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Português com Lógica 
INFERÊNCIA 
PROFESSORA ADRIANA FIGUEIREDO 
Acompanhe com 
a Gramática 
Comentada 
Para Concursos Públicos 
 
 
1 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFERÊNCIA 
 
 
2 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
INFERÊNCIA 
Interpretar um texto é diferente de compreender. Interpretação é o mesmo que inferência, 
dedução. Neste caso, você precisa ir um pouco além do que diz o texto, concluir com base 
no que se leu. 
 
 
PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS 
 
Em alguns textos aparecem informações implícitas, ou seja, não são expressas 
formalmente, apenas são sugeridas pelo contexto ou por marcas linguísticas. Essas 
informações denomina-se de pressupostos e subentendidos. 
 
Os pressupostos são informações implícitas adicionais. O leitor compreende de forma 
mais fácil essas informações por meio de palavras ou expressões presentes no texto. 
 
Exemplo de pressuposto: 
 
- Decidi praticar exercícios físicos. 
 
Pressuposto: A pessoa antes não praticava exercícios físicos. 
 
Subentendidos são informações escondidas, insinuações que dependem da interpretação 
do leitor. Diferente dos pressupostos, não possuem marca linguística. Assim, precisam ser 
deduzidos através do contexto comunicacional e também do conhecimento de mundo que 
o leitor possui. 
 
Exemplo de subentendido: 
 
- Quando for sair de casa, não se esqueça de levar guarda-chuva. 
 
Subentendido: Está chovendo lá fora. 
 
 
 
3 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
 
 
QUESTÕES DE CONCURSO 
INFERÊNCIA 
 
1. 
FCC – TRF 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – 2019 
Renato Janine Ribeiro: A velocidade ficou maior do que as pessoas conseguem alcançar. 
Somos bombardeados diariamente sobre novidades na produção dohardware 
e do software dos computadores. O indivíduo tem um computador e, em pouco tempo, é 
lançado outro mais potente. Talvez em breve as pessoas se convençam de que não há 
necessidade de uma renovação tão frequente. A grande maioria das pessoas usam bem 
pouco dos recursos de seus computadores. Devemos sempre lembrar que as invenções 
existem para nos servir, e não o contrário. Quer dizer, a demanda é que as pessoas se 
adaptem às máquinas, e não que as máquinas se adaptem às pessoas. 
 
 Flávio Gikovate: Tenho a impressão de que isso não ocorre só com a tecnologia. 
Tenho a sensação de que sempre chegamos tarde. As pessoas compram muitas coisas 
desnecessárias. Veja o caso das roupas: só porque a cintura da calça subiu ou desceu 
ligeiramente, elas trocam todas as que possuíam. Trata-se de um movimento em que as 
pessoas estão sempre devendo. 
 
(Adaptado de: GIKOVATE, Flávio & RIBEIRO, Renato Janine. Nossa sorte, nosso norte. 
Campinas: Papirus, 2012) 
 
Depreende-se corretamente do texto: 
A Ao se referir ao caso das roupas (2o parágrafo), o autor assinala que a indústria da moda 
impõe estilos de beleza com os quais nem todos concordam. 
B Com a afirmação de que isso não ocorre só com a tecnologia (2o parágrafo), critica-se o 
uso inadequado dos recursos oferecidos pelos computadores. 
C No segmento e não o contrário (1o parágrafo), o autor reforça a ideia de que as invenções 
existem para servir às pessoas. 
 
 
4 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
D Com o uso do termo bombardeados (1o parágrafo), o autor conclui que, se fosse possível, 
as pessoas prefeririam ser menos dependentes da tecnologia. 
E Ao mencionar a velocidade (1o parágrafo) dos dias de hoje, o autor enaltece a tendência 
da indústria tecnológica de estar sempre à procura de ultrapassar a si mesma. 
 
