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Jéssica Kunzler Claciani Fernanda Castanho Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – PED2787 – Prática Interdisciplinar: Introdução a Pesquisa – 24 INICIAÇÃO CIENTÍFICA Jéssica Kunzler Claciani Fernanda Castanho RESUMO O presente trabalho tem o propósito de analisar a política da iniciação científica no ensino superior e suas contribuições no espaço de formação, incentivando o trabalho de pesquisa e investigação científica. Tendo em vista o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da criação e comunicação da cultura, desenvolveu-se desse modo o entendimento do homem e do meio em que vive, promovendo através da Educação Superior de forma aberta à participação da população, propondo à mesma qualidade de ensino, gerando conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na Instituição de Ensino. Palavras-chave: Iniciação científica. Ensino e pesquisa. Educação Superior. 1. INTRODUÇÃO A Iniciação Científica é uma atividade de introdução à pesquisa para os estudantes de graduação e como o próprio nome indica, refere-se a uma atividade que inicia o aluno na busca pelo conhecimento com o intuito de gerar o aprendizado a partir do método científico. Cabe a Instituição assumir o compromisso com o desenvolvimento do pensamento científico entre os membros dos corpos docentes da instituição, apresentando Programas de Iniciação Científica para os estudantes de graduação. O desenvolvimento das atividades de Iniciação Científica deverá estar disponível aos estudantes da instituição independente do desejo dos mesmos de se envolverem com a pesquisa após a conclusão da graduação. As atividades de Iniciação Científica proporcionam ao acadêmico o contato com a produção do conhecimento. Esse contato tem por objetivo facilitar o aprendizado diário e também possibilitando o contato com os professores e pesquisadores que podem influenciar positivamente sua formação. Através disso a atividade de pesquisa faz sentido em um método de ensino superior que inclui em suas práticas acadêmicas a pesquisa científica. Segundo Barreto e Filgueiras (2007), através de suas pesquisas destacam que o ensino superior brasileiro implantou um método napoleônico, voltado para o ensino profissionalizante, sem espaço para a formação humanística e científica do estudante, refletindo até hoje no país. Através disso será realizado um levantamento histórico sobre a pesquisa científica no país demonstrando sua formação tardia e principiante. Para finalizar será apresentado o ensino de iniciação cientifica na atualidade, seguidos de uma consideração final que comprova o frágil sistema brasileiro de educação superior. 2 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A iniciação cientifica é uma modalidade de pesquisa acadêmica desenvolvida por estudantes na graduação, inclusive nas universidades brasileiras em diversas áreas do conhecimento. Os estudantes que se dedicam a esta atividade normalmente possuem pouca ou até mesmo nenhuma experiência em trabalhos de pesquisa cientifica, por isso chamamos de iniciação cientifica. Os acadêmicos passam a ter o desenvolvimento dos seus estudos através de um acompanhamento por um professor orientador, normalmente da universidade na qual o mesmo estuda. Nesta etapa da prática universitária o acadêmico exerce os primeiros momentos de pesquisa acadêmica, através da escrita acadêmica, da apresentação dos resultados, da sistematização das ideias e referencias bibliográficas da síntese de observações e experiências, e da elaboração de relatórios envolvendo o oficio de pesquisador. O treinamento ético é considerado o responsável pela iniciação cientifica, contribuindo para a formação de futuros cientistas e cidadãos ainda mais críticos. No contexto das universidades os desafios são mais intensos, entre eles, um dos mais indiscutíveis é o de pensar na grandeza superior que caracteriza a relação entre o ensino e pesquisa nesse nível de educação. As universidades do século XXI surgem de transformações semelhantes às ocorridas entre a Idade Média e a Moderna, particularmente no que se refere à mudança de padrão do moderno para o contemporâneo a universidade continua a vivenciar momentos de crise, onde suas afirmações, fragmentações, repetições e certezas não a sustentam mais no caminho das novas produções. De acordo com Teixeira (1977), o ensino superior estruturou-se