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Microeconomia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Bruno Leonardo Silva Tardelli Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Escolha do Consumidor 5 • O problema da escolha do consumidor • Restrições Orçamentárias • Efeitos das modificações nos preços e na renda do consumidor • Inclinação da Linha do Orçamento • Escolha do Consumidor • Determinação da Cesta Ótima • Considerações Finais · Esta unidade tem por objetivo inicial explicar as restrições orçamentárias do consumidor, por meio de diversos exemplos que modificam estes limites no orçamento. Após essa exposição, é explicado como o consumidor escolhe os bens ou serviços que deseja adquirir por meio da ligação entre as preferências – dispostas em curvas de indiferença – e as restrições orçamentárias que ele está inserido. Na orientação de estudos, constam as informações gerais para lhe direcionar a respeito das atividades a serem desempenhadas, até mesmo para que o estudo tenha o rendimento ideal. Siga os seguintes passos na ordem: 1) Em primeiro lugar, observe a representação visual da unidade. Na representação esquemática, você poderá ter uma visão geral do caminho a ser percorrido ao longo da unidade. 2) Em segundo lugar, no tópico de contextualização, você poderá acompanhar uma reportagem que revela os resultados de um estudo sobre os percentuais de pessoas que buscam na internet informações sobre bens e produtos, a fim de tomarem decisões de consumo. 3) Em terceiro lugar, ao longo do material teórico, procure entender a formação da linha de orçamento, bem como a conexão das restrições orçamentárias que os consumidores enfrentam e suas preferências nas escolhas de consumo. Além do material teórico, observe que você terá acesso à apresentação de power point narrado sobre o texto. 4) Em quarto lugar, acompanhe a aula em vídeo. Ela auxiliará para algum ponto específico que ainda tenha dúvida. 5) Em quinto lugar, realize a atividade de aprofundamento, que está no formato de fórum de discussão, em que você irá discutir com seus colegas sobre o uso de aplicativos em smartphones para escolha de formatos e tamanhos de embalagens de bebidas. 6) Em sexto lugar, na atividade de sistematização, irá responder o que será pedido, com o intuito de fixar o conteúdo, pois há atividades autocorrigíveis pelo Blackboard. 7) Em sétimo lugar, verifique o material complementar da unidade, o qual contém uma reportagem sobre a escolha do consumidor entre etanol e gasolina no momento da compra de combustível por meio de um aplicativo para smartphones. Escolha do Consumidor 6 Unidade: Escolha do Consumidor Contextualização Caro(a) aluno(a), Você provavelmente já realizou alguma pesquisa virtual para comparar aspectos como a qualidade e os preços entre produtos que deseja consumir. O que o motivou a fazer isto? A resposta esperada é que a internet possui um grau de informação para comparações superior a qualquer outro meio. Pois bem, uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de educação financeira ‘Meu Bolso Feliz’ revelou que nove entre dez consumidores que possuem internet usam-na como ferramenta para obterem informações sobre bens ou serviços. Abra o link abaixo para poder acompanhar a pesquisa. Esta unidade apresentará de modo formal como as pessoas decidem suas opções de consumo. http://goo.gl/AP96k9 7 O problema da escolha do consumidor O consumidor possui preferências em relação aos tipos de bens que mais lhe interessa. Ao mesmo tempo, o consumidor racional do estudo microeconômico prefere mais bens a menos, ou