2. 
FCC – TRF 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – 2019 
Seis de janeiro, Epifania ou Dia de Reis (em referência aos reis magos), fecha o ciclo 
natalino que, entre os romanos, festejava o renascimento do sol depois do solstício de 
inverno (o dia mais curto do ano). 
 Era uma festa de invocação do sol, pelo fim das noites invernais. Durante esses festejos 
pagãos, os papéis sociais se confundiam. Havia troca de presentes e de identidades. O 
escravo assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher − como se, para agradar 
à natureza, tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais. 
 Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção 
as relações sociais e de poder não permitiam. Ameaçado pelos caprichos da natureza, 
reconhecia que as coisas são mais complexas do que estamos dispostos a ver. 
 É plausível que Shakespeare tenha escrito “Noite de Reis”, segundo Harold Bloom sua 
comédia mais bem-sucedida, pensando nessa carnavalização solar, para comemorar a 
Epifania. A peça conta a história de Viola e Sebastian, gêmeos que naufragam ao largo do 
que hoje seria Croácia, Montenegro ou Albânia, e que no texto se chama Ilíria. Viola acredita 
que o irmão se afogou. Ao oferecer seus serviços ao duque de Ilíria, ela se disfarça de 
homem, assumindo o nome de Cesário. É o suficiente para pôr em andamento uma 
comédia de erros na qual as identidades serão confrontadas com a relatividade das nossas 
convicções. 
O sentido irônico do subtítulo da peça − “o que bem quiserem ou desejarem” − dá a 
entender que os desejos desafiam as convenções que os encobrem. As convenções se 
modificam conforme a necessidade. Os desejos as contradizem. Identidade e desejo são 
muitas vezes incompatíveis. 
 É o que reivindica a filósofa Rosi Braidotti. Braidotti critica a banalização dos discursos 
identitários, uma incapacidade de lidar com a complexidade, análoga às soluções simplistas 
 
 
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Apostila - Título da Aula 
que certos discursos contrapõem às contradições. Diante da complexidade, é natural seguir 
a ilusão das respostas mais simples. 
 Sob a graça da comédia, Shakespeare trata da fluidez das identidades. Epifania tem a 
ver com a luz, com o entendimento e a compreensão. Mas para voltar a ver e compreender 
é preciso admitir que as contradições são parte constitutiva do mundo. A democracia, em 
sua imperfeição e irrealização permanentes, depende disso. 
(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. Disponível em: www1.folha.uol.com.br) 
 
Depreende-se do texto que, durante os festejos romanos mencionados, 
(A) havia troca de presentes entre senhores e escravos, cujos papéis sociais, entretanto, 
não se confundiam. 
(B) eram aceitas com naturalidade certas trocas de identidade habitualmente proibidas pela 
organização social. 
(C) pessoas do povo recuperavam tradições culturais que haviam sido abolidas pelas 
classes dominantes. 
(D) tradições religiosas eram temporariamente suspensas e retomadas após o solstício. 
(E) ritos pagãos de veneração à natureza mesclavam-se a manifestações religiosas para 
homenagear os reis magos. 
 
3. 
FCC – TRF 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – 2019 
Seis de janeiro, Epifania ou Dia de Reis (em referência aos reis magos), fecha o ciclo 
natalino que, entre os romanos, festejava o renascimento do sol depois do solstício de 
inverno (o dia mais curto do ano). 
 Era uma festa de invocação do sol, pelo fim das noites invernais. Durante esses festejos 
pagãos, os papéis sociais se confundiam. Havia troca de presentes e de identidades. O 
escravo assumia o lugar de senhor, o homem se vestia de mulher − como se, para agradar 
à natureza, tivéssemos de reconhecer a arbitrariedade das convenções culturais. 
 Nesse intervalo de poucos dias, o homem aceitava como natural o que por convenção 
as relações sociaise de poder não permitiam. Ameaçado pelos caprichos da natureza, 
reconhecia que as coisas são mais complexas do que estamos dispostos a ver. 
 
