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BOLETIM-N16_-INTOXICAÇÃO_EXOGENA-

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Intoxicação Exógena Relacionada ao Trabalho, 2013 - 2018 
Nº i6, OUTUBRO 2019 BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO 
 SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SALVADOR 
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA DA SAÚDE 
CENTRO DE REFERÊNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 
Outubro de 2019, Número 16 
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO - VIGILÂNCIA EM SAÚDE DO TRABALHADOR 
“Intoxicação exógena pode ser 
definida como um conjunto de 
efeitos nocivos ao organismo 
produzidos pela interação de um 
ou mais agentes tóxicos com o 
sistema biológico, representados 
por manifestações clínicas ou 
laboratoriais que revelam dese-
quilíbrio orgânico. Os agrotóxi-
cos, gases tóxicos e metais pesa-
dos são exemplos de agentes 
químicos que podem causar esse 
tipo de intoxica-
ção” (MINISTÉRIO DA SAÚ-
DE, 2018). 
 
 Os trabalhadores, muitas vezes, em seus ambientes de trabalho estão 
expostos a diferentes substâncias químicas, como poluentes no ar, compostos 
orgânicos voláteis, solventes, gases e líquidos (inflamáveis, explosivos, tóxicos), 
entre outros, o que aumenta o risco de intoxicação exógena. 
 Nesse contexto, o objetivo deste boletim é descrever o perfil dos indiví-
duos que se expuseram à intoxicação exógena relacionada ao trabalho no muni-
cípio de Salvador. 
 Foi realizado um estudo descritivo do agravo entre residentes do municí-
pio de Salvador, sendo selecionadas apenas as notificações que referem à exposi-
ção ao trabalho. Os dados foram obtidos a partir do banco do Sistema de Infor-
mação de Agravos de Notificação (Sinan), referentes ao período de 2013 a 2018. 
Apesar de não ser um agravo específico da saúde do trabalhador, o CEREST 
acompanha e desenvolve ações devido às exposições frequentes em ambientes de 
trabalho a fim de conhecer a realidade com vista à prevenção, promoção e reabi-
litação dos trabalhadores. 
 Já o município de Salvador notificou 468 
casos de intoxicação exógena relacionada ao traba-
lho, o que representa 23% do que foi notificado pe-
lo estado. Nos anos de 2014 e 2015 verificou-se um 
aumento significativo das notificações devido a 
ocorrência de surtos. No ano de 2014, houve dois 
surtos decorrentes de alimento e bebida e de produ-
to químico industrial, correspondendo por 78% dos 
casos do referido ano, já no ano de 2015, houve três 
surtos, decorrentes de alimento e bebida, uso de 
agrotóxico/doméstico e raticida, correspondendo a 
96% dos casos daquele ano. Assim, observa-se um 
aumento significativo nos anos de 2014 e 2015 com 
um queda no ano seguinte, mantendo-se a queda 
nos anos subsequentes (2017, 2018) (Gráfico 1). 
41
99
185
54 48 41
0
100
200
2013 2014 2015 2016 2017 2018
Fonte: SMS/DVIS/CEREST/SINAN 
Gráfico 1 - Números Absolutos das Notificações de Into-
xicação Exógena Relacionada ao Trabalho, Salvador, 2013 - 
 Estima-se que 1,5 a 3% da população se intoxicam todos os anos. Para o Brasil, isto representa aproxima-
damente 4.800.000 casos novos a cada ano, sendo que destes, 0,1 a 0,4% das intoxicações resultam em óbito. 
(SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO, 2018). Na Bahia, no mesmo período estudado, 
foram notificados 2046 casos de intoxicação exógena relacionada ao trabalho. Sendo o ano de 2018 com a maior 