seja, normalmente esse agente econômico não estará saciado de seus desejos. Além disso, é capaz de ordenar a preferência por esses bens. Entretanto, ao mesmo tempo em que o consumidor possui suas preferências e desejos que possam gerar uma utilidade (ou satisfação) maior, ele enfrenta uma restrição pessoal, que é a própria renda. Ou seja, por mais ansiosos que estejam de satisfazerem suas necessidades, os indivíduos habitam um mundo no qual existem restrições quanto ao consumo de bens e, portanto, devem efetuar escolhas. Nesse sentido, é salutar apresentar o conceito de tradeoff. Um consumidor enfrenta um tradeoff quando precisa realizar a escolha entre bens que gostaria de consumir, mas que, por alguma restrição, seja no tempo, na renda, ou em qualquer outro fator, ele não poderia desfrutar de ambos. Assim, diante disso, o indivíduo deveria escolher o bem que lhe trouxer maior satisfação. Por exemplo, imagine que você receba duas propostas de emprego, ambas para trabalhar em período integral. Assim, é racional pensar que decidirá por aquele que apresentar maior nível satisfação, pois o tempo limitará sua escolha. No que diz respeito ao estudo microeconômico, a restrição do consumidor é dada pela renda que ele possui. Assim, por exemplo, caso a renda do indivíduo seja de R$ 2.000 por mês, ele não poderá ultrapassar os gastos para suprir as necessidades humanas em mais do que a renda apresentada. Para não tornar a análise mais complexa, há a suposição de que esse indivíduo não estará endividado e nem poupará recursos. Portanto, o consumidor estará disposto a maximizar o nível de utilidade (ou seja, satisfação) no momento de escolha dos bens, mas terá sempre a limitação de renda. 8 Unidade: Escolha do Consumidor Restrições Orçamentárias Conforme já comentado, as restrições orçamentárias do consumidor são vistas como “resultado do fato de suas rendas serem limitadas” (PINDICK e RUBINFELD, 2010, p. 75). A partir desse recurso disponível, o indivíduo pode escolher uma série de formas de “gastar” a renda. O conceito de linha do orçamento é justamente este. Segundo Pindyck e Rubinfeld (2010), esta linha seria resultado de todas as combinações de bens para as quais a quantia de dinheiro gasto é sempre igual à renda. Assim, por exemplo, se o indivíduo possuir R$ 100 de renda, ele poderia compor os gastos de diversas formas. Supondo apenas dois tipos de bens, feijão e arroz, e sendo o preço do quilo do feijão e de arroz, respectivamente, R$ 5,00 e R$ 2,00, ele poderia compor os gastos conforme a tabela 1. Tabela 1 – Exemplos de cestas de consumo possíveis com arroz (R$ 2,00 por quilo), feijão (R$5,00 por quilo) e renda de R$ 100 Quilos de Arroz Preço do Arroz Gasto com Arroz Quilos de Feijão Preço do Feijão Gasto com Feijão Gasto total (Arroz + Feijão) 0 R$ 2,00 R$ 0 20 R$ 5,00 R$ 100 R$ 100 5 R$ 2,00 R$ 10 18 R$ 5,00 R$ 90 R$ 100 10 R$ 2,00 R$ 20 16 R$ 5,00 R$ 80 R$ 100 15 R$ 2,00 R$ 30 14 R$ 5,00 R$ 70 R$ 100 20 R$ 2,00 R$ 40 12 R$ 5,00 R$ 60 R$ 100 25 R$ 2,00 R$ 50 10 R$ 5,00 R$ 50 R$ 100 30 R$ 2,00 R$ 60 8 R$ 5,00 R$ 40 R$ 100 35 R$ 2,00 R$ 70 6 R$ 5,00 R$ 30 R$ 100 40 R$ 2,00 R$ 80 4 R$ 5,00 R$ 20 R$ 100 45 R$ 2,00 R$ 90 2 R$ 5,00 R$ 10 R$ 100 50 R$ 2,00 R$ 100 0 R$ 5,00 R$ 0 R$ 100 Observa-se pela tabela 1 que, para respeitar o teto de gasto de R$ 100, à medida que o consumidor optar por adquirir mais unidades de feijão, terá de diminuir a quantidade a ser consumida de arroz. 