pedagógicas tradicionais.
Paulo Freire (2011) destaca que a educação tradicional acaba por transformar alunos em 
simples reprodutores e copiadores, ou seja, sujeitos acríticos. Esses alunos adotam o discurso do 
educador como verdade absoluta, não permitindo participação no processo educacional. Ainda 
de acordo com o autor, essa prática: 
[...] conduz os educandos à memorização mecânica do conteúdo narrado [...] os 
transformam em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quanto 
mais vá “enchendo” os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor educador será. 
Quanto mais se deixarem docilmente “encher”, tanto melhores educandos serão. 
Desta forma, a educação se torna um ato de depositar, em que os educandos são os 
depositários e o educador o depositante. (FREIRE, 2011, p. 58).
10 Laureate- International Universities
Didática: pressupostos e características
VOCÊ O CONHECE?
Paulo Freire (1921-1997) foi um 
educador brasileiro, conhecido e 
respeitado mundialmente como um dos 
grandes pedagogos do século XX.
Foi um importante crítico da educação 
tradicional e pregador daquilo que 
chamou de educação libertadora.
A educação precisa reconhecer a 
pluralidade de experiências que o 
educando jovem/adulto traz de sua vida, 
articulando sua vivência, detectando 
sua realidade e seus saberes, para 
a partir deles ampliá-los, permitindo uma leitura crítica do mundo e 
uma apropriação e criação de conhecimentos que melhor capacitem o 
educando/sujeitoà ação transformadora de sua realidade social.
Em 1970, os educadores entraram em contato com as teorias crítico-reprodutivistas, rebelando-
se contra a institucionalização da pedagogia tecnicista. Nesse momento, segundo Candau 
(1996), reina a “Antididática”, ou seja, a Didática da afirmação do cunho político e da negação 
do técnico.
Outra possibilidade teórica da Didática, segundo a mesma autora, é a Didática crítica, ou 
seja, o momento da síntese ou da negação da negação. A Didática crítica surge como 
o terceiro elo da tríade do pensamento dialético: tese, antítese e síntese. Ela sobrepõe o que é 
fundamental no ato educativo, ou seja, o entendimento da ação pedagógica como prática social 
e a multidimensionalidade do processo de ensino-aprendizagem, reconhecendo suas dimensões 
humana, técnica e política.
O panorama do século XXI não é simples. A oscilação entre uma tendência psicológica, que 
destaca a relevância da compreensão da inteligência humana e sua construção, e outra, que 
se apoia na visão sociológica das relações escola-sociedade, parece dominar o conteúdo da 
disciplina. Esta vai se familiarizar com teorias de origem epistemológica e social, sem perder seu 
compromisso com a prática de ensino (CASTRO, 1991).
Resumindo, a Didática crítica articula:
• teoria e prática;
• escola e sociedade;
• conteúdo e forma;
• técnica e política;
• ensino e pesquisa.
1.2 A função da escola na realidade brasileira 
Para compreender o papel e a finalidade da escola, precisamos resgatar alguns aspectos 
históricos, iniciando pela sua criação.
Desde quando foi criada, nas culturas do Oriente Próximo e do Egito, a escola foi reservada a 
poucos, com a finalidade de aquisição das técnicas de escrita, de leitura e de cálculo.
11
Se você quiser conhecer mais sobre a origem da escola ligada à educação da classe 
dominante, consulte:
MANACORDA, Mário Alighiero. História da Educação. São Paulo: Cortez, 2010.
NÃO DEIXE DE LER...
O surgimento da escola e a institucionalização da educação acompanham os diferentes interesses 
religiosos, políticos, sociais, econômicos, culturais e ideológicos. Nas sociedades primitivas, a 
educação, como as outras formas de ação desenvolvidas pelo homem, consistia em uma ação 
espontânea.
A palavra “escola” deriva do grego skholé, que significava, originalmente, o “lugar do ócio, do 
descanso, da folga”, pois era na escola que as pessoas conversavam e discutiam sobre os mais 
diversos assuntos. O termo acabou tendo o significado de “lugar onde se estuda”. Estudar era 
uma atividade possível apenas para aqueles privilegiados que não precisavam trabalhar.
Somente a partir do século XIX é que surge a ideia do ensino obrigatório para todos, mas 
com grande resistência, pois os conservadores não viam a necessidade da educação para os 
indivíduos de classe baixa. Pelo contrário, tinham receio de que largassem as tarefas mecânicas 
e penosas para mudar de profissão e aspirar a outra posição social diferente daquela a que 
estariam destinados desde seu nascimento (DELVAL, 2001).
Ainda no início do século XXI estamos lutando por escolas de qualidade para todos.
