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TCC Antimicrobianos 2 12

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CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO GOIANA SOBRE A AQUISIÇÃO E
USO CORRETO DE ANTIMICROBIANOS1
Elizabeth Pereira dos Santos2
 Jéssica Polliana da Silva2 
Rayssa Tavares da Silva2 
Coorientador Professor Dr. Alexsander Augusto da Silveira 3
Orientador Professor Me. Álvaro Paulo Silva Souza4
RESUMO:
Introdução: Os antimicrobianos têm por objetivo inibir ou erradicar infecções causadas por bactérias, o uso inadequado destes medicamentos pode desencadear a resistência bacteriana, que consiste na diminuição ou inibição do mecanismo de ação destes medicamentos em bactérias. Uma das causas do crescimento desta resistência é a facilidade com que a população adquire e usa esses antimicrobianos. Objetivo: Verificar o conhecimento da população de Goiânia sobre a aquisição e o uso correto de antimicrobianos. Métodos: Trata-se de uma pesquisa que será realizada por meio de aplicação de questionários semiestruturados e com base nessas informações foram verificadas as principais falhas que estão desencadeando o aumento da resistência bacteriana, o nível de consciência da população em relação ao uso correto dos antimicrobianos e destacando o papel do farmacêutico. Resultados: Verificou-se que dentre os entrevistados 58,5% relatam que antimicrobianos são para combater/tratar infecções, bactérias, fungos e micróbios, sendo que 25,85% da amostra não seguem o tratamento correto com antimicrobiano e 14,8% fazem aquisição sem prescrição. Além disso, 16,7% não tem conhecimento sobre a necessidade da prescrição para a aquisição de antimicrobianos. Conclusões: Com base nos dados levantados as principais dificuldades encontradas foram aquisição de antimicrobianos sem prescrição, o abandono do tratamento por conta própria e o uso de sobras de outros tratamentos, sendo uma das causas do uso irracional de antimicrobianos, favorecendo o crescimento da resistência bacteriana.
PALAVRAS-CHAVE: Antimicrobianos, Resistência Bacteriana, Uso Racional de antimicrobianos, Atenção Farmaceutica no uso de antimicrobianos	Comment by Álvaro: Colocar de 3 a 5 paralvras-chave
INTRODUÇÃO 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), calcula-se que até 2050 haverá 700.000 mortes ao ano devido à resistência antimicrobiana, com um resultado econômico planejado de 100 trilhões de dólares gastos na saúde mundial. A responsabilidade do aumento das doenças infecciosas no mundo é atribuída especificamente a Países de baixa e média renda. O tratamento dessas infecções e o desenvolvimento sustentável das organizações de saúde no mundo estão sendo prejudicados pela resistência (JEE et al., 2018).
O Global Antimicrobial Resistance Surveillance System (GLASS) engloba dados sobre o sistema nacional de vigilância em 40 Países, sendo que 22 disponibilizaram informações referentes a resistência bacteriana, ressaltando a necessidade de um alerta mundial em caráter emergencial e conscientização dos profissionais de saúde e da população. Com isso é perceptível notar o impacto da resistência bacteriana na saúde global (GLASS, 2018).
Segundo Conceição e Morais (2012), a administração de antimicrobianos tem por objetivo erradicar ou inibir a proliferação de microrganismos que causam infecções em outro organismo. O tratamento com antimicrobianos se intensificou com a descoberta da penicilina, onde houve um enorme avanço nos tratamentos infecciosos. No entanto, desde então essa foi à classe de medicamentos mais utilizados pela medicina humana e veterinária, e seu uso excessivo contribuiu para o crescimento evolutivo da resistência bacteriana (MOTA, et al, 2005).
A resistência bacteriana consiste na diminuição ou inibição do mecanismo de ação de um antibiótico em bactérias, ocorre tanto na área hospitalar quanto na comunidade e o crescimento bacteriano está mais rápido que a adequação correta do tratamento. A resistência aos antimicrobianos tem aumentado cada dia mais devido principalmente às facilidades com que a população vem adquirindo e fazendo uso de forma inadequada dos antimicrobianos. Para cada novo medicamento descoberto já tem uma bactéria resistente que inibe sua ação terapêutica. Isso é um grave problema que tem prejudicado a sociedade em diversos países, principalmente no âmbito hospitalar, devido à complexidade na adequação de tratamentos eficazes, uma vez que a utilização abusiva dos antimicrobianos faz com que ele perca a eficácia frente aos antimicrobianos (TRAVASOS, MIRANDA, 2010).