9 A tabela 1 é aplicada no gráfico 1 para melhor apresentação das possibilidades de consumo entre arroz e feijão. Gráfico 1 – Linha do Orçamento com arroz (R$ 2,00 por quilo) e feijão (R$5,00 por quilo) 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 50 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Quilos de arroz Quilos de feijão Observe pelo gráfico 1 que existe uma fronteira de gastos pelo consumidor – delimitada pela linha do orçamento. Assim, por exemplo, se o indivíduo adquire 50 quilos de arroz, não poderá consumir qualquer quilo de feijão. Ao mesmo tempo, caso opte por adquirir 20 quilos de feijão, não terá renda suficiente para consumir arroz. Entretanto, o indivíduo pode optar poralguma combinação possível de arroz e feijão, como, por exemplo, 12 quilos de feijão e 20 quilos de arroz. A equação de cálculo da linha do orçamento é:pxX + pyY = R em que:X é a quantidade consumida do bem X;Y é a quantidade consumida do bem Y;Px é o preço do bem X;Py é o preço do bem X;R é a renda do consumidor. A tabela 1 foi definida a partir da aplicação desta equação. Por exemplo, considerando o arroz como sendo o bem X – e adquirindo 30 quilos ao preço de R$ 2,00 – e o feijão como sendo o bem Y – e adquirindo 8 quilos ao preço de R$ 5,00 – e a renda de R$ 100, tem-se que: pxX + pyY = R (1) R$ 2,00 x 30 quilos de arroz + R$ 5,00 x 8 quilos de feijão = R$100 de modo que se satisfaz o máximo de gastos possíveis, que são correspondentes à renda do consumidor. 10 Unidade: Escolha do Consumidor Efeitos das modificações nos preços e na renda do consumidor A linha do orçamento do consumidor não será necessariamente estática. O motivo disso é que, para construir a linha, foram necessárias informações a respeito do preço de cada um dos bens e da renda do indivíduo. Portanto, caso o preço de um ou dos dois bens altere, ou mesmo a renda do indivíduo seja alterada, é possível que haja modificações na linha do orçamento. Para melhor entendimento, cada uma dessas situações será considerada separadamente a seguir. Modificação nos preços dos bens Considerando o exemplo anterior do arroz e do feijão, suponha que houve alteração no preço do feijão, de R$ 5,00 para R$ 4,00. Isso modificará a linha do orçamento? A resposta é sim, pois agora será possível adquirir uma quantidade maior de feijão ou mesmo manter a quantidade adquirida de feijão e comprar mais quilos de arroz. Acompanhe a tabela 2. Tabela 2 – Exemplos de cestas de consumo possíveis com arroz (R$ 2,00 por quilo), feijão (R$4,00 por quilo) e renda de R$ 100,00 Quilos de Arroz Preço do Arroz Gasto com Arroz Quilos de Feijão Preço do Feijão Gasto com Feijão Gasto total (Arroz + Feijão) 0 R$ 2,00 R$ 0 25 R$ 4,00 R$ 100 R$ 100 10 R$ 2,00 R$ 20 20 R$ 4,00 R$ 80 R$ 100 20 R$ 2,00 R$ 40 15 R$ 4,00 R$ 60 R$ 100 30 R$ 2,00 R$ 60 10 R$ 4,00 R$ 40 R$ 100 40 R$ 2,00 R$ 80 5 R$ 4,00 R$ 20 R$ 100 50 R$ 2,00 R$ 100 0 R$ 4,00 R$ 0 R$ 100 Comparando as tabelas 1 e 2, observa-se que com a diminuição do preço do feijão, se for considerado o mesmo consumo de feijão, por exemplo, 10 quilos, podem ser consumidos mais quilos de arroz. Se, na situação inicial, o consumo de arroz seria de 25 quilos, na segunda situação, podem ser adquiridos 30 quilos de arroz – ou seja, cinco quilos a mais. Por outro lado, se for mantido o consumo de arroz em 25 quilos, poderá haver um maior consumo de feijão. Para verificar isso, basta aplicar os 25 quilos de arroz na equação 1. pxX + pyY = RR$2 x 25 quilos de arroz + R$ 4 x Y = R$100R$4 x Y = R$100 - R$50 $ 50 $ 4 RY R =Y = 12,5 quilos de feijão 11 Observe que, anteriormente – com o preço do quilo do feijão a R$ 5,00 –, o consumo máximo de feijão ao consumir 25 quilos de arroz, era de 10 quilos. Com a queda do preço do feijão, é possível adquirir 12,5 quilos