 
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Apostila - Título da Aula 
 É plausível que Shakespeare tenha escrito “Noite de Reis”, segundo Harold Bloom sua 
comédia mais bem-sucedida, pensando nessa carnavalização solar, para comemorar a 
Epifania. A peça conta a história de Viola e Sebastian, gêmeos que naufragam ao largo do 
que hoje seria Croácia, Montenegro ou Albânia, e que no texto se chama Ilíria. Viola acredita 
que o irmão se afogou. Ao oferecer seus serviços ao duque de Ilíria, ela se disfarça de 
homem, assumindo o nome de Cesário. É o suficiente para pôr em andamento uma 
comédia de erros na qual as identidades serão confrontadas com a relatividade das nossas 
convicções. 
O sentido irônico do subtítulo da peça − “o que bem quiserem ou desejarem” − dá a 
entender que os desejos desafiam as convenções que os encobrem. As convenções se 
modificam conforme a necessidade. Os desejos as contradizem. Identidade e desejo são 
muitas vezes incompatíveis. 
 É o que reivindica a filósofa Rosi Braidotti. Braidotti critica a banalização dos discursos 
identitários, uma incapacidade de lidar com a complexidade, análoga às soluções simplistas 
que certos discursos contrapõem às contradições. Diante da complexidade, é natural seguir 
a ilusão das respostas mais simples. 
 Sob a graça da comédia, Shakespeare trata da fluidez das identidades. Epifania tem a 
ver com a luz, com o entendimento e a compreensão. Mas para voltar a ver e compreender 
é preciso admitir que as contradições são parte constitutiva do mundo. A democracia, em 
sua imperfeição e irrealização permanentes, depende disso. 
(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo. Disponível em: www1.folha.uol.com.br) 
 
Depreende-se do contexto que a filósofa Rosi Braidotti, mencionada no 6º parágrafo, 
(A) lança dúvida sobre a noção de que identidade e desejo possam ser conciliados. 
(B) incentiva a busca de respostas simples para problemas intrincados. 
(C) critica a simplificação de questões identitárias complexas. 
(D) considera ilusória a complexidade dos discursos identitários. 
(E) defende a ideia de que ao discurso devem corresponder ações práticas. 
 
 
 
 
 
 
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Apostila - Título da Aula 
4. 
FCC – SEMEF MANAUS – TÉCNICO FAZENDÁRIO – 2019 
1. La Lettre - O centésimo aniversário de Claude Lévi-Strauss e a grande atenção que 
suscita revelam a posição excepcional que ocupa o autor de Tristes trópicos, uma das 
grandes figuras do pensamento do século XX. Qual é o papel de Lévi-Strauss? 
2. Eduardo Viveiros de Castro - Lévi-Strauss é um intelectual que excede amplamente o 
quadro de sua disciplina, embora tenha sempre se preocupado em só falar como 
antropólogo. Lévi-Strauss é uma referência de seu tempo. 
3. La Lettre - Tristes trópicos se apresenta como um testemunho nostálgico de um mundo 
que está em via de desaparecer, uma vez que a assim chamada civilização destrói a 
diversidade cultural e os biótopos. 
4. Eduardo Viveiros de Castro - Lévi-Strauss parece pensar que a espécie está vivendo 
seus últimos séculos, visto que causa danos irreversíveis ao meio ambiente. Nossa espécie 
já enfrentou situações piores. Contudo, há motivo para inquietação. Como gerir a expansão 
demográfica neste momento em que a superpopulação oferece um perigo para nós 
mesmos? Talvez estejamos diante de um impasse antropológico, que é também biológico. 
A distinção entre natureza e cultura se apagou: se havia dúvida sobre o fato de essas duas 
"ordens" estarem imbricadas, agora não há mais. Vemos que a cultura é uma força natural, 
e que a natureza está envolvida em redes culturais. Portanto, é absurdo tentar distingui-las. 
Talvez sejamos a única espécie em risco de se extinguir sabendo disso de antemão. 
Concomitantemente, no campo da ficção científica vai se desenvolvendo todo um 
imaginário em torno da salvação da espécie. A ficção científica é a metafísica popular do 
nosso tempo, nossa nova mitologia. 
Lévi-Strauss insistia na convergência entre o pensamento selvagem e a vanguarda da 
ciência. Parece que o mais primitivo e o mais avançado se juntam desde o auge da 
modernidade. 
(Trecho adaptado de entrevista com Eduardo Viveiros de Castro. Disponível 
em: www.scielo.br) 
 
Infere-se corretamente do texto: 
 
 
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Apostila - Título da Aula 
A A valorização da diversidade cultural configura-se como uma tentativa de reverter as 
consequências negativas geradas pelos danos ao meio ambiente, uma vez que diferentes 
soluções surgem de diferentes povos. 
B Os avanços advindos das conquistas da alta tecnologia são capazes de conter as 
consequências negativas suscitadas pelo excesso populacional que se presencia na 
atualidade. 
C Com base no pressuposto de que a espécie humana já superou diversas adversidades, 
a obra Tristes trópicos propõe que se busquem no passado soluções para as questões do 
presente. 
D Direciona-se para o campo da ficção científica a necessidade de explicar aspectos da 
condição humana atual e de vislumbrar soluções para problemas concretos com que 
depara a humanidade. 
E É necessário criar redes culturais capazes de controlar a intervenção humana no meio 
ambiente, de modo a garantir a permanência da expansão demográfica. 
 