no Brasil durante o período colonial, depois da mudança da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro (1808), apresentando-se, principalmente, na construção de faculdades isoladas voltadas para a formação profissional. Esse modelo foi o mesmo determinado pela reforma Pombalina em 1772, estabelecendo à influência francesa, diretamente voltada para a formação técnica e profissional, sem espaço para a formação humana ou para a pesquisa científica. Ainda para Teixeira (1977, p.72): “[...] Na realidade, nem influência inglesa, nem influência americana, mas francesa e certos lampejos germânicos são as forças mais visíveis”. A partir dessa ênfase, formaram-se no Brasil as escolas profissionais de direito, medicina e artes militares (Barreto; Filgueiras, 2007). No entanto, para os autores, desde esse período havia debates para a criação de uma ou mais universidades brasileiras. Essas tentativas se deram em vários momentos do Brasil-Colônia, após a vinda da Corte, com alguns projetos e documentos formulados entre 1815 e 1821. Com a independência do Brasil, continuaram as tentativas, houve um debate intenso na Constituinte de 1823. Esses debates provocaram quatro projetos (1842, 1843, 1870 e 1871) que propunham a criação de uma universidade no Brasil (Cunha, 1988). O último projeto quase se concretizou, porém foi abandonado devido à oposição dos positivistas. Para Cunha (1988, p.16), isso resultou no crescimento do número de faculdades isoladas incorporadas, ou não, as quais o autor denomina de “inconsistentes universidades”. (BRIDI, 2015, pag. 14-15) No Brasil a participação dos alunos da graduação ainda era bastante fraca até os anos 2000, pois como era um país totalmente desprovido de ensino superior local, somente possuía Educação Superior quem vinha de famílias com condições financeiras avantajadas. O surgimento do ensino superior no Brasil foi tardio e mais posteriormente se constitui a ciência e as instituições de pesquisa no país. Com o surgimento das Universidades implantadas no país, foram gerando os próprios recursos para a implantação de outras novas faculdades e institutos tecnológicos e de pesquisa em todo o território nacional. A partir daí essas atividades de pesquisa são formalizadas e financiadas em programas específicos dispondo através do desenvolvimento científico e tecnológico do país e criando grupos 3 de pesquisa e Iniciação Científica. A inclusão nos programas de Iniciação Científica foi considerada um ponto estratégico para engajar novos talentos para a produção de ciência, tecnologia e inovação no País. Segundo Pereira (2009), existem poucas instituições brasileiras de ensino superior que unem o ensino à pesquisa. Para ela, mesmo nas universidades que recomendam essa vinculação a seus projetos, ela é dificultada por falta de qualificação dos professores ou a falta de investimentos. A autora destaca que: [...] “o que temos na grande maioria das universidades brasileiras é uma „universidade de ensino‟ apenas, que, embora possa desempenhar um papel importante no país, não é legitimamente‟ uma universidade de ensino e pesquisa‟”. (PEREIRA, 2009, p.34) A extensa reestruturação dasinstituições de ensino superior, após a Reforma do Aparelho do Estado em 1995, mostrou que as universidades voltaram sua atenção para a graduação, com a expectativa de selecionar os alunos em destaque para a participação em projetos de pesquisa desde os primeiros anos da graduação. Os alunos que desenvolvem Iniciação Científica são considerados os que entram mais rapidamente para os cursos de pós-graduação e mestrado, tendo em vista a importância da política da Iniciação Científica para a formação do aluno de graduação. Porém, segundo Massi e Queiroz (2010), foi necessário um debate consistente sobre as finalidades do ensino superior, a fim de que ele assuma seu lugar de reflexão e de síntese criativa entre formação, pesquisa e inovação na sociedade. Com isso, acreditamos que a Iniciação Cientifica se fortalecerá, atingindo um maior número de estudantes e instituições. Aguiar (1997) destaca que em muitos casos o desejo de ser cientista surge ainda na infância, ao mesmo tempo em que a era vista como um caminho para a pós-graduação, ressaltando o papel da Iniciação Cientifica e o desempenho do aluno na graduação. Para ela, isso ocorre porque a Iniciação Cientifica: [...] garante maior embasamento teórico; garante mais prática