proporção 22%, seguido dos anos de 2014, 2015 e 2017 que apresentam o mesmo índice de 18% e os anos de 2013 
e 2016 com 12% (TABNET/DIVAST/SESAB). 
P Á G I N A 2 
“Para chamar a atenção do leitor, insira uma 
citação ou frase interessante do texto aqui.” 
N º I 6 , O U T U B R O 2 0 1 9 
 O perfil sociodemográfico dos trabalhadores 
acometidos pode ser observado na tabela 1. Do total 
das notificações, prepondera-se a ocorrência no sexo 
masculino, com 59%. A faixa etária de 20 a 39 anos 
corresponde a 59%, seguida da faixa etária de 40 a 49 
anos (19%), totalizando 78%. As variáveis escolarida-
de e raça podem não corresponder a realidade pelo alto 
índice de ignorados e em brancos, tendo, respectiva-
mente, 71% e 81%. 
 Do dados informados sobre a variável escola-
ridade , verifica-se que 16% ocorreram em pessoas que 
estão cursando ou já possuem o ensino superior, isto, 
deve-se a um dos surtos do ano de 2015 ter acontecido 
em um departamento público com um alto índice de 
funcionários com ensino superior. A variável raça traz 
um predomínio da referida como parda, com 12% , 
(Tabela 1) . 
Variáveis Frequência 
 N % 
Sexo 
Feminino 193 41 
Masculino 275 59 
Faixa Etária 
Menor 1 ano a 14 anos 22 5 
15 a 19 anos 20 4 
20 a 29 anos 136 29 
30 a 39 anos 142 30 
40 a 49 anos 88 19 
50 a 59 anos 48 10 
60 anos e mais 12 3 
Escolaridade 
Ign/Branco/Não se aplica 330 71 
Ensino Fundamental 28 6 
Ensino Médio 36 8 
Ensino Superior 74 16 
Raça 
Ign/Branco 378 81 
Branca 11 2 
Preta 22 5 
Amarela 2 0 
Parda 55 12 
Fonte: SMS/DVIS/CEREST/SINAN 
Tabela 1 - Perfil Sociodemográfico das Notifi-
cações de Intoxicação Exógena Relacionada ao 
Trabalho, Salvador, 2013 - 2018 
Gráfico 2 - Situação no Mercado de Trabalho 
das Notificações de Intoxicação Exógena Relacio-
nada ao Trabalho, Salvador, 2013 - 2018 
43%
37%
1%
15%
1% 1%
1%
Ign/Branco
Empregado registrado
Autônomo
Serv. Púb. Estatutário
Desempregado
Cooperativado
Outros
Fonte: SMS/DVIS/CEREST/SINAN 
Gráfico 3 - Zona de Exposição das Notifica-
ções de Intoxicação Exógena Relacionada ao 
Trabalho, Salvador, 2013 - 2018 
30%
67%
1% 2%
Ign/Branco
Urbana
Rural
Periurbana
Fonte: SMS/DVIS/CEREST/SINAN 
 No que se refere à situação de mercado no 
trabalho, o empregado registrado (RG) é dominante 
(37%) seguido do servidor público estatutário 
(15%), tendo, assim, os demais grupos uma apre-
sentação de 4% (autônomo, desempregado, coope-
rativado e outros. Todavia, o percentual de ignorado 
e em branco é significativo (43%) o que pode com-
prometer a análise dessa variável. A emissão da 
CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) foi 
realizada para a maioria dos empregados registra-
dos, ou seja 31% (Gráfico 2). 
 A zona de exposição é principalmente urbana (67%), seguida da periurbana (2%) e rural (1%), o 
que condiz com o perfil produtivo de Salvador, em que o setor de serviços representa 78% e responde por 
mais de 85% da geração de emprego (Gráfico 3). 
 Em relação ao agente tóxico a maior proporção foi em alimento e bebida (31%), seguida de agrotóxico 
doméstico (15%), produto químico (12%) e medicamento (10%). As intoxicações por agrotóxicos agrícolas é 
reduzida por não ser a agricultura dominante na economia do município. Cabe lembrar que o agente tóxico é 
uma substância química capaz de causar dano ao sistema biológico, alterando uma ou mais funções, podendo 
provocar a morte (sob certas condições de exposição). De modo geral, a intensidade da ação do agente tóxico 
será proporcional à concentração e ao tempo de exposição (Gráfico 4). 
 