5. 
FCC – SEFAZ – BA – AUDITOR FISCAL – 2019 
A ciência moderna e a economia de mercado figuram entre as mais notáveis realizações 
humanas. A Revolução Científica do século XVII e a Revolução Industrial do século XVIII 
foram apenas o prelúdio do que viria em seguida - a revolução permanente dos últimos três 
séculos. Ciência e mercado são apostas na liberdade: liberdade balizada por padrões 
impessoais de argumentação e validação de teorias no primeiro caso; e por regras que 
fixam os marcos dentro dos quais a busca do ganho econômico por parte das pessoas é 
livre, no segundo. Por mais brilhantes, entretanto, que sejam suas inegáveis conquistas, é 
preciso ter uma visão clara do que podemos esperar que façam por nós: a ciência jamais 
aplacará a nossa fome de sentido, e o mercado nada nos diz sobre a ética - como usar a 
nossa liberdade e o que fazer de nossas vidas. 
 O sistema de mercado - baseado na propriedade privada, nas trocas voluntárias e 
na formação de preços por meio de um processo competitivo reconhecidamente imperfeito 
- define um conjunto de regras de convivência na vida prática. A regra de ouro do mercado 
estabelece que a recompensa material dos seus participantes corresponderá ao valor 
monetário que os demais estiverem dispostos a atribuir ao resultado de suas atividades: a 
 
 
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Apostila - Título da Aula 
remuneração de cada um, portanto, não depende da intensidade dos seus desejos de 
consumo, do civismo de suas ações, do seu mérito moral ou estético. Dependerá tão 
somente da disposição dos consumidores em pagar, com parte do ganho do seu próprio 
trabalho, para ter acesso aos bens e serviços que o outro oferece. Mas o mercado não 
decide, em nome dos que nele atuam, os resultados finais da interação. Assim como a 
gramática não determina o teor das mensagens, mas apenas as regras das trocas verbais, 
também o mercado não estabelece de antemão o que será feito e escolhido pelos que dele 
participam. 
(Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2016, edição digital) 
 
Infere-se corretamente do texto: 
A Apesar de se autorregular, o mercado oferece recompensas materiais desiguais aos 
participantes do sistema, atreladas, proporcionalmente, à dedicação do indivíduo àquiloque 
é do interesse da coletividade. 
B Ao estabelecer uma comparação entre as conquistas capazes de melhorar as condições 
da vida humana nos últimos séculos, o autor conclui que os benefícios da economia de 
mercado são inferiores aos alcançados pela Revolução Industrial do século XVIII. 
C Como ciência e mercado estão interligados, a primeira sofre restrições em sua liberdade 
de ação, uma vez que só se validam teorias que atendam aos interesses do mercado, o 
qual, por sua vez, visa ao lucro mesmo em detrimento do desenvolvimento científico. 
D As conquistas alcançadas pelo sistema de mercado, no qual se estabelecem os preços 
de um produto por meio de um processo competitivo, são limitadas, na medida em que as 
relações de troca não estão atreladas a escolhas éticas nem nos ensinam de que modo 
usar nossa liberdade. 
E Uma vez que se trata de um sistema meritocrático, o sistema de mercado beneficia os 
indivíduos mais dedicados e munidos de maior motivação pessoal, cujo grande desejo de 
consumo faz com que procurem superar suas dificuldades. 
 
