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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS
CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DISCIPLINA: NOÇÕES ATUARIAIS I
PROFESSOR: ME. LEONARDO BRAGA REIS
APOSTILA 01
CONCEITUAÇÃO, DEFINIÇÕES
PATOS DE MINAS, AGOSTO DE 2016
 Evolução Histórica da Ciência Atuarial e dos Seguros
Na antiga Roma, antes da era cristã, actuarius era o secretário do senado que anotava e divulgava ao povo os assuntos analisados nas sessões senatoriais.
Posteriormente passou a ser extensiva ao escrivão público que tratava dos registros de nascimentos e óbitos. Atingindo novo estágio, a palavra atuário foi utilizada para identificar os pesquisadores que organizaram tábuas de mortalidade e que, lançando mão de recursos estatístico-matemático, foram responsáveis pela evolução do seguro de vida, que transpondo a barreira do empirismo passou a ser operado em bases científicas.
Destacaram-se estudiosos de várias origens: Domitius Ulpianus, que tem o primeiro título de atuário na história, segundo a bíblia do seguro de vida, e John Grant, a quem foi dado o título de inventor da Ciência Atuarial. Vários foram os atuários pioneiros, que muito contribuíram para o desenvolvimento desta área. No entanto não poderíamos deixar de citar: Blaise Pascal, pelo desenvolvimento da Teoria das Probabilidades e Dr. Edmund Halley, por ter construído cientificamente a primeira tábua de mortalidade, em 1693. O seguro de vida e de previdência foram os mais rapidamente beneficiados com a Teoria das Probabilidades.
A necessidade de mínima proteção à família e aos próprios tripulantes e aos donos de embarcações, fez surgir o “contrato de seguro marítimo”. 
O seguro pecuário de bovinos e o marítimo são conhecidos como os mais antigos. 
No final da Idade Média teve início a formação do “Instituto do Seguro”, com o aparecimento de contrato e emissão de apólice. Existem registros de contratos de seguro realizado em Gênova em 1347. Entre 1367 a 1368 Portugal instituiu um seguro marítimo obrigatório sob a forma de mutualismo, para todos os navios de mais de 50 toneladas existentes no País. 
Na Idade Moderna (1453 a 1789), outras modalidades de seguros foram surgindo sempre baseado na necessidade apresentada por alguma perda ou dano à vida ou ao patrimônio. Intensificaram o seguro contra fuga de escravos, surgiram: o seguro contra incêndio, após o grande incêndio que destruiu aproximadamente 13.200 casas e 89 igrejas em Londres, no ano de 1666; o seguro de responsabilidade civil contra terceiros, o seguro contra acidentes pessoais, o seguro agrícola, etc.
Antes da Revolução Industrial, no século XVII, o trabalhador possuía os seus próprios instrumentos de trabalho, a organização do trabalho era de forma familiar, e sempre que a pessoa perdia a capacidade de trabalho, quer seja por idade avançada ou doença, a própria família o amparava.
Com o surgimento das fábricas e o grande número de empregados, distanciados de seus próprios instrumentos de produção, o desamparo ao trabalhador no momento da velhice ou doença tornou-se uma realidade latente.
Na Alemanha, onde foi publicado pela primeira vez O Capital, de Karl Marx, vários intelectuais com visão socialista, perceberam a insatisfação e o risco que os trabalhadores corriam, e em conjunto com eles pressionaram o Governo para ampará-los. Assim, em 1883, foi criado o seguro saúde estatal, e em 1889, por força de lei foi criado o primeiro “seguro acidente de trabalho”, na forma de benefícios de invalidez e “velhice”.
 A Ciência Atuarial desenvolveu-se inicialmente de forma significativa nos países: Inglaterra, Alemanha e França.
No Brasil, a prática de seguros e previdência era incipiente antes da vinda da família real. O que existia era uma “assistência” de forma mutualista , sem bases técnicas. A Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, de Santos e de Salvador prestavam assistência de modo geral, mantendo hospitais, casa de idosos, orfanatos e casas de amparos aos seus associados e desvalidos.
