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TORAS COM RACHADURAS. FONTE: TUSET E DURAN, 1979. Quando a tora apresentar cerne apodrecido, este poderá ser separado da tora na forma de um semi-bloco central. as partes externas poderão ser desdobradas tangencialmente e o semi-bloco posteriormente é desdobrado tangencialmente, onde pode-se retirar a região apodrecida (FIGURA 78). O mesmo poderá ser realizado no caso de alburno apodrecido, sendo que a parte central da tora será a melhor aproveitada. Ainda no caso da parte mais externa da tora estar apodrecida, pode-se também realizar o corte paralelo à casca. FIGURA 78. DESDOBRO DE TORAS COM CERNE APODRECIDO. FONTE: TUSET & DURAN, 1979. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 78 7. MANUTENÇÃO DE SERRAS 7.1 DENTES DE SERRAS Todos os tipos de lâminas são constituídos de um corpo ou folha e dentes. Estes dentes são formados por entalhes e saliências, as quais realizam um ataque sucessivo aos feixes fibrosos da madeira, onde arrancam uma certa quantidade de madeira sob a forma de pequenas partículas, conhecidas como serragem. 7.1.1 ELEMENTOS DOS DENTES No traçado de um dente, vários elementos determinam sua forma e deverão ser calculados em função de diferentes fatores, os quais exercem influência nas operações de corte. A) Altura do dente (h) A altura do dente corresponde à distância vertical entre a ponta e o fundo do dente (FIGURA 79). Aumentando-se a altura dos dentes, haverá um maior vão entre eles, o que possibilita uma maior velocidade de alimentação. Porém, não se pode aumentar a altura de um dente indefinidamente, pois sua resistência depende da relação entre sua altura e distância de um dente a outro. Na prática, um valor aconselhável para esta relação é: 3 1 p h = onde: h = altura do dente p = passo do dente ou distância de um dente a outro B) Passo dos dentes (p) O passo de um dente corresponde à distância entre dois dentes consecutivos. A escolha do valor do passo é em função de alguns fatores como tipo de madeira, velocidade da lâmina de serra, velocidade de alimentação, entre outros. TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 79 O passo deverá ser escolhido em função da natureza da madeira, da velocidade da lâmina, do avanço e da profundidade de corte. Um passo grande demais aumenta o esforço sobre cada dente, gastando rapidamente o gume da lâmina e a serragem adquire uma consistência farinhenta. Um passo pequeno produz uma superfície serrada mais regular, mas exige maior consumo de energia. Um passo pequeno implica necessariamente num fundo de dente pequeno e restringe o avanço da madeira a serrar, o que pode ser inconveniente numa serraria de grande produção. Se o ângulo da ponta do dente (β) e o ângulo de corte (γ) forem grandes, as costas do dente podem ser fortemente convexas, a fim de se evitar um passo excessivamente grande. Os dentes com pontas recalcadas admitem e necessitam de um passo maior que os dentes travados. A diferença pode chegar a cerca de 35%. As fitas finas que geralmente têm dentes travados, devem ter dentes pequenos e passo também pequeno, a fim de que os dentes finos sejam suficientemente fortes. Existem muitas espécies de madeiras que requerem forma de dentes e passo especiais. Essas exigências variam muito consideravelmente, especialmente no que se refere a certas madeiras tropicais. FIGURA 79. ELEMENTOS DOS DENTES DE SERRA. FONTE: UDDEHOLM, s.d. d = p = passo (espaço do dente) h = altura do dente (fundo) r = raio do dente A = α = ângulo livre ou de incidência B = β = ângulo da ponta do dente (ângulo de entrada ou ângulo de afiação) C = γ = ângulo de corte ou de saída de cavacos C(γ) + 90o = ângulo de ataque TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 80 C) Raio do dente Este elemento consiste no raio de curvatura da base