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ESTUDO DOS ARTIGOS 183 A 193 DO CTN

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GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
ESTUDO DOS ARTIGOS 183 A 193 DO CTN
Profª. Irene Gonçalves Martins de Paula - OAB/MG 41.375
E-mail: irenegmpadv@gmail.com
UNIFENAS - Campo Belo, MG 
GARANTIAS E PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO:
 “denotam verdadeiras tutelas acauteladoras ou medidas assecuratórias de que dispõe o Poder Público para impelir o contribuinte à satisfação do pagamento do gravame, de modo a abastecer os cofres públicos para que seja realizada a consecução de seus fins sociais” .(SABBAG, 2009, p. 885)
 - hipóteses distintas de procedimentos garantidores da implicação e da imposição à cobrança do crédito tributário, de que se reveste o Poder Público, frente ao contribuinte e aos demais devedores tributários. 
 
 Art. 183. A enumeração das garantias atribuídas neste Capítulo ao crédito tributário não exclui outras que sejam expressamente previstas em lei, em função da natureza ou das características do tributo a que se refiram.
 ou seja “a lista das garantias no CTN não é taxativa”.
 GARANTIAS: “meios jurídicos assecuratórios que cercam o direito subjetivo do Estado de receber a prestação do tributo”. 
PRIVILÉGIOS: posição de superioridade de que desfruta o crédito tributário, com relação aos demais” créditos.
 
NATUREZA JURÍDICA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
 parágrafo único do art. 183, CTN:
 “a natureza das garantias atribuídas ao crédito tributário não altera a natureza deste nem a da obrigação tributária a que corresponda”.
 exemplificação, o particular que oferece uma hipoteca como forma de garantia do crédito tributário não desvirtua sua natureza jurídica nem transforma o crédito tributário em crédito imobiliário, subsistindo, portanto, sua aura tributária.
 * depreende-se que a natureza jurídica do crédito tributário não se comunica com a natureza jurídica da garantia.
	
 Agigantamento do Estado: 
 Ex. se alguém é devedor de tributo e vende ou por qualquer forma aliena algum bem depois de inscrito o seu debito tributário como divida ativa, essa alienação se considera fraudulenta. 
 Cuida-se de presunção legal absoluta, isto é, que não admite prova em contrario. 
 A SUPREMACIA DO ESTADO DIANTE DO CIDADÃO CONTRIBUINTE EM FACE DAS GARANTIAS E PRIVILÉGIOS:
 O Estado, diante do cidadão, tem força desproporcional no que se refere ao crédito tributário, essa força e poder descomunal parece extrapolar a limites extremos, art. 184, CTN.
 Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios especiais sobre determinados bens, que sejam previstos em lei, responde pelo pagamento do crédito tributário a totalidade dos bens e das rendas, de qualquer origem ou natureza, do sujeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, inclusive os gravados por ônus real ou cláusula de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja qual for a data da constituição do ônus ou da cláusula, excetuados unicamente os bens e rendas que a lei declare absolutamente impenhoráveis.
 * a proteção somente recai quando a lei tratar de bens absolutamente impenhoráveis, deixando de fora os bens declarados relativamente impenhoráveis, aqueles com previsão no CPC.
ART. 185, COM A REDAÇÃO DADA PELA LC 118/2005, IN VERBIS:
 “Presume-se fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa”.
 Visa coibir eventuais manobras fraudulentas e artifícios do devedor para esquivar-se de sua obrigação de quitar o tributo devido perante o sujeito ativo. 
 Haverá presunção de fraude a partir da inscrição regular do crédito tributário em dívida ativa e não da data de propositura da ação de execução fiscal.
 o parágrafo único do art. 185 traz a hipótese em que o devedor reserva bens ou rendas suficientes para pagamento total da dívida inscrita.
 Nesse caso, advirta-se, havendo tal reserva, inaplicável será o caput do art. 185.
 COM O INTUITO DE AUMENTAR AS GARANTIAS DO SUJEITO ATIVO, A LC Nº 118/2005 INSERIU O ART. 185-A, DISPÕE:
 Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial.
 * O artigo 185-A e seus dois parágrafos tratam do instituto da PENHORA ONLINE, cabível quando já esgotados todos os meios possíveis de localização dos bens do devedor. Nesse caso, o magistrado determinará a indisponibilidade de bens e direitos do executado, limitado, contudo, ao valor total exigível.
 
