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CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA REFRIGERAÇÃO E AR CONDICIONADO UNIDADE VIII – FLUIDOS REFRIGERANTES 2009 FLUIDOS REFRIGERANTES 1. CONCEITO “SÃO SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS RESPONSÁVEIS PELO TRANSPORTE DE ENERGIA EM UM CICLO DE REFRIGERAÇÃO”. CALOR É “ABSORVIDO” PELO REFRIGERANTE EM UM LOCAL (EVAPORADOR/ESPAÇO CONDICIONADO), SENDO REJEITADO EM OUTRO LOCAL (CONDENSADOR/MEIO AMBIENTE) EM GERAL, ESSA TRANSFERÊNCIA DE CALOR ENVOLVE A MUDANÇA DE FASE DO REFRIGERANTE (TROCA DE CALOR LATENTE). INICIALMENTE, FORAM USADOS COMO FLUIDOS REFRIGERANTES (1850): NH3 – CO2 – SO2 - CH3.CL MAIS TARDE (1916) FORAM UTILIZADOS: N2O – C2H6 – C3H8 O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA FRIGORÍFICA DETERMINOU A PESQUISA DE NOVOS PRODUTOS, QUE LEVARAM À DESCOBERTA DOS HIDROCARBONETOS FLUORADOS (1928), SINTETIZADOS A PARTIR DOS HIDROCARBONETOS DA SÉRIE METANO E ETANO. OS FLUIDOS USADOS COMO REFRIGERANTES PODEM SER DIVIDIDOS EM DOIS GRANDES GRUPOS: REFRIGERANTES PRIMÁRIOS – USADOS EM SISTEMAS CONVENCIONAIS DE COMPRESSÃO DE VAPOR. EX.: R-134ª, R-22, NH3, ... REFRIGERANTES SECUNDÁRIOS – SOLUÇÕES ANTI- CONGELANTES, SALMOURAS, ETC., USADOS NO TRANSPORTE DE ENERGIA TÉRMICA A BAIXA/ALTA TEMPERATURA. EX.: ÁGUA, SOLUÇÕES DE GLICÓIS, SALMOURAS, ... 2 - CLASSIFICAÇÃO: A NORMA ASHRAE Std 34 (Designation and Safety Classification of Refrigerants) APRESENTE UMA LISTA DE MAIS DE 200 REFRIGERANTES, E CLASSIFICA-OS EM VÁRIOS GRUPOS : I - HIDROCARBONETOS HALOGENADOS II – MISTURAS AZEOTRÓPICAS E NÃO AZEOTRÓPICAS III – HIDROCARBONETOS IV – COMPOSTOS INORGÂNICOS V – SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS NÃO SATURADAS I – HIDROCARBONETOS HALOGENADOS SÃO HIDROCARBONETOS QUE CONTÉM UM OU MAIS DOS SEGUINTES HALÓGENOS: CLORO – FLUOR – BROMO SÃO NORMALMENTE CONHECIDOS PELOS NOMES COMERCIAIS: FREON (DUPONT) FRIGEN (HOESCHT) GENETRON (GENERAL CHEMICAL) ARCTON (IMPERIAL CHEMICAL OF ENGLAND) CARRENE (GRUPO FRANCÊS) FORANE (ELF ATOCHEM) ISCEON * (RHODIA) (*) A LINHA ISCEON FOI RECENTEMENTE (2005), ADQUIRIDA PELA DUPONT. SÃO DESIGNADOS PELA LETRA “R” E 3 ALGARISMOS: R – XXX 1° ALGARISMO: [C-1], ONDE C = N° DE ÁTOMOS DE CARBONO 2° ALGARISMO: [H+1], ONDE H = N° DE ÁTOMOS DE HIDROGÊNIO 3° ALGARISMO: [F], ONDE F=NÚMERO DE ÁTOMOS DE FLUOR. PRINCIPAIS HIDROCARBONETOS HALOGENADOS CÓDIGO NOME QUÍMICO FÓRMULA R-11 TRICLORO MONOFLUOR METANO C.CL3.F R-12 DICLORO DIFLUOR METANO C.Cl2.F2 R-13 MONOCLORO TRIFLUOR METANO C.Cl.F3 R-22 MONOCLORO DIFLUOR METANO CH.Cl.F2 R-30 CLORURO DE METILENO CH2.Cl2 R-40 CLORURO DE METILO CH3.Cl R-113 TRICLORO TRIFLUOR ETANO C2.Cl3.F3 R-114 DICLORO TETRAFLUOR ETANO C2.Cl2.F4 R-114a DICLORO TETRAFLUOR ETANO C2.Cl2.F4 R-115 MONOCLOROPENTAFLUORETANO C2..Cl.F5 R-152a DICLUORETANO C2.H4.F2 Estrutura simétrica Estrutura assimétrica R-114 R-114a Cl Cl Cl F | | | | F --- C --- C --- F Cl --- C --- C --- F | | | | F F F F II – MISTURAS AZEOTRÓPICAS E ZEOTRÓPICAS MISTURA AZEOTRÓPICA: É A MISTURA DE DUAS OU MAIS SUBSTÂNCIAS QUE NÃO PODEM SER SEPARADAS EM SEUS COMPONENTES ORIGINAIS, POR DESTILAÇÃO. APRESENTAM UM PONTO DE AZEOTROPIA, OU SEJA, UMA CONDIÇÃO NA QUAL TEM-SE A MESMA TEMPERATURA DE VAPORIZAÇÃO E CONDENSAÇÃO. AS MISTURAS AZEOTRÓPICAS EVAPORAM E CONDENSAM COMO UMA SUBSTÂNCIA SIMPLES, COM PROPRIEDADES DIFERENTES DAS PROPRIEDADES DOS CONSTITUINTES. PRIMEIRAS MISTURAS A SEREM UTILIZADAS: R-500 R-12 (73,8%) + R-152a (26,2%) R-501 R-22 (75%) + R-12 (25%) R-502 R-115 (51,2%) + R-22 (48,8%) R-503 R-23 (40,1%) + R-13 (59,9%) R-507ªA R-125 (50%) + R143A (50%) R-508ªA R-23 (39%) + R-116 (61%) R-508B R-23 (46%) + R-116 (54%) R-509ªA R-22 (44%) + R-218 (56%) CÓDIGO: 500 + Nº DE ORDEM DE COMERCIALIZAÇÃO MISTURA NÃO AZEOTRÓPICA (OU ZEOTRÓPICA): DURANTE A MUDANÇA DE FASE, AS CONCENTRAÇÕES DE LÍQUIDO E VAPOR SÃO DIFERENTES DA CONCENTRAÇÃO ORIGINAL DA MISTURA. AS TEMPERATURAS DE CONDENSAÇÃO E EVAPORAÇÃO NÃO PERMANECEM CONSTANTES DURANTE OS PROCESSOS DE TROCA TÉRMICA NO CONDENSADOR E EVAPORADOR, RESPECTIVAMENTE. SÃO CARACTERIZADOS PELO NÚMERO DE SÉRIE 400. Variação da temperatura nas pressões de operação EXEMPLOS DE MISTURAS ZEOTRÓPICAS R-401A R-22 (53%) + R-152A (13%) + R-124 (34%) R-401B R-22 (61%) + R-152ª (11%) + R-124 (28%) R-401C R-22 (33%) + R-152ª (15%) + R-124 (52%) R-402A R-125 (60%) + R-290 (2%) + R-22 (38%) R-402B R-125 (38%) + R-290 (2%) + R-22 (60%) R-407A R-32 (20%) + R-125 (40%) + R-134ª (40%) R-407B R-32 (10%) + R-125 (70%) + R-134ª (20%) R-410A R-32 (50%) + R-125 (50%) R-410B R-32 (45%) + R-125 (55%) R-412A R-22 (70%) + R-218 (5%) + R-142B (25%) III – HIDROCARBONETOS CÓDIGO NOME QUÍMICO FÓRMULA R-50 METANO CH4 R-170 ETANO CH3.CH3 R-290 PROPANO CH3.CH2.CH3 R-600 BUTANO C4.H10 R-600a ISOBUTANO C4.H10 R-1270 PROPILENO C3.H6 USOS: RESTRITOS ÀS INDÚSTRIAS DE PETRÓLEO E PETROQUÍMICA (ADQUIRIRAM NOVA IMPORTÂNCIA APÓS OS PROTOCOLOS DE MONTREAL E KYOTO) IV – COMPOSTOS INORGÂNICOS CÓDIGO NOME QUÍMICO FÓRMULA R-717 AMÔNIA NH3 R-718 ÁGUA H2O R-729 AR ---- R-744 DIÓXIDO DE CABONO CO2 R-674 DIÓXIDO DE ENXOFRE SO2 CÓDIGO: 700 + PESO MOLECULAR V – SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS NÃO SATURADAS CÓDIGO NOME QUÍMICO FÓRMULA R-1150 ETILENO C2.H4 R-1270 PROPILENO C3.H6 (RARAMENTE UTILIZADOS) 3 – PROPRIEDADES DOS FLUIDOS REFRIGERANTES Os principais fatores considerados na seleção de um fluido refrigerante se relacionam às suas propriedades Termodinâmicas, Químicas e Físicas. Propriedades Termodinâmicas: • Pressões nas temperaturas de evaporação e condensação - Pressões de condensação não muito altas: equipamentos mais leves; - Pressão de evaporação deve ser maior que a pressão atmosférica, para evitar que o ar entre no sistema. (CO2 tem pressões excessivamente altas, enquanto que o R-11, R-113 e água, apresentam pressões de evaporação abaixo da atmosférica). • Ponto de congelamento - O ponto de congelamento deve ser inferior à temperatura de evaporação. A principal restrição de uso se refere à água. Os demais fluidos apresentam ponto de congelamento bem inferior às temperaturas de evaporação usuais nas instalações frigoríficas comerciais e industriais. Exemplos: NH3: tc = -77°C CO2: tc = -56,8°C R-11: tc = -111°C R-12: tc = -158°C R-22: tc = -160°C H2O: tc = 0°C • Volume deslocado por TR Fluidos que apresentam pequeno volume deslocado para cada TR de capacidade, são adequados para trabalhar com compressor alternativo e rotativo (A). Aqueles com grande volume deslocado, necessitam de compressor centrifugo (C). Exemplos: (condições de operação: –15°C/+30ºC) NH3 : VD = 0,098 m3/min A CO2 : VD = 0,027 m3/min A R-11 : VD = 1,031 m3/min C R-12 : VD = 0,164 m3/min A R-22: VD = 0,102 m3/min A R-113:VD = 2,851 m3/min C • Coeficiente de Performance (COP) Os valores do COP não apresentam variação significativa entre a maioria dos fluidos refrigerantes em utilização. Propriedades Químicas: • Inflamabilidade - Hidrocarbonetos halogenados são NÃO inflamáveis; - NH3: é inflamável (explosivo) quando misturado com ar na faixa de 16% a 25%, em volume.- Hidrocarbonetos (propano, etano, butano): são altamente inflamáveis e explosivos. • Toxidade - Hidrocarbonetos halogenados: são NÃO tóxicos na presença do ar. Decomposto na chama, liberam fosgeno (gás venenoso); - NH3 : é classificada como substância altamente tóxica. CLASSIFICAÇÃO Baixa Toxidade Alta Toxidade Alta inflamabilidade A3 B3 Baixa inflamabilidade A2 B2 Não propagam chama A1 B1 • Reação com materiais de construção - Hidrocarbonetos halogenados: não reagem com o cobre, ferro, aço e alumínio. Atacam o zinco e borracha. - NH3: ataca o cobre e latão na presença da água. Não ataca o ferro e o aço. • Danos a produtos refrigerados - Hidrocarbonetos halogenados: não tem qualquer efeito prejudicial sobre os alimentos; - NH3: a amônia, pela sua afinidade com a água, se dissolve nesta em qualquer proporção. Como a maioria dos alimentos contém água, um vazamento de amônia inutiliza a carga de produto na câmara. Propriedades Físicas: • Tendência a fugas e detecção de vazamentos - NH3: é facilmente detectável pelo cheiro. Queimando bastão de enxofre em presença da amônia, se formam fumos brancos de sulfato de amônia. - Hidrocarbonetos halogenados: São inodoros. O primeiro sintoma de vazamento é a queda de capacidade do sistema. Instrumentos de detecção: a) Lâmpada de Halide (chama de álcool tem a cor azulada. Na presença de halogenados, a cor passa a ser verde azulada). b) Detector eletrônico c) Detector Ultra-Violeta • Viscosidade e condutividade térmica - A viscosidade tem efeito na perda de carga nas tubulações; - A condutividade térmica tem efeito na transmissão de calor. • Ação sobre o óleo lubrificante - NH3: não é miscível no óleo de lubrificação. Todo compressor de NH3 deve Ter um separador de óleo na saída, para separar o óleo e fazê-lo retornar ao compressor; - R-12: é completamente miscível no óleo. O óleo deve circular com o fluido refrigerante e retornar ao compressor. Nas tubulações, deve ser