Mas a defesa de uma escola para todos cresceu com a premissa de que frequentar a escola é a 
única garantia de aquisição dos valores dominantes na sociedade, como vínculo de socialização. 
Isso porque a educação é vista como a estratégia mais eficaz de combate à exclusão, pelo 
poder que o conhecimento e as habilidades desenvolvidas fornecem à pessoa na sua inserção e 
participação social.
Atualmente a maioria dos países tem definido a educação como obrigatória para todos, e a 
escola assumida pelo Estado (educação pública) como gratuita e laica.
Laico significa a ausência de influências de entidades religiosas. Assim, um Estado laico é neutro 
em assuntos religiosos. Laicismo é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação 
do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria 
religiosa.
Essa corrente surge a partir dos abusos que foram cometidos pela intromissão de correntes 
religiosas na política das nações. O laicismo teve seu auge no fim do século XIX e no início do 
século XX.
Dessa forma, a educação constitui-se em uma dimensão fundamental da cidadania, o que nos 
leva a afirmar que, hoje, praticamente não há país no mundo que não garanta em sua legislação 
o acesso de seus cidadãos a uma educação fundamental.
Em 1549, tem-se início a educação formal no Brasil, quando foi fundada em Salvador pelos 
padres jesuítas a primeira escola destinada a nativos e colonos. Os jesuítas catequizaram os 
12 Laureate- International Universities
Didática: pressupostos e características
Muitas vezes nos perguntamos: 
Para que serve a escola?
Por que vamos à escola?
Qual é a sua função? Qual o seu papel na sociedade?
NÓS QUEREMOS SABER!
índios, ensinaram os filhos dos colonos portugueses a ler e escrever e formaram a elite local.
Com o tempo, os índios foram excluídos das escolas, e a educação voltou-se quase exclusivamente 
para as elites.
A educação escolar no Brasil só se organiza de fato como sistema educacional na década de 
1930.
A expansão de nosso sistema educacional, isto é, a preocupação com a oferta de escolas para 
todos ocorre a partir da década de 1960. Entretanto, não existiu por parte de nossos governantes 
uma preocupação em adequar o sistema para receber o grande contingente de crianças e jovens 
que estavam fora da escola. Assim, passamos a ter altas taxas de repetência, abandono e evasão, 
comprometendo a qualidade da educação.
A escola é objeto de muitas mudanças, em virtude de fatores como: políticas educacionais 
(que nem sempre são favoráveis ao sucesso dos alunos); poucos recursos; ambiente familiar 
ou social desfavorável (que acarreta uma aprendizagem mais lenta); e a diversidade (já que a 
educação é pouco valorizada e não reconhecida como instrumento necessário para a igualdade 
de oportunidades).
No eixo pedagógico, precisamos respeitar os diferentes estilos de aprendizagem, reconhecer as 
variadas formas de conhecimento e a diversidade cultural e social, garantindo a inclusão digital.
É necessário garantir a transformação na escola, porque compensar ou adaptar leva muitas vezes 
à exclusão de determinados setores sociais. Todos querem uma educação que lhes sirva para 
viver com dignidade na sociedade atual.
A escola precisa trabalhar com os conteúdos escolares (conceituais, procedimentais e atitudinais), 
isto é, com o conjunto de tudo o que o aluno precisa aprender para desenvolver ao máximo suas 
potencialidades. Na escola precisamos entender as necessidades de cada aluno e tratá-los de 
forma individualizada, o que é um aspecto fundamental para um ensino bem- sucedido.
Precisamos construir, na escola básica, um alicerce sólido, que possa dar sustentação a futuras 
aprendizagens. É na escola que se trabalha sistematicamente com o conhecimento, mas a 
formação das crianças e jovens não cabe apenas a ela.
A escola deve preocupar-se com trabalhar os conhecimentos acadêmicos sempre contextualizados 
à comunidade e ao meio familiar dos alunos, para que haja aprendizagem significativa.
Podemos afirmar que a função da escola distingue-se de outras práticas educativas, como as que 
acontecem na família, no trabalho, na mídia, no lazer e nas demais formas de convívio social. 
13
Assim, cabe a essa instituição:
• O cuidado com as crianças
A escola tem como função muito importante, mas não fundamental, o cuidar das crianças, 
principalmente na fase da educação infantil, enquanto seus pais estão trabalhando. 
Antes da urbanização e da industrialização, não havia tal necessidade; as mulheres permaneciam 
em casa, com seus filhos, e existia uma família extensa, composta de avós, tios, tias e outros 
familiares. Contudo, a crescente incorporação da mulher aomundo do trabalho e a redução do 
tamanho das famílias deram lugar ao aparecimento das creches e de escolas infantis, as quais 
acolhem a criança cada vez mais cedo.
