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BASE COMUM CURRICULAR (TODO)
Um dos assuntos (da área educacional) mais discutidos e mencionados nos últimos tempos diz respeito à Base Nacional Comum Curricular. Com este documento, será possível o cumprimento da Meta 07 do Plano Nacional de Educação que tem por objetivo, cada vez mais, promover a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Aplica-se à educação escolar, tal como a define o § 1o do Artigo 1o da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei no 9.394/1996), e indica conhecimentos e competências que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN)7, a BNCC soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. (Qual a diferença entre a Base e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e as diretrizes curriculares (DCN) que existiam antes? A BNCC foi elaborada à luz do que diz os PCNs e as DCN. No entanto, a Base é mais específica, determinando com mais clareza os objetivos de aprendizagem de cada ano escolar. Ela será obrigatória em todos os currículos de todas as redes do país, públicas e particulares, ao contrário dos documentos anteriores, que devem continuar existindo, mas apenas como documentos orientadores não obrigatórios.) 
ITINERÁRIO e aspectos legais relevantes da Base Nacional Comum Curricular
O estudo da Base Nacional Comum Curricular - BNCC requer, inicialmente, a compreensão da necessidade que fundamentou sua gênese.
O Brasil adota como forma de Estado a Federação, sendo que, atualmente, a República Federativa do Brasil é composta pela União de 26 Estados, 1 Distrito Federal e 5.570 Municípios, todos estes considerados entes federativos autônomos, conforme dispõe a Constituição Federal de 1988 (CF/88): “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...) Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.”
Neste sentido, imagine se cada ente federativo tivesse autonomia plena para estabelecer por completo os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio. Teríamos um verdadeiro caos! Lembre-se, conforme acima exposto, que a República Federativa do Brasil é composta, atualmente, pela União de 26 Estados, 1 Distrito Federal e 5.570 Municípios.
Em função destas condicionantes, cabe à União aprovar a BNCC, que, grosso modo, pode ser entendida, neste momento, como a parte do currículo da Educação Básica (em suas três etapas: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) que é idêntica em todos os pontos do nosso território. A partir de outra importante ótica, os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio não podem ser exatamente iguais, pois necessitam refletir as características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.
Desta forma, cabe aos sistemas de ensino dos demais entes federativos (26 Estados, 1 Distrito Federal e 5.570 Municípios) complementarem a BNCC com uma parte diversificada, que reflete as características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos, compõem os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio. Após estas considerações, percebe-se a importância da BNCC.
Neste momento, cumpre indicar o histórico da evolução normativa que culminou na aprovação da BNCC. O art. 210 da Constituição Federal brasileira, de 1988, determinou a fixação de ―conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais‖, que, tristemente, somente foram aprovados em adequado grau de detalhamento 29 anos depois, em dezembro de 2017, quando o Ministro da Educação homologou a versão final da BNCC aprovada pelo Conselho Nacional de Educação – CNE.
Em 1996, a LDB — ano da sua aprovação — inovou normativamente, deixando expressa a determinação legal de criação de uma base nacional comum ao currículo do ensino fundamental e do ensino médio.
LDB (Redação original de 1996, atualmente revogada)
Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
Em 2013, a Lei nº 12.796/2013 retificou a redação normativa deste art.
26 da LDB, que passou a determinar a necessidade de criação de base nacional comum ao currículo das três etapas da educação básica: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
LDB (Redação atual, dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.
Desta forma, transcorridos alguns anos desde sua exigência normativa, em 20/12/2017, o Ministro da Educação homologou a versão final da BNCC, destinada à educação infantil e ao ensino fundamental, que lhe fora encaminhada após ser aprovada pelo Conselho Nacional de Educação – CNE, em 15/12/2017.
A BNCC referente ao ensino médio ainda se encontra em formulação, em função da estrutura do ensino médio ter sido significativamente reformulada em 2017, pela Lei nº 13.415.
Ressalta-se que a BNCC do ensino médio deverá seguir os mesmos princípios legais e pedagógicos inscritos na BNCC já aprovada da educação infantil e do ensino fundamental, respeitando-se as especificidades do ensino médio e do seu perfil de alunos.
A Partir desta ambientação teórica e histórica, passaremos ao estudo de todos os trechos normativos da CF/88 e da LDB que fazem referência à Base Nacional Comum Curricular, para que o estudo da BNCC, propriamente dita, nas aulas seguintes, seja facilitado.