em laboratório; maior contextualização do conteúdo ensina a organizar e desenvolver projetos; permite formação de hábitos de estudo; desenvolve a iniciativa de buscar o que não se sabe em diversas fontes; permite o aumento da responsabilidade e o crescimento pessoal; aumenta a possibilidade de diálogo com as pessoas mais experientes. (AGUIAR, 1997, p.84) A função da universidade, segundo Teixeira (1977), é uma função única e exclusiva. Não se trata somente de difundir conhecimentos e conservar a experiência humana, muito menos de preparar práticos ou profissionais. A aprendizagem direta os prepara, Abordando um ambiente de saber, para preparar o homem que o serve e o desenvolve intelectualmente a experiência humana, sempre renovada para que a mesma se torne consciente, difundindo a cultura humana, enriquecendo e vitalizando o saber do passado com a sedução, a atração e a ousadia do presente. Acima de tudo isso o estudante precisa ser informado de que existem fraudes no sistema e que pelo menos três delas são vistas como criminosas, são elas: inventar, falsificar ou plagiar resultados e de pesquisa, sendo inaceitáveis no mundo acadêmico incompatíveis com a ciência. Além desses três crimes, outras atitudes são consideradas de má conduta, como: identificar no trabalho alguém que não teve a participação, republicar as mesmas pesquisas alterando a redação e títulos, entre outras. Por isso os acadêmicos não devem ser informados somente sobre o lado positivo, eles precisam ser orientados sobre esses deslizes que o sistema pode oferecer, esperando-se que esta consideração sobre a iniciação cientifica e suas relevâncias no desenvolvimento da ciência brasileira sejam uteis a todos que a buscarem como fonte de conhecimento. Somente em 1997 foi que o Brasil conseguiu entrar no grupo dos 20 países mais produtores de ciência e tecnologia, sendo assim pela primeira vez na história passamos a pertencer a um grupo de elite neste campo do conhecimento. Apesar de sermos o 20º, fomos o primeiro país latino 4 americano neste setor, o que nos mostra que estamos no caminho certo para uma real concretização. Portanto podemos perceber que não é mais privilegio de países ricos fazer pesquisa, ou seja, só os países que fazem pesquisa têm chances de ficarem ricos, através disso temos uma boa expectativa de conquistarmos um melhor desenvolvimento social e econômico. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos autores pesquisados, buscou-se entender o caminho percorrido por pesquisadores e ainda que a graduação e a pós-graduação apresentem um histórico bastante favorável para a pesquisa científica, gerando resultados positivos maiores do que as situações adversas encontradas. Entretanto, precisa-se auxiliar o acadêmico ligado à iniciação científica para que ele possa obter resultados pedagógicos que vão além do estímulo à pesquisa e que possam contribuir para sua formação intelectual, social e moral, garantindo sua inclusão nos espaços de ensino, pesquisa e extensão. Com base nisso é necessário estudar caminhos para que se ampliem as contribuições à formação do pesquisador, para que ele esteja preparado para seguir a sua carreira acadêmica e para assumir sua função pedagógica, sendo indispensável que adotem o papel não só de pesquisadores, mas de cidadãos responsáveis, críticos, independentes e estejam ligados no processo de conhecimento, criando meios para que essa atividade não se limite apenas aos alunos mais promissores. Do mesmo jeito, é necessário que o acadêmico seja capaz não só de reproduzir conhecimentos elaborados por pesquisadores, mas também para produzi-los. REFERÊNCIAS BARRETO, Arnaldo Lyrio; FILGUEIRAS, Carlos Alberto Lombardi. Origens da universidade brasileira. São Paulo: Química Nova, v.30, 2007. CUNHA, Luiz Antônio. A universidade reformada. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. PEREIRA, Elisabete Monteiro de Aguiar. Universidade e educação geral: para além da especialização. Campinas: Alínea, 2009. TEIXEIRA, Anísio. A universidade de ontem e de hoje. Rio de Janeiro: Editora da UERJ, 1977. MASSI, Luciana; QUEIROZ, Salete Linhares. Iniciação científica no ensino superior: funcionamento e contribuições. Campinas: Átomo, 2010. BRIDI, Jamile Cristina Ajub. A pesquisa nas universidades brasileiras: implicações e perspectivas. São Paulo: Editora UNESP, 2015.
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