É importante ressaltar que o cuidar em um contexto educativo implica conhecer as necessidades 
básicas das crianças, isto é, propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagens 
orientadas de forma integrada.
• A socialização
Outra função relevante da escola é a socialização, ou seja, fazer com que as crianças tenham 
oportunidade de participar da vida social, convivendo com outras crianças. As crianças menores 
aprendem muitas coisas com os colegas mais velhos.
A escola é um lugar que possibilita o convívio entre as crianças. Essa interação é muito valiosa 
para o desenvolvimento infantil, favorecendo a cooperação, a possibilidade de colocar-se no 
lugar dos outros, a reciprocidade e o aprendizado de muitas coisas importantes para a vida.
A escola também se torna importante para a educação moral, pois os alunos aprendem regulações 
abstratas e atendem a normas que não são negociáveis: os dias letivos, as horas das aulas e do 
intervalo.
O professor representa um papel muito importante, o da autoridade docente, que é diferente da 
autoridade dos pais, pois sabemos que a autoridade provém, em última instância, da sociedade. 
É na escola que o aluno aprende o que significa a autoridade do outro, que é representada pelo 
professor.
• A aquisição do conhecimento
Outra função da escola é a construção do conhecimento. Na sociedade atual, caracterizada pelo 
acúmulo de informações e pela necessidade de aquisição rápida de conhecimento, a leitura e a 
escrita são premissas básicas sem as quais é difícil integrar-se plenamente na vida social.
A escola ocupa um papel muito importante na transmissão do conhecimento científico, já que 
as famílias, atualmente, não dispõem de tempo para ocupar-se da educação de seus filhos. E, 
muitas vezes, não têm competência para ensinar tais conhecimentos.
• Os ritos de iniciação ou de passagem
Por fim, a escola tem um papel de promover ritos de iniciação, ou seja, submeter os alunos a 
provas que servem de seleção para a vida social.
Nas sociedades ocidentais, os ritos de passagem aparentemente desapareceram, ou variam muito 
de uma cultura para outra. Por exemplo, é difícil ver a menina de 15 anos debutando como uma 
marca, um corte com a vida anterior, deixando de ser criança para transformar-se em adulta.
Mas parte das atividades escolares assumiu esse papel através de provas de ingresso, ou de 
14 Laureate- International Universities
Didática: pressupostos e características
acesso, aos exames finais do Ensino Médio (ENEM), entre outros, pelos quais o aluno deve 
passar. Essas provas desempenham essa função de rito de iniciação, tendo grande repercussão 
social.
A escola é parte integrante do todo social e, como tal, traz consigo as contradições da própria 
sociedade e exerce a função da socialização dos conhecimentos historicamente produzidos 
(VEIGA, 1996).
É necessário que a escola considere as diferenças: nas condições materiais de vida e de cultura; 
nas experiências adquiridas fora da escola; e nas atitudes dos pais em relação à escola. Na escola 
são aprendidos, além do conhecimento, valores e normas de comportamento, fortalecendo a 
cooperação, a ajuda mútua e a solidariedade.
É fundamental que a escola contribua para a emancipação e a liberação das velhas ideias e 
paradigmas para não ser apenas uma peça a mais na engrenagem da sociedade.
A escola de hoje, apesar de todos os defeitos e deformações, não é mais a mesma de 
há 10, 20, 50 anos atrás. As formas que a escola assume em cada momento é sempre 
o resultado precário e provisório de um movimento permanente de transformação. 
Em função das pressões dos grupos sociais, das inovações científicas ou das próprias 
necessidades da economia, a escola muda, adaptando-se sempre aos novos tempos. 
(HARPER, 2006, p. 32).
A educação é um dos recursos dos quais os homens lançam mão para satisfazer às suas 
necessidades. Entretanto, em locais onde não existem escolas, é possível haver redes e estruturas 
sociais de transferência de saber de uma geração para outra. A evolução da cultura humana 
levou o homem a transmitir conhecimento, criando situações sociais de ensinar-aprender-ensinar.
É muito importante partir da combinação entre os conhecimentos práticos e o acadêmico, 
favorecendo a participação da comunidade, das famílias e dos professores. Assim, a escola 
torna-se uma comunidade de aprendizagem cujos agentes – equipe de gestão, conselho de pais, 
membros do sistema de ensino – tenham envolvimento e uma participação real, buscando a 
melhor escola para seus filhos, ou seja, para todos os alunos.