Oportuno lembrar que o conteúdo da BNCC deve alinhar-se com o disposto pela CF/88 e pela LDB.
Constituição Federal de 1988
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.
Lei nº 9.394/1996
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.
 Guarde bem o texto deste art. 26 da LDB, pois é muito exigido em questões sobre a Base Nacional Comum Curricular.
§ 1º Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.
§ 2º O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais,
constituirá componente curricular obrigatório da educação básica.
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 3º A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica,
sendo sua prática facultativa ao aluno:
I		que	cumpra	jornada	de	trabalho	igual	ou	superior	a	seis horas;
II	– maior de trinta anos de idade;
– que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, estiver obrigado à prática da educação física;
III	–	amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de	21 de	outubro de 1969;
 *Este Decreto-Lei 1.044/1969 refere-se ao tratamento diferenciado para alunos de qualquer nível de ensino, portadores de afecções congênitas ou adquiridas, infecções, traumatismo ou outras condições mórbitas (este é o termo utilizado pela norma), determinando distúrbios agudos ou agudizados.
§ 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia.
§ 5º No currículo do ensino fundamental, a partir do sexto ano, será ofertada a língua inglesa. (Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 6º As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de que trata o § 2o deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de 2016)
§ 7º A integralização curricular poderá incluir, a critério dos sistemas de ensino,
projetos e pesquisas envolvendo os temas transversais de que trata o caput.
(Redação dada pela Lei nº 13.415, de 2017)
§ 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá componente curricular complementar integrado à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais.
§ 9º Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada a produção e distribuição de material didático adequado.
§ 10. A inclusão de novos componentes curriculares de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Curricular dependerá de aprovação do Conselho Nacional de Educação e de homologação pelo Ministro de Estado da Educação. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.
§ 1º O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
§ 2º Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras.
§ 1º A parte diversificada dos currículos	de	que	trata o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural.
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. (Redação dada pela lei nº 13.415, de 2017)
§ 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes terão por referência a Base Nacional Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
Histórico da BNCC
O Ministério da Educação (MEC) solicitou a presença de pesquisadores, professores, representantes de associações e a Anped para organizarem esse documento que foi apresentado para as secretarias de Educação e posteriormente aos professores que discutiram a proposta. O processo foi realizado com a participação de todos. Países como Estados Unidos, Argentina e Austrália já trabalham com essa proposta.
1988 – Promulgação da CONSTITUIÇÃO
A constituição faz alusão quanto à criação de uma Base Nacional Comum, com a fixação de conteúdos, Artigo 210.
1996 - Houve um grande avanço quanto à educação de nosso País com a publicação da LDB, que reforçava a necessidade de uma base nacional comum.
1997 a 2000 – Criação dos PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCNs)
Os PCNs deram destaque a alguns elementos fundamentais que deveriam ser trabalhados em cada disciplina.
2010 – (CONAE) - Na CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO, que ocorreu no ano de 2010, estudiosos debateram a Educação Básica e ressaltaram a necessidade de uma Base Nacional Curricular.
2010 a 2012 - As DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS trouxeram orientações para o planejamento curricular das instituições, as determinações desse documento amparavam Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
2014 - Institui-se O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. O PNE ressalta em quatro das suas vinte metas a Base Nacional Comum Curricular.
2015 - Em 2015, houve o I Seminário para a elaboração da BNCC. No final desse mesmo ano, iniciou-se a consulta pública para a elaboração da primeira versão com a contribuição da sociedade assim como organizações e instituições científicas.
2016 - Houve uma grande contribuição da população (mais de 12 milhões) e a versão preliminar foi finalizada.
2017 - Em abril de 2017, o MEC apresentou o documento final da BNCC ao Conselho Nacional de Educação (CNE). No dia 20 de dezembro de 2017, a base foi homologada!
2018 - Com a homologação, o objetivo é de que os currículos escolares sejam adaptados ao longo do ano de 2018.
EDUCAÇÃO INFANTIL
A base nacional comum curricular estabelece os direitos de aprendizagem para as crianças de zero a cinco anos, e reconhece a educação infantil como essencial para o pleno desenvolvimento e construção da identidade da criança.
 “Parte do trabalho do educador é refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças”. (BNCC – etapa educação infantil).