verificada uma velocidade mínima de arraste de óleo, para impedir a acumulação de óleo, nos momentos de parada de funcionamento. - R-22: é parcialmente miscível no óleo de lubrificação. Para sistemas industriais, é conveniente o uso de um separador automático de óleo. Níveis de Toxidade (TLV) e Limite Inferior de Flamabilidade (LIL) REFRIGERANTE TLV-TWA CLASSE LIL R-290 Propano 2500 ppm A 2,3 % R-600 Butano 800 ppm A 1,9 % R-600ª Iso-butano 800 ppm A 1,8 % R-1270 Propileno 375 ppm A 2,0 % R-22 Diclorodifluormetano 1000 ppm A --- R-1324ª Tetrafluoretano 1000 ppm A --- R-407c R32/R125/R134a 1000 ppm A --- R-410ª R32/R125 1000 ppm A --- R-744 CO2 5000 ppm A --- R-717 Amônia 25 ppm B 14,8 % R-764 SO2 2 ppm B --- ppm – parte por milhão Variação da Pressão de saturação com a Temperatura Detector Eletrônico Detector Fluorescente com raios UV Cadeia de Sistematização da Base Metano Cadeia de Sistematização da Base Etano 4 – COEFICIENTE DE EFICIÊNCIA Uma maior eficiência se consegue quando o ciclo de funcionamento se aproxima o mais possível do Ciclo de Carnot. RENDIMENTO DO CICLO : η = ε/ εc Onde: ε = COP= QE / W e εc = COPc= Te / (Tc – Te) Desvios do Ciclo Real em relação ao Ciclo de Carnot: Ciclo real: 1-2-2’-3-4-1 Ciclo de Carnot: 1-a-3-b-1 PLANK (1940) chegou à seguinte expressão para avaliar os desvios do ciclo real em relação ao Ciclo de Carnot: η = 1 – {(1/2٠ Tc(Tc-Te)÷Te) ٠ [((Ts-Te)/Tc.(Tc-Te)) + Te/Tc + C1/.Co.Cp]} ÷ [(re/Co) – (Tc-Te)] onde: Tc = temperatura de condensação [K] Te = temperatura de evaporação [K] Ts = temperatura de sub-resfriamento [K] re = calor de vaporização à temperatura Te Co = calor especifico do liquido saturado (X = 0) C1 = calor específico do vapor saturado (X = 1) Cp = calor específico do vapor super-aquecido C1 pode ser calculado a partir da expressão: C1 = Co – rm ٠ [1 ÷ 3(Tcritica – Tm)] + 1/Tm onde: rm = calor médio de vaporização entre Te e Tc Tm = (Te+Tc)/2 Tcritica = temperatura crítica [K] Estas equações permitem chegar às seguintes conclusões, para caracterizar um bom fluido refrigerante: a) Pequeno calor específico do vapor saturado (C1), isto é, linha de liquido saturado (lls) próximo da isentrópica, o que decorre de uma elevada temperatura do ponto crítico em relação à temperatura de funcionamento; b) Elevado calor específico do líquido e do vapor superaquecido à pressão constante (pequena área a-2-2’); c) Calor de vaporização elevado em relação ao calor específico do líquido (pequena área b-3-4 em relação à restante); 5 – CAMPOS DE APLICAÇÃO Existe no mercado uma grande variedade de fluidos refrigerantes. Esta diversidade, embora interessante, faz com que o procedimento de avaliação seja elaborado, impondo um cuidadoso exame das propriedades e características de cada refrigerante. Evidentemente, por mais objetiva que se pretenda, a escolha de um particular refrigerante sempre obedecerá a critérios pessoais. 5.1 Amônia (NH3) Nas grandes instalações de refrigeração industrial, o R-717 (NH3) não tem competidor. Foi um dos primeiros fluidos refrigerantes a serem utilizados em sistemas de refrigeração mecânica (+/-150 anos). É um elemento natural, presente abundantemente na natureza. Usos: - Aplicação imediata em refrigeração industrial, e insubstituível em instalações frigoríficas de grande porte. - Opção mais recente (como alternativa para o R-22) em sistemas indiretos para supermercados, câmaras de frutas e sistemas de ar condicionado central. Vantagens: - Não causa dano à camada de ozônio. - Não provoca efeito estufa. - Seu preço é 5 a 6 vezes menor que os halogenados (freons). - Termodinâmicamente é mais eficiente (possui peso específico menor). - Uma instalação trabalha com menor quantidade de NH3 do que R-22, para proporcionar a mesma capacidade de refrigeração. Possibilita, inclusive, a utilização de equipamentos menores, como no caso de separadores de líquido, trocadores de calor e evaporadores. Desvantagens: - Possui cheiro forte (pode ser vantagem, no caso de vazamentos). - É considerada substância altamente tóxica. - É explosiva e inflamável, dentro de uma faixa de concentração no ar (entre 16% e 24%, em volume). - É incompatível com o cobre, latão ou ligas de cobre. - A amônia tem uma grande afinidade pela água. Como a maioria dos alimentos possui água, na eventualidade de vazamento, a carga de produto na câmara ficaria inutilizada. No entanto, se operada com segurança e por pessoas com conhecimento, os riscos se tornam mínimos. Em sistemas de circulação indireta com NH3 