Com a abertura dos portos em 1808 por D. João VI, houve campo para começar a explorar o seguro marítimo.
Em 1828 foi criada a “Sociedade de Seguros Mútuos Brasileiros”. A promulgação do Código Comercial, em 1859, regulando inclusive as operações de seguros, trouxe maior confiabilidade ao sistema de seguros, permitindo inclusive a vinda de empresas estrangeiras para trabalhar no Brasil. 
Em 1916 foi promulgado o Código Civil Brasileiro, com o capítulo XIV dedicado exclusivamente ao “Contrato de Seguros”, a partir de então foi liberada a prática de seguro de vida individual e em grupo.
Com o governo de Getúlio Vargas (1931) o mercado segurador ganha um grande impulso, inclusive o seguro social. Em 1932 foi instituído o primeiro sistema completo de seguros sociais, cobrindo risco de invalidez, velhice e morte. A Previdência Social, no Brasil, teve início com a Lei “Eloy Chaves” (1923), a partir de então foram criadas várias Caixas de Aposentadorias e Pensões ( Ex. ferroviários, bancários, comerciários, industriários, etc.), que em 1966 foram unificados, surgindo o INPS – Instituto Nacional de Previdência Social.
Nesse contexto, definimos a Ciência Atuarial como:
Ramo do conhecimento que lida com matemática de seguros, incluindo probabilidades. É usada para garantir que os riscos sejam cuidadosamente avaliados, que os prêmios sejam estabelecidos adequadamente pelos classificadores de riscos e para que se faça a adequada provisão para os pagamentos futuros de benefícios. (Dictionary of Insurance Terms – Copyright 1995 by Barron’s Educantional Series, Inc).
Ainda assim, conceitua-se o atuário como:
O Atuário é o profissional preparado para mensurar e administrar riscos, uma vez que a profissão exige conhecimentos em teorias e aplicações matemáticas, estatística, economia, probabilidade e finanças, transformando-o em um verdadeiro arquiteto financeiro e matemático social, capaz de analisar concomitantemente as mudanças financeiras e sociais no mundo. (Legislação relativa à regulamentação da profissão: DECRETO-LEI Nº 806 – DE 04 DE SETEMBRO DE 1969)
Seguros, Elementos e Definições
O seguro, segundo Althearn, é entendido com “ um plano ou dispositivo social que combina os riscos de indivíduos de um grupo, utilizando fundos contribuídos pelos membros desse grupo para pagar pelas perdas”.
Quanto aos elementos de contratos de seguros, não existe propriamente um consenso sobre estes elementos: o segurador, o segurado, o prêmio, a apólice e o risco, isto é, o perigo possível que pode ocorrer ao objeto segurado.
Todo contrato de seguro deve possuir as seguintes características:
Aleatório: pelo fato de depender de evento futuro e incerto;
Bilateral: há obrigações para as duas partes. A seguradora tem a obrigação de indenizar desde que o segurado tenha pago os prêmios;
Oneroso: segurado e segurador possuem ônus do premio e a vantagem da transferência do risco; o segundo possui a vantagem dos prêmios e o ônus de formação de reservas técnicas para eventuais indenizações;
Solene: há uma formalidade materializada pela apólice
Boa-fé: cabe ao segurado ser honesto (verdadeiro) em suas informações, e à seguradora mensurar o risco, também, de forma honesta, bem como redigir o contrato de forma clara, de modo que o segurado possa compreender perfeitamente os compromissos assumidos por ambas as partes. É o principio basilar que norteia o contrato de seguro e que o segurado e seguradora devem pautar.
Independente de qualquer “corrente” vamos definir todos os elementos mencionados anteriormente. Vejamos algumas definições básicas, e na medida do possível, com exemplos numéricos.
Prêmio Puro: é a parcela do prêmio, suficiente para pagar sinistros e as respectivas despesas de regulação e liquidação; pode ser calculado pela divisão dos prejuízos pelas unidades de exposição ao risco, sem considerar qualquer carregamento a título de comissão, taxase despesas.