Os direitos de aprendizagem apresentados no documento da BNCC são seis:
	Conviver - 
	Brincar
	Participar
	Explorar
	Expressar
	Conhecer-se
“Essa concepção de criança como ser que observa, questiona, levanta hipóteses, conclui, faz julgamentos e assimila valores e que constrói conhecimentos e se apropria do conhecimento sistematizado por meio da ação e nas interações com o mundo físico e social não deve resultar no confinamento dessas aprendizagens a um processo de desenvolvimento natural ou espontâneo. Ao contrário, impõe a necessidade de imprimir intencionalidade educativa às práticas pedagógicas na Educação Infantil, tanto na creche quanto na pré-escola”. (BNCC – etapa educação infantil).
Além dos diretos de aprendizagem o documento apresenta também os campos da experiência na educação infantil.
Os campos da experiência apresentam uma nova organização curricular com a criança sendo a base do processo educativo. Eles ressaltam todas as habilidades, atitudes, elementos, valores e afetos que as crianças precisam desenvolver.
IDADE
Na Educação Infantil, as aprendizagens fundamentais abarcam as condutas, habilidades, conhecimentos assim como as experiências que proporcionam o pleno desenvolvimento em diferentes áreas, sempre adotando as interações e a brincadeira como eixos estruturantes. Esse conjunto de elementos, (ou seja, as aprendizagens), constituem os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. 
Na BNCC dentro de cada um desses campos, existem os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, que são atrelados a três grupos
etários:
BEBÊS (DE ZERO A UM ANO E SEIS MESES).
CRIANÇAS BEM PEQUENAS (UM ANO E SETE MESES A TRÊS ANOS E ONZE MESES).
CRIANÇAS PEQUENAS (QUATRO ANOS A CINCO ANOS E ONZE MESES).
É possível avaliar o progresso ocorrido durante todo o desenvolvimento do processo de aprendizagem. 
	SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS
	O eu, o outro e o nós
	Respeitar e expressar sentimentos e emoções.
Atuar em grupo e demonstrar interesse em construir novas relações, respeitando a diversidade e solidarizando-se com os outros. Conhecer e respeitar regras de convívio social, manifestando respeito pelo outro.
	Corpo, gestos e movimentos
	Reconhecer a importância de ações e situações do cotidiano que contribuem para o cuidado de sua saúde e a manutenção de ambientes saudáveis. Apresentar autonomia nas práticas de higiene, alimentação, vestir-se e no cuidado com seu bem-estar, valorizando o próprio corpo. Utilizar o corpo intencionalmente (com criatividade, controle e adequação) como instrumento de interação com o outro e com o meio. Coordenar suas habilidades manuais.
	Traços, sons, cores e formas
	Discriminar os diferentes tipos de sons e ritmos e interagir com a música, percebendo-a como forma de expressão individual e coletiva.
Expressar-se por meio das artes visuais, utilizando diferentes materiais. Relacionar-se com o outro empregando gestos, palavras, brincadeiras, jogos, imitações, observações e expressão corporal.
	Escuta, fala, pensamento e imaginação
	Expressar ideias, desejos e sentimentos em distintas situações de interação, por diferentes meios. Argumentar e relatar fatos oralmente, em sequência temporal e causal, organizando e adequando sua fala ao contexto em que é produzida. Ouvir, compreender, contar, recontar e criar narrativas. Conhecer diferentes gêneros e portadores textuais, demonstrando compreensão da função social da escrita e reconhecendo a leitura como fonte de prazer e informação.
	Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
	Identificar, nomear adequadamente e comparar as propriedades dos objetos, estabelecendo relações entre eles.
Interagir com o meio ambiente e com fenômenos naturais ou artificiais, demonstrando curiosidade e cuidado com relação a eles.
Utilizar vocabulário relativo às noções de grandeza (maior, menor, igual etc.), espaço (dentro e fora) e medidas (comprido, curto, grosso, fino) como meio de comunicação de suas experiências.
Utilizar unidades de medida (dia e noite; dias, semanas, meses e ano) e noções de tempo (presente, passado e futuro; antes, agora e depois), para responder a necessidades e questões do cotidiano.
Identificar e registrar quantidades por meio de diferentes formas de representação (contagens, desenhos, símbolos, escrita de números, organização de gráficos básicos etc.)
BNCC – ENSINO FUNDAMENTAL – ANOS INICIAIS
Qual a abordagem pedagógica da BNCC Ensino Fundamental – Anos Iniciais?
