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Eca medidas socioeducativas

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Eca – PRINCÍPIOS NORTEADORES E AS medidas socioeducativas
Políticas Setoriais
Bloco IV – 2019.2
Princípios do ECA (Lei nº 8.069/90)
Crianças e adolescentes têm um estatuto próprio, pois fazem parte de um grupo de pessoas destinatárias de políticas públicas especiais, bem como os/as idosos/as, os/as indígenas, as pessoas com deficiências etc.
Assim, todas as questões de infância e juventude, com relevo especial para situações irregulares ou de risco, são resolvidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90). À luz do ECA, que estabelece um modelo garantista, e do art. 227 da Constituição Federal, crianças e adolescentes, antes apenas objetos de proteção, são estabelecidos COMO SUJEITOS DE DIREITOS.
Dessa maneira, a Lei nº 8.069/90 tem seus pilares em uma série de princípios que devem ser respeitados e, portanto, orientam as interpretações e aplicações da Lei.
Nesse sentido, dispõe Paulo Lúcio Nogueira (1996, p. 15-16 apud MENDES, 2007):
O Estatuto é regido por uma série de princípios genéricos, que representam postulados fundamentais da nova política estatutária do direito da criança e do adolescente.
Em regra, o direito é dotado de princípios gerais genéricos, que orientam a aplicação prática dos seus conceitos.
Assim, o Estatuto contém princípios gerais, em que se assentam conceitos que servirão de orientação ao intérprete no seu conjunto [...].
Isto posto, serão examinados neste trabalho alguns dos principais princípios que regem o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Princípio da Proteção Integral
Este princípio está expresso no art. 1º da Lei 8.069/90, que estabelece: “Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente”.
Conforme Nucci, este é um dos princípios exclusivos do âmbito da tutela jurídica da criança e do adolescente.
Significa que, além de todos os direitos assegurados aos adultos, afora todas as garantias colocadas à disposição dos maiores de 18 anos, as crianças e os adolescentes disporão de um plus, simbolizado pela completa e indisponível tutela estatal para lhes afirmar a vida digna e próspera, ao menos durante a fase de seu amadurecimento. (NUCCI, 2015)
O princípio da proteção integral, segundo o autor, “é princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) levado ao extremo quando confrontado com idêntico cenário em relação aos adultos”.
Importante ressaltar, inclusive, que este princípio encontra respaldo na Constituição Federal, em seu art. 227, que prescreve:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Ao analisarmos tal dispositivo e suas interpretações, concluímos que, com tal princípio do ECA, o que se pretende é assegurar, prioritariamente, os direitos fundamentais do menor, que deve der protegido pela família e pelo Estado em cooperação, da forma mais ampla possível, bem como garantir que lhes sejam oferecidos todos os meios para seu pleno desenvolvimento.
Princípio da Prioridade Absoluta
Tal como o princípio anterior, o princípio da prioridade absoluta também tem suas bases no artigo 227 da CF e vem expressamente estabelecido no artigo 4º da Lei nº 8.069/90.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Este princípio estabelece a primazia em favor das crianças e adolescentes, em todos os aspectos dos direitos e garantias fundamentais da pessoa humana.
Para melhor entendimento, podemos por tela tal princípio quando, por exemplo, ocorre uma catástrofe natural. Neste caso, deve-se atender, primeiramente, as necessidades das crianças e adolescentes, dado a maior fragilidade destes em situações de desamparo.
Princípio do Melhor Interesse
Este princípio tornou-se um “orientador”, tanto para o legislador quanto para o aplicador da norma.
Dado o princípio da prioridade absoluta, deve-se também garantir que toda e qualquer decisão relacionada ao menor seja tomada visando melhor atender aos seus interesses, não analisando-os de forma singular, mas levando em conta o quadro geral.
Assim, num cenário de disputa judicial pela guarda do menor, por exemplo, deve-se levar em conta não apenas qual dos genitores apresenta melhor condição financeira, mas também qual deles apresenta uma maior capacidade afetiva para com o menor, qual deles apresenta um ambiente de convivência mais harmônico etc. Logo, deve haver um equilíbrio entre os fatores influenciadores da decisão, a fim de proporcionar ao menor não apenas uma segurança econômica, mas também uma segurança emocional e psicológica, por exemplo.
Princípio da Municipalização
A lei nº 8069/90 seguiu a lógica estabelecida pelos arts. 204, I e 227, § 7º da CF, que reservam a execução das políticas assistenciais aos Estados e Municípios, bem como a entidades beneficentes e de assistência social.