 
 
 
 
 
10 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
6. 
FCC – TRF 4ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – 
2019 
O poeta, quanto mais individual, mais universal, pois o homem, qualquer que seja o meio e 
a época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano. Embora, eu que 
o diga, seja tão difícil ser assim autêntico. Às vezes assalta-me o terror de que todos os 
meus poemas sejam apócrifos. 
 Se estas linhas estão te aborrecendo é porque és poeta mesmo. Modéstia à parte, as 
digressões sobre poesia sempre me causaram tédio e perplexidade. A culpa é tua, que me 
pediste conselho e me colocas na insustentável situação em que me vejo quando alunos 
dos colégios vêm (por inocência ou maldade dos professores) fazer pesquisas com 
perguntas assim: “O que é poesia? Por que se tornou poeta?”. A poesia é destas coisas 
que a gente faz mas não diz. 
 Não sei como vem um poema. Às vezes uma palavra, uma frase ouvida, uma repentina 
imagem que me ocorre nas ocasiões mais insólitas. A esta imagem respondem outras (em 
vez de associações de ideias, associações de imagens; creio ter sido esta a verdadeira 
conquista da poesia moderna). Não lhes oponho trancas nem barreiras. Vai tudo para o 
papel. Guardo o papel, até que um dia o releio, já esquecido de tudo. Vem logo o trabalho 
de corte, pois noto o que estava demais. Coisas que pareciam bonitinhas, mas que eram 
puro enfeite, coisas que eram puro desenvolvimento lógico (um poema não é um teorema), 
tudo isso eu deito abaixo, até ficar o essencial, isto é, o poema. 
 Um poema tanto mais belo é quanto mais parecido for com um cavalo. Por não ter nada 
de mais nem nada de menos é que o cavalo é o mais belo ser da criação. Como vês, para 
isso é preciso uma luta constante. A minha está durando a vida inteira. O desfecho é sempre 
incerto. Sinto-me capaz de fazer um poema tão bom ou tão ruinzinho como aos dezessete 
anos. 
(Adaptado de: QUINTANA, Mario. “Carta”. Melhores poemas. São Paulo: Global Editora, 
2005, edição digital) 
 
Depreende-se do 3° parágrafo que, quanto ao fazer poético, o autor valoriza a 
A crítica social. 
B cadência rítmica. 
 
 
11 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
C supressão do excesso. 
D exposição das ideias. 
E idealização utópica. 
 
7. 
VUNESP - PREFEITURA DE ITAPEVI - AUDITOR FISCAL TRIBUTÁRIO – 2019 
“Tire suas próprias conclusões” 
Essa é a frase que mais tenho ouvido recentemente. Passada a euforia de uma notícia 
qualificada como “bomba”, logo os atores de uma das partes corriam a público para 
disponibilizar a íntegra daquilo que antes foi veiculado em partes. 
É preciso saber de tudo e entender de tudo. É preciso tirar as próprias conclusões para não 
depender de ninguém, e é esse o grande e contraditório imperativo dos nossos tempos. É 
uma ordem a uma experimentação libertária, e uma quase contradição do termo. O 
imperativo que liberta também aprisiona: você só passa a ser, ou a pertencer, se tiver uma 
conclusão. Sobre qualquer coisa. 
Nas últimas décadas psicanalistas se debruçaram sobre as mudanças nos arranjos 
produtivos e sociais de cada período histórico para compreender e nomear as formas de 
sofrimento decorrentes delas. A revolução industrial, a divisão social do trabalho, a 
urbanização desenfreada e as guerras, por exemplo, fizeram explodir o número de sujeitos 
impacientes, irritadiços e perturbados com a velocidade das transformações e suas 
consequentes perdas de referências simbólicas. 
Pensando sobre o imperativo “Leia/Veja/Assista” e “Tire suas próprias conclusões”, começo 
a desconfiar de que estamos diante de uma nova forma de sofrimento relacionado a um 
mal-estar ainda não nomeado. 
Afinal, que tipo de sujeito está surgindo de nossa nova organização social? O que a vida 
em rede diz sobre as formas como nos relacionamos com o mundo? Que tipos de valores 
surgem dali? E, finalmente, que tipo de sofrimento essa vida em rede tem causado? 
Vou arriscar e sair correndo, já sob o risco de percorrer um campo que não é meu: estamos 
vendo surgir o sujeito preso à ideia da obrigação de ter algo a dizer. Ao longo dos séculos 
essa angústia era comum aos chamados formadores de opinião e artistas, responsáveis 
por reinterpretar o mundo. Hoje basta ter um celular com conexão 3G para ser chamado a 
 
