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uma pequena impedância. • • • Sobrecarga: Corrente que excede, ligeiramente, o valor nominal de um equipamento. Corrente de Curto: Corrente que excede muitas vezes, o valor nominal de um equipamento. Os aspectos anteriores preocuparam-se tão somente em definir e conceituar as principais grandezas elétricas (demanda, energia, etc.) necessárias à compreensão do tema proposto. No entanto, não se reportou em nenhum instante os conceitos e definições envolvendo as sobretensões devido às descargas atmosféricas e àquelas oriundas de chaveamentos. Desta forma, neste item, apresentar-se-á, resumidamente, a título de informação alguns aspectos elétricos inerentes aos fenômenos citados. 3 – SOBRETENSÕES E COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO a) Origem e Classificação das Sobretensões As redes elétricas estão sujeitas a várias formas de fenômenos transitórios, envolvendo variações súbitas de tensão e corrente provocadas por descargas atmosféricas, faltas no sistema ou operação de disjuntores ou seccionadoras. De uma forma genérica, os estudos realizados com a finalidade de obtenção dos valores referentes aos fenômenos transitórios, são necessários para a especificação dos equipamentos de um sistema elétrico. Esses estudos são denominados de sobretensões. Na prática, além dos valores das possíveis 12 35 CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 13 sobretensões nos terminais dos equipamentos, também é de interesse a determinação das sobrecorrentes. Os cálculos das correntes transitórias, também são necessárias para a verificação dos esforços térmicos e mecânicos nos equipamentos e barramentos de uma subestação. As sobretensões podem ser classificadas de uma forma bem ampla em dois grupos: sobretensões externas ou internas, conforme a causa que as provocam seja de origem externa ou interna ao sistema elétrico. As sobretensões atmosféricas são caracterizadas por uma frente de onda de alguns microsegundos a poucas dezenas de microssegundos e são provocadas principalmente por descargas atmosféricas. Uma sobretensão de qualquer outra origem, que tenha característica de frente de onda similares àquelas utilizadas para a definição das sobretensão atmosférica, também é classificada como sobretensão atmosférica. A figura 3 apresenta um exemplo típico de uma sobretensão atmosférica. A figura 4 apresenta um exemplo típico de uma sobretensão de manobra fortemente amortecida. KV Va 0,9 Va 0,5 Va 0,3 Va 1,2 50 µ s0 Figura 3 - Sobretensão atmosférica típica; 13 36 CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 14 Observa-se na figura 3 um valor de sobretensão elevado, atingindo o pico em torno de 1,2 µs, reduzindo a sobretensão a metade após 50 µs. 4 6 8 KV 1000 600 200 2 10 µ s Figura 4 - Sobretensão típica de manobra fortemente amortecida; Observa-se na figura 4, que a sobretensão atingiu aproximadamente 1000kV em 2 µs, enquanto que decorridos 10µs, a sobretensão foi reduzida para 800 kV. Isto se justifica pelo forte amortecimento sofrido pela sobretensão. b) Características dos Isolamentos Os isolamentos, de uma forma geral, abrangem os espaçamentos no ar, os isolamentos sólidos e os imersos em líquido isolante. De acordo com a finalidade a que se destinam, são classificados como sendo para uso externo e interno, conforme se utilizam: em instalações sujeitas a agentes externos como umidade, poluição, intempéries, etc., ou para uso interno. Além dessa classificação, de ordem geral, existe outra, do ponto de vista de isolamento. Os isolamentos podem ser: auto-regenerativos, que são os que têm capacidade de recuperação de sua rigidez dielétrica após a ocorrência de uma descarga causada pela aplicação de uma tensão de ensaio; ou não- regenerativos, que são aqueles que não têm a capacidade de recuperação de 14 37 CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 15 sua rigidez dielétrica. Havendo uma descarga, há danificação parcial ou total do isolamento não-regenerativo. c) Níveis de Isolamento dos Equipamentos O nível de isolamento de um equipamento é o conjunto de tensões suportáveis nominais, aplicadas ao equipamento durante os ensaios e definidas em norma específica para esta finalidade, que define sua característica de isolamento. As tensões definidas em norma, a serem aplicadas nos ensaios para comprovar o nível de isolamento de um equipamento, são as seguintes: • tensão suportável nominal à frequência industrial de curta duração, geralmente 1 minuto. Esta grandeza elétrica também é conhecida como tensão aplicada. • tensão suportável nominal de impulso de manobra (atmosférico). A tensão suportável nominal à frequência industrial de curta duração, é o valor eficaz especificado da tensão à frequência industrial que um equipamento deve suportar em condições de ensaio especificadas e durante um período de tempo, geralmente não superior a 1 minuto. A tensão suportável nominal de impulso de manobra (ou atmosférica) é o valor de crista especificado de uma tensão suportável de impulso de manobra, que caracteriza o isolamento de um equipamento no que concerne aos ensaios de tensões suportáveis. As tabelas 1 e 2 ilustram os níveis de isolamento normalizados em função da classe de tensão de um equipamento. 15 38 CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 16 Tabela 1 – Níveis de isolamento normalizados para 1kV < Um ≤ 52 kV (NBR 6949); Tensão máxima do equipamento Um (kV – valor eficaz) Tensão suportável nominal de impulso atmosférico (kV – valor da crista) NBI Tensão suportável nominal à frequência industrial durante 1 minuto (kV – valor eficaz) 3,6 20 40 10 7,2 40 60 20 15 95 110 34 25,8 125 150 60 38 170 200 80 48,3 250 105 Tabela 2 – Níveis de isolamento normalizados para 52kV < Um ≤ 300kV (NBR 6949); Tensão máxima do Equipamento Um (kV – valor eficaz) Base para os valores em p.u. Um 3 2 (kV – valor de crista) Tensão Suportável Nominal de Impulso Atmosférico (kV – valor de crista) NBI Tensão Suportável Nominal à Frequência Industrial durante 1 minuto (kV – valor de crista) 72,5 59 325 141 92,4 75 380 150 145 118 450 185 242 200 550 230 650 275 750 850 325 950 1050 360 395 460 16 39 CAPÍTULO 2 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA 17 As normas de coordenação do isolamento, inclusive a NBR- 6939 têm por objetivos fixar os níveis de isolamento dos equipamentos e estabelecer diretrizes para a elaboração de especificações e métodos de ensaios de equipamentos. Os ensaios são realizados de acordo com os procedimentos estabelecidos nas normas pertinentes e têm por objetivo verificar se um equipamento está em conformidade com as tensões suportáveis nominais que determinam o seu nível de isolamento. Para cada tipo de ensaio e cada tipo de equipamento, a norma do equipamento considerado especifica os métodos para detectar falha no isolamento e os critérios que permitem afirmar ter ocorrido falha no isolamento, durante os ensaios. Sempre que possível, os ensaios devem ser feitos de acordo com as recomendações constantes das normas pertinentes. No entanto, pequenos desvios são admissíveis em função de características especiais de um tipo particular de equipamento, desde que os níveis de isolamento normalizados não sejam modificados. Os ensaios nos equipamentos novos podem ser de tipo ou de rotina,