Precisamos fortalecer os Pilares da Educação para o século XXI, definidos no 
Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, 
coordenada por Jacques Delors. 
Para poder dar resposta ao conjunto de suas missões, a educação deve organizar-se em torno de 
quatro aprendizagens fundamentais, que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo para 
cada indivíduo os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos 
da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a 
viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; e, 
finalmente, aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro que essas quatro 
vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contato, 
de relacionamento e de permuta.
• Aprender a ser: para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir com 
cada vez maior capacidade de autonomia, de discernimento e de responsabilidade pessoal. Para 
isso, não negligenciar na educação nenhuma das potencialidades de cada indivíduo: memória, 
raciocínio, sentido estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se.
• Aprender a conhecer: combinando uma cultura geral, suficientemente vasta, com a 
possibilidade de trabalhar em profundidade um pequeno número de matérias. O que também 
significa: aprender a aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela educação 
ao longo de toda a vida.
15
O Relatório está publicado em forma de livro no Brasil:
DELORS, Jaques. Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, Brasília, 
DF: MEC/UNESCO, 2003.
NÃO DEIXE DE LER...
• Aprender a fazer: a fim de adquirir não somente uma qualificação profissional, mas, de uma 
maneira mais ampla, competências que tornem a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e 
trabalhá-las em equipe. E também aprender a fazer no âmbito das diversas experiências sociais 
ou de trabalho que se oferecem aos jovens e adolescentes, quer espontaneamente, fruto do 
contexto local ou nacional, quer formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino alternado 
com o trabalho.
• Aprender a viver em conjunto: desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção 
das interdependências – realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito 
pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz.
Cada aspecto deve ser desenvolvido pelo corpo docente em suas aulas com o objetivo de registrar 
e analisar as reflexões construídas a partir da seguinte interação: prática discente e prática 
docente, fortalecendo o “aprender a aprender” cada vez mais nos alunos e nas próprias práticas.
A educação requer que atuemos com prudência, mas com convicção. A realidade contemporânea 
e, principalmente, a realidade com a qual depararemos no futuro próximo requer indivíduos 
habilitados a atuar em cenários extremamente flutuantes. Tudo muda. E em uma velocidade que 
provavelmente os adultos de ontem não seriam capazes de acompanhar.
A escola precisa formar pessoas comprometidas com mudanças,atentas ao avanço tecnológico 
e seu impacto sobre os processos e instruções sociais, sobre a economia e a sociedade em geral. 
Pessoas que desenvolvam o “fazer”, mas trabalhem o “saber fazer” e a compreensão do “para 
que fazer”, articulando a reflexão sobre “o que” e “por que” no planejamento, na elaboração, 
no desenvolvimento e na avaliação de suas ações. Acima de tudo, precisamos nos dar conta de 
que não estamos educando para hoje, mas para os anos de 2020, 2030, 2040. Como será o 
mundo nessa época?
2 Ensino-aprendizagem na Didática
Sem um conceito claro do que é ensinar, é impossível encontrar critérios de comportamentos 
apropriados para compreender o que acontece em uma sala de aula. A maioria dos métodos de 
ensino é defendida por pouco mais do que palpites ou preconceitos pessoais.
As atividades de ensino são bem variadas e só podem ser caracterizadas por seu objetivo e 
propósito, pois quem ensina não apenas transmite um conteúdo, mas também está favorecendo 
a construção de aprendizagens de diferentes conceitos através da mediação pedagógica. Por 
outro lado, segundo Cordeiro (2007), a compreensão do conceito de ensino só pode ser feita 
com referência ao conceito de aprendizagem.
Ensinar pode ter diversos significados e produzir vários resultados naquele que aprende. É 
importante destacar a existência de estilos de aprendizagem dos alunos. Por isso, há a necessidade 
de o ensino vir ao encontro do que favorece e facilita essa aprendizagem. Por exemplo, alguns 
16 Laureate- International Universities
Didática: pressupostos e características
alunos podem ter mais facilidade fazendo experimentações; outros, pesquisando; e outros, ainda, 
ouvindo e interagindo.
Ensinar sempre corresponde a ensinar algo a alguém, pois:
Uma pessoa ensina quando transmite fatos, cultiva hábitos, treina habilidades, desenvolve 
capacidades, ensina alguém a nadar ou apreciar música clássica, mostra como funciona um 
foguete lunar ou porque os planetas se movem em volta do sol. (PASSMORE, 2001, p. 65).
Sabemos que a Pedagogia pode ser conceituada como a ciência e a arte da educação; já a 
Didática é definida como a ciência e a arte do ensinar.
NÃO DEIXE DE VER...