Diferente da Educação Infantil, a proposta da BNCC Ensino Fundamental − Anos Iniciais é a progressão das múltiplas aprendizagens, articulando o trabalho com as experiências anteriores e valorizando as situações lúdicas de aprendizagem.
Segundo o documento da BNCC: “Tal articulação precisa prever tanto a progressiva sistematização dessas experiências quanto o desenvolvimento, pelos alunos, de novas formas de relação com o mundo, novas possibilidades de ler e formular hipóteses sobre os fenômenos, de testá-las, de refutá-las, de elaborar conclusões, em uma atitude ativa na construção de conhecimentos.” (BNCC)
Portanto, ao compreender as mudanças no processo de desenvolvimento da criança − como a maior autonomia nos movimentos e a afirmação de sua identidade − a BNCC Ensino Fundamental − Anos Iniciais propõe o estímulo ao pensamento lógico, criativo e crítico, bem como sua capacidade de perguntar, argumentar, interagir e ampliar sua compreensão do mundo. Ou seja:
Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Iniciais, a progressão do conhecimento ocorre pela consolidação das aprendizagens anteriores e pela ampliação das práticas de linguagem e da experiência estética e intercultural das crianças, considerando tanto seus interesses e suas expectativas quanto o que ainda precisam aprender. (BNCC)
Além disso, essa proposta pedagógica deve assegurar, ainda, um percurso contínuo de aprendizagens e uma maior integração entre as duas etapas do Ensino Fundamental. 
A BNCC Ensino Fundamental – Anos Iniciais contempla a primeira etapa do segmento, bem como estudantes e professores do 1º ao 5º ano, enquanto os Anos Finais contemplam alunos e professores do 6º ao 9º ano.
Para o ensino fundamental e médio temos 10 competências gerais a serem desenvolvidas:
Por fazerem parte de uma mesma Base, a BNCC da Educação Básica, a BNCC Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Anos Finais possuem vários pontos em comum para garantir o percurso de aprendizagem contínuo, como a divisão por áreas do conhecimento, componentes curriculares e unidades temáticas.
● Áreas do Conhecimento
A organização estrutural da BNCC no Ensino Fundamental como um todo se dá por áreas do conhecimento, da mesma forma que acontece no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Tal organização busca favorecer a comunicação entre os conhecimentos e aprendizagens das inúmeras disciplinas, agora chamadas de componentes curriculares.
As áreas do conhecimento previstas pela BNCC são: 1) Linguagens, 2) Matemática, 3) Ciências da Natureza e 4) Ciências Humanas, sendo que cada uma delas têm competências específicas de área – reflexo das dez competências gerais da BNCC – que devem ser promovidas ao longo de todo o Ensino Fundamental. 
De acordo com a BNCC, “as competências específicas possibilitam a articulação horizontal entre as áreas, perpassando todos os componentes curriculares, e também a articulação vertical, ou seja, a progressão entre o Ensino Fundamental – Anos Iniciais e o Ensino Fundamental – Anos Finais e a continuidade das experiências dos alunos, considerando suas especificidades.” 
Portanto, para além das competências, cada uma dessas áreas tem papel fundamental na formação integral dos alunos do Ensino Fundamental. Isso aparece nos textos de apresentação das áreas na BNCC. Além de mostrar tal papel, o documento dá destaque às particularidades do segmento, levando em consideração as especificidades e as demandas pedagógicas de cada etapa educacional.
● Componentes curriculares
O que antes entendíamos como disciplinas ou matérias, chamamos agora de componentes curriculares. Mas como assim? As disciplinas não deixaram de existir, o que mudou foi: a BNCC não chama mais Língua Portuguesa, por exemplo, de disciplina ou matéria. A Base a compreende como um componente curricular da área de conhecimento de Linguagens.
Linguagens - Componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa.
Matemática - Componente curricular: Matemática.
Ciências da Natureza - Componente curricular: Ciências.
Ciências Humanas - Componentes curriculares: História e Geografia.
Ensino Religioso - Componente curricular: Ensino Religioso.
Com o intuito de garantir o desenvolvimento das competências específicas de área, cada componente curricular possui – conforme indicado no texto da BNCC – um conjunto de habilidades que estão relacionadas aos objetos de conhecimento (conteúdos, conceitos e processos) e que se organizam em unidades temáticas.