Exemplo:
Em uma seguradora com 2000 veículos segurados apurou-se um prejuízo, relativo a sinistro e despesas, de $6 milhões. O Premio Puro será: PP = $6.000.000,00 / 2000 + $3.000,00 por veículo.
Prêmio Comercial: é o prêmio efetivamente cobrado dos segurados, correspondendo ao premio puro, adicionado de carregamento para fazer face às despesas de aquisição (corretagem, lucro, angariação, etc), de gestão (despesas administrativas) e a remuneração do capital empregado pela companhia seguradora. É também chamo de Prêmio Líquido ou Tarifário.
Exemplo:
Admitamos que o Prêmio Puro (PP) em uma seguradora, para um determinado seguro, seja de $2.800,00 e que tenhamos os seguintes percentuais relativos ao carregamento (c):
Despesas administrativas	= 15%
Comissão de corretagem	= 10%
Lucro					= 5%
O Prêmio comercial será:
PP/(1-c) = 2800/ (1 - 0,15 - 0,10 – 0,05) = $4.000,00
Prêmio Bruto: é o prêmio comercial acrescido dos encargos e impostos (por exemplo, o custo da apólice e o IOF), sendo esse o prêmio que efetivamente será pago pelo segurado.
Exemplo:
Admitamos o Prêmio Comercial (PC) de $4.000,00 e que tenhamos os seguintes encargos:
IOF 				= 7%
Custo de apólice (CA)	=$70,00
O Prêmio Bruto será:
(PC + CA) x (1 + IOF) = (4000 + 70) x 1,07 = $4.354,90
Segurado: é a pessoa física ou jurídica que, tendo interesse segurável, contrata o seguro, em seu benefício pessoal ou de terceiros.
Seguradora: é uma instituição que tem o objetivo de indenizar prejuízos involuntários verificados no patrimônio de outrem, ou eventos aleatórios que não trazem necessariamente prejuízos, mediante recebimento de prêmios.
Risco: é o evento incerto ou de data incerta que independe da vontade das partes contratantes e contra o qual é feito o seguro, podendo ser entendido como a expectativa de sinistro. Pode ser classificado de duas formas: puro ou especulativo e fundamental ou particular:
Especulativo: há chance de perda ou promessa de ganho. Exemplo: risco ligado a uma mudança no nível de preços; se os preços subirem ocorre ganho; caso contrário, temos perdas (commoditties).
Puro: ocorre ou não perdas, não havendo possibilidade de ganho. Exemplo: destuição de um armazém por um incêndio.
Fundamental: é aquele cujas perdas não são causadas por um indivíduo, e seu impacto recai sobre todo um grupo. Exemplo: inflação, guerra etc.
Particular: é aquele cujas perdas tem suas origens em eventos individuais (particular). Exemplo: incêndio de uma casa, roubo de um banco, etc.
Apólice: é o instrumento do contrato de seguro pelo qual o segurado repassa à seguradora a responsabilidade sobre os riscos, estabelecidos na própria apólice, que possam advir.
Sinistro: Ocorrência do acontecimento previsto no contrato de seguro e que, legalmente, obriga a seguradora a indenizar.
Indenização: é a contraprestação do segurador ao segurado que, com a efetivação do risco (ocorrência de evento previsto no contrato), venha a sofrer prejuízos de natureza econômica, fazendo jus à indenização pactuada, ou seja, é o pagamento feito pela seguradora ao segurado, previsto no contrato, na ocorrência do sinistro. A indenização não pode ser superior à importância segurada, pois o seguro não é investimento, não cabendo ao segurado obter lucro com seguro.
Importância Segurada: é o limite máximo de responsabilidade (LMR) da seguradora, que, nos seguros de coisas, não deverá ser superior ao valor do bem; é o limite máximo de indenização (LMI) ou limite máximo de garantia (LMG). 
Salvados: são os objetos que se consegue resgatar de um sinistro e que ainda possuem valor econômico. Consideram-se os bens em perfeito estado ou parcialmente danificados.
Exemplo:
Após um acidente de carro, ocorre a indenização ao segurado e todas as peças desse carro, bem como seu casco, portanto, os salvados, pertencem à seguradora e podem ser comercializados. Se a lataria estiver muito ruim, por exemplo, pode ser vendida para um ferro-velho.