O filme Sociedade dos poetas mortos.
Observe como o professor de Literatura ensina seus alunos e como consegue 
envolvê-los. Perceba como desafia os estudantes, respeitando as diferenças individuais.
Ensinar e aprender são coisas diferentes?
Pode haver ensino sem aprendizagem? 
Pode haver aprendizagem sem ensino?
Ensinar e aprender são duas faces de uma mesma moeda. A Didática não pode tratar do ensino 
por parte do professor sem considerar a aprendizagem do aluno.
Se o objeto de estudo da Didática é o processo de ensino, não se pode deixar de considerar o 
conjunto de atividades ligadas à apropriação e à produção de conhecimentos que envolvem o 
desenvolvimento de habilidades intelectuais e psicomotoras, além da formação de atitudes que 
estejam comprometidas com a compreensão da realidade por parte do aluno.
Ensinar é um processo que envolve a organização e a diretividade do professor, de caráter 
sistemático, intencional e flexível, com o propósito de obter diferentes resultados (conhecimentos, 
habilidades intelectuais e psicomotoras e atitudes). Assim, não significa apenas transmitir 
conhecimentos, mas um meio de organizar as atividades, de modo que o aluno aprenda e 
produza conhecimentos.
Ao professor compete preparar, dirigir, acompanhar e avaliar o processo de ensino. O objetivo 
Ensinar
Edudação
Aprender
Edudação
Figura 1 – Ensinar e aprender, os dois lados de uma mesma moeda: a Educação.
Adaptado de: <http://www.thinkstockphotos.com.pt/>. Acesso em: 06 jul. 2015.
17
disso é estimular atividades próprias dos alunos para favorecer a aprendizagem.
A Didática apresenta-se em três dimensões que permeiam o processo formativo: técnica, humana 
e política. A escola, quando exerce seu papel social de educar, deve estar atenta a essas três 
dimensões, que estão sempre interligadas (como mostra a figura a seguir) para favorecer uma 
aprendizagem significativa por parte do aluno. Segundo Candau (1996), o centro configurador 
do ensino-aprendizagem está na perspectiva de articulação dessas três dimensões.
Figura 2 – A inter-relação entre as dimensões técnica, política e humana da Didática. Fonte: Autora.
Técnica
Política Humana
Quando se fala no processo de ensino-aprendizagem, deve-se considerar todos os atores 
envolvidos. É preciso ponderar que o ensino-aprendizagem é resultante de uma relação social, 
de um conjunto de interações humanas que não podemos resumir como simples procedimentos 
técnicos isolados.
No processo de ensino-aprendizagem está presente a relação humana, mas seria uma abordagem 
reducionista considerá-la como centro configurador do processo.
Na dimensão técnica, o processo de ensino-aprendizagem é visto como ação intencional, 
sistemática, que procura organizar as condições que melhor favoreçam a aprendizagem. 
Quando levamos a Didática em conta apenas como dimensão técnica, estamos considerando-a 
como depósito e fonte de bons métodos de transmissão dos conhecimentos e de avaliação dos 
resultados obtidos. Caso consideremos a dimensão técnica da Didática e do processo de ensino-
aprendizagem dissociados do que se passa na sala de aula, não atingiremos uma aprendizagem 
significativa nos alunos.
Se todo o processo de ensino-aprendizagem é contextualizado, a dimensão sociopolítica lhe é 
inerente, estando presente em toda a prática pedagógica.
O ensino da Didática deve partir da perspectiva multidimensional do processo de ensino-
aprendizagem.
Isso quer dizer que precisamos considerar também a relação pedagógica, que engloba o conjunto 
de interações que se estabelecem entre professor, alunos e conhecimento. A relação pedagógica 
18 Laureate- International Universities
Didática: pressupostos e características
é complexa quando se pensa no ensino e na aprendizagem na sala de aula, portanto é necessário 
considerar suas várias dimensões: dimensão dialógica; dimensão pessoal, humana; dimensão 
cognitiva; dimensão político-social.
Que função a educação exercerá em relação às grandes interrogações propostas para 
o século XXI?
Qual o perfil do educador para atender às exigências atuais?
NÓS QUEREMOS SABER!
2.1 O educador no século XXI
O educador no século XXI precisa facilitar a busca e a seleção de informações, contextualizando 
os fatos reais da vida no currículo de sua disciplina. Também deve assumir o papel de 
orientador no processo da passagem da informação para o conhecimento, sendo um agente do 
desenvolvimento da capacidade de aplicação prática e útil desse conhecimento.