Segundo Paim e Lorenzini (2014), apesar do crescimento da resistência bacteriana a criação de novos antimicrobianos eficazes no decorrer destes últimos 30 anos reduziu radicalmente, tais informações levaram a OMS certificar a RAM como uma crise mundial. Além disso, a redução de novos antimicrobianos desenvolvidos pela indústria farmacêutica reforça a importância do conhecimento sobre prevenção contra a resistência bacteriana para os profissionais envolvidos.
O uso inadequado dos antimicrobianos está relacionado à automedicação, a escolha inadequada, a falta de conhecimento e o não cumprimento da prescrição. Uma das dificuldades encontradas no uso indiscriminado está relacionada com a dosagem não apropriada, fazendo com que o paciente apresente uma falsa melhora, ocasionando no abandono do tratamento e consequentemente, resultando na rápida multiplicação das bactérias (MULLER et al., 2015).
Contudo para combater o uso excessivo dos antimicrobianos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), na tentativa de regulamentar e reduzir o uso desnecessário e irracional publicou no ano de 2010 a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 44/2010, restringindo a venda desses medicamentos. Em 2011 houve uma atualização dessa regulamentação passando a valer a RDC 20/2011, que dispõe sobre a venda destes medicamentos em farmácias e drogarias com apresentação e retenção da segunda via da prescrição para controle da dispensação e monitoramento. Com essa implementação tornou-se indispensável à educação continuada para os profissionais de saúde, de forma que estarão aptos a orientar a população sobre os riscos da utilização inapropriada dos antimicrobianos. (ANVISA, 2010; ANVISA, 2011, MULLER et al., 2015).
Visto que a falta de políticas públicas efetivas, déficit na fiscalização dos estabelecimentos e comércio irregular de medicamentos antimicrobianos tem contribuído cada dia mais para o aumento do seu uso irracional e elevação exponencial da resistência antimicrobiana (SOUSA, SILVA, NETO, 2008). Dessa forma, esse estudo tem como objetivo descrever o conhecimento da população de Goiânia sobre a aquisição e o uso correto de antimicrobianos verificando o papel do farmacêutico na assistência prestada a população. 
MÉTODOS
Neste estudo foi realizada uma pesquisa quantitativa e qualitativa descritiva (LAKATOS, 2003), com objetivo de averiguar em uma amostra da população de Goiânia sobre a aquisição e uso correto de antimicrobianos enfatizando as atribuições do farmacêutico, realizado por meio de questionários semiestruturados com 14 perguntas objetivas ou discursivas feitas exclusivamente para identificar as principais falhas que podem contribuir para o aumento da resistência bacteriana neste grupo analisado. A aplicação dos questionários foi realizada em diferentes bairros do município de Goiânia, abordando as pessoas de forma aleatória, de ambos os sexos com idade superior a 18 anos. Foram excluídos da pesquisa indivíduos que por algum motivo não conseguiram se comunicar e/ou se expressar sem ajuda de terceiros.
Ao iniciar o preenchimento do questionário, primeiramente os entrevistados foram informados sobre o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), bem como a finalidade da pesquisa e como seriam analisados os dados obtidos. Aos que concordaram em participar da pesquisa assinaram o TCLE sem identificação do respondente, respeitando o direito de privacidade sendo entregue uma via original desse termo para o participante.
Foram obedecidas as normativas da Resolução 466/2012/CONEP/MS, incluindo o direito das pessoas não se interessarem em responder
a pesquisa ou do participante desistir a qualquer momento sem nenhum prejuízo para o mesmo. A pesquisa iniciou-se após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) UNESA, obedecendo rigorosamente a Resolução 466/2012 (CONEP, 2012) sob o número do CAAE: 19172719.3.0000.5284.
Para determinação da quantidade de participantes da pesquisa a serem preenchidos pela população de Goiânia, utilizou-se o índice de significância de 90% e erro amostral de 5%, tendo em vista que a cidade de Goiânia possui 1,302 milhões de habitantes (IBGE, 2010). A coleta das informações foi realizada no mês de outubro de 2019, através dos questionários aplicados com o auxílio da ferramenta Formulários Google®. Os dados obtidos foram tabulados e analisados através do software Excel® versão 2010.