Estabelece, portanto, em seu art. 88:
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
I - municipalização do atendimento;
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e controladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação popular paritária por meio de organizações representativas, segundo leis federal, estaduais e municipais;
III - criação e manutenção de programas específicos, observada a descentralização político-administrativa;
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do adolescente;
Esse princípio foi adotado a fim de melhor atender as necessidades das crianças e adolescentes, uma vez que cada região apresenta características específicas.
Princípio da Convivência Familiar
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
Assegurado no artigo acima mencionado, este princípio, pautado na dignidade da pessoa humana, busca assegurar à criança e ao adolescente um crescimento saudável e, para que isso ocorra, é tido como essencial a convivência familiar, dado que a família é reconhecida como base fundamental para formação de indivíduos.
Nesse sentido, Nucci afirma:
[...] um dos princípios deste Estatuto é assegurar o convívio da família natural e da família extensa com a criança e o adolescente; por isso, uma das políticas, calcada, na prática, em programas específicos do Estado, é harmonizar filhos e pais, dando-lhes condições de superar as adversidades. (NUCCI, 2015)
O que são? 
Medidas socioeducativas são medidas aplicáveis a adolescentes autores de atos infracionais e estão previstas no art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Apesar de configurarem resposta à prática de um delito, apresentam um caráter predominantemente educativo.
Quem recebe?
Pessoas na faixa etária entre 12 e 18 anos, podendo-se, excepcionalmente, estender sua aplicação a jovens com até 21 anos incompletos, conforme previsto no art. 2º do ECA.
Quem aplica?
O/a juiz/a da Infância e da Juventude é o/a competente para proferir sentenças socioeducativas, após análise da capacidade do adolescente de cumprir a medida, das circunstâncias do fato e da gravidade da infração.
Como são executadas?
A execução das medidas socioeducativas de prestação de serviços à comunidade (PSC), liberdade assistida (LA), semiliberdade
e internação é de responsabilidade da Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude de cada unidade da Federação, por meio da Subsecretaria do Sistema Socioeducativo. 
No âmbito da Justiça, compete à Vara de Execução de Medidas Socioeducativas acompanhar e avaliar, constantemente, o resultado da execução das medidas, bem como inspecionar os estabelecimentos e os órgãos encarregados do cumprimento das medidas socioeducativas, além de promover ações para o aprimoramento do sistema de execução dessas medidas.
ADVERTÊNCIA (ART. 115 DO ECA)
O que é: uma repreensão judicial, com o objetivo de sensibilizar e esclarecer o/a adolescente sobre as consequências de uma reincidência infracional. 
Responsável pela execução: Juiz/a da Infância e da Juventude ou servidor/a com delegação para tal.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE (ART. 117 DO ECA)
O que é: realização de tarefas gratuitas e de interesse comunitário por parte do/a adolescente em conflito com a lei, durante período máximo de seis meses e oito horas semanais. 
Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude, por meio do trabalho desenvolvido nas Unidades de Atendimento em Meio Aberto (UAMAs), com apoio das instituições parceiras.
LIBERDADE ASSISTIDA (ARTS. 118 E 119 DO ECA)
O que é: acompanhamento, auxílio e orientação do/a adolescente em conflito com a lei por equipes multidisciplinares, por período mínimo de seis meses, objetivando oferecer atendimento nas diversas áreas de políticas públicas, como saúde, educação, cultura, esporte, lazer e profissionalização, com vistas à sua promoção social e de sua família, bem como inserção no mercado de trabalho. 
Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude, por meio do trabalho desenvolvido nas Unidades de Atendimento em Meio Aberto (UAMAs). 
SEMILIBERDADE (ART. 120 DO ECA)
O que é: vinculação do/a adolescente a unidades especializadas, com restrição da sua liberdade, possibilitada a realização de atividades externas, sendo obrigatórias a escolarização e a profissionalização. O/a jovem poderá permanecer com a família aos finais de semana, desde que autorizado pela coordenação da Unidade de Semiliberdade. 
Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude, por meio do atendimento realizado pelas Unidades de Atendimento em Semiliberdade.
INTERNAÇÃO (ARTS. 121 A 125 DO ECA)
O que é: medida socioeducativa privativa da liberdade, adotada pela autoridade judiciária quando o ato infracional praticado pelo/a adolescente se enquadrar nas situações previstas no art. 122, incisos I, II e III, do ECA. A internação está sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. A internação pode ocorrer em caráter provisório ou estrito.
Responsável pela execução: Secretaria de Estado de Políticas para Crianças, Adolescentes e Juventude, por meio das Unidades de Internação.
De todas as sentenças proferidas pelos/as juízes/as da Vara da Infância e da Juventude e da Vara Regional de Atos Infracionais da Infância e da Juventude cabe apelação (recurso de sentença) no prazo de 10 dias, juntamente com a apresentação das razões.
FUNK DO ECA
SANDRO CALDEIRA

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