Para tanto, o professor necessita conhecer a realidade do aluno, sua linguagem, seus valores 
e seus objetivos de vida. Por isso, é preciso conectar-se com o cotidiano para poder fazer as 
devidas adaptações aos contextos educacionais.
O educador favorece o desenvolvimento da responsabilidade nos alunos, promovendo um 
trabalho em grupo, no qual eles refletem, discutem e decidem o que fazer. Quando as regras 
são transgredidas, discutem em grupo os problemas de violência e indisciplina, fortalecendo a 
sua autonomia.
O professor do século XXI precisa, mais do que nunca, ser um modelo para os seus alunos, 
favorecendo o pensar sobre questões éticas, sociais e políticas, favorecer a compreensão da sua 
realidade e integrar-se à mudança social que visa ao bem de todos.
A sociedade espera que o professor não seja um mero transmissor de conteúdos e abra espaços 
de reflexão e participação em seu cotidiano, de modo que possa verificar se a teoria que orienta 
sua prática serve ou não para aqueles alunos, favorecendo uma aprendizagem significativa, um 
ensino para compreensão.
Hoje, o avanço da tecnologia exige que os docentes tenham uma competência dos consumidores(usuários qualificados das tecnologias da informação), além das competências dos produtores 
de bens (o conhecimento). O problema do Brasil não está mais apenas em sua condição 
socioeconômica, que forçaria os alunos a abandonarem a escola para trabalhar. Na realidade, 
atualmente o problema é fazer a criança brasileira aprender, baseando-se em pedagogias que 
atendam às suas necessidades.
O professor é o eterno aprendiz, não é aquele que “dá aula”, ou seja, “reproduz conhecimento”, 
mas sim, segundo Boff (2004), aquele que cuida da aprendizagem dos alunos.
Saber cuidar significa dedicação envolvente, ter compromisso ético e técnico, habilidade sensível 
e sempre renovada de suporte ao aluno, incluindo-se a rota de construção da autonomia.
O professor é figura fundamental no processo de aprendizagem dos alunos, ocupando um lugar 
19
Paradigma significa padrões a serem seguidos; é um pressuposto filosófico, uma 
matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que dá origem ao estudo de um campo 
científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como 
modelo, ou, ainda, uma referência inicial que serve como base para estudos e pesquisas.
NÓS QUEREMOS SABER!
NÃO DEIXE DE VER...
Filme: Nenhum a menos
No interior da China comunista, uma garota de 13 anos fica 
com a obrigação de cuidar dos alunos de uma escola primária 
muito pobre. Prometem uma recompensa se ela não perder 
nenhum deles. Leva isso a sério, de tal forma que quando um 
se perde na cidade grande, vai atrás dele, movimentando até 
a TV.
Figura 3 – Cartaz do filme Nenhum a menos. Fonte: <http://www.ador-
ocinema.com/>. Acesso em: 28 mar. 2015.
de apoio, orientação, avaliação, estímulo e mediação.
O aluno é o centro do cenário, pensando, pesquisando, elaborando, fundamentando, 
argumentando, lendo e construindo conhecimento.
Quando falamos em educador para o século XXI, precisamos em primeiro lugar pensar no perfil 
do aluno deste século. É importante destacar esse aluno precisa do mesmo “cuidado” dispensado 
às gerações anteriores, para que se desenvolva de forma autônoma e emancipatória.
É o momento em que o mundo transformado pelas novas tecnologias encontra um aluno que 
necessita de um professor e de uma escola que dialoguem com ele. Um aluno que quer participar, 
fazer suas próprias escolhas, que não está mais calado, apenas prestando atenção no professor.
A escola tem um grande desafio e uma oportunidade. O desafio é formular projetos pedagógicos 
que contemplem as inovações tecnológicas e promovam a interatividade dos alunos; trata-se de 
uma oportunidade de quebrar o paradigma de ensino que se tornou obsoleto no século XXI.
No início do século XXI, observamos o quanto ainda temos de avançar para conseguir uma 
ordem internacional mais justa e solidária. Quantas desigualdades sociais, de alcance planetário, 
existem sem muito esforço político para repará-las ou mesmo eliminá-las?
É preciso sempre analisar de onde partimos, que heranças conservamos e aprofundamos e com 
o que contribuiremos para a educação do século XXI.
20 Laureate- International Universities
Didática: pressupostos e características
MORAIS, Regis de (Org.). Sala de aula, que espaço é esse? Campinas, SP: 
Papirus, 2004.
NÃO DEIXE DE LER...
2.2 A sala de aula como espaço de 
construção de aprendizagem significativa
A sala de aula é um espaço de construção de habilidades, conhecimentos, atitudes e formação 
das relações e de fortalecer os nossos valores.