há uma desvantagem nos custos, tornando-se mais cara tanto na instalação inicial como na operação. Este sistema é ótimo para acumulação térmica. Retrofit: A transformação de um sistema que utilize um refrigerante halogenado para trabalhar com amônia não é simples e, na maioria dos casos, custa muito caro. 5.2 – Hidrocarbonetos halogenados e misturas Restringindo-se à refrigeração doméstica e comercial, bem como algumas instalações industriais de pequeno e médio porte, existe uma predominância absoluta dos refrigerantes halogenados e misturas zeotrópicas e azeotrópicas. A seguir, alguns destes tipos, seguidos de suas finalidades básicas. R-11 - (Eliminado) a) Foi largamente utilizado em compressores centrífugos para refrigeração industrial e em centraisde condicionamento de ar com água gelada; b) Usado como solvente para limpeza de sistemas de refrigeração, em processos de manutenção; c) Usado como propelente de aerosóis; d) Veículo de expansão de espumas rígidas ou flexíveis. R-12 (Eliminado) a) Era o mais usado em refrigeração com compressores herméticos, rotativos e compressores de grande porte. Aplicações em refrigeração doméstica (refrigeradores, freezers); Comercial (balcões, expositores de supermercado, bebedouros; Transporte (ar condicionado de automóveis, ônibus, trens, aviões...). b) Usado como propelente de aerosóis, puro ou misturado com o R-11; c) Veículo de expansão de espumas. R-22 a) Usado em refrigeração doméstica, comercial e industrial (sistemas onde é necessário muita refrigeração e equipamentos de pequeno porte) b) Ar condicionado, tanto aparelhos domésticos, como sistemas centrais. R-502 (Eliminado) Mesmas aplicações do R-22, porém onde é exigida maior capacidade de refrigeração e menores temperaturas de evaporação. R-13 Uso em sistemas de baixíssima temperatura, como em equipamentos de laboratório. R-113 (Eliminado) a) Usado em refrigeração comercial, industrial (processos de água fria) e especialmente em equipamentos de pequeno porte; b) Usado como solvente e agente de limpeza . R-114 (Eliminado) Usado para refrigeração em pequenos sistemas com compressores rotativos. Pode ser usado como solvente e/ou propelente para aerosóis quando misturado ao R-12. R-500 (Eliminado) Usado em refrigeração para equipamentos de porte médio. R-503 (Eliminado) Usado em refrigeração para sistemas cascata de baixa temperatura. 6 – AÇÃO DOS CFCs NA CAMADA DE OZÔNIO Camada de Ozônio: Faixa localizada no limite da estratosfera, a 30.000 m da superfície da Terra, onde se concentram os gases O3 (ozônio). Função da camada de ozônio: Filtrar os raios ultravioletas que incidem sobre a superfície da Terra. Efeitos dos raios UV em excesso: - provocam câncer de pele - causam danos à visão e enfraquecem o sistema imunológico - destroem os microorganismos marinhos - afetam a produção agrícola Em 1974, pesquisadores da Universidade da Califórnia previram, em Laboratório, a capacidade dos CFCs em atacar a camada de ozônio. Em 1985, constatou-se, pela primeira vez, uma verdadeira devastação na camada de ozônio, sobre a Antártida. Segundo relatório da NASA, até 1988, houve uma redução de 2% da camada de ozônio, por ação dos CFCs. Posteriormente, o volume desta redução foi crescendo gradativamente para 5%, 15%, 30%. Atualmente, estima-se que este índice já ultrapassa 40% Figura - Ação dos raios UV na destruição do ozônio e gases de formação do efeito estufa No entanto, nem todos os elementos halógenos são nocivos. Estes podem ser classificados em: CFC = Cloro Flúor Carbono São gases totalmente halogenados, com alto fator de destruição do ozônio - ODP, (que quer dizer: Ozone Depletion Potential), e com longa vida na atmosfera. Exemplo: R-11 R-12 Cloro Cloro Fluor Cloro C Cloro Fluor Fluor Cloro C HCFC = Hidro Cloro Flúor Carbono Gases parcialmente halogenados, contém, no mínimo, 1 Hidrogênio e se decompõem em baixas altitudes, o que diminui a sua ação contra o Ozônio. Exemplo: R-22 HFC = Hidro Flúor Carbono Os mais novos da família, não possuem Cloro na sua molécula. Portanto, não afetam a camada de Ozônio. HALONS = contém Bromo Possuem alto poder de destruição do Ozônio, mas tem muito pouco uso. F Cl H F C Evolução da variação da camada de ozônio ao longo dos anos: Situação em setembro de 2000 Situação em setembro de 2006 Fonte: NASA Propriedades Atmosféricas Médias (Ref.: UNEP/WMO 1990) Refrigerante Vida Média (anos) O.D.P. G.W.P. CFC CFC-11 CFC-12 CFC-113 CFC-114 CFC-115 60 120 90 200 400 1 1 0,8 0,7 0,4 1 3 1,4 3,9 7,5 HCFC HCFC-22 