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www.professorbarbieri.com.br ROTEIRO DE AULAS – PEI Professor André Barbieri Módulo: Direito Constitucional Tema: Nacionalidade 1. Conceito É o vínculo jurídico-civil que liga uma pessoa ao Estado fazendo com que, dessa forma, tenha direitos e deveres. A nacionalidade é a ligação entre nós e o Estado. Cuidado! Nem todo nacional será cidadão, até porque as crianças não podem votar, logo, não possuem a cidadania. Agora, todo cidadão é nacional, pois terão alistamento eleitoral. A exceção é o português equiparado, pois é estrangeiro. Assim, um português alistado será um cidadão estrangeiro, ou seja, um cidadão não nacional, pois mantém o status de português (art. 12, §1º, da CF). Cuidado! Nacionalidade é um vínculo jurídico, enquanto que a cidadania é um vínculo político. Cuidado! Dupla nacionalidade e dupla cidadania são também conceitos distintos. Pode ter dupla nacionalidade e exercer apenas direitos políticos de um determinado Estado. Cuidado! Apátrida é aquele que não tem nacionalidade. O inverso é o polipátrida que é a pessoa com mais de uma nacionalidade. 1.1. Aspectos legais: art. 12, da CF e Lei 13.445/17 (nova lei de imigração que revogou o Estatuto do Estrangeiro) www.professorbarbieri.com.br 2. Espécies de nacionalidade a) Originária ou primária: basta nascer no país, ou seja, um ato involuntário de manifestação de vontade. É uma decisão soberana do Estado ao adotar os critérios: sangue, solo ou misto. Ex: natos a.1. Jus sanguinis: origem sanguínea, pouco importa o local do mundo em que nasceu; a.2. Jus soli: voltada para a origem territorial, pouco importando a nacionalidade dos pais. a.3. Critério misto: adota o critério do sangue e do território, logo, também chamado de jus soli relativo ou não absoluto. Cuidado! Casar com o brasileiro não faz com que o outro cônjuge adquira a nacionalidade de brasileiro. Logo, não aplicamos o jus matrimoni. (Ver Ext. 1121, Celso de Mello, STF). b) Secundária, adquirida ou derivada: deriva de um processo de naturalização, em que existe manifestação de vontade. Ex: naturalizados 3. Distinções entre brasileiros natos e naturalizados Somente a CF é quem pode fazer distinção entre o brasileiro nato e o naturalizado, a lei nunca! 1ª. Restrição quantos aos cargos (art. 12, §3º, da CF): para ocupar estes cargos somente o brasileiro nato: Presidente e Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministros do STF, carreira diplomática, oficial das Forças Armadas e o Ministro de Estado da Defesa. Cuidado! Vale para quem pode substituir o Presidente da República ou para quem estiver ligado aos aspectos de segurança nacional. www.professorbarbieri.com.br 2ª. Restrição quanto à Função (art. 89, VII, da CF): o Conselho da República será formado por vários membros, dentre eles os seis cidadãos deverão ser brasileiros natos. 3ª. Restrição para extradição (art. 5º, LI e LII, da CF): a extradição de brasileiro nato não é constitucionalmente possível. Mas, possível será a extradição do brasileiro naturalizado se praticou crime comum antes da naturalização, ou se praticou crime de tráfico de entorpecentes (seja antes ou depois da naturalização). Cuidado! Mesmo o brasileiro nato, com dupla nacionalidade, não permite a extradição do brasileiro nato. (Ver HC 83.113, do STF). 4ª. Restrição quanto à propriedade de empresa jornalística/mídia (art. 222, da CF): somente para o brasileiro nato ou naturalizado há mais de 10 anos, além de observar os 70% do capital, com a gestão e estabelecimento do conteúdo da programação. 4. Brasileiros natos e seus reflexos (art. 12, I, a, b, c, da CF) São brasileiros natos: 1º. Nasceu no Brasil, os pais são estrangeiros, mas não estão a serviço do país de origem. Se um dos pais estiver a serviço do país de origem a criança que aqui nasceu não será nata; (jus soli) Cuidado! Filho de brasileiro ou brasileira nascido no Brasil será sempre brasileiro nato. 2º. Serão brasileiros natos os que nascerem no exterior, bastando que um dos pais esteja lá a serviço do Brasil. (jus sanguini + critério funcional). 3º. Serão brasileiros natos os que nasceram no exterior, os pais não estão a serviço do Brasil, mas optam por serem brasileiros. Assim, nasceu no exterior, www.professorbarbieri.com.br mas foi registrado no consulado/embaixada brasileira. Também pode ser nascido no estrangeiro e venha residir no Brasil para, depois de atingir a maioridade, optar pela nacionalidade brasileira perante à Justiça Federal de 1º Grau – ação personalíssima num processo de jurisdição voluntária (art. 109, X, da CF). Enquanto não atingir a maioridade e estiver residindo no Brasil será o chamado brasileiro nato provisório (enquanto menor de idade). Cuidado! Preenchido os requisitos a Justiça Federal não pode negar a concessão de nacionalidade de brasileiro nato. (Ver RE 418.096, do STF) 5. Brasileiros naturalizados e seus reflexos (art. 12, II, a e b, da CF + Lei 13.445/2017) Não há naturalização tácita, ou seja, o passar do tempo não torna ninguém brasileiro naturalizado. Sempre requer a manifestação de vontade do estrangeiro. 1º. Estrangeiros originários de países de língua portuguesa com a residência por um ano ininterrupto no Brasil e idoneidade moral. Se estrangeiro de qualquer outro Estado terá que residir no Brasil por 4 anos, no mínimo, comunicar-se em língua portuguesa, não ter condenação penal e possuir capacidade civil (art. 65, da Lei da imigração). Cuidado! O art. 12, II, a, traz a naturalização ordinária, uma vez que é ato discricionário do Estado. Mesmo preenchido os requisitos o Brasil poderá negar a naturalização. 2º. Estrangeiros residentes no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal. É a naturalização extraordinária em que o Estado está vinculado a conceder a naturalização ao estrangeiro que preencher os requisitos constitucionais. 6. Hipóteses para o brasileiro nato perder a nacionalidade (art. 12, §4º, I e II, da CF). Somente a CF poderá fazer tal previsão de perda da nacionalidade. www.professorbarbieri.com.br 1º. Somente o brasileiro naturalizado poderá sofrer as consequências da ação de cancelamento de naturalização, por atividade nociva ao interesse nacional. Ex: terrorismo. É chamada de perda-sanção. A competência para ajuizar a ação é do MP Federal. Cuidado! Ao perder a nacionalidade com a sentença transitada em julgado não mais readquirirá a nacionalidade de forma administrativa. Somente sendo possível com ação rescisória. 2º. Agora o brasileiro nato ou naturalizado perderá a nacionalidade, salvo nas duas exceções. Não perderá a nacionalidade brasileira caso: reconhecido pela lei estrangeira; caso de dupla-nacionalidade; ou por imposição de naturalização, pela norma estrangeira, como condição para permanência em território estrangeiro ou para exercício dos direitos civis.
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