PREFERÊNCIAS OU PRIVILÉGIOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
 são aqueles decorrentes da situação em que estejam em disputa com outros créditos de natureza não tributária. 
 Significa que executado determinado devedor, seus bens e rendas serão utilizados para o pagamento de suas dívidas com o fisco, antes do pagamento de outras dívidas, como as gravadas por ônus real.
	O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PERDE POSIÇÃO:
 O artigo 186 do CTN determina que o crédito tributário prefere a qualquer outros, excetuando-se os créditos trabalhistas. 
 * ex.: as dívidas relativas às relações de trabalho assalariado, o pagamento das dívidas trabalhistas devem anteceder às dívidas fiscais, por ter caráter alimentar, gozando de privilégio absoluto.   
 ** Consequentemente, o crédito tributário não se sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, concordata, inventário ou arrolamento.
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ORDEM DE PREFERÊNCIA PARA RECEBIMENTO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS PELAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO:
 Art. 187: A ordem de preferência entre os credores, em evidente afronta ao princípio da igualdade e autonomia entre os entes públicos? 
 Consoante o parágrafo único do artigo 187, o concurso de preferência somente se verifica entre pessoas de direito público, na seguinte ordem:
I - União;
II - Estados, Distrito Federal e Territórios, conjuntamente e pró rata;
III - Municípios, conjuntamente e pró rata.”
 
* O STF considerou o concurso de preferência entre os entes públicos compatível com o disposto na CRF/88, (Súmula 563) reporta-se ao dispositivo do CTN de 1967, que privilegiava a União frente aos Estados Federados, sendo que a atual constituição, que tem por diretriz a igualdade e a dignidade, não teria recepcionado tal dispositivo.
Art. 188. São extraconcursais os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos no curso do processo de falência. 
 § 1º Contestado o crédito tributário, o juiz remeterá as partes ao processo competente, mandando reservar bens suficientes à extinção total do crédito e seus acrescidos, se a massa não puder efetuar a garantia da instância por outra forma, ouvido, quanto à natureza e valor dos bens reservados, o representante da Fazenda Pública interessada.
 § 2º O disposto neste artigo aplica-se aos processos de concordata.
	* foi alterado pela LC 118/05:
 Os créditos tributários são, agora, denominados extraconcursais, em outras palavras, eles não entram no concurso de preferências, ou seja, devem ser pagos sem qualquer consideração a quaisquer outros credores.
ART. 189 E PARÁGRAFO ÚNICO
 A preferência geral e absoluta do crédito tributário prevalece também nos processos de inventário e arrolamento, nos quais sua contestação igualmente depende de garantia de instância.
 O inventariante tem a obrigação de declarar todas as dividas do autor da herança e de seu espólio. 
 
 Além disto, o juiz de inventário ou arrolamento oficia as repartições fiscais indagando a respeito
dos créditos tributários, para assegurar a preferência destes.
 
 O inventariante é pessoalmente responsável pelos tributos devidos pelo espólio, isto é, gerados depois da abertura da sucessão.
REGRA ESTÁ PREVISTA NO ART. 190, DO CTN.
MEIO ASSECURATÓRIO DA COBRANÇA
 Art. 190. São pagos preferencialmente a quaisquer outros os créditos tributários vencidos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas de direito privado em liquidação judicial ou voluntária, exigíveis no decurso da liquidação.
 Fazendo com que os diretores e sócios de pessoas jurídicas de direito privado somente se eximam de responsabilidade pessoal se provarem a liquidação regular da respectiva pessoa jurídica.
 