HCFC-123 HCFC-124 HCFC-141b HCFC-142b 15 2 7 8 19 0,05 0,02 0,02 0,1 0,06 0,34 0,02 0,1 0,09 0,36 HFC HFC-125 HFC134a HFC-143ª HFC152a 28 16 41 2 0 0 0 0 0,58 0,26 0,74 0,03 Como o CFC ataca a camada de ozônio Os raios ultravioletas cortam a ligação do cloro das moléculas de CFC. O cloro livre ataca uma molécula de ozônio, formando monóxido de cloro e oxigênio: Cl.O+O2. A molécula de monóxido de cloro é instável, o cloro se liberta e ataca nova molécula de ozônio (O3), formando novo Cl.O + O2. O oxigênio molecular (O2) não detém a radiação ultravioleta. Experimentos em Laboratório comprovam que, nas condições estratosféricas de temperatura e energia, um único átomo de cloro consegue acabar com 10.000 moléculas de ozônio. 7 – PROTOCOLO DE MONTREAL A confirmação da existência do buraco na camada de ozônio levou a UNEP – organismo da ONU para assuntos ambientais – a promover reuniões entre os países membros, visando encontrar uma solução para eliminar o problema. Em setembro de 1987 foi assinado o Protocolo de Montreal (com a adesão do Brasil em 1989), cujo documento estabelece medidas restritivas ao comércio de CFCs. O ponto básico do Protocolo é o controle dos CFCs totalmente halogenados: R-11 ; R-12 ; R-113 ; R-114 ; R-115 Foi estabelecido o “PHASE OUT” dos CFCs para o ano 2000, com redução gradual da produção até aquela data. A produção mundial de CFC foi congelada até 1994, nos níveis produzidos em 1985, e reduzida gradualmente até zerar em dezembro de 2000. Com o agravamento da situação, estes limites foram reavaliados e antecipados para o ano de 1995. Mesmo assim, muitos países aboliram o seu uso bem antes disto. Cronograma original do Protocolo de Montreal No caso do Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente estabeleceu os seguintes prazos como limite para o uso de substâncias controladas (CFC) do Protocolo de Montreal em equipamentos, produtos e sistemas novos e importados nas seguintes aplicações: 13/12/1995 • Instalações de combate a incêndio • Instalações de ar condicionado central • Instalações frigoríficas – compressores com potência unitária > 100 HP • Uso como propelente em aerosóis 01/01/1997 • Ar condicionado automotivo, em modelos novos lançadas dessa data • Todos os usos como solventes 01/01/2001 • Ar condicionado automotivo em todos os modelos • Refrigeradores e congeladores domésticos • Todos os demais sistemas de refrigeração • Espuma rígida e semi-rígida • Todos os usos como esterilizantes Obs.: Estes prazos acabaram serem revistos, uma vez que as indústrias não conseguiram cumprir os prazos estabelecidos. Para a linha de produtos HCFC o prazo utilizado foi até 2030 em países em desenvolvimento e 2020 para países desenvolvidos. Phase Out para fluidos HCFC 8 – REFRIGERANTES ALTERNATIVOS A assinatura do Protocolo de Montreal em 1987, e suas emendas mais substanciais de 1990 e 1992, fortemente discutidas na Convenção de Viena (UNEP, 2002), desencadeou uma mobilização da comunidade científica mundialna busca de alternativas viáveis para a substituição das substâncias causadoras da destruição do ozônio. Qualquer outro gás, além das principais características dos CFCs (não inflamável, não corrosivo, não explosivo, inodoro, quimicamente estável e baixa toxidade), não poderiam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente, e também requerer pouca ou nenhuma alteração nos equipamentos existentes. Diferentes linhas de pesquisa foram seguidas desde então, destacando-se entre estas a redescoberta dos fluidos refrigerantes naturais (hidrocarbonetos, CO2, e o próprio uso da NH3 em campos ainda não utilizados). Mas o principal movimento ocorreu no desenvolvimento de misturas zeotrópicas (fluidos da série R-400). A DuPont desenvolveu a linha SUVA de refrigerantes alternativos, cujos principais fluidos estão relacionados na Tabela abaixo: Fluidos Refrigerantes SUVA da DuPont FREON SUBSTITUTO ASHRAE ÓLEO APLICAÇÕES R-12 Suva MP 39 R-401 A OM/AB Retrofit do R-12 (baixa e média temperatura) (melhor capacidade acima de -26ºC) Suva 409 A R-409 A OM/AB Retrofit doR-12 (baixa e média temperatura) Suva MP 66 R-401 B OM/AB Retrofit do R-500. Retrofit do R-12 para baixa e alta capacidade (melhor abaixo de -26ºC) Suva 134ª R-134ª POE/PAG Pequenos equipamentos novos ou Retrofit do R-12 (média temp. e uso automotivo) R-500 Suva MP 66 R-401 B OM/AB Retrofit do R-500. Retrofit do R-12 para baixa temp. e alta capacidade (melhor abaixo de -26ºC) R-502 Suva HP 80 R-402 A OM/AB Retrofit do R-502 em