Isso é consenso entre os educadores. Assim, podemos dizer que a sala de aula é:
• um espaço de convivência, pois existe uma integração com a realidade que favorece e
estimula a presença, a discussão, o estudo, a pesquisa e o debate entre os alunos;
• um espaço de convivência humana, de respeito ao aluno, do diálogo, da abertura à crítica,
do aprender a conviver e aprender a ser;
• um espaço de relações pedagógicas, de construção do conhecimento, específico de ensino-
aprendizagem, de saberes, procedimentos e atitudes, dinâmico, vivo, inovador, real e desafiador,
de surgimento de novas mediações quando as contradições se apresentam;
• um espaço de vivência, aberto e cheio de realidade, num movimento de mão dupla:
recebendo e trabalhando com a realidade e desenvolvendo-a com o conhecimento e a ciência.
Há uma troca constante entre alunos, professor e o conhecimento historicamente acumulado;
• um espaço de vida, uma vez que o aluno percebe que suas aulas permitem a ele estudar,
discutir e encontrar caminhos e/ou encaminhamentos para problemas na sua vida real e na
vida do seu grupo. Permite aplicações práticas relacionadas com os conhecimentos prévios,
com as experiências e com as necessidades dos alunos. Como vida, a sala de aula tenderá a
conviver com a complexidade própria da realidade, trabalhará com sentimentos e atitudes, além
de habilidades e conhecimentos.
Você é capaz de dar algumas respostas para a pergunta: “Sala de aula, que espaço é esse?”. 
Basta garantir um espaço físico bem organizado? Qual é o papel das trocas de experiências 
entre as pessoas em uma sala de aula? Como se caracterizam a autoridade e o autoritarismo do 
professor na sala de aula?
Não deixe de ler a obra indicada acima, onde poderá encontrar respostas para essas e outras 
questões importantes.
A integração do grupo/classe deve ser muito valorizada pelo aluno e pelo professor, pois é um 
facilitador da aprendizagem para os alunos. Essa visão heterogênea do grupo/classe possibilita 
uma melhor aprendizagem, pois o aluno aprende as diferentes visões de mundo, de vida, uma 
aprendizagem horizontal, não apenas individual e vertical na relação com o professor.
É muito importante estimular os alunos a se tornarem independentes. É preciso organizar e 
conduzir o ensino visando à autonomia intelectual dos estudantes, para que desenvolvam 
capacidades e iniciativas para buscar fontes de informação, pesquisar em diferentes fontes 
21
NÃO DEIXE DE VER...
Não deixe de assistir ao vídeo Autonomia, produzido pela Atta Mídia e 
Educação, no qual são expostas as ideias da educadora Constance Kamii.
Figura 4 – Cartaz do filme Autonomia. Fonte: <http://www.attamidia.com.br/produtos.
php?/aut/11/constance-kamii/>. Acesso em: 28 mar. 2015.
midiáticas, confrontar textos e autores, ler artigos e fazer pesquisa, tornando-se autônomos, e 
não ficando na dependência do professor.
Os alunos, quando saem da universidade, levam muitas lembranças dos seus professores e 
sempre se recordam daqueles com quem tiveram maior convivência, diálogo, respeito, os 
ensinava a pensar, a pesquisar, tinham paixão pela docência, amizade e aspectos do processo 
de ensino-aprendizagem.
A postura do professor é essencial para que ocorram essas lembranças, quando ele deixa de ser 
o dono do saber para ser o mediador na relação da aprendizagem dos alunos, fortalecendo o 
trabalho em equipe, um trabalho de troca, integração e socialização.
A sala de aula é o espaço onde se constrói o conhecimento com a colaboração de todos e onde 
se buscam respostas para os problemas do meio em que vivemos; é um espaço de ação, de 
reflexão, de muita participação, com respeito mútuo entre alunos e professor, onde é preciso que 
aconteçam a integração de teoria e prática e o uso da tecnologia educacional como ferramenta 
para aprendizagem.
O professor precisa levar em conta tudo o que cada criança traz para a escola e sempre considerar 
cada aluno como único, não o tratando como mais um. Quando a criança vai para a escola, 
leva com ela todos os seus sonhos, fantasias, curiosidades e necessidades. Já tem muitas ideias 
prévias sobre os diferentes conhecimentos, experiências, descobertas e valores.
22 Laureate- International Universities
Didática: pressupostos e características
Quais as oportunidades de vivência lúdica que os educadores têm no seu cotidiano?
Seráque a sala de aula não pode ser um espaço para a sua própria vivência pessoal?
NÓS QUEREMOS SABER!