 Exigência de Quitações
 Trata-se o CTN de cercar o crédito Tributário de um sistema adicional de garantias, ao exigir a prova de quitação de tributos em diversas situações. Pode a lei, todavia, expressamente autorizar a celebração de contrato, ou recebimento de proposta em concorrência pública, sem a exigência da quitação de tributos.
LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 INCLUIU NO CTN O ART. 191-A
 
 Art. 191-A. A concessão de recuperação judicial depende da apresentação da prova de quitação de todos os tributos, observado o disposto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei.
 Tal exigência vai de encontro aos princípios da preservação da empresa, e da recuperação de sociedades e de empresários recuperáveis.
 È fundamental a criação de um parcelamento que possibilite às empresas, em vias de processo de Recuperação Judicial, condições para seu soerguimento. 
 Sem o apoio do Governo nessa questão, tal instituto ficará bastante prejudicado.
Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento de partilha ou adjudicação será proferida sem prova da quitação de todos os tributos relativos aos bens do espólio, ou às suas rendas
 O Código de Processo Civil (CPC/15), ao disciplinar o procedimento especial do inventário e da partilha, trouxe importante modificação no tratamento do imposto de transmissão causa mortis (ITCMD) no arrolamento, inclusive com reflexos na regra do art. 192 do CTN.
 Por sua vez, um erro material havido no texto do art. 664, § 4º, do CPC/15 parece estar obstaculizando a devida compreensão da alteração legislativa no que tange ao arrolamento comum.
 a “sistemática do arrolamento sumário dos arts. 659 a 663 subtraiu do Judiciário o dever de controlar o recolhimento do imposto de transmissão causa mortis (art. 662, § 1º). Exige, apenas, a intimação do fisco para lançamento administrativo do imposto de transmissão e outros tributos porventura incidentes, conforme dispuser a legislação tributária (art. 662, § 2º), fato que ocorrerá depois de homologada a partilha ou deferida a adjudicação (art. 659, § 2º)”.
ARTIGO 193 – MEIO ASSECURÁTÓRIO
 Art. 193. Salvo quando expressamente autorizado por lei, nenhum departamento da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, ou dos Municípios, ou sua autarquia, celebrará contrato ou aceitará proposta em concorrência pública sem que o contratante ou proponente faça prova da quitação de todos os tributos devidos à Fazenda Pública interessada, relativos à atividade em cujo exercício contrata ou concorre.
 São as seguintes situações que exigem do sujeito passivo a apresentação de certidão negativa, comprovando a quitação de todos os tributos:
 - Declaração judicial da extinção das obrigações do devedor falido (CTN, art. 191); 
 - Concessão de recuperação judicial (CTN, art. 191-A); 
 - Prolação de sentença judicial de partilha ou adjudicação (CTN, art. 192); 
 - Participação em contrato ou licitação da Administração Pública (CTN, art. 193);
 
 Finalmente, registre-se que existe uma hipótese de garantia ao crédito tributário não prevista no Código Tributário Nacional que é a medida cautelar fiscal prevista na lei 8.397/92, cujo objetivo é decretar a indisponibilidade de bens e direitos do sujeito passivo tributário. Referida medida cautelar fiscal não precisa aguardar o ajuizamento da execução fiscal, portanto, ser ajuizada logo após o lançamento tributário.
 Para participar de licitações e celebrar contrato administrativo é necessário a prova da quitação dos tributos devidos à Fazenda Pública Federal, Estadual, Municipal e com a seguridade social e FGTS. 
As partilhas e adjudicações para serem deferidas, necessitam de comprovação da quitação dos tributos relativos aos bens transmitidos ou sua atividade mercantil.
 A certidão positiva pode ter efeito de certidão negativa nos seguintes casos: a) créditos não vencidos; b) quando a cobrança executiva estiver garantida por penhora; c) quando a exigibilidade do crédito estiver suspensa. 
 O crédito tributário prevalece sobre os demais créditos, com exceção dos créditos trabalhistas. 
A cobrança judicial do crédito tributário não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência, recuperação judicial, concordata, inventário ou arrolamento. 
Após a Lei Complementar 118/2005, as multas fiscais, moratórias ou punitivas, poderão ser incluídas no crédito habilitado em falência ou concordata.

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