desse grão. Como houve uma modificação na linha do orçamento, em função da alteração no preço do quilo do feijão, a inclinação dessa linha será diferente da situação inicial. Gráfico 2 – Linha do Orçamento com feijão arroz (R$ 2,00 por quilo), (R$4,00 por quilo) e renda do consumidor de R$100,00 0 5 10 15 20 25 10 20 30 40 50 Arroz (em quilos) Feijão (em quilos) Observe pelo gráfico 2, que a linha do orçamento está mais inclinada (“mais em pé”) em relação à situação inicial apresentada (gráfico 1). Caso o preço do quilo feijão fosse aumentado, a linha estaria menos inclinada (“mais deitada”) em comparação à situação original (gráfico 1). Para ver isso, simule valores superiores a cinco reais por quilo do feijão, mantendo o preço do arroz em dois reais por quilo. Da mesma forma que a modificação no preço do feijão pode alterar a cesta de consumo do consumidor, uma diminuição no preço do arroz terá efeito semelhante, de modo a poder consumir mais quilos de feijão ou de arroz, ou um pouco mais de ambos. Entretanto, à medida que o preço do quilo do arroz for sendo reduzido, a linha do orçamento tornar-se-á menos inclinada. O gráfico simula um exemplo com o preço do feijão a R$ 5,00 e o preço do arroz reduzido de R$ 2,00 para R$1,00. Gráfico 3 – Linha do Orçamento com arroz (R$ 1,00 por quilo), feijão (R$5,00 por quilo) e renda do consumidor de R$100,00 0 4 8 12 16 20 20 40 60 80 100 Arroz (em quilos) Feijão (em quilos) Veja, no gráfico 3, que a redução no preço do arroz tornou a linha do orçamento menos inclinada (“menos em pé”). Caso fosse realizado um aumento de preço do quilo do arroz, a linha seria mais inclinada. Simule uma tabela com valores do quilo do arroz maiores que dois reais por quilo e construa um gráfico para verificar! 12 Unidade: Escolha do Consumidor Uma última situação a ser apontada em relação a modificações no preço é a situação em que os dois preços se alteram na mesma proporção. Por exemplo, imagine que o preço do quilo do arroz e do feijão subam 100% em relação à situação inicial (gráfico 1), de modo que custariam ao consumidor, respectivamente, R$ 4,00 e R$ 10,00. Qual seria o efeito disto sobre a linha do orçamento? A resposta é: a modificação seria de deslocamento da linha do orçamento e não de alteração na inclinação. Por quê? Quando os preços dos dois bens se elevam na mesma proporção, o consumidor poderá consumir menos dos dois na mesma proporção. Analise a situação. Com o feijão a R$ 10,00 por quilo, o máximo de feijão que será possível de ser obtido (com a renda de R$ 100) são 10 quilos e, ao mesmo tempo, terá consumo zero de arroz. Por outro lado, o máximo que poderá ser consumido de arroz (R$ 4,00 por quilo) será de 25 quilos. Comparando essa situação com a inicial, observe que o consumo máximo de cada um dos bens foi reduzido e se for simulado com combinações intermediárias dos bens será possível verificar que o consumo dos bens será “encolhido” (gráfico 4). Gráfico 4 – Linha do Orçamento com arroz (R$ 4,00 por quilo) e feijão (R$10,00 por quilo) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 14 16 18 20 24 28 32 36 40 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20 22,5 25 30 35 40 45 50 60 70 80 90 100 Arroz (em quilos) Feijão (em quilos) Da mesma forma que um aumento de preços desloca a linha do orçamento para a esquerda, a queda de preços na mesma proporção também desloca a linha, sem provocar alteração na inclinação. Entretanto, esse deslocamento ocorreria para a direita, no sentido de expansão de consumo de ambos os bens. 13 Modificações na renda do consumidor Além dos efeitos gerados pelos