RESULTADOS
Nesta pesquisa obteve-se uma amostragem de 270 questionários preenchidos por uma amostra da população goiana.  Dessa forma, a partir da verificação dos dados obteve-se que 28,1% (76) dos entrevistados tem entre 18 a 22 anos de idade, 18,8% (51) entre 23 a 28 anos, 17,4 (47) entre 29 a 34 anos e 35,5% (96) possui mais que 35 anos de idade. Em relação ao gênero, 68,1% (184) foram do sexo feminino e 31,8% (86) o masculino como apresentado na figura 1.
Figura 1- Distribuição dos entrevistados da pesquisa por idade correlacionando com o gênero.
Para verificar se a população goiana tem conhecimento sobre os medicamentos antimicrobianos foi questionado se sabem o que eles são, correlacionando com o nível de escolaridade. Com isso verificou-se que 78,5% (212) dos entrevistados alegaram saber o que são antimicrobianos, sendo 30% (81) com nível médio completo. Em relação aos que não sabem o que são antimicrobianos corresponde a 21,5% (58), destes 5,9% (27) também possuem nível médio completo conforme (Figura 2).
Figura 2-Classificaçao do nivel de escolaridade dos entrevistados e o conhecimento da população goiana sobre o que são antimicrobianos. 
Em relação ao conhecimento da população goiana sobre o que são antimicrobianos e em quais situações costumam procurar por estes medicamentos, observou-se que dos que responderam que são para combater e/ou tratar infecções, bactérias, fungos e micróbios correspondem a 58,52% (158), dos que não souberam responder e/ou expressar corresponde a 30,74% (83), aqueles que responderam que são antibióticos e que devem ser usados e comprados mediante prescrição, e apenas 1,85% (5) responderam sobre a importância do uso correto e que o uso incorreto e indevido é prejudicial (Tabela 1).
Tabela 1- Conhecimento da população goiana sobre o que são medicamentos antimicrobianos.
	Conhecimento sobre antimicrobianos
	Valor Abs
	%
	Responderam que são para combater/tratar infecções, bactérias, fungos, micróbios etc.
	158
	58,52
	Responderam que são antibióticos e que devem ser usados e comprados mediante prescrição.
	24
	8,89
	Responderam sobre a importância do uso correto e que o uso incorreto e indevido é prejudicial.
	5
	1,85
	Não souberam responder ou se expressar.
	83
	30,74
n=	Comment by Álvaro: Colocar o n	Comment by Aluno: 
Para analisar o conhecimento da população goiana em relação a aquisição de antimicrobianos e onde procuram quando tem a percepção da necessidade dos mesmos, foi realizado esse questionamento onde verificou-se que 33,8% (143) procuram médicos, 16,5% (123) procuram farmácias e drogarias e 1,4% (4) procuram dentistas. Dos que procuram pelo médico 19,2% (52) afirmaram adquirem antimicrobianos sem prescrição médica e 33,7% (91) adquirem antimicrobianos com prescrição. Daqueles que procuram farmácias e drogarias 29,2% (79) adquirem antimicrobianos sem prescrição médica e 16,2% (44) adquirem antimicrobianos com prescrição. Já os que procuram dentistas 0,74% (2) adquirem antimicrobianos com e sem prescrição médica, como apresentado na figura 3.
Figura 3- Distribuição dos entrevistados discriminando a escolha por profissionais habilitados e/ou estabelecimentos relacionando com a aquisição dos antimicrobianos com e sem prescrição.
Ao serem questionados quanto aos sintomas que motivavam os entrevistados a procurar/buscar por tratamento com antimicrobianos, observou- se que 55,19% (149) procuravam quando sentiam sintomas de dor de garganta, 17,77% (48) quando tinham sintomas de infecção urinária, 14,07% (38) quando tinham sintomas de dor de dente, 4,44% (12) quando tinham sintomas de diarreia, 2,96% (8) quando tinham sintomas de dor abdominal e 5,55% (15) quando apresentavam outros sintomas.
Tabela 2- Classificação dos principais sintomas que motivam a busca pelo tratamento com antimicrobianos.
	Situações de procura por antimicrobianos
	Valor Abs.