Refrigeração Comercial (baixa e média temperatura) Suva 408 A R-408 A OM/AB Retrofit do R-502 em Refrigeração Comercial Suva HP 81 R-402 B OM/AB Retrofit do R-502 em máquinas de fazer gelo e equipamento tipo “Self- Contained” Suva HP 62 R-404 A POE Novos equipamentos e Retrofit do R-502 Suva 507 R-507 POE Novos equipamentos e Retrofit do R-502 R-13 e R-503 Suva 95 R-508 B POE Novos equipamentos/sistemas em cascata e Retrofit do R-13 e do R-503 (abaixo de -40ºC) R-114 Suva 123 R-123 OM/AB Ar condicionado e centrífugas de navios; usos com alta temp de cond. Suva 124 R-124 Ar cond. – chiller centrífugo (equip. novos e retrofit) R-22 Suva 9000 R-407 C POE Novos equip. e Retrofit em Ar Condicionado e Bombas de Calor Suva 9100 R-410 A POE Somente para equipamentos desenvolvidos para o Suva 410 A R-11 Suva 123 R-123 OM/AB Equipamentos novos ou Retrofit (centrífugas de baixa pressão) OM = Óleo Mineral / AB = AlquilBenzeno / POE = Póliol Éster / PAG = Polialquilenoglicol Em 1993 a Rhodia lançou na Europa a linha de gases refrigerantes ISCEON 9 SERIES, que são refrigerantes DROP-IN para substituição dos gases CFCs e HCFCs. Podem ser utilizados em refrigeração doméstica, comercial e industrial; transporte refrigerado, balcões frigoríficos e câmaras frias. (OBS.: Em 2005 a Dupont adquiriu a licença de fabricação da linha ISCEON). Suas principais características são: • Não agridem a camada de ozônio (ODP = 0) • São compatíveis com todos os tipos de lubrificantes e com os materiais existentes • Não são inflamáveis Gases Refrigerantes da linha ISCEON 9 SERIES GASES ATUAIS LINHA ISCEON CÓDIGO ASHRAE R-12 ISCEON 49 R-413 A R-22 ISCEON 59 R-417 A R-502 ISCEON 69 L R-403 B R-13B1 ISCEON 89 R-12 (CENTRIFUGAS) ISCEON 39TC Comparação do R-12 e ISCEON 49 (COP e Capacidade de Refrigeração) Comparação do R-22 e ISCEON 59 (COP e Capacidade de Refrigeração) RECUPERARAÇÃO ou RECICLAGEM DE CFC’s: - Para RECUPERAR, simplesmente transfira o fluido refrigerante para outro cilindro, evitando a dispersão de poluentes para a atmosfera. Não utilizá-lo antes que seja reciclado. - Para RECICLAR os fluidos CFC’s é necessário fazer a remoção de alguns produtos contaminantes que entraram no sistema, tais como: água, óleo, ácidos oléicos e ácidos clorídricos. Somente após um processo de destilação este produto poderá ser reutilizado. - Recomendações para efetuar a reciclagem: * Não colocar no mesmo cilindro dois tipos de fluidos diferentes; * Identificar no cilindro o tipo de produto recolhido. Como administrar a fase de eliminação dos CFC’s: - Elabore um plano de ação. Pode ser uma tabela contendo: * tipo de refrigerante usado, * idade do equipamento, * data da próxima reposição e * tipo de refrigerante a ser usado com a conversão. - Solicite orientação com a empresa prestadora de serviços de manutenção e também com o fabricante do equipamento. Opções para administrar a substituição dos CFC’s: * Adotar medidas para conservar o fluido refrigerante na ocasião da manutenção do seu equipamento. Isto significa consertar fugas, recolher, reciclar e reutiliza-lo no equipamento; * Fazer a conversão no seu equipamento para o uso de um dos novos refrigerantes alternativos; * Tirar de uso o equipamento cuja vida útil esteja no fim e substitui-lo por um que use refrigerante alternativo. Substituições podem reduzir custos de operação se você selecionar um equipamento com maior eficiência energética (que consuma menos energia). Ações que precisam ser adotadas pelos proprietários de equipamentos: • Considerar a possibilidade de troca para um refrigerante alternativo no próximo serviço de manutenção. • Desenvolver um plano de conversão/substituição. • Assegurar que seu técnico de manutenção esteja habilitado. • Consertar vazamentos em equipamentos. • Manter os registros de manutenção. • Vender os refrigerantes CFC’s e HCFC’s já utilizados somente para empresas de tratamento e comercialização de refrigerante. MANUTENÇÃO X RETROFIT – O QUE DEVE SER FEITO Em muitas operações de manutenção de sistemas que operam com CFC, é conveniente efetuar o retrofit, pois as ações e os custos de ambas as operações são muito semelhantes, conforme se pode ver no quadro abaixo. MANUTENÇÃO RETROFIT * Operação do Sistema? * Operação do Sistema? * Recolhimento do gás * Recolhimento do gás * Vácuo * Vácuo * Troca do filtro secador * Troca do filtro secador * Troca do óleo do compressor * Troca do óleo do compressor * Carga de CFC * Carga no novo fluido O PROBLEMA DO EFEITO ESTUFA Em setembro de 