preços, a linha do orçamento pode ser alterada à medida que o consumidor aumenta ou diminui sua renda. Quando a renda do consumidor se eleva para R$ 200, ele será capaz de adquirir o dobro que era possível em relação à situação inicial (gráfico 1). Assim, por exemplo, se aos preços do quilo do feijão e de arroz, respectivamente, a R$ 5,00 e R$ 2,00, ele era capaz de adquirir 20 quilos de feijão, neste novo cenário de aumento da renda, será capaz de consumir 40 quilos de feijão. Da mesma forma, se antes era possível adquirir no máximo 50 quilos de arroz, com a modificação na renda, será possível consumir 100 quilos de arroz. Além disso, caso queira mesclar entre o consumo de arroz e feijão, o indivíduo poderá dobrar sua combinação em relação à cesta de consumo original (tabela e gráfico 1). Outra situação possível é a queda da renda do indivíduo. Suponha que a renda dele tenha alterado de R$ 100 para R$ 50. Assim, ele poderá consumir a metade do que adquiria incialmente. Por exemplo, se quiser consumirapenas feijão, poderá comprar no máximo 10 quilos, em vez de 20 quilos com a renda de R$ 100. O gráfico apresenta as três situações. Com a renda de R$ 100 (linha do orçamento intermediária), com a renda de R$ 200 (linha do orçamento à direita) e com a renda de R$ 50 (linha do orçamento à esquerda). Gráfico 5 – Linhas do Orçamento com arroz (R$ 2,00 por quilo), feijão (R$5,00 por quilo) e rendas do consumidor de R$ 50, R$ 100 e R$ 200 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 12 14 16 18 20 24 28 32 36 40 2,5 5 7,5 10 12,5 15 17,5 20 22,5 25 30 35 40 45 50 60 70 80 90 100 Arroz (em quilos) Feijão (em quilos) A partir do gráfico, é possível concluir que um aumento na renda desloca a linha do orçamento para a direita, ao passo que uma redução na renda a desloca para a esquerda. 14 Unidade: Escolha do Consumidor Inclinação da Linha do Orçamento Neste momento, cabe apresentar como pode ser definida a inclinação da linha do orçamento. Para isso, parte-se da equação 1: pxX + pyY = R Determinando a equação inserindo Y em função das demais variáveis, teremos:pyY = R - pxX Dividindo todos os termos por : = − x y y pRY X p p (2) Observando a equação 2, compara-se a uma equação linear Y = aX + b, em que b é o intercepto (ou seja, o número que cruza o eixo Y) e o é a inclinação da equação linear. Analogamente, y R p é o intercepto da equação e x y p p − é a inclinação da equação (ou seja, da linha do orçamento). Exemplos Os exemplos a seguir aplicam valores na equação 2, representando a renda do Consumidor (), preço do quilo do feijão () e preço do quilo do arroz (), é a quantidade consumida de feijão e é a quantidade consumida de arroz. Exemplo 1 - Considerando (em reais): px = 2, py = 5 e R = 100. 220 5 = −Y X Exemplo 2 - Considerando (em reais): px = 2, py = 4 e R = 100. 125 2 = −Y X Exemplo 3 - Considerando (em reais): px = 4, py = 10 e R = 100. 210 5 = −Y X Exemplo 4 - Considerando (em reais): px = 1, py = 5 e R = 100. 120 5 = −Y X Exemplo 5 - Considerando (em reais): px = 2, py = 5 e R = 200. 240 5 = −Y X Nos exemplos, nota-se que uma alteração nos preços que altere a relação irá provocar uma variação na inclinação. Entretanto, caso esta relação permaneça a mesma, não haverá modificação, como no exemplo 3, em que se dobraram os dois preços em relação ao exemplo 1 e, no exemplo 5, em que houve apenas modificação na renda, de modo a haver, nessas situações, apenas deslocamento paralelo da linha do orçamento. 