	%
	Dor de garganta
	149
	55,19%
	Infecção urinária
	48
	17,77%
	Dor de dente
	38
	14,07%
	Diarreia
	12
	4,44%
	Dor abdominal
	8
	2,96%
	Outros
	15
	5,55%
n=	Comment by Álvaro: Colocar o n
A figura 4 apresenta os dados em relação ao consumo de antimicrobianos com prescrição e sem prescrição médica, correlacionando com o tratamento correto dos mesmos. Observa-se que 21,85% (59) não seguem o tratamento correto e 78,1% (211) dos entrevistados segue corretamente. Dessa forma, 7,0% (19) dos que não seguem o tratamento correto alegaram que obtém antimicrobianos com prescrição e 14,8% (40) não fazem aquisição com prescrição, sendo que 43,7% (118) dos que seguem o tratamento correto obtém antimicrobianos com prescrição e 34,4% (93) obtém antimicrobianos sem prescrição.
Figura 4- Distribuição dos entrevistados que fazem aquisição de antimicrobianos com e sem prescrição comparando ao seguimento correto do tratamento.
Para analisar o consumo de sobras de antimicrobianos guardados em casa e a relação com o abandono do tratamento antes de seu término, observa-se que 50% (135) dos entrevistados não usam sobras de antimicrobianos, sendo que 16,2% (44) deixam de usar antimicrobianos por conta própria e 33,7 % (91) não deixam de tomar por conta própria. Dos 27,4% (74) que usam sobras de antimicrobianos 7,4% (20) deixam de tomar por conta própria e 20% (54) não deixam de tomar. Dos 22,5% (61) que as vezes usam sobras de antimicrobianos,12,6% (34) deixam de usar por conta própria e 10% (27) não deixam de usar (Figura 5). 
Figura 5- Distribuição do consumo de antimicrobianos guardados em casa, ou seja, sobras de outros tratamentos relacionando com a desistência do por conta própria. 
Com a finalidade de averiguar o conhecimento da população sobre a necessidade da prescrição médica de antimicrobianos e como era a exigência da mesma no ato da aquisição, verificou-se que dos 16,7% (73) que não tinham conhecimento, 10,3% (28) relataram que não houve exigência da prescrição no ato da compra e 16,6% (45) relataram a exigência. Dos 72,9% (193) que possuem o conhecimento 13,3% (36) informaram que não houve exigência da prescrição no ato da compra e 59,6% (161) exigiram prescrição (Figura 6).
Figura 6- Distribuição dos entrevistados discriminando a escolha por profissionais habilitados e/ou estabelecimentos relacionando com a aquisição dos antimicrobianos com e sem prescrição.
Para verificar o nível de confiança da população goiana pelo farmacêutico em relação a orientação de antimicrobianos sobre o período do tratamento, observou-se que 81,4% (220) confiam no farmacêutico e 18,5% (50) não confiam para realização dessas orientações (Figura 7).
Figura 7- Confiança da população nas orientações do farmacêutico em relação ao tempo de tratamento.
DISCUSSÃO 
Os resultados desse estudo evidenciam que a faixa etária predominante foi o grupo com idade superior a 35 anos e no geral prevaleceu o gênero feminino, semelhante à referência do IBGE (2018) que mostra o gênero feminino como predominante no país, evidenciando também que as mulheres tem maior preocupação com a saúde, corroborando com estudo de LIMA et al., (2019) onde também predominou o gênero feminino.
A respeito da escolaridade os indivíduos que declararam não ter conhecimento do que é antimicrobiano
são predominantemente aqueles que possuem ensino médio completo. No entanto, observa-se que pessoas com menor grau de esclarecimento como aqueles que possuem ensino médio incompleto, ensino fundamental e leem e escrevem responderam saber o que é antimicrobiano e todos aqueles que possuem pós-graduação completa também sabem o que são. Dessa forma, aqueles que possuem menor grau de escolaridade apesar de afirmarem saber, não explicaram ou se expressaram sobre a definição ou função dos antimicrobianos, sugerindo que quanto maior o grau de escolaridade maior o entendimento.
De acordo com Muller et al., (2015), no que se refere a sua pesquisa da regulamentação sobre vendas de antibióticos houve uma predominância do ensino médio completo dentre seus entrevistados. Já em relação àqueles que sabem a respeito de antimicrobianos fica evidenciado nos estudos de Matos, Cunha, (2013), que uma parte dos questionados não sabem o que são antibióticos e também destaca que a falta de conhecimento dos entrevistados traz danos quando ao uso incorreto dos mesmos.	Comment by Álvaro: Nesse estudo fala algo sobre escolaridade ?