 
Dos casos notificados de intoxicação exógena 
com exposição ao trabalho 57% confirmaram 
intoxicação exógena, 13% só exposição, 16% 
reação adversa, 1% outro diagnóstico e 13% ig-
norado ou branco. Da evolução dos casos 79% se 
curaram sem sequelas, 1% curaram com sequela 
e 20% sem informação (ignorados e em brancos). 
 
 
P Á G I N A 3 A N O 2 0 1 9 , N Ú M E R O 1 6 
Gráfico 4 - Agente Tóxico das Notificações de Intoxica-
ção Exógena Relacionada ao Trabalho, Salvador, 2013 - 
Fonte: SMS/DVIS/CEREST/SINAN 
RECOMENDAÇÕES 
É necessário avaliar a vigilância e a atenção integral dos trabalhadores expostos aos riscos de intoxicação exógena 
em todo o ciclo, desde a promoção até a recuperação da saúde. Sendo imprescindívelque os profissionais de saúde 
estejam alertas para a relação do agravo com o trabalho, em que o conhecimento da ocupação se torna indispensá-
vel. Quando estabelecido o nexo, se a situação no mercado de trabalho for empregado registrado com carteira assi-
nada não esquecer de orientá-lo sobre a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), caso não tenha sido emitida. 
Ressalta-se que os surtos das doenças transmitidas por alimentos (DTAs) devem ser notificadas na Ficha de Investi-
gação de Surto, segundo recomendação do Instrutivo para preenchimento da ficha de Intoxicação Exógena do Mi-
nistério da Saúde (2018). Não são consideradas intoxicações exógenas as que ocorrem por contaminação de alimen-
tos e/ou bebidas por material biológico (como: bactérias, vírus, toxinas de origem alimentar). Notifica-se apenas 
como intoxicação exógena se esses alimentos forem expostos a uma substância nociva. 
Acrescenta-se, a ficha de surto de DTA não traz a associação com o trabalho o que acaba ocasionando uma invisibi-
lidade dessa relação. 
REFERÊNCIAS 
Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro. Subsecretaria de Vigilância em Saúde. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO INTOXICAÇÃO EXÓGENA 
01/2018. [Internet}. Rio de Janeiro, RJ.; 2018. Disponível em: http://www.riocomsaude.rj.gov.br/Publico/MostrarArquivo.aspx?C=VmRvKK2FbUE%3D 
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO 58. Intoxicações exógenas relacionadas ao trabalho no Brasil, 
2007-2016. [Internet]. 2018. Disponível em: http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/dezembro/26/2018-027.pdf 
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. Instruções para 
preenchimento da Ficha de Investigação de Intoxicação Exógena Sinan – Sistema de Informação de Agravos de Notificação [recurso eletrônico] / Ministério 
da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador. – Brasília : Ministério da Saúde, 
2018. 
 
31%
15%
12%
10%
7%
3% 2% 2%
12%
6%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
 Secretário Municipal de Saúde: 
Leonardo Silva Prates 
Subsecretária Municipal de Saúde: 
Maria Lucimar Alves de Lira Rocha 
Diretora de Vigilância da Saúde: 
Luiza Côrtes Mendes 
CEREST: Tiza Tr ípodi Marchi Mendes 
Elaboração: Pr iscila Duar te de Pádua 
Colaboração: Tiza Trípodi Marchi Mendes; Francesca de Brito Magalhães 
Revisão: Joselina Soeiro 
Distribuição Eletrônica: Assessor ia de Comunicação da Secretar ia Munici-
pal de Saúde 
Contato, email e telefone do GT: CEREST - cerest.salvador@gmail.com; (71) 
3202 - 1522

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