15 Escolha do Consumidor O indivíduo decide sua escolha de consumo a partir de duas questões: as preferências e a restrição orçamentária. Nesta unidade, até o momento, foi apresentada a forma que o consumidor está restrito pela sua renda e como os preços e a renda podem impactam a linha do orçamento. Entretanto, o indivíduo possui, também, preferências. As preferências do consumidor são representadas pelo mapa de indiferença que possui uma série de curvas de indiferença. Mapa de indiferença “Gráfico que contém um conjunto de curvas de indiferença mostrando os conjuntos de cestas de mercado entre as quais os consumidores são indiferentes” (PINDICK e RUBINFELD, 2010, p. 66). Curvas de Indiferença “Curva que representa todas as combinações de cestas de mercado que geram o mesmo nível de satisfação para o consumidor” (PINDICK e RUBINFELD, 2010, p. 64). A partir das preferências do consumidor, ele vai decidir as cestas de mercado que considera indiferentes. Entretanto, independentemente da combinação preferida, o indivíduo sempre prefere mais a menos, de modo que cestas de mercado superiores são aquelas que oferecem a ele a possibilidade de consumir mais dos dois bens, ou de pelo menos um deles, sem deixar de consumir qualquer unidade do outro. O problema para o indivíduo é que, apesar do desejo de consumir cestas superiores – ou seja, as que se localizam acima e à direita do gráfico –, o indivíduo enfrenta a restrição orçamentária, que foi alvo desta unidade até o momento. 16 Unidade: Escolha do Consumidor O gráfico 5 apresenta um exemplo de mapa de indiferença. Observe que o desejo de estar localizado em cestas superiores é limitado pela existência da linha do orçamento, de modo que a cesta mais vantajosa e que, ao mesmo tempo, caiba no orçamento do consumidor é a que tangencia a linha do orçamento. Qualquer outra cesta que seja possível no orçamento do consumidor trará utilidade inferior. Gráfico 5 – Linha do Orçamento versus Curvas de Indiferença Feijão em quilos (F) Curvas de indiferença Escolha ótima A3, F3 A2, F2 U3 F2 A2 U2 U1 A1, F1 Arroz em quilos (A) A partir do gráfico 5, a cesta escolhida seria a (A2, F2), localizada na curva de indiferença U2 que se trata da melhor combinação possível, pois, dada a restrição orçamentária é a que traz a maior satisfação. A cesta (A1, F1), por exemplo, presente na curva de indiferença U2, apesar de estar de acordo com a renda do consumidor – pois cruza a linha do orçamento – é uma cesta inferior em comparação à cesta (A2, F2). Por outro lado, a cesta (A3, F3), é superior às cestas (A1, F1) e (A2, F2), mas o indivíduo não possui renda suficiente para obtê-la por conta da linha do orçamento estar abaixo da curva de indiferença U3, não a alcançando. A cesta (A2, F2) é chamada de cesta ótima, por ser aquela que maximiza a utilidade do consumidor, levando em consideração a restrição orçamentária que ele enfrenta. É a escolha ótima do consumidor. 17 Determinação da Cesta Ótima A partir do entendimento de como o consumidor escolhe a cesta de consumo, a pergunta que se faz é: como podermos relacionar matematicamente a linha do orçamento e a cesta ótima? Antes de responder a esta pergunta, é importante lembrar que o formato de uma curva de indiferença é definido pela taxa marginal de substituição (TMS). A taxa marginal de substituição é calculada, a partir da variação da quantidade a ser consumida de um bem em relação à variação da quantidade a ser consumida do outro, ou seja, ∆ = ∆ YTMS X (3) ou para permitir que o resultado da TMS seja positivo: ∆ =− ∆ YTMS X (4) em que: Y∆ é a variação a ser consumida do bem Y (no caso dos exemplos desta unidade, a variação do consumo dos quilos de feijão); X∆ é a variação a ser consumida do bem X (no caso dos exemplos desta unidade, a variação do consumo dos quilos de arroz). Taxa marginal de substituição (TMS) “Quantidade máxima de um bem que um consumidor está disposto a deixar de consumir para obter uma unidade adicional de outro bem” (PINDYCK e RUBINFELD, 2010, p. 67). 