Para saber mais, vale a pena ler o livro:
TONUCCI, Francesco. Com olhos de criança. Porto Alegre: Artmed, 2008.
NÃO DEIXE DE LER...
O trabalho na sala de aula poderá se beneficiar do caráter lúdico como forma de abordagem, 
sem perder a sua relação pedagógica. Existe espaço para a manifestação do lúdico no dia a dia, 
não apenas nas datas estabelecidas pelos calendários escolares.
Porém não se deve considerar a instrumentalização do jogo, numa perspectiva de buscar 
eficiência, através de formas amenas de transmissão de conteúdos necessários para o bom 
desempenho de aprendizagens específicas.
É preciso valorizar a sala de aula como ponto de troca de aprendizagem, ou seja, atribuir-lhe 
valor pedagógico.
23
Esperamos que, ao estudar o conteúdo do texto apresentado, alguns pontos tenham chamado 
sua atenção, tais como:
 A Didática é uma ciência que tem como preocupação central ocupar-se de estratégias de 
ensino, questões práticas relativas à metodologia e procedimentos que façam parte do processo 
de ensino-aprendizagem;
 A Didática está associada à busca de eficiência do processo de ensino-aprendizagem, 
estudando os processos de ensino por meio dos seus componentes: os conteúdos escolares, o 
ensino e a aprendizagem;
 A função da escola é proporcionar um conjunto de práticas preestabelecidas com o propósito 
de contribuir para que os alunos se apropriem de conteúdos sociais e culturais de maneira crítica 
e construtiva, intervindo efetivamente para promover o desenvolvimento e a socialização de seus 
alunos;
 Na escola é necessário entender as necessidades de cada aluno e tratá-los de forma 
individualizada, isto é, respeitar os diferentes estilos de aprendizagem, reconhecer as várias 
formas de conhecimento e a diversidade cultural e social, garantindo a inclusão digital;
 Ensinar e aprender são coisas diferentes que, no entanto, devem caminhar juntas. Não há 
ensino sem aprendizagem, embora possa existir aprendizagem sem ensino;
 Ensinar não significa apenas transmitir conhecimentos, mas um meio de organizar as atividades, 
de modo que o aluno aprenda e produza conhecimentos;
 O professor não pode ser um mero transmissor de conteúdos, mas alguém que abra espaços 
de reflexão e participação em seu cotidiano, de modo que possa verificar se a teoria que orienta 
sua prática serve ou não para aqueles alunos. Para tanto, precisa conhecer a realidade dos 
alunos, sua linguagem, seus valores e seus objetivos de vida;
 O professor não pode ser o dono do saber, mas sim o mediador na relação da aprendizagem 
dos alunos, fortalecendo o trabalho em equipe, um trabalho de troca, integração e socialização.
SínteseSíntese
24 Laureate- International Universities
Didática: pressupostos e características
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 2004
CANDAU, Vera Maria. A didática em questão. São Paulo: Saraiva, 1996. 
CASTRO, Amélia Domingues de. A trajetória histórica da Didática. Ideias, São Paulo: FDE, n. 
11, 1991.
CORDEIRO, Jaime. Didática. São Paulo: Contexto, 2007.
DELORS, Jacques (Coord.). Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo: Cortez, Brasília, DF: 
MEC/UNESCO, 2003.
DELVAL, Juan. Aprender na vida e aprender na escola. Porto Alegre: Artmed, 2001.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
GASPARIN, João Luiz. Comênio: a emergência da modernidade na educação. Petrópolis: Vozes, 
2011. 
HARPER, Babette et al. Cuidado, escola! São Paulo: Brasiliense, 2006.
LAENG, Mauro. Dicionário de Pedagogia. Lisboa: Dom Quixote, 1978. 
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 2013.
MANACORDA, Mário Alighiero. História da Educação. São Paulo: Cortez, 2010.
NÓVOA, Antonio. Os professores e as histórias da sua vida. In: Vidas de professores. Porto: 
Porto Editora, 2007.
PASSMORE, J. O conceito de ensino. Cadernos de História e Filosofia da Educação, Lisboa, 
v. 6, out. 2001.
VEIGA, Ilma P. Alencastro (Org.) Didática: o ensino e suas relações. Campinas, SP: Papirus, 
1996.
ReferênciasBibliográficas
	Didática: pressupostos e características
	Introdução
	1 O conceito e o objeto da Didática
	1.1 A evolução histórica da Didática
	1.2 A função da escola na realidade brasileira 
	2 Ensino-aprendizagem na Didática
	2.1 O educador no século XXI
	2.2 A sala de aula como espaço de construção de aprendizagem significativa
	Síntese
	Bibliográficas

Outros materiais