Quanto ao nível de compreensão dos entrevistados sobre qual o significado de antimicrobianos obteve-se diversas respostas, porém muitos dos que afirmaram saber, no seguimento da resposta não souberam se expressar ou apenas responderam que era pra combater ou tratar infecções, bactérias, fungos, micróbios e outros. Alem disso, vários recordavam que a compra só é realizada com prescrição e sobre a importância do uso correto e os danos causados pelo uso indiscriminado, notando que ao responder apresentaram certo constrangimento ou responderam de forma equivocada.
Verificou-se que grande parte dos que adquirem antimicrobianos com prescrição procuram médicos e mesmo assim já fizeram aquisição dos mesmos sem prescrição, mostrando incoerência em suas atitudes e a fragilidade do sistema em adquirir medicamentos em desacordo com as legislações vigentes. No que se refere à farmácias/drogarias nota-se que a maoir parte da população observada faz aquisição sem prescrição e apenas uma pequena parte da amostra alega adquirir de forma correta. Esse tipo de aquisição além de infringir a regulamentação sanitária está contribuindo para o aumento da resistência microbiana, pois muitas vezes esses medicamentos não são indicados e nem utilizados de forma correta.De acordo com a pesquisa Zution, Silva, Carmo (2017), aborda que outro ponto crítico do uso inapropriado de medicamentos é o uso excessivo de antimicrobianos, uma vez que favorece o surgimento de cepas de microrganismos resistentes devido ao uso inadequado de antimicrobianos .
O estudo mostra que a maior parte dos entrevistados não deixam de tomar antimicrobianos por conta própria e que não fazem uso de sobras, podendo ser considerado um fator importante para a diminuição do uso indiscriminado desses medicamentos. No entanto, parte da população ainda deixa de tomar por conta própria e usam sobras que podem ter sido empregadas de tratamentos passados. É relevante destacar que o uso incorreto de antimicrobianos pode desencadear a resistência bacteriana. De acordo com Elisiario, Marini (2014),	 no município de Mogi Guaçu- SP, observou-se que todos os entrevistados residem com acompanhantes e relata que a automedicação pode estar relacionada com a quantidade de moradores de uma residência, uma vez que ocorre compartilhamento de medicamentos com os membros do domicílio, de forma que ocorre a utilização de medicamentos guardados. 
Em relação aos principais sintomas que estimulava a procura pelo tratamento com antimicrobianos, percebeu-se que a dor de garganta foi a de maior prevalência seguida da infecção de urina, de maneira oposta ao estudo de Elisiario, Marini (2014) menciona a predominância da infecção de urina seguida da dor de garganta e de ouvido como maior causa da procura pelo medicamento e que outros vários sintomas declarados não justificou o uso de antimicrobianos, não estando associados a infecção. A ocorrência de prescrição destes medicamentos de forma desnecessária provoca o uso irracional tornando um dos problemas relacionados aos medicamentos.
Informações sugerem que apesar dos indivíduos adquirirem o antimicrobiano com prescrição e seguir corretamente o tratamento, existe uma parcela significativa que adquire os mesmos sem prescrição e não seguem o tratamento de forma correta, podendo ser devido à dificuldade em conseguir acesso médico e a facilidade de comprar esses medicamentos em farmácias e drogarias com o objetivo de resolução dos problemas de saúde, apesar de não ter um diagnóstico prévio. Nesse sentido, Travassos e Miranda (2010), ressaltam a compra de antibióticos sem prescrição e a interrupção do mesmo após melhoras dos sintomas e ainda cita que a população pode estar cada vez mais precoce quanto ao uso excessivo por conta do fácil acesso destes medicamentos. No que se refere a RDC 44 /2009 sobre a atenção farmacêutica, compete ao farmacêutico a identificação e a deliberação de questões sobre medicamentos, bem como proporcionar ações educativas com finalidade do bem-estar dos indivíduos e incentivar o uso correto dos mesmos (BRASIL, 2009).
Apesar de 76,2% (206) da população ter conhecimento da regulamentação sobre a retenção da prescrição de antimicrobianos no ato da aquisição, ainda assim 23,7% (64) da população não sabem, mesmo após 8 anos da publicação da RDC 20/2011, continuam procurando pelo tratamento sem a prescrição levando a uma tendência ao não cumprimento das normas vigentes, visto que alguns estabelecimentos continuam deixando de exigir a prescrição no momento da compra tendo como propósito só a parte comercial e deixando de olhar a saúde como um todo. É válido ressaltar que também falta uma maior intensificação de ações educativas tanto por parte do farmacêutico que é a autoridade técnica no estabelecimento quanto do Ministério da Saúde que é órgão responsável pela organização e elaboração de planos e políticas públicas voltados para a promoção, a prevenção e a assistência à saúde dos brasileiros.