● Alfabetização
Outro aspecto que muda com a BNCC Ensino Fundamental − Anos iniciais é a alfabetização. A partir da implementação da Base, toda criança deverá estar plenamente alfabetizada até o fim do 2º ano. Antes, esse prazo era até o terceiro ano – de acordo com o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC).
Portanto, nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, o foco da ação pedagógica deve ser a alfabetização. Isso é sistematizado pela BNCC nos tópicos abaixo, que mostram as competências e as habilidades envolvidas no processo de alfabetização, e que a criança deve desenvolver:
Compreender diferenças
entre escrita e outras formas gráficas (outros sistemas de representação);
Dominar as convenções gráficas (letras maiúsculas e minúsculas, cursiva e script);
Conhecer o alfabeto;
Compreender a natureza alfabética do nosso sistema de escrita;
Dominar as relações entre grafemas e fonemas;
Saber decodificar palavras e textos escritos;
Saber ler, reconhecendo globalmente as palavras;
Ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto que meras palavras, desenvolvendo assim fluência e rapidez de leitura (fatiamento).
Então, se a alfabetização deve ser concluída ao final do 2º ano, o aluno já deve sair dessa etapa escrevendo tudo corretamente? Não! No final desse período ele deve desenvolver as competências e habilidades que te mostramos acima. Ao longo dos próximos anos processo de alfabetização será complementado com foco na ortografia, que ampliará os conhecimentos e as habilidades linguísticas do estudante.
● Unidades Temáticas
Com a implementação da BNCC Ensino Fundamental – Anos Iniciais e Anos Finais, a forma com que os conteúdos serão trabalhados em sala de aula ganhou novo foco. A divisão agora é por unidades temáticas, que consiste na reunião de um conjunto de conteúdos de uma mesma temática em uma unidade. 
 	Na BNCC, essas unidades aparecem em praticamente todos os componentes curriculares ao longo de todo o Ensino Fundamental. Por exemplo, a unidade temática “Matéria e Energia” de Ciências aparece do 1º ao 9º ano, o que muda são os objetos de conhecimento e as habilidades exigidas para cada etapa. Segundo a BNCC:
Respeitando as muitas possibilidades de organização do conhecimento escolar, as unidades temáticas definem um arranjo dos objetos de conhecimento ao longo do Ensino Fundamental adequado às especificidades dos diferentes componentes curriculares. Cada unidade temática contempla uma gama maior ou menor de objetos de conhecimento, assim como cada objeto de conhecimento se relaciona a um número variável de habilidades […]. As habilidades expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares. (BNCC)
Portanto, a partir dessas unidades, o conteúdo trabalhado em um ano pode ser retomado e ampliado nos anos seguintes, permitindo que o professor trabalhe novas habilidades em sala de aula. Entre os componentes curriculares presentes na BNCC, somente o componente Língua Portuguesa – da área de Linguagens – não está estruturado em unidades temáticas. Ou seja, ela se organiza em práticas de linguagem (leitura/escuta, produção de textos, oralidade e análise linguística/semiótica), campos de atuação, objetos de conhecimento e habilidades.
BNCC – ADAPTAÇÃO (Integração de características regionais no currículo) 
A BNCC encoraja as instituições de ensino a incluir em seus currículos temas relacionados à região e ao contexto em que o estudante está inserido, contemplando assim assuntos ligados à história, à cultura e às tradições da sua comunidade. Nesse sentido, as escolas terão o desafio de construir um currículo que contemple não apenas as aprendizagens apontadas como essenciais, mas que também trabalhe aspectos relevantes do contexto do aluno. Para isso, mais uma vez é importante que a proposta curricular seja construída de forma colaborativa, contando com a participação de profissionais da educação e de membros da comunidade que ajudem a combinar todos esses aspectos ao documento.
A Base Nacional Comum Curricular também destaca a importância de uma formação continuada dos educadores. Para o corpo docente a formação continuada é fundamental para a constante atualização das práticas pedagógicas. Além disso, a BNCC propõe a formação de um aluno integral, que requer uma educação que vai muito além da simples absorção de conteúdos e que compreende o desenvolvimento socioemocional do aluno e o uso de ferramentas tecnológicas. Nesse contexto, os educadores se deparam com um tipo de formação para o qual não foram preparados - o que torna a atualização de suas práticas ainda mais importante.
O grande desafio é estabelecer na escola uma cultura que tenha o aprendizado como foco também para os professores, uma vez que eles precisam compreender os novos padrões determinados pela BNCC e suas influências no processo educacional.

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