18 Unidade: Escolha do Consumidor Lembrando-se dos cálculos matemáticos de trigonometria, o cálculo da TMS é o mesmo da tangente do ângulo a do triângulo da figura 1. Ou seja, calcula-se o cateto oposto (que é a variação da quantidade de quilos de feijão de uma cesta a outra em uma curva de indiferença) sobre o cateto adjacente (que é a variação da quantidade de quilos de arroz de uma cesta a outra em uma curva de indiferença). FIGURA 1 – Tangente do ângulo a Cesta 1 Cateto oposto Cateto adjacente (variação de quilos de feijão) (variação de quilos de arroz) ΔY ΔX Cesta 2 Cesta 3 Cesta 4 Analise agora a TMS – equação 3 – como a variação da quantidade adquirida de quilos de feijão em relação à variação da quantidade adquirida de quilos de arroz. O cálculo da TMS poderia ser obtido a partir de duas cestas ao longo da mesma curva de indiferença. Entretanto, imagine que a distância entre uma cesta e outra ao longo da mesma curva de indiferença seja tão pequena e que se deseja encontrar a TMS, como, por exemplo, entre as cestas 3 e 4. Mais ainda, se as distânciasentre as cestas forem sendo diminuídas até o ponto no qual quase se “encostam”, a hipotenusa do triângulo formado terá um ângulo que tangenciará a curva de indiferença (figura 2). FIGURA 2 – Inclinação da curva de indiferença em um ponto qualquer ao longo desta curva U2 Feijão (em quilos) Eixo Y Eixo X Arroz (em quilos) Inclinação da curva de indiferença na cesta (A2, F2) 19 A inclinação da curva de indiferença U2 será dada por ∆ = ∆ YTMS X (3) ou para assumir o resultado positivo da TMS seria multiplicado por -1 de modo a resultar em: ∆ =− ∆ YTMS X (4) A cesta ótima será, de acordo com o exemplo, o ponto em que a linha do orçamento tangencia a curva de indiferença (A2, F2). Neste ponto, a inclinação da curva de indiferença será a mesmo da linha do orçamento, de modo que: x y p p ∆ =− =− ∆ YTMS X Ou seja, x y p p =−TMS E, por convenção, para obter um resultado positivo da TMS: = x y pTMS p (5) A equação 5 exibe a TMS da cesta ótima, ou seja, aquela que maximiza a utilidade do consumidor, pela restrição orçamentária enfrentada por ele. Por exemplo, se os preços e forem, respectivamente, R$ 2,00 e R$ 5,00, a TMS da curva de indiferença no ponto de ótimo será . Considerações Finais Nesta unidade, foi possível expandir o estudo da teoria do consumidor a partir da introdução da linha do orçamento e a relação entre esta linha, a curva de indiferença para obter a escolha do consumidor. A escolha do consumidor se dá no ponto em que a linha do orçamento tangencia a curva de indiferença. 20 Unidade: Escolha do Consumidor Material Complementar Sites: O material presente no link é de um vídeo com uma reportagem da TV Anhanguera (afiliada da rede Globo no Tocantins) sobre a escolha do consumidor entre etanol e gasolina no momento da compra de combustível. http://goo.gl/xLQmzz 21 Referências PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. 7. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010. VASCONCELLOS, M. A. S.; OLIVEIRA, R. G.; BARBIERI, F. Manual de Microeconomia. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2011. VARIAN, H. R. Microeconomia: Princípios Básicos. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. 22 Unidade: Escolha do Consumidor Anotações
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