do dente. Quando o raio é muito pequeno, ocorre uma concentração de tensões, o que é um perigoso indício de ruptura. O raio do dente é escolhido para permitir afiação com limas ou rebolos de perfis comerciais. D) Gancho do dente O gancho do dente é a região entre um e outro dente. É a parte da serra mais suscetível ao aparecimento de fissuras. E) Ângulo livre ou de incidência (A, α ) É o ângulo formado por uma reta que tangencia as pontas dos dentes e por outra que tangencia suas costas, passando pela ponta. Quanto maior for este ângulo, melhor será a penetração na madeira, portanto, cortando mais fácil. Porém, se este ângulo for muito grande, a ponta do dente torna-se enfraquecida. Se for 0o, o dorso do dente encosta na madeira, dificultando o avanço da peça serrada. Portanto, este ângulo nunca pode ser menor que 5o, sendo que na prática, seu valor é em torno de 30o. F) Ângulo da ponta do dente (B, β ) É o ângulo formado pela ponta metálica do dente, determinando a sua resistência. Deve ser suficientemente grande para dar a rigidez necessária ao dente. Seu valor varia de 35o para madeiras macias a 65o para madeiras duras. G) Ângulo de corte e saída de cavacos (C, γ) Este ângulo também é chamado de ângulo de gancho e determina a capacidade de corte da lâmina. Deve ser adaptado ao tipo de madeira, velocidade de corte, tipo do dente (travado ou recalcado) e formato do dente. Quando este TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 81 ângulo é muito pequeno, a serra não corta e sim, repele a madeira, fazendo com que a lâmina retroceda no volante. Se for muito grande, os dentes penetram na madeira dificultando o corte, fazendo com que a lâmina deslize no volante. Seu valor deve estar entre 5o para madeiras duras a 35o para madeiras macias. H) Ângulo de ataque (γ + 90o) Este ângulo é importante nas serras circulares, sendo um elemento influente na capacidade de corte. Seu valor varia de 95o a 125o. 7.1.2 CARACTERÍSTICAS DOS DENTES DE SERRA A) Formato dos dentes O formato e dimensões dos dentes exercem decisiva influência no resultado de corte e sua escolha depende de vários fatores: U Tipo de madeira í um formato de dente deve ser robusto quando se processa madeira dura, seca ou congelada, ou menos robusto, quando se processa madeira verde ou macia. Quando a madeira for mole, deixa-se mais espaço para o fundo do dente. U Direção de corte em relação às fibras í dentes de serra que cortam madeira transversalmente sofrem maior desgaste do que dentes que cortam madeira no sentido longitudinal. U Velocidade da lâmina í uma alta velocidade de lâmina está associada a madeira mole e elevadas velocidades de avanço, necessitando de dentes com fundos grandes. U Avanço í elevadas velocidades de avanço sujeitam os dentes de serras a um grande esforço, exigindo um formato robusto, porém, exigindo também fundos de dentes maiores. U Espessura da lâmina í lâminas finas requerem dentes mais robustos, enquanto que lâminas mais grossas permitem dentes menos robustos. U Profundidade de corte í Se as outras condições forem iguais, o aumento da profundidade de corte implica em maior espaço para o fundo do dente. Porém, TÉCNICAS E PLANEJAMENTO EM SERRARIAS – Márcio Pereira da Rocha 82 nestas condições a lâmina está sujeita a um maior esforço, compensando na redução do avanço. B) Formatos básicos dos dentes Ê Formato N: Este formato é o mais utilizado para lâminas estreitas, ou seja, com larguras de até 50 mm (2”) (FIGURA 80). É um dente forte, recomendado para madeiras excessivamente duras com área do fundo relativamente pequena. Este formato é também conhecido como mareado. FIGURA 80. FORMATO DE DENTE DO TIPO N. FONTE: UDDEHOLM, s.d. Ë Formato O: Este tipo de dente apresenta o fundo reto com uma grande área (FIGURA 81). É recomendado para madeiras com fibras grossas