 
12 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
opinar sobre qualquer coisa. Pensamos estar pensando mesmo quando estamos apenas 
terceirizando convicções ao compartilhar aquilo que não escrevemos. 
É uma nova versão de um conflito descrito por Clarice Lispector a respeito da insuficiência 
da linguagem. Algo como: “Não só não consigo dizer o que penso como o que penso passa 
a ser o que digo”. Se vivesse nas redes que atribuem a ela frases que jamais disse, o “dizer” 
e o “pensar” teriam a interlocução de um outro verbo: “compartilhar”. 
(Matheus Pichonelli, Carta Capital. 18.03.2016. www.cartacapital.com.br. Adaptado) 
 
Da menção ao conflito descrito por Clarice Lispector, no último parágrafo, deduz-se o 
seguinte: 
a) para o autor, Clarice Lispector estava equivocada ao ignorar a importância do 
“compartilhar” como intermediário entre o “dizer” e o “pensar”. 
b) ao se exprimir com exatidão o pensamento, a insuficiência da linguagem é superada, 
ainda que provisoriamente. 
c) quando o pensamento é traduzido em palavras, e essas palavras são partilhadas, 
exaltam-se os valores morais da sociedade. 
d) não é possível expressar com exatidão o que pensamos, e nos iludimos ao crer que o 
que dizemos equivale ao que pensamos. 
e) o “pensar” adquire valor a partir do momento em que encontra um equivalente no “dizer” 
e assume forma ao ser compartilhado. 
 
8. 
VUNESP – SEDUC – SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – 2019 
 
 
 
13 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
É correto concluir, da leitura da tira, que a resposta do pai a respeito do computador 
A confunde o garoto, que passa a interrogar-se sobre a verdadeira razão para o pai omitir-
se de comprar-lhe o aparelho. 
B contraria o garoto, que via no computador a esperança de ter menos trabalho na 
elaboração de suas atividades escolares. 
C aborrece o garoto, que continua acreditando que o computador é fundamental para 
melhorar seu rendimento escolar. 
D satisfaz o garoto, que se convence de que o computador poderá auxiliá-lo melhor ainda 
do que ele inicialmente imaginara. 
E atenua as preocupações do garoto, que se convence de que o computador facilita a 
elaboração dos trabalhos escolares. 
 
9. 
VUNESP – CÂMARA DEPIRACICABA – SP – JORNALISTA – 2019 
Com Bernardo, Lenine e Grassi, num sábado de outono, no Inhotim 
 
 “Sabe de uma coisa? Nós vivemos muito pouco”, disse Bernardo. Lenine tocou de leve 
em seu antebraço, e concordou, emendando com uma história da Dona Terezinha, vizinha 
de seu sítio no Vale das Videiras, em Petrópolis, onde instalou o seu orquidário. Ela tem 
uma sapucaia, que produz um ouriço usado no cultivo de algumas espécies. Bateu na sua 
casa: 
 – Dona Terezinha, eu vi que a senhora tem uma sapucaia. A senhora pode me ceder 
uma muda? Preciso do ouriço para algumas orquídeas. 
 – Posso! Mas quem planta sou eu. 
 Dona Terezinha colheu a muda, levou, plantou, fez a reza e molhou. Ia embora, ouviu, 
pelas costas: 
 – Dona Terezinha, muito obrigado. Mas quando é que vou poder colher o ouriço? 
 Pensou, coçou a cabeça, e... “daqui a uns 60 ou 70 anos, meu filho”. 
 Uma longa gargalhada explodiu na mesa. O show do Lenine em Inhotim, neste sábado, 
trouxe um sopro de vida eterna ao ambiente. A conversa pausada, cheia de casos e 
histórias, era observada por Grassi com atenção. Inhotim está vivo, cada vez mais vivo, era 
a mensagem, era o astral no meio daquele paraíso que de perdido não tem nada. 
 