2007, quando se comemorava os 20 anos de sucessos do Protocolo de Montreal, uma nova decisão histórica foi tomada pelo conjunto de países signatários. Com o fim dos CFCs, previsto para 2010, decidiu-se pelo início do processo de substituição dos HCFCs já em 2013, antecipando em dez anos o prazo previsto no Protocolo de Montreal para o abandono destes gases. Além dos benefícios para a recomposição da camada de ozônio, objeto do Protocolo, a medida traz também um enorme benefício para o regime climático, dado o acentuado Potencial de Aquecimento Global (GWP) dos HCFCs. Pelo Protocolo de Kyoto as emissões individuais dos gases do efeito estufa serão integradas como emissões equivalentes de CO2 utilizando seus potenciais de aquecimento global (GWPs). O GWP (Global Warming Potential) mede o impacto de uma substância como gás de efeito estufa, relativo ao efeito de aquecimento de uma massa similar de dióxido de carbono poro um intervalo de tempo específico, cujo valor deve ser especificado. Uma das alternativas de substituição do HCFC-22 é o HFC-134ª, mas grande parte dos ganhos com a aplicação deste produto seria anulada, já que o GWP das duas substâncias são similares. A necessidade de encontrar fluidos refrigerantes que não sejam nocivos à camada de ozônio nem sejam geradores do efeito estufa (aquecimento global), está fazendo ressurgir o uso dos fluidosrefrigerantes naturais, entre eles o CO2 e os hidrocarbonetos. O CO2 (dióxido de carbono) – R-744) foi um dos primeiros fluidos refrigerantes aplicados em sistemas de refrigeração e foi amplamente utilizado até meados da década de 30 do século XX. Com o surgimento dos CFCs e HCFCs, o CO2 foi perdendo mercado até ser praticamente extinto no início dos anos 60. Com os problemas ambientais e o estabeleci mento dos Protocolos de Montreal e Kyoto, o CO2 ressurge como alternativa promissora a ser utilizada em muitas aplicações, nos vários setores da refrigeração. Uma das principais aplicações do CO2 é em sistemas com temperaturas entre -30ºC e -55ºC, tipo cascata, com o CO2 em ciclo sub-crítico para baixa temperatura e Amônia ou hidrocarboneto no ciclo com rejeição de calor final para a atmosfera, estes em equipamentos compactos com cargas extremamente reduzidas. O CO2 tem algumas restrições importantes ao seu uso, que são: pressões de trabalho muito elevadas, temperatura crítica muito baixa (31,1ºC), e, principalmente, baixo desempenho energético, o que pode elevar a emissão indireta de CO2 através do aumento do consumo de combustíveis fósseis. A NH3 (amônia) tem zero de ODP e zero de GWP. Portanto, não ataca a camada de ozônio nem tem potencial de formação do efeito estufa, mas sofre muitas restrições de sua aplicação por ser um refrigerante com maior índice de toxidade que a maioria dos HFCs. Em vários países, inclusive o Brasil, há legislações que requerem uma série de cuidados desde o projeto até a operação de yn sistema que, dependendo da carga de refrigerante e do local a ser instalado, podem inviabilizar a sua aplicação. Os hidrocarbonetos possuem um alto índice de inflamabilidade e, quando utilizados em grandes sistemas de refrigeração, os equipamentos da área requerem classificações específicas quanto à explosividade. Refrigerantes com baixo potencial de aquecimento global Recentes pesquisas e desenvolvimento de atividades estão focados no isômero fluorado propene (propileno) como potencial refrigerante possuindo baixo potencial de formação do aquecimento global (GWP). O catalisador para muitos destes esforços pode ser atribuído à regulamentação Européia em relação ao uso do R-134ª (cujo GWP relativo ao CO2, para um horizonte de 100 anos, é de 1.430) na indústria automotiva. Estes regulamentos especificam que a partir de 01 de janeiro de 2011, para novos modelos, e 01 de janeiro de 2017 para novos veículos adaptados com ar condicionado não podem ser fabricados com gases fluorados tendo GWP maior que 150. Entre os possíveis candidatos que atingem este critério estão: R-152ª, CO2 e o HFO-1234yf. O R-152ª, se usado, seria implementado em um sistema indireto (circuito secundário) por causa de sua flamabilidade. O CO2, se usado, seria implementado em um ciclo transcrítico e exigiria significativas modificações nos sistemas de ar condicionado correntemente em uso. O HFO-1234yf tem um GWP =4, e entre os isomeros propileno fluorados é o que está mais próximo de ser comercializado. Alguns benefícios do 1234yf: • mais baixo tempo de ação do efeito estufa • menor vida útil na atmosfera • compatibilidade com atuais sistemas de A/C automotivo • superior eficiência de resfriamento • segurança para aplicações móveis ASHRAE JOURNAL – AGOSTO/2009 9 – FLUIDOS REFRIGERANTES SECUNDÁRIOS Refrigerantes secundários são fluidos que transferem energia da substância que está sendo refrigerada para o evaporador de um sistema de refrigeração. O refrigerante secundário sofre uma variação de temperatura quando absorve calor e o libera no evaporador, não apresentando nenhuma mudança de fase neste processo. Em termos técnicos, a água poderia ser um refrigerante secundário, mas sua aplicação se restringe a sistemas de ar condicionado com água gelada ou processos industriais onde a temperatura de operação é superior a 0ºC, devido ao seu ponto de congelamento. Quando se trata de sistemas de congelamento, são utilizadas soluções de salmoura ou anticongelantes, que apresentam temperaturas de congelamento abaixo de 0ºC. Vários dos anticongelantes mais largamente usados são soluções de água e etileno glicol, propileno glicol ou cloreto de cálcio. O propileno glicol tem a característica de ser inócuo em contato com alimentos. Uma das propriedades mais importantes de soluções anticongelantes é o ponto de solidificação, mostrado na Figura 9.1. Os pontos de solidificação formam o diagrama de fase clássico mostrado na Figura 9.2. Esta figura mostra as fases e misturas possíveis que podem existir a várias concentrações e temperaturas. Se o anticongelante à temperatura A tem uma concentração M, ele permanece líquido até a temperatura cair para o ponto B. Um resfriamento posterior a C resulta em uma mistura de gelo fragmentado e líquido. O anticongelante em C concentrou-se pelo congelamento de parte de sua água. A porcentagem de gelo na mistura em C é dada por: Porcentagem de gelo = [X2/(X1 + X2)].(100) A porcentagem de líquido é dada por: Porcentagem de liquido = [X1/(X1 + X2)].(100) Resfriando a solução abaixo de D solidifica-se a mistura toda. O ponto E, chamado ponto eutético, representa a concentração na qual a temperatura mais baixa pode ser atingida sem que ocorra nenhuma solidificação. Aumentar a concentração da solução além da do ponto eutético é infrutífero, já que a temperatura de congelamento aumenta. Fig. 9.1 – Ponto de solidificação do etilenoglicol Fig. 9.2 – Diagrama de fase de anticongelante Fig. 9.3 – Esquema de instalação com circuito secundário Vantagens dos ciclos secundários de refrigeração: • Considerável redução da carga de refrigerante (pode chegar até 85%) • Sistemas de refrigeração muito mais compactos • Limita o refrigerante à “casa de máquinas” • Menor impacto ambiental • Simplifica o circuito do refrigerante • Temperatura de resfriamento mais estável • Aumenta a inércia térmica do sistema Desvantagens: • Custo adicional (bombas, trocadores de calor) • Maior diferença de temperatura >> consumo de energia • COP global é menor em relação a um sistema convencional equivalente. Principais fluidos secundários utilizados: • Água • Etilenoglicol • Propilenoglicol • Etanol • Metanol • Glicerol • Amônia • Carbonato de potássio • Cloreto de magnésio • Cloreto de Sódio • Acetato de Potássio Fig. 9.4 – Propriedades Termodinâmicas dos fluidos secundários Fig. 9.5 – Fluidos COLD BRINE, da MYCOM Pasta de Gelo Pasta de gelo consiste de partículas de gelo dispersas em um fluido formando uma suspensão de duas fases. Estes cristais de gelo apresentam diâmetros entre 25 mícrons e 4 mm, suspensos em uma solução aquosa em fase líquida, com ou sem agente que baixe a temperatura do ponto de solidificação. A pasta de gelo é uma tecnologia relativamente nova, utilizada com uma variedade de propósitos diferentes, onde alta performance de resfriamento é requerida. Seu uso mais difundido é como fluido secundário em sistemas de ar condicionado e armazenamento de energia térmica. Exemplo: condicionamento de ar de aeronaves em terra, através do transporte de frio com pasta de gelo em linhas umbilicais de longa distancia. Outras aplicações incluem áreas como engenharia de alimentos e a indústria pesqueira. Pode-se produzir pasta de gelo a partir da água do mar e aplicar diretamente nos tanques de armazenamento de peixe. Uma das propriedades mais importantes da pasta de gelo, para avaliar sua capacidade de resfriamento, é sua entalpia específica. A pasta de gelo possui uma maior capacidade térmicavolumétrica, isto é, armazena maior quantidade de energia térmica por unidade de volume.
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