De acordo com a pesquisa de Sampaio; Sancho; Lago (2018), que mesmo no início da implantação da RDC ocorreu comentários questionando a respeito do desempenho e eficácia das normas, essas críticas partiram de profissionais, pacientes e a própria indústria farmacêutica, tendo como principal motivação o descumprimento da resolução pelos estabelecimentos farmacêuticos. 	Comment by Álvaro: A respeito do desempenho ou da falta do desempenho?
A Lei Federal 13.021/2014 regulamenta que farmácias e drogarias são estabelecimentos de dispensação e comercialização de medicamentos, porém também determina sobre o funcionamento e fiscalização dos serviços farmacêuticos, onde foram elaborados diretrizes para o desempenho e a fiscalização dos mesmos, transformando farmácias e drogarias em estabelecimento de saúde, tornando obrigatório a presença do farmacêutico. Este estabeleciemento promove orientação farmacêutica e prestação de serviços de saúde, possibilitando notar que farmácias e drogarias não é apenas um estabelecimento comercial, visto que o intuito é promover saúde aos pacientes (BRASIL, 2014) .	Comment by Álvaro: Colocar nas referencias no final do trabalho
Em relação a confiança que a população tem no farmacêutico, 81% (220) responderam que confiam nas informações relacionadas ao período de tratamento orientadas pelo farmacêutico e apenas 18,5% (50) não confiam nas orientações farmacêuticas. Observando a figura 4, um ponto positivo foi que parte da população segue o tratamento correto com antimicrobianos, ficando evidente a participação do farmacêutico nas orientações realizadas no ato da compra, constatando que apesar da população ainda buscar pelos antimicrobianos sem prescrição médica o farmacêutico continua atuante e reconhecido na sociedade No entanto, ainda nota-se que uma pequena parcela da população não confia nas orientações feitas por esse profissional, podendo ser devido a forma de abordagem ao paciente, uso de termos
técnicos dificultando o entendimento das orientações ou até mesmo pela perda de credibilidade por estar infringindo a regulamentações sanitárias. 
Segundo a pesquisa de Carneiro et al., (2019), apesar da dificuldade encontrada na implantação da assistência farmacêutica, ainda assim é possível contribuir para resultados positivos no tratamento dos pacientes, pois o farmacêutico está promovendo atenção farmacêutica de forma que orienta o paciente quanto ao uso correto de medicamento e esclarece possíveis dúvidas e reações adversas que os medicamentos podem apresentar, afim de combater o uso indiscriminado de medicamentos.
CONCLUSÕES
Tendo em vista todos os aspectos analisados, observa-se que mesmo após a implementação da RDC 20/2011 a população ainda pratica a automedicação com antimicrobianos, sendo um dos medicamentos mais procurados, e mesmo assim alguns fazem a aquisição sem a prescrição por conta do fácil acesso a esses medicamentos. Essa prática tem sido demonstrada que está relacionado com o aumento da resistência bacteriana. Porém, observa-se também que uma parcela significativa da população tem conhecimento sobre o que são antimicrobianos estando cientes sobre a utilização correta. Por fim, nota-se que o farmacêutico tem papel importante em relação ao uso racional de medicamentos, principalmente com os antimicrobianos por meio das orientações farmacêuticas. Com isso, é importante ressaltar a necessidade de mais estudos relacionados a esta área para uma maior compreensão dos motivos da automedicação com antimicrobianos pela população.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1 Projeto apresentado como parte integrante das exigências para conclusão de graduação em Farmácia pela Faculdade Estácio de Sá – FESGO, 2018.
2 Graduandas do curso de Farmácia Elizabeth Pereira dos Santos, Jéssica Polliana da Silva e Rayssa Tavares da Silva.
3 Coorientador Professor Doutor em Medicina Tropical (Área de Concentração: Imunologia/IPTSP/UF) E-mail: alexsander.silveira@estacio.br. 
4 Orientador Professor Mestre em Ciências Biológicas (Área de concentração: Fisiologia e Farmacologia). E-mail: alvaro.farmaceutico@hotmail.com. Telefone: (62) 98472-1630

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