 
14 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
 Lembrando a polêmica sobre a filosofia, Lenine mandou: 
 – Aristóteles jogou a toalha. No final da vida, depois de tanta filosofia, escreveu que o 
mais importante era rir. 
 E se o riso precede a felicidade e, com ela, os hormônios da longevidade, viveremos 
um pouco mais depois deste sábado musical e iluminado de outono, em Inhotim. 
 Com a noite chegando, os corações se juntaram naquela mesa. A vegetação nos 
acolheu, luz e sombra bordando os contrastes, pensamentos voando. Um sombrio 
Bernardo se revelou. Retirado desde os últimos acontecimentos, vive serenando as 
reflexões, salvando lembranças. Mas não desiste do sonho: 
 – Com o rompimento da barragem, tivemos que reduzir custos. Outro dia descobri que 
acabaram com o Coral e a Orquestra formada por gente da região. Mandei voltar. Tem 
coisa que não pode cancelar. 
 Bernardo, neste ponto, se afasta da gestão e olha para a transcendência da arte como 
solução. Não adianta cortar custo de coisas que são para sempre. Música, canto, arte. O 
Inhotim tem, agora, responsabilidade dobrada: a revitalização de toda uma região 
devastada pela tragédia. 
 (Afonso Borges. https://blogs.oglobo.globo.com, 28.04.2019. Adaptado) 
 
Uma leitura adequada do texto em sua totalidade permite concluir que o título 
A chama a atenção para um encontro corriqueiro e de ocorrência sazonal. 
B expõe uma crítica à indiferença dos artistas citados quanto à beleza natural de Inhotim. 
C prenuncia um discurso impessoal sobre os atributos naturais de Inhotim. 
D antecipa um depoimento de cunho intimista, baseado na memória do autor. 
E destaca o encanto do autor diante da qualidade técnica do show de Lenine. 
 
10. 
FGV – DPE - RJ – TÉCNICO MÉDIO DE DEFENSORIA – 2019 
A respeito de algumas tragédias que afetam o nosso país, o jornal O Globo, de 16/02/2019, 
fez uma reportagem a que deu o título “Por que o Brasil repete as suas tragédias”. 
Pelo título dado a essa reportagem, o leitor pode concluir que o texto deve: 
A mostrar o desprezo das autoridades pelo ambiente natural; 
B atribuir as culpas das últimas ocorrências; 
 
 
15 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
C indicar as consequências dos desastres naturais; 
D enumerar as tragédias ocorridas; 
E responder à pergunta do título. 
 
11. 
FGV – PREFEITURA DE SALVADOR – BA – ANALISTA - ARQUITETURA - 2019 
Uma editora paulista, sob o título “Da semente ao livro”, publicou o texto a seguir. 
“Plantar florestas. A madeira que serve de matéria-prima para nosso papel vem de plantio 
renovável, ou seja, não é fruto de desmatamento. Essa prática gera milhares de empregos 
para agricultores e ajuda a recuperar áreas ambientais degradadas.” 
Esse texto publicitário pretende 
(A) mostrar a perfeita organização da empresa. 
(B) criar uma imagem positiva da empresa na população. 
(C) indicar a razão do sucesso profissional da empresa. 
(D) demonstrar que a proteção ambiental é uma exigência legal. 
(E) destacar os prejuízos do desmatamento. 
 
12. 
FGV – DPE – RJ – TÉCNICO SUPERIOR JURÍDICO – 2019 
Na orelha do livro “A Bíblia: uma biografia” (Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed., 2007), aparece 
o seguinte texto: 
“A principal função da Bíblia, no entanto, ao longo de sua demorada gestação, não foi apoiar 
doutrinas e crenças particulares [....]. A produção de uma escritura sagrada consistiu antes 
em atividade contínua, um processo que buscava introduzir milhares de pessoas à 
transcendência”. 
 
A informação abaixo que NÃO pode ser depreendida da leitura desse texto é: 
(A) o termo “no entanto” indica que esse segmento não é a parte inicial do texto; 
(B) o texto contraria a ideia de ser a Bíblia a base de apoio a doutrinas e crenças; 
(C) o termo “antes” indica um momento anterior de produção da Bíblia; 
(D) o termo “processo” retoma “atividade contínua”; 
(E) o verbo “introduzir” se refere a uma nova atividade para as pessoas. 
 