Valor Atual (VA) ou Valor em Risco (VR) ou Valor em Risco Apurado (VRA): termo utilizado para representar o valor total de reposição dos bens segurados, imediatamente antes da ocorrência do sinistro. O valor em risco denomina-se Valor Atual sempre que representar o valor do bem no dia e local do sinistro. 
Exemplo:
Uma pessoa compra um armazém e, depois de um ano, esse imóvel é destruído. O VRA representa o valor desse imóvel no estado em que se encontrava, levando-se em consideração depreciação, estado de conservação e melhorias infra-estruturais, ou seja, valorizações e desvalorizações, momentos antes de ocorrer o sinistro.
Valor Declarado (VD) ou Valor em Risco Declarado (VRD): valor declarado pelo segurado para o objeto do seguro e aceito expressamente pelo segurador na apólice. Esse valor entende-se ajustado e admitido para todos os efeitos do seguro, mas o segurador pode reclamar contra ele se provar que foi induzido a erro por má fé do segurado. Pode ocorrer de o VRD ser menor do que o VA, desde que tenha havido algum melhoramento de infra estrutura, por exemplo, remoção de uma favela próxima, proximidade de uma estação de metrô, etc.
Valor de Novo (VN): o valor em risco denomina-se “valor de novo” sempre que se referir ao custo de reposição do bem sinistrado, sem que se leve em conta a depreciação do bem pelo tempo, uso ou desgaste, sujeito este processo a limitações. Normalmente, o limite máximo de indenização (valor máximo que a seguradora pagará), em seguros com essa cláusula, é de duas vezes o Valor Atual. Caso o segurado deseje receber exatamente o valor de novo, deverá, evidentemente, pagar um prêmio maior por isso.
Valor Matemático do Risco (VMR) ou Frequencia Relativa de Sinistros: é determinado pela razão entre a quantidade de sinistros ocorridos e quantidade de objetos segurados, representando a probabilidade de ocorrência do sinistro.
Exemplo:
Em uma seguradora com 10.000 veículos segurados, apurou-se a ocorrência de 50 sinistros. O VMR será:
	VMR+ 50/10.000 = 0,005 = 0,5%
Custo Médio dos Sinistros (CMS): é determinado pela razão entre o toal indenizado e número de sinistros.
Exemplo:
Em uma seguradora, o total das indenizações correspondeu a $200.000,00, referente à ocorrência de 50 sinistros. O CMS será:
	CMS = $ 200.000,00 / 50 = $4.000,00
Dano: é todo prejuízo material ou pessoal sofrido por um segurado, passível de indenização, da acordo com as condições de cobertura de uma apólice de seguro.
Dano estético: é todo e qualquer dano causado a pessoas, implicando redução ou perda de padrão de beleza ou estética.
Dano corporal: (DC): é o tipo de dano caracterizado por lesões físicas, causado ao corpo da pessoa, excluindo dessa definição os danos estéticos. Também chamado Dano Pessoal.
Dano Imaterial: é todo e qualquer prejuízo pecuniário resultante da privação do gozo de um direito, da interrupção de um serviço prestado por pessoas ou bens, ou ainda resultante da perda de um benefício que acarrete diretamente a sobrevinda de danos corporais ou materiais.
Dano material: é todo e qualquer dano que atinge os bens móveis ou imóveis, ou seja, é o tipo de dano causado exclusivamente à propriedade material da pessoa.
Dano Moral: é aquele que traz como conseqüência ofensa à honra, ao afeto, à liberdade, à profissão, ao respeito aos mortos, à psique, à saúde, ao nome, ao crédito, ao bem-estar e à vida, sem necessidade de ocorrência de prejuízo econômico. 
Bibliografia:
Azevedo , Gustavo Henrique W. De. Seguros , Matemática Atuarial e Financeira – São Paulo, Saraiva, 2008.
Souza, Silney de, Seguros: contabilidade, atuária e auditoria – 2ª ed., São Paulo, Saraiva 2007.

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