 
16 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
 
13. 
FGV – BANESTES – ANALISTA ECONOMICO FINANCEIRO – GESTÃO CONTÁBIL - 
2018 
Texto 2 
“A prefeitura da capital italiana anunciou que vai banir a circulação de carros a diesel no 
centro a partir de 2024. O objetivo é reduzir a poluição, que contribui para a erosão dos 
monumentos”. (Veja, 7/3/2018) 
Há uma série de inferências possíveis a partir do texto 2; a única inferência inadequada é: 
(A) os monumentos antigos de Roma são de grande importância para a cidade; 
(B) os carros a diesel poluem mais que os carros a gasolina; 
(C) no centro da cidade circula grande quantidade de veículos; 
(D) o prazo dado para o banimento permite a adaptação dos fatores envolvidos; 
(E) outros fatores prejudiciais aos monumentos, além da poluição, vão ser banidos de 
Roma. 
 
14. 
FGV – BANESTES – ANALISTA ECONOMICO FINANCEIRO – GESTÃO CONTÁBIL - 
2018 
Observe a charge abaixo, publicada no momento da intervenção nas atividades de 
segurança do Rio de Janeiro, em março de 2018. 
 
 
 
 
17 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO pode, no entanto, ser inferida da 
imagem e das frases a seguinte informação: 
(A) a classe social mais alta está envolvida nos crimes cometidos no Rio; 
(B) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem-feita; 
(C) a linguagem do personagem mostra intimidade com o interlocutor; 
(D) a presença do orelhão indica o atraso do local da charge; 
(E) as imagens dos tanques de guerra denunciam a presença do Exército. 
 
15. 
CESPE – SLU - DF – CONHECIMENTOS BÁSICOS – 2019 
 
Com relação às ideias do texto CB1A1-I, julgue o item a seguir. 
 
Depreende-se do primeiro período do texto que Adílson dos Anjos habitualmente frequenta 
o depósito de sucata eletrônica descrito no texto. 
Certo 
Errado 
 
 
 
18 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
16. 
CESPE – PGE - PE – ANALISTA JUDICIÁRIO DE PROCURADORIA – 2019 
 
Com relação às ideias do texto CB2A1-I, julgue o item a seguir. 
 
Conclui-se do último parágrafo do texto que o sentimento de crise provocado pela sensação 
de desorientação favorece um futuro prejudicial ao próprio sujeito em crise. 
Certo 
Errado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 Portuguêscom Lógica 
Apostila - Título da Aula 
 
17. 
CESPE – PRF – POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL – 2019 
 
Julgue o seguinte item, a respeito das ideias e das construções linguísticas do texto 
apresentado. 
 
Conclui-se do texto que, devido à abundância de recursos, nas sociedades tribais os 
indivíduos não têm necessidade de separar as práticas laborais das outras atividades 
sociais. 
 
Certo 
Errado 
 
 
 
 
 
 
20 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
 
18. 
CESPE – CGE - CE – CONHECIM ENTOS BÁSICOS – 2019 
 
Infere-se do texto CB1A1-I que o narrador caracteriza Candeia como “quase nada” (l.1) e 
“morta” (l.14) devido à 
A) desesperança reinante no povoado. 
B) impressão de abandono exibida pelo povoado. 
C) inexistência de espaços de diversão no povoado. 
D) desigualdade explícita em todos os cantos do povoado. 
E) presença de pessoas mesquinhas e desgraçadas pelo povoado. 
 
 
 
21 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
 
19. 
CESPE – SEFAZ - RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADUAL – 2019 
 
 
Infere-se do texto 1A3-I que a ação do Estado, com relação à política tributária, visa 
A) ao provimento de receitas e também a finalidades econômicas e sociais. 
B) à redução de tributos sobre empresas comprometidas com o desenvolvimento social. 
C) ao aumento do lucro de empresas, com impacto sobre o crescimento do país. 
D) ao estímulo do setor empresarial pela concessão de isenção do pagamento de impostos. 
E) ao crescimento da livre concorrência, com aumento dos impostos aplicados a empresas. 
 
 
 
 
 
 
 
22 Português com Lógica 
Apostila - Título da Aula 
 
 
 
 
 
Professora Adriana Figueiredo 
Professora Adriana Figueiredo 
professoraadrianafigueiredo 
www.adrianafigueiredocursos.